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RESUMO DE FILOSOFIA JURÍDICA PARA V1

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RESUMO DE FILOSOFIA JURÍDICA 
 
FILOSOFIA JURÍDICA – Sócrates e a sofística 
Parmênides exerceu uma enorme influência sobre este novo personagem que estudaremos. Sócrates foi, 
provavelmente, a figura mais enigmática de toda a história da filosofia. Há, inclusive quem o considere apenas um 
personagem literário dos diálogos de Platão. Seja como for, o que sabemos é que ele nunca escreveu uma só palavra, 
e apesar disso foi um dos filósofos que mais influenciaram o pensamento ocidental – para não mencionar a natureza 
dramática de sua morte. 
1. Vida 
Sabemos que Sócrates (469 – 399 a.C.) nasceu em uma família ateniense filho de uma mãe parteira e de um pai 
escultor. Por um certo período, serviu no Exército, mas passou a maior parte da vida nas praças da cidade e nos 
mercados, conversando com as pessoas que lá encontrava. Quando estava na casa dos 50 anos de idade, casou-se 
com Xantipa, com quem teve três filhos. As descrições que se fazem dele o pintam como alguém extremamente 
feio: barrigudo, com olhos esbugalhados e nariz arrebitado. Mas consta que era “agradabilíssimo”. Apesar disso, foi 
condenado à morte por suas atividades filosóficas. 
No ano de 399 a.C., Sócrates foi acusado de “introduzir novos deuses” (as “vozes interiores divinas” que ele 
afirmava ouvir na cabeça) e corromper os jovens, além de não acreditar nos deuses venerados. O governo de Atenas 
foi uma das primeiras democracias do mundo. Sócrates, por outro lado, não escondia que acreditava que seria 
melhor para o Estado ser governado por uma só pessoa, que ele qualificava como “aquele que sabe”. Alguns 
consideravam os pontos de vista de Sócrates uma ameaça à estrutura da vida em Atenas. Preocupado com a 
influência antidemocrática de Sócrates sobre os jovens aristocratas (entre eles Platão) envolvidos no pensamento 
socrático, um júri de 501 membros o declarou culpado, por pequena maioria. 
Ele poderia ter pedido clemência. Poderia ter salvado a vida concordando em sair de Atenas. Mas, agindo desse 
modo, Sócrates não teria sido coerente consigo mesmo. Para ele, a consciência – e a verdade – tinha mais valor do 
que a vida. Assegurou ao júri que agira apenas pelo melhor dos interesses do Estado, mas mesmo assim foi 
condenado a tomar cicuta, um veneno. Pouco depois da sentença, bebeu do veneno na presença de amigos e morreu. 
A democracia fracassava, ao permitir sua condenação e morte – e esse era, quase com certeza, o plano de Sócrates. 
2. Pensamento 
2.1. Seu contexto filosófico 
Sócrates viveu em um período em que as teses de Heráclito estava encontrando muita aceitação. Ao afirmar que 
tudo está em constante mudança e que “ninguém entra duas vezes no mesmo rio”, Heráclito está afirmando que a 
realidade é mudança, ou seja, é um eterno devir ou vir-a-ser. O movimento, portanto, não seria apenas a aparência 
das coisas, mas a própria natureza das coisas. Ora, se o movimento e a mudança perpétua faz parte da natureza da 
realidade, nada pode ser completamente e definitivamente conhecido. Contrariando o pensamento de Heráclito surge 
Parmênides sustentando a perenidade da realidade. Para ele “a verdade exige a absoluta contraposição entre o ser (o 
que é) e o não-ser (o que não é). Mais ainda: não há, nem pode haver, o “não ser”, como é fácil perceber se levarmos 
a sério o significado das palavras. Sendo assim, o “o que é” é desde sempre, pois não pode haver um antes, que 
seria um “não ser”. É único, pois tudo que fosse diferente do ser simplesmente não existiria. É imóvel, pois nada 
poderia passar de “não-ser” a ser, o que implicaria que o “ser” se tornaria algo diferente, e sabemos que o que é 
diferente de ser simplesmente não existe” (RAMOS, F., MELO, R., FRATESCHI, Y. 2012, p. 24). 
A proposta de Sócrates representará quase uma síntese entre Heráclito e Parmênides. Sim, a realidade está em 
constante mudança. Mas a realidade também é perene. Como se pode afirmar estas duas teses sem chegar a uma 
contradição? Para ele o mundo perene é o mundo das Idéias enquanto que a realidade sensível é esta realidade 
mutável. 
 
2.2. A vida que vale a pena 
Quanto ao seu pensamento, destacamos que, para ele, A vida boa é a vida examinada, passada e vivida na busca da 
sabedoria a todo custo: “se me dissésseis, ‘Sócrates, nós te deixamos livre, à condição de que abandones esta 
pesquisa e que não filosofes mais.’, eu vos diria… que não deixarei de filosofar… a vida sem exame (anexetastos) 
não é vivível” (PLATÃO, Apologia de Sócrates, 29c-d, 38a). 
2.3. A virtude 
A vida uma vez examinada, deveria, em conseqüência, ser vivida de forma virtuosa. Ele disse: ”Aquele que conhece 
o bem faz o bem”. Com isso, queria dizer que o entendimento justo leva à ação justa. E só o justo pode ser um 
“homem virtuoso”. Quando agimos erradamente é porque nada sabemos. 
2.4. O auto-conhecimento 
O primeiro conhecimento a ser buscado, portanto, era o auto-conhecimento. “conhece-te a te mesmo”. O auto-
conhecimento precisa partir do reconhecimento de que nos conhecemos muito pouco: “só sei que nada sei”. Sócrates 
criticava os sofistas que se consideravam sábios aos seus próprios olhos. 
2.5. Seu método 
Para obter o conhecimento de si e da virtude, é necessário por em prática seu método, chamado de maiêutica, ou 
seja, a arte de dar a luz às idéias. Para praticar a maiêutica ele se servia da ironia, ou seja, de um método 
interrogativo que expunha e denunciava as contradições de seus interlocutores. 
3. Seus conflitos 
Sabemos que as posições filosóficas de Sócrates eram diametralmente opostas às dos sofistas. A primeira crítica 
socrática consistia no fato dos sofistas cobrarem para ensinar, o que para Sócrates era um absurdo. Mas sua maior 
crítica dizia respeito à natureza da verdade. Sócrates nutria com todas as suas energias a tese de que o homem 
poderia alcançar a verdade ao passo que para os sofistas a verdade seria apenas uma questão de argumentação. Este 
tema terá severas repercussões sobre a esfera jurídica. 
FILOSOFIA JURÍDICA – Platão, a justiça e a fundação do Estado 
1. A importância de Platão para tradição Filosófica 
Platão (428-347 a.C.), que em grego significa “amplo”, tinha como seu verdadeiro nome Arístocles. Ele nasceu em 
Atenas e lá exerceu a atividade de filósofo e fundador da Academia, que viria a ser a primeira instituição de 
educação superior do Ocidente. Aluno de Sócrates e professor de Aristóteles, ele foi um dos responsáveis pela 
construção dos alicerces da filosofia e da ciência conforme conhecemos hoje. 
Sua influência sobre o mundo ocidental foi tamanha que chegou a servir de base, de um lado para toda a teologia 
cristã e, de outro, a filosofia cartesiana, bem assim como grandes pensadores contemporâneos. 
Dentre os temas que podem ser associados à ele está o dualismo e o hierarquismo. Como dualista Platão entendia 
que a realidade é dual, ou seja, dividida em duas partes. Sendo hierarquista ele acreditava que uma delas ela 
superiora a outra. Ou seja, ele acreditava que o Mundo das Ideias era superior ao mundo sensível. Com estas duas 
idéias em mente vejamos suas principais teses. 
 
2. Estudar a dualidade na Alegoria da Caverna 
A alegoria da Caverna de Platão vem servindo de chave hermenêtica para se compreender este pensador. Neste texto 
Platão procura mostrar a necessidade e a importância de se ter um governante que seja filósofo e que, portanto, veja 
além da mera sombra, ou das simples opiniões dos indoutos. Aqui encontramos um debate entre Sócrates e um dos 
irmãos mais moços de Platão, Glauco. Neste debate Sócrates fala da existência de uma caverna em que as pessoas 
viviam toda sua vida acorrentadas, ouvindo vozes e vendo sombras. Por certo estas pessoas entendiam que aquilo 
que viam era a verde, pois era a única coisa que viam e ouviam. Eis que um deles consegue fugirda caverna e ver a 
realidade existente do lado de fora. Fora da caverna estava a verdadeira realidade mas, quando ele voltou para contar 
aos companheiros de prisão, ninguém acreditou. Há alguns aspectos que precisam ser destacados aqui. 
(i) que as pessoas preferem permanecer em sua zona de conforto ainda que esta zona implique na crença em algo 
que não se sustenta intelectualmente; 
(ii) que toda tentativa de sair da caverna é tão dolorosa quanto à contração da pupila frente à luz, o que fortalece 
mais a busca pelo conforto. 
(iii) que somente alguns privilegiados possuem o desejo, a coragem e a força para saírem da caverna e trem acesso à 
realidade como ela de fato é. Estes devem ser vistos como os verdadeiros guardiães, ou seja, como os líderes da 
cidade. 
3. Compreender o papel do filósofo na República e a relação entre justiça e lei 
Segundo ensina Walace Ferreira “Platão foi o filósofo político do mundo ideal, aquele que concebeu nos filósofos a 
sapiência do conhecimento da justiça para fins de promoção do bem-estar da pólis. Nele, a justiça, tema central do 
diálogo da República, viria do plano ideal, e como seria privilégio dos sábios conhecê-la, estes seriam aqueles que 
deveriam assumir o poder da cidade e distribuir as funções sociais conforme um padrão de justiça voltado para o que 
entendem como ‘bem comum’” (http://jus.com.br/artigos/23037/justica-e-direito-em-platao-aristoteles-e-hobbes. 
acessado em 10 de agosto de 2013). Deste pequeno texto podemos retirar algumas informações importantes. 
(i) A primeira é que Platão projetava sobre a cidade também seu dualismo e, portanto, privilegiava um aspecto mais 
espiritual e irreal do que era de fato uma cidade feita de pessoas humanas. 
(ii) Enquanto no início de seus escritos ele mostrava a relatividade das leis humanas que mudam de acordo com as 
circunstâncias, “nas Leis, consciente da impossibilidade de encontrar um dirigente capaz de harmonizar os desejos e 
o Bem na escala da cidade, ele reconheceu a necessidade de uma regulamentação escrita. É preciso salvaguardar a 
permanência do Estado. As leis serão precedidas de preâmbulos que explicitarão a sua justificação e terão como 
tarefa pôr o legislador de acordo com os cidadãos, do mesmo modo que um bom médico se esforça para convencer o 
doente” (JEANNIÈRE, A. p. 128). Em outras palavras, o Platão da República revela-se bem mais idealista do que o 
das Leis. Este amadurecimento no pensamento político de Platão será claramente percebido por seus leitores. 
(iii) Citando mais uma vez Jeannière (1995, p. 128), Platão entende que a melhor solução seria o esboço lógico 
desenvolvido na República, mas é preciso aprender a se contentar com o possível e com a realidade e reconhecer 
que são poucos os homens capazes de orientar para o Bem a totalidade de seus desejos. Por isso, é preciso obedecer 
a uma constituição. Para tanto ele nos dá duas orientações: “O legislador não deve constituir autoridades absolutas, 
nem, por outro lado, poderes que não se equilibrem por estarem misturados” (PLATÃO, In JEANNIÈRE, 1995, p. 
128). 
A segunda orientação foge do modelo de Estado governado por um rei-filósofo. Ele prefere um esquema mais misto. 
Vejamos, mais uma vez suas palavras: “Escuta: se disséssemos que a organização política comporta duas espécies-
mães, das quais se originariam toda as outras, expressaríamos uma idéia justa, e seria justo dar a uma o nome de 
governo de um só, à outra o nome de governo do povo; no cume da primeira espécie, situaríamos a nação dos 
persas; e nós, atenienses, no cume da segunda. Os outros, quase todos, são, como eu disse, variedades originarias 
desses dois. Assim sendo, é preciso, é até forçoso que, se todavia uma organização política deve um dia acrescentar 
à inteligência a liberdade e a amizade, esta tenha participado dessas duas espécies juntas” (PLATÃO, In 
JEANNIÈRE, 1995, p. 129). 
Em resumo, é importante alguém que tome as decisões com base na razão, mas que estas decisões esteja em 
conformidade com uma constituição e que assegure a liberdade dos cidadãos. 
4. Compreender a idéia de justiça retributiva apresentada no mito de Er 
O mito de Er é um relato e que Platão, no Livro X da República, registra o relato oral de alguém que acaba de 
retornar do Hades, ou seja, do lugar dos mortos. A essência deste mito ensina que fossem quais “fossem as injustiças 
cometidas e as pessoas prejudicadas, as almas injustas pagavam a pena de quanto houvessem feito em vida, a fim de 
purificarem a alma”. Este tipo de escatologia revela a existência de um logos cósmico fundamentalmente moral, 
criando uma espécie de teleologia vinculativa entre os seres humanos. Platão procurou demonstrar duas verdades 
com esse mito. 
(i) que as riquezas, as honrarias ou o poder em si pouco valem para a felicidade terrena, Platão usa o Mito de Er para 
mostrar que a virtude e a justiça são também condição para a felicidade supraterrena. 
(ii) Platão, seguindo os ensinamentos de seu mestre Sócrates, dizia que o poder da virtude era tal que teria 
repercussões para além da própria e limitada vida de um individuo, ou seja, depois da morte. 
FILOSOFIA JURÍDICA – Aristóteles 
1. Sua vida: Aristóteles, também chamado de o estagirita – porque nasceu em uma colônia grega na Trácia chamada 
Estagira –nasceu em 384 a.C. Com 17 anos ele se estabeleceu na cidade de Atenas com a finalidade de se tornar 
aluno de Platão. Tendo se tornado um de seus principais alunos, Aristóteles deixa Atenas em 343 para se tornar o 
mestre de Alexandre da Macedônia, ofício que desenvolveria até o ano de 336. Neste ano, com a subida de 
Alexandre ao trono, ele deixa Tebas e volta para Atenas. Em 335, o “Pensador” – era assim que Platão se referia a 
ele – abre uma escola perto do templo dedicado a Apolo e lá passam a ser chamados de “peripatéticos” porque 
costumavam discutir filosofia enquanto passeavam pelos corredores (peripatos) do Liceu. Aristóteles morre em 
Celcis, uma ilha em Eubéia, em 322 a.C. 
2. Quanto à lógica: A construção pó pensamento lógico de Aristóteles foi brilhante. De fato ele é visto ainda hoje 
como o pai da lógica clássica. O primeiro elemento da lógica aristotélica que gostaríamos de citar é o silogismo. 
Para poder deduzir conceitos novos de conceitos já conhecidos ele elaborou esta técnica extremamente simples, mas 
perfeita, que chamou de silogismo. Este tipo de raciocínio era o encadeamento de um grupo de três proposições, 
onde a terceira era a implicação necessária das duas primeiras. O exemplo mais conhecido de silogismo é aquele 
onde se diz: “Todos os homens são mortais; Sócrates é um homem; logo, Sócrates é mortal”. 
Uma outra forma de raciocínio de que fala Aristóteles é a indução. Enquanto o silogismo parte de proposições mais 
gerais para as mais particulares (a dedução), a indução faz o caminho inverso. Mais tarde o método indutivo será 
identificado como o método da ciência moderna. De fato, enquanto a dedução será vista como o pilar da lógica 
clássica, a indução será o alicerce da metodologia científica. 
Um terceiro elemento importante da construção lógica de Aristóteles é o conhecido princípio da não-contradição. 
Depois de afirmar que o conhecimento humano tem valor objetivo e certo – pelo menos em relação a algumas 
verdades fundamentais, Aristóteles diz que entre todas as verdades há uma que possui prioridade absoluta: o 
princípio da não-contradição. Explicando este princípio, diz o estagirita “Efetivamente, é impossível a quem quer 
que seja acreditar que uma mesma coisa seja e não seja” (Métafísica, Γ3, 1005 b 22-44). Em resumo, segundo este 
princípio, dada uma proposição e sua negação, não podem ser ambas verdadeiras. 
Um outro elemento da lógica aristotélica é o princípio do terceiro-excluído. Por este princípio, diz ele, “Quem diz 
de uma coisaque é ou que não é, ou dirá o verdadeiro ou dirá o falso. Mas se existisse um termo médio entre os dois 
contraditórios nem do ser nem do não ser poder-se-ia dizer que é o que não é”. ARISTÓTELES, Métafísica, Γ7, 
1011 b 28-30 
finalmente, temos o chamado princípio da identidade. Segundo este princípio, “(Todo) A é A”. Na formulação de 
Leibniz “Cada coisa é aquilo que é”. Embora historicamente atribuído à Aristóteles, não há referências de que este 
Princípio tenha efetivamente sido desenvolvido por ele. 
3. Quanto ao equilíbrio: Segundo Aristóteles a verdadeira felicidade consiste na plena realização das próprias 
capacidades. Sendo o homem um ser essencialmente racional, sua felicidade será encontrada na plena realização 
desta capacidade. Ora, se a perfeita atuação da razão ocorre quando contemplamos, então a felicidade do homem 
consiste na contemplação. 
Mas sendo o homem mais do que razão e mente e também carne e sentido, é lógico se supor que a verdadeira 
felicidade contemple também estes aspectos. Já que a satisfação dos sentidos se chama prazer, a verdadeira 
felicidade se encontra na harmonia entre o prazer e a contemplação. 
Para adquirir a felicidade que nos leve ao equilíbrio entre o prazer e a contemplação, precisamos da virtude que é “o 
hábito de escolher o justo meio”. Ou seja, para Aristóteles, a virtude seria o hábito de praticar ações que estejam no 
meio entre dois excessos. É daí que vem o ditado: “a virtude está no meio” (in médio stat virtus). Em resumo, a 
virtude, orientada e instruída pela razão fica a maio caminho entre dois extremos. Vejamos um exemplo da 
argumentação de Aristóteles: 
“As ações estão sujeitas a se tornarem imperfeitas ou por defeito ou por excesso; por exemplo, tanto os exercícios 
excessivos quanto os escassos prejudicam o vigor; o beber e o comer superabundantes ou insuficientes arruínam a 
saúde. O mesmo se dá com a moderação, a coragem ou as outras virtudes; de fato, quem foge ou teme todas as 
coisas e não enfrenta nada, torna-se tímido; quem, ao contrário, não teme nada, enfrenta qualquer coisa e se torna 
temerário; quem goza toda sorte de prazeres e não se abstém de nenhum, torna-se intemperante; mas quem evita 
todos os prazeres, torna-se insensível. De modo que também a moderação e a coragem são arruinadas tanto pelo 
excesso como pela deficiência, mas são preservadas pela via do meio”. (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, 1106b, 
37 e 38) 
4. As causas: Outra doutrina importante em Aristóteles é a doutrina das causas. Para Aristóteles para tudo no mundo 
existem quatro causas: material, formal, eficiente e final. Estas quatro causas apontariam para a matéria, a forma, a 
ação e a finalidade. Se tomarmos como exemplo um ser humano, diríamos que sua causa material é a “carne e o 
osso”, sua causa formal, é a “alma”. Mas, de acordo com Reale-Antisere “se o considerarmos dinamicamente, 
perguntando-nos ‘como nasceu’, ‘quem o gerou’ e ‘porque se desenvolve e cresce’, então são necessárias duas 
outras razões ou causas: a causa eficiente ou motriz, isto é, o pai que o gerou, a causa final, isto é, o fim ou objetivo 
para o qual tende o devir do homem. (REALE-ANTISERE, vol. 1, p. 181)” 
Antes de encerrar este capítulo, uma última palavra. Conforme já vimos, este primeiro momento da História da 
Filosofia está claramente caracterizado por uma mudança de paradigma na forma de explicar a origem das causas 
últimas. O que encontramos aqui é a superação da forma mítica de pensar por uma outra que foi identificada como 
sendo mais “racional” e mais “crítica”. Neste novo paradigma os “deuses” e a “mitologia”, enquanto explicação 
satisfatória ou interpretação abrangente do sentido que envolve a realidade, a origem do mundo e dos homens, 
passam a ser desconsiderados como explicações ou respostas relevantes. Em seu lugar toma corpo as explicações 
que utilizam a própria natureza (Physis) e passam a valorizar a racionalidade enquanto forma de escapar das ilusões 
que podem enganar nossa mente. 
5. Aristóteles e o sentido polissêmico de justiça: Um ultimo tema que precisaria ser abordado no pensamento 
aristotélico tem a ver com sua visão de justiça. Quando nos referimos à noção de “polissêmico” na leitura 
aristotélica de justiça, estamos, com isso tentando afirmar que, para ele justiça implicava em pelo menos quatro 
coisas. 
5.1. Legalidade: Aristóteles sempre se preocupou com o problema da aplicação da lei. No entanto, para o Estagirita, 
a lei deve ser vista sempre como algo geral que precisa ser aplicada a casos concretos, vez que ela é incapaz de 
prever todos os casos particulares. 
5.2. Justa-medida: Influenciado pela visão de virtude, que se concentra no caráter e na vida do indivíduo como um 
todo, fazer justiça é viver virtuosamente. Mas o que seria virtude para ele? Segundo Warburton (2008, p. 87), para 
Aristóteles virtude seria “um padrão de comportamento e de sentimentos: uma tendência a agir, desejar e sentir de 
modos particulares em situações apropriadas”. Sentir uma emoção apropriada era essencial à arte de viver uma vida 
feliz. Para ele, continua Walburton (2008, p.88), “Uma virtude não é uma ação irrefletida, mas, ai invés disso, 
envolve um julgamento inteligente sobre a reação apropriada à situação em que você se encontra”. 
5.3. Equidade: Conforme já vimos, embora Aristóteles procurasse aplicar a lei ele se preocupava com o problema 
de sua naplicação vez que ela só trataria de questões gerais e não particulares. É aqui que surge sua teoria da justiça 
de conveniência ou adaptação, que equivaleria à equidade. Com a finalidade de ilustrá-la ele recorre à régua de 
chumbo utilizada pelos construtores em Lesbos. Ela não era rígida e por isso se adaptava à forma da pedra. 
Aplicando a ilustração, ele entendia que a lei, da mesma forma, deve se adaptar aos fatos. Assim sendo, o eqüitativo 
seria o justo segundo um corretivo de justiça legal, e não segundo a letra da lei. Desta forma, podemos afirmar que a 
equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça e 
igualdade. 
5.4. Proporcionalidade: Aristóteles desenvolveu um pensamento no qual ele reconhece a a igualdade como sendo 
proporcional tanto geométrica quanto analógica. Segundo ele o igual é um meio entre o demais e o de menos, o 
excesso e a falta. Mas da mesma forma que o igual é um meio, da mesma forma o direito também seria um meio. 
Assim, porque o justo é proporcional, o direito, que deve ser justo, também é proporcional. Daí surgir o brocado que 
diz ser a justiça tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade. 
É importante ressaltar que na nossa Constituição Federal de 1988 podemos encontrar o princípio da 
proporcionalidade. De fato, o inciso LIV do art. 5º da Constituição Federal é considerado o dispositivo que 
constitucionaliza esse princípio no ordenamento brasileiro. O mesmo ocorre nos Estados Unidos por meio do due 
processo of law que representa o princípio da razoabilidade, que, substancialmente se equipara-se ao nosso princípio 
da proporcionalidade. 
FILOSOFIA JURÍDICA – O Estoicismo 
O estoicismo foi um dos diversos movimentos filosóficos que surgiram no momento conhecido como helenístico. 
Ao lado dele surgiram o hedonismo, o epicurismo, etc. neste momento nos deteremos sobre o pensamento estóico, 
particularmente destacando sua tendência naturalista. 
1. A origem do termo: O termo “estoicismo” tem origem na palavra grega “stóa”, que significa pórtico. O que 
ocorria é que havia um grupo de pensadores que se reunia nos pórticos da cidade de Atenas para discutir os grandes 
temas da filosofia. Esta filosofia deve muito ao pensamento cínico de Crates e de alguns seguidores de Platão. 
2. Seu principal personagem: O principal personagem da escola estóica está associadoao nome de Zenão de Cítio 
(336-263 a.C.). Um resumo de seu pensamento destacaria que ele cultivava uma filosofia voltada para a mora, 
buscando fazer com que o homem alcançasse a virtude e a felicidade. 
3. Seu método de debate: Em geral Zenão de Cítio era chamado de cínico, mas é preciso conhecer bem esta palavra 
para compreender adequadamente o seu sentido. A palavra “cínico” tem origem no grego e significa cão ou 
cachorro. O cínico é, portanto, aquele que vive uma sem se preocupar com o bem estar e com o luxo, sendo irônico 
para com aqueles que valorizam estes elementos como sendo os essenciais à vida. Em função disso, ser cínico se 
associou a ser irônico. 
 
4. Suas principais teses: 
4.1. Os estóicos são sensistas. Para eles, todo o conhecimento que possamos vir a ter terá origem em nossas 
sensações, ou seja, em nossa percepção sensorial, que nada mais faz além do que combinar as nossas inúmeras 
sensações. Ora, se tudo se resume ao que podemos sentir por via de conseqüência concluímos que os estóicos são 
materialistas e que temas como a alma ou Deus não têm grande relevância vez que tudo termina com a morte. 
4.2. Os estóicos estão voltados para uma vida virtuosa. No que diz respeito ao campo da ética os estóicos 
entendem que a virtude deve ser vista como “o fim supremo de todas as ações humanas, a via pela qual o homem 
deve buscar a felicidade. A felicidade, por sua vez, trata-se da felicidade pela quietude, resultado de uma virtude 
negativa, de uma indiferença universal, e da renúncia a todos os bens mundanos” (CABRAL, 2006, p. 102). Se 
nossa felicidade estivesse nos bens mundanos, caso eles nos fossem retirados, isso poderia nos trazer infelicidade. 
4.3. A virtude exige a apatia. A palavra “apatia”, no grego, é composta do prefixo “a”, que significa “ausência”, e 
“pathos”, que significa “dor” ou “sofrimento”. Desta forma a apatia aponta para um momento em que não existe 
mais sofrimento ou dor. O estóico, porque não está preso aos prazeres mundanos não sentem a dor de perdê-los. A 
postura do estóico é de quietude frente à perda dos bens ou das coisas. O estóico acredita, afirma Cabral (2006, p. 
102, 103) que a indiferença e a renúncia “são as únicas formas de o homem se livrar das perturbações que possa 
sofrer em conseqüência da possível carência dos bens terrenos. Desse modo, acredita que o homem, vivendo na 
quietude e na indiferença, preserva a serenidade, a paz, o sossego: verdadeiro eu único bem da alma”. 
4.4. A unidade do mundo. A doutrina estóica defende que o universo que vemos é semelhante a um único ser vivo. 
Desta forma, dando suporte à natureza que vemos, Zenão de Cítio propugnava a existência de uma alma identificada 
à razão, ou seja, ao que os gregos chamavam de logos. Como consequência desta crença nos deparamos quase com 
um panteísmo no qual Deus é visto como “a razão absoluta (logos), que gera o mundo sem que este seja 
radicalmente de si mesmo” (HRYNIEWICZ, 2006, p. 287). Em resumo, há no mundo uma plena racionalidade, um 
Logos (Razão Universal), que age tanto na natureza quanto na conduta humana. 
4.5. A racionalidade da natureza. Ora se o logos eterno a tudo engloba, incluindo as pessoas e a natureza, a própria 
natureza, sendo divina, é perfeitamente lógica e coerente. O homem, ocupa no universo um lugar especial. De 
acordo com Hryniewicz, “ele é superior em relação aos demais seres pelo fato de participar do logos divino em 
maior grau do que qualquer outro ser vivente. Isto deve-se ao fato de possuir uma alma especial e de ser responsável 
por uma conduta moral que nenhum outro ser tem acesso” (HRYNIEWICZ, 2006, p. 287). Como conclusão, deduz-
se que a natureza humana é totalmente racional e voltada para a virtude e para a justiça. 
Buscar as coisas indiferentes em geral leva o homem para longe da racionalidade. É preciso “seguir a natureza”, ou 
seja, conduzir seus paços exatamente conforme indica sua natureza racional. Desta forma ele produzira uma 
sociedade mais virtuosa e justa. 
5. Seu mais famoso seguidor: Dentre os seguidores do pensamento estóico podemos enumerar Sêneca, Epíteto e o 
imperador Marco Aurélio. No entanto, embora não tenha reproduzido com absoluta perfeição o pensamento original 
de Zenão de Cítio, o mais famoso seguidor desta doutrina foi o famoso senador romano Marco Túlio Cícero (106-43 
a.C.). Em sua atuação como uma das figuras mais importantes da política romana ele assumiu um papel relevante 
para a história do pensamento filosófico e jurídico universal sintetizando vários pensamentos filosóficos gregos e 
inaugurando o vocabulário filosófico latino. Vejamos uma de suas mais conhecidas citações: 
“Se Roma existe, é por seus homens e seus hábitos. A brevidade e a verdade desse verso fazem com que seja, para 
mim, um verdadeiro oráculo. Com efeito: sem nossas instituições antigas, sem nossas tradições venerandas, sem 
nossos singulares heróis, teria sido impossível aos mais ilustres cidadãos fundar e manter, durante tão longo tempo, 
o império de nossa República. (…) Em suma, não há felicidade sem uma boa constituição política; não há paz, não 
há felicidade possível, sem uma sábia e bem organizada República (CÍCERO, M. T. Da República. In: Col. Os 
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1988, p. 175-176.)”. 
FILOSOFIA JURÍDICA – Thomas Hobbes 
O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) foi um dos mais importantes pensadores contratualistas da história. 
Ele se associa ao contratualismo porque consta entre os pensadores políticos que acreditam ter existido um “contrato 
social” que acabou por formar a sociedade que temos hoje. Escritor privilegiado, tornou-se famoso com a publicação 
de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651). Com este texto pretendemos apresentar algumas de suas principais teses, 
dentre as quais destacamos: 
1. O conceito de estado de natureza: 
De acordo com Thomas Hobbes o “estado de natureza” passou a ser visto como o espaço ou a ambiência de 
violência generalizada. Era um estado de guerra de todos contra todos (bellum omnia omnes). O que exatamente 
caracteriza e marca o estado de natureza é justamente a completa ausência de qualquer ordem jurídica e, portanto, de 
qualquer impedimento para ação. Muito ao revés no estado de natureza há uma completa liberdade para agir. Isto 
fica explicitado na primeira lei natural: “Cada um deve esforçar-se por conseguir a paz, enquanto houver a esperança 
para tal, não a podendo construir, está autorizado a procurar todos os meios e vantagens da guerra e utilizá-los”. 
2. A concepção de homem: 
Diferentemente de autores como Rousseau que viam o homem de uma forma mais positiva, Hobbes era o autor de 
uma antropologia extremamente negativa do homem. Para ele o homem era mal por natureza e a violência seria a 
expressão mais natural dessa natureza. De fato ele chamava o homem de “o lobo de outro homem”. O homem 
estaria sempre pronto a agir contra seus pares a fim de retirar vantagens. 
3. O Estado: 
Diante da perspectiva antropológica desenhada por Hobbes, somente um Estado com poderes absolutos e apto para 
utilizar a violência extrema, seria forte o suficiente para proteger o indivíduo e seus bens, sendo capaz, desta forma, 
de garantir não apenas sua segurança pessoal, mas também uma segurança jurídica em todos os aspectos, inclusive 
na ordem econômica. 
A melhor forma de governo, ou seja, a que garantiria a segurança civil é um Estado autoritário no qual a liberdade 
pessoal é entregue em troca da liberdade do medo. Desta forma, compete ao Estado Leviatã preservar a moral e o 
direito. Para ele, só o Estado absoluto é capaz de conseguir a paz. O Estado é descrito por ele como “uma pessoa 
cujos atos um grande número de pessoas, como autor e por pactos mútuos, realizados entre si, institui com o 
objetivo de poder usar a força e os meios de todos, comojulgar oportuno, para assegurar a paz e a defesa comum”. 
Sendo ele inglês, inevitavelmente ele trataria da relação entre a igreja e o Estado. Segundo seu entendimento a Igreja 
e o Estado cristão formavam um corpo comum que seria encabeçado pelo monarca, legítimo intérprete das 
Escrituras. Como conclusão óbvia ele criticava a postura Reformada da Livre interpretação da Bíblia vez que 
enfraquecia o poder do monarca. 
4. Racionalidade prática: 
De que forma, ou melhor, qual o estímulo para que homem abandone o estado de natureza e crie o estado? Como 
resposta encontraremos o medo. Sim, o medo legitima o pacto social feito entre os homens, aceitando a submissão 
na busca da segurança. Aqui está o que chamamos de racionalidade instrumental hobbesiana. Para escapar, então, do 
medo das depredações alheias os seres humanos formam sociedades e governos por meio de um Contrato social. O 
Contrato era inspirado pelo medo e um soberano com poderes absolutos se tornaria na melhor garantia contra a 
regressão ao estado de natureza. 
Diante do exposto reafirmamos a importância do pensamento de Thomas Hobbes porque ele consegue nos fazer 
compreender a intima relação entre a violência e poder soberano para formar uma teoria política baseada numa 
racionalidade instrumental além de nos mostrar o “bem” como relacionado com os fins do Estado, a justiça e a 
segurança. 
FILOSOFIA JURÍDICA – John Locke 
Filósofo e político inglês, John Locke (1632-1704) é celebrado como um dos responsáveis pelo desenvolvimento 
das teses da democracia liberal. Oriundo de uma formação científica e médica, ele foi profundamente influenciado 
pela filosofia e pela Revolução Científica. 
Nascido em Wrington, envolveu-se na política em 1675 quando tornou-se secretário do Conselho de Plantação e 
Comércio. Quando da assunção de Carlos II ao trono, Lord Ashey, então conde de Shaftesbury e protetor de Locke, 
cai em desgraça e a carreira de nosso pensador entra em declínio. Ele perde a cátedra em Oxford e segue para um 
exílio na Holanda (1683), retornando em 1689. Em 1704 ele falece vitima de gota em Oates. 
1. Seu pensamento filosófico: Em sua obra mais importante Ensaio acerca do Entendimento Humano (1690) – 
dividido em quatro livros, ele expôs todo seu empirismo afirmando que a experiência é a fonte de todo 
conhecimento humano. Conforme nos lembra Chris Rohmann, “quando nascemos, o intelecto é uma tabula rasa, ou 
‘lousa em branco’, na qual o mundo da experiência gradativamente grava uma série de sensações independentes – 
teoria conhecida como atomismo mental”(ROHMANN, p. 247). Segundo ele, “o intelecto, preenchido e ativo 
organiza a experiência de maneira lógica, por meio da associação de idéias, para chegar ao conhecimento; com a 
introspecção, a pessoa adquire a consciência de si” (ROHMANN, p. 247). 
Embora empiricista Locke não desconsiderava o papel da razão e de Deus vez que o verdadeiro conhecimento teria 
que se adaptar à razão que também servia para reconhecer a revelação como autêntica Palavra de Deus. 
2. Seu pensamento político: Registrado em seus Dois tratados acerca do governo (1690) encontramos o 
desenvolvimento próprio de seu contratualismo. Conforme sabemos, este livro foi escrito em defesa da Revolução 
Gloriosa de 1688 e postula a superioridade do Parlamento inglês sobre o monarca, numa clara rejeição ao 
absolutismo oriundo da teoria do direito divino dos reis. Muito ao revés, suas idéias defendiam uma monarquia 
constitucional com base em um contrato social. 
2.1. O Estado seria o resultado da ação criadora e soberana do povo, dotado por Deus dos direitos inalienáveis de 
vida, liberdade, propriedade e o direito a resistir à tirania do soberano quando este põe em risco os direitos à 
propriedade, à vida e à liberdade. Em razão destes dons divinos, qualquer estado que abuse de seus poderes podem 
ser modificados ou derrubados. Entre os poderes executivos e legislativos, afirmava ele, deveria existir algum tipo 
de sistema de poder e contrapoder. 
Uma palavra deve ser dita, aqui sobre a propriedade. Não existe uma unanimidade sobre sua definição de 
propriedade. Em geral o debate gira em torno de duas teses antagônicas: ou bem ele pretende ampliar a democracia 
ou bem pretendia apenas limitar a cidadania. 
2.2. Assim como Hobbes, Locke também afirmava a distinção entre o estado de natureza e o estado social. Havia, no 
entanto, algumas distinções que precisam ser pontuadas. Para Locke o estado de natureza diferia das teses de 
Hobbes porque não era um estado ou um modo de convivência em que prevalecia a violência e a força. Muito ao 
contrário, para ele o estado de natureza era um modo de convivência no qual todos eram regidos pelas leis da 
natureza humana, sendo a principal delas e a que regula todas as demais, a razão. 
Conforme assevera Vicente Masip, “a necessidade da criação de um estado social surge quando é preciso punir 
algum comportamento irracional ou defender-se de transgressões externas. O contrato social cria a autoridade e 
confia a alguém o cargo de velar pelos direitos de todos. Trata-se, portanto, de uma delegação voluntária que 
aperfeiçoa o estado de natureza, não de uma imposição ou limitação” (MASIP, 2001, p. 177). 
Percebe-se que a antropologia de Locke é bem mais otimista do que a apresentada por Hobbes. O homem não é 
descrito como um lobo à procura de alimento. Destaca-se, ao contrário, seus aspectos mais racionais e cognitivos, 
com implicações, inclusive em seu conceito sobre estado de natureza. 
O homem em Locke é alguém livre que se serve de sua liberdade para o estabelecimento das leis e do estado social 
que respeite os principais dons dados por Deus ao homem, quais sejam, a vida, a liberdade e a propriedade. Mais 
ainda, o homem já nasce com direitos inatos que estabelecem um estado natural. Registre-se a influência de Locke 
sobre o texto da Declaração de Independência dos estados Unidos da América. 
Locke também era um árduo defensor da tolerância religiosa já que ninguém poderia saber, ao certo, qual a religião 
verdadeira. As únicas exceções para ele seriam os ateus, que não criam em Deus, e os católicos, já que se submetiam 
a uma autoridade estrangeira. 
FILOSOFIA JURÍDICA – Jean-Jacques Rousseau 
Um dos mais celebrados Filósofo e político franceses, Rousseau (1712-1778) além de um dos mais destacados 
contratualistas, será um dos fundadores da tradição democrática moderna em razão de sua defesa da soberania 
popular o que influenciará fortemente a Revolução Francesa e o Romantismo do século XIX. 
Nascido em Genebra, Jean-Jacques Rousseau, órfão de mãe, foi entregue aos cuidados de um pastor em Bossei, com 
dez anos de idade. Retorna a Genebra em 1724 e, em 1728 é recomendado por um padre de Confignon à madame de 
Warens em Annecy, que o encaminha a Turim onde, por força das circunstâncias se converte ao catolicismo. Depois 
de perambular pela Suíça e pela França como professor de música, envolve-se com os enciclopedistas e, em 1754 
elabora seu famoso Discurso sobre as ciências e as artes. Neste ano ele volta à Genebra, reconverte-se ao 
calvinismo e retoma a cidadania genebrina. Depois de algum tempo retorna à Paris e, de lá, ,vai para a Inglaterra, 
sob os auspícios de David Hume, onde passa pouco tempo. Marcado por uma vida extremamente difícil ele falece 
em Ermenonville. 
1. Sua luta contra o Iluminismo: Em dois de seus mais famosos textos (Discurso sobre as ciências e as artes, 
1750, e Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, de 1755), Rousseau 
desconstrói as teses Iluministas de que a história humana seguia um progresso continuo. 
Ele, pelo contrário, entendia que as artes e a ciência foram os culpados pela separação agora existente entre a 
humanidade e as virtudes naturais que são as responsáveispor sermos verdadeiramente humanos. A ciência, 
efetivamente nos corrompeu. Segundo Rohmann “O estado de natureza primitivo, no qual o indivíduo era um 
‘nobre selvagem’ – isolado, auto-suficiente e autocontrolado – era moralmente superior à civilização” (ROHMANN, 
2000, p. 354). 
2. Sobre as leis: Discordando de religiosos, políticos e cientistas, Rousseau acreditava que as leis deveriam ser 
criadas exclusivamente pelo povo e não por Deus, pelos monarcas ou pela razão. Em seu Contrato Social (1762) 
Rousseau imaginava uma espécie de sociedade ideal onde “a ordem civil seria o produto do que ele chamava de 
vontade geral, um conceito quase místico que implicava a responsabilidade cívica e a virtude na direção das quais as 
pessoas se inclinam naturalmente quando levam em conta o bem de todos, e não a própria vontade particular” 
(ROHMANN, 2000, p. 354). 
O Contrato Social de Rousseau será importante porque nele ele revelará sua visão contratualista revelando sua 
crença sobre a origem e a constituição do Estado. Segundo nosso pensador, a humanidade teria atravessado três 
momentos (i) o estado de inocência, no qual inexistiam os ausos presentes em nossa sociedade; (ii) a falsa 
civilização, que seria um estágio marcado por uma progressiva degeneração dos valores primitivos e (iii) o estado 
social ou a verdadeira civilização. Aqui, graças à educação, à vida moral e à disciplina, seriam recuperados os 
antigos valores da humanidade. Este é o estágio no qual a sociedade constrói o Contrato social. 
Como efeitos deste Contrato, Rousseau enumera pelo menos dois. Em primeiro lugar, o indivíduo se transformaria 
em cidadão e para tanto ele, (i) renuncia aos seus direitos pessoais em favor da comunidade e, (ii) rejeita o instinto 
assumindo a lei como norma de vida. Um segundo efeito deste Contrato, e corolário do que foi exposto acima, é que 
as ações humanas adquiririam uma moralidade que não existia antes. Citando Masip, “O cidadão é legislador e 
súdito ao mesmo tempo. Sendo o povo a única fonte do direito, os governantes não gozam de nenhuma autoridade 
definitiva sobre eles. Rousseau rejeita a idéia da democracia representativa: o povo é soberano não apenas 
nominalmente: deve exercer de fato o poder mediante deliberações emanadas de todos os cidadãos. O governo é 
responsável perante o povo; quando não segue a vontade do povo deve ser destituído” (MASIP, 2001, p. 207). 
A grande virtude desta tese reside no fato de que, se a vontade geral representaria a expressão direta da vontade 
popular, qualquer possibilidade de discórdia seria eliminada. Em uma sociedade assim, contra-argumenta seus 
opositores, estaríamos bem próximo a uma espécie de ditadura ou totalitarismo, visto que todas as pessoas estariam 
“obrigadas a serem livres”. 
3. Sua antropologia: Em uma de suas mais conhecidas obras, Emílio (1762), Rousseau apresentou sua crença na 
possibilidade do aperfeiçoamento do homem na terra por meio de um novo sistema educacional. É neste texto que 
Rousseau defende que o homem nasce bom mas que a sociedade o corrompe. Dentre os elementos que acabam por 
desenvolver a corrupção na humanidade Masip (2001, p. 207) destaca três: (i) a propriedade privada, responsável 
pela divisão das pessoas entre ricos e pobres; (ii) a magistratura, responsável pela manutenção da divisão entre os 
poderosos e os sem poder algum, e (iii) a transforomação do poder legítimo em poder arbitrário, o que 
fundamentaria a distinção dos indivíduos entre senhores e escravos. 
Um outro aspecto importante de sua antropologia pode ser encontrada na sua ultima obra, Confissões (1764-1770). 
Neste texto, que reflete a obra de Santo Agostinho, ele apregoa teses completamente diferentes. Primeiro porque 
postula que os seres humanos não nascem no pecado original, mas nascem da sociedade e por ela são corrompidos. 
Esta tese revela uma postura bem mais otimista do que a do bispo de hypona. 
Antes de concluir é importante registrar que em obras como Júlia, ou A nova Heloísa (1760), nosso autor revela toda 
sua oposição ao racionalismo frio estimulando a “expressão pessoal apaixonada e até o sentimentalismo (…) Nisso é 
considerado precursor intelectual do romantismo e figura influente no desenvolvimento da psicologia de campo” 
(ROHMANN, 2000, p. 355). 
FILOSOFIA JURÍDICA – Emanuel Kant 
Nascido em uma pequena cidade da Prússia oriental chamada Köningsberg, Kant (1724-1808) entrará para a história 
não tanto em função de sua conhecida postura sistemática e disciplinada, mas em função de sua contribuição para o 
que chamamos hoje de Iluminismo. Filho de um celeiro de ascendência escocesa, Kant recebeu de sua família uma 
forte influência pietista luterana. 
Ele era, de fato, uma pessoa bastante paradoxal. Ao mesmo tempo em que gostava de ler livros sobre viagens, ele 
mesmo só saiu de sua cidade em um curto período de tempo; ao mesmo tempo em que gostava do convívio dos seus 
amigos, ele jamais conseguiu se casar; embora de formação profundamente religiosa foi o responsável pela defesa 
intransigente da “maioridade do mundo” e pela valorização da razão. Suas duas perguntas principais são: como 
fundamentar filosoficamente o conhecimento? E, como fundamentar filosoficamente a moralidade? 
Fundamento do conhecimento 
Na busca de responder a primeira pergunta começaremos um a tese de que, a obra filosófica de Emanuel Kant já foi 
comparada (BROWN, 1983) com uma espécie de “clímax” tanto do realismo quanto do empirismo, ou seja, um tipo 
de síntese entre o racionalismo e o empirismo. As principais obras escritas por Kant são: Crítica da Razão Pura 
(1781), Crítica da Razão Prática (1788), Crítica do Juízo (1790) e Paz Perpétua (1795). Com a primeira obra ele 
procurava apresentar as bases para uma nova epistemologia que seria capaz de reconciliar Descartes e Hume; na 
segunda obra ele procura apresentar seu pensamento sobre ética; na terceira sua teoria estética e na quarta sua teoria 
social e política. 
Na sua principal obra, Crítica da Razão Pura, ele procurava, conforme já falamos, reconciliar a filosofia racionalista 
de Descartes com o empirismo de Hume. Ao tentar fazer isso ele tinha que reconciliar os conhecimentos que são 
provenientes da experiência (juízos sintéticos e a posteriori) daqueles que independem da experiência (juízos 
analíticos e a priori). 
Sobre estas quatro palavras uma breve explicação. O conhecimento será a priori se ele vier antes da observação ou 
da experiência e se for independente dela, e será a posteriori se vier após a experiência. Os juízos analíticos são 
aqueles cuja verdade se ampara somente no significado dos termos (p.e. “Todos os cegos não enxergam”), e os 
sintéticos são os que exigem provas externas para estabelecer sua veracidade (p.e. “Todos os celibatários moram 
sozinhos”). Como vemos, os juízos analíticos são a priori e os juízos sintéticos são a posteriori. 
Concordando com Hume, Kant compreendia que nós não podemos ter um conhecimento direto do mundo material. 
Contudo ele fazia a distinção entre o que era empírico (nossas percepções sensoriais) do que era transcendental, ou 
seja, daquele conhecimento tornado capaz em função das categorias de entendimento, ou seja, de um conjunto de 
conceitos preexistentes (por isso a priori) que organizam e que dão forma à experiência. Estas categorias do 
entendimento são divididas em quatro grupos de três, baseando-se no princípio de que nós entendemos o fenômeno 
segundo a quantidade, as qualidades que nele percebemos, as relações entre eles e a modalidade de juízos lógicos 
que formulamos sobre eles. (ROHMANN, 2000) Vejamos um quadro com estas 12 categorias: 
 
Quantidade Qualidade Relação Modalidade 
Unidade Realidade 
(Positiva) 
Substância 
Acidente 
Possibilidade 
Impossibilidade 
Pluralidade Negação(Negativa) 
Causa/Efeito Existência/ 
Inexistência 
Totalidade Limitação Reciprocidade Necessidade/ 
Contingência 
 
Com este quadro Kant nos ensinava que percebemos objetos em quatro modalidades. Na primeira, ele nos ensina 
que nós os percebemos em termos de unidade, pluralidade e totalidade, ou seja, que somos capazes de perceber uma 
pedra, uma pilha de pedras, ou uma parede de pedras. 
Com o segundo grupo ele nos ensina que nosso conhecimento das coisas também está relacionada às formas como 
estas coisas nos atingem. Neste sentido, “realidade e nagatividade referem-se à nitidez das impressões que 
recebemos, de absolutas (positivas) a nulas (negativas), e limitação refere-se à escala de sensações possíveis entre os 
dois extremos”. (ROHMANN, p. 232) 
No grupo da Relação Kant quer nos ensinar que tanto a relação Substância e Acidente (a base permanente da 
realidade e a sua aparência externa) quanto a relação Causa e Efeito (o agente de mudança e o que é modificado) 
devem ser vistas como Recíprocas, ou seja, complementares e interagentes. 
Finalmente, no grupo da Modalidade Kant, com base no princípio do terceiro excluído, analisa se estes estados são 
possíveis ou não, se eles existem ou não, e, finalmente, se são necessários (inevitáveis) ou contingentes. 
Fundamento racional da moral e do direito 
Na tentativa de responder ao segundo questionamento, aquela que trata da moralidade e do direito, devemos dedicar 
um pouco mais de tempo. 
Primeiramente é preciso registrar que a importância do pensamento de Emanuel Kant para a história do pensamento 
jusfilosófico reside no fato de que ele, com seu criticismo filosófico, pretendeu ser uma espécie de reação tanto ao 
dogmatismo de Wolf quanto ao ceticismo de Hume. Como bem dizem Bittar & Almeida: “De fato, entre esses 
extremos procuram posicionar-se a filosofia kantiana, conciliando inclusive empirismo e idealismo, redundando 
num racionalismo que acaba por re-orientar os rumos das filosofias modernas e contemporânea” (BITTAR p. 267). 
Sua exposição não deve ser confundida com o utilitarismo, teleologismo ou hedonismo. A primeira escola procura 
buscar o bem-maior para o maior número de pessoas; a segunda procura fundamentar o comportamento em um 
“fim” ou um “alvo” que dirija o meu comportamento hoje; o hedonismo, por sua vez – e ele não deve ser 
confundido com o amor ao prazer, simplesmente – busca fundamentar a escolha ética no prazer ou na busca da 
felicidade pessoal. 
Devemos, também, ter em vista que ele opera sua elaboração ético/jurídica da mesma forma como trabalha sua 
epistemologia. Assim como ele faz uma síntese entre a o racionalismo de Descartes e o empirismo de Hume em um 
criticismo na epistemologia, da mesma forma ele também desenvolve uma ética que não se funda apenas na razão 
(conhecimento a posteriori) ou na experiência (conhecimento a priori). Para fins sistemáticos dividiremos nossa 
exposição em cinco pontos. 
(i). A ética se funda na razão 
Segundo Kant, a diferença entre o que é certo e o que é errado é inerente à razão. Esta frase só tem sentido quando 
nos apercebemos que boa parte da tarefa filosófica de Kant foi refletir em torno da teoria do conhecimento e da 
crítica do conhecimento e da razão. E isto significa que, a razão está na base de seu raciocínio. É por isso que ele 
afirma que todas as pessoas sabem o que é o certo e o errado porque isso é dito a cada um pela razão, não porque é 
imposto pela religião ou qualquer outra instância. Kant tem a preocupação de fundar a prática moral não na pura 
experiência, “mas em uma lei apriorísticamente inerente à racionalidade universal humana”. (Bittar p. 271) 
(ii). Há uma lei moral universal 
Kant identifica uma lei moral universal que vale para todas as pessoas, sem distinção de classe social, cultura ou 
lugar. Esta lei moral é uma realidade universal e fundamentada no dever serve de base para o comportamento 
humano. Ouçamos as palavras do próprio Kant: “duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre 
novas e crescentes, quanto mais freqüentemente e com maior assiduidade delas se ocupa a reflexão: o céu estrelado 
sobre mim e a lei moral em mim”. (Kant, Citado por BITTAR p. 269). 
(iii). Há uma dupla legislação que atua sobre nós 
Segundo Serra, Kant distingue uma dupla legislação. Vejamos suas palavras: “A legislação interna, ética (ethisch), 
que faz do dever o próprio móbil da ação (‘age de acordo com o dever por dever!’; handle pflichtgemäss aus 
Pflicht!), e a legislação externa, jurídica (juridisch), que não inclui na lei o móbil, mas admite outros móbeis além do 
dever”. (Serra, citado por BITTAR p. 278). 
Examinemos com mais cuidado estas leis. 
(a). A Interna. Esta pode ser expressa em três frases: a) diz respeito á moral; b) obedece à lei do dever e c) é de foro 
íntimo, ou seja, é autônoma. Quando falamos em autonomia, queremos dizer que envolve adesão de consciência. 
(b). A Externa. Esta nos revela o direito por meio das leis que regulam nosso comportamento externo. É, 
obviamente, heterônoma, ou seja, além de não envolver adesão de consciência, se conforma às regras externas. 
(iv). Os homens agem de acordo com os Imperativos 
Antes de mais nada temos que saber que um “imperativo” é uma ordem absolutamente inevitável. E eles existem de 
duas formas. Vejamos as palavras de Kant: “Ora, todos os imperativos ordenam, seja hipotética, seja 
categoricamente. Os hipotéticos representam a necessidade prática de uma ação possível, como meio de conseguir 
qualquer outra coisa que se queira (o que é possível que se queira). O imperativo categórico seria o que 
representasse uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem relação com nenhum outro fim” (KANT, 
Fundamentação da metafísica dos costumes p. 45). 
(a). Imperativos categóricos 
Este imperativo é único, absoluto, incondixional e não deriva da experiência. Pode ser resumido a uma única 
sentença: “age só, segundo máxima tal, que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal” (Kant, 
ibid, p. 51). Outra versão do imperativo universal do dever é expressa assim: “Age como se a máxima da tua ação 
devesse se tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza” (Kant, ibid, p. 52). Uma ultima versão muito 
conhecida do imperativo categórico de Kant é expressa nas seguintes palavras: “Trate as pessoas como fins em si 
mesmas, nunca como meios para um fim”. 
(b). Imperativos Hipotéticos 
São aqueles tipos de imperativos que contém, em seu enunciado, as condições para que um determinado fim seja 
alcançado, mas que não possui um caráter obrigatório. Ex. “se você estudar, vai passar na prova”. Concordando com 
o que se expôs acima vemos Warburton afirmar que “Deveres hipotéticos informam o que você deve ou não fazer, 
se quiser alcançar ou evitar um determinado fim” (WARBURTON, 2008, p. 73). Como exemplos, Warburton (2008, 
p. 73) cita: “Se você quer ser respeitado, deve dizer a verdade”. Ou ainda: “Sequer evitar ir para a cadeia não deve 
matar pessoa alguma”. 
(v). Os Atos Morais 
Ocorrem quando o homem toma o Imperativo Categórico como seu, isto é, incorpora o este Imperativo como norma 
para sua conduta. Ela passa, então, a agir de tal maneira que a vontade da lei passa a ser a sua vontade. Ela a 
recepciona em sua consciência por meio de uma adesão. Afinal quando agimos moralmente, segundo Kant? Quem 
responde esta pergunta é Tiago Lara, segundo quem, agimos moralmente “Quando agimos livremente, isto é, 
quando a razão é que nos dita: deves fazer isto. Não porque Deus mandou, ou porque é útil, agradável, porque te 
sentes inclinado a isso. Não. É porque vês racionalmente que deves; porque essa maneira de agir é a única que 
salvaria uma ordem universal da convivência humana” (LARA, Tiago A. Caminhos da razão no ocidente. p. 63). 
Corroborandoestas palavras ouçamos o que os diz Nigel Warburton “Para Kant estava claro que uma ação moral era 
uma ação executada a partir de um senso de dever em vez de simplesmente por uma inclinação, um sentimento ou 
uma possibilidade de algum tipo de lucro para a pessoa que a executa” (WARBURTON, 2008, p. 70). 
O agir livre é o agir moral; o agir moral é o agir de acordo com o dever; o agir de acordo com o dever é fazer de sua 
lei subjetiva um princípio de legislação universal, a ser inscrita em toda a natureza (Bittar, 273) 
Desta forma, não devemos confundir a legalidade com a moralidade. Um ato será legal quando estiver de acordo 
com a lei, e moral quando exercido livremente, porque assim deve ser. Se eu não cometo um crime simplesmente 
para não receber as sanções daquele ato e não porque não devo cometê-lo, então não ajo de forma moral ou ética, 
ainda que legal. Agir de acordo com o imperativo é o resumo da ética kantiana: “A boa vontade não é boa pelo que 
efetivamente realiza, não é boa pela sua adequação para alcançar determinado fim a que nos propusemos; é boa 
somente pelo querer; digamos, é boa em si mesma. Considerada em si própria, é, sem comparação, muito mais 
valiosa do que tudo o que por meio dela pudéssemos verificar em proveito ou referência de alguma inclinação e, se 
quisermos, da suam de todas as inclinações”. (Kant fundamentos da metafísica dos costumes). 
Retirado do site :http://revjorgeaquino.wordpress.com/2013/08/06/filosofia-juridica-aula-2-socrates-e-a-sofistica/

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