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10/03/2016 1 Departamento de Farmacologia e Psicobiologia • Hematopoiese → produção de células-tronco indiferenciadas que dão origem aos eritrócitos, plaquetas e glóbulos brancos. • A hematopoiese exige um suprimento constante de: Ferro Vitamina B12, Ácido fólico Fatores de crescimento hematopoético (ex. eritropoetina) BASE FISIOLÓGICA • Eritropoiese: é o processo de formação dos eritrócitos. • Série eritróide: a produção de elementos precursores desta série (proeritroblastos) se dá através do estímulo da eritropoetina, produzida principalmente (90%) no rim quando ocorre baixa na tensão de O2. • As células mais imaturas apresentam alta síntese de hemoglobina, enquanto as mais maduras vão adquirindo ferro e, por fim, perdem os núcleos e originam as hemácias. • As hemácias sobrevivem cerca de 120 dias na circulação, sendo retiradas da circulação pelos macrófagos do sistema reticuloendotelial. BASE FISIOLÓGICA •Composta por uma porção protéica (globina) e o heme. •A globina tem 4 cadeias protéicas (2α e 2β) e 4 hemes por molécula de hemoglobina. •Heme: anel tetrapirrólico (porfirina). No centro do anel se aloja um átomo de Fe++. •No catabolismo normal da hemoglobina, o ferro e a hemoglobina são reaproveitados e a porfirina é descartada. HEMOGLOBINA 10/03/2016 2 • Diminuição do número de eritrócitos por mm3 (hematócrito em homens < 41% e em mulheres < 36%) ou • Diminuição da concentração de hemoglobina abaixo das necessidades para a adequada oxigenação (hemoglobina em homens < 12 g ⁄100ml e em mulheres < 11 g ⁄100ml ) DEFINIÇÃO DE ANEMIA 1- Deficiência de nutrientes necessários à hematopoiese • Ferro, Vitamina B12, Ác. fólico 2- Depressão da medula óssea, causada por: • Toxicidade farmacológica • Radioterapia • Doença da medula óssea (ex. Leucemia) • Redução da eritropoietina (IRC, AIDS, artrite reumatóide) 3- Destruição excessiva de eritrócitos – Anemia hemolítica 4- Defeitos genéticos CAUSAS DA ANEMIA • Aplástica (aplasia de medula) • Perniciosa • Hemolítica • Sideroblástica • Falciforme • Talassemia • Ferropriva • Megaloblástica TIPOS DE ANEMIA 10/03/2016 3 A correção terapêutica de uma deficiência específica depende do diagnóstico diferencial da anemia. DIAGNÓSTICO I- Hemograma completo Eritrócitos Hemoglobina Hematócrito Vol. corpuscular médio (VCM): microcítica, macrocítica, normocítica Conc. de Hb corpuscular média (CHCM): hipocrômica, hipercrômica Indice de anisocitose (RDW) Série Branca (Leucograma/ Plaquetas) II- Esfregaço de sangue (Morfologia celular) Teor de hemoglobina Anisocitose (variação no tamanho das céls.) Pecilocitose (variação na forma das céls.) III- Estudos do suprimento de ferro Ferro sérico, Ferritina, Transferrina, TIBC (Capacidade total de ligação ao ferro) IV- Exame de medula óssea Aspirado de M.O., Biópsia de M.O. V- Outros Ácido Fólico, Vitamina B12, Contagem de reticulócitos DIAGNÓSTICO (AVALIAÇÃO LABORATORIAL) DEFINIÇÃO DE ANEMIA Valores normais para eritrócitos, hemoglobina, hematócrito Tipo de indivíduo Eritrócitos (x106/mm³) Hemoglobina (g/100mL) Hematócrito (%) Mulheres 4,0 - 5,6 12 - 16,5 35 - 47 Homens 4,5 - 6,5 13,5 - 18 40 - 54 Recém nascidos (a termo) 4 - 5,6 13,5 - 19,6 44 - 62 Crianças (3 meses) 4,5 - 4,7 9,5 - 12,5 32 - 44 Crianças (1 ano) 4,0 - 4,7 11,0 - 13 36 - 44 Crianças (10 a 12 anos) 4,5 - 4,7 11,5 - 14,8 37 - 44 Mulheres (gestantes) 3,9 - 5,6 11,5 - 16,0 34 - 47 <41% <36% <12 <11 DEFINIÇÃO DE ANEMIA Idade VCM (μ³) HCM (pg) CHCM (%) Mulheres 81 - 101 27 - 34 31,5 - 36 Homens 82 - 101 27 - 34 31,5 - 36 Crianças (3 meses) 83 - 110 24 - 34 27 - 34 Crianças (1 ano) 77 - 101 23 - 31 28 - 33 Crianças (10 a 12 anos) 77 - 95 24 - 30 30 - 33 Valores normais para volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração da hemoglobina corpuscular (CHCM). 10/03/2016 4 Classificação morfológica • Anemia microcítica hipocrômica: eritrócitos pequenos com pouca hemoglobina; • Anemia macrocítica: eritrócitos grandes, n. reduzido; • Anemia normocítica normocrômica: eritrócitos de tamanho normal, com conteúdo de Hb normal, mas em menor número. DIAGNÓSTICO Hemácias normais Microcitose Reticulócitos Macrocitose • Aplástica (aplasia de medula) • Perniciosa • Hemolítica • Sideroblástica • Falciforme • Talassemia • Ferropriva • Megaloblástica TIPOS DE ANEMIA • Ausência de ferro em quantidades adequadas → formação de pequenos eritrócitos com hemoglobina insuficiente → anemia microcítica hipocrômica (anemia ferropriva). ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO 10/03/2016 5 ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO • Uma das principais funções do ferro é o transporte e armazenamento do oxigênio. • O ferro inorgânico livre é extremamente tóxico. • De forma diferente de outros metais, o ferro é bem conservado no organismo para a sua reutilização. • A homeostasia do ferro é mantida pela absorção intestinal e armazenamento em resposta às necessidades do organismo. • O excesso de ferro é eliminado pela descamação da pele, do TGI ou por perda sanguínea. HOMEOSTASIA DO FERRO A homeostasia do ferro é mantida pela absorção intestinal e armazenamento em resposta às necessidades do organismo. NECESSIDADES DE FERRO •São determinadas pelas perdas fisiológicas obrigatórias e pelas necessidades impostas pelo crescimento. Indivíduo Necessidade de ferro (mcg/Kg) Lactente 67 Criança 22 Adolescente M 21 Adolescente F 20 Adulto M 13 Adulto F 21 gravidez 80 Fonte dietética: carne É o ferro do heme na Hb e mioglobina (Ferro hêmico) é absorvido de modo mais eficiente , sem necessidade de dissociação em ferro elementar. Obs.: O ferro não hêmico (presente em cereais e vegetais) deve ser reduzido a ferro ferroso. ABSORÇÃO DO FERRO *apoferritina * 10/03/2016 6 • Fatores que Influenciam na Absorção de Ferro: – O tipo de alimento (férrico ou ferroso) – Combinação com sais (fitatos e fosfatos) – Presença de ácido ascórbico e acido clorídrico no suco gástrico – Combinação com outros minerais divalentes – A absorção de ferro aumenta em resposta à presença de baixas reservas de ferro ou de aumento de suas necessidades. ABSORÇÃO DE FERRO HOMEOSTASIA DO FERRO HOMEOSTASIA DO FERRO • O aumento da eritropoiese está associado a um aumento do número de receptores de transferrina nas células eritróides. • A depleção das reservas de ferro e a anemia ferropriva estão associadas a um aumento da concentração sérica de transferrina. • Quando os níveis de ferro livre estão baixos, a síntese de apoferritina é inibida e o equilíbrio da ligação do ferro é desviado para transferrina. • Quando os níveis de ferro livre estão elevados, ocorre maior produção de apoferritina, evitando os efeitos tóxico do ferro. INDICAÇÕES PARA O USO DE FERRO • Tratamento e prevenção da anemia ferropriva. • Grupos de risco: lactentes, gestantes, indivíduos com gastrectomia ou doença grave do intestino delgado. • Aumento das necessidades ou perda de ferro - Pacientes em hemodiálise e/ou fazendo uso de eritropoietina 10/03/2016 7 • Não farmacológico – Carnes – Vitamina C aumenta aabsorção – Chá e café reduzem a absorção • Farmacológico – Reposição de ferro TRATAMENTO Indicações: • Via oral: Se a absorção do ferro pelo TGI estiver normal. • Via parenteral: – Mal absorção de ferro (Afecções pós-gastrectomia, ressecção do intestino, Doença de Crohn) – Intolerância ao ferro por via oral – Perda sanguínea extensa e crônica – Pacientes em hemodiálise e/ou fazendo uso de eritropoietina TRATAMENTO – Escolha da via de administração • Produtos por via oral: TRATAMENTO – Via oral • 200 mg de ferro elementar por dia (cerca de 25% é absorvido) • 2-3 x dia para melhorar a tolerabilidade • Tomar próximo as refeições • Manter o tratamento com ferro por 3-6 meses após a normalização da hemoglobina (Restabelece as reservas de ferro) • Interações medicamentosas: Antiácidos, Tetraciclinas, Hormônios tireoideanos • Efeitos adversos: Náuseas, desconforto epigástrico, constipação ou diarréia, Fezes escuras TRATAMENTO – Via oral 10/03/2016 8 • Produtos por via IM ou IV: – Ferrodextrana (hidróxido férrico + dextrana) – contém 50mg/ml de Fe elementar – Reações adversas: cefaléia, tonteira, nausea, rubor, urticária, reação anafilática – Risco de reação de hipersensibilidade grave: necessário uma pequena dose de teste. TRATAMENTO – Via parenteral • Outros agentes: – Complexo ferro-sacarose e o complexo de gliconato sódico de ferro (Administração IV) – Possuem menos tendência do que a ferrodextrana a provocar reações de hipersensibilidade. – Deve-se proceder monitoração periódica dos níveis de armazenamento do ferro em pacientes tratados cronicamente com ferro parenteral: ferritina sérica e saturação da transferrina. TRATAMENTO – Via parenteral TOXICIDADE AGUDA DO FERRO • É observada quase exclusivamente em crianças que ingeriram diversos comprimidos de ferro acidentalmente. • Sintomas → Gastroenterite necrosante, vômito, dor abdominal, diarréia sanguinolenta, seguido de choque, letargia e dispnéia. Pode levar a uma acidose metabólica grave, coma e morte. • Tratamento → Irrigação intestinal completa e deferoxamina (potente quelante do ferro). TOXICIDADE CRÔNICA DO Fe (Hemocromatose) • Deposição excessiva de ferro no coração, fígado e pâncreas; • Maior frequência na hemocromatose hereditária e em pacientes que recebem muitas transfusões de hemácias por longos períodos (Talassemia Major). • Tratamento: - Flebotomias intermitentes (na ausência de anemias) - Uso de quelantes de ferro (deferoxamina e deferasirox) 10/03/2016 9 Anemia megaloblástica • Manifestação clínica característica da deficiência da vitamina B12 ou do ácido fólico. • Ambas as vitaminas são necessárias para a síntese de DNA e consequentemente para proliferação celular (hematopoiese). • Deficiência de Vit. B12 ou ác. fólico hematopoiese megaloblástica diferenciação eritroblástica alterada eritropoiese defeituosa. • Achados clínicos: anemia macrocítica, frequentemente associada a leucopenia ou trombocitopenia. • A deficiência de vitamina B12 provoca a síndrome neurológica, não observada na deficiência de ácido fólico. Ações bioquímicas interdependentes do folato e Vit. B12 Ações bioquímicas da vitamina B12 • Reação enzimática que exige a presença de vit. B12: conversão da metilmalonil-CoA em succinil-CoA. • A administração de ácido fólico não irá impedir as manifestações neurológicas, apesar de corrigir, em grande parte, a anemia causada por deficiência de B12. Metilmalonil-CoA mutase • Reação enzimática que exige a presença de vit. B12: conversão da metilmalonil-CoA em succinil-CoA. • A administração de ácido fólico não irá impedir as manifestações neurológicas, apesar de corrigir, em grande parte, a anemia causada por deficiência de B12. Metilmalonil-CoA mutase Manifestações neurológicas Ações bioquímicas da vitamina B12 10/03/2016 10 Ações bioquímicas interdependentes do folato e Vit. B12 Manifestações neurológicas Anemia megaloblástica Uma vez estabelecido o diagnóstico de anemia megaloblástica é necessário determinar se a causa reside na deficiência de vit. B12 ou ac. Fólico. Em geral, isso pode ser determinado pela dosagem dos níveis séricos das vitaminas. VITAMINA B12 • A desoxiadenosilcobalamina e a metilcobalamina constituem as formas ativas da vitamina. • A cianocobalamina e a hidroxocobalamina encontradas em alimentos são convertidas nas formas ativas. • Necessidades diárias: 2g/dia • A vitamina B12 é avidamente armazenada no fígado (3000-5000 g), somente pequenas quantidades são perdidas nas fezes e urina. • Fonte dietética: carnes, ovos e laticínios. Um adulto médio possui um compartimento de reserva total de vit. B12 de 3.000 a 5.000 mcg. FARMACOCINÉTICA DA VITAMINA B12 10/03/2016 11 • Ingestão inadequada (rara) - Vegetarianos estritos. • Diminuição da absorção: - Devido a falta de fator intrínseco Anemia perniciosa, Gastrectomias - Perda do mecanismo específico de absorção no íleo distal Ressecções intestinais, Doença de Crohn. CAUSAS DA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 • Via oral Somente nos casos de insuficiência dietética. • Via parenteral Quase todos os casos de deficiência são provocados por má absorção (Falta de fator intrínseco ou perda do mecanismo de específico de absorção no íleo distal). Portanto, são necessárias injeções parenterais de vitamina B12 para o tratamento. TRATAMENTO – Escolha da via de administração • Via oral - Dose: 2 mg de Vitamina B12 cristalina ao dia • Via parenteral - Fármacos (IM): cianocobalamina ou hidroxocobalamina - Terapia inicial: 1000 g por via IM, a cada dois ou três dias, até normalização do hemograma. - Dose de manutenção: 1000 g por via IM ao mês pelo resto da vida (no caso de anemia perniciosa). TRATAMENTO – via parenteral ÁCIDO FÓLICO • Esta deficiência é mais comum que a por vitamina B12 • Necessidades diárias: 50-100 mcg • Estoque corporal de 5-20 mg (Os folatos são excretados na urina e nas fezes e também são destruídos por catabolismo). • Fonte dietética: Leveduras, fígado, rins e verduras. • A deficiência de folato ultrapassa o problema da anemia, visto que está associada a malformações congênitas em recém-nascidos. 10/03/2016 12 MUCOSA INTESTINAL PLASMA CÉLULAS Poliglutamato de N5-metiltetraidrofolato Glutamato de N5-metiltetraidrofolato α-1-glutamil transferase Glutamato de N5-metiltetraidrofolato Glutamato de N5-metiltetraidrofolato Vitamina B12 Tetraidrofolato ÁCIDO FÓLICO Ác. Fólico ácido pteroil-L-glutâmico (porção proximal do jejuno) Ác. fólico Ác. fólico Diidrofolato Folato redutase Folato redutase Ao contrário da deficiência de vit. B12, a deficiência de ác. Fólico é frequentemente causada pela ingestão inadequada de folato. • Ingestão inadequada – Alcoolismo – Hepatopatias • Má absorção intestinal – Síndrome de má-absorção – Drogas que interferem na absorção ou no metabolismo do folato; • Aumento da demanda – Mulheres grávidas – Anemia hemolítica – Diálise renal (perda de folatos do plasma durante o procedimento)CAUSAS DA DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO • Via oral x Via parenteral: Administração parenteral raramente é necessária, visto que o ácido fólico é bem absorvido por via oral (mesmo em síndromes de má absorção). • Tratamento via oral: – Dose: 1 mg⁄dia de ácido fólico – 5-10 mg⁄dia por VO na má absorção intestinal – Manter o tratamento até correção da causa subjacente – Em pacientes com má-absorção ou dieta inadequada o tratamento pode ser permanente – Em paciente de alto risco (Gravidez, alcoolismo, díalise renal) deve-se considerar o uso de suplementação de ácido fólico. TRATAMENTO ERITROPOIETINA • Foi o primeiro fator de crescimento hematopoiético humano a ser descoberto. • Endogenamente, é produzida pelo rim em resposta à hipóxia. • Estimula a diferenciação e a proliferação das células eritróides ao interagir com receptores específicos existentes nos progenitores dos eritrócitos. 10/03/2016 13 ERITROPOIETINA • Normalmente, existe uma relação inversa entre o hematócrito ou hemoglobina e o nível sérico de eritropoietina. • Em geral, os pacientes com anemia apresentam níveis de EPO na faixa de 100 a 500 UI/l e indivíduo não anêmicos apresentam níveis séricos < 20 UI/l • Em pacientes com IRC, os rins não produzem eritropoietina, que deve ser administrada exógenamente. • Os pacientes com níveis de EPO < 100 UI/l tem mais probabilidade de responder ao tratamento. • Utiliza-se a EPO por via IV ou SC de 50 – 150 UI/ Kg 3x na semana. Deve-se também fazer suplementação de ferro e, em alguns casos, de ácido fólico. • A EPO também tem sido utilizada no tratamento de pacientes com insuficiência medular, mieloma múltiplo, HIV. • É uma droga proibida pelo comitê olímpico internacional, sendo considerada dopping aumentar a resistência física • Efeitos adversos: hipertensão, complicações trombóticas ERITROPOIETINA Caso Clínico Paciente JAM, feminino, 60 anos com diagnóstico de Doença de Crohn estenosante no intestino delgado há 11 anos. Foi submetida a cirurgia de ressecção de parte do jejuno e do íleo. - Dieta hiperproteica por via oral - Hipertensão Arterial - Fenômeno de Raynauld 10/03/2016 14 Após o resultado do exame e diagnóstico de anemia ferropriva associada a um diminuição de vitamina B12, paciente deu inicio ao tratamento. - Reposição de Fe (NOTIPURUM) 1x por sem IV por 6 semanas. - Reposição de B12 (Hidroxocobalamina) 1x por sem IM por 4 semanas. 10/03/2016 15
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