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introdução obrigações

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INTRODUÇÃO
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
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Conceito
	“conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente,uma prestação de dar, fazer ou não fazer.” (P. S.)
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	Obrigação 
	
	Na sua mais larga acepção, exprime qualquer espécie de vínculo ou de sujeição da pessoa, seja no campo religioso, moral ou jurídico. Em todos eles, o conceito de obrigação é, na essência, o mesmo: a submissão a uma regra de conduta, cuja autoridade é reconhecida ou forçosamente se impõe
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Conceito de obrigação
	“A obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio” (Whashington de Barros Monteiro)
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Conceito mais amplo: relação jurídica obrigacional como um verdadeiro processo voltado à satisfação do interesse do credor
	“A obrigação, com todos poderes e deveres que se enxertam no seu tronco, pode mesmo considerar-se como um processo (conjunto de actos logicamente encadeados entre si e subordinado a determinado fim), conducente ao cumprimento”. João de Matos Antunes Varela
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Conceitos correlatos
Obrigação = relação jurídica obrigacional que vincula credor e devedor
Obrigação (debitum) x responsabilidade (obligatio)
 Responsabilidade: configura-se apenas quando a prestação pactuada não é adimplida pelo devedor
	É a autorização, dada pela lei, ao credor que não foi satisfeito, de acionar o devedor, alcançando seu patrimônio, que responderá pela prestação.
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	Obrigação (sentido estrito): dever do sujeito passivo de satisfazer a prestação positiva ou negativa em benefício do credor.
	Obs: toda obrigação descumprida permite a responsabilização patrimonial do devedor.
	Mas existem obrigações sem responsabilidade (obrigações naturais).
	Ex: dívidas de jogo e pretensões prescritas.
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Obs 2: há responsabilidade sem obrigação.
Ex: fiador. Pode ser responsabilizado pelo inadimplemento de devedor, sem que a obrigação seja sua.
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	Histórico
	Grécia Antiga: Aristóteles dividiu “relações obrigatórias em 2 tipos:
voluntárias  decorre de acordo entre as partes
Involuntárias  decorre de fato do qual nasce obrigação
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Direito romano: “nexum” (espécie de empréstimo -equivalente a obrigação)
	credor o poder de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação, sob pena de responder com seu próprio corpo, podendo ser reduzido, inclusive, à condição de escravo
	século IV ac (lei Papira Poetelia) proíbe execução da obrigação na pessoa do devedor
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	- pessoa deixa de ser garantia da obrigação
	- valorização da dignidade humana
	- transmissibilidade das obrigações
	CC de Napoleão de 1804 consagrou a conquista romana no art. 2093
	“os bens do devedor são a garantia comum de seus credores (“les biens du débiteur sont le gage commun de ses creanciers”)”
	regra fundamental do Direito da Obrigações
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	O direito pode ser dividido em dois grandes ramos: 
 
1) direitos não patrimoniais, concernentes à pessoa humana, como os direitos da personalidade (CC, arts. 11 a 21) e os de família;
	
	2) direitos patrimoniais, 
		2.1) reais: integram direito das coisas
		2.2) obrigacionais (pessoais ou de crédito): integram o direito das obrigações
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Direitos Pessoais x Direitos Reais
	Direito real: o direito que traduz o poder jurídico direto de uma pessoa sobre uma coisa, submetendo-a em todos (propriedade) ou em alguns de seus aspectos (usufruto, servidão, superfície etc.). Para o seu exercício, portanto, prescinde-se de outro sujeito.
 	sujeito passivo e a sua correspondente obrigação somente surgem quando houver a efetiva violação ou ameaça concreta de lesão (ex.: o esbulho de minha propriedade, a séria ameaça de invasão)
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Infrator deve restabelecer o status quo ante (caso exista a lesão) ou abster-se da prática de ato danoso (caso ainda não exista a lesão).
Características direitos reais:
a) legalidade  somente existem se a respectiva
figura estiver prevista em lei (art. 1.225 CC/02)
b) taxatividade  a enumeração legal dos direitos reais é taxativa (numerus clausus), ou seja, não admite ampliação pela simples vontade das partes;
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	c) publicidade  primordialmente para os bens imóveis, por se submeterem a um sistema formal de registro, que lhes imprime essa característica;
	d) eficácia erga omnes  direitos reais são oponíveis a todas as pessoas, indistintamente.
	e) inerência ou aderência  o direito real adere à coisa, acompanhando - a em todas as suas mutações. Ex: direitos reais em garantia (penhor, anticrese, hipoteca), o credor (pignoratício,anticrético, hipotecário), gozando de um direito real vinculado (aderido) à coisa, prefere outros credores desprovidos dessa prerrogativa;
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 f) sequela  titular de um direito real poderá perseguir a coisa afetada, para buscá-la onde se encontre, e em mãos de quem quer que seja.
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	Direitos pessoais  são aqueles que têm por objeto a atividade do devedor, contra o qual são exercidos. 
	
	Ex: ao transferir a propriedade da coisa vendida, o vendedor passa a ter um direito pessoal de crédito contra o comprador (devedor), a quem incumbe cumprir a prestação de dar a quantia pactuada (dinheiro).
	(objeto do crédito é a própria atividade do devedor ).
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	Direito das obrigações interessa as relações jurídicas obrigacionais (pessoais) entre um credor (titular do direito de crédito) e um devedor (incumbido do dever de prestar)
	 Relação Jurídica Obrigacional:
Sujeito Ativo - relação - sujeito passivo 
(credor) jurídica (devedor)
 obrigacional 
crédito débito
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Relação jurídica real:
titular de -- relação -- bem / coisa
direito jurídica
real real 
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Resumo das distinções
1) Qto ao objeto
Obrig: exigem o cumprimento de determinada prestação
Real: incide sobre uma coisa
2) Qto ao sujeito
Obrig: sujeito passivo é determinado ou determinável
Real: sujeito passivo é indeterminado (todas as pessoas do universo, que devem abster-se de incomodar o titular
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3) Qto à duração
Obrig: são transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios
Real: são perpétuos, não se extinguindo pelo não uso
4) Qto à formação
obrig: podem resultar da vontade das partes
Real: só podem ser criados pela lei 
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5) Qto ao exercício
Obrig: exigem figura intermediária (devedor)
Real: exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade de sujeito passivo
6) Qto à ação
Obrig: dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo (ação pessoal)
Real: contra quem quer que detenha a coisa
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	Obs: figuras híbridas
	Obrigações que decorrem de um direito real sobre determinada coisa, acompanhando a coisa nas modificações do seu titular.
	Recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa
	- obrigações in rem, ob rem ou propter rem (ou obrigações reais mistas)
	- são transmitidas automaticamente para o novo titular da coisa a que se relacionam
	
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Ex: obrigação do condômino de contribuir para a conservação da coisa.
	Art. 1.315 CC. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita
	transmite-se a obrigação com a transferência da titularidade do bem.
	Outros exemplos: arts. 1.336, III; 1.234; 1.297
CC
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Ônus reais
	Obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes, como, por exemplo, a renda constituída sobre imóvel (obriga seu proprietário a pagar prestações periódicas de soma determinada). Aderem e acompanham a coisa. Por isso se diz que quem deve é esta e não a pessoa.
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Diferença entre obrigações propter rem e ônus reais:
Responsabilidade pelo ônus real é limitada ao bem onerado, não respondendo o proprietário além dos limites do respectivo valor;
Na obrig. propter rem, responde o devedor com todos os seus bens, ilimitadamente, pois ele é que se encontra vinculado.
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Perecendo o objeto, ônus real desaparece
Perecendo o objeto, efeitos da obrigação propter rem podem permanecer
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Elementos 
Subjetivo ou pessoal
Sujeito ativo (credor)
Sujeito passivo (devedor)
2) Objetivo ou material: a prestação
3) ideal, imaterial ou espiritual: vínculo jurídico
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Sujeito ativo: titular de direito de crédito
Determinado
Determinável : ex 1: devedor assina cheque ao portador (não sabendo quem irá recebê-lo no banco)
ex 2: promessa de recompensa feita ao público (art. 854 CC)
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Sujeito passivo: tb pode ser determinado ou indeterminado
Ex: obrigações propter rem  taxa condominial ou IPTU são prestações compulsórias que acompanham o imóvel. Não importa quem seja seu titular.
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Representantes x Núncios
	Representantes legais (pais, tutores e curadores) e voluntários (mandatários)  agem em nome e no interesse de qualquer dos sujeitos da relação obrigacional.
 
	Núncios  são transmissores da vontade do declarante. Não interferem na relação jurídica. Ex: casamento realizado por procuração (apenas transmite-se a vontade do nubente ausente)
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Elemento objetivo: prestação
Objeto direto (imediato)  própria atividade positiva ou negativa do devedor.
Terá sempre conteúdo patrimonial.
Objeto indireto (bem da vida)  ex: obrigação de entrega de uma de determinado veículo (bem da vida é o veículo)
	Ex2: alienar determinada qtde de café sem especificar a qualidade (café é o bem da vida)
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Elemento ideal
- Vínculo jurídico que une credor e devedor
- É relação pessoal, por meio do qual fica o devedor obrigado a cumprir prestação patrimonial de interesse do credor.
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FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Silvio Rodrigues: são fontes  lei, vontade humana e ato ilícito
Silvio de Salvo Venosa  lei é causa imediata 
Há os efeitos obrigacionais in concreto (fonte mediata)
Cls: lei é fonte imediata. Outras figuras que dão início à obrigação são fontes mediatas
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Fontes mediatas das obrigações
Atos jurídicos negociais (contratos, testamento, declarações unilaterais de vontade)
Atos jurídicos não negociais (fatos materiais – ex: situação de vizinhança)
Atos ilícitos: ex  abuso de direito e enriquecimento ilícito

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