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RITOS, MITOS E SÍMBOLOS AULA 5 Prof. Rodrigo Rangel A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 2 CONVERSA INICIAL É certo que não será possível ver todos os pormenores e todas as classificações e exemplificar todos os mitos, os ritos e os símbolos, entretanto nesta aula queremos verificar alguns exemplos para melhor fixar os conceitos já conhecidos. Vamos perceber que existe uma infinidade de mitos, ritos e de símbolos, mas a possibilidade de visualizarmos alguns aqui certamente ajudará nas identificações posteriores. TEMA 1 – EXEMPLOS DE MITOS TEOGÔNICOS E COSMOGÔNICOS 1.1 Mitos teogônicos Silva (2014) nos ajuda a entender o mito de geração e ou a manifestação do divino, ao relatar: Um mito Yuhupdeh relata o surgimento de Dö’-Saa, o menino amargo, neto de herói mítico Saah-Säw. Este tinha duas filhas, e uma delas ficou grávida depois de manter relações com muitos animais da floresta. Certo dia, ela foi assassinada pelo povo onça, que a esquartejou e a devorou, deixamos suas entranhas jogadas no chão. Uma velha pegou aquelas vísceras e foi limpá-las no rio. De repente, ela percebeu que havia um bebê no útero, mas este escapou de suas mãos e caiu na água, mergulhando e fugindo. Era uma criança especial e, por isso, sobreviveu na água. Seu avô Saah-Säw resolveu capturá- lo, mas não foi fácil. O menino crescia rapidamente e decrescia novamente, voltando a forma de bebê. Fazia as maiores estripulias eu não queria ficar com o avô. Quando finalmente o avô conseguiu domá- lo, percebeu que o menino era amargo. As pessoas lambiam a pele dele e ficavam com gosto amargo na boca. O menino, então, desenvolveu-se e tornou-se um organizador do universo, como o seu avô. Criou pássaros e borboletas inaugurou várias práticas culturais. Vingou a morte da sua mãe exterminando o povo onça primordial. (Silva, 2014. p.109). Outras narrativas de mito teogônico nos ajudam a entendê-lo melhor: Como uma das maiores referências desse gênero mitológico, temos a Teogonia, do poeta Hesíodo, do século VIII a.C. Na mitologia grega, Zeus (nome proveniente de deus pater, “o pai do céu” – da cultura proto-indo-europeia, raiz de grande parte do que forma a cultura europeia atual) é apresentado como o “pai dos deuses e dos homens”; não que ele os tivesse criado, mas que era o senhor supremo destes. Zeus conquistara seu poder ao derrotar o próprio pai, Cronos. Este, por sua vez, tornara-se o senhor do universo do mesmo modo, tomando o lugar de seu pai Urano, filho e esposo de Gaia (a Terra, que com Urano gerou Cronos e os demais titãs da raça dos uranianos – os primeiros controladores das forças universais -, além de outros seres de grande poder). A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 3 Havia uma frequente tendência das mitologias europeias a representar a soberania dividida em três funções divinas: um “soberano- sacerdote”, um “guerreiro” e um “cultivador-fecundador”. Na mitologia escandinava, Odin, Thor e Freyr representavam estes papéis, respectivamente. Odin, senhor do Valhala (a grandiosa morada dos bravos heróis mortos em combate), era o soberano do cosmos. Thor, semelhante ao Indra védico ou o Ukko finlandês, era o deus guerreiro e senhor do trovão. A ele cabia a proteção da lei e da ordem em Midgard (a “terra do meio”, morada dos homens). Freyr, por sua vez, era o deus que regia o Sol, a chuva, os frutos e a fertilidade humana (sendo retratado com um gigantesco falo). No hinduísmo, há também uma divisão do poder cósmico entre três divindades: os deuses Brahma (o criador), Vishnu (o conservador) e Shiva (o destruidor), formando a Trimurti. Apesar dessa divisão nominal, para a crença hindu, todos os deuses citados em seus mitos são meramente manifestações do poder único que rege o cosmos, geralmente personificado em Brahman (Brahma, Brahm, Atman ou “O Grande Espírito”, o Absoluto). Brahma, como apenas criador do universo, não possui uma grande atuação nas narrações míticas. Vishnu, responsável por manter a ordem da criação, freqüentemente interfere nos problemas da terra, através de seus avataras (encarnações), sendo o mais conhecido deles o de Krishna (o grande transmissor dos ensinamentos trazidos no clássico Bhagavad Gita). Shiva é o deus encarregado de (ao fim de tudo) destruir toda a existência e guiar as almas de todos os seres ao reencontro com o Grande Espírito, seu lugar de origem. (Brito, p.1) 1.2 Mitos cosmogônicos Cada civilização e consequentemente cada religião tem sua maneira de explicar a origem do ser humano. Apresentamos aqui um resume de algumas para exemplificar esse tipo de mito. 1.2.1 Mitologia tupi-guarani A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou Nhanderu ou Tupã), o deus Sol e realizador de toda a criação. Com a ajuda da deusa lua Araci, Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Aregúa, Paraguai, e deste local criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento. Tupã então criou a humanidade em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu. (História Digital, 2012) 1.2.2 Mitologia asteca Segundo um mito, no princípio, tudo era negro e morto. Os deuses se reuniram em Teotihuacán para discutir a quem caberia a missão de criar o mundo, tarefa que exigia que um deles teria que se jogar dentro de uma fogueira. O selecionado para esse sacrifício foi Tecuciztecatl. No momento fatídico, Tecuciztecatl retrocede ante o fogo; mas o segundo, um pequeno deus, humilde e pobre, Nanahuatzin, se lança sem vacilar à fogueira, convertendo-se no Sol. Ao ver isto, o primeiro deus, sentindo coragem, decide jogar-se transformando-se na Lua. Ainda assim, os dois astros continuam inertes e é indispensável alimentá-los para que se movam. (História Digital, 2012) A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 4 1.2.3 Mitologia navarro Os índios Navajo da América do Norte, acreditavam que Tsohanoai era o deus Sol. Ele assume forma humana e carrega o Sol às costas, todos os dias através do céu. À noite, o Sol descansa, pendurado numa pega na parede ocidental da casa de Tsohanoai. Os dois filhos de Tsohanoai, Nayenezgani (Matador de Inimigos) e Tobadzistsini (Criança de Água) viviam separados do pai, em casa da sua mãe, no extremo ocidente. Quando se tornaram adultos, os dois decidiram procurar o seu pai e pedir-lhe ajuda para combater os espíritos maléficos que aterrorizavam e atormentavam a humanidade. (História Digital, 2012) 1.2.4 Mitologia iorubá Na mitologia iorubá o deus supremo é Olorum, chamado também de Olodumare. Não aceita oferendas, pois tudo o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence, na qualidade de criador de tudo o que existe, em todos os nove espaços do Orun. Olorum criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das terras. Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá criasse o homem. Oxalá criou o homem a partir do ferro e depois da madeira, mas ambos eram rígidos demais. Criou o homem de pedra – era muito frio. Tentou a água, mas o ser não tomava forma definida. Tentou o fogo, mas a criatura se consumiu no próprio fogo. (História Digital, 2012) 1.2.5 Mitologia babilônica O universo surgiu quando Nammu, um abismo sem forma, enrolou-se em si mesmo num ato de auto-procriação, gerando An, deus do céu, e Antu (Ki), deusa da Terra. A união de An e Ki produziu Enlil, senhor dos ventos, que eventualmente tornou-se líder do panteão dos deuses. Após o banimento de Enlil de Dilmun(a morada dos deuses) por violentar Ninlil, a deusa teve um filho, Nanna, o deus da lua (mais tarde chamado de Sin (ou Sinnu). Da união posterior entre Sin e Ningal nasceram Inanna (deusa do amor e da guerra) e Utu (deus do sol, depois chamado de Shamash). (História Digital, 2012) 1.2.6 Mitologia persa Ormuz é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar, o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas. Ahura Mazda é o criador de outras sete divindades supremas, os Amesha Spenta, que reinam, cada um, sobre uma parte da criação e que parecem ser desdobramentos de Ahura Mazda. Assim como Ahura Mazda estava cercado por seis Amesha Spenta e de outras divindades, Angra Mainyu (Ahriman) — o deus malfazejo que invade a criação para perturbar a ordem e que é concebido como uma serpente — é acompanhado de seis demônios procedentes das trevas cósmicas e de um grande número de outras divindades malignas. (História Digital, 2012) A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 5 1.2.7 Mitologia nórdica Na mitologia nórdica, se acreditava que a terra era formada por um enorme disco liso. Asgard, onde os deuses viviam, se situava no centro do disco e poderia ser alcançado somente atravessando um enorme arco-íris (a ponte de Bifrost). Os gigantes viviam em um domicílio equivalente chamado Jotunheim (Casa dos Gigantes). Uma enorme ábade no subsolo escuro e frio formava o Niflheim, que era governada pela deusa Hel. Este era a moradia eventual da maioria dos mortos. Situado em algum lugar no sul ficava o reino impetuoso de Musphelhein, repouso dos gigantes do fogo. Outros reinos adicionais da mitologia nórdica incluem o Alfheim, repouso dos elfos luminosos (Ljósálfar), Svartalfheim, repouso dos elfos escuros, e Nidavellir, as minas dos anões. Entre Asgard e Niflheim estava Midgard, o mundo dos homens. (História Digital, 2012) 1.2.8 Mitologia egípcia No princípio emergiu das águas uma ilha, e nela havia um ovo, do qual saiu Rá, iluminando todas as coisas. Todos os outros deuses seriam filhos de Rá (Nut, Chu e Geb). A deusa Nut se casou com Geb em segredo. Depois de algum tempo, Rá descobriu o que tinha acontecido, e ficou furioso com Nut. Como castigo tornou Nut estéril. Com isso Nut usou sua criatividade desafiando Thot, em um jogo de dados. Com sua vitória, consegui que Thot acrescentasse cinco novos dias ao calendário de 360 dias. Com os novos dias, que não eram vigiados por Rá, teve seus filhos: Osíris, Ísis, Set e Néftis. (História Digital, 2012) 1.2.9 Mitologia grega Primeiro só havia o Caos (o Universo), depois do caos surgem Géia ou Gaia (a Terra, a grande mãe de peitos largos), depois o brumoso Tártaro (submundo,que fica debaixo da Terra) e Eros (o Amor, capaz de inspirar criação). De Caos também nasceram Hérebo (a trevas suprema,o que fica debaixo da Terra) e Nix (a Noite). Da Noite nasceram Hemera (o dia) e Éter (o ar puro ou ar superior onde vivem os deuses). A Terra deu à luz primeiro a seu consorte Urano ou Coelos (céu estrelado para cobri-la), também deu a luz Óreas (às montanhas) e às ninfas que nelas habitam e Ponto (o mar não colhido). (História Digital, 2012) 1.2.10 Mitologia judaica No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo. (História Digital, 2012) A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 6 TEMA 2 – EXEMPLOS DE MITOS PARADISÍACOS, DE TRANSFORMAÇÃO E ESCATOLÓGICOS 2.1 Mito paradisíaco Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, para os lados do leste; e ali colocou o homem que formara. O Senhor Deus fez nascer então do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento. E no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. No Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em quatro. O nome do primeiro é Pisom. Ele percorre toda a terra de Havilá, onde existe ouro. O ouro daquela terra é excelente; lá também existem o bdélio e a pedra de ônix. O segundo, que percorre toda a terra de Cuxe, é o Giom. O terceiro, que corre pelo lado leste da Assíria, é o Tigre. E o quarto rio é o Eufrates. O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá". (Bíblia, 2000, NVI, Gênesis 2). 2.2 Mito de transformação Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: "Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’? "Respondeu a mulher à serpente: "Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’ ". Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal". Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se. Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: "Onde está você? " E ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi". E Deus perguntou: "Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer? "Disse o homem: "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi". O Senhor Deus perguntou então à mulher: "Que foi que você fez? " Respondeu a mulher: "A serpente me enganou, e eu comi". Então o Senhor Deus declarou à serpente: "Já que você fez isso, maldita é você entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida. Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar". À mulher, ele declarou: "Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará". E A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 7 ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo. Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará". Adão deuà sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade. O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher. Então disse o Senhor Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre". Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado. Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida. (Bíblia, 2000, NVI, Gênesis 3) 2.3 Mito escatológico Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, os discípulos dirigiram-se a ele em particular e disseram: "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos? " Jesus respondeu: "Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo! ’ e enganarão a muitos. Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores. "Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, e vocês serão odiados por todas as nações por minha causa. Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim. "Assim, quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel, no lugar santo — quem lê, entenda. (Bíblia, 2000, NVI, Mateus 24.3-15). TEMA 3 – EXEMPLOS DE RITOS DE PASSAGEM 3.1 Picados pelas formigas Ela é uma Paraponera clavata, que os indígenas da Amazônia chamam tocandira e os de língua inglesa bullet ant, ou formiga-projétil. É assim chamada porque a dor que provoca quando pica com suas potentes mandíbulas é comparável à de um tiro de revólver. Para entrar no mundo dos adultos, os adolescentes homens da tribo dos Sateré Mawé, que vivem na fronteira entre o Amazonas e o Pará, desafiam esse monstruoso inseto – uma das maiores formigas do mundo, chegando a 3 centímetros - enfiando as mãos no interior de um par de luvas recheadas com dezenas de tocandiras. Os garotos têm que dançar com as mãos dentro da luva durante dez minutos. A dor pode durar até 24 horas e é tão intensa que o corpo sofre com convulsões. O mais inacreditável é que os homens da tribo repetem este ritual A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 8 várias vezes durante a vida, para provar a sua masculinidade. E devem resistir sem gritar, sem chorar ou se lamentar durante pelo menos dez minutos! (Oásis, 2015) 3.2 Saltar no vazio Para se tornar gente grande e demonstrar que não sentem medo, os adolescentes homens da tribo Sa, na Ilha de Pentecostes, no Arquipélago de Vanuatu, no Oceano Pacífico, devem se exibir no ritual do “naghol” (salto no vazio), um costume que inspirou o bungee jumping. Com os tornozelos atados a longos cipós, os garotos se atiram de torres de madeira com mais de 30 metros de altura. A prova é muito arriscada: se o cipó é demasiado curto eles podem bater contra as madeiras pontudas que sustentam a estrutura; se é demasiado longo batem no chão a uma velocidade superior a 50 quilômetros por hora. O ato é considerado uma prova de masculinidade para os rapazes, e o primeiro salto assinala a passagem deles à idade adulta. Este ritual serve como um rito de passagem e como um ritual de colheita dos habitantes de Vanuatu. Quando o “mergulho” é feito corretamente, o garoto deve encostar os ombros e a cabeça no chão. Entretanto, os cipós não são elásticos e um cálculo errado do comprimento da corda pode causar ferimentos sérios ou até mesmo a morte do garoto no ritual. (Oásis, 2015) 3.3 Veneno sagrado A tribo indígena dos Matis, que vivem na floresta amazônica brasileira, realiza quatro testes com os garotos, para que eles mostrem que podem participar das caçadas com os outros homens. Primeiro, os garotos recebem veneno diretamente nos olhos, para supostamente melhorar a sua visão e aguçar os sentidos. Depois, eles são espancados e recebem chicotadas, para depois receber a inoculação do veneno de um sapo venenoso da região. A tribo acredita que o poderoso veneno do animal aumenta a força e a resistência, o que só acontece depois que o participante do ritual sofre com fortes enjoos, vômitos e diarreia. Quando os garotos passam por esta terrível sequência de testes, são considerados aptos a participar das caçadas da tribo. (Oásis, 2015) 3.4 Iniciação para canibais Os Aghori, uma seita indiana cujos membros se concentram na cidade santa de Varanasi (a antiga Benares), costumam comer carne humana em certos momentos do seu caminho em direção à iluminação espiritual. Sua principal fonte de abastecimento são as piras funerárias que, diariamente, queimam cadáveres nas margens do Rio Ganges. Segundo os Aghori, essa prática, ligada à purificação da alma, contribui para manter o corpo sadio e evita as doenças. (Oásis, 2015) TEMA 4 – EXEMPLOS DE RITOS Como já dito, existem inúmeras religiões e centenas de ritos que compõem a práxis dessas religiões. O culto religioso não deixa de ser um rito, ou uma associação de ritos praticados a fim de agradar à divindade com a qual se relaciona. Ao analisar a A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 9 ordem de um culto cristão protestante, irá perceber que cada ato acaba por constituir um rito. O louvor, a oferta, a pregação etc. Dentro das religiões temos ritos que acabam sendo análogos. Por exemplo: a questão da entrega, da oferta, da oferenda, do sacrifício são ações comuns em várias religiões. Para exemplificar, podemos citar a Haka: Haka são danças típicas do povo Maori. Geralmente demonstram a paixão e intimidação. É usada tanto para dar boas-vindas a visitantes quanto a tribos inimigas. E com o nome de J.A em homenagem a uma incrível dançarina do local que viveu até 138 anos. Segundo o povo Maori, Tama-nui-to-ra, o Deus do Sol, tinha duas mulheres, sendo uma delas Hine-raumati, a virgem do verão (perdendo este estatuto!), da qual nasceu Tane-rore, creditado pela origem da dança. Tane-rore representa o vento nos dias quentes de verão, na dança coreografado com o tremor de mãos. Atualmente o Haka é conhecido mundialmente pela performance de intimidação no início dos jogos de rugby da seleção da Nova Zelândia (All Blacks), que costuma antes de seus jogos executar uma haka específica chamada Ka Mate. Antes da dança o chefe grita como um grito para iniciar, coisa que no caso dos All Blacks é feita pelo jogador de sangue maori mais velho, nāo sendo este necessariamente capitāo da equipe. As palavras são utilizadas nāo só para incitar quem está realizando a dança, mas também para recordar-se o seu comportamento correto. Muitas vezes o tom utilizado para gritar o refrāo é o mesmo utilizado no curso de toda a exibiçāo, ou seja, quanto mais agressivo, feroz e brutal, mais vai incentivar o grupo - e intimidar o adversário. (Wikipedia, 2019) É importante lembrar que o ritual faz parte do processo de relacionamento do adepto com ele mesmo, com o próximo e certamente com a divindade. TEMA 5 – EXEMPLOS DE SÍMBOLOS Figura 1 – Cruz Fonte: Azar Karimli/Shutterstock. A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 10 Figura 2 – Peixe Fonte: Ioria/Shutterstock. 1. A cruz representa o local onde Jesus Cristo foi crucificado ao salvara humanidade e, por isso, simboliza a força, o poder, o sagrado. Foi fundamental para a difusão do cristianismo. 2. A palavra peixe, do grego Ichthys, representa o acrônimo Iesous Christos, Theou Yios Soter, que significa “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. Figura 3 – Símbolo do Islã Fonte: Martia Red/Shutterstock. Figura 4 – Hamsá A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 11 3. Símbolo do Islã, a lua crescente com a estrela foi símbolo do império otomano e mais tarde adotado pelo islamismo. Representa a renovação da vida e da natureza visto que os islâmicos seguiam um calendário lunar. 4. O hamsá, palavra que significa cinco em árabe, representa igualmente os cinco pilares da fé islâmica. Figura 5 – Omkar Fonte: Lenin Graphics/Shutterstock. Figura 6 – Estrela de Davi Fonte: Laudiseno/Shutterstock. 5. Conhecido como Omkar (Om ou Aum), esse símbolo sagrado representa em sânscrito o principal mantra da religião hindu. 6. Símbolo do judaísmo, a Estrela de Davi (hexagrama) é representada por uma estrela de seis pontas com dois triângulos sobrepostos. A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 12 Figura 7 – Menorah Fonte: 1494/Shutterstock. Figura 8 – Dharma Fonte: Momo5287/Shutterstock 7. A Menorah é um candelabro de sete pontas que foi construído por Moisés e se tornou símbolo religioso do Judaísmo. É um dos símbolos mais antigos da fé judaica. 8. A Roda do Dharma (Dharmacakra) é o símbolo do budismo. Ela é representada por um círculo com oito raios que significam os ensinamentos de Buda. A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 13 Figura 9 – Flor de lótus Fonte: Rvector/Shutterstock. Figura 10 – Yin e Yang Fonte: Researcher97/Shutterstock. 9. A flor de lótus, que representa o crescimento espiritual, é considerada o trono de Buda e é um dos oito símbolos auspiciosos do budismo. 10. O Yin Yang (diagrama do Tai-chi ou Tei-Jié) é o símbolo cósmico do taoismo. Ele representa o universo mediado pela união das forças e energias opostas, a saber: o feminino e o masculino, o positivo e o negativo, o céu e a terra. NA PRÁTICA Nesta aula, mais do que trazer maiores informações ou citações sobre mitos, ritos e símbolos, a intenção foi de ilustrar e exemplificar os conceitos já abordados anteriormente. A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 14 Notoriamente o objetivo não é exaurir todo o assunto, o que o fator tempo não nos permitiria, mas trazer o mínimo necessário para que você possa visualizar e entender um pouco mais sobre a abrangência dos assuntos tratados. Certamente após ler as definições e visualizar os exemplos, você estará está apto a identificar, observando uma religião, quais são os seus mitos, os seus ritos e os seus símbolos. FINALIZANDO Chegamos ao fim de mais uma aula e subimos mais um degrau em nosso conhecimento. Procuramos nesta aula reunir os conhecimentos já adquiridos nas aulas anteriores, ilustrando para uma melhor compreensão. Para o cientista religioso, é fundamental saber discernir os mitos, os ritos e os símbolos e suas diversas classificações, a fim de conhecer a religião que é objeto de estudo. A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com 15 REFERÊNCIAS HISTÓRIA DIGITAL. 10 mitos de criação da vida humana. História Digital, 29 ago., 2012. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2020. OÁSIS. Ontem menino, hoje homem. Os ritos de passagem mais estranhos do mundo. Oásis, 3 set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2020. SILVA, C. Fenomenologia da religião: compreendendo as ideias religiosas a partir das suas manifestações. São Paulo: Vida Nova, 2014. WIKIPEDIA. Haka. Wikipedia, 25 nov. 2019. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2020. A luno: D A V I G A LLE T T I S A N T O S E m ail: davi_galletti@ hotm ail.com