Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
O que é controle de constitucionalidade? (explicação simples) 
- FOMULAÇÃO CHAT 
Imagine que a Constituição é a regra principal de uma casa — as regras da casa que 
dizem o que pode ou não pode ser feito. As leis e demais atos (decretos, regulamentos, 
resoluções) são móveis ou objetos que ficam dentro dessa casa. O controle de 
constitucionalidade é o mecanismo que verifica se esses móveis (as leis/atos) 
respeitam as regras da casa (a Constituição). Se algum móvel “quebra” a regra, o 
controle servem para retirar ou ajustar esse móvel. 
Em termos práticos: é o conjunto de instrumentos e decisões que permitem declarar 
que uma lei ou ato normativo contraria a Constituição e, por isso, não deve produzir 
efeitos. 
Por que existe? (propósito) 
• Para garantir que a Constituição, que é a regra suprema do país, seja obedecida. 
• Para proteger direitos fundamentais (minorias, liberdade, dignidade). 
• Para impedir que maiorias momentâneas criem normas que destruam bases 
constitucionais. 
• Para dar coerência e unidade ao ordenamento jurídico (evitar leis contraditórias 
com a Constituição). 
Dois pontos básicos que ajudam a entender tudo 
1. Supremacia da Constituição: nada pode contrariar a Constituição. 
2. Rigidez constitucional: a Constituição exige processos mais difíceis para ser 
alterada do que uma lei comum. Por isso, as leis não podem simplesmente 
contrariá-la. 
Modelos de controle — explicando como ele é feito 
Existem três formas básicas de organizar o controle, no mundo todo: 
• Controle difuso (ou incidental): qualquer juiz, em qualquer processo concreto, 
pode deixar de aplicar uma lei que considere inconstitucional naquele caso. 
Resultado: a decisão vale para as partes daquele processo (efeito inter partes), 
salvo consequências que o tribunal superior venha a fixar. É o modelo típico dos 
EUA (judicial review por caso concreto). 
• Controle concentrado (ou abstrato): apenas órgãos ou tribunais específicos (no 
Brasil, o STF) julgam, em tese, se uma lei é ou não compatível com a Constituição. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
A decisão costuma ter efeito contra todos (erga omnes) e é vinculante. É o 
modelo inspirado no controle “austro-alemão” (tribunal constitucional). 
• Sistema misto: combina os dois. O Brasil adota o sistema misto: existe controle 
difuso exercido por qualquer juiz e controle concentrado exercido principalmente 
pelo STF. 
Preventivo x Repressivo 
• Preventivo: antes da norma produzir efeitos (ex.: uma consulta antes da 
publicação de lei ou vetos), mecanismos tentam impedir que uma lei 
inconstitucional vigore. Exemplos: veto presidencial por inconstitucionalidade, 
fiscalização prévia em alguns países. 
• Repressivo: depois da norma ter entrado em vigor, tentar retirar seus efeitos 
porque ela é inconstitucional (ex.: ADI que declara uma lei inconstitucional). 
Principais formas/ações (o “kit” do controle no Brasil 
explicado para leigo) 
Vou explicar cada instrumento de forma prática — o que é, para que serve e um exemplo 
simples. 
1. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
• O que é: instrumento para declarar que uma lei ou ato normativo (federal, 
estadual, etc.) é incompatível com a Constituição. 
• Quem pode propor: só certas autoridades/entidades podem pedir esse tipo de 
ação (presidente, mesas do Congresso, governadores, procurador-geral, OAB 
federal, partidos com representação no Congresso, confederações sindicais e 
entidades de classe de âmbito nacional etc.). 
• Efeito prático: se o tribunal (STF, quando é controle federal) declarar a lei 
inconstitucional em ação concentrada, essa declaração tem efeito contra todos 
(a lei deixa, em regra, de valer para todo mundo). O tribunal também pode 
modular efeitos para evitar caos jurídico. 
Exemplo: se uma lei estadual proíbe a manifestação em toda a cidade e alguém alega 
que isso fere a Constituição (liberdade de expressão), um legitimado pode ajuizar ADI 
para que o tribunal declare essa lei inconstitucional. 
2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• O que é: o inverso da ADI — serve para que o tribunal declare que uma lei ou 
norma é compatível com a Constituição, geralmente para resolver controvérsias 
ou insegurança jurídica sobre uma lei que está sendo questionada em vários 
processos. 
• Por que usar: quando há dúvida ou controvérsia generalizada sobre uma norma, 
a ADC busca pacificar se ela é constitucional. 
3. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
(ADPF) 
• O que é: instrumento de proteção dos “preceitos fundamentais” da Constituição 
quando não há outro remédio eficaz. Serve para afastar ou evitar atos do poder 
público que violem esses preceitos fundamentais. 
• Quando é usada: quando há um ato normativo ou omissão que atinge princípios 
fundamentais e não se encaixa bem nas outras ações. É um “coringa” que o STF 
usa para proteger o núcleo das garantias constitucionais. 
4. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 
• O que é: quando a Constituição exige que o legislador regule ou que um órgão aja 
e isso não ocorre (omissão legislativa), provoca-se a ADO para que o tribunal 
reconheça e determine providências. 
• Exemplo: a Constituição manda a criação de um instituto com regulamentação 
e o Congresso nunca regulamentou — pode haver ADO para provocar atuação. 
5. Mandado de Injunção 
• O que é: remédio pessoal para a pessoa individual que não consegue exercer um 
direito por falta de norma regulamentadora. 
• Exemplo: a Constituição garante um direito condicionado à regulamentação; se 
a regulamentação não saiu, quem precisa exercer o direito pode pedir mandado 
de injunção. 
6. Controle difuso (incidental) 
• O que é: ocorre dentro de um processo concreto. Uma pessoa em um processo 
diz: “essa lei não vale para mim porque é inconstitucional”. O juiz decide sobre a 
aplicação naquele caso. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• Importante: decisões de controle difuso não anulam automaticamente a lei para 
todo mundo — valem para aquele processo — mas, se a questão sobe ao STF e 
ele decide, a interpretação do STF passa a orientar todo o Judiciário. 
7. Súmula Vinculante 
• O que é: quando o tribunal (especialmente o STF) consolida um entendimento 
reiterado, pode emitir uma súmula com efeito vinculante que obriga a 
administração pública e os demais juízes a seguir aquele entendimento. Serve 
para pacificar a jurisprudência e evitar litígios repetidos. 
Tipos de inconstitucionalidade (explicação simples) 
• Formal: a norma foi criada com vício no processo (ex.: quem tinha que iniciar a 
lei não o fez; falta de competência; irregularidade no processo legislativo). 
• Material: o conteúdo da norma contradiz a Constituição (ex.: restringe um direito 
sem fundamento). 
• Por omissão: falta de atuação do legislador quando a Constituição exige uma 
norma regulamentadora. 
• Superveniente / não recepção: uma lei antiga que era válida antes da nova 
Constituição pode não ser "recebida" pela nova ordem se contrariar sua 
essência. 
• Cláusula pétrea: normas constitucionais que não podem ser abolidas nem 
alteradas por emenda que afete sua essência (por exemplo: certos mecanismos 
de organização do Estado e direitos fundamentais — são protegidas contra 
alterações que destruam sua substância). 
Efeitos das decisões (por que nem sempre é “tira e pronto”) 
• Efeito inter partes: vale apenas para as partes do processo (normalmente em 
controle difuso). 
• Efeito erga omnes: vale contra todos (normalmente em controle concentrado). 
• Ex tunc (retroativo): decisão pode ter efeitos desde o nascimento da norma 
(como se a lei nunca tivesse valido). 
• Ex nunc (prospectivo): efeitosa partir da decisão (não retroage). 
• Modulação de efeitos: para evitar prejuízos sociais ou jurídicos, o tribunal pode 
decidir que a declaração de inconstitucionalidade valerá a partir de determinado 
momento ou terá efeitos limitados. Isso preserva segurança jurídica. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
Quem pode propor as ações concentradas? (explicação 
resumida) 
Em geral, a Constituição reserva a proposição de ações concentradas a autoridades e 
entidades específicas — não é qualquer cidadão. Exemplos: Presidente da República, 
mesas do Congresso (Câmara e Senado), governadores, Procurador-Geral da 
República, Conselho Federal da OAB, partidos com representação no Congresso, 
confederações sindicais, entidades de classe de âmbito nacional. (Isso existe para 
evitar o uso indiscriminado do instrumento e assegurar que ele seja provocado por 
atores com legitimidade pública.) 
Controle x democracia: por que juízes podem “limitar leis”? 
É natural alguém perguntar: “isso não tira poder do povo?” O controle é, de fato, um 
limitador da vontade legislativa — mas o objetivo é proteger a própria Constituição, que 
é a forma de expressão da vontade fundamental da sociedade (valores e garantias que 
não se mudam a qualquer momento). A crítica (ativismo judicial) existe — juízes 
interferindo em decisões políticas — e há também respostas: o controle é necessário 
para proteger os direitos e a estrutura democrática. É um equilíbrio delicado. 
Exemplos práticos para fixar (situações cotidianas) 
1. Lei que restringe internet: se o Congresso aprova algo que reduz a liberdade de 
expressão na rede, um legitimado pode ajuizar ADI; se o STF declara 
inconstitucional, a lei não vale. 
2. Omissão legislativa em direito social: se a Constituição determina remoção de 
barreiras e falta regulamentação, pessoas afetadas podem pedir mandado de 
injunção ou ADO. 
3. Juiz em processo criminal: se a defesa alega que artigo criminal viola a 
Constituição, o juiz pode aplicar controle difuso e não aplicar aquela norma ao 
réu; recurso pode provocar entendimento do Tribunal Superior. 
Como um caso típico anda (passo a passo simplificado) 
1. Identificação do problema: alguém entende que a lei/ato viola a Constituição. 
2. Escolher o instrumento: se for controle concentrado (afeta todos), um 
legitimado ajuíza ADI/ADPF/ADC; se for caso concreto, a parte levanta a questão 
no processo (controle difuso). 
3. Medida cautelar: em controle concentrado, o tribunal pode suspender a norma 
provisoriamente até julgamento final. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
4. Julgamento: tribunal decide se norma é constitucional. 
5. Efeito: se constatada inconstitucionalidade em controle concentrado — norma 
retirada do ordenamento (com modulação possível). Em controle difuso, a 
decisão incide sobre o caso; mas se STF fixa entendimento, isso influencia todo 
o sistema. 
Diferenças entre países (rápido) 
• EUA: forte tradição de controle judicial difuso (decisões por caso concreto que 
viram precedentes). 
• Alemanha/Áustria: sistema concentrado com tribunal constitucional 
especializado. 
• França: controle mais preventivo por órgão constitucional (Conselho 
Constitucional) antes da promulgação da lei. 
Críticas e defesas do controle 
• Críticas: tira decisões do eleitorado/legislador, risco de ativismo judicial, pouca 
legitimidade democrática de juízes. 
• Defesas: protege direitos fundamentais, impede maiorias de violarem regras 
básicas, corrige abusos de poder, dá coerência ao sistema jurídico. 
Como decorar/estudar (dicas práticas) 
• Lembre: difuso = caso concreto; concentrado = em tese / erga omnes. 
• Para ações: pense que ADI = tiro contra lei (inconstitucionalidade); ADC = 
confirmação de constitucionalidade; ADPF = proteção de preceitos 
fundamentais (coringa); ADO = falta de ação do legislador; Mandado de 
Injunção = remédio pessoal por falta de norma. 
• Associe ex tunc (t = tempo passado → retroativo) e ex nunc (n = now → efeitos pra 
frente). 
• Faça questões práticas: pegue leis polêmicas e imagine como seria a reação 
(ADI? ADC? mandado de injunção?). 
Resumo prático (o que você precisa ter gravado) 
• Finalidade: garantir que leis e atos respeitem a Constituição. 
• Modelos: difuso (juiz no caso concreto) e concentrado (STF em tese). 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• Instrumentos principais: ADI, ADC, ADPF, ADO, Mandado de Injunção, controle 
difuso. 
• Efeitos: inter partes (caso concreto) × erga omnes (controlado concentrado), com 
possibilidade de modular efeitos (evitar prejuízo social). 
• Legitimidade ativa: só certas autoridades/entidades podem provocar controle 
concentrado. 
- CONTEÚDO DISPOSTO EM AVA: MOD I 
 
Controle de Constitucionalidade 
1. Formação Histórica do Constitucionalismo 
Após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se um novo cenário jurídico: a supremacia 
da Constituição e a garantia dos direitos fundamentais ganharam força, deslocando o 
centro do poder político tradicional (Legislativo e Executivo) para um maior 
protagonismo do Judiciário. 
Essa mudança ocorre em razão das transformações sociais e da superação de modelos 
anteriores, como o jusnaturalismo e o positivismo. O pós-positivismo surge como marco 
filosófico do novo direito constitucional, trazendo uma perspectiva que valoriza os 
princípios e a força normativa da Constituição. 
O constitucionalismo contemporâneo caracteriza-se pela ascensão do Poder Judiciário, 
que, em muitos casos, interfere na atuação legislativa e executiva, gerando críticas 
sobre eventual déficit de legitimidade democrática. 
2. Constitucionalismo 
O constitucionalismo é a ideia de que o Estado deve estar submetido à Constituição, 
que serve para limitar o poder, proteger os direitos e organizar a vida política. Ele 
evoluiu do liberal, para o social, até o contemporâneo, que valoriza princípios e direitos 
fundamentais. 
• Organizar o Estado (separação dos poderes, competências). 
• Garantir direitos fundamentais. 
• Proteger a democracia contra abusos do poder. 
• Controlar a constitucionalidade das leis. 
O constitucionalismo parte de dois pilares principais: 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
1. Limitação do poder estatal (nenhuma autoridade é absoluta). 
2. Proteção dos direitos fundamentais (o indivíduo deve estar protegido contra 
abusos do poder). 
Origem Histórica 
• O constitucionalismo nasceu como reação contra o poder absoluto dos reis. 
• Surgiu da luta para que o governo fosse limitado por normas jurídicas, e não pela 
vontade de um monarca. 
• Exemplos históricos: 
o Magna Carta (1215, Inglaterra): limitou o poder do rei e garantiu direitos 
aos barões. 
o Constituição dos EUA (1787): marco do constitucionalismo moderno. 
o Revolução Francesa (1789): Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão. 
2.1 Origem e Evolução 
O constitucionalismo pode ser entendido em três dimensões: jurídica, sociológica e 
política. Ele sempre teve como núcleo limitar o poder do Estado e proteger direitos. 
• Constituição dos EUA (1787): estabeleceu um modelo garantístico, em que a 
Constituição é higher law, aplicada diretamente pelos tribunais. 
• Constituição Francesa (1791): inspirada na Revolução Francesa, marcou a 
supremacia do Parlamento e da lei, não admitindo controle judicial sobre a 
legislação. 
️ Enquanto na França os juízes tinham papel limitado, nos EUA o Judiciário foi 
protagonista desde cedo, consolidando o controle de constitucionalidade (caso 
Marbury v. Madison, 1803). 
2.2 Evolução no Brasil 
• 1824: primeira Constituição brasileira, inspirada na Revolução Francesa e 
Americana. Criou o Poder Moderador, centralizando forças no Imperador. 
• 1891: extinção do Poder Moderador e adoção da tripartição de Montesquieu,com 
destaque para o Supremo Tribunal Federal. 
• 1934: reforçou o controle judicial e deu ao Senado poder para suspender 
execução de leis inconstitucionais. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• 1937: retrocesso autoritário, permitindo que o Presidente revalidasse lei 
declarada inconstitucional. 
• 1946: restaurou o controle judicial, consolidando a ação de 
inconstitucionalidade. 
• 1967 (regime militar): manteve a ADI e o controle difuso, mas concentrou 
poderes no Executivo. 
• 1988: grande marco. Criou: 
o controle das omissões legislativas (mandado de injunção + ADI por 
omissão); 
o ação declaratória de constitucionalidade (ADC); 
o fortalecimento do STF como guarda da Constituição. 
2.3 Neoconstitucionalismo 
Marco histórico: Segunda Guerra Mundial. O fracasso do positivismo e os abusos de 
regimes totalitários levaram à valorização dos direitos fundamentais e da força 
normativa da Constituição. 
Na Europa do pós-guerra: 
• Constituições longas, com direitos sociais, econômicos e culturais; 
• Valorização dos princípios e da proporcionalidade; 
• Protagonismo do Judiciário na concretização dos direitos. 
Nos EUA: 
• Constituição sintética, mas sempre reconhecida como lei suprema, aplicável 
diretamente pelos juízes. 
No Brasil: 
• A Constituição de 1988 trouxe supremacia formal e material da Constituição; 
• Reconhecimento normativo de regras e princípios; 
• Judicialização e ativismo judicial, muitas vezes suprindo omissões legislativas. 
 O neoconstitucionalismo brasileiro é marcado pela ampliação do papel do STF, pela 
desconfiança da população na política tradicional e pela aproximação entre Direito, 
moral e justiça social. 
3. Constituição: conceito, classificação e elementos 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
A Constituição pode ser chamada de Carta Magna, Lei das Leis ou Carta Fundamental. 
Não há conceito único e eterno, pois o significado varia conforme o contexto histórico. 
3.1 Conceito 
Constituição é o conjunto de normas supremas que organiza o Estado: povo, território, 
soberania, forma de governo, órgãos de poder e direitos fundamentais. 
Segundo Bulos, ela revela a “particular maneira de ser do Estado”. 
4. Constituição em Sentido Material-Real 
Segundo Ferdinand Lassalle, a Constituição verdadeira não é apenas o texto escrito 
(“folha de papel”), mas sim a soma dos fatores reais de poder que comandam a 
sociedade. 
• Se a Constituição escrita não refletir esses fatores reais, ela tende a sucumbir. 
• Para Lassalle, os problemas constitucionais são antes de tudo políticos e de 
poder, e não jurídicos. 
• Assim, a Constituição é instrumento de legitimação das forças dominantes da 
sociedade. 
Jorge Miranda complementa que a Constituição material reflete os princípios, valores e 
opções políticas de cada Estado em cada fase histórica. 
MOD II__________________________________________________________________________ 
Poder Constituinte 
O poder constituinte é a autoridade responsável por elaborar uma nova Constituição ou 
atualizar a já existente. Ele possui dois aspectos principais: 
1. Inovar a ordem jurídico-política, criando um novo Estado. 
2. Atualizar ou completar uma ordem já existente. 
Sua origem pode decorrer de: 
• Um processo histórico natural (evolução ou involução da sociedade). 
• Uma ruptura profunda na ordem jurídico-política anterior (como em guerras ou 
revoluções). 
 
1.1 Poder Constituinte Originário (ou Inicial) 
É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, criando um novo Estado. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
Características: 
• Inicial: instaura uma nova ordem. 
• Autônomo e ilimitado: não respeita limites da ordem anterior. 
• Incondicionado e soberano: não segue forma pré-fixada. 
 
1.2 Poder Constituinte Derivado (ou Secundário) 
É instituído pelo poder originário e aparece nas normas que tratam de mudanças na 
Constituição (como emendas). 
Características: 
• Não é ilimitado nem incondicionado. 
• Deve respeitar os limites impostos pelo poder originário. 
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê esses limites no art. 60, que traz: 
• Limitações formais: exigência de quórum especial (2/3 dos deputados e 
senadores em dois turnos). 
• Limitações materiais: não podem ser abolidos os princípios protegidos pelo art. 
60, §4º. 
• Limitações circunstanciais: não pode ser alterada durante intervenção federal, 
estado de defesa ou de sítio. 
Espécies de Poder Constituinte Derivado: 
 
 a) Reformador: modifica a Constituição sem criar nova ordem (ex.: emendas 
constitucionais). 
 
 b) Decorrente: permite aos Estados elaborarem suas constituições, respeitando a 
Constituição Federal. Esse processo deve observar o princípio da simetria, repetindo 
certos princípios da Constituição Federal (como imunidades parlamentares, federação 
etc). 
 
 c) Revisor: ocorre em momento único, determinado pelo constituinte originário, para 
revisar a Constituição. No Brasil, o art. 3º do ADCT determinou revisão após 5 anos da 
promulgação da Constituição de 1988, gerando 6 emendas de revisão. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
 
1.3 Direito Intertemporal 
Surge quando uma nova Constituição é promulgada, gerando a dúvida: o que acontece 
com as leis anteriores? 
Podem ocorrer quatro fenômenos: 
 
 a) Recepção: normas compatíveis permanecem; incompatíveis são revogadas. 
 
 b) Repristinação: norma revogada volta a valer porque a que a revogou perdeu eficácia. 
 
 c) Desconstitucionalização: normas da Constituição anterior permanecem se forem 
compatíveis. 
 
 d) Recepção material de normas constitucionais: normas anteriores persistem por 
prazo certo e precário. 
 
 Exemplo: após a CF/88, o art. 34 do ADCT manteve o sistema tributário da Constituição 
de 1969 por quatro meses. 
 
1.4 Mutação Constitucional 
A Constituição pode ser modificada de duas formas: 
• Formalmente: emendas ou revisões. 
• Informalmente: pela mutação constitucional. 
A mutação não altera o texto da Constituição, mas sim sua interpretação. Ela ocorre 
para adaptar a norma à realidade social, evitando que a Constituição se torne obsoleta 
(fossilização constitucional). 
Exemplo: 
 O art. 5º, XI da CF protege a inviolabilidade do domicílio. Inicialmente, "casa" significava 
apenas residência. Hoje, a interpretação do STF ampliou para incluir local de trabalho, 
quarto de hotel, trailer, etc. 
MOD III ________________________________________________________________________ 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
Normas Constitucionais e sua Interpretação 
1. Normas, Regras e Princípios 
O Direito se expressa por meio de normas jurídicas. Essas normas podem se apresentar 
como regras ou como princípios. 
1.1 Regras 
• As regras tratam de situações específicas. 
• Funcionam pela lógica do tudo ou nada (Dworkin). Isso significa que, diante de 
um caso concreto, ou a regra é aplicada integralmente, ou não se aplica. 
• Quando duas regras entram em choque, ocorre um conflito. Esse conflito é 
resolvido pelos critérios tradicionais: 
o Lei especial prevalece sobre lei geral. 
o Lei posterior afasta lei anterior. 
Exemplo: O artigo 4º do Código de Processo Penal diz que o inquérito policial serve para 
apurar a infração penal e sua autoria. É uma regra objetiva e fechada. 
1.2 Princípios 
• Os princípios são diretrizes gerais do sistema jurídico. 
• Seu campo de aplicação é mais amplo do que o das regras. 
• Quando princípios entram em choque, não ocorre exclusão, mas sim colisão. 
Eles podem ser aplicados simultaneamente, por meio de ponderação. 
• Robert Alexy definiu os princípios como mandados de otimização, ou seja, 
comandos que devem ser aplicados da melhor forma possível, dentrodo que for 
viável. 
Exemplo: O princípio da presunção de inocência não trata de um caso específico, mas 
orienta várias situações, como a forma de tratar o acusado e a distribuição do ônus da 
prova. 
1.3 Funções dos princípios 
• Fundamentadora: outras normas encontram seu fundamento nos princípios. 
Exemplo: o direito à defesa (art. 261 do CPP) se baseia nos princípios do 
contraditório e da ampla defesa. 
• Interpretativa: orientam a leitura e aplicação de todo o sistema jurídico. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• Supletiva ou integradora: servem para preencher lacunas. Exemplo: o art. 3º do 
CPP permite ao juiz recorrer aos princípios gerais quando não houver regra 
específica. 
 
2. Proporcionalidade e Razoabilidade 
Esses dois princípios orientam a aplicação das normas constitucionais, evitando 
arbitrariedades. 
2.1 Razoabilidade 
Segundo Humberto Ávila, a razoabilidade pode ser entendida de três formas: 
1. Razoabilidade como equidade: exige a harmonização entre norma geral e o 
caso concreto. 
a. Exemplo: aplicar a regra considerando a normalidade dos fatos. Se o caso 
for extraordinário, a regra pode não se aplicar. 
2. Razoabilidade como congruência: exige coerência entre norma e realidade. 
a. Uma norma criada para um contexto social específico pode deixar de ser 
adequada se a realidade mudar. 
b. Relaciona-se ao princípio da igualdade: não se pode diferenciar pessoas 
ou situações sem justificativa razoável. 
3. Razoabilidade como equivalência: exige equilíbrio entre a medida adotada e 
seu critério. 
a. Exemplo: a pena deve ser proporcional à culpa. 
 
2.2 Proporcionalidade 
A proporcionalidade é usada principalmente no controle dos atos do Estado. Ela exige 
que os meios utilizados para alcançar um fim sejam: 
• Adequados: capazes de atingir o objetivo pretendido. 
• Necessários: escolhidos entre os meios menos restritivos aos direitos 
fundamentais. 
• Proporcionais em sentido estrito: os benefícios obtidos devem superar as 
restrições impostas. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
Diferença entre razoabilidade e proporcionalidade: 
• A razoabilidade avalia a coerência entre a norma e o caso concreto. 
• A proporcionalidade avalia a relação entre meios e fins adotados pelo Estado. 
3. Eficácia das Normas Constitucionais 
Todas as normas constitucionais têm eficácia, mas em graus diferentes. 
3.1 Tipos de eficácia 
• Eficácia jurídica: a norma está apta a produzir efeitos quando ocorrer uma 
situação prevista. 
• Eficácia social: a norma é de fato aplicada, respeitada e seguida pela sociedade. 
3.2 Classificações das normas constitucionais 
José Afonso da Silva 
1. Normas de eficácia plena: produzem todos os efeitos desde a promulgação, 
sem necessidade de outra lei. 
a. Aplicabilidade direta, imediata e integral. 
b. Exemplo: art. 14, §2º, da CF. 
2. Normas de eficácia contida: são aplicáveis imediatamente, mas podem ter seu 
alcance restringido por lei infraconstitucional. 
a. Exemplo: art. 5º, XIII, CF (liberdade profissional limitada por qualificações 
legais). 
3. Normas de eficácia limitada: só produzem efeitos após regulamentação por lei 
infraconstitucional. 
a. Exemplo: art. 7º, XX, CF (proteção ao mercado de trabalho da mulher). 
MOD IIII________________________________________________________________________ 
Hermenêutica Constitucional 
Interpretar é descobrir o significado, conteúdo e alcance das palavras e símbolos do 
texto jurídico. Por exemplo, o artigo 5º, XI da Constituição Federal afirma que “a casa é 
asilo inviolável da pessoa”. Isso gera questionamento sobre o significado e extensão 
da palavra “casa”, relacionada à privacidade. 
Exegese é o ato de interpretar, proveniente do grego eksêgésis, e envolve exposição de 
fatos históricos, interpretação, comentário ou tradução de textos. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
Hermenêutica é a ciência que estuda os métodos e técnicas de interpretação de 
textos, incluindo os jurídicos. 
1. Quem pode interpretar a Constituição? 
Oficialmente, o Supremo Tribunal Federal, conforme o art. 102, I, “a”, da Constituição 
de 1988. Porém, segundo Peter Häberle, todas as pessoas podem participar da 
interpretação, promovendo a democratização da exegese constitucional. Casos de 
grande repercussão, como pesquisas com células-tronco, têm sido discutidos em 
audiências públicas antes da decisão judicial. 
 
1.1 Características da Constituição para interpretação 
A Constituição exige critérios específicos de interpretação devido a: 
• Caráter político-jurídico fundamental: regula assuntos que não poderiam ser 
tratados por lei ordinária, como a organização do Estado e princípios 
fundamentais. 
• Estabelecimento de direitos fundamentais: abstratos e limitadores da atuação 
estatal. 
• Caráter ideológico: questões controversas como aborto envolvem valores 
culturais, religiosos e filosóficos variados. 
 
1.2 Objeto da interpretação 
O objeto é o texto constitucional, com suas regras e princípios, visando a aplicação a 
casos concretos. 
• Os princípios funcionam como guia interpretativo. 
• O preâmbulo auxilia a interpretação, destacando pontos basilares do sistema 
constitucional. 
• Sentenças de matéria constitucional também são objeto de interpretação, 
especialmente após a criação da ação declaratória de constitucionalidade com 
efeito vinculante. 
Para uma boa interpretação, todos os elementos da Constituição devem ser 
considerados de forma complementar. 
 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
1.3 Fontes interpretativas 
As fontes de interpretação da Constituição podem ser divididas em cinco grupos: 
1.3.1 Poder Legislativo – interpretação político-legislativa 
O legislador interpreta a Constituição ao elaborar leis, verificando: 
• Conformidade formal: respeito aos ritos constitucionais de elaboração. 
• Conformidade material: compatibilidade do conteúdo da lei com a 
Constituição. 
O controle preventivo da constitucionalidade ocorre nas Comissões de Constituição e 
Justiça, que analisam os projetos de lei antes da aprovação. 
1.3.2 Poder Judiciário – interpretação jurisdicional 
O Judiciário adapta a norma abstrata ao caso concreto e verifica a constitucionalidade 
das leis. 
• As leis são genéricas e abstratas; o juiz individualiza e concretiza seu conteúdo. 
• O controle de constitucionalidade é a análise da compatibilidade de uma lei 
com a Constituição. 
A formação do jurista deve incluir ética e valores constitucionais, para que a 
interpretação seja justa, razoável e equilibrada. 
1.3.3 Poder Executivo – interpretação administrativa 
O Executivo interpreta a Constituição ao: 
• Aplicar atos administrativos de acordo com princípios constitucionais como 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
• Criar atos normativos, como decretos e regulamentos. 
• Exercitar controle prévio de constitucionalidade, vetando projetos de lei 
contrários à Constituição. 
 
 
1.3.4 Doutrina – interpretação doutrinária 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
A doutrina sistematiza o Direito e elabora conceitos interpretativos, indicando 
soluções adequadas em determinado contexto social. 
• A autoridade da interpretação depende da reputação intelectual e da força 
argumentativa do autor. 
1.3.5 Sociedade e fontes genéricas 
Cidadãos, órgãos estatais, grupos sociais e opinião pública também interpretam a 
Constituição em sentido amplo, contribuindo para a democratização da interpretação. 
• Peter Häberle: toda pessoa que vive a norma interpreta ou co-interpreta a 
Constituição. 
 
1.4 Métodos de interpretação constitucional 
Não há hierarquia entre os métodos; todos contribuem para a melhor compreensão dotexto constitucional. 
a) Método jurídico (Ernest Forsthoff) 
• Sistemático: harmonização da norma com o ordenamento jurídico. 
• Teleológico: interpretação conforme os fins sociais e o bem comum. 
• Gramatical: análise do sentido das palavras no contexto. 
• Histórico: compreensão do contexto histórico da norma. 
• Autêntica: interpretação feita pelo próprio legislador. 
b) Método tópico-problemático (Theodor Viehweg) 
• Parte do caso concreto para interpretar a norma. 
• Criticado por risco de incongruência com o sistema jurídico. 
c) Método hermenêutico-concretizador (Konrad Hesse) 
• Parte do texto para aplicá-lo ao caso concreto. 
• Requer visão panorâmica do conteúdo normativo e dos valores constitucionais. 
d) Método científico-espiritual ou integrativo (Rudolf Smend) 
• Enxerga a Constituição como fenômeno cultural dinâmico, integrado à 
sociedade. 
e) Método normativo-estruturante (Friedrich Müller) 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• Distinção entre norma e texto da norma; interpretação é a concretização da 
norma, considerando doutrina, jurisprudência e fatores sociais. 
f) Método de comparação constitucional (Peter Häberle) 
• Compara pontos comuns ou divergentes entre diferentes constituições. 
 
1.5 Princípios de interpretação constitucional 
• Supremacia da Constituição: norma mais alta do sistema; leis incompatíveis 
são nulas. 
• Força normativa: otimizar os preceitos constitucionais; decisões do STF têm 
efeito vinculante. 
• Unidade da Constituição: interpretar de forma integrada; evitar conflitos 
normativos. 
• Concordância prática: harmonizar direitos em conflito; aplicação de um não 
deve suprimir outro. 
• Máxima efetividade: garantir maior eficácia social às normas, principalmente 
direitos fundamentais. 
• Correção funcional: respeitar a repartição constitucional de competências 
entre os poderes. 
• Interpretação intrínseca: buscar sentido dentro do próprio texto 
constitucional. 
• Proporcionalidade: adequar meios aos fins, evitando sacrifício desnecessário 
de direitos. 
 
1.6 A força da realidade na interpretação 
As normas constitucionais devem considerar a realidade concreta em que incidem. 
• A interpretação deve acompanhar transformações sociais e científicas. 
• Mesmo no controle abstrato de constitucionalidade, deve-se considerar a gama 
de situações possíveis. 
• Se a interpretação for incompatível com a Constituição, a norma deve ser 
declarada inconstitucional. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
 
REVISÃO DO PROPOSTO EM CADERNO_____________________________ 
1. O que é o Leviatã? 
O Leviatã é um livro escrito por Thomas Hobbes em 1651, em plena época de guerras 
civis na Inglaterra. Hobbes buscou entender como seria possível a ordem social em 
meio à desordem natural e ao conflito humano. 
O título faz referência a um monstro bíblico, simbolizando o Estado poderoso e 
absoluto, capaz de impor ordem e segurança. 
 
2. Estado de Natureza 
Hobbes começa com o conceito de Estado de Natureza, que é a situação hipotética 
da humanidade antes de existir qualquer Estado ou sociedade organizada. 
• Neste estado, todos têm direito a tudo: cada pessoa pode fazer o que quiser 
para sobreviver. 
• Consequência: “guerra de todos contra todos” (bellum omnium contra 
omnes). 
• Não há segurança, paz ou justiça; a vida é “solitária, pobre, desagradável, 
brutal e curta”. 
• 
3. Contrato Social 
Para sair do estado de natureza, Hobbes propõe o Contrato Social: 
• Cada indivíduo abre mão de parte de sua liberdade natural para um poder 
soberano, o Leviatã. 
• Esse poder é responsável por garantir segurança, ordem e paz. 
• Diferente de Rousseau, que via o contrato como união em prol da liberdade 
coletiva, Hobbes prioriza a sobrevivência e segurança. 
 
4. Poder Absoluto e Função do Estado 
O Leviatã representa o Estado absoluto: 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• O soberano detém todo o poder político (legislativo, executivo, judiciário, 
segundo Hobbes). 
• Justifica a centralização do poder para evitar o caos natural do ser humano. 
• O povo deve obedecer, em troca de proteção. 
 
5. Relação com Direito Constitucional 
No contexto do Direito Constitucional: 
• Hobbes é precursor do pensamento sobre o poder soberano e sua 
necessidade de ser limitado pelo contrato social. 
• Sua ideia ajuda a entender origem do Estado, centralização do poder, 
necessidade de leis e normas para regular conflitos. 
• O Leviatã é um modelo extremo, contrastando com a ideia de separação de 
poderes (Montesquieu) e democracia moderna. 
 
6. Comparação com Outros Filósofos 
• Aristóteles: via o homem como “animal político”, naturalmente vivendo em 
sociedade; não via a guerra de todos contra todos como natural. 
• Rousseau: Estado nasce para proteger a liberdade, enquanto Hobbes vê o 
Estado como necessário para evitar a destruição da vida. 
• Santo Tomás de Aquino: pensava que o Estado deveria estar de acordo com a 
Lei Natural e a moral; Hobbes submete a moral à autoridade do soberano. 
• Hobbes e Hobbesianos: o Leviatã é símbolo da necessidade do poder 
absoluto, sem o qual não há paz nem segurança. 
 
Resumo Didático 
• Estado de Natureza: caos, conflito, ausência de regras. 
• Contrato Social: indivíduos delegam poder a um soberano (Leviatã). 
• Função do Estado: segurança, paz, prevenção da guerra de todos contra todos. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
1. Direito Constitucional e Constitucionalismo 
• Direito Constitucional: ramo do direito que estuda a Constituição, seus 
princípios e normas. Ele define a organização do Estado, os poderes e garante 
direitos fundamentais. Em resumo, regula o poder e protege os cidadãos. 
• Constitucionalismo: ideia de limitar o poder do Estado por normas escritas, 
assegurando liberdade, igualdade e direitos. Surge contra o absolutismo, 
oferecendo segurança jurídica e proteção contra arbitrariedades. 
2. Origens da Sociedade e Teorias Políticas 
A compreensão do Estado começa com reflexões filosóficas sobre a natureza humana 
e sua convivência em sociedade. 
2.1 Sociedade Natural vs. Contratualista 
• Sociedade Natural (Aristóteles): o homem é “animal político”, naturalmente 
voltado à vida em sociedade para alcançar virtude e bem comum. 
• Sociedade Contratualista (Hobbes, Locke, Rousseau): o homem sai do 
estado de natureza mediante contrato social, garantindo segurança e direitos. 
2.2 Estado de Natureza e Guerra de Todos Contra Todos 
• Hobbes: no estado de natureza, o homem vive em conflito constante, motivado 
pelo medo e interesse próprio. 
• Solução: Estado forte, centralizado, para impor ordem e evitar violência. 
2.3 Acordo de Vantagens e Contrato Social 
• Locke: contrato social baseado em vantagens mútuas, protegendo vida, 
liberdade e propriedade. 
2.4 Santo Tomás de Aquino 
• Lei natural deriva da razão divina e deve orientar a justiça humana e o 
funcionamento do Estado. 
• Contribui para o constitucionalismo, mostrando que o poder político deve 
respeitar limites morais e éticos. 
 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
3. Divisão de Poderes 
O princípio da separação de poderes foi formalizado por Montesquieu para evitar a 
concentração de poder e proteger a liberdade dos cidadãos. 
• Legislativo: cria as leis. Ex.: Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e 
Senado Federal) no Brasil. 
• Executivo: aplica e administra as leis. Ex.: Presidente, governadores e prefeitos. 
• Judiciário: interpreta e aplica as leis em casos concretos, garantindo justiça e 
resolução de conflitos. Ex.: Tribunais e juízes. 
Por que separar? 
 Se uma única pessoa ou órgão tivesse todos os poderes, haveria risco de abuso e 
autoritarismo. Aseparação garante equilíbrio e limitações mútuas. 
2. Freios e Contrapesos (Checks and Balances) 
Não basta apenas separar os poderes; é necessário que cada um controle e limite os 
outros, evitando abusos. 
Exemplos práticos: 
• O Legislativo pode aprovar ou rejeitar leis e fiscalizar o Executivo. 
• O Executivo pode vetar leis aprovadas pelo Legislativo (mas o Legislativo pode 
derrubar o veto). 
• O Judiciário pode declarar leis ou atos do Executivo inconstitucionais. 
Objetivo: manter equilíbrio, impedir que um poder se sobreponha ao outro e proteger 
direitos dos cidadãos. 
 
 
 
3. Função Individual do Estado 
O Estado não existe apenas para organizar órgãos e poderes; ele tem funções sociais: 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
1. Organizar a sociedade: estabelecer regras, leis e instituições que garantam 
ordem. 
2. Assegurar liberdade: proteger direitos fundamentais (liberdade de expressão, 
direito à propriedade, etc.). 
3. Garantir segurança: polícia, sistema judiciário e normas que previnem abusos 
e violência. 
4. Promover justiça: assegurar que todos tenham direitos iguais e que conflitos 
sejam resolvidos de maneira justa. 
Resumo prático: 
 A separação de poderes e os freios e contrapesos são mecanismos que permitem ao 
Estado cumprir sua função sem se tornar autoritário. Cada órgão tem sua função, mas 
precisa cooperar e limitar os demais para manter a ordem, a justiça e os direitos 
individuais. 
 
1. Evolução do Constitucionalismo 
O constitucionalismo mudou ao longo do tempo para acompanhar as transformações 
sociais e políticas. 
a) Estado Liberal 
• Período histórico: séculos XVII e XVIII, pós-Revolução Inglesa e Francesa. 
• Características principais: 
o Proteção da liberdade individual. 
o Separação de poderes para evitar concentração de poder. 
o Garantia de direitos civis e políticos, como liberdade de expressão, 
direito ao voto, propriedade privada. 
• Objetivo: limitar o poder do Estado e proteger o cidadão contra abusos. 
b) Estado Social 
• Período histórico: século XX, após crises sociais e revoluções. 
• Características principais: 
o Inclusão de direitos sociais e econômicos, como educação, saúde, 
trabalho digno e previdência social. 
o O Estado não protege apenas a liberdade formal, mas também busca 
igualdade de oportunidades. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• Objetivo: reduzir desigualdades e garantir condições mínimas de vida para 
todos. 
c) Estado Pós-Social / Neoconstitucionalismo 
• Período histórico: final do século XX até hoje. 
• Características principais: 
o Integração de valores fundamentais e direitos humanos como 
princípios estruturantes da Constituição. 
o Maior proteção judicial dos direitos, reforçando o controle de 
constitucionalidade. 
o Busca equilibrar liberdade individual, direitos sociais e coletivos. 
• Objetivo: tornar a Constituição instrumento de justiça e proteção ampla dos 
direitos, não apenas uma lista de garantias formais. 
Direitos Fundamentais 
Os direitos fundamentais evoluíram junto com o constitucionalismo, sendo divididos 
em três dimensões: 
1ª dimensão – Direitos Civis e Políticos 
• Garantem liberdade e participação política. 
• Ex.: liberdade de expressão, direito ao voto, direito à vida, igualdade perante a 
lei. 
• Relacionados ao Estado Liberal. 
2ª dimensão – Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
• Garantem igualdade material e condições dignas de vida. 
• Ex.: saúde, educação, trabalho digno, previdência social. 
• Relacionados ao Estado Social. 
3ª dimensão – Direitos Difusos e Coletivos 
• Protegem interesses da coletividade e do meio ambiente. 
• Ex.: proteção ambiental, defesa de minorias, direitos de grupos vulneráveis, 
patrimônio cultural. 
• Relacionados ao Estado Pós-Social e Neoconstitucionalismo. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
Resumo prático: 
 A evolução do constitucionalismo reflete a ampliação da proteção ao cidadão: da 
liberdade individual (Estado Liberal) para a igualdade social (Estado Social), e 
finalmente para a proteção ampla de valores humanos e coletivos 
(Neoconstitucionalismo). Cada geração de direitos amplia a responsabilidade do 
Estado. 
Controle Constitucional 
O controle de constitucionalidade garante que todas as leis e atos do Estado estejam 
compatíveis com a Constituição. 
Instrumentos principais 
• ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade): verifica se uma lei ou ato é 
incompatível com a Constituição. 
• ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental): protege 
preceitos fundamentais da Constituição, quando há risco de lesão ou ameaça. 
• Jurisprudência: decisões reiteradas dos tribunais que orientam a interpretação 
constitucional. 
Cláusulas pétreas (Art. 60, §4º CF) 
• São limites materiais à alteração da Constituição. 
• Ex.: a Constituição não pode ser alterada para abolir direitos fundamentais, 
como: 
o Separação de poderes 
o Voto direto e secreto 
o Liberdade de expressão 
o Direitos sociais básicos 
• Objetivo: proteger o núcleo essencial da Constituição e garantir estabilidade e 
segurança jurídica. 
ESTUDO AVULSO____________________________________________________________ 
Controle de Constitucionalidade – Resumo 
O controle de constitucionalidade é o mecanismo que verifica se leis e atos 
normativos estão em conformidade com a Constituição, garantindo a sua supremacia 
e respeitando sua rigidez. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais 
1. Supremacia da Constituição: nenhuma norma pode contrariá-la; ela ocupa o 
topo da hierarquia jurídica. 
2. Rigidez Constitucional: a Constituição só pode ser alterada por procedimentos 
especiais, não por lei ordinária. 
 
Efeitos da Inconstitucionalidade 
• Ex tunc: os efeitos são retroativos, tratando a norma como se nunca tivesse 
existido. 
• Modulação de efeitos: o STF pode limitar os efeitos no tempo para preservar 
segurança jurídica e interesse social. Essa decisão precisa de dois terços dos 
ministros (8 de 11). 
 
Tipos de Inconstitucionalidade 
1. Por ação: norma contraria a Constituição. 
2. Por omissão: ausência de norma regulamentadora necessária. 
• Ações correspondentes: mandado de injunção (omissão) e ação direta de 
inconstitucionalidade (ação). 
 
Formas de Controle 
1. Preventivo: verifica constitucionalidade antes da promulgação da lei; pode ser 
exercido pelos três poderes. 
2. Repressivo: verifica constitucionalidade após a promulgação; exercido apenas 
pelo Judiciário. 
 
Modalidades do Controle Repressivo 
• Difuso: qualquer juiz pode declarar inconstitucionalidade em caso concreto, 
com efeitos apenas entre as partes envolvidas. 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
• Abstrato: tribunais superiores (como o STF) analisam a norma em tese, sem 
caso específico. 
• Reserva de plenário: decisões de controle abstrato exigem maioria absoluta 
dos membros do tribunal. 
Emendas Constitucionais 
• Também podem ser declaradas inconstitucionais se violarem cláusulas 
pétreas ou não seguirem o processo legislativo adequado. 
 
Destaques 
• Garante compatibilidade de leis com a Constituição. 
• Baseado na supremacia e rigidez constitucional. 
• Declaração de inconstitucionalidade tem efeitos retroativos, mas STF pode 
modular para preservar segurança jurídica. 
• Tipos: por ação ou por omissão, com ações específicas para cada. 
• Controle: preventivo (antes da promulgação) ou repressivo (após a 
promulgação). 
• Repressivo: difuso (juízes, casos concretos) ou abstrato (STF, norma em tese). 
REVISA 
1. Conceito 
Mecanismo que verifica se leis e atos normativos estão de acordo com a 
Constituição. 
 
2. Pressupostos 
• Supremacia da Constituição: nenhuma norma pode contrariá-la.• Rigidez constitucional: a Constituição só pode ser alterada por procedimento 
mais complexo que o das leis ordinárias. 
 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
3. Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade 
• Regra geral: lei declarada inconstitucional é nula e os efeitos são retroativos 
(ex tunc). 
• Exceção: STF pode modular os efeitos (ex nunc) para proteger segurança 
jurídica e interesse social. 
o Modulação exige 2/3 dos ministros do STF (8 ministros). 
 
4. Tipos de Inconstitucionalidade 
a) Quanto à ação 
1. Por ação: edição de ato normativo inconstitucional. 
2. Por omissão: falta de norma regulamentadora necessária. 
a. Ações correspondentes: 
i. Mandado de injunção → controle difuso 
ii. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão → controle 
abstrato/concentrado 
 
b) Quanto ao vício 
1. Material: conteúdo normativo contraria a Constituição. 
a. Ex.: lei autorizando tortura. 
2. Formal: ato normativo desrespeita processo legislativo. 
a. Ex.: editar emenda constitucional durante Estado de Sítio. 
 
c) Quanto ao momento 
1. Preventivo: antes da promulgação. Pode ser feito pelos 3 poderes: 
a. Legislativo: parecer da CCJ + votação do projeto. 
b. Executivo: veto de projeto de lei. 
c. Judiciário: mandado de segurança impetrado por parlamentar. 
2. Repressivo: após a promulgação. Feito apenas pelo Judiciário: 
REVISÃO CONTROLE E 
CONSTITUCIONALIDADE 
PROF. CRISTINA 
HERCULANO 
SETEMBRO 2025 
 
 
 
a. Difuso/concreto: qualquer juiz/tribunal; efeitos inter partes (somente 
para as partes). 
b. Abstrato/concentrado: STF (CF) ou TJ (CE); analisa a norma em tese. 
i. Ações principais: ADI. 
ii. Cláusula de reserva de plenário: decisão colegiada, por maioria 
absoluta, não por turma ou câmara. 
 
5. Controle de Emendas Constitucionais 
Emendas podem ser declaradas inconstitucionais se: 
1. Tendem a abolir cláusula pétrea. 
2. Não seguem regras do processo legislativo. 
O termo “inter partes” vem do latim e significa literalmente “entre as partes”. 
No contexto do controle de constitucionalidade, ele é usado para explicar os efeitos 
de uma decisão judicial: 
• Quando a declaração de inconstitucionalidade tem efeito inter partes, só vale 
para as partes envolvidas no processo. 
• Ou seja, a lei ou ato declarado inconstitucional não deixa de existir para todos, 
apenas não se aplica às partes do caso concreto. 
Exemplo prático 
Se um juiz declara que uma lei é inconstitucional em uma ação concreta entre João e o 
Estado, a lei continua válida para outras pessoas, mas não pode ser aplicada 
contra João naquele caso específico. 
• Difuso/concreto: geralmente gera efeito inter partes. 
• Abstrato/concentrado: gera efeito erga omnes (“para todos”), ou seja, a 
decisão vale para toda a sociedade.

Mais conteúdos dessa disciplina