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WBA0837_v1.0 MECÂNICA DOS SOLOS APLICADA À GEOTECNIA Proposta de Resolução Autoria: Flávia Gonçalves Pissinati Pelaquim Leitura crítica: Alana Dias de Oliveira Proposta de Resolução Para iniciar a resolução do desafio, é preciso definir as características dos solos que compõem o perfil sondado. Para isso, parte-se dos valores de N para obter os pesos específicos médios das camadas, bem como descrever suas características de compacidade (se arenoso) ou consistência (se argiloso). Desse modo, é possível iniciar pela média dos valores de NSPT (Tabela 1), por camada: Tabela 1 - Determinação dos parâmetros iniciais Camada Cotas de referência (m) Características Média do N Compacidade ou consistência Peso específico 1 - Areia siltosa 0,0 a -2,0 7,7 Pouco compacta 18 kN/m³ 2 - Areia siltosa saturada -2,0 a -5,0 7,6 Pouco compacta 19 kN/m³ 3 - Argila siltosa saturada -5,0 a -10,0 11,1 Média a rija 17 kN/m³ 4 - Areia siltosa saturada -10,0 a impenetrável 14,3 Mediamente compacta 20 kN/m³ Nota 1: Não há uma regra para determinação da média do NSPT. A nível de sugestão, para esse desafio, observou-se a variação de cada camada e procedeu-se com a classificação da compacidade ou consistência. Em seguida, foram feitas as médias do NSPT para cada camada e furo separadamente. Após isso, fez-se a média dos 3 valores médios por furo para a estimativa do valor do peso específico. Fonte: elaborada pela autora. Com esses valores determinados é possível iniciar a avaliação por etapas. Referente a etapa 1, cujo objetivo é avaliar a distribuição de tensões, tem-se a avaliação conforme os tópicos que seguem: - Tensões geostáticas: o estudo das tenções geostáticas está apresentado na Tabela 2. Tabela 2 - Tensões geostáticas até 10 m de profundidade Prof. γ σ µ σ' (m) (kN/m³) (kPa) 1 18 18 0 18 2 18 36 0 36 3 19 55 10 45 4 19 74 20 54 5 19 93 30 63 6 17 110 40 70 7 17 127 50 77 8 17 144 60 84 9 17 161 70 91 10 17 178 80 98 Fonte: elaborada pela autora. - Tensões devido ao carregamento externo: talvez, o primeiro questionamento seja: onde estará o ponto mais carregado? Diferentemente das distribuições uniformes, onde o maior acréscimo de cargas é exatamente abaixo do centro do carregamento, para as cargas pontuais é necessário observar os pontos mais carregados. A fim de que melhor demonstrar esta ocorrência, seguem as avaliações considerando tanto o ponto central em relação a todos os pilares, como também o ponto exatamente abaixo de P6 (um dos pilares mais carregados). Tabela 3 – Tensões devidas ao carregamento externo no centro do prédio e abaixo do P6 No centro do prédio Número Carga Prof. z Ip ∆σ'v do Pilar (kN) (m) (m) ( - ) (kPa) P1 1200 10 11,2 0,6 7,4 P2 1200 10 7,1 1,7 20,5 P3 1200 10 5,0 2,7 32,4 P4 1200 10 7,1 1,7 20,5 P5 1200 10 11,2 0,6 7,4 P6 4200 10 10,0 0,8 35,0 P7 4200 10 10,0 0,8 35,0 P8 1200 10 11,2 0,6 7,4 P9 1200 10 7,1 1,7 20,5 P10 1200 10 5,0 2,7 32,4 P11 1200 10 7,1 1,7 20,5 P12 1200 10 11,2 0,6 7,4 Total: 246,6 kPa Abaixo de P6 Número Carga Prof. z Ip ∆σ'v do Pilar (kN) (m) (m) ( - ) (kPa) P1 1200 10 5,0 2,7 32,4 P2 1200 10 7,1 1,7 20,5 P3 1200 10 11,2 0,6 7,4 P4 1200 10 15,8 0,2 2,5 P5 1200 10 20,6 0,1 0,9 P6 4200 10 0,0 4,7 197,9 P7 4200 10 20,0 0,1 3,5 P8 1200 10 5,0 2,7 32,4 P9 1200 10 7,1 1,7 20,5 P10 1200 10 11,2 0,6 7,4 P11 1200 10 15,8 0,2 2,5 P12 1200 10 20,6 0,1 0,9 Total: 328,9 kPa Nota: z é descentralização do carregamento em relação ao ponto de análise. Para esse desafio foi aplicado o Teorema de Pitágoras para encontrar a hipotenusa dos triângulos retângulos que representavam, numericamente, o valor de z. Por exemplo: no centro do prédio, p/ P1 - z = �(5² + 10²) = 11,2 m. Fonte: elaborada pela autora. Referente a etapa 2, cujo objetivo é avaliar o recalque por adensamento passível de ocorrer, tem-se: - Determinação da pior condição de fluxo: essa determinação é feita a partir da avaliação da drenagem da camada adensável. No caso, a camada de argila está entre duas camadas de areia, configurando uma camada duplamente drenada (ou de drenagem dupla), indicando que a pior condição de fluxo ocorre no meio da camada de argila. Isso implica em dizer que a amostra com a qual foi feito o ensaio de adensamento do solo estava situada a 7,5 m de profundidade. - Obtenção da tensão de pré-adensamento (𝜎𝜎′𝑣𝑣𝑣𝑣): utilizando o Método de Pacheco e Silva (1970), conforme sequência apresentada na Figura 4. Figura 4 – Curva de adensamento do solo Fonte: elaborada pela autora. A tensão de pré-adensamento é de, aproximadamente, 170 kPa. - Determinação da classificação do tipo de argila e do recalque: é preciso calcular a razão de pré-adensamento (ou OCR – overconsolidation ratio) solo para classificá-lo. Para isso, é necessário determinar a tensão geostática inicial referente a profundidade da qual se retirou a amostra do ensaio (Tabela 4): Tabela 4 - Tensões geostáticas a 7,5 m de profundidade Prof. γ σ µ σ' (m) (kN/m³) (kPa) 7,5 17 135,5 55 80,5 Fonte: elaborada pela autora. Logo: OCR = σ′vm σ′o = 170 80,5 = 2,1 Solo pré-adensado. Como: 𝜎𝜎′𝑣𝑣0 + ∆𝜎𝜎′𝑣𝑣 > 𝜎𝜎′𝑣𝑣𝑣𝑣 (80,5 + 328,9 > 170): ∆H = H 1 + e0 �Cr . log σ′vm σ′v0 + Cc . log σ′v0 + ∆σ′v σ′vm � 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1 10 100 1000 10000 ín di ce d e va zi os (e ) Tensão (kPa) 1 2 3 4 5 eo ∆H = 5 1 + 1,32 �0,15 . log 170 80,5 + 0,60 . log 80,5 + 328,9 170 � ∆H = 0,60 m ou 60 cm Por fim, referente a etapa 3, temos as seguintes correções/indicações a se fazer para a terceirizada (em negrito): a) O perfil de solo pode ser dito transportado, por causa da alternância dos tipos de camadas com granulometrias que não seguem um padrão de intemperização. b) Para as camadas areia siltosa, areia siltosa saturada, argila siltosa saturada e areia siltosa saturada podem ser considerados, respectivamente, os seguintes valores: i. Peso específico: 18 kN/m³, 19 kN/m³, 17 kN/m³ e 20 kN/m³. • Não é recomendável utilizar o peso específico igual para materiais que se distinguem por estar saturado (o peso específico saturado sempre é maior que o natural). ii. Classificação quanto a consistência ou compacidade: pouco compacta, pouco compacta, média a rija e mediamente compacta. c) A 10 m de profundidade, o maior incremento de carga que o prédio causará será logo abaixo de um dos pilares mais carregados (P6 ou P7) e valerá, aproximadamente, 330 kPa. d) O maior recalque por adensamento que a obra poderá sofrer é de 60,0 cm. Bons estudos! Desafio Profissional Proposta de Resolução