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Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 1 Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica Conceito: consiste na queda dos valores da hemoglobina O hemograma é a principal ferramenta diagnóstica Sempre questionar o porque do paciente estar anêmico! Anemia não é uma doença em si, mas a manifestação de alguma patologia A hemoglobina é formada por 4 cadeias de globina, cada uma ligada a uma porção heme. Existem vários tipos de globina, dentre elas, a alfa, beta, gama e delta. O heme é uma molécula formada por 4 anéis aromáticos (protoporfirina) com um átomo de ferro no centro. Cada molécula de hemoglobina é capaz de ligar quatro moléculas de 02, pois possui 4 grupamentos heme. No adulto, em torno os tipos e porcentagens de hemoglobina são: 97% Hemoglobina A1 2 alfa e 2 beta); 2% Hemoglobina A2 2 alfa e 2 delta); 1% Hemoglobina F 2 alfa e 2 gama) Anemias sideroblásticas São desordens hereditárias ou adquiridas, caracterizadas por defeito na síntese do heme, como resultado, há sobra de ferro no interior das mitocôndrias do eritroblasto Anemias hiperproloferativas x hipoproloferativas As anemias hiperproloferativas cursam com aumento de reticulócito, sendo os principais exemplos as anemias por hemólises ou sangramento agudo. Já as anemias hipoproliferativas são aquelas que não contam com reticulocitose, os grandes exemplos são as anemias carenciais e as anemias de doenças crônicas. Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 2 Normalmente, o hematócrito corresponde à 3x o valor da hemoglobina Exames complementares: Hemograma completo Valores de referência da série vermelha Contagem de reticulócitos (são as células imediatamente precursoras das hemácias, e representam normalmente de 0,5 a 2% do total de células vermelhas circulantes) Esfregaço de sangue periférico (através deste, é possível observar uma série de alterações nas hemácias, leucócitos e plaquetas, que sugerem ou confirmam determinadas etiologias de anemia) Bioquímica sérica (analisar ureia e creatinina para saber se há insuficiencia renal, hiperbilurrubinemia indireta, aumento de LDH, redução da haptoglobina). Clínica de anemia: por vezes, a anemia pode se apresentar com sintomas incomuns, dentre eles > Cálculo biliar devido à hemólise crônica, esplenomegalia (eritropoiese ineficaz), neuropatia, língua careca, febre, confusão mental, plaquetopenia, hemoglobinúria Anemia ferropriva É a causa mais comum de anemia no mundo! Metabolismo do ferro Apoferrina (produzida no fígado) > quando se liga no ferro é chamada de ferritina (armazena ferro no organismo). A concentração de ferritina é diretamente proporcional ás reservas de ferro no organismo VR 20 a 200. A hemossiderina é um derivado da ferritina após proteólise. A transferrina é uma proteína sintetizada pelo fígado responsável por transportar ferro no plasma. O ferro é absorvido no duodeno e jejuno proximal. P ferro absorvido pelas células da mucosa intestinal só será repassado para a transferrina se as necessidades corpóreas desse metal assim determinarem. Caso contrário, ele permanece no https://www.notion.so/b27e3e092105478d8ae7dcc5a82736f2 Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 3 interior da célula intestinal, sem ser absorvido, e o processo normal de descamação e renovação celular se encarrega de eliminá-lo. A hepcidina é um hormônio sintetizado pelo fígado, tem a capacidade de se ligar à ferroportina, inibindo o transporte de ferro pela membrana basolateral do enterócito em direção ao plasma. O organismo humano não é capaz de eliminar ativamente o ferro já estocado em seu interior, quem protege contra uma intoxicação pelo ferro é a própria mucosa intestinal. Como não existe nenhuma via para eliminação ativa desse metal, um quadro de ferropenia é atingido quase sempre através de uma perda sanguínea. O sangramento crônico é a principal causa de anemia ferropriva! O laboratório do ferro na anemia ferropriva: Ferro sérico: diminui (< 30 - VR 60 a 150 TIBIC (capacidade total de ligação do ferro): Aumenta, pois a transferrina não está completamente ligada ao ferro ( < 360 - VR 150 a 360; Transferrina: Aumenta (o organismo aumenta as proteínas de transporte); Saturação da transferrina: Diminui, pois há aumento da transferrina, porém, há pouco ferro ( < 10% - VR 20 a 40%; Ferritina: Diminui (< 30 - VR 30 a 100; Protoporfirina eritrocitária: aumenta, o último momento da formação da hemoglobina é a ligação do heme com o ferro, feito pela protoporfirina, se não há ferro, essa proteína aumenta. Causas de anemia ferropriva Em adultos: Menstruação, defeitos na absorção do ferro (como em pós gastrectomias), doença celíaca, durante a gestação, hemodiálise, verminoses causadoras de anemia, hemorroida, doença déptica ulcerosa, câncer de cólon. Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 4 Como o câncer de cólon direito não costuma alterar o hábito intestinal, todo paciente com mais de 50 anos com diagnóstico de anemia ferropriva deve ser submetido a uma colonoscopia. Em crianças: A criança a termo possui reservas corporais de ferro suficientes para se manter até os 6 meses de idade, por isso, é raro casos de anemia ferropriva antes dessa idade. Logo, após isso, a anemia ferropriva pode se instalar por aumento da demanda de ferro devido ao estirão do crescimento, devido ao desmame e ausência de reposição de suplementos de ferro e esgotamento dos estoques do nascimento. Manifestações clínicas Astenia, cansaço, palpitações, insônia, cefaleia, angina pectoris, dispneia, palidez cutaneomucosa, sopro sistólico de hiperfluxo, glossite (ardência e língua despapilada), quielite angular, unhas quebradiças e coiloníquia, esplenomegalia, pervasão do apetite (pica ou parorexia). Uma manifestação eventualmente observada, que acomete mais frequentemente as mulheres idosas, é a disfagia pela formação de uma membrana fibrosa na junção entre a hipofaringe e o esôfago (síndrome de Plummer-Vinson ou Paterson-Kelly). Achados laboratoriais Hemograma: nas fases mais leves, há anemia normo normo (medula óssea prioriza a qualidade das hemácias); Porém, em uma segunda fase, a anemia é microcítica e hipocrômica. Pode haver aumento das plaquetas (mesma origem da hemácia - compensaçao). Aspirado de medula óssea: o mielogama é o exame de maior acurácia para o diagnóstico da anemia ferropriva, porém, só deve ser realizado em casos duvidosos. Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 5 Tratamento Investigar a causa; Sulfato ferroso 300 mg/dia 60 mg de ferro elementar por dia), dividindo em 2 ou 3 tomadas diárias, 1 hora antes ou depois das refeições, junto com vitamina C. Em torno de 2 meses, tende a haver melhora da anemia, porém, a reposição deve continuar até 4 a 6 meses após, para repor os estoques de ferro ou até ferritina > 60. Em crianlas: 2mg/kg/dia. Resposta ao tratamento: elevação dos reticulócitos - começa a aumentar com 2 a 3 dias e o pico é entre 5 a q0 dias de tratamento. Ferro parenteral: Noripurim IV 3 vezes na semana, por 1 mês, aproximadamente 10 a 12 ampolas), esse estoque dura por cerca de 6 meses. A absorção IM é mínima. A via parenteral é usada em casos de intolerância À ferro oral, má absorção e necessidade de repor mais rapidamente. Anemia de doença crônica É a causa mais comum de anemia em pacientes internados. Deve haver uma doença em curso (infecção, inflamação, neoplasia) > citocinas inflamatórias > fígado libera hepcidina > aprisiona ferro. Aumenta a apoptose e reduz os receptores e eritropoetina. Há redução da transferrina e redução da síntese de transferrina, logo, há redução do TIBC e redução da saturação da transferrina, porém, há aumento da ferritina. Anemia normo normo, e posteriormente, micro micro. Tratamento: tratar causa base. A diferença da anemia ferropriva para anemia de doença crônicaestá nos valores de ferritina e TIBC. O ferro e TIBIC encontram-se reduzidos e a ferritina aumentada Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 6 Anemia megaloblástica Ocorre por deficiência de vitamina B12 ou de folato. É um distúrbio ocasionado por um bloqueio na síntese do DNA, que caracteriza por um estado em que a divisão celular se torna lenta, a despeito do crescimento citoplasmático. Os eritroblastos que desenvolvem anormalidade morfológica nos núcleos dos progenitores eritroides no interior da medula óssea são reconhecidos como megaloblastos, que reconhecidos como células defeituosas pelos macrófagos da medula óssea, sendo destruídos no interior da própria medula, esse processo é chamado de eritropoiese ineficaz. Folato da dieta é inativo: passa por reação de ativação > ativado > participa da síntese do DNA. Os vegetais verdes, fígado, aveia e algumas frutas são fontes de ácido fólico. O ácido fólico é absorvido pelo duodeno e jejuno proximal. Para que o folato se transforme na sua forma ativa, é necessária a participação da vitamina B12, logo, deficiencia de vitamina B12 pode cursar com deficiencia de folato e altas doses de reposição de folato pode mascarar a deficiencia de vitamina B12. Essa reação consome homocisteína para produzir metiotina, logo, a carência de B12 leva a carência de folato e hiper-homocisteína. Consequências do defeito na síntese do DNA Macroovalócito (hemácia gigante); Polilobócitos (neutrófilos hipersegmentado) > patognomônico de anemia megaloblástica; Anemia por eritropoiese ineficaz > hemácias grandes, as que não sofrem hemolise são grandes. Há elevação dos marcadores de hemolise, como LDH, bilirrubina indireta Anemia macrocítica sem reticulocitose (medula óssea hipofuncionante) Possibilidade de pancitopenia Metabolismo do ácido fólico Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 7 Causas da deficiência: alcoolismo (baixa injesta), aumento das necessidades (restante, casos de hemólise crônica), redução da absorção (doença celíaca, uso de medicamentos como fenitoína), redução da regeneração (como ocorre com o uso de metotrexato) Metabolismo da vitamina B12 (cobalamina) A absorção da vitamina B12 ocorre na região do íleo terminal Estômago: acidez libera a b12 e liga ao ligante R, além de produzir fator intrínseco, no duodeno, a B12 se desliga do picante R e se liga ao fator intrínseco, esse complexo será absorvido no íleo terminal. Causas: Má nutrição, como no caso de vegetarianos; Anemia perniciosa (doença autoimune contra célula parietal) Gastrectomia (não produz fator intrínseco) Pancreatite crônica (não desfaz a ligação B12 e ligante R Doença ileal Chron, linfoma) A vitamina B12 também participa da reação de transformação do ácido metilmalônico em succinil-CoA. O acúmulo de ácido metilmalônico é tóxico para os neurônios (atrapalha a síntese e manutenção da bainha de mielina), levando a sintomas neurológicos Clínica Carência nutricional: glossite, queilite angular, diarreia B12 outras autoimunidades (vitiligo, tireoidite de Hashimoto), síndrome neurológica (demência, parestesia, alteracao motora, equilíbrio) Laboratório Anemia macrocítica e polilobócitos Aumento do LDH e da bilirrubina indireta Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 8 Aumento da homocisteína: ambas Aumento do ácido metilmalônico SOMENTO DEFICIENCIA DE B12 Tratamento Vitamina b12 uma ampola 1.000 Ui IM por dia, por 7 dias, uma ampola por semana por 4 semanas, posteriormente, manter 1 ampola por mês. Ácido fólico: 5 mg dia via oral Atenção ! Já risco de hipocalemia na terapêutica, acompanhar a calemia pelo menos na primeira semana de tratamento Se a carência for de B12 > repor B12 Se a carência for de folato > repor folato e B12 (pelo risco neurológico) Teste de Schilling É usado para analisar em qual parte está havendo absorção de B12. 1° - Satura os receptores com altas doses de vitamina B12 via intramuscular, a partir de então, toda vitamina B12 que for ingerida, deve sair na urina; 2° - Dose oral de B12 marcada com radioisótopo. Se após dosar na urina, e tiver vitamina B12, significa absorção normal (pois os receptores já estão saturados, o paciente não irá absorver a vitamina B12 e excretar na urina); Caso não haja a excreção urinária, há algum defeito na absorção, pois para sair na urina, a vitamina deve ser absorvida; 3° - Vitamina B12 + fator intrínseco, se sair na urina, a deficiência é de fator intrínseco, caso contrário, passar para próxima fase; 4° - B12 + enzima pancreática, se corrigir, a deficiência está nas enzimas pancreáticas, caso contrário, provavelmente trata-se de uma patologia ileal. Anemia sideroblástica Ausência de protoporfirina Causas: hereditária ou adquirida (álcool, redução de B6, chumbo) Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 9 Laboratório Anemia hipo micro (mais evidente nas causas hereditárias - causas adquiridas são mais agudas e não dá tempo de alterar a morfologia) Aumento do ferro sérico, aumento da ferritina, aumento da saturação de transferrina. Tratamento: tratar a causa, repor B6. Risco de hemocromatose! Acúmulo de ferro na linhagem eritrocitária: hemograma (sideroblasto em anel > 15% = diagnóstico), hematoscopia (sangue periférico > crepúsculo de Pappenheimer) Anemia aplásica É uma doença marcada pelo surgimento de pancitopenia, associado a uma biópsia de medula óssea acelular ou hipocelular, contendo menos de 30% do espaço medular ocupado por células hematopoiéticas Anemia normocítica e normocrônica, com reticulopenia intensa A causa mais frequente é a infecção por parvovírus B19, porém, também pode ocorrer por radiação, benzeno ou produtos químicos, drogas como o cloranfenicol e quimiterápicos, infecções virais do tipo hepatite não A, mononucleose, infecção por HIV OBS.: O vírus Epstein Barr é comumente associado à anemia aplásica, porém, a hepatite C não, o tipo de hepatite viral mais associado a anemia aplásica, na verdade, não tem o agente etiológico bem definido, sendo chmado de "hepatite não-A, hepatite não-B, hepatite não-C" Anemias I - Introdução, Ferropriva, Doença Crônica e Megaloblástica 10
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