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16- O Tripé Hemostático (também conhecido como "Tríade de Virchow" quando se fala em trombose, mas aqui adaptado para hemostasia normal) refere-se aos três componentes principais que trabalham juntos para parar um sangramento no corpo, ou seja, para manter a hemostasia. Os três "pés" são: 1. Integridade da Parede do Vaso (Endotélio): ○ A parede interna dos vasos sanguíneos (endotélio) é lisa e evita que o sangue coagule onde não deve. Quando há um corte ou dano, o vaso se contrai (vasoconstrição) para diminuir o fluxo e as células da parede sinalizam o problema. 2. Plaquetas (Trombócitos): ○ São pequenas células sanguíneas que agem como "primeiros socorros". Elas rapidamente se aderem ao local da lesão do vaso, formando um "tampão" inicial para selar o vazamento. 3. Fatores de Coagulação (Proteínas Plasmáticas): ○ São proteínas presentes no plasma sanguíneo que trabalham em uma cascata complexa para formar uma "rede" de fibrina, que é como uma cola forte. Essa rede estabiliza o tampão plaquetário, formando um coágulo resistente e definitivo para fechar o sangramento. Qual sua relação com os processos hemorrágicos? Os processos hemorrágicos (sangramentos excessivos) ocorrem quando um ou mais componentes desse tripé hemostático não estão funcionando corretamente. ● Problema na Parede do Vaso: Se o vaso está frágil, lesionado ou não consegue se contrair adequadamente, o sangramento continua. ● Problema nas Plaquetas: Se há poucas plaquetas, ou se elas não funcionam bem, o tampão inicial não se forma direito, e o sangramento persiste. ● Problema nos Fatores de Coagulação: Se faltam fatores de coagulação, ou se eles não funcionam corretamente, a "cola" de fibrina não é produzida, e o coágulo não se forma de maneira eficaz, levando a sangramentos prolongados. 7- Defina: ● Petéquia: ○ Hemorragia pequena (1-2 mm), puntiforme (como pontos). ○ Causada por extravasamento de sangue na pele, mucosas ou superfícies serosas. ● Púrpura: ○ Hemorragia maior que a petéquia (3-5 mm). ○ Também causada por extravasamento de sangue. ● Sufusão: ○ Hemorragias difusas, grandes e que ficam nas serosas e mucosas dos órgãos. ○ Comuns em choque séptico. ● Equimose: ○ "Roxo de machucado". ○ Muda de cor porque as hemácias (células vermelhas do sangue) são degradadas e transformadas em outros pigmentos (ex: hemossiderina). ● Hematoma: ○ Formação de uma bolsa de sangue/coágulo embaixo do tecido. ○ Ocorre porque o sangue extravasou rápido demais para ser absorvido pelo corpo. ● Melena: ○ Hemorragia no trato digestório superior. ○ O sangue é digerido e sai preto nas fezes. ● Hematoquezia: ○ Hemorragia na porção final do intestino grosso. ○ Como o sangue não é digerido e não entra em contato com substâncias ácidas, ele sai vermelho nas fezes. ● Epistaxe: ○ Sangramento pelas narinas, porém com origem desconhecida. ● Hemoptise: ○ Sangramento com origem no trato respiratório inferior (ou seja, tosse com sangue vindo dos pulmões/vias aéreas inferiores). 18- A Tríade de Virchow é um conceito clássico na patologia que descreve três fatores principais que contribuem para a formação de trombos: 1. Lesão Endotelial: Dano às células que revestem o interior dos vasos sanguíneos (o endotélio). 2. Estase ou Fluxo Sanguíneo Turbulento: Alterações no padrão normal do fluxo sanguíneo. 3. Hipercoagulabilidade: Aumento da tendência do sangue a coagular. Agora, vamos aplicar isso à trombose arterial e venosa: Trombose Arterial Geralmente ocorre em artérias e é mais comumente associada a condições que danificam a parede do vaso e causam fluxo turbulento. ● Lesão Endotelial: ○ Aterosclerose: Esta é a principal causa. A formação de placas ateroscleróticas (gordura, colesterol, etc.) nas artérias danifica o endotélio, expondo componentes subendoteliais que ativam a coagulação. A própria placa também pode se romper e expor materiais trombogênicos. ○ Inflamação Vascular (Vasculite): Doenças que causam inflamação nas paredes dos vasos sanguíneos podem lesar o endotélio. ○ Trauma: Lesões diretas na artéria (por exemplo, após cirurgia, cateterismo). ● Fluxo Sanguíneo Turbulento: ○ Aterosclerose: As placas ateroscleróticas criam estenoses (estreitamentos) e irregularidades que levam a um fluxo sanguíneo turbulento, aumentando o contato das plaquetas com o endotélio danificado e dificultando a diluição de fatores de coagulação. ○ Aneurismas: Dilatações anormais nos vasos que podem levar à formação de fluxo turbulento e estase local. ○ Arritmias Cardíacas (ex: Fibrilação Atrial): No coração, o fluxo sanguíneo turbulento ou estase (especialmente no átrio esquerdo) pode levar à formação de trombos que, ao se desprenderem, causam trombose arterial em outros locais (êmbolos). ● Hipercoagulabilidade: ○ Embora menos comum como causa primária na trombose arterial do que a lesão endotelial, certas condições de hipercoagulabilidade (ex: mutações genéticas, câncer) podem aumentar o risco se houver lesão endotelial ou fluxo alterado. Trombose Venosa Geralmente ocorre em veias e é mais frequentemente associada à estase sanguínea e estados de hipercoagulabilidade. ● Estase Sanguínea (Fluxo Lento): Esta é uma causa primordial na trombose venosa. ○ Imobilização Prolongada: Períodos longos de inatividade (cirurgia, repouso no leito, viagens longas, paralisia) reduzem o retorno venoso, permitindo o acúmulo de fatores de coagulação e o contato prolongado das plaquetas com a parede do vaso. ○ Insuficiência Cardíaca Congestiva: O coração não bombeia o sangue eficientemente, levando ao acúmulo de sangue nas veias periféricas. ○ Obstrução Venosa: Compressão de veias por tumores, gravidez ou outras massas. ○ Varizes: Veias dilatadas e tortuosas onde o fluxo sanguíneo é lento e turbulento. ● Hipercoagulabilidade: ○ Condições Genéticas: Deficiências de anticoagulantes naturais (ex: Proteína C, Proteína S, Antitrombina III), mutação do Fator V Leiden. ○ Condições Adquiridas: ■ Câncer: Muitos cânceres aumentam a produção de substâncias que promovem a coagulação. ■ Gravidez e Puerpério: Aumento de fatores de coagulação e estase venosa. ■ Uso de Contraceptivos Orais ou Terapia de Reposição Hormonal: Podem aumentar certos fatores de coagulação. ■ Síndrome Nefrótica: Perda de anticoagulantes na urina. ■ Doenças Inflamatórias Crônicas: Como doença inflamatória intestinal. ■ Sepse: Inflamação sistêmica que pode ativar a cascata de coagulação. ● Lesão Endotelial: ○ Embora menos dominante que na trombose arterial, a lesão endotelial também pode ocorrer em veias devido a: ■ Trauma: Lesão direta na veia. ■ Infecções: Flebites (inflamação da veia). ■ Cateteres Venosos: Irritação da parede do vaso pelo cateter. 19- Êmbolos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos e seu deslocamento pelos vasos e as consequências desse deslocamento dependem principalmente da sua origem e da composição desse êmbolo. Sendo assim, cite abaixo a principal consequência do deslocamento de cada êmbolo: a) Êmbolo venoso: * Principal Consequência: Embolia Pulmonar. * Explicação: Êmbolos que se formam nas veias (principalmente nas pernas) viajam pelo lado direito do coração e chegam aos pulmões, bloqueando as artérias pulmonares. b) Êmbolo tumoral: * Principal Consequência: Metástase. * Explicação: Pedaços de tumores (células neoplásicas) se desprendem e viajam pela corrente sanguínea ou linfática, podendo se alojar e crescer em órgãos distantes, formando novos tumores (metástases). c) Êmbolo oriundo de trombo em aorta: * Principal Consequência: Isquemia ou infarto em órgãos periféricos. * Explicação: Trombos na aorta (a maior artéria do corpo) podem se desprender e viajar para artérias que irrigam órgãos como rins, intestino, membros inferiores ou até mesmo o cérebro, causando bloqueio do fluxo sanguíneo e dano ao tecido. d) Êmbolo séptico oriundo de válvula mitral: * Principal Consequência:Abscessos (infecções focais) em múltiplos órgãos (embolia séptica sistêmica). * Explicação: Um êmbolo "séptico" significa que ele contém bactérias. Se ele se forma na válvula mitral (no lado esquerdo do coração), ele será bombeado para a circulação sistêmica, podendo se alojar em vários órgãos (cérebro, rins, baço, etc.), causando infecções e formação de abscessos onde parar. 20- Diferencie inflamação aguda de inflamação crônica quanto ao tempo, leucócitos envolvidos e alterações teciduais: 21- O que é a inflamação granulomatosa? Cite os principais leucócitos envolvidos. ● Inflamação Granulomatosa: É um tipo especial de inflamação crônica caracterizada pela formação de granulomas. Ocorre quando o corpo tenta "isolar" um agente agressor que é difícil de eliminar (como algumas bactérias, fungos, ou corpos estranhos). ○ Principais Leucócitos Envolvidos: Predominantemente Macrófagos (que se transformam em células epitelióides e podem se fundir em células gigantes multinucleadas de Langhans), Linfócitos e, por vezes, plasmócitos e fibroblastos. 22- Cite as principais alterações vasculares que ocorrem no início da inflamação aguda e correlacione com os sinais cardinais da inflamação: No início da inflamação aguda, as principais alterações vasculares são: ● Vasodilatação: ○ O que é: Os vasos sanguíneos se dilatam (ficam mais largos). ○ Sinais Cardinais Correlacionados: ■ Rubor (Vermelhidão): Aumento do fluxo de sangue para a área. ■ Calor: Aumento do fluxo de sangue (quente) para a área. ● Aumento da Permeabilidade Vascular: ○ O que é: As "frestas" entre as células dos vasos sanguíneos aumentam, permitindo que líquido, proteínas e células (como neutrófilos) saiam do vaso para o tecido. ○ Sinal Cardinal Correlacionado: ■ Edema (Inchaço): Acúmulo de líquido e proteínas no espaço intersticial (tecido). 23- Diferencie exsudato e transudato. A diferença entre exsudato e transudato está na composição do líquido que se acumula nos tecidos ou cavidades corporais. 24- O gene TP53 é um gene supressor tumoral importante no processo da carcinogênese e é conhecido como “guardião do genoma”. Fale sobre a função do p53 no controle do ciclo celular. ● Função do p53 (proteína codificada pelo gene TP53): A proteína p53 atua como um "freio" no ciclo de divisão celular. ○ Quando detecta danos no DNA (o material genético da célula), o p53 para o ciclo celular para que a célula tenha tempo de reparar esse dano. ○ Se o dano for muito grave e não puder ser reparado, o p53 induz a apoptose (morte celular programada) da célula danificada. ○ Objetivo: Prevenir que células com DNA defeituoso se repliquem e se transformem em células cancerosas. Por isso é chamado de "guardião do genoma". 25- O que são os oncogenes? ● Oncogenes: São genes "aceleradores" da divisão celular que, quando ativados ou mutados, podem promover o crescimento descontrolado das células, contribuindo para o desenvolvimento do câncer. ○ Eles surgem de proto-oncogenes normais (que regulam o crescimento e a divisão celular de forma saudável). Quando um proto-oncogene sofre uma mutação e se torna hiperativo (funciona demais ou no momento errado), ele se transforma em um oncogene. ○ Pense assim: Se o p53 é o "freio", os oncogenes são o "acelerador" que está emperrado e não para de funcionar. 26- Explique as etapas da carcinogênese. A carcinogênese (o processo de formação do câncer) é um processo multifatorial e gradual, geralmente envolvendo várias etapas: 1. Iniciação: ○ É o dano inicial e irreversível ao DNA de uma célula, causado por agentes cancerígenos (carcinógenos), como substâncias químicas, radiação ou vírus. ○ A célula iniciada ainda parece normal, mas agora tem um DNA "modificado" que a torna mais suscetível a futuras alterações. 2. Promoção: ○ Nesta fase, a célula iniciada (que tem o DNA danificado) é estimulada a se proliferar repetidamente por agentes promotores (que não causam dano ao DNA diretamente, mas estimulam o crescimento celular). ○ Essa proliferação faz com que as mutações da iniciação sejam fixadas e mais mutações podem ocorrer. ○ A promoção leva à formação de uma população de células com crescimento anormal, mas ainda não cancerosas (pré-neoplásicas). 3. Progressão: ○ É a fase em que as células pré-neoplásicas acumulam mutações adicionais, tornando-se cada vez mais agressivas, malignas e independentes do controle normal do corpo. ○ Nessa etapa, as células adquirem características como a capacidade de invadir tecidos vizinhos e, eventualmente, de se espalhar para locais distantes (metástase). ○ É quando o câncer se estabelece plenamente. Certo! Vamos abordar as perguntas 27, 28, 29 e 30, focando em respostas diretas e facilitadas. Para as perguntas sobre carcinógenos e diferenciação de neoplasias, complementarei com informações padrão de patologia, pois os PDFs fornecidos são mais genéricos nesses pontos. No entanto, para as vias de metástase e linfonodo sentinela, usarei diretamente o que está no "Patologia Geral parte 2.pdf". 27- A iniciação ocorre quando a célula é exposta a um carcinógeno, e uma única exposição pode ser o suficiente para que ocorra um dano genômico. Cite os tipos de carcinógenos presentes no ambiente e exemplos de cada um. Os carcinógenos são agentes que causam danos ao DNA, iniciando o processo de carcinogênese. ● Carcinógenos Químicos: ○ Exemplos: Fumaça de cigarro (alcatrão, benzopireno), amianto, benzeno (em solventes), aflatoxinas (produzidas por fungos em alimentos mal armazenados). ● Carcinógenos Físicos: ○ Exemplos: Radiação ionizante (raios X, radiação nuclear), radiação ultravioleta (UV) da luz solar. ● Carcinógenos Biológicos: ○ Exemplos: Vírus (ex: HPV - papilomavírus humano, vírus da hepatite B e C), bactérias (ex: Helicobacter pylori), parasitas. 27- Cite as vias de disseminação de metástases, e fale sobre linfonodo sentinela. De acordo com o "Patologia Geral parte 2.pdf" (Página 39): ● Vias de Disseminação de Metástases: ○ Via Linfática: É a via mais comum para neoplasias de origem epitelial (carcinomas), que geralmente invadem primeiro os linfonodos regionais e depois podem atingir outros órgãos via sanguínea. ○ Via Sanguínea (Hematogênica): Mais comum para neoplasias de origem mesenquimal (sarcomas), que geralmente seguem direto por via sanguínea e se espalham mais. ○ Outras Vias: Canais, ductos, ou em cavidades naturais (ex: carcinomatose peritoneal, onde células tumorais se implantam nas superfícies das cavidades). Algumas neoplasias podem ir se implantando nas áreas ao redor. ● Linfonodo Sentinela: ○ É o principal/primeiro linfonodo a drenar a região onde está a neoplasia. ○ Sua identificação (por exemplo, aplicando azul patente na neoplasia) é importante para saber se o tumor já começou a se espalhar para o sistema linfático, o que auxilia no estadiamento e planejamento do tratamento. 28 – O que é estadiamento clínico e qual sua relação com as metástases? ● Estadiamento Clínico: ○ Define a situação/estágio da neoplasia no momento do diagnóstico. É um sistema para classificar a extensão do câncer no corpo. ○ Para neoplasias epiteliais (carcinomas), o PDF (Página 40) menciona que ele avalia o tamanho do tumor (T), a presença de metástase em linfonodo (N) e a metástase a distância (M) (Sistema TNM). ● Relação com as Metástases: ○ As metástases são um componente CRÍTICO do estadiamento. ○ A presença de metástases em linfonodos regionais (N) ou em locais distantes (M) indica um estágio mais avançado do câncer, o que impacta diretamente o prognóstico do paciente e as opções de tratamento. Quanto mais metástases, maior o estágio e geralmente pior o prognóstico. 29- Ao ler um resultado de exame citológico ou histopatológico, por vezes nos deparamos com termos relacionados ao diagnóstico de neoplasias que são importantes para entender melhor o quadro do paciente. Assim,explique o que significa: A) Neoplasia bem diferenciada: * Significa que as células do tumor se parecem muito com as células normais do tecido de origem. Elas ainda retêm muitas características funcionais e morfológicas do tecido original. * Geralmente, indica um tumor menos agressivo e com melhor prognóstico. B) Neoplasia pouco diferenciada: * Significa que as células do tumor perderam muitas das características das células normais do tecido de origem. Elas parecem mais primitivas ou "desorganizadas". * Geralmente, indica um tumor mais agressivo e com pior prognóstico. C) Grau da neoplasia maligna: * É uma medida da agressividade biológica de um tumor maligno, baseada no seu grau de diferenciação celular e na taxa de proliferação (quão rápido as células estão se dividindo). * Tumores bem diferenciados têm um grau baixo, e tumores pouco diferenciados têm um grau alto. * O grau ajuda a prever o comportamento do tumor e a resposta ao tratamento. 30 – Cite as principais características macroscópicas e microscópicas que ajudam a diferenciar neoplasias malignas e benignas. Características Macroscópicas (o que se vê a olho nu): MICRO