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Conteudista: Prof.ª Dra. Jurema Mascarenhas Paes  
Revisão de Conteúdo: Prof.ª Dra. Ana Barbara A. Pederiva      
Revisão Textual: Esp. Jéssica Dante 
Objetivos da Unidade:
Iniciar a pesquisa histórica;
Apresentar procedimentos utilizados para elaboração e realização da pesquisa;
Apresentar modelos de construção historiográfica;
Orientar a elaboração de um projeto de pesquisa histórico.
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
As Etapas da Pesquisa Histórica: Fontes,
Objetos e Projeto de Pesquisa
Considerações Iniciais
Quando discutimos a Pesquisa na Área de História, muitos são os elementos que devem pautar
nosso debate, isto é, precisamos falar sobre fontes históricas (documentos), sobre a
historiografia, as correntes históricas, a elaboração de um projeto, entre outros temas.
Portanto, nossa disciplina objetiva abordar a pesquisa histórica, destacando cinco temas. São
eles:
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📄 Material Teórico
O documento em evidência, onde desdobraremos a relação do historiador com as
fontes históricas (comparando o Século XIX com o Século XX), abordando e
clarificando os tipos de fontes aceitas pela historiografia e os porquês;
1
Objetividade e subjetividade na produção do conhecimento histórico: métodos e
técnicas em destaque. Nesse bloco também abordaremos os conceitos de
objetividade e subjetividade histórica. Os paradigmas historiográficos e a pesquisa
histórica. Serão colocadas as escolas que emergiram nos séculos XIX e XX, seus
desdobramentos, as dimensões, os domínios, o campo de observação e as
abordagens das novas vertentes historiográficas;
2
O objeto de estudo da história: do fato histórico às experiências humanas;3
Os passos da pesquisa histórica;4
O projeto da pesquisa histórica.5
Para iniciar nossas reflexões, portanto, iremos falar sobre as fontes de pesquisa histórica, os
chamados “documentos históricos”. Do século XIX até o XX, mudanças importantes
aconteceram na historiografia nos quesitos fonte, metodologia e escrita. Com essas mudanças
emergiram reflexões a respeito da história como experiência humana, a possibilidade de
múltiplas temáticas, a ampliação dos processos narrativos e a transdisciplinaridade. 
Livros
Quando falamos sobre historiografia, muitas são as definições que
podemos localizar na vasta bibliografia sobre o tema. Resumidamente,
historiografia significa “pesquisa e escrita da História”. Portanto,
todas as monografias, dissertações, teses, artigos, livros, ensaios,
entre outros, que são divulgados após validação acadêmica, ou seja,
todos os escritos que são resultantes de pesquisa científica na área de
História, fazem parte da historiografia.
Para saber mais sobre “historiografia”, leia:
A Pesquisa Histórica: Teoria e Método
ARÓSTEGUI, Júlio. A Pesquisa histórica: teoria e método. São Paulo:
EDUSC, 2006 (Coleção História).
Historiografia Brasileira em Perspectiva
Para o poeta Ferreira Gullar (1997), a história humana não se desenrola apenas nos campos de
batalha e nos gabinetes presidenciais. A história está nos quintais entre plantas e galinhas, nas
ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros
de esquinas. 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
FREITAS, Marcos César de (org.) Historiografia brasileira em
perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998.
Leitura
Aproximações sobre a Transdisciplinaridade: Algumas Linhas
Históricas, Fundamentos e Princípios Aplicados ao Trabalho de Equipe 
O conceito de transdisciplinaridade tem sido debatido por diversos
autores. Para conhecer um pouco mais, leia a seguir.
https://www.scielo.br/j/prc/a/D4YgwJqvQh495Lgd6JGSHLz/?format=pdf
Fica claro que para Ferreira Gullar a história não é composta apenas pela trajetória dos heróis,
dos reis, dos presidentes ou dos personagens mais favorecidos economicamente. Para o poeta, a
história está em todas as dimensões da sociedade, seja cultural, social, política ou econômica e
ainda, a história é também vivência cotidiana. O trecho supracitado traz uma visão alinhada às
novas abordagens marxistas dentro da historiografia, que trouxeram outras possibilidades,
outras abordagens temáticas e metodológicas para o campo da história.
Dito isso, um dos objetivos desta Unidade é mergulhar no universo da pesquisa histórica,
entender como o historiador se relacionou com as fontes históricas desde o século XIX e quais
ferramentas ele pode recorrer para tecer a escrita dela, entendendo que a história possui
múltiplas versões e modos de ser contada. A partir dessa jornada, mergulharemos no quarto e
quinto bloco da disciplina: Para isso, faz-se necessário pensarmos em algumas questões
iniciais:
Em um primeiro momento, precisamos contextualizar e entender as escolas que emergiram no
século XX e fizeram a diferença. Mesmo assim, é importante compreender como nossa área foi
sendo constituída desde tempos mais remotos. 
O que são fontes de pesquisa histórica? São os vestígios, os registros deixados por
nossos antepassados?
Poderíamos dizer que as fontes são matéria-prima para o historiador?
Como esses vestígios aparecem? Podem aparecer como valores, símbolos,
sentimentos, arte, crença, trabalho, tradição, regras, ritos, cultura em seus
múltiplos vieses?
Será que podemos entender como fontes: escritos, objetos, palavras, músicas,
literatura, pinturas, arquitetura, fotografias, filmes?
Na Antiguidade, os primeiros historiadores descreviam a realidade mais imediata, o tempo
presente e realizavam uma narração temporal cronológica e linear, que era referente a uma
realidade concreta. Naquele período os escritos históricos versavam sobre os diversos fatores
humanos, isto é, costumes, economia, clima, política, valores, entre outros assuntos. 
Na Idade Média, os escritos históricos possuíam uma visão religiosa / teológica da História, com
explicações sobrenaturais por influência do Cristianismo. Um fato importante desse período foi
a definição da cronologia histórica, que passou a ser organizada levando em consideração um
acontecimento considerado central pelos cristãos, isto é, a chegada do filho de Deus à Terra (a.C.
e d.C.). Não podemos esquecer, que essa definição/classificação que é utilizada ainda hoje, é
europeia, ocidental e que não abarca a totalidade das civilizações, por exemplo, as americanas e
africanas.
Com a chegada da Idade Moderna, por influência dos Filósofos Iluministas, a História passou a
fundamentar-se no uso da razão na História (racionalismo), no empirismo (importância da
experiência no conhecimento) e na crítica. 
Notamos que o Século XIX foi inicialmente permeado por uma História Política, de preocupação
nacionalista. Nesse período, os historiadores alemães (Escola Científica Alemã) queriam que a
História se tornasse uma ciência segura e exata. 
Auguste Comte (Idealizador do Positivismo), na segunda metade do Século XIX, falava sobre
“experiência imediata”, isto é, para ele os fatos se encadeiam de forma mecânica, numa relação
determinista de causa e consequência. Acreditava na descrição e na análise objetiva da
experiência, afirmando que caberia à Sociologia a interpretação. O Positivismo admitia como
fonte única de conhecimento e critério de verdade, a experiência, os fatos. Para os Positivistas,
as fontes de análise permitidas são os “documentos oficiais” e, como consequência dessas
teorias, tivemos uma História cronológica, com destaque para alguns sujeitos históricos
(heroicização). 
Nesse mesmo contexto, surge uma nova concepção filosófica do mundo, elaborada por Karl
Marx e Friedrich Engels e, desenvolvida mais tarde, por outros seguidores, o chamado
“materialismo dialético”. Essa concepção interpreta a vida social conforme a dinâmica da luta de
classes e prevê a transformação das sociedades de acordo com as leis do desenvolvimento
histórico de seu sistema produtivo. É ao mesmo tempo uma crítica social e uma proposta de
transformação revolucionária da sociedade capitalista burguesa. Entreas teorias Marxistas,
podemos destacar ainda, o “materialismo histórico”, que destacava que não são as ideias que
irão transformar a sociedade e sim, as condições materiais e as relações entre os homens, pois
cada sociedade traz dentro de si o princípio de sua própria contradição, gerando a
transformação constante da história (dialética).
Por volta da década de 1930 do século XX, a história do ocidente passou por transformações,
começou a atuar por outros vieses, outras fontes, outras perguntas e novas abordagens. Peter
Burke então aborda em seu livro “A Escrita da História” as novas tendências e os caminhos
trilhados pela historiografia.
Nessa citação constata-se a emersão de novos métodos no seio da historiografia, dentre eles: a
história oral, a história quantitativa e a história cultural. Esses desdobramentos metodológicos
possibilitaram ao historiador acessar a história das mentalidades, do cotidiano, das
sensibilidades. Um universo de possibilidades se abriu para a pesquisa histórica e para a escrita a
partir de então. Mas vale frisar, nem sempre foi assim!
Como vimos a História, quando se estabeleceu com o status de ciência no final do século XIX, foi
erguida tendo por base a plataforma da escola positivista que entendia que a ciência tinha como
objetivo a verdade que se constituiria por meio de provas legítimas, dito de outra forma:
- BURKE, 1992, p. 25
“Alguns se voltaram para a história oral; outros para evidência de imagens; outros
a estatísticas. Também se provou possível reler alguns registros oficiais de novas
maneiras. Os historiadores da cultura popular, por exemplo tem feito grande uso
de registros judiciais, especialmente os interrogatórios de suspeitos”
documento escrito de ordem jurídica. Para ser ciência dentro do pensamento positivista, além
dos documentos precisarem de área jurídica, o historiador em tese teria que ter uma função
neutra diante dos documentos e dos fatos. 
Para melhor entender o conceito de Positivismo voltado para a história, citemos José
D’Assunção Barros, em seu livro “O Projeto de Pesquisa em História”:
Observa-se no fragmento supracitado que a história que vem com o positivismo é basicamente
descritiva e factual, características que no século XX foram ressignificadas. O século XX inova na
- BARROS, 2011, p. 217
“Corrente de pensamento que, nos séculos XVIII e XIX, partiu de propostas de
equiparação de aspectos e métodos utilizados nas ciências humanas com aspectos
e métodos utilizados nas ciências exatas. Postulava-se, por exemplo, que a
objetividade científica era similar nas ciências humanas e nas ciências naturais e
exatas. Outra ideia comum era a de “neutralidade” que o cientista social deveria
assumir diante de seu objeto de estudo. As principais correntes positivistas
colocavam-se como empiristas, no sentido de que o cientista social só deveria
trabalhar com dados apreensíveis na realidade concreta, rejeitando qualquer
pensamento especulativo. Por outro lado, no seu esforço de equiparação das
ciências humanas às ciências naturais e exatas, os positivistas buscavam leis que
explicassem o desenvolvimento das sociedades, à semelhança de leis que regem os
fatos naturais. Na historiografia ocidental, o rótulo “positivista” adquire
modernamente um sentido que é com frequência pejorativo, estando neste caso
associado a historiografia meramente factual (similar àquela que, em boa parte, se
produzia no século XIX).”
relação com as fontes que passam a ser todo e qualquer resíduo e registro humano,
independentemente da linguagem. Textos de todas as espécies: escritos, audiovisuais, literários,
objetos de cultura material, registros de história oral.
As novas abordagens históricas possibilitaram que os historiadores superassem cada vez mais o
uso exclusivo de documentos oficiais e foram muito contributivas para esta virada dentro da
historiografia: a Escola dos Annales e as novas abordagens Marxistas. Vamos entender o que foi
a Escola dos Annales?
A Escola dos Annales surge na França no final dos anos 1920 do Século XX e seus fundadores
foram Marc Bloch e Lucien Febvre. Em oposição direta ao Positivismo e destacando a
importância da interdisciplinaridade, os historiadores dos Annales acreditavam que a História
necessita do diálogo com outras áreas, de novos objetos de estudo e de novas fontes
documentais. Em suas pesquisas e escritos, a narrativa histórica é substituída por uma História
Problema e Total, isto é, uma pesquisa deve abranger a política, a economia, a cultura e a
sociedade. Destacavam a importância da longa duração, ou seja, para eles a análise de um
período histórico longo significa perceber as permanências históricas, pois não existem saltos,
nem rupturas bruscas, as mudanças são lentas. 
A terceira geração da Escola dos Annales ficou conhecida como Nova História. Os historiadores
da Nova História realizavam oposição aos paradigmas tradicionais de análise histórica. Não
estudam épocas, e sim estruturas particulares, portanto ocorreu um deslocamento temático e
metodológico. A nova história interessa-se por toda atividade humana, pela diversidade
temática, pois acredita que “Tudo tem história” e que o que era previamente considerado
imutável, é agora encarado como uma construção cultural, sujeita a variações, tanto no tempo
quanto no espaço.
Nessa direção, para que essas fontes fossem aceitas e validadas pela comunidade acadêmica, os
historiadores tiveram que trilhar estratégias de diálogos e reflexões robustas que legitimassem
os novos critérios e metodologias, que em paralelo dessem conta dos questionamentos
colocados pela história tradicional positivista.
Hoje em dia entendemos que é ilimitado para o historiador as fontes históricas. Nessa direção
podemos compreender por “Fonte Histórica” tudo que foi produzido, criado pelos seres
humanos, que deixaram rastros e que ainda podem ser entendidos como vestígios de suas ações
e interferências. Além disso, deve haver uma conexão de significados e compreensão do
passado humano e de seus desdobramentos no presente. Sendo assim podemos propor uma
tipologia de fontes históricas: fontes materiais, fontes de conteúdo, fontes imateriais e fontes
virtuais.
Objetividade e Subjetividade na Produção do
Conhecimento Histórico e os Paradigmas
Historiográficos 
Comecemos por clarificar o que é objetividade e subjetividade para o conhecimento histórico. A
objetividade tem conexão direta com o pensamento e tem como característica os princípios da
neutralidade e legitimidade. A subjetividade já teria uma aproximação com a zona das
sensibilidades. Michel de Certeau coloca a objetividade como um exercício que vem antes da
tarefa do historiador, ou seja, a descrição dos fatos vem antes da análise. Para ele, depois da
descrição é que entra o historiador processando a reconstrução da história na relação entre a
objetividade dos fatos e a subjetividade das possíveis hipóteses analíticas e estudos
comparativos. Michel de Certeau então complementa:
Certeau aponta as possíveis origens da subjetividade quando coloca que toda pesquisa
historiográfica é articulada de um lugar de produção socioeconômico, político e cultural, ou seja,
de um lugar de fala. Pelo viés do supracitado por Certeau, alinha-se Le Go� que afirma a história
como conhecimento que se estabelece e acontece da conexão de dados confusos e misturados.
Ao historiador caberá articular as peças do quebra-cabeça, perceber os fios de conexão, os
rompimentos e falhas, as mudanças, as permanências e as dinâmicas dos acontecimentos. Cabe
a ele ligar os pontos e reconstruir os eventos.
Um dos desafios dos novos paradigmas historiográficos passou a ser transitar por diferentes
linguagens que não só a dos documentos oficiais. Explica-se e justifica-se pela ideia de que as
relações de dominação e subordinação estão presentes em todas as dimensões do social. A
Linguagem é entendida como forma de luta e de dominação apresentando situações-limite,
momentos de tensão e fortespossibilidades críticas. Procedimentos de análise de discurso
literário, de imagem, de som, de procedimento para recolhimento de depoimentos. Sendo assim
o século XX vem marcado por novas tendências historiográficas que expandem o uso das fontes
e que agregam as subjetividades na escrita da história.
- CERTEAU, 2000, p. 66
“Toda pesquisa historiográfica é articulada a partir de um lugar de produção
socioeconômico, político e cultural. Implica um meio de elaboração circunscrito
por determinações próprias: uma profissão liberal, um posto de estudo ou de
ensino, uma categoria de letrados etc. encontra-se, portanto, submetida a
opressões, ligada a privilégios, enraizada em uma particularidade. É em função
desse lugar que se instauram os métodos, que se precisa uma topografia de
interesses, que se organizam os dossiers e as indagações relativas aos
documentos”
Com a Escola dos Annales e com as novas formulações Marxistas, consolidou-se no século XX
um novo tipo de história, a História-problema, que é a história que tem como ponto de partida
um desdobramento de uma questão problema. Vamos a algumas delas?
Escola dos Annales
Escola francesa fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre, foi espraiada pela revista de mesmo
nome “Revista dos Annales” (1929). Essa corrente apresentou um marco dentro da
historiografia voltado para a ampliação do conceito de fonte histórica e a proposta de uma
história estrutural no lugar de história factual. A segunda geração dos Annales foi representada
por Braudel que trouxe uma contribuição muito potente no desenvolvimento do conceito de
temporalidade histórica por meio de três registros: longa, média e curta duração.
Vamos mergulhar na obra “O Mediterrâneo de Braudel”, que expõe alguns elementos de método
e explica o desenho da obra – ele praticamente não o fará durante as quase duas mil páginas de
texto. Que nos seja permitido reapresentar aquelas que são, provavelmente, as mais belas e
conhecidas deste livro:
“A primeira [parte] trata de uma história quase imóvel, a história do homem em
suas relações com o meio que o rodeia; a história lenta em fluir e se transformar,
feita não poucas vezes de insistentes reiterações e de ciclos incessantemente
reiniciados. Não quis esquecer dessa história, quase situada fora do tempo, em
contato com as coisas inanimadas, nem tampouco contentar-me, a propósito dela,
com as tradicionais introduções geográficas dos estudos de história, inutilmente
colocadas nos umbrais de tantos livros, com suas paisagens minerais, trabalhos
agrícolas e flores, que se fazem desfilar rapidamente ante os olhos do leitor, para
não voltar a referir-se a elas ao largo do livro, como se as flores não nascessem
novamente a cada primavera, os rebanhos se detivessem em seus deslocamentos,
Nesse trecho do prólogo do livro de Braudel, fica clara a relação do autor com o recorte temporal
primeiro entendendo como lenta na relação do homem com o meio e em um segundo momento
mais acelerado quando se trata do estudo da economia e do estado linkados com a guerra. Nessa
abordagem o autor aponta uma temporalidade mais acelerada e constatada com as múltiplas
transformações. Braudel frisa que o tempo imóvel é o tempo geográfico, a longa duração
- BRAUDEL, 1966, p .13
os barcos não tivessem que navegar sobre as águas de um mar real que muda com
as estações. Por cima desta história imóvel se alça uma história de ritmo lento: a
história estrutural de Gaston Roupnel, que nós chamaríamos de bom grado, se esta
expressão não houvesse sido desviada de seu verdadeiro sentido, uma história
social, a história dos grupos e agrupamentos. Na segunda parte deste livro,
estudando sucessivamente as economias e os Estados, as sociedades, civilizações
e economias, tenho esforçado-me em expor como este mar de fundo agita o
conjunto da vida mediterrânea, intentando, por último, manifestar, para esclarecer
melhor minha concepção de história, como todas estas forças entram em ação nos
complexos domínios da guerra. Pois a guerra não é, como sabemos, um domínio
reservado exclusivamente às responsabilidades individuais. Finalmente, a terceira
parte, a da história tradicional ou, se quisermos, a da história cortada não à medida
do homem, mas à medida do indivíduo, a história dos acontecimentos, segundo
François Simiand: a agitação de superfície, as ondas que alçam as marés em seu
potente movimento. Uma história de oscilações breves, rápidas e nervosas.
Ultrassensível por definição, o menor passo fica marcado em seus instrumentos
de medida. História que, como tal, é a mais apaixonante, a mais rica em
humanidade e, também, a mais perigosa. Desconfiemos desta história todavia em
fragmentos, tal como as pessoas da época a sentiram e viveram ao ritmo de sua
vida, breve como a nossa. Essa história tem a dimensão tanto de suas cóleras
quanto a de seus sonhos e ilusões”
articulará geografias às realidades lentas e duradouras, observando que as sociedades estão
presas aos acontecimentos climáticos.
Para a terceira geração dos Annales, a figura de Peter Burke foi muito significativa, junto aos
historiadores Jacques Le Go� e George Duby. Há quem diga que a Escola dos Annales foi uma
continuação da História Nova, sendo que a História Nova teve um foco na Macro-história e a dos
Annales debruçou-se nos fragmentos e particularidades em seus múltiplos domínios. O
historiador François Dosse se remeteu a Escola dos Annales em seu livro intitulado "A história
em migalhas”. Alguns historiadores Marxistas também flertaram com a Escola dos Annales a
respeito de Michel Vovelle.
História Cultural: Desdobramento da
Escola dos Annales
O historiador Peter Burke, sobre História Cultural, emitiu a seguinte premissa: “Definir História
Cultural é como tentar prender uma nuvem em uma rede de caçar borboletas”. O cultural
consiste em um campo multidisciplinar capaz de articular temas e questões mais ou menos
dispersos pelas disciplinas. Alguns acreditam que a história cultural se define num lugar entre o
econômico, o social e o mental. Nessa direção a história cultural se conecta com várias
dimensões do saber historiográfico. 
Livro
O que é História Cultural?
Para saber mais sobre a História Cultural, leia sobre esse livro.
As pessoas se constituem a partir do meio em que vivem, essa é uma das principais perspectivas
da história cultural. A cultura popular e a tradição fazem parte da memória histórica de um grupo
de pessoas. A história cultural se desenvolve como um desmembramento da Escola dos Annales
e da Micro-história. A ideia da micro-história é a ênfase na história das pessoas comuns para
então compreender o macro. A história de sujeitos particulares pode dizer muito a respeito de
um contexto mais amplo. Vamos adentrar então “O Queijo e os Vermes” de Carlo Ginzburg, livro
importantíssimo para a historiografia, baseado em registros da inquisição. 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
BURKE, Peter. O que é História Cultural?. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 2008.
Leitura 
O Queijo e os Vermes: o Cotidiano e as Ideias de um Moleiro Perseguido
pela Inquisição
Para conhecer a obra “O Queijo e os Vermes” de Carlo Ginzburg, acesse
o conteúdo a seguir. 
https://ria.ufrn.br/jspui/handle/1/24
Carlo Ginzburg foi um importante historiador que visitou os documentos da inquisição quando
logo abertos pelo Vaticano. O livro “O Queijo e os Vermes” trata do julgamento de Menochio, um
moleiro da região de Friuli na Itália no século XVI. Menochio apresentava algumas
particularidades para sua época, era alfabetizado, leitor voraz e tinha, portanto, uma visão
própria de mundo. Isso já desconstrói a ideia de que nesse período só quem sabia ler eram os
padres e clérigos, ou seja, os homens da igreja. As ideias de Menochio sobre a origem dos anjos,
ao mesmo tempo que chocava os inquisidores também os deliciava. Menochio representa de
algum modo a ideia da emersão da contrarreforma, sobretudo luterana. Menochio, o moleiro diz
emsua defesa em frente aos inquisidores que Deus fez o mundo com a ajuda dos trabalhadores.
Os inquisidores o questionaram sobre o surgimento dos trabalhadores. E Menochio então
coloca que os trabalhadores surgiram da mais perfeita substância que tem no mundo de forma
análoga como os vermes surgem do queijo. Menochio foi questionado pelos inquisidores sobre
de onde ele havia tirado aquelas ideias, e ele disse que as ideias vinham de sua mente. Nessa
direção foi dado um mandado de busca e apreensão na casa do réu. Encontraram então na casa
do moleiro uma biblioteca vasta que ia desde a bíblia a livros proibidos pela inquisição. Ao final
do julgamento o moleiro foi condenado à prisão perpétua e a usar uma túnica com uma cruz
estampada no peito. O filho do moleiro apelou e acabou conseguindo a libertação do pai após três
anos de prisão, mas a liberdade do moleiro só foi possível estipulando algumas regras, como por
exemplo, fazer uso da túnica com a cruz para o resto da vida, não poder deixar a cidade e nunca
mais falar heresias. O moleiro obviamente não seguiu as regras e foi executado.
Esse livro foi extremamente importante, em primeira instância, no uso de fontes judiciais para o
desdobramento de uma história particular, de um personagem considerado anônimo. A história
cultural tem essa abordagem de por meio da história dos vencidos trazer outras dimensões da
história. A narrativa histórica também traz aspectos inovadores por ter uma forma atravessada
por um tom literário.
O que se propõe com essas novas abordagens não são estudos paralelos do social, cultural,
econômico e político, mas um estudo que leve em conta todos os vetores, sem qualquer
compartimentação ou subordinação.
Escola Inglesa
Escola que traz uma outra abordagem do Marxismo com foco especial na história cultural.
Trabalham com uma abordagem interdisciplinar abordando objetos de estudos pouco estudados
até então. Os historiadores mais significativos dessa corrente são Raymond Williams, Edward
Thompson, Eric Hobsbawm, Ronald Hilton, Gordon Childe e Christopher Hill. Um trecho de
Thompson para ilustrar a escola inglesa: 
Thompson desenvolveu os três principais conceitos dentro do desdobramento da história social
inglesa: classe social, experiência e cultura. Observa-se que Thompson desenvolveu a ideia da
práxis conectada à ação humana por meio da vivência/experiência dos sujeitos históricos,
principalmente em seu livro “A formação da classe operária”. Tudo fica transparente na fala de
Thompson quando ele colocou: “Se fossem vítimas acidentais da história, continuam a ser
condenados em vida, vítimas acidentais.”
- THOMPSON, 1987, p. 13
“Estou tentando resgatar o pobre tecelão de malhas, o meeiro luddita, o tecelão do
– obsoleto tear manual, o artesão – utópico e mesmo o iludido seguidor de Joanna
Southcott, dos imensos ares superiores da condescendência da posteridade. Seus
ofícios e tradições podiam estar desaparecendo. Sua hostilidade frente ao novo
industrialismo podia ser retrógrada. Suas conspirações insurrecionais podiam ser
temerárias. Mas eles viveram nesses tempos de aguda perturbação social, e nós
não. Suas aspirações eram válidas nos termos de sua própria experiência; se
fossem vítimas acidentais da história, continuam a ser condenados em vida,
vítimas acidentais”
Thompson tem suas bases científicas fundadas no materialismo histórico, mas não se viu
constrangido em refletir e modificar conceitos dele, quando no confronto entre pesquisa de
campo e teoria. Para ilustrar tal confronto nada mais interessante que o desdobramento do
conceito de Classe Social. Na obra “A Formação da Classe Operária Inglesa”, Thompson deixa
claro que o despertar da consciência de classe é fruto da experiência, afirma ele:
Nessa direção observa-se que Thompson vai buscar aproximações com o conceito de cultura
que vem conectado à experiência humana, desdobrando as relações sociais, modos de vida,
valores, crenças e costumes. Nessa conexão com a cultura, Thompson então começa a ver a
necessidade de acessar outras disciplinas para poder dar conta da análise histórica, a exemplo
da antropologia.
A História por Vestígios e a
Contribuição do Paradigma
Indiciário: Micro-História
Outra corrente histórica marcante foi a Micro-História que emergiu na Itália no século XX e
propõe uma mudança de escala da observação da parte, diferente da história tradicional.
- THOMPSON, 1987, p. 09-10
“Não vejo a classe como estrutura, nem mesmo como uma categoria, mas como
algo que ocorre efetivamente e cuja ocorrência pode ser demonstrada nas relações
humanas (...) a noção de classe traz consigo a noção de relação histórica (...). A
classe acontece quando alguns homens, como resultado de experiências comuns
(herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a identidade de seus interesses”
Metaforicamente pode-se dizer que a micro-história equivale ao uso de um microscópio em
relação a um dado tema ao invés de um telescópio. Sob regência da metáfora é dito que a micro-
história é a tentativa de entender um oceano inteiro por meio de uma gota de água do mar. Ela
procura dar vazão aos detalhes, ao invés de focar nos sujeitos célebres da história, procura focar
nos sujeitos anônimos. Podemos citar os seguintes historiadores: Carlo Ginzburg e Giovanni
Levi.
O paradigma do método indiciário para a historiografia consiste em uma investigação de pistas,
sinais ou indícios, e é um braço da micro-história. O historiador italiano Ginzburg teve o
seguinte insight que desenha bem a proposta desse paradigma: se “a realidade é opaca, existem
zonas privilegiadas – sinais, indícios – que permitem decifrá-la”. Ginzburg compreendeu a
investigação por indícios como a maneira que os primeiros grupos humanos encontraram de
interagir com o meio ambiente e com outros animais. Esse estudo, voltado para os indícios,
desenvolvido pelo historiador italiano, ganhou contornos científicos decisivos em sua obra a
partir de 1980 com os ensaios: “O nome e o como: troca desigual e mercado”. Vamos a
Ginzburg:
- GINZBURG, 1989. p. 177
“Por milênios o homem foi caçador. Durante inúmeras perseguições, ele aprendeu
a reconstruir as formas e movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama,
ramos quebrados, bolotas de esterco, tufos de pelos, plumas emaranhadas, odores
estagnados. Aprendeu a farejar, registrar, interpretar e classificar pistas
infinitesimais como fios de barbas. Aprendeu a fazer operações com rapidez
fulminante, no interior de um denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas. [...]
O caçador teria sido o primeiro a ‘narrar uma história’ porque era o único capaz de
ler, nas pistas mudas uma série coerente de eventos. ‘Decifrar’ ou ler’ as pistas
dos animais são metáforas.”
É muito potente a abertura que ele traz para as pistas e os indícios como possíveis fontes
históricas, sobretudo quando ele agrega a ideia de metáfora, ou ainda figura de linguagem que
amplifica os sentidos.
No Brasil, essa corrente historiográfica não teve maiores aderências em artigos, teses e
dissertações; isso obviamente não nos impede de mergulhar na contribuição e brilhantismo
dessa corrente.
Ginzburg então inspirou-se em Sherlock Holmes, no método de Giovanni Morelli e em Freud,
por meio dessas referências argumenta Ginzburg (1989, p. 150), “pistas talvez infinitesimais
permitem captar uma realidade mais profunda, de outra forma inatingível. Pistas: mais
precisamente, sintomas (no caso de Freud), indícios (no caso de Sherlock Holmes), signos
pictóricos (no caso de Morelli)”.
Daí a conexão da história com obras literárias e um mergulho em fontes cheias de metáforas e
mistérios, fontes potentes e sobretudo inovadoras.
O Objeto de Estudo da História: do Fato Histórico às
Experiências Humanas
Clarificar as divisões e possibilidade do campo histórico é de extrema importância para nortear
possíveis projetos de pesquisa e a escrita da história propriamente dita. Nessa direção pode-se
entender como critérios centrais os quatrorepresentados na Figura a seguir: Dimensões,
Domínios, Campos de observações e Abordagens. Como pode-se observar, esses critérios
desdobram-se em múltiplas possibilidades.
Dimensões:
• História social;
• História cultura material;
• Geo-história;
• História demográfica;
• História econômica;
• História política;
• História cultural;
• História antropológica;
• História das mentalidades;
• História do imaginário;
Abordagens:
Com relação ao tipo ou tratamento de fontes:
• História serial;
• Arqueologia;
• História social;
•História textual/história do discurso;
• História oral.
Com relação ao campo de observação:
• História imediata;
• História Quantitativa;
• História local;
• História regional;
Pode-se entender por dimensões da história a relação que a história possa ter com outras
disciplinas (interdisciplinaridade), por exemplo história social (história e ciências sociais),
história do imaginário (história e psicanálise).
• Micro-história;
• Biografia.
Domínios:
Com relação aos ambientes sociais ou objetos:
• História da religião;
• História da vida privada;
• História do direito;
• História das ideais;
• História das Representações;
• História da arte;
• História da sexualidade;
Com relação aos agentes históricos:
• Historia Rural;
• História Urbana;
• História da massas;
• História dos Marginais;
• História das Mulheres.
O Domínio representa a relação com temas específicos também em interdisciplinaridade a
exemplo da história do direito, em que entendemos que é a aplicabilidade dos métodos da
história para desenvolver os processos históricos do direito enquanto ciência. Ele se aplica a
história da arte, dentre outros.
Campo de observação, esse ponto, tem uma relação com o recorte temporal e espacial da
pesquisa.
Abordagens se remete especificamente as metodologias usadas pelo historiador, se história oral
(entrevistas), se vestígios arqueológicos, se documentos oficiais. Vamos a alguns
desdobramentos importantes sobre as abordagens históricas?
História Oral
A história oral tem aspecto transdisciplinar entre a História e as outras Ciências Sociais. É uma
metodologia que tem mais aproximação com uma história mais recente e com o presente,
depende da memória “viva” e de relatos realizados anteriormente e documentados. Alberti
coloca: 
- ALBERTI, 1989, p. 4
“[...] a história oral apenas pode ser empregada em pesquisas sobre temas
contemporâneos, ocorridos em um passado não muito remoto, isto é, que a
memória dos seres humanos alcance, para que se possa entrevistar pessoas que
dele participaram, seja como atores, seja como testemunhas. É claro que, com o
passar do tempo, as entrevistas assim produzidas poderão servir de fontes de
consulta para pesquisas sobre temas não contemporâneos”
A história oral depende da produção de entrevistas ou de um banco de entrevistas já realizados
em determinado tempo. Nessa direção, a produção de entrevistas para a história oral é uma
ferramenta importante e polêmica.
Alguns historiadores como: Philippe Joutard, Alessandro Portelli e Chantal de Tourtier-Bonazzi
investem na ideia de que a história oral é mais que uma metodologia de entrevistas. Outros
pesquisadores reconhecem na história oral uma área de estudos próprios e desdobra
minuciosamente a metodologia das entrevistas e seus arquivamentos, agregando uma robustez
ao processo e trazendo limites de diferenciação entre a entrevista para a história e a entrevista
jornalística, por exemplo. Há sobretudo aproximações com a psicanálise. Ver Thompson e Ecléa
Bosi (no Brasil).
A fonte entrevista, trouxe inicialmente um estranhamento a comunidade acadêmica. Os
pesquisadores da história oral, com o tempo, criaram arcabouço teórico suficiente para a
legitimação do método. No início a confiabilidade em relação a fonte oral foi questionada. Em
relação a isso, Paul Thompson trouxe a reflexão de que nenhuma fonte está livre de
subjetividade, seja escrita, visual, oral. Todas as fontes para Thompson podem se apresentar
insuficientes, ambíguas ou até mesmo passíveis de manipulação, o autor defendeu o uso da
metodologia da história oral, ao afirmar que "a evidência oral pode conseguir algo mais
penetrante e mais fundamental para a história. [...] transformando os objetos 'de estudo em
'sujeitos'" (THOMPSON, 1992, p. 137). 
No plano conclusivo, percebeu-se que os historiadores da oralidade abriram possibilidades na
relação entre história e memória trazendo à tona imaginários e mentalidades individuais. A
história oral, enquanto método e prática do campo de conhecimento histórico, reconhece que as
trajetórias dos indivíduos e dos grupos merecem ser ouvidas, também as especificidades de cada
sociedade devem ser conhecidas e respeitadas.
História Quantitativa e Serial
A história quantitativa serial, vem com a Escola dos Annales Francesa que nos primórdios
(1929), em sua primeira fase, tem foco na história econômica, depois na história demográfica e
social. O uso de computadores passa a ser fundamental nas pesquisas. Nessa direção, a história
serial econômica caracteriza-se por um certo empirismo, hipóteses de caráter operacional e
sínteses de tipo qualitativas. Hoje a história serial está longe de ser somente econômica,
aplicando-se a tipos muito diversos de problemáticas e documentos. Pode-se definir três
grupos de fontes:
A história serial faz uso de fontes homogêneas, dito de outra forma, fontes do mesmo tipo, de
um determinado recorte temporal a ser examinado. As fontes quantitativas exigem tratamento
específico de serialização de dados, identificação de elementos ou ocorrências comuns que
permitam a identificação de um padrão comum que se repete. Em contrapartida é necessário
também ter atenção para as diferenças e as exceções que quebram os padrões. De um lado, tem-
se a repetição do padrão documental que leva a determinadas análises e de outro lado tem-se as
exceções que trazem a quebra, o indeterminado e pontos muito ricos para as análises.
A história quantitativa e a serial são histórias problema, como podemos observar, não uma
história narração. A história serial traz pontos interessantes, privilegia o longo prazo e o
equilíbrio de um sistema, permitindo medir as mudanças, mas não as transformações
qualitativas dele.
Primeiro grupo: fontes estruturalmente numéricas como registros paroquiais,
estatísticas oficiais de historiadores da economia e resultados eleitorais para a
história política;
Segundo grupo: fontes para encontrar respostas para questões inusitadas,
utilização de preços como indicativos de crescimento econômico e estudo de
estrutura social a partir de documentos fiscais;
Terceiro grupo: fontes não estruturalmente numéricas, mas que o historiador pode
se valer de métodos substitutivos, fontes notariais, o uso serial de fontes
administrativas ou relacionadas à justiça.
Se formos definir pontos de diferença entre a história serial e quantitativa podemos falar: A
história serial se remete ao uso de fontes homogêneas, do mesmo tipo, a um certo período e a
determinado problema. A serialização de dados pode então identificar elementos, ou
ocorrências comuns.
A História Quantitativa apresenta outros critérios de definição pautados no campo de
observação. O que a História Quantitativa pretende observar da realidade está atravessado pela
noção de “número”, “quantidade”, valores a serem medidos. As técnicas utilizadas serão
estatísticas, ou baseadas na síntese de dados por meio de gráficos diversos e curvas de variação
a serem observadas. 
A diferença entre história serial e quantitativa está em específico na questão numérica. Michel
Vovelle (1978), desenvolveu um estudo marcante para a historiografia sobre a morte. No Brasil,
na mesma direção pode-se citar o historiador João Reis, que também fez uso da história
quantitativa em seu livro “A morte é uma Festa”.
Livros
Imagens e Imaginário na História: Fantasmas e Certezas das
Mentalidades Desde a Idade Média até o Século XX
VOVELLE,M. Imagens e imaginário na história: fantasmas e certezas
das mentalidades desde a Idade Média até o século XX. São Paulo: Ática,
1997.
A Morte é uma Festa: Ritos Fúnebres e Revolta Popular no Brasil do
Século XIX
A Utilização de Hipóteses na História
Conforme estudamos até aqui, pudemos constatar a premissa de que a história no século XX é o
que podemos entender por história-problema, ou seja a história não mais se resume a narrativa
e/ou descrição de fatos em progressão linear. A problematização dos fatos passou a dar sentido à
narrativa histórica. A história-problema ganha o protagonismo. Nessa direção a formulação de
hipóteses passou a integrar o modus operandi para formulação de um problema, um norte
metodológico por assim dizer.
A hipótese compreende uma sentença de teor declarativo que procura prever uma resposta,
solução ou explicação a determinada questão problema e que em algum momento deverá ser
testada ou verificada.
Ela também tem a função de ajudar o pesquisador a encontrar o caminho a ser seguido, o
método que será aplicado no processo cotidiano da pesquisa e na função argumentativa dela,
trazendo possibilidade de maior acurácia no recorte do problema. Nessa direção pode-se
constatar que a hipótese pode apresentar as seguintes funções: direcionar a pesquisa
(pontuando finalidades em relação a etapas que devem ser cumpridas durante a pesquisa,
implicando em procedimentos metodológicos específicos), delimitar (a hipótese amarra o
recorte do tema), interpretar (propor solução para o problema investigado), argumentar
(desencadear inferências e dar inícios a deduções, encaminhar o método hipotético-dedutivo de
raciocínio), função complementadora (preenche lacunas de conhecimento ao propor
explicações provisórias), função multiplicadora (propicia adaptação e conexão a outras
pesquisas) e função unificadora (organiza ou unifica conhecimentos adquiridos que podem
inclusive ser verificados em pesquisas diversas).
REIS, J. J. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no
Brasil do século XIX. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
A Lógica Histórica e o Diálogo com as Evidências
A lógica histórica emerge do materialismo histórico podendo até mesmo ser entendida como
sinônimo de Marxismo, mas com algumas diferenças. Primeiramente vamos ao desdobramento
do conceito de Materialismo Histórico pelo glossário produzido por José D’Assunção Barros em
seu livro “O projeto de Pesquisa em História”:
“Materialismo Histórico: Expressão que designa a abordagem introduzida por
Marx e Engels para a compreensão da História Humana e para sua transformação.
O materialismo orienta-se em torno de alguns pressupostos e perspectivas
fundamentais:
1 – O desenvolvimento das sociedades humanas é dialético;
2 – O ponto de partida dos desenvolvimentos históricos é a base material da vida
humana, daí decorrendo a sua organização social, cultural e política. O sistema
fundamental a partir do qual toda a sociedade gera a produção de sua vida material
dando origem a tudo mais é o que denomina modo de produção;
3 – A história tem se apresentado sob a forma de lutas de classe, uma vez que
qualquer organização social até hoje acaba gerando dentro de si a formação de
divisões diversas, que a partir de determinado tipo de formações sociais
corresponderiam ás “classes sociais”. As classes ou grupos sociais são expressões
de necessidades geradas por um “modo de produção” específico. Deve-se
considerar ainda que o materialismo histórico foi se enriquecendo
consideravelmente com contribuições de diversos autores, de modo que hoje em
dia podem ser encontradas diversas correntes a partir desta perspectiva de análise
histórico-social.”
No capítulo “A lógica da História” da obra “A miséria da teoria ou um planetário de erros”
(1981), Thompson traz aspectos do materialismo histórico que possuem aproximações com a
lógica histórica, mas em contrapartida elenca pontos sensíveis. Entende que o historiador
precisa ter intuição para que nos momentos que surgirem dúvidas entre a teoria e os dados da
pesquisa de campo, ele poderá fazer novas conexões. A lógica histórica trata de um método de
investigação que tem foco principalmente nas transformações históricas. Nessa direção é muito
importante o diálogo que se estabelece com o momento empírico da pesquisa. Ao escrever sobre
a classe operária inglesa Thompson percebeu e examinou um processo de auto fazer-se,
processo ativo que se deveu às ações humanas tanto como aos condicionamentos sociais. O que
fica claro para Thompson é que o econômico, ou ainda o material é determinante, mas não só.
Para o materialismo histórico o fator material, econômico é fio condutor e centralizador,
Thompson percebe que nem sempre é assim que acontece nas vivências e nas experiências de
classe. Outros fatores também são determinantes, a exemplo da cultura e das relações sociais.
Nessa direção ele então tece uma crítica sutil ao materialismo histórico, trazendo a alternativa da
lógica histórica que aposta não só no fator econômico como regente, mas em uma regência
fruto do embate das diversas forças que compõem o tecido da história da luta de classes
sobretudo.
Etapas da Pesquisa Histórica
Escolha do Tema 
A escolha do tema é muito importante e algumas perguntas podem ser feitas, quando pensamos
em uma pesquisa. O pesquisador deve ter clareza se o tema escolhido efetivamente o interessa,
porque a pesquisa é uma jornada longa que precisa de dedicação e afeto. Nessa direção ele
precisa perguntar a si mesmo o porquê da escolha desse tema. O pesquisador passará muito
tempo se relacionando com o objeto da pesquisa, portanto é imprescindível gostar do que está
pesquisando. Outro ponto importante é a viabilidade. Para isso algumas perguntas devem ser
- BARROS, 2011, p. 212-213
feitas: Existe documentação adequada para esse tema a ser explorado? Essa documentação é de
fácil acesso? O tema proposto requer informação de linguagem estrangeira que não domino?
Essas perguntas são fundamentais, pois muitas vezes temos interesse em pesquisar temas
fantásticos, mas que a documentação é de difícil acesso, por exemplo, os documentos são
manuscritos, não estão digitalizados e encontram-se em órgãos de documentação localizados
em outros países, o que requer gastos com viagens, passagens, hospedagem, alimentação etc.
Outras vezes descobrimos que os documentos/fontes primárias que precisamos analisar estão
em língua estrangeira e ainda não possuem tradução. Nesses casos, precisamos pensar se
teremos tempo para realizar as traduções necessárias ou verbas para solicitar que outra pessoa
realize a tradução.
Outro ponto de atenção quando da escolha do tema é a questão da existência de
documentos/fontes primárias. Alguns temas, apesar de sua importância, possuem poucos
documentos ou mesmo nenhum documento disponível. Nesses casos, os historiadores
necessitarão de tempo para a construção de um documento, por exemplo, trabalhando com a
História Oral. 
Por fim, todas as considerações anteriormente realizadas necessitarão ser levadas em
consideração quando o pesquisador for definir seu tema de pesquisa.
Recorte Temático (Delimitação)
O recorte do tema é extremamente importante, pois com ele vem a questão problema e todo um
leque de questões que podem atravessá-la. O recorte ou delimitação do tema pode ocorrer de
várias formas, por exemplo:
Recorte espacial e temporal: o tempo e o espaço são critérios muito importantes
para a pesquisa histórica, a escolha desse recorte é questão de primeira ordem para
o historiador e não deve ser gratuita, precisa ser pensada em articulação a questão
problema e a hipótese da pesquisa. O recorte temporal não tem que ver com a
escolha redonda de um determinado tempo, por exemplo os 100 primeiros anos da
história do Egito. A escolha do recorte temporal deve ter conexão com o tema e a
questão problema da temática a ser analisada. Para ilustrar essa questão
Para ficar mais claro essa questão do “recortedo tema”, vamos pensar em um exemplo. Um
pesquisador gosta muito de música e gostaria de realizar uma pesquisa histórica sobre o tema.
Em um primeiro momento, ele precisa compreender que não seria possível em uma única
pesquisa, falar sobre música no mundo, todos os gêneros, estilos, contextos históricos etc.
Portanto, ele precisaria realizar um recorte, correto? Nesse sentido, ele opta por um primeiro
recorte que é o espacial. Assim, ele define que irá pesquisar sobre a música brasileira. Quando ele
começa a levantar a bibliografia sobre o tema, descobre centenas de obras que falam sobre
música no Brasil desde o período colonial. Mais uma vez ele precisará realizar um recorte, ou
seja, dessa vez um recorte temporal. 
Após as primeiras leituras, o pesquisador então opta por trabalhar a música brasileira na década
de 1960 do Século XX no Brasil. Aparentemente tudo certo, não é mesmo? Mas, pense quantos
gêneros/estilos musicais existiam no Brasil na década de 1960 do século XX. Citemos alguns,
como samba, rock and roll, canções de protesto, Bossa Nova, marchinhas, entre outros. 
Mais uma vez, para que o pesquisador realize uma pesquisa séria e com o aprofundamento
necessário, precisará recortar seu tema. Por fim, ele opta por dedicar-se à pesquisa da Bossa
Nova, no Rio de Janeiro, na década de 60 do Século XX.
do recorte espaciotemporal podemos citar a obra “O
Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II”,
uma obra incrível para entender a questão do recorte temporal,
pois introduz durações distintas no tempo histórico trabalhado
pelo pesquisador;
Recorte de fontes: um outro ponto importante para o historiador é o das fontes que
podem ser quantitativas ou qualitativas e ainda os tipos de fontes e as metodologias
utilizadas para elas florescerem. Vale ressaltar que além das fontes históricas
primárias é de fundamental importância o levantamento bibliográfico. É
fundamental para a pesquisa fazer uma revisão bibliográfica, estabelecer diálogo
com outros autores e comparar pontos de vista buscando apoios e contrastes.
Fechada a definição e recorte do tema, chega o momento de definir quais serão suas fontes
primárias de pesquisa (documentos), para análise. Para o tema anteriormente citado, muitas são
as possibilidades: revistas, jornais, músicas, capas de discos, programas radiofônicos e
televisivos, História Oral etc., fora a bibliografia sobre o assunto que deve ser analisada com
rigor: livros, artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorado, entre outros. Mais uma vez,
o pesquisador precisará realizar um recorte, agora das fontes que irá trabalhar, por exemplo, ele
opta por analisar as músicas da Bossa Nova, uma revista da época e um jornal da época. 
Após a definição do tema de pesquisa e de sua delimitação (recorte) e das fontes que irá utilizar,
chega um momento muito importante quando pensamos nas etapas da pesquisa, que é a
elaboração do projeto de pesquisa. O projeto de pesquisa é o planejamento do trabalho que será
realizado posteriormente e que pode ser um artigo, uma monografia, uma dissertação de
mestrado, uma tese de doutorado, entre outros trabalhos.
Elaboração do Projeto de Pesquisa Histórica
Muitas pessoas perguntam qual a importância da elaboração de um projeto de pesquisa.
Basicamente o projeto serve como um guia para o pesquisador realizar sua pesquisa e para que
os professores orientadores compreendam a proposta da pesquisa, sugerindo caminhos e
possibilidades. 
No projeto de pesquisa, precisamos deixar claro para o leitor qual o tema escolhido e qual a
relevância dessa pesquisa, quais as fontes que serão analisadas e para isso, qual a metodologia
que será aplicada. Devemos ainda explicar nossos objetivos, a problematização (questões e/ou
hipóteses da pesquisa), o cronograma de pesquisa com as etapas que deverão ser cumpridas e,
por fim, nas referências, quais foram os autores/obras utilizadas para a elaboração do projeto
(livros, artigos, teses, sites etc).
Para o desenvolvimento do projeto de pesquisa em história sabe-se que ele precisa atender a um
repertório de informações e que sua estrutura pode variar de acordo com as exigências das
diferentes universidades públicas e privadas do Brasil e do Mundo.
Normalmente no Brasil, os projetos de pesquisa na área de História seguem as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e, portanto, seguem a seguinte estrutura:
Parte Externa:
Capa: na capa deve-se identificar a instituição, curso, autor do projeto, título e
subtítulo, local e data;
Parte Interna:
Elementos Pré-Textuais
• Folha de Rosto: na folha de rosto deve-se identificar a instituição, curso, autor do
projeto, texto explicativo da função do trabalho, orientador(a),
título e subtítulo, local e data;
• Sumário: é a descrição das seções do trabalho (partes);
Elementos Textuais:
• Tema: não existe regra definida para a escolha do tema. Pode
ser feito de acordo com curiosidade do aluno, suas
necessidades pessoais, o conhecimento da questão ou mesmo
por sugestão do orientador. O importante é que o tema tenha a
simpatia de quem vai escrever. A delimitação do tema é
importante porque circunscreve o assunto a um ângulo
específico, facilitando a pesquisa e a referência bibliográfica.
Ou seja, é necessário definir com precisão o assunto particular
que será tratado: quanto mais domínio o aluno tiver desse
tema, mais facilidade terá no desenvolvimento do projeto e
posteriormente, na redação da monografia;
• Introdução: a apresentação do projeto de pesquisa é iniciada
com o nome da instituição na qual a pesquisa está sendo feita.
Posteriormente, coloca-se o título geral do trabalho e o título
específico ou subtítulo, o nome do autor e o local onde a
pesquisa está sendo realizada. Nesta parte é importante
apresentar o assunto da pesquisa que será realizada
posteriormente;
• Problema de pesquisa: a formulação do problema significa
identificar a dificuldade ou as dificuldades específicas que se
pretende resolver através da pesquisa. Geralmente, o problema
deve ser levantado em forma de pergunta, de forma clara e
concisa e deve sempre estar diretamente vinculado ao objetivo
específico da proposta. Logicamente, a colocação do problema
deve desencadear a formulação de hipótese ou hipóteses, que
deverão ser comprovadas no decorrer da pesquisa;
• Objetivo geral e objetivos específicos: o objetivo geral de um
projeto de pesquisa é sua espinha dorsal. Deve expressar
claramente aquilo que o pesquisador pretende conseguir com
sua investigação. São os objetivos de uma pesquisa que
delimitam e dirigem os raciocínios a serem desenvolvidos. O
objetivo específico é uma decorrência do objetivo geral,
portanto é o que se deseja mostrar dentro do tema proposto.
Como os temas podem ser divididos numa infinidade de
assuntos, o objetivo específico vai referenciar o
desenvolvimento da pesquisa sobre aquele ângulo particular,
que para o pesquisador é o ponto mais central de seu trabalho,
aquilo que apresenta maior relevância para a pesquisa.
Fornecem munição para o desenvolvimento dos argumentos e
para a estrutura lógica da sistematização da futura
monografia. Na prática, montar o objetivo geral significa
construir o caminho pelo qual o aluno-pesquisador irá trilhar
no desenvolvimento do seu trabalho;
• Justificativa: nesta etapa o aluno deve expor de maneira clara
as razões que o levaram à elaboração da pesquisa, pois a
justificativa, como o próprio nome já diz, consiste em
apresentar motivos consistentes que justifiquem o
desenvolvimento da pesquisa. Entre tais motivos, pode-se
destacar a importância ou relevância do tema, a abrangência
do assunto e o interesse que pode despertar. Um tema pode ter
relevância se no seu desenvolvimento trouxer benefício para a
sociedade em geral, para um grupo social, resolver ou
encaminhar solução para um assunto específico. Pode ainda
beneficiar o processo acadêmico facilitando ou inovando o
ensino-aprendizagem de um determinadoassunto. A
abrangência refere-se aos eventos comprovadores da
importância do tema, como estudos, simpósios, pesquisas,
seminários realizados sobre aquela questão. Enfim, o que se
pretende na justificativa é fazer com que o leitor tenha
convicção semelhante à do pesquisador: o tema é abrangente e
relevante, portanto assim merece ser pesquisado;
• Metodologia: no processo de descrição da metodologia da
pesquisa é fundamental o aluno informar os procedimentos
que serão empregados na realização do trabalho. Isso significa
dizer que o aluno vai expor a maneira como vai desenvolver sua
pesquisa, quer seja puramente bibliográfica, quer seja uma
pesquisa de campo, ou ainda pesquisa mista, que envolva
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
referência bibliográfica e pesquisa de campo;
• Cronograma de desenvolvimento: nesta parte é importante
elaborar uma tabela descrevendo as atividades que serão
realizadas com a indicação do tempo necessário para cada
tarefa;
Elementos Pós-Textuais
• Referências: nesta parte deve-se listar os livros, artigos, sites
etc. que foram utilizados para a elaboração do projeto de
pesquisa.
Leitura
Norma Técnica: Código – ABNT NBR 14724 (Mais Atualizada) 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dispõe de diversas
normas técnicas necessárias para a elaboração de trabalhos
acadêmicos. A ABNT “NBR 14724” é fundamental para a elaboração do
seu projeto de pesquisa. Para conhecer as normas necessárias para
elaboração de trabalhos acadêmicos, acesse o material a seguir.
https://www.normasabnt.org/abnt-nbr-14724/
É muito importante seguir a estrutura indicada anteriormente para a elaboração do projeto de
pesquisa, mas também é fundamental atentar para as regras de formatação do trabalho:
margens, paginação, fonte, espaçamento e alinhamento. Outro ponto a se observar para a
elaboração do projeto de pesquisa são as regras para utilização de citações: direta, indireta etc.
Leitura
É importante para a elaboração do projeto de pesquisa, conhecer as
seguintes normas:
• NBR 10520:2023 – Tem a finalidade de auxiliar os pesquisadores a
fazerem citações corretamente nas pesquisas acadêmicas;
• NBR 6023:2018 – Essa norma é usada para organizar as referências
utilizadas para a elaboração do trabalho;
• NBR 6027:2002 – Tem o objetivo de fornecer as diretrizes para a
criação de sumários.
Acesse as normas que estão disponíveis no primeiro link.
Outro ponto de atenção é com relação a formatação do trabalho, ou
seja, que tamanho de fonte utilizar, como devem ser as margens etc.
Tudo o que Você Precisa Saber sobre as Normas ABNT 2023 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Formatação ABNT – Capa, Parágrafo, Sumário, Citação, Referências 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Após a finalização da elaboração do projeto de pesquisa, podemos dizer que nosso planejamento
está finalizado e, a partir daí, começar efetivamente a pesquisa. Como assim?
Chega o momento de coletar as fontes primárias de pesquisa/documentos, organizá-los e
analisá-los. Ao mesmo tempo, continuar as leituras sobre o tema, pois precisaremos “dialogar”
com os autores, os que serão nossos referenciais teóricos e metodológicos e, por fim, realizar a
redação do trabalho final que, como explicado anteriormente, pode ser um artigo, uma
monografia, uma tese, entre outros.
Nesse sentido, para aprender a formatar seu trabalho/projeto, acesse:
o segundo link disponível.
https://www.normasabnt.org/normas-abnt-2023/
https://www.normasabnt.org/formatacao-abnt/
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Vídeos  
Audiolivro – Peter Burke – A Escola dos Annales
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📄 Material Complementar
audiolivro - Peter Burke - A Escola dos Annales (1)audiolivro - Peter Burke - A Escola dos Annales (1)
https://www.youtube.com/watch?v=tgm-5m0c03U
Tempos na História, Tempos da História
O historiador e professor João Paulo Pimenta da FFLCH/USP fala sobre o tempo histórico e
conceitos históricos, bases de seu trabalho.
Entrevista com Peter Burke
O escritor Peter Burke fala sobre o trabalhado do historiador e comenta o segundo volume de sua
"História do conhecimento".
Tempos na história, tempos da históriaTempos na história, tempos da história
https://www.youtube.com/watch?v=QW9TTtbfpws
  Sites  
Gerador de Referências ABNT
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
5 Razões pelas quais o Gerador de Referências ABNT Bibguru
Será seu Novo Melhor Amigo
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ACESSE
Entrevista com Peter BurkeEntrevista com Peter Burke
https://www.mybib.com/pt/ferramentas/gerador-referencias-abnt
https://www.bibguru.com/br/c/gerador-referencias-bibliograficas-abnt/
https://www.youtube.com/watch?v=9TRjiLY_kTI
ALBERTI, V. História oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
1989.
AMADO, J. (org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
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