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Farmacognosia Aplicada Profa. Me. Amanda Dias Barbosa Agenda 0 1Apresentação da disciplina Conteúdo e cronograma 0 2Importância Econômica e Social O impacto das plantas medicinais na economia global e na saúde pública 0 3Conceitos e Aspectos GeraisDefinições, características e classificações das plantas medicinais 0 4Métodos de Preparo e Uso Técnicas de extração e formas de administração de plantas medicinais 0 5Fitoterápicos Diferenças entre plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos Origens Pré-HistóricasDesde a pré-história, o homem sempre fez uso de produtos naturais, principalmente de origem vegetal, para atender suas necessidades básicas de sobrevivência e qualidade de vida. O uso de plantas não se limitava apenas à alimentação, mas também ao preparo de fórmulas caseiras para a prevenção e o tratamento de diversas doenças. Conhecimento AncestralAo longo do tempo, muitos dos conhecimentos empíricos adquiridos sobre o uso de plantas com propriedades terapêuticas (medicinais) passaram de uma geração para outra. Esses conhecimentos continuam válidos até hoje, inclusive têm servido como base para a pesquisa e o desenvolvimento de novos medicamentos e/ou produtos médicos e farmacêuticos. Impacto na Medicina Moderna 60% Medicamentos QuimioterápicosAproximadamente 60% dos medicamentos quimioterápicos são derivados de plantas medicinais 30% Medicamentos no MercadoCerca de 30% de todos os medicamentos disponíveis no mercado atualmente derivam (direta ou indiretamente) de ervas medicinais $50B Mercado Anual O mercado de medicamentos derivados de plantas medicinais movimenta cerca de 50 bilhões de dólares por ano Biodiversidade BrasileiraO Brasil possui uma das maiores biodiversidades do planeta, abrigando cerca de 20% de todas as espécies vegetais conhecidas. Esta riqueza natural representa um enorme potencial para a pesquisa de novos fármacos úteis para o desenvolvimento de medicamentos de elevado valor econômico e social para a população. Aproximadamente 55 mil espécies vegetais já foram identificadas no território brasileiro, constituindo um vasto campo para estudos fitoquímicos e farmacológicos. Potencial Inexplorado 5% Espécies EstudadasApenas 5% da rica flora brasileira foi investigada até o momento sob o ponto de vista fitoquímico e farmacológico 95% Potencial a Descobrir A grande maioria das espécies vegetais brasileiras ainda não foi estudada cientificamente quanto às suas propriedades medicinais Felizmente o Brasil voltou a valorizar sua flora como importante fonte de novas moléculas com atividade biológica e de medicamentos fitoterápicos. Medicina Tradicional no MundoDe acordo com a Organização Mundial de Saúde, em muitos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, cerca de 80% da população dependem da medicina tradicional como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde. Em vários outros países do mundo as plantas medicinais e os fitoterápicos deixaram de ser tratados apenas como terapia alternativa para problemas de saúde, tornando-se parte integrante dos sistemas de saúde. Crescimento do ConsumoNos últimos anos o consumo de plantas e fitoterápicos tem aumentado consideravelmente entre boa parte da população, que está cada vez mais preocupada com a própria saúde e bem informada sobre os riscos decorrentes do uso crônico de fármacos sintéticos, além de seus elevados custos de aquisição. Motivos do Crescente InteresseAcesso Limitado A falta de acesso da população aos medicamentos sintéticos devido aos altos custos Consciência Ecológica A crescente consciência ecológica e sustentável das pessoas Mídia A valorização de produtos naturais pelos meios de comunicação Mais Fatores de InteressePercepção de Segurança A crença de que o "natural" é saudável e inofensivo Eficácia ComprovadaA ação terapêutica comprovada de muitas plantas medicinais Acessibilidade A não necessidade de prescrição médica para o uso de muitas plantas e fitoterápicos Medicina Tradicional Segundo a OMS"[...] compreende diversas práticas, enfoque, conhecimentos e crenças sanitárias que incluem plantas, animais e/ou medicamentos baseados em minerais, terapias espirituais, técnicas manuais e exercícios, aplicados individualmente ou em combinação para manter o bem-estar, além de tratar, diagnosticar e prevenir as enfermidades" No Brasil, bem como em outros países em desenvolvimento, a maior parte das práticas da medicina tradicional (cerca de 85%) envolve o uso de plantas ou de seus extratos. Conceito de Plantas Medicinais Segundo a OMS, planta medicinal é "[...] todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos (prevenir, aliviar, curar ou modificar um processo fisiológico normal ou patológico), ou como fonte de fármacos ou de seus precursores" Plantas medicinais são espécies vegetais, cultivadas ou não, utilizadas com propósitos terapêuticos. Elas podem ser usadas logo após a sua colheita — plantas frescas — ou após processo de secagem e estabilização — plantas secas. Aspectos Gerais das Plantas Medicinais De modo geral, podemos dizer que as plantas medicinais têm tradição, já que são usadas como remédio entre determinada população ou comunidade. No entanto, para utilizar uma planta, é necessário conhecê-la, saber onde colhê-la e como prepará-la, e ter, inclusive, informações sobre sistemas de manejo (cultivo). Conhecimento EspecíficoA aplicação apropriada dos princípios ativos de uma planta exige conhecimentos específicos sobre o seu modo de preparo para garantir a eficácia, segurança, reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Para cada parte da planta a ser usada, para cada classe de molécula bioativa a ser extraída e para cada doença a ser tratada, existe uma forma de preparo e de uso corretas. Importância do Método de Preparo Calor Excessivo Um método de preparo que utiliza calor em excesso pode reduzir ou eliminar o efeito terapêutico de uma planta devido à degradação de substâncias termossensíveis, o que é muito comum quando folhas ou flores são submetidas ao calor excessivo. Métodos Menos AgressivosA utilização de métodos menos agressivos pode não extrair de modo eficaz os compostos de interesse terapêutico presentes em determinada planta. Métodos de Extração: MaceraçãoO que é: Consiste no contato da droga vegetal com solvente, em temperatura ambiente, por tempo determinado para cada planta. Indicações: Método adequado para plantas com compostos sensíveis ao calor, permitindo uma extração suave dos princípios ativos. Métodos de Extração: InfusãoO que é: Consiste em verter água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, tampar o recipiente por um tempo determinado. Indicações: Esse método é indicado para partes das plantas de consistência menos rígida (folhas, flores, inflorescências e frutos). Métodos de Extração: DecocçãoO que é: Preparação que consiste na ebulição da droga vegetal em água potável por tempo determinado. Indicações: Esse método é indicado para partes das plantas com consistência rígida (cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas). Formas de AdministraçãoApós o preparo, a indicação terapêutica da planta medicinal definirá a forma de utilização do medicamento. Por exemplo, a Malva sylvestris pode ser usada para o tratamento de disfunções na pele e, nesse caso, deve ser administrada de maneira tópica, em forma de compressa. Por outro lado, uma infusão dessa mesma erva por via oral pode ser usada para o tratamento de afecções respiratórias. Formas de Administração Caseiras Banho de Assento Imersão em água morna, na posição sentada, cobrindo apenas as nádegas e o quadril, geralmente em bacia ou em louça sanitária adequada. Compressa Forma de tratamento que consiste em colocar sobre o local lesionado um pano ou gazeumedecida com um infuso ou decocto, frio ou aquecido, dependendo da indicação de uso. Mais Formas de Administração Caseiras Gargarejo Agitação de infuso, decocto ou maceração na garganta pelo ar que se expele da laringe. Após o procedimento o líquido deve ser descartado. Inalação Administração de produto pela inspiração (nasal ou oral) de vapores pelo trato respiratório. Formas Elaboradas de AdministraçãoTambém existem formas de administração de plantas medicinais um pouco mais elaboradas, como: • Extratos brutos • Extratos padronizados • Extratos fluidos • Óleos e ceras • Tinturas • Comprimidos • Cápsulas Processos de Extração e Purificação As plantas medicinais também podem ser submetidas a diversos outros processos mais precisos de extração e purificação para isolar moléculas bioativas de interesse terapêutico. As moléculas assim obtidas podem ser utilizadas como fármacos e, nesse caso, podem ser chamadas de fitofármacos. Estes processos permitem obter compostos puros com atividade farmacológica específica, aumentando a eficácia e reduzindo efeitos colaterais. Do Natural ao Medicamento Planta Medicinal Espécie vegetal com propriedades terapêuticas conhecidas Extração Processo de obtenção dos compostos bioativos da planta Purificação Isolamento e refinamento das moléculas de interesse Fitofármaco Molécula bioativa isolada utilizada como medicamento Plantas Medicinais vs. Fitoterápicos Plantas Medicinais Espécies vegetais, cultivadas ou não, utilizadas com propósitos terapêuticos em sua forma natural ou após processos simples de secagem e estabilização. Fitoterápicos Medicamentos vegetais, resultado da industrialização de uma planta medicinal, com formulação específica e processamento padronizado. Definição de Fitoterápico Medicamento fitoterápico, de acordo com a Anvisa, pode ser definido como: "[...] medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentação tecnocientífica em publicações ou ensaios clínicos fase 3." Características dos Fitoterápicos Registro ObrigatórioOs fitoterápicos industrializados devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de serem comercializados Matéria-Prima Vegetal Utilizam exclusivamente matérias-primas ativas vegetais em sua composição Eficácia e SegurançaPossuem eficácia e segurança validadas por estudos científicos O que NÃO é Considerado FitoterápicoSubstâncias Isoladas "Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais" (BRASIL, 2004) Chás No Brasil são considerados como alimentos, não como medicamentos Medicamentos Homeopáticos São produzidos de forma diferente dos fitoterápicos e têm princípios ativos de vegetais, animais e minerais Partes de plantas medicinaisNo Brasil são considerados como produtos naturais Fitoterapia: Definição e CaracterísticasA fitoterapia se caracteriza pela utilização de plantas medicinais em suas diferentes preparações farmacêuticas, porém sem o uso de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Esta prática terapêutica utiliza o conhecimento tradicional associado à validação científica para oferecer tratamentos baseados em plantas medicinais. A fitoterapia moderna busca aliar o conhecimento tradicional com a pesquisa científica, garantindo eficácia e segurança nos tratamentos. Conclusões Patrimônio Natural e Cultural As plantas medicinais representam um importante patrimônio natural e cultural do Brasil, com potencial ainda largamente inexplorado. Conhecimento e CiênciaA união entre o conhecimento tradicional e a pesquisa científica é fundamental para o desenvolvimento seguro e eficaz de produtos à base de plantas medicinais. Saúde Pública O uso adequado de plantas medicinais e fitoterápicos pode contribuir significativamente para a melhoria da saúde pública, especialmente em comunidades com acesso limitado à medicina convencional. Referências • MONTEIRO, S. C.; BRANDELLI, C. L. C. Farmacobotânica: aspectos teóricos e aplicação. Porto Alegre: Artmed, 2017. • SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. • CORRER, C. J.; OTUKI, M. F. A prática farmacêutica na farmácia comunitária. Porto Alegre: Artmed, 2013. • BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 26, de 13 de maio de 2014.