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Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 1 Cap. 17 Lehninger – catabolismo de ácidos graxos As células podem obter energia de ácidos graxos de 3 formas: gorduras dietéticas, gorduras armazenadas no tecido adiposo como gotículas de lipídeos, e sintetizadas no fígado a partir do excesso de carboidratos para ser exportada. Os triacilgliceróis fornecem mais da metade da necessidade energética do fígado, coração e musculo esquelético em repouso. As gorduras da dieta são absorvidas no intestino delgado, antes que possam ser absorvidos através da parede intestinal, os triacilgliceróis precisam ser convertidos em partículas de gorduras pequenas para se tornarem solúveis. Essa solubilização é realizada pelos sais biliares, como o ácido tautórico, que são sintetizados pelo fígado e armazenados na vesícula biliar, que posteriormente será liberado para o intestino delgado e, após refeição rica em gordura, emulsificará convertendo as gordura dietética em micelas mista (sais bileares + triacilglicerol). A formação de micela aumenta a fração de lipídeos acessíveis as lipases hidrossolúveis no intestino, deste modo essa enzima converterá triacilgliceróis em monoacilgliceróis + diacilgliceróis, ácidos graxos livres e glicerol. Esses produtos se difundem pela mucosa intestinal onde serão reconvertidos a triacilglicerol e empacotados com o colesterol dietético + apolipoptn (ptn específica de ligação a lipídeos no sangue, que transportam triacilglicerois, fosfolipideos colesterol e ésteres de colesterol) em agregados de lipoptn chamdas de lipoptn, agregados esféricos com lipídeos apolares no centro e ptns e grupos polares de lipídeos; e as combinações de lipídeos e apolipoptns produzem partículas de densidades diferentes que variam de quilomícrons a VLDL. As porções ptroteicas das lipoptns são reconhecidas por receptores de membrana nas superfícies das células. No intestino a absorção de lipídeos, quilomicrons se dá pelo reconhecimento da apolipoptn C-II (apoC-II), desse modo se desloca para o sistema linfático e então entram no sangue para ser transportado para músculos e adipócitos. Nos capilares do músculo e do tecido adiposo, a enzima extracelular LIPASE LIPOPROTEICA, que é ativada pela apoC-II, hidrolisa os triacilgliceróis em ác. graxo e glicerol que serão absorvidos pelas células musculares e adiposas. No músculo o ác. graxo será oxidado para obtenção de energia; no adipócito serão reesterificado a triacilglicerol para serem armazenados. Os remanescentes dos quilomícrons, sem boa concentração dos seus triacilgliceróis, mas ainda contendo colesterol e apolipoptns, serão deslocados pelo sangue para o fígado, onde serão reconhecidos por receptores específicos de suas respectivas apolipoptn e capitados por endocitose. Os triacilglicerois que são endocitados podem sofrer oxidação gerando energia ou precursores para síntese de corpos cetônicos. Hormônios ativam a mobilização dos triacilgliceróis. Lipídeos neutros são armazenados nos adipócitos, e nas células q sintetizam esteroides do córtex suprarenal, dos ovários e dos testículos; na forma de gotículas lipídicas. Quando os hormônios sinalizam necessidade de energia metabólica, os triacilgliceróis são mobilizados do tecido adiposo e transportados para musculatura esquelética, coração e córtex renal, onde os ác graxos poderão ser oxidados gerando energia. Os hormônios glucagon e adrenalina são secretados em resposta a baixos níveis de glicose ou em resposta a atividade iminente, estimulando assim a enzima ADENILATO CICLASE na mp dos adipócitos, que serão responsáveis por produzir um segundo mensageiro intracelular, o AMPc. A ptn-cinase dependente de AMPc, a PKA, leva mudanças que abrem a gotícula de lipídeo para a atividade de lipases que atuam sobre tri, di e monoacilgliceróis liberando ác graxos e glicerol. Os ácidos graxos livres (FFA) se ligam a albumina sérica presente na corrente sanguínea; cada albumina sérica se liga não covalentemente a aproximadamente 10 AG, transportando-os para o músculo esquelético, coração e córtex renal, onde se dissociarão da albumina e interiorizados para o citosol por Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 2 receptores de mp, onde servirão como combustível. O glicerol liberado pela ação da lipase é fosforilado e oxidado a di-hidroxicetona fosfato, que poderá entrar na via glicolítica ou na gliconeogênica. Ou também pode ser usado na síntes de colesterol e ácidos graxos. Após ser liberado pela ação da lipase, o glicerol é fosforilado pela GLICEOL- CINASE, e o glicerol-3-fosfato resultante é oxidado a di- hidroxiacetona fosfato. A enzima glicolítica triose-fosfato- isomerase esse composto a gliceraldeído-3-fosfato. Mobilização do triacilglicerol armazenado nos adipócitos: quando em baixos níveis de glicose no sangue, ativam a liberação de glucagon pelas células pancreáticas. O hormônio se liga ao seu receptor de membrana localizado no adipócito que desencadeará a ativação da ptn G, que é formada por subunidades, qnd uma dessas se desligará das demais e ativará a adenilil-ciclase, que produzirá AMPc a partir de ATP. O AMPc é um sinalizador, cuja enzima PKA o reconhece, e quando reconhece, a enzima PKA fosforila a lipase sensível a hormônio (HSL). As moléculas de perlipina presentes na superfície da gotícula lipídica tbm são fosforiladas pela PKA, o que causa uma dissociação da ptn CGI da perilipina. Então as ptn CGI se associa com uma enzima, a triacilglicerol lipase do adipócito (ATGL) ativando-a. A triacilglicerol lipase ativada converte os triacilgliceróis em diacilgliceróis. A perilipina fosforilada se associa com a lipase sensível a hormônios fosforilados e assim permite o acesso à superfície da gotícula lipídica, onde ela hidrolisa os diacilglicerois em monoacilglicerois. Uma terceira lipase, a monoacilglicerol lipase (MGL) hidrolisa os monoacilglicerois. Os ác. graxos saem do adipócito, se ligam à albumina sérica no sangue e são transportados no sangue; eles são liberados da albumina e entram em um miócito por meio de um transportador específico. No miócito, os ácidos graxos são oxidados a CO2 e a energia da oxidação é conservada em ATP, que abastece a contração muscular e outros tipos de metabolismo que necessitam de energia no miócitos. Os ácidos graxos são ativados e transportados para dentro das mitocôndrias. Os ácidos graxos com até 12 carbonos entram nas mitocôndrias sem necessidade de transportadores. Ácidos graxos com 14 ou mais, que constituem a maior parte dos ácidos graxos livres obtidos pela dieta ou liberados pelo tecido adiposo, não conseguem passar livremente através das membranas mitocondriais, então, estes precisam passar por 3 reações enzimáticas chamadas O CICLO DA CARNITINA. A primeira reação é catalisada por uma família de isoenzimas presentes na membrana mitocondrial externa (MME), as ACLI-COA-SINTETASES, que catalisam a reação geral. A ACIL-COA-SINTETASES catalisam a ligação de uma ligação tioester entre o grupo carboxil do ácido graxo e o gruto tiol da coenzima A, produzindo assim Acil-Coa-graxo. O acil-graxo-Coa, assim como o acetil-coA, são compostos de alta energia, a hidrólise a ácido graxo livre e Coa tem uma grande variação negativa de energia livre padrão ( -31kJ/mol). A formação de acil-CoA graxo se torna favorável devido a hidrólise de 2 ATP. A reação total é: Ácido Graxo + CoA + ATP acil-CoA-graxo + AMP + 2Pi (Delta G= -34kJ/mol) Os ésteres de acil-CoA-graxo formados no lado citosolico da MME podem ser transportados para o interior das mitocôndrias e oxidado para produzir ATP, ou podem ficar no citosol para serem usados na síntese de lipídeos de membrana. Os ácidos graxosdestinados a oxidação estão ligados transitoriamente ao grupo hidroxil da carnitina, formando acil-graxo-carnetina, a segunda reação do ciclo. A transesterificação é catalisada pela carnetina acil transferase I, na MME. Ou a acil-CoA passa através da MME e é convertida no éster de carnitina no espaço intermembrana. Em todos os casos, a passagem para o espaço intermembranar ocorre por poros formados pela ptn porina na MME. Então, o ester de acil-graxo-carnitina entra na matriz por difusão facilitada através do transportador ail-carnitina/carnitina. No terceiro e último passo do ciclo da carnitina, o grupo acil-graxo é enzimaticamente transferido para carnitina para a coenzima A intramitocondrial pela carnitina-aciltransnferase II. A carnitina-aciltransferaseII está localizada na face citosólica da MMI, forma acil-CoA graxo e carnitina livre dentro da Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 3 matriz. A carnitina livre retorna ao espaço intermembrana por meio do transportador acil-carnitina/carnitina. Esses processos para transferir os ácidos graxos para dentro da mitocôndria - esterificação com o CoA, transesterificação com carnitina, seguida de transporte e transesterificação de volta com a CoA - envolvem 2 reservatórios destintos da mitocôndria, e esses reservatórios têm funções diferentes. A CoA na matriz mitocondrial é usada pra oxidação do piruvato, dos ácidos graxos e de alguns AA - conversão em éster de carnitina compromete a porção do acido graxo ao destino oxidativo; a CoA citosólica é usada na biossíntese de ac graxo. Resumo: Após a formação da Acil-Carnitina-Graxo na membrana externa ou no espaço intermembrana, ele se desloca para matriz por difusão facilitada, por meio do transportador da membrana interna. Na matriz, o grupo acila é transferido para a CoenzimaA mitocondrial, a carnitina fica livre para retornar ao espaço intermembranar pelo mesmo transportador. A AciltransferaseI é inibiada pelo malonil-CoA, o primeiro intermediário da síntese de Ác.Graxos. Os ácidos graxos não podem sintetizar glicose porque a reação de Acetil- CoA para piruvato é irreversível, a menos que este Acetil-CoA entre no CK e se transforme em um dos intermediários da via, podendo então, assim, se tornar piruvato e ser um composto gliconeogênico. A Acetil-CoA não é um composto gliconeogênico em mamíferos. Oxidação dos ácidos graxos: Na primeira etapa da beta oxidação os ác. graxos sofrem remoção oxidativa de sucessivas duplas de carbonos na forma de acetil-CoA, começando pela extremidade carboxílica da cadeia de ácido graxo. A formação de cada acetil-CoA requer a remorção de 4 átomos de hidrogênio da porção acil-graxo pelas desidrogenases. Na segunda etapa, os grupos Acetil- CoA são oxidados a CO2 no CK/ciclo do ácido cítrico, que também ocorre na matriz mitocondrial. As duas primeiras etapas da oxidação dos Ac. Graxos produzem transportadores de elétrons reduzidos (NADH e FADH2), que na terceira etapa doam elétrons reduzidos para cadeia respiratória mitocondrial, os elétrons passam para o O2 concomitantemente a fosforilação do ADP formando ATP. A energia liberada pela oxidação dos Ác. graxos, portanto, será armazenada em forma de ATP. As etapas da beta oxidação de ácido graxos saturados tem 4 passos básicos. Quatro reações catalisadas por enzimas constituem em primeira etapa da oxidação e ácidos graxos. Primeiro, a desidrogenação da acil-CoA graxo produz uma dupla ligação entre o carbono alfa e beta (C2 e C3), produzindo uma trans-delta²-enoil-CoA. Esse primeiro passa é catalisado por 3 isoenzimas da ACIL-COA-DESIDROGENASE., cada uma específica para uma série de comprimentos de cadeia acil-graxo. As três isoenzimas são flavoptns com FAD, e a forma reduzida da desidrogenase doa imediatamente seus elétrons para um transportador de elétrons da cadeia respiratória mitocondrial, a flavoptn de transferência de elétrons. A enzima está ligada à MMI, uma ligação dupla é introduzida em um ácido carboxílico entre os carbonos alfa e beta, FAD é o aceptor de elétrons e os elétrons enfim entram na cadeia respiratória. No segundo passo do ciclo, água é adicionada à ligação dupla trans-delta²-enoil-CoA formando o estereoisômero da L beta-hidroxiacil-Coa (3-hidroxiacil-CoA), reação catalisada pela ENOIL-COA-HIDRATASE. No terceiro passo, L- beta-hidroxiacil-CoA é desidrogenada para formar beta-hidroxiacil-Coa pela ação da beta-hidroxiacil-Coa DESIDROGENASE, NAD+ é o aceptor de elétrons. Essa enzima é específica para o estereoisômero L da hidroxiacil- CoA. O NADH formado doará seus elétrons para a NADH-DESIDROGENASE, um transportador de elétrons da cadeia respiratória. O quarto e último passo do ciclo da beta oxidação é catalisado pela ACIL-COA-ACILTRANSFERASE, mais comumente chamada de TIOLASE, que catalisa a reação de beta-cetoacil-CoA com uma Coenzima A livre para Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 4 separar o fragmento de 2 carbonos, reação chamada de TIÓLISE a beta-acetil-CoA é clivada pela reação do grupo tiol da coenzima A. O Acetil-CoA produzido a partir da oxidação dos ácidos graxos pode ser oxidada a CO2 e H2O pelo ciclo do ácido cítrico. A oxidação de ácidos graxos insaturados requer 2 catálises adicionais. Essas ligações estão na configuração cis e não podem sofrer a ação normal da enoil-CoA hidratase (enzima que catalisa a adição de H2O em ligações duplas trans da delta²-enoil-CoA gerada durante a beta oxidação) deste modo, faz-se necessário duas enzimas adicionais para que a beta oxidação de ácidos graxos com insaturações do tipo cis possa ocorrer. A oxidação segue semelhante a de cadeias saturadas, há a redução de 2C a partir da extremidade carboxílica até q ao chegar na instauração do tipo cis; uma DELTA³, DELTA¹-ENOIL-COA-ISOMERASE isomeriza a cis-delta³-enoil-CoA a trans-delta³-enoil-CoA, que assim poderá servir de substrato para enoil-CoA hidratase formando L-beta-Hidroxiacil-CoA, esse intermediário sofrerá reação das enzimas da beta oxidação até ser oxidado a Acetil-CoA. Outra enzima auxiliar é uma REDUTASE, é necessária para reações de oxidação de ácidos graxos poli-insaturados, que contenham insaturações do tipo cis muito próximas, adjunto a ação da ISOMERASE. Oxidação completa de ácidos graxos de número ímpar requer três reações extras. Ác. graxos de cadeia longa com número ímpar de carbonos são oxidados na mesma via que os de número par de carbonos, iniciando pela extremidade carboxil da cadeia. Entretanto, o substrato para a última passagem pela sequencia de beta oxidação é um acil-CoA graxo com ác. graxo de 5C. Quando oxidado e clivado, geral o acetil-CoA que terminará de ser oxidado no CK, e outro Acetil-Coa de 3C (propionil-CoA) que entra em uma via diferente. O Propionil-CoA é primeiro carboxilado pela enzima PORPIONIL-COA-CARBOXILASE, formando assim o D-metilmalonil-CoA. Essa enzima tem como co-fator a biotina, a biotina é a responsável por carboxilar o propionil, a biotina se liga ao CO2 ou ao HCO3- ativando assim o CO2/HCO3-. Para haver a formação do intermediário carboxibiotina é necessário que energia em forma de ATP seja fornecida. A D-metilmalonil-CoA é epimerizada enzimaticamente pela METILMALONIL-COA- EPIMERASE em seu estereoisômero L-metilmalonil-CoA. A L-Metilmalonil-CoA sofre um rearranjo intramolecular catalizado pela METILMALONIL-COA-MUTASE, que requer uma coenzima B12 para formar Succinil-CoA, e assim entrar como intermediário do CK. A oxidação de ácidos graxos é estritamente regulada. É regulada de forma que ocorra apenas quando houver necessidade de energia. No fígado, o acil-graxo-Coa formada no citosol tem 2 vias principais abertas: (1) beta- oxidação por enzimas na mitocôndria, (2) conversãoem triacilgliceróis e fosfolipídeos por enzimas no citosol. O processo do ciclo da carnitina, compreendido nos três passos, pelo qual os grupos de acil-coa-graxo atravessa a membrana mitocondrial é limitante para a oxidação dos ácidos graxos, e um ponto de regulação importante, já que uma vez que os grupos acil-graxos entram na mitocôndria, estão destinados a oxidação em Acetil-CoA. A malonil-CoA é o primeiro intermediário da biossíntese citosolica de ácidos graxos de cadeia longa a partir da acetil- CoA, e estará mais [ ] quando houver uma alta [carboidratos, glicose], que não serão completamente oxidados para obtenção de energia rápida e também não serão estocados em forma de glicogênio, então, esses carbonos serão convertidos em ácidos graxos no citosol e armazenado como triacilglicerol. Deste modo, o excesso de malonil-CoA inibirá a CARNITINA-TRANSFERASE-I, o que inibirá a oxidação dos ácidos graxos já que o fígado estará repleto de glicose, direcionando o metabolismo para biossíntese de ácidos graxos. Duas enzimas da beta-oxidação são reguladas por metabólitos que sinalizam a suficiência de energia. Quando a razão [NADH/NAD+] é alta, a BETA- HIDROXIACIL-COA-DESIDROGENASE é inibida, e altas concentrações de acetil-CoA inibem a TIOLASE. Durante períodos de contração muscular rigorosa e períodos de jejum, há queda na [ATP] e aumento da [AMP], o que ativa a PROTEÍNA-CINASE ATIVADA POR AMP (AMPK). A AMPK fosforila muitas enzimas-alvo, como a ACETIL- COA-CARBOXILASE, que catalisa a síntese de malonil-CoA. Essa fosforilase inibe a acetil-coa-carboxilase diminuindo assim a [malonil-CoA], reabilitando o transporte de acil-carnitina-graxo para dentro da mitocôndria, permitindo assim a beta-oxidação. Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 5 Quando a dieta disponibiliza uma fonte imediata de carboidratos como combustível, a beta-oxidação dos ácidos graxos se torna desnecessária, portanto é desativada. Duas enzimas são essenciais na coordenação do metabolismo dos ác. graxos: ACETIL-COA-CARBOXILASE (ACC, primeira enzima na biossíntese de ác. graxos) e a CARNITINA-ACILTRANSFERASE1. A ingestão de uma refeição rica em carboidratos aumenta o nível de glicose no sangue, há liberação de insulina. A proteína fosfatase dependente de insulina defosforila a ACC, ativando-a (biossíntese de ácido graxo nesse momento) A ACC catalisa a formação de Malonil-CoA ( o primeiro intermediário da síntese de ácidos graxos) e o Malonil-CoA inibe a CARNITINA-ACILTRANSFERASE1, impedindo a entrada de Acil- CoA-graxo para o interior da mitocôndria para ser oxidado. Quando a [glicose] sanguínea reduz, entre as refeições, a liberação do GLUCAGON ATIVA A PTN-CINASE DEPENDENTE DE AMPc (PKA), que fosforila inativando a ACC. Com a redução da concentração do Malonil-CoA, há a reativação do ciclo da carnitina permitindo que ácidos graxos atravessem a membrana mitocondrial para serem oxidados. O glucagon também mobiliza a saída dos ácidos graxos do tecido adiposo para serem lançados na corrente sanguínea ligados a albumina. Corpos cetônicos(jejum prolongado ou diabetes não tratada) Em humanos, o acetil-CoA formado no fígado durante a oxidação de ácidos graxos pode entrar no CK ou sofrer conversão em corpos cetonicos (acetona, acetoacetato e D-beta-hidroxibutirato) para exportação para outros tecidos. A acetona, produzida em menor quantidade do que os demais, é exalada. O acetoacetato e o D-beta-hidroxibutirato são transportados pelo sangue para tecidos extra-hepáticos, onde serão convertidos a acetil-CoA e oxidados no CK, fornecendo energia para tecidos como o músculo esquelético e o cardíaco e o córtex renal. O cérebro usa preferencialmente glicose mas pode se adaptar ao acetoacetato e ao D-beta-hidroxibutirato em condições de jejum prolongado. A produção e exportação dos corpos cetonicos para tecidos extra-hepaticos, garante que o fígado continue oxidando ácidos graxos continuamente. A primeira parte na formação de ACETOACETATO ocorre no fígado, é a condensação enzimática de duas moléculas de acetil-CoA pela ação da enzima TIOLASE, é simplesmente o inverso da última reação da beta oxidação. O Acetoacetil-CoA se condensa com o acetil-CoA formando BETA-HIDTOXI-BETA- METILGLUTARIL-COA (HMG-COA-sintase), a reação catalisada pela HMG-CoA-Liase libera acetoacetato livre e acetil- CoA. O Acetoacetato pode virar acetona pela ação da ACETOACETATO-DESCARBOXILASE; ou pode virar D-beta- hidroxibutirato pela ação da D-BETA-HIDROXIBUTIRATO-DESIDROGENASE, há a oxidação de um NADH + H+ a NAD+. Me pessoas saudáveis, a [acetona] formada a partir do acetoacetato é muito pequena. Em pessoas com diabetes não tratado produzem grandes quantidades de acetoacetato gerando um aumento na [acetona], que é toxica e por ser volátil, pode ser percebido, no hálito, seu odor característico. Em tecidos extra-hepáticos, o D-beta- hidroxibutirato é oxidado em acetoacetato pela ação da D-BETA-HIDROXIDUTIRATO-DESIDROGENASE. O acetoacetato é ativado ao seu ester de CoA pela transferiancia do grupo da CoA do succinil-CoA (intermediário do CK) e esta reação é catalisada pela BETA-CETOACIL-COA-TRANSFERASE (ou TIOTRASNFERASE). O Acetoacil-CoA é clivado gerando 2 acetil-CoAs q entram no CK. Assim, os corpos cetônicos são usados como combustível em todos os tecidos, exceto no fígado, pois o FÍGADO NÃO TEM TIOLASE; logo, o fígado é responsável pela produção dos corpos cetônicos p outros tecidos, garantindo uma constante degradação de ácido graxo pelas células hepáticas. Quando intermediários do CK são destinados para síntese de glicose (gliconeogenese), a beta oxidação desacelera, desacelerando a produção de acetil-CoA (oriundo da beta-oxidação). O fígado tem [coenzima A] baixa, quando maior parte dela está comprometida (Acetil-CoA), a beta oxidação tem sua velocidade reduzida até que haja a exportação dos corpos cetônicos liberando assim a Coenzima A para continua beta-oxidação. Os corpos cetonicos são produzidos em excesso no diabetes e durante o jejum. Durante o jejum, a gliconeogênese consome intermediários do ciclo do ácido cítrico (oxalacetato), o que impossibilita a oxidação completa do Acetil-Coa, gerando um acumulo do mesmo, dando origem aos corpos cetonicos. No diabetes não tratado, quando o nível de insulina é insuficiente, os tecidos extra-hepáticos não são capazes de capturar glicose de maneira eficiente para ser usado como combustível e/ou para conservar a gordura. Nessas condições a [malonil- CoA] reduz drasticamente, e a inibição da carnitina-transeferase1 é cessada, permitindo assim que mais ácidos graxos entrem na mitocôndria para serem oxidados formando ainda mais Acetil-CoA, que também não entrará no CK para ser oxidado já que os intermediários do CK foram drenados para serem usados como substratos na gliconeogênese. O acúmulo de acetil-CoA acelera a formação de corpos cetônicos além da capacidade de oxidação dos tecidos extra-hepáticos. O aumento da [ acetoacetato e D-beta-hidroxibutirato] diminui o pH sanguíneo Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 6 causando ACIDOSE, podendo levar ao coma ao até mesmo a morte. Indivíduos em dietas hipocalóricas fazem uso de gorduras do tecido adiposo para obtenção de energia, e tbm têm níveis elevados de corpos cetonicos no sangue e na urina. Esses níveis podem ser monitorados para evitar riscos de acidose e cetose (cetoacidose). Biossíntese de lipídeos (cap. 21-Lehninger) As sínteses de ácidos graxos ocorrem em sequencias de reações que se repetem. As longas cadeias de carbonos ácidos graxos são construídas por uma sequência de reações repetitivas em quatro etapas, catalisadas pela ÁCIDO GRAXO SINTASE. Um grupamento acila saturado produzido em cada série de reações de 4 etapas,torna-se substrato da condensação subsequente com um grupo malonila ativado. Em cada uma das passagens o ácido graxo aumenta sua cadeia carbônica em 2 carbonos. Na sequência anabólica redutora, o cofator transportador de elétrons e os grupos ativadores são diferentes das etapas de oxidação. Na beta-oxidação os grupos aceptores de elétrons são NAD+; já na redução, na síntese de ácidos graxos, 2 NADPH são oxidados a NADP+ durante cada uma das etapas de redução (segunda e quarta etapa). E os grupos ativadores da beta-oxidação é o grupamento tiol (-SH) da coenzima A; já na biossínte de ácidos graxos, os grupos ativadores são os grupamentos SH da própria enzima ácido graxo sintase (AGS1). A AGS1 é encontrada nos vertebrados é constituída por uma única cadeia polipeptídica multifuncional, formada por 7 sítios ativos para reações distintas que estão presentes em domínios separados e funciona como um homodímero cujas subunidades parecem agir independentemente. Se houver alguma mutação, a síntese ácido graxo continuará, porém terá uma cinética retardada. A síntese de ácidos graxos catalisada pela AGS1 leva a um único produto, ou seja, o ácido graxo só se desprenderá do sítio ativo quando tiver o número exato de carbonos que a AGS1 determinar, não liberando intermediários variáveis. Quando a cadeia carbônica atinge 16 carbonos (palmitato, 16:0), esse produto deixará o ciclo. Os múltiplos domínios da AGS1 de mamíferos atuam como diferentes enzimas distintas, porém ligadas. O sítio ativo de cada umaé encontrado no domínio separdo dentro do polipeptídeo maior. Ao longo do processo de síntese dos ácidos graxos, os intermediários permenecem covalentemente ligados ao grupamento tiol formando tioésteres. O ponto de ligação do malonila e do grupo acetila são os –SH dos resíduos de Cys em um dos domínios da sintase (beta-cetoacil-ACP-sintase; KS); o outro ponto é o grupo –SH de uma ptn transportadora de grupos acila, é um domínio distinto do mesmo polipeptídeo. A hidrólise dos tioésteres é altamente exergônica, tornando assim as reações de condensação favoráveis. A ácido graxo sintase recebe grupos acetila e malonila. Antes que as reações de condensação que constroem a cadeia de ácido graxo possam iniciar, os dois grupos tióis do complexo enzimático devem ser carregados com o grupamento acila certo. Primeiro, o grupo acetila da Acetil-CoA é transferido p ACP ( o ACP é um transpostador que mantem o sistema unido cujo grupo prostético é a 4’-fosfopanteína, que contem um ácido pantotenico, uma vitamina do complexo B, tbm encontrada na molécula da coenzima A e seu gurpo SH é o local de entrada dos grupos malonila; covalentemente ligada ao grupo hidroxila de um resíduo de serina da ACP) em uma reação catalisada pelo domínio Malonil/acetil-CoA-ACP-transferase (mat) do polipeptídeo multifuncional. Então, o grupo acetila é transferido para o –SH da Cys da beta-ctoacil-ACP-sintase (KS). A segunda reação é a transferência do grupo malonila do grupo malonil-CoA para o grupo SH da ACP também catalisada pela KS. No complexo sintase (KS) carregado os grupos acetila e malonil são carregados para o processo de alongamento da cadeia. Etapa 1 condensação : A primeira reação na formação da cadeia de um ácido graxo é uma condensação de claisen envolvendo um grupo malonila e acetila ativados formando assim ACETOACETIL-ACP (grupo ficará ligado ao –SH da fosfopanteteína do ACP), uma molécula de CO2 é produzida. Essa reação é catalisada pela beta-cetoacil-ACP-sintase (KS), o grupamento acetil é transferido para p SH da cys da enzima para o grupo malonila ligado ao –SH da ACP, tornando-se a unidade ce 2c metil-terminal do novo grupo acetoacetila. O CO2 que sai nessa reação é o que fora catalisado pela biotinacarboxilase e posteriormente pela tranccarboxilase formando o Malonil-CoA. Mas pq colocar o CO2 (HCO3-) e depois tirar? É preciso formar um grupo malonil a partir do acetil-CoA e para isso deve-se carboxilar o aceitil-CoA, o grupo malonil ativado é que torna as reações de condensação termodinamicamente favoráveis. Por meio do uso de grupos malonila ativados na síntese de ác. graxos e de acetato ativado em sua degradação a célula torna 2 processos termodinamicamente favoráveis. E a energia extra necessária para tornar a síntese dos ácidos graxos favoráveis é fornecida pelo ATP utilizado na síntese de malonil-CoA (acetil-CoA + HCO3-) Érika Pereira Bezerra – Farmácia UFRJ 7 Etapa 2, redução do grupo carbonila: A acetoacetil-ACP fromada durante a etapa de condensação (1ª etapa), sofre agora uma reduçãodo grupo carbonil em c3, formando D-beta-hidroxibutiril-ACP, reação catalisada pela beta- cetoacil-ACP-redutase (KR) e o doador de elétrons é o NADPH. Etapa 3, desidratação: O OH e H são removidos dos carbonos 2 e 3 da D-beta-hidroxibutiril-ACP formando uma ligação dupla trans-delta²-butenoil-ACP. A enzima que catalisa essa reação é a beta-hidroxiacil-ACP-desidratase (DH) Etapa 4, redução da ligação dupla: Finalmente a ligação duplada trans-delta²-butenoil-ACP é reduzida (saturada) formando butiril-ACP pela ação da enoil-ACP-redutase (ER) e mais uma vez o NADPH é o doador de elétrons. As reações da acidograxo sintase se repetem até formar palmitato. A produção de acetil-ACP saturada com 4 c marca o fim de uma rodada por meio do complexo ácido graxo sintase. Na 5ª etapa a butirila é transferida para o grupo –SH da fosfopanteteína da ACP para o grupo –SH de uma Cys da KS, para que p ACP possa se ligar a um novo malonil-CoA dando iniício a um novo ciclo. 7 ciclos ocorrem formando o palmitato e a tioesterase (TE) hidrolisa libeardno o palmitato do ACP.
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