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Edo’s lineares de 2a ordem com coeficientes constantes Objetivos: Ao final desta aula voceˆ devera´ ser capaz de: • Definir equac¸a˜o caracter´ıstica. • Aplicar o me´todo de D’Alembert, ou de reduc¸a˜o de ordem, para uma edo linear de 2a ordem. • Resolver edo’s de 2a ordem lineares, homogeˆneas, de coeficientes constantes. 0.1 EDO Linear de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes Definic¸a˜o 0.1 Uma equac¸a˜o do tipo ay′′ + by′ + cy = 0, (1) onde a , b e c sa˜o constantes reais e´ chamada equac¸a˜o diferencial ordina´ria linear de segunda ordem homogeˆnea com coeficientes constantes Podemos determinar as soluc¸o˜es de uma equac¸a˜o do tipo 1 utilizando func¸o˜es simples do Ca´lculo I. Observac¸a˜o 0.2 Considere a seguinte edo de segunda ordem linear, homogeˆnea com co- eficientes constantes: y′′ − y = 0. Para determinara as soluc¸o˜es desta equac¸a˜o vamos procurar uma func¸a˜o y que tenha a seguinte propriedade: y′′ = y. Observe que y1(t) = et e y2(t) = e−t teˆm esta propriedade, assim satisfazem a equac¸a˜o y′′ = y. Pelo teorema da superposic¸a˜o, qualquer combinac¸a˜o linear de y1 e y2, isto e´, qualquer expressa˜o da forma c1e t+c2e −t , sendo c1 e c2 constantes reais quaisquer, tambe´m e´ soluc¸a˜o da equac¸a˜o dada . 1 2 De fato, considere a combinac¸a˜o linear: y(t) = c1e t + c2e −t. Determinando y′(t) e y′′(t) , teremos: y′(t) = c1et − c2e−t e y′′(t) = c1et + c2e−t o que comprova que y′′(t) = y(t). Teorema 0.3 (Teorema da Existeˆncia e Unicidade) Considere o PVI y′′ + p(t)y′ + q(t)y = g(t) y(t0) = y0 y′(t0) = y′0 onde p, q e g sa˜o cont´ınuas em um intervalo aberto I. Enta˜o existe uma u´nica soluc¸a˜o y = φ(t) do PVI para todo x em I. Voltemos ao caso geral da equac¸a˜o com coeficientes constantes: ay′′ + by′ + c = 0. (2) Vamos admitir que y = ert e´ soluc¸a˜o desta edo, onde r e´ a constante a ser determinada. Calculando y′ e y′′ e substitu´ındo-se y, y′ e y′′ na equac¸a˜o 2, obtemos: r2aert + rbert + cert = 0 ⇔ ⇔ ert(ar2 + br + c) = 0. Como ert 6= 0, para qualquer valor real de t, assim a condic¸a˜o para que y = ert seja soluc¸a˜o da equac¸a˜o ay′′ + by′ + c = 0 e´ que: ar2 + br + c = 0. (3) A equac¸a˜o 3 e´ chamada equac¸a˜o caracter´ıstica associada a` equac¸a˜o ay′′+by′+cy = 0. Note que a equac¸a˜o caracter´ıstica e´ uma equac¸a˜o do segundo grau na varia´vel r. Dada a equac¸a˜o ar2 + br+ c = 0 e sendo 4 = b2− 4ac , temos treˆs casos a considerar: • (i) ∆ > 0. Neste caso a equac¸a˜o caracter´ıstica tem duas ra´ızes reais distintas. • (ii) ∆ = 0: Neste caso a equac¸a˜o caracter´ıstica tem duas ra´ızes reais e iguais. • (iii) ∆ < 0: Neste caso a equac¸a˜o caracter´ıstica tem duas ra´ızes complexas conju- gadas. 3 0.1. EDO Linear de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes Comec¸aremos a estudar a equac¸a˜o caracter´ıstica quando ∆ > 0. Neste caso a equac¸a˜o possui duas ra´ızes reais e distintas, a saber: r1 = −b+√b2 − 4ac 2a e r2 = −b−√b2 − 4ac 2a . Sejam y1(t) = e r1t e y2(t) = e r2t. Enta˜o: W (y1, y2) = ∣∣∣∣ er1t er2tr1er1t r2er2t ∣∣∣∣ = e(r1+r2)t(r2 − r1). Como r1 6= r2, enta˜o W (y1, y2) 6= 0. Da´ı as soluc¸o˜es y1(t) = er1t e y2(t) = er2t sa˜o L.I. e formam um conjunto fundamental de soluc¸o˜es para a edo 2 e, segundo o teorema 2.6, a soluc¸a˜o geral da edo sera´: y(t) = c1e r1t + c2e r2t, onde c1 e c2 sa˜o constantes reais quaisquer. Exemplo 0.4 Considere a equac¸a˜o de segunda ordem linear e homogeˆnea com coefici- entes constantes y′′ + 3y′ + 2y = 0. Determine a soluc¸a˜o geral desta edo. Soluc¸a˜o: Supondo que y = ert e´ soluc¸a˜o desta equac¸a˜o, obtemos a equac¸a˜o caracter´ıstica: r2 + 3r + 2 = 0 cujas ra´ızes sa˜o r1 = −1 e r2 = −2. Logo y1 = e−t e y2 = e−2t sa˜o soluc¸o˜es da edo dada. Como W (e−t, e−2t) = −e−3t 6= 0,∀t ∈ R enta˜o a soluc¸a˜o geral para equac¸a˜o y′′+ 3y′+ 2y = 0 e´ : y(t) = c1e −t + c2e−2t, sendo c1e c2 constantes reais quaisquer. Para estudarmos os demais casos da equac¸a˜o caracter´ıstica, precisamos de alguns resultados e definic¸o˜es. 0.1.1 Equac¸a˜o caracter´ıstica com ra´ızes complexas Voltaremos agora a discussa˜o da equac¸a˜o caracter´ıstica de uma edo linear e ho- mogeˆnea de segunda ordem com coeficientes constantes. Passaremos ao caso em que a equac¸a˜o caracter´ıstica possui ra´ızes complexas. Considere a equac¸a˜o caracter´ıstica ar2 + br + c = 0 na qual ∆ = b2 − 4ac < 0. Neste caso as ra´ızes da equac¸a˜o caracter´ıstica sa˜o complexas e conjugadas, ou seja: r1 = λ+ iµ e r2 = λ− iµ. 4 Da´ı, y1(t) = e (λ+iµ)t e y2(t) = e (λ−iµ)t. E´ comum, neste ponto, definirmos a exponencial complexa usando um procedimento que usa se´ries infinitas. Sabendo-se que et = ∑∞ n=0 tn n! e admitindo que e´ va´lido substituir t por it, teremos: eit = ∞∑ n=0 (it)n n! = ∞∑ n=0 (−1)nt2n (2n)! + i · ∞∑ n=1 (−1)n−1tn−1 (2n− 1)! = cost+ i · sent. A equac¸a˜o eit = cost+ i · sent e´ chamada fo´rmula de Euler. Dessa forma, temos que: y1(t) = e (λ+iµ)t = eλt · [cos(µt) + isen(µt)] e y2(t) = e (λ−iµ)t = eλt [cos(µt)− isen(µt)] . A partir deste ponto podemos obter soluc¸o˜es reais para a edo dada considerando as combinac¸o˜es lineares de y1(t) e y2(t) dadas a seguir: 1 2 [y1(t) + y2(t)] = e λt · cos(µt) e 1 2i [y1(t)− y2(t)] = eλt · sen(µt). Dessa forma Y1(t) = e λt · cos(µt) e Y2(t) = eλt · sen(µt) sa˜o soluc¸o˜es reais da edo ay′′ + by′ + cy = 0, e como W (Y1, Y2) = µe2λ 6= 0, pois µ 6= 0, ou seja , {Y1, Y2} e´ tambe´m um conjunto fundamental de soluc¸o˜es para a edo ay′′ + by′ + cy = 0 quando ∆ = b2 − 4ac < 0. Assim a soluc¸a˜o geral sera´: y(t) = c1e λt · cos(µt) + c2eλt · sen(µt). onde c1 e c2 sa˜o reais quaisquer. Exemplo 0.5 Determine a soluc¸a˜o geral para a edo linear y′′ + 2y′ + 2y = 0. Soluc¸a˜o: A equac¸a˜o caracter´ıstica associada e´ r2 + 2r + 2 = 0, cujas ra´ızes sa˜o −1 + i e −1− i. Logo: y1 = e (−1+i)t = e−t.eit = e−t(cost+ isent) 5 0.1. EDO Linear de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes e y2 = e (−1−i)t = e−t.e−it = e−t(cost− isent). Desta forma Y1(t) = e −tcost e Y2(t) = e−tsent. Como o W (Y1(t), Y2(t)) = e −2t 6= 0, ∀t ∈ R, enta˜o Y1(t) e Y2(t) sa˜o linearmente independentes. Portanto, a soluc¸a˜o geral da edo em questa˜o e´: y(t) = c1e −tcost+ c2e−tsent, sendo c1 e c2 constantes reais quaisquer. 0.1.2 Me´todo de Reduc¸a˜o de Ordem (Me´todo de D’Alembert) Este me´todo permite transformar uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria linear de ordem n em uma equac¸a˜o de ordem n− 1, isto e´, reduz a ordem da equac¸a˜o dada. Este me´todo permite encontrar a soluc¸a˜o geral de uma edo linear homogeˆnea de 2a ordem, desde que seja conhecida uma soluc¸a˜o particular. Seja, enta˜o, y1 uma soluc¸a˜o particular da equac¸a˜o: y′′ + p(t)y′ + q(t)y = 0. Para determinarmos uma segunda soluc¸a˜o desta equac¸a˜o, que seja LI com y1, vamos admitir que esta segunda soluc¸a˜o seja da forma y2(t) = v(t)y1(t), onde a func¸a˜o v a ser determinada seja duplamente deriva´vel. Determinando y′2(t) e y ′′ 2(t), e substituindo y2, y ′ 2 e y′′2 na equac¸a˜o y ′′ + p(t)y′ + q(t)y = 0, obtemos: v′′y1 + 2v′y′1 + vy ′′ 1 + p(t) · (v′y1 + vy′1) + q(t) · vy1 = 0⇔ v′′y1 + v · (y′′1 + p(t)y′1 + q(t)y1︸ ︷︷ ︸ =0 ) + v′ · (p(t)y1 + 2y′1) = 0⇐⇒ y1v ′′ + v′ · (p(t)y1 + 2y′1) = 0. Observe que a equac¸a˜o y1v ′′ + v′ · (p(t)y1 + 2y′1) = 0 pode ser transformada em uma equac¸a˜o diferencial linear de primeira ordem fazendo u = v′ e u′ = v′′. Resolvendo a equac¸a˜o y1v ′′ + v′ · (p(t)y1 + 2y′1) = 0 obtemos a func¸a˜o v e podemos obter uma segunda soluc¸a˜o da edo, de forma que y1 e y2 seja um conjunto fundamental de soluc¸o˜es para a edo dada, ou seja, a soluc¸a˜o geral da edo sera´: y(t) = c1y1(t) + c2v(t)y1(t) = c1y1(t) + c2y2(t), onde c1 ec2 sa˜o nu´meros reais. 6 0.1.3 Equac¸a˜o Caracter´ıstica possui ra´ızes repetidas Para uma equac¸a˜o diferencial linear homogeˆnea de segunda ordem a equac¸a˜o carac- ter´ıstica so´ tem uma soluc¸a˜o quando ∆ = b2 − 4ac = 0.Neste caso,a soluc¸a˜o da equac¸a˜o caracter´ıstica so´ nos permite determinar uma soluc¸a˜o LI para a edo dada. Como para encontrarmos a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o necessitamos de duas soluc¸o˜es LI ,vamos usar o me´todo de reduc¸a˜o de ordem para determinar uma segunda soluc¸a˜o que seja LI com a primeira. Considere a edo linear homogeˆnea com coeficientes constantes: ay′′ + by′ + cy = 0. (4) e vamos considerar que a equac¸a˜o caracter´ıstica correspondente ar2 + br + c = 0 tenha ∆ = b2 − 4ac = 0. Neste caso a equac¸a˜o caracter´ıstica tem uma raiz dupla dada por: r1 = r2 = −b 2a . Assim, y1(t) = e −bt 2a e´ uma soluc¸a˜o da Equac¸a˜o 4. Para encontrarmos a segunda soluc¸a˜o desta equac¸a˜o que seja LI com y1(t) = e −bt 2a uti- lizaremos o me´todo de D’Alembert. Vamos enta˜o encontrar uma func¸a˜o v , duplamente deriva´vel, de forma que y = vy1 seja tambe´m soluc¸a˜o da edo 4. Substituindo y = vy1, y′ = v′y1 + vy′1 e y ′′ = v′′y1 + 2v′y′1 + vy”1 na equac¸a˜o 4 teremos: a · (v′′y1 + 2v′y′1 + vy′′1) + b · (v′y1 + vy′1) + c · vy1 = 0⇔ ay1v′′ + (2ay′1 + by1) · v′ = 0. Observe que como y1(t) = e −bt 2a , enta˜o y′1(t) = −b 2a e −bt 2a . Da´ı a expressa˜o: 2ay′1 + by1 = 2a (−b 2a e −bt 2a ) + be −bt 2a = 0 e, assim chegamos a` equac¸a˜o : v′′ = 0, uma vez que a 6= 0 e y1 6= 0. Resolvendo a equac¸a˜o v′′ = 0, obtemos v(t) = c1t + c2. Como nos interessa apenas uma func¸a˜o v, e´ comum escolhermos c1 = 1 e c2 = 0 e assim v = t. Logo a segunda soluc¸a˜o da equac¸a˜o sera´ : y2(t) = t.e −bt 2a . Como y1 = e −bt 2a e y2 = te −bt 2a sa˜o soluc¸o˜es L.I. enta˜o, a soluc¸a˜o geral para a equac¸a˜o 4, quando ∆ = 0, e´: y(t) = me −bt 2a + nte −bt 2a , sendo m e n constantes reais quaisquer. 7 0.2. Exerc´ıcios Exemplo 0.6 Resolver a edo: y′′ + 4y′ + 4y = 0. (5) Soluc¸a˜o: A equac¸a˜o caracter´ıstica associada a esta edo e´: r2 + 4r + 4 = 0⇔ (r + 2)2 = 0, cuja raiz e´ r = −2. Assim, y1(t) = e−2t e´ uma soluc¸a˜o LI da edo 5. A fim de encontrarmos a segunda soluc¸a˜o desta equac¸a˜o, que seja LI com y1, utiliza- remos o Me´todo de D’Alembert, supondo que y2(t) = v(t)e −2t seja tambe´m soluc¸a˜o da edo 5. Temos: y′2(t) = v ′e−2t − 2ve−2t e y′′2(t) = v′′e−2t − 4v′e−2t + 4ve−2t, que, substituindo na edo 5 nos da´ v′′e−2t = 0. Como e−2t > 0 para todo t real, a soluc¸a˜o da equac¸a˜o v′′ = 0 e´ v(t) = mt + n. Logo v(t) = t e y2(t) = te −2t. Desta forma, o Wronskiano: W (y1, y2) = (1− t).e−4t 6= 0 para todo t 6= 1, ou seja, y1(t) = e−2t e y2(t) = te−2t sa˜o LI e a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o 5 e´ dada por: y(t) = (c1t+ c2)e −2t sendo c1 e c2 constantes reais quaisquer. 0.2 Exerc´ıcios 1. Resolva os PVIs. • a) y′′ − y = 0 y(0) = 2 y′(0) = −1 • b) y′′ + 3y′ + 2y = 0 y(0) = 1 y′(0) = −1 • c) y′′ + y = 0 y (pi 3 ) = 2 y′ (pi 3 ) = −4 2. Encontre a soluc¸a˜o geral das equac¸o˜es 8 (a) 4y′′ − 9y = 0 (b) y′′ − 2y′ − 2y = 0. 3. Determine uma edo sabendo que sua soluc¸a˜o geral e´ dada por: y(t) = c1e −t 2 + c2e −2t 4. Sabendo que y1(t) = t e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o (t2 + 1)y′′ − 2ty′ + 2y = 0, encontre a soluc¸a˜o geral para a edo. 5. Resolva as equac¸o˜es abaixo: (a) t2y′′ + 4ty′ + 2y = 0 (b) t2y′′ − 4ty′ + 4y = (c) t2y′′ − 3ty′ + 4y = 0, y(−1) = 2 e y′(−1) = 3. Nestas equac¸o˜es admita que a soluc¸a˜o da equac¸a˜o seja da forma y(t) = tm. EDO Linear de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes Equação característica com raízes complexas Método de Redução de Ordem (Método de D'Alembert) Equação Característica possui raízes repetidas Exercícios
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