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Adenoma: tumor benigno que se desenvolve em glândulas Pedro Lucas Cariri Moura – 4º Período | FMIT – Faculdade de Medicina de Itajubá Sistemas Orgânicos Integrados IV – SOI IV Adenoma: tumor benigno que se desenvolve em glândulas Revisar a anatofisiologia da glândula suprarrenal e o funcionamento do cortisol no organismo Estudar a fisiopatologia da síndrome de Cushing Entender a etiologia e os fatores de risco dessa síndrome Listar as manifestações clínicas da doença Investigar como se dá o diagnóstico da síndrome de Cushing ANATOFISIOLOGIA DA GLÂNDULA SUPR- RARRENAL As adrenais são glândulas localizadas no retroperi- tônio, responsáveis pela síntese de substâncias es- senciais para a vida humana: Catecolaminas; Androgênios; Esteroides; Mineralocorticoides. Dentre as quais se destaca o cortisol, hormônio gli- cocorticoide indispensável à manutenção da vida. A regulação da função do córtex das adrenais ocorre pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), secre- tado pela hipófise – que estimula a secreção de cor- tisol e androgênios – e pelo sistema renina-angio- tensina – que estimula a secreção de aldosterona. Tabela 1. Divisões estruturais das adrenais e os seus respectivos produtos de secreção. Fonte: Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. São Paulo: Medcel; 2018. SÍNDROME DE CUSHING É conjunto de sinais e sintomas causados pela ex- posição prolongada e excessiva a quantidades ele- vadas de glicocorticoides, de origem exógena (far- macológica) ou endógena. Quando é provocada por um adenoma hipofisário secretor de ACTH, passar ser chamada de doença de Cushing. IMPORTANTE A Síndrome de Cushing corresponde ao conjunto de sinais e sintomas causados pela exposição crônica a quantidades excessivas de glicocorticoides, de qualquer etiologia. ETIOLOGIA Tabela 2. Causas da Síndrome de Cushing Fonte: Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. São Paulo: Medcel; 2018. CAUSAS EXÓGENAS A causa mais prevalente é a corticoterapia, ou seja, o uso de glicocorticoides em apresentações farma- cológicas por tempo prolongado e em doses supra- fisiológicas. Os corticoides são anti-inflamatórios e imunos- supressores potentes, com indicações de uso crônico nas mais diversas patologias. É importante lembrar que as preparações não só de uso sistêmico (oral, injetável), mas também para uso tópico (colírios, soluções nasais, aerossóis, ina- latórios, cremes, pomadas), podem provocar mani- festações clínicas de hipercortisolismo, depen- dendo da dose e do tempo de exposição. O acetato de megestrol é um progestogênio com efeito glicocorticoide moderado e foi associado a al- guns casos de síndrome de Cushing. CAUSAS ENDÓGENAS Podem ser classificadas em: ACTH dependentes: por excesso de ACTH ou CRH, com hiperestímulo às adrenais. ACTH independentes: em que 1 ou ambas as adrenais secretam excessivas quantidades de glicocorticoides de forma autônoma, ou seja, independente do estímulo de ACTH. Entre as causas endógenas, 80% são ACTH-depen- dentes e, destas, 80% são causadas pela doença de Cushing. Em até 90% dos casos, os tumores são microadeno- mas hipofisários ( 1cm). Equimoses aos mínimos traumas (refletindo a fragi- lidade capilar e a atrofia cutânea por redução da produção de colágeno na pele) está presente em 50% dos casos. Acantose nigricans pode ser observada em cerca de 30%. Devido à imunossupressão causada pelo excesso de glicocorticoides, podem surgir candidíase mucocu- tânea e outras micoses. DOENÇAS CRÔNICAS Está presente de 75 a 90% dos casos, de predomínio diastólico. Diabetes mellitus ou intolerância a glicose podem ser vistos em 40 a 80% (visto que o cortisol é um hor- mônio contrarregulador insulínico). Uma alteração hidroeletrolítica mais característica da síndrome de ACTH ectópico (ocorrendo em 80%), mas que também pode ser vista nos demais pacien- tes com Cushing, é a alcalose hipocalêmica. HIPOGONADISMO É comum tanto em homens, quanto em mulheres. A redução da função gonadal vem acompanhada de baixos níveis de gonadotrofinas (LH e FSH), apon- tando, portanto, para uma causa central (hipogona- dismo Hipogonadotrófico). Decorre do hipercortisolismo e cursa com: Infertilidade Amenorreia Osteoporose Redução da libido Disfunção erétil Muitas vezes é reversível com a correção do excesso de glicocorticoides. SECREÇÃO ECTÓPICA Os casos maisgraves da síndrome de Cushing cos- tumam ser os provocados pela secreção ectópica de ACTH, pois os pacientes tendem a apresentar-se com níveis extremamente elevados de ACTH e cor- tisol. Em alguns casos de secreção ectópica de ACTH de instalação abrupta pode haver apenas hipocalemia e miopatias severa, sem os estigmas típicos da sín- drome de Cushing. Adenoma: tumor benigno que se desenvolve em glândulas Imagem 1. Achados típicos na síndrome de Cushing. Fonte: Hammer GD, McPhee SJ. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7th ed. Porto Alegre: AMGH; 2016. EXAMES LABORATORIAIS O 1º passo na investigação de suspeita de síndrome de Cushing é determinar se o paciente está em uso de qual- quer tipo de preparação contendo corticoides. Em caso de uso prolongado dessas medicações, fica determinado o hipercortisolismo exógeno, desde que as manifestações clínicas sejam compatíveis. Indivíduos como esse apresentarão valores reduzidos de cortisol plasmático, pela supressão das adrenais pelo uso de corticoide exógeno. Quando o quadro clínico é sugestivo e o paciente não está em uso de corticoterapia, a investigação laboratorial deve acontecer em 2 etapas distintas CONFIRMAÇÃO DO HIPERCORTISOLISMO Tabela 4. Exames para confirmação de hipercortisolismo endógeno. Fonte: Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. São Paulo: Medcel; 2018. Adenoma: tumor benigno que se desenvolve em glândulas DEFINIÇÃO DA ETIOLOGIA Confirmado o hipercortisolismo pelos exames cita- dos, reta definir a etiologia do quadro. O próximo passo é a dosagem de ACTH, a ser reali- zado em, pelo menos, 2 ou 3 amostras colhidas en- tre 8 e 9 horas da manhã, com intervalos de, no mí- nimo, 15 minutos. ACTH BAIXO Valores muito baixos ou indetectáveis de ACTH (,10pg/mL) indicam etiologia ACTH-independente; nesse caso, deve ser realizada Tomografia Compu- tadorizada (TC) ou Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de abdome para localizar um provável tumor de suprarrenal. ACTH NORMAL OU ELEVADO O grande problema está nos pacientes com ACTH >10 a 20pg/mL, ou seja, que apresentam etiologia ACTH-dependente. A maioria dos indivíduos nessa situação apresenta um adenoma hipofisário secre- tor de ACTH (doença de Cushing). Os eventuais pacientes com síndrome da secreção ectópica de ACTH (de 10 a 15%) podem apresentar valores semelhantes de ACTH e cortisol nos testes bioquímicos, o que torna, muitas vezes, extrema- mente difícil a diferenciação entre as duas etiolo- gias. Entretanto, tal distinção é obrigatório, pois é funda- mental para definir a melhor estratégia terapêutica. Valores extremamente elevados (>300pg/mL) são bastante sugestivos de secreção ectópica. Vários testes podem ser utilizados para tentar dife- renciar ambas as fontes, como por exemplo: Teste de supressão com altas doses de dexame- tasona (8mg às 23 horas em dose única; supres- são do cortisol >50% indica doença de Cushing); Teste de estímulo com CRH ou DDAVP (acetato de desmopressina – elevação significativa do ACTH ou cortisol indica doença de Cushing); Cateterismo bilateral de seios petrosos inferio- res (exame padrão-ouro). EXAMES DE IMAGEM Em alguns casos, não é encontrada a fonte do ACTH, e o paciente é rotulado como tendo secreção de ACTH de origem desconhecida. A doença de Cushing deve ser avaliada com TC ou , preferencialmente, RNM de hipófise. Macroadenomas (>1cm de diâmetro) são facil- mente detectados nos estudos radiológicos, mas a TC e a RNM têm sensibilidade baixa (50 e 65%, res- pectivamente) para os microadenomas (