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Os métodos fenotípicos são baseados nas características observáveis e mensuráveis dos microrganismos. Eles incluem parâmetros morfológicos, fisiológicos e bioquímicos. A morfologia bacteriana pode ser analisada por meio de técnicas de coloração, como a de Gram, que diferencia bactérias em Gram-positivas e Gram-negativas de acordo com a composição da parede celular. Além disso, a observação da forma, tamanho, arranjo celular e presença de estruturas como flagelos e esporos também é utilizada (MADIGAN et al., 2016). As provas bioquímicas representam outro grupo de testes fenotípicos amplamente aplicados. Elas avaliam a capacidade da bactéria em metabolizar diferentes substratos e produzir compostos específicos, como a fermentação de açúcares, produção de gás, uso de citrato, atividade de urease e redução de nitrato (WILLEY; SHERWOOD; WOOLVERTON, 2017). Esses ensaios são fundamentais em laboratórios clínicos para a identificação de espécies bacterianas de interesse médico. Outro recurso importante é o uso de sistemas comerciais padronizados, como o API 20E ou o VITEK®, que permitem a identificação rápida e automatizada de bactérias com base em perfis fenotípicos (MURRAY et al., 2021). Apesar da ampla utilização, esses métodos apresentam limitações relacionadas à variabilidade fenotípica entre cepas da mesma espécie e ao tempo necessário para a obtenção dos resultados. Os métodos genotípicos se baseiam na análise direta do material genético das bactérias, oferecendo maior precisão e rapidez na identificação. A técnica mais difundida é a reação em cadeia da polimerase (PCR), que permite amplificar regiões específicas do DNA bacteriano, como o gene 16S rRNA, frequentemente utilizado para identificação em nível de gênero e espécie (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). O sequenciamento do gene 16S rRNA é considerado padrão-ouro para a identificação bacteriana, pois possibilita a comparação com bancos de dados genômicos e a detecção de microrganismos não cultiváveis em laboratório (CLARRIDGE, 2004). Além disso, técnicas como a hibridização de ácidos nucleicos, RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA), PFGE (Pulsed-Field Gel Electrophoresis) e MLST (Multilocus Sequence Typing) são aplicadas em estudos epidemiológicos e de diversidade bacteriana (MURRAY et al., 2021). Mais recentemente, a espectrometria de massas MALDI-TOF MS também vem sendo utilizada como ferramenta complementar, permitindo a identificação rápida e precisa por meio do perfil proteico bacteriano, que reflete tanto aspectos fenotípicos quanto genotípicos (SENG et al., 2009). Os métodos genotípicos apresentam como vantagens a alta sensibilidade, especificidade e a possibilidade de identificar microrganismos de crescimento difícil. No entanto, exigem infraestrutura laboratorial mais avançada e custos mais elevados em comparação com os métodos tradicionais. Referências CLARRIDGE, J. E. Impact of 16S rRNA gene sequence analysis for identification of bacteria on clinical microbiology and infectious diseases. Clinical Microbiology Reviews, v. 17, n. 4, p. 840–862, 2004. MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. MURRAY, P. R. et al. Microbiologia médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2021. SENG, P. et al. Ongoing revolution in bacteriology: routine identification of bacteria by matrix-assisted laser desorption ionization time-of-flight mass spectrometry. Clinical Infectious Diseases, v. 49, n. 4, p. 543–551, 2009. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. WILLEY, J. M.; SHERWOOD, L. M.; WOOLVERTON, C. J. Microbiologia de Prescott. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.