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essa mais á está ultra assado é inaceitável e contra Essa atitude e comportamento se fazem presentes cm alguns contextos urbano-industriais: Deus eraadmitido para explicar tudo o que não se conseguia enten-der. ele também fundamento vida moral e social.pensam algunsti r ria randeza e do seu homem Oder Conquista sempre• mals O universo, explicando multo coisa daquilo que antesse tinha como mistério do além. Sua preocupação não étanto a de querer explicar a vida e a organização do uni-verso, mas, simplesmente, tomando a realidade tal qual elaé,QtrabaIftar para melhorá-la, transformá-la em tudo o quefor póSsívcl, Além disso, porque buscar fora do homem ofundamento das leis e da moral? O homem é suficientemen-tc nobre para agir bem e viver bem com os outros. Porquei'nvòcar a necessidade de Deus ou dos deuses para pcrdoarhomem, libertando-o de suas culpas? Ora, isso é um mo-bastante cómodo de se desembaraçar do mal praticado. Não seria melhor assumir responsabilidade do que se feze procurar compensar com maior bem o tanto de mal que se cometeu? A humanidade Já saiu de sua infância, já não é fraca diante dõñalïdáåè; esta se tornando adulta, confiante em si mesma. Está inclusive consciente de seus limites, mas tiabalha serñ cessar para ultrapassá-los. Sio estas algumas das posiçöes do Ateísmo contempo- râneo, com penetraçöes• maiores ou menores em vários se- tores da sociedade, questionando, senão mesmo destruindo posicionamentos religiosos anteriores, pacificamente man- tidos. 6.2. C1tUVa dos novos deuses" Se o Atefsmo assume uma posição cáustica o Sagrado e o Religioso, percebemos, por outro lado, ein nos- sa realidade brasileira urbano-industrial, outras posiçöes bem diferentes. Os que profetizavam o desaparecimento do Religioso, na era urbano-lndustrial,.näo viram suas previ• soes realizadas. Rubem Alves assim comenta: trqtanto. que algo !indou errado com os profetas e suas pro• Tecias. Porque bem no mciO aos {unerais de D.eus e GO rê. uiem reli • ao uma chuva de novos deuses com u a e novo aroma sagrado encheu nossos C9aços c tcmpo. Núo se pode contestar que as {ormas cristalizadon-, e institucionalizadas da religiäo estao em declinio (crises truturais na totalidade dos grupos religiosos organizados) Por outro lado, entretanto. não se pode negar o surto de um novo fervor religioso, assumindo agora formas novas. ines- peradas e bem pouco institucionalizadas. Durkheim, se cs- tivesse vivo, sorriria ao ver a sua curiosa previsao se cum- prir: "Os velhos deuses estão - ficando velhos ou já morre. ram e outros ainda não nasceram... dia virá quando as nassas sociedades conhecerão de novo horas de efervescên- cia criadora, -no transcorrer das quais novas idéias emer- gém e- novas fórmulas são encontradas, que servem. por um pouco, como guias da humanidade". ' Qualquer pessoa que observe, pouco que seja, a nêssa realidade das cidades, dos meias urbano-industriais, verifi- cará a verdade dessa assertiva. • evidência do Fenðnieno Religiosq at está: ele aparece e ressurge das mais variadas formas e nos mais diferentes estratos de nossa sociedade. Rubem Alves continua ainda seu comentário: "O que existe de estranho e inesperado nessa nova situação é que ela foi contrariada não só nas suas margens, mas no seu próprio centro. Seria de se esperar que os ou classes sociais, que ainda näo haviam sofridqm;npgqto da ciência e da tecn010Ria. continuassem sendo reliñiosos ou e formulassem novas religiöes. Porque, afinal de contas. o seu mundo nao havia sido encantado. O crescimento de formas religiosas populares (grupos pentecostais, cultos afro-brasileiros) está a demonstrar essa realidade: fenome- no de classes pobres ou de zonas rurais ou de primeira ge- raçño nos centros utbanos, podia ser facilmente explicado como comportamento esperado de grupos que ainda nio ha- viam passado por uma elucidaçio ideolóöcx ou por uma ex. periència política". • 1. ALVES, Misticismo: a emigraçåo dos que nåo têm poder.- Rev. Vozes, n.• 1, 1914, ano 68. págs. 8. Idem, art. cit., pág. (SII). No entanto. observa o autor. .o que não se podia r elii vie justarnpntp nos centros onde a sccularizacäo. çñ9—e-as instituições educacionais e científicas se hayiarn es; de forma mais forte. Mas. é exatamente isso que acontecendo". Na observação do articulista, não parece isso sugerir // que justamente nos limites da consciência do desencantaJ mento do mundo. da exploração de suas possibilidades ho- rizontais e imanentes, esteja o homem se dando conta de que talvez haja uma "loucura" na secularização e uma "ce- gueira" na ciência? Como K. Mannheim observa, "nada mais afastado dos acontecimentos reais que o sistema ra- cional fechado. Em certas circunstâncias, nada contém im- pulsos mais irracionais que uma visão do mundo intelec- tualista e plenamente autosuficiente". 10 Nas áreas mais caracteristicamente urbanas e industriais do pais, cresce de maneira rápida o número de conversões aos cultos pentecostais, 'multiplicam-se os centros de Espiri- tistno e Umbanda, com densas caracteristicas sacrais, atiQ- -todos os grupos e .çlasses da seçiedade. Os grandes grupos religiosos Igreja Católica e principais denominações protestantes — embora tenham so- frido profundas crises e transformaçðes de ordem organi- zacional e mesmo doutrinária, face ao rocesso de Secula- riQçäo, apresentam aspectos novos. que a raem gran _e_ tilüente de pessoas nas i áreas urbanas (p. ex., o Movimen- to de—CursiIhos, Grupos de Jovens e de Casais etc.). Estamos diante de fatos. Quais•as explicações para . tudo Isso? Onde se encontram as razões para essa «chuva de novos deuses"? 6.3. Os novðs caminhos da Fé "As novas condições influem, enfim, na própria vida re- ügiosa. i Oe uma parte. espírito crítico mais agudo a pu- g. RvŒLf rt. cit., PQ. 13 (517). 10. K. M.A.•oaczru, Ideotogta e tttop¼. Zahar Ed., 1972, Rio de Janeiro, pág. 204 CintDO P. CAMARGO. op. cit., págs. 9-10. 66 — rifica de uma conce -o máda es alhadas oal o erosa. Por isso nño ucoss a roxlrriam dc umsentido mais vivo de Deus" (Gaudium et no 7) .J Valeria, aqui, perguntar: m está agindo fé num sentidoEm que consistirá essa operosa? Quê_sentido é esse mais vivo de de J. B. Libånio situar esses hú "novos Llgumas caminhos coloca-çöes que talvez nos ajudem a da fé". Diz ele que há uma necessidade de se perccb•.-a— distinção entre "fé" e "religiosidade". " "at Tem uma visão do sagrado como categoria pri- de organização da existência, da sociedade de mitivas. sua raiz é a am- bigüidade de nossa psicologia, história, se lavras, sírñbblos, tentando assim manifestar danças,' relaçäo pa- do homem individuo e 'comunidade, com o Sagtadb' e o Misté- rio. Como tais manifestações carregam• tantos-èlemeritðs hls- culturais,• étnicos etc.) näo• é de se admirar que a Reli ao tenha em assuxnido fðYrnas pe tas e caducas transformandõÃg• mo em éstfütüñs de poder, de o ressio de alien • 0 voreceåora de certos de fo e de certas cas em força o ta, em susten ora e cer- ta ordem moFa.t•.-Èiñ• vista disso, as mudmçasæ transfor- maç5es culturais a questionam e influenciun fortemente. da -experiência. do acatamento do dB existência, comp expresäq dqom de peus. que nos con- o ele com os Ela se torna a-religiosa, as _ mas largo 12. J. B. e Ubertcçto, Ed. iYtS, Petrópolis, págs. 94-115. da »Lstðria. Tem ela a função de purificar, relativizar, cri. ticar. negar a pretensão Rbsolutista da"Religiño", enquan- to concretizaçðes determinadas. O esvaziar-se de certas for-mas religiosas nao implica, Não nos esqueçamos que vivemos dentro dc uma reali- dade social, em que os movimentos nio são retilineos, ascen- sivos. oscilaçöes. A fé. nesse contexto, transcendência dó humano a sua tra o Absoluto. Elase caracteriza como_um com-promisso radical da pessoa em relacäo ao Absoluto quc se qlanifesta na história concreta dos homens. E esse com- promisso não é um ato de uma faculdade particular do ho- mem: não o é da inteligência, da vontade ou dos sentidos; nem tampouco emocional; nem ainda do inconsciente, do subconsciente, do ego.ou do superego. um ato de toda a pessoa, brota do seu centro e vai englobar todas as facul- çiades do homem. O tèstemtr da fé participa da agonia e da esperan- ça comum que homens experimentam no processo de se- cularinçäo. Deverá articular questões e respostas de den- tro do mundo moderno e situar-se nos pontos decisão da história dos homens de seu tempo. A norma dessa missão de fé deve .ser o constante encontro com as necessidades reais de nossa era. Sua forma deve ser do diálogo em que se usa linguagem e modos de pensamento contemporaneos, cohhe- cimento das categorias 'científicas e sociológicas e disposi- çäo para solidarizar-se com os homens SUAS próprias si- (é consiste não só proclamacáo de um Deus trans- çendente como Senhor natureza. a de Deus como Senhor-e presente na história Eia não se expressa apenas em termos de interio- ridade religiosa que alaste .osihomawpara fora mun- do Mas utes se æreSsaem termos de relaç5es aqui e agora, como restauraçäo das relaçöæ totais do con- sigo e com 0 4bsolutoæ é serviço de libert*o cada vez mais plena. E aqui chegamos ao final destas nossas consideraçöt•q que tiveram como propósito situar o fenðmeno religioso no contexto urbano. Elas não esgotam o assunto, apenas s:- tuam a questão para ulteriores estudos, debates. rétlexöes. A época em que vivemos, em termos de Brasil, é de mil. danFLs e transformações, onde estruturas, mentalidades sno profundamente questionadas. O posicionamento do homem frente a realidades existenciais passam por crivos de criti- ca e reformulações. Problemas relacionados com o sagrado, o religioso, a fé, sofrem os embates dessa época cm que muitos quadros de vida e posições são abalados ém suas A questão é agora se saber que respostas e encarni- nhamentos podem ser dados pontos apresentados.
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