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Centro Universitário Newton Paiva 
 
 
 
 
A Reforma Tributária e seus Reflexos no Planejamento 
Tributário das Empresas: 
-Estudo das novas estratégias de planejamento tributário que as 
empresas podem adotar frente às mudanças propostas. 
- Análise de cases sobre adaptações necessárias para maximizar 
benefícios fiscais e minimizar riscos em diferentes cenários tributários. 
 
 
 
 
Integrantes: 
Caroline Lima Damião – 12117032 
Filipe Cássio Gama – 11013211 
Leandro Alves da Silva – 12112280 
Mateus Duarte Rocha Vieira – 12124630 
Sandy Lorrayne Carvalho Ferreira – 12118390 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2024 
2 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 
2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................. 3 
3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 4 
4. CONTEXTO ............................................................................................................ 4 
5.0 PRINCIPAIS PROPOSTAS E IMPACTOS .......................................................... 5 
6. APLICAÇÃO PRÁTICA: EMPRESA NO SETOR DE VAREJO ............................ 7 
7. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 14 
8. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
A reforma tributária é um tema recorrente nas discussões sobre o 
desenvolvimento econômico no Brasil. Com uma das cargas tributárias mais altas do 
mundo, a necessidade de simplificação e de eficiência no sistema tributário brasileiro 
se torna uma demanda urgente (Silva, 2020). 
Atualmente, o sistema tributário brasileiro é caracterizado por uma alta 
complexidade e concentração de recursos na União, gerando desigualdades 
significativas no que tange à distribuição de receitas entre os estados e os municípios. 
Os principais tributos são arrecadados pelo Governo Federal, o qual transfere parte 
desses recursos para os estados e os municípios. Essa centralização faz com que 
muitas regiões dependam, excessivamente, das transferências federais para financiar 
as suas despesas, o que limita a autonomia financeira e a capacidade de 
planejamento de governos locais (CNM, 2023). 
A proposta de unificação de tributos, simplificação e maior transparência é vista 
como uma tentativa de modernizar o sistema e de aumentar a competitividade das 
empresas brasileiras. Entretanto, a reforma também impõe desafios significativos para 
as empresas, especialmente, em relação ao planejamento tributário, que precisará ser 
reestruturado para se adequar ao novo cenário legislativo (Lima, 2022). 
A reforma tributária brasileira está sendo discutida há décadas, com diversos 
projetos apresentados ao longo dos anos. No entanto, o debate se intensificou nos 
últimos tempos, com duas principais propostas ganhando destaque: a PEC 45/2019, 
que tramita na Câmara dos Deputados, e a PEC 110/2019, no Senado Federal. Dessa 
forma, ambas as propostas têm como objetivo central simplificar o sistema tributário, 
por meio da unificação de tributos, eliminando a cumulatividade e aumentando a 
transparência quanto ao recolhimento de impostos (Lima, 2022). 
2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA 
O problema central que surge com a reforma tributária é a necessidade de 
reestruturação do planejamento tributário das empresas. Isso ocorre já que, 
atualmente, o Brasil possui um sistema de impostos que incide sobre diversas etapas 
de produção e de circulação de bens e serviços, gerando um alto nível de 
cumulatividade e de ineficiência. A proposta de reforma prevê a unificação de tributos 
como o PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS, os quais serão substituídos por um único 
4 
 
Imposto Sobre Valor Agregado (IVA), conhecido como IBS (Imposto sobre Bens e 
Serviços) (Silva, 2020). 
Essa mudança estrutural no sistema tributário trará impactos diretos sobre o 
planejamento financeiro e tributário das empresas. O planejamento tributário, que até 
então se baseava em aproveitamento de benefícios fiscais, incentivos regionais e 
setoriais, além de estratégias de diferimento de tributos, precisarão ser adaptados à 
nova realidade. A complexidade da reforma tributária também impõe novos desafios 
em termos de conformidade fiscal, aumento da necessidade de digitalização e 
automação de processos e de revisão de estruturas societárias para garantir a 
otimização da carga tributária (Silva, 2020). 
3. OBJETIVOS 
O objetivo geral deste trabalho é analisar como a reforma tributária afetará o 
planejamento tributário das empresas brasileiras, explorando as novas estratégias 
que podem ser adotadas para maximizar os benefícios fiscais e minimizar os riscos. 
Em regra, o objetivo da reforma tributária é simplificar e modernizar a estrutura 
tributária do país, unificando os impostos sobre consumo, como o ICMS e o ISS, em 
um único imposto sobre valor agregado (IVA), com regras nacionais e partilha de 
receita entre as esferas federativas, assegurando que a arrecadação e a distribuição 
de recursos sejam mais equilibradas, promovendo o desenvolvimento regional 
sustentável. 
4. CONTEXTO 
A reforma tributária brasileira está sendo discutida há décadas, com diversos 
projetos apresentados ao longo dos anos. No entanto, o debate se intensificou nos 
últimos tempos, com duas principais propostas ganhando destaque: a PEC 45/2019, 
que tramita na Câmara dos Deputados, e a PEC 110/2019, no Senado Federal. Ambas 
as propostas têm como objetivo central simplificar o sistema tributário por meio da 
unificação de tributos, eliminando a cumulatividade e aumentando a transparência no 
recolhimento de impostos (Gomes, 2022). 
A PEC 45/2019 propõe a criação de um imposto sobre bens e serviços (IBS), 
que substituiria cinco tributos: PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS. O IBS seria não 
cumulativo, cobrado sobre o consumo e de competência compartilhada entre a União, 
estados e municípios. A PEC 110/2019, por sua vez, traz propostas semelhantes, mas 
5 
 
com algumas diferenças, como a inclusão de outros tributos na unificação (Gomes, 
2022). 
A proposta de reforma enfrenta desafios políticos e econômicos, com 
resistências de setores que se beneficiam do atual sistema, como o agronegócio e o 
setor de serviços, que possuem regimes de tributação diferenciados. No entanto, as 
perspectivas de médio e longo prazo são de que a reforma trará maior eficiência para 
a economia brasileira, ao reduzir a litigiosidade e os custos de conformidade fiscal 
(Gomes, 2022). 
5.0 PRINCIPAIS PROPOSTAS E IMPACTOS 
5.1 Unificação de Impostos 
A proposta de reforma prevê a unificação de tributos como o PIS, COFINS, IPI, ICMS 
e ISS, que serão substituídos por um único imposto sobre valor agregado (IVA), 
conhecido como IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), visando facilitar a arrecadação 
de impostos, eliminando a cumulatividade e aumentando a transparência no 
recolhimento devidos (Gomes, 2022). 
5.2 Mudanças na Tributação do Consumo 
A proposta prevê a mudança na forma de tributação do consumo, com uma 
ênfase no imposto sobre valor agregado (IVA). O IVA é um imposto não cumulativo. 
Isso significa dizer que incide em cada etapa da produção de um bem ou serviço, não 
tributando novamente o que já foi pago em etapas anteriores (Gomes, 2022). 
O modelo de imposto é utilizado para unificar os 5 principais tributos aplicados 
sobre a venda de serviços e bens no Brasil. Atualmente, o IVA é o sistema de imposto 
de mais de 170 países, contribuindo para um sistema de tributação mais transparente, 
unificado e simples (Gomes, 2022). 
O IVA (Imposto sobre Valor Agregado), no Brasil, busca modernizar o sistematributário, visando simplificar a arrecadação e combater a cumulatividade de impostos 
que gera muitos prejuízos para o país (Lima, 2022). 
5.3 Alterações na Carga Tributária 
As alterações na carga tributária em uma reforma tributária geralmente visam 
simplificar o sistema e promover maior equidade. Uma das propostas mais comuns é 
6 
 
a unificação de impostos, como a criação de um imposto sobre bens e serviços (IBS), 
que substituiria tributos como ICMS, ISS, PIS e COFINS. Além disso, revisões nas 
alíquotas podem ser realizadas, com o objetivo de reduzir a carga para setores 
essenciais e aumentar para outros, promovendo justiça fiscal. A revisão de 
desonerações fiscais também é uma estratégia importante, buscando eliminar 
isenções que não justificam sua existência (Lima, 2022). 
Outra vertente da reforma é a simplificação e redução da burocracia, o que 
facilitaria o cumprimento das obrigações tributárias por empresas e cidadãos. Medidas 
para combater a evasão fiscal, como auditorias mais rigorosas, também são 
fundamentais para aumentar a arrecadação. Por fim, a transparência no uso dos 
recursos tributários e a participação da sociedade nas discussões são essenciais para 
legitimar as mudanças e garantir que atendam ao interesse público (Lima, 2022). 
5.4 Mudanças na Estrutura de Custo 
A reforma vai mudar os custos das empresas, o que pode tornar mais difícil 
definir preços para produtos ou serviços. Por isso, é importante ter atenção e analisar 
como cada parte da reforma vai afetar as empresas, levando em conta fatores como 
mudança na produção e matéria-prima fornecida. É importante que os gestores e o 
Governo estudem a situação fiscal atual e passada a fim de planejar e entender melhor 
as novas regras da reforma tributária, visando mitigar o impacto e o desempenho das 
empresas (Lima, 2022). 
5.5 Novas Estratégias de Planejamento 
O planejamento tributário, que até então se baseava em aproveitamento de 
benefícios fiscais, incentivos regionais e setoriais, e estratégias de diferimento de 
tributos, precisará ser adaptado à nova realidade. A complexidade da reforma 
tributária também impõe novos desafios em termos de conformidade fiscal, aumento 
da necessidade de digitalização e automação de processos e revisão de estruturas 
societárias para garantir a otimização da carga tributária (Lima, 2022). 
Entretanto, a reforma também impõe desafios significativos para as empresas, 
especialmente em relação ao planejamento tributário, que precisará ser reestruturado 
para se adequar ao novo cenário legislativo. 
7 
 
6. APLICAÇÃO PRÁTICA: EMPRESA NO SETOR DE VAREJO 
6.1 Cenário Tributação Atual da Empresa 
Segundo Silva (2020), no Brasil o setor do varejo é fortemente impactado por 
diversos tributos. Estes são classificados de acordo com o serviço público, são eles: 
federais, estaduais e municipais. Veja o quadro abaixo: 
 
Classificação Tributo Alíquota 
Tributos federais PIS alíquota de 1,65%, regime não cumulativo 
COFINS alíquota de 7,6%, regime não cumulativo 
IRPJ alíquota de 15%, com adicional de 10%, se 
lucros superiores a 20 mil reais 
CSLL alíquota de 9% 
Tributo estadual ICMS alíquotas que variam entre 7% e 18%, 
variáveis relativas ao tipo de produto 
Tributo municipal ISS alíquotas variam entre 2% e 5% 
 
As empresas do setor de varejo possuem dois grandes desafios: a burocracia, 
que impacta diretamente nos custos da empresa ao investir em profissionais e 
tecnologia; e o planejamento tributário, que leva a um domínio sobre a legislação. A 
alta carga de impostos e a complexidade do sistema tributário brasileiro eleva os 
custos e afeta diretamente as empresas do varejo, principalmente se comparadas com 
empresas de países com menos impostos e sistema tributário mais modernos como 
o IVA (Silva, 2020). 
6.2 Dados Financeiros 
No ano de 2022, a empresa varejista pesquisada apresentou uma receita 
líquida de aproximadamente R$ 36 bilhões. Já o seu lucro foi de R$1,5 bilhão, 
considerando seu crescimento nas vendas, assim como a sua presença no e-
commerce. Quanto ao endividamento há um controle para manter a saúde financeira 
da empresa controlando o pareamento com o EBITDA - sigla para Earnings Before 
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou Lucros antes de Juros, Impostos, 
Depreciação e Amortização em português) é um indicador financeiro utilizado para 
medir o desempenho operacional de uma empresa, sem levar em consideração 
fatores financeiros e contábeis que não são diretamente relacionados à operação do 
dia a dia do negócio; Ou seja, ele é amplamente utilizado por analistas e por 
investidores para avaliar a rentabilidade e a eficiência operacional de uma empresa, 
8 
 
sem a influência de decisões de financiamento (juros), de tributação, ou de aspectos 
contábeis não operacionais (como depreciação e amortização) (Gomes, 2022; Lima, 
2022). 
O ponto de atenção da varejista foi o resultado do primeiro semestre de 2023, 
que foi de R$19 bilhões, um reflexo dos investimentos em tecnologia e logística 
(Gazeta do Povo, 2024). 
6.3 Desafios Atuais Para a Empresa 
A reforma tributária pode apresentar uma série de desafios para as empresas 
do setor de varejo. Desse modo, será necessária uma restruturação em seus 
processos internos e até a gestão de custos e de margens de lucro de acordo com as 
alíquotas do novo sistema tributário. No entanto, a reforma tributária também pode 
trazer oportunidades, como a simplificação do sistema que trará a possibilidade de 
redução da carga tributária em alguns segmentos da cadeia de produção das 
mercadorias comercializadas (Lima, 2022). 
Entre os principais desafios que a empresa analisada pode enfrentar, estão: 
• Alterações na tributação do consumo; 
• Imprevisibilidade nos preços; 
• Mudança de alíquotas; 
• Impactos no Comércio Eletrônico; 
• Competitividade no e-commerce; 
• Reestruturação de cadeias produtivas e logísticas; 
• Impacto nas pequenas empresas e fornecedores; 
• Desafios nas relações federativas; 
• Mudança nas regras de divisão de receitas; 
• Transição e incerteza regulatória. 
Esses desafios surgem devido às mudanças propostas, que podem afetar a 
estrutura operacional, financeira e estratégica das empresas. A seguir, uma 
explicação para cada um dos pontos: 
1. Alterações na tributação do consumo: 
A reforma tributária propõe mudanças significativas na forma como os impostos 
sobre consumo são cobrados, com a unificação de tributos como ICMS, IPI, ISS, PIS 
9 
 
e COFINS em um imposto único (IBS). Essas mudanças podem alterar a carga 
tributária sobre bens e serviços e, consequentemente, os preços dos produtos 
vendidos. Empresas do varejo precisam adaptar-se a esse novo sistema tributário, o 
que pode exigir revisão de estratégias de precificação e até ajustes nas cadeias 
produtivas para otimizar a carga tributária. 
2. Imprevisibilidade nos preços: 
Com a reforma tributária, as alíquotas de alguns tributos podem ser alteradas, e a 
forma como os impostos são cobrados também pode mudar. Isso pode gerar 
imprevisibilidade nos preços, já que as empresas precisarão ajustar as suas 
estratégias de precificação para se adaptar as novas condições. Além disso, as 
mudanças no custo de produção, nas alíquotas de impostos e nas obrigações fiscais 
podem dificultar o planejamento financeiro, tornando mais difícil para as empresas 
estimarem os seus custos e as margens de lucro de maneira precisa (CNM, 2023). 
3. Mudança de alíquotas: 
A reforma pode resultar em alterações nas alíquotas de tributos como ICMS, 
IPI, PIS e COFINS, afetando diretamente os custos de produção e a operação das 
empresas de varejo. Além disso, pode haver um reajuste nas alíquotas dependendo 
do tipo de produto ou serviço, o que pode gerar disparidades e exigirá ajustes na 
precificação dos produtos para garantir que as margens de lucro sejam mantidas. 
Empresas precisarão entender como essas mudançasimpactam a estrutura de custos 
de seus produtos e serviços (CNM, 2023). 
4. Impactos no comércio eletrônico: 
O comércio eletrônico tem particularidades no que diz respeito à tributação, já 
que envolve a venda de produtos e de serviços à distância, o que pode criar 
complexidade nas regras de alíquotas de ICMS e ISS. A reforma pode modificar as 
regras de tributação do e-commerce, seja no que diz respeito a impostos sobre vendas 
interestaduais, seja em relação à forma como as alíquotas são aplicadas em 
transações online. Isso pode gerar custos adicionais e exigir adaptações nas 
plataformas de venda e nos processos logísticos e de tributação (CNM, 2023). 
5. Competitividade no e-commerce: 
10 
 
Com as mudanças tributárias, as empresas de e-commerce podem enfrentar 
um aumento de custos, especialmente com a unificação de impostos e a criação de 
novas obrigações fiscais. O aumento da carga tributária pode tornar os produtos 
vendidos online mais caros, o que afeta diretamente a competitividade do setor. O 
varejo físico e o online terão que competir não apenas em termos de preço, mas 
também em termos de estrutura tributária, o que exigirá estratégias mais eficientes de 
gestão de custos e otimização fiscal para manter a competitividade (CNM, 2023). 
6. Reestruturação de cadeias produtivas e logísticas: 
A reforma tributária pode exigir uma revisão da estrutura da cadeia de 
suprimentos e das operações logísticas das empresas. Isso ocorre porque a mudança 
na forma como os tributos são cobrados pode alterar a dinâmica dos custos nas 
diferentes etapas da produção e distribuição dos produtos. Dessa forma, as empresas 
terão que revisar como compram insumos, como calculam os impostos e como 
estruturam a sua logística, tudo isso para minimizar os impactos negativos quanto ao 
custo final dos produtos (CNM, 2023). 
7. Impacto nas pequenas empresas e fornecedores: 
As pequenas empresas e fornecedores podem ser mais afetados pela reforma 
tributária, pois muitas delas têm uma estrutura de gestão fiscal mais simples e menos 
recursos para se adaptar às novas regras. As mudanças na tributação, que podem 
ser mais complexas e exigir um maior controle fiscal, podem afetar especialmente os 
pequenos negócios, que podem ter mais dificuldade em compreender e aplicar a nova 
legislação tributária. Isso pode criar um desnível na competitividade, onde grandes 
empresas do varejo têm mais condições de se adaptar do que os pequenos 
fornecedores (CNM, 2023). 
8. Desafios nas relações federativas: 
Com a reforma tributária, as relações federativas entre a União, os estados e 
os municípios podem ser alterados, principalmente, pela criação de um novo sistema 
de arrecadação e divisão de receitas. A redistribuição de tributos e a definição de 
quais esferas governamentais terão autoridade sobre a arrecadação e a alíquota de 
cada imposto podem gerar conflitos ou até mesmo desigualdades entre as regiões, 
impactando o planejamento tributário das empresas. O varejo pode enfrentar 
11 
 
dificuldades no relacionamento com os diferentes níveis de governo e na adaptação 
à nova forma de distribuição de receitas (Lima, 2022). 
9. Mudança nas regras de divisão de receitas: 
A reforma pode alterar as regras de divisão de receitas entre os diferentes entes 
federativos, o que pode ter implicações para o setor de varejo. Isso ocorre porque 
alguns estados e municípios podem ser beneficiados ou prejudicados dependendo de 
como os recursos serão distribuídos entre eles. Para as empresas do setor, a 
mudança nas regras de divisão pode afetar tanto os custos quanto a estratégia de 
localização de lojas ou centros de distribuição, já que as alíquotas podem variar 
dependendo da região (Lima, 2022). 
10. Transição e incerteza regulatória: 
Por fim, a transição para o novo sistema tributário pode gerar uma incerteza 
regulatória, já que a implementação da reforma será gradual e pode envolver uma 
série de ajustes legislativos e práticos ao longo do tempo. Isso pode criar um ambiente 
de insegurança para as empresas, que terão que se ajustar constantemente a 
mudanças e atualizações normativas durante o período de adaptação à reforma. A 
falta de clareza sobre as novas regras pode dificultar o planejamento estratégico e a 
tomada de decisões no curto e médio prazo (CNM, 2023). 
Dessa forma, esses desafios refletem a complexidade e as possíveis 
dificuldades que as empresas do setor de varejo terão ao se ajustar as mudanças 
tributárias propostas pela reforma. No entanto, como mencionado, essas dificuldades 
também trazem oportunidades, principalmente no que diz respeito à simplificação do 
sistema, que pode resultar em menor burocracia e redução da carga tributária em 
algumas áreas. O sucesso da adaptação dependerá da capacidade das empresas de 
se prepararem para as mudanças e otimizarem suas operações para lidar com a nova 
realidade fiscal (Gomes, 2022). 
Assim, ao analisarmos a empresa, percebemos que a chave para o sucesso 
será a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças e de otimizar a sua 
operação a fim de aproveitar os benefícios propostos pela reforma tributária. (Gomes, 
2022). 
6.4 Mudança Proposta e Impactos no Planejamento Tributário 
12 
 
A reforma tributária no Brasil propõe mudanças significativas que afetam o 
planejamento tributário das grandes empresas do varejo. Algumas das principais 
alterações incluem, segundo Appy et al. 2024, incluem: 
• Substituição de tributos: A reforma prevê a substituição do PIS, COFINS, IPI, 
ICMS e ISS por um IVA dual (CBS – Contribuição Social sobre Bens e Serviços 
- em âmbito federal e IBS – Imposto sobre Bens e Serviços – em âmbito 
estadual e municipal). Isso impacta o planejamento tributário ao unificar tributos 
e modificar a forma de apuração, o que pode alterar a carga tributária efetiva 
da empresa. 
• Mudanças no regime de crédito: A CBS promete um sistema de créditos 
amplo, o que pode beneficiar empresas que fazem grandes investimentos em 
ativos, mas, ao mesmo tempo, o fim de certos benefícios fiscais pode aumentar 
custos para as empresas do varejo. 
• Impacto no consumo e na precificação: Como a empresa analisada atua no 
varejo, a incidência de um imposto mais elevado sobre o consumo poderia 
influenciar nos preços finais, o que demanda ajustes no planejamento tributário 
para manter a competitividade. 
• Tributação de dividendos: A volta da tributação de dividendos afetaria os 
acionistas e o planejamento tributário, especialmente em estruturas que visam 
distribuir lucros. A empresa analisada pode precisar reavaliar como distribuir 
dividendos e capitalizar recursos. 
Essas mudanças exigirão uma reavaliação de estratégias de planejamento 
tributário para minimizar o impacto nos custos e proteger a margem de lucro. Além 
disso, ajustes nos sistemas de compliance e na estrutura operacional serão 
necessários para acompanhar as novas exigências de apuração e de 
recolhimento de tributos (Appy et al. 2024). 
6.5 Comparativo impostos antes e depois da reforma 
A Reforma Tributária no Brasil, aprovada em 2023 e que começará a ser 
implementada a partir de 2026, traz mudanças significativas para o setor de comércio 
e varejo. Aqui está um comparativo, segundo Appy et al. (2024) dos impostos antes e 
depois da reforma: 
Antes da Reforma: 
13 
 
• ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): Tributo 
estadual sobre a circulação de mercadorias e prestação de serviços. 
• ISS (Imposto Sobre Serviços): Tributo municipal sobre a prestação de 
serviços. 
• IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): Tributo federal sobre 
produtos industrializados. 
• PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para o 
Financiamento da Seguridade Social): Tributos federais sobre a receita bruta 
de empresas. 
Depois da Reforma: 
• IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): Tributo que substitui o ICMS, ISS, IPI, 
PIS e COFINS,sendo administrado pelo governo federal. 
• CBS (Contribuição Sobre Bens e Serviços): Tributo complementar ao IBS, 
compartilhado entre estados e municípios. 
Principais Mudanças: 
• Simplificação do Sistema Tributário: A reforma visa simplificar o sistema 
tributário, reduzindo a burocracia e os custos operacionais das empresas. 
• Redução de Alíquotas para Produtos Essenciais: Alíquotas de produtos 
essenciais, como alimentos básicos, podem ser reduzidas ou até eliminadas, 
beneficiando a população de baixa renda. 
• Aumento de Alíquotas para Produtos Não Essenciais: Produtos não 
essenciais, como roupas e eletrônicos, podem enfrentar um aumento nas 
alíquotas, o que pode resultar em preços mais altos. 
• Eliminação de Incentivos Fiscais: A eliminação de alguns incentivos fiscais 
pode impactar negativamente certos setores, aumentando a carga tributária. 
Essas mudanças têm o objetivo de criar um sistema tributário mais justo e 
eficiente, mas também apresentam desafios para as empresas que precisam se 
adaptar às novas regras. 
Além disso, a empresa de varejo estudada recentemente enfrentou desafios 
contábeis e ajustes no patrimônio líquido, o que pode influenciar a sua capacidade de 
adaptação as novas regras fiscais. Segundo Débora Oliveira (2023), o Comitê de 
14 
 
Auditoria e advogados identificaram incorreções em lançamentos contábeis e também 
de verbas comerciais. 
Apesar de ter um possível fim dos incentivos fiscais, a simplificação do sistema 
e a redução da burocracia podem trazer benefícios significativos. Pois, pode facilitar 
a gestão fiscal e diminuir os custos operacionais. Com a simplificação tributária, a loja 
consegue reduzir os custos operacionais, liberando recursos para investimentos em 
marketing e melhorias na experiência do cliente. A simplificação facilita a gestão fiscal 
e permite à loja focar mais em suas operações diárias. Isso resulta em um aumento 
de eficiência que também pode acarretar melhoria nas vendas (Appy et al. 2024). 
Pode-se citar um exemplo prático, para um liquidificador, cujo o valor é de R$180,00: 
Antes da Reforma: 
• ICMS: 18% sobre o valor do liquidificador (R\$ 32,40) 
• IPI: 6,5% sobre o valor do liquidificador (R\$ 11,70) 
• PIS: 2,1% sobre o valor do liquidificador (R\$ 3,78) 
• COFINS: 9,65% sobre o valor do liquidificador (R\$ 17,37) 
Total de impostos antes da reforma: R$ 65,25 
Depois da Reforma: 
• CBS: 8,8% sobre o valor do liquidificador (R\$ 15,84) 
• IBS: 17,7% sobre o valor do liquidificador (R\$ 31,86) 
Total de impostos depois da reforma: R$ 47,70 
Com isso é possível notar que a reforma tributária irá simplificar o sistema e reduzir a 
carga tributária total 
7. CONCLUSÃO 
As empresas enfrentarão o desafio de se adequarem as novas regras 
tributárias, o que exigirá um planejamento cuidadoso. Será necessário capacitação 
das equipes contábeis e fiscais, a fim de garantir que as mudanças sejam 
implementadas de forma correta. 
A proposta de unificação de impostos como ICMS e ISS em um imposto sobre 
bens e serviços representa uma oportunidade para que o Brasil torne seu sistema 
15 
 
tributário mais simples, transparente e eficiente. No entanto, para que essa mudança 
tenha sucesso, é necessário um amplo debate com todos os setores envolvidos, como 
agro, serviços, indústria, entre outros. Além de um planejamento cuidadoso para 
enfrentar os desafios políticos e operacionais envolvidos na transição. A reforma 
tributária é um passo crucial para melhorar o ambiente de negócios no Brasil e 
promover um desenvolvimento econômico igualitário. 
A proposta de criação do Imposto Único (IVA), é de extrema importância para 
a modernização do sistema de impostos brasileiro. Essa modernização permitirá uma 
maior eficiência fiscal, hoje vários setores da cadeira produtiva pagam os impostos 
mais de uma vez, isso acarreta no aumento do preço dos produtos e falta de 
transparência fiscal. Com o IVA teremos a redução da cumulatividade e simplificação 
fiscal. Isso porque a reforma tributária tem o potencial de transformar o cenário fiscal 
brasileiro, trazendo desafios e oportunidades para o planejamento tributário das 
empresas. 
Além disso, a reforma tributária proposta no Brasil representa um marco 
significativo na tentativa de simplificar o sistema tributário nacional, promover maior 
transparência e reduzir a cumulatividade de impostos. A unificação de tributos como 
PIS, COFINS, ICMS, ISS e IPI em um único imposto sobre valor agregado (IVA) — 
denominado Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) — trará uma série de impactos no 
planejamento tributário das empresas brasileiras. Essa mudança exigirá que as 
empresas adaptem suas estratégias fiscais, revisem suas estruturas contábeis e 
reavaliem as formas de apuração e pagamento de tributos. 
Nesse sentido, para a empresa do setor do varejo analisada, essa reforma 
oferece tanto desafios quanto oportunidades. Isso significa que o varejo, por sua 
natureza, é um setor que lida com volumes elevados de transações e margens de 
lucro muitas vezes reduzidas, o que torna a carga tributária um dos principais fatores 
de impacto na gestão de custos e na definição de preços. Dessa forma, a empresa do 
setor do varejo analisada, a qual já possui uma grande operação de e-commerce e 
uma vasta rede de lojas físicas, poderá se beneficiar da simplificação do sistema 
tributário, especialmente com a eliminação de tributos como o ICMS e o ISS, que 
atualmente geram distorções no cálculo da carga tributária e aumentam a 
complexidade fiscal. 
Por outro lado, a adaptação ao novo modelo, com a introdução do Imposto 
sobre Bens e Serviços (IBS), exigirá que a empresa do setor do varejo analisada 
16 
 
reestruture as suas operações fiscais e contábeis. A transição para o novo sistema 
pode implicar em custos iniciais com a adaptação de sistemas, com o treinamento de 
pessoal e com a revisão das estratégias de precificação, especialmente, diante das 
possíveis variações nas alíquotas de impostos sobre diferentes categorias de 
produtos. No entanto, o fim da cumulatividade de tributos e a implementação de um 
sistema de crédito mais eficiente para o IBS podem representar uma oportunidade 
para otimizar a carga tributária, especialmente em produtos que exigem grandes 
investimentos em estoques ou ativos. 
Outrossim, a simplificação do sistema tributário pode reduzir a burocracia e os 
custos operacionais, permitindo que a empresa redirecione recursos para áreas 
estratégicas, como tecnologia, inovação e melhorias na experiência do cliente, 
aspectos cruciais no setor de varejo competitivo e dinâmico. O impacto da reforma 
sobre a tributação do consumo, com a adoção do IVA, pode também afetar as 
margens de lucro de empresas que operam no e-commerce, como a empresa do setor 
do varejo analisada, a qual enfrenta pressões de custos associadas à cadeia de 
fornecimento e à logística. 
Portanto, o sucesso da empresa do setor do varejo analisada, em relação à 
adaptação frente à reforma tributária, dependerá de sua capacidade de planejar 
estrategicamente as mudanças, de investir em tecnologia para a automação de 
processos fiscais e de ajustar os seus modelos de precificação e de distribuição de 
produtos. O planejamento tributário se tornará ainda mais essencial para mitigar os 
riscos fiscais, explorar os novos incentivos oferecidos pela reforma e manter sua 
competitividade no mercado. 
Infere-se, portanto que, a reforma tributária, ao simplificar o sistema e tornar a 
arrecadação mais transparente e eficiente, pode representar um avanço significativo 
para o ambiente de negócios no Brasil. Desse modo, para empresas como a empresa 
do setor do varejo analisada, a chave para o sucesso estará na adaptação eficaz as 
novas regras, garantindo que os benefícios fiscais sejam maximizados e os custos 
operacionais, minimizados. Sendo assim, a capacidade de se ajustar rapidamente ao 
novo modelo seráum fator crucial para garantir a sustentabilidade e o crescimento a 
longo prazo em um cenário tributário mais moderno e menos oneroso 
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8. REFERÊNCIAS 
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propostas de reforma.” Texto para Discussão nº 1548, Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (IPEA), 2019. 
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LIMA, João Carlos. "O Impacto da Centralização na Arrecadação de Impostos e a 
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São Paulo, p. 1-5, 26 ago. 2024. Disponível em: 
18 
 
https://www.gazetadopovo.com.br/conteudo-publicitario/tax-group/reforma-tributaria-
por-que-a-sua-empresa-deve-se-antecipar/. Acesso em: 16 nov. 2024. 
SILVA, Ricardo. "Reforma Tributária e a Redistribuição de Receitas: Desafios e 
Perspectivas." Revista de Direito Tributário Contemporâneo, vol. 4, nº 1, 2020.

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