Logo Passei Direto
Buscar
Material

Prévia do material em texto

V 
 
BULLY KING 
Editado por RJ Locksley 
Design da capa por JA Huss 
Foto da capa: Wander Aguiar 
Modelo de capa: Andrew Biernat 
Copyright © 2020 por JA Huss 
Todos os direitos reservados. 
ISBN—978—1—950232—51—2 
 
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, negócios, 
lugares, eventos e incidentes são produtos da imaginação do autor ou 
usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, 
vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência. 
 
Encontre Julie em seu site 
www.JAHuss.com 
 
https://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&prev=_t&sl=auto&tl=pt&u=http://jahuss.com/
 
 
AVISO SUNS! 
A tradução foi efetuada pelo grupo Sunshine Books, fãs e 
admiradores da autora, de modo a proporcionar aos leitores e também 
admiradores o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O 
objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no 
Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os aos admiradores, sem 
qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto. 
Levamos como objetivo sério, o incentivo para seus admiradores 
adquirirem as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, 
não poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o 
conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. 
A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e 
editoras, o grupo Sunshine poderá, sem aviso prévio e quando entender 
que necessário, suspender o acesso aos livros e retirar o link de 
disponibilização, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras. 
Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que 
o download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, 
abstendo-se de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o 
trabalho de tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização 
expressa do mesmo. 
O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo 
uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo Sunshine de 
qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito 
cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente 
utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou 
indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998. 
 
 
 O garoto sexy com poder atormenta uma garota pária à sua mercê. Ele 
quer que ela vá embora, ela quer uma passagem para a elite da classe 
dominante. E está disposta a pagar QUALQUER preço para obtê-la. 
Um romance sombrio cheio de sexo, mentiras e segredos que deixarão 
todos de joelhos. 
Garotos valentões. 
Tiranos arrogantes. 
Bastardos de sangue azul. 
Chame-os do que quiser. 
Por aqui, nós apenas os chamamos de Reis. 
Barcos extravagantes. 
Mansões à beira do lago. 
Relógios de luxo e ternos sob medida. 
Os Kings of High Court College agem como deuses. 
E Cooper Valcourt é o pior deles. 
Ele é o rei valentão. 
Sua família é dona de tudo. 
E sua missão é me colocar no meu lugar e me mandar fazer as malas. 
 Mas Cooper e eu temos uma história cheia de segredos. 
E todos sabem que o poder não vem de ter dinheiro. 
Vem de guardar segredos. 
E estou guardando um dele. 
Um segredo muito sombrio que pode deixá-lo de joelhos. 
 
 
Bully King é um romance adulto, sombrio e agressivo da autora 
best-seller do New York Times, JA Huss, apresentando meninos com 
poder e meninas à sua mercê. É um campus envolto em mentiras e 
uma corrida de verão em uma sociedade de elite que pode 
impulsionar uma garota pobre direto para a classe dominante. 
Se... ela estiver disposta a pagar o preço. 
 
 
 
 
— Sabe qual é o seu problema, Christopher? 
Odeio quando meu pai me chama de Christopher. Ele só faz isso 
para ser um idiota. Ninguém me chama de Christopher, nem mesmo 
ele. 
Exceto quando quer ser um idiota. 
E ele sempre zomba disso. Porque meu nome de batismo não foi 
ideia dele. Era o nome do meu tio morto por parte da minha mãe e 
ela insistiu nisso. Meu irmão mais velho me apelidou de Cooper, 
porque nosso irmão do meio não conseguia pronunciar meu nome 
direito. 
— Bem? Você sabe? — Há uma veia saliente saindo do lado do 
pescoço dele. 
— Esta é sequer uma pergunta? Você realmente quer que eu 
diga qual é o meu problema? 
— Eu perguntei — ele leva um momento para sugar o ar pelo 
nariz dilatado — se você sabe qual é o seu problema. 
Pego meu telefone, abro meu aplicativo de notas e clico no título 
com estrela na parte superior. — Meu problema é... — suspiro 
enquanto leio no aplicativo — sou um idiota sem consideração que 
pensa que esta boa vida que me deram é um direito em vez de um 
privilégio. Também sou ganancioso, estúpido, preguiçoso e nunca 
chegarei a nada. — Eu me encolho na cadeira em frente à sua enorme 
mesa de mogno. — Isso diz tudo, papai? 
Ele odeia quando o chamo de papai. Sempre foi apenas Pai para 
ele. 
Mas ei, ele me chamou de Christopher primeiro, foda-se. 
— Eu deveria expulsá-lo — ameaça. 
— Faça isso — rebato. Até estreito meus olhos para ele a fim de 
colocar alguma ameaça por trás do desafio. 
Ele não vai. Se fosse me expulsar da High Court College – a 
faculdade que minha família fundou há quase duzentos anos – teria 
feito isso muito antes do final do primeiro ano. 
— Você está sozinho no próximo semestre. Não espere que o 
fundo fiduciário consolide a matrícula. 
Por que ele tem que usar palavras como matrícula, nunca 
entenderei. Não pode simplesmente dizer aceitação como todo mundo? 
Não, ele é um bastardo pretensioso que sente a necessidade de 
esfregar na cara a inferioridade de todos os outros. 
Como se eu até quisesse fazer parte de sua fraternidade 
idiota. Sequer foi ideia minha, fui forçado a isso. 
— Sem dinheiro — continua. — Sem carros, barcos e 
viagens. Nada. 
— Entendo, pai, estou cortado. Sem favores de seus amigos 
criminosos no meu futuro. Terminamos aqui? 
— Criminosos! — Ele solta uma risada para o teto alto de seu 
escritório. — Olha quem fala. 
— Então fizemos uma pequena bagunça. Quem se importa? É o 
que caras da minha idade fazem. 
— Você foi preso! 
— Foi uma prisão por embriaguez e não estávamos dirigindo o 
barco, ela estava. — Quase consigo não rir. 
Mas não foi exatamente assim. 
— Isso é engraçado? Garoto? — E agora ele está rosnando para 
mim, então sei que já terminamos aqui. O rosnado é um sinal claro 
de que ele está prestes a perder a cabeça. — Você ficou bêbado. O pai 
daquela menina ligou para mim. 
— E? Ela queria isso. 
Meu pai apenas me encara, seu foco sem piscar em mim 
enquanto provavelmente se pergunta como um garoto como eu 
poderia ser parente dele. — Tem alguma ideia de quantos problemas 
você causou para mim por causa de suas ações na noite 
passada? Você não vai se safar dessa vez. 
— Ok. Certo. — Jogo minhas mãos e reviro meus olhos. — Qual 
é a minha punição? 
Espero o de costume. Algum serviço comunitário de alta 
visibilidade para que as massas possam me ver como um ser humano 
humilde e identificável. O que é estúpido, poucas pessoas podem se 
identificar comigo. E não sou muito humilde, humildade não leva 
você muito longe na vida que vivo. 
Meu pai desliza uma brilhante pasta azul e dourada sobre a 
mesa. Ela desliza diretamente pela borda e tenho que segurá-la 
antes que caia no chão. 
As cores da escola, uau. Seguro a pasta. — O que é isso? 
Winston Valcourt, presidente da High Court College and Prep1, 
também conhecido como meu pai, sorri como se acabasse de passar 
algo para mim e eu ainda não percebi. — Seu emprego de verão, filho. 
— Trabalho? — sorrio. — Não. Já tenho um emprego de 
verão. Sairei daqui esta tarde. Fiz minha aparição obrigatória de 
família na formatura do Prep na noite passada e agora tenho, em 
meu nome, uma passagem para a Nova Zelândia. 
 
1 Faculdade da Suprema Corte e Curso Preparatório 
— Não mais. 
— Que inferno.— Lars ri. 
— Ela é irracional. Não me importo com o que alguém pensa. 
Vamos cortar a floresta e atingir o lago dessa maneira. 
— Você está me sequestrando! — grito. Chamo a atenção de um 
grupo de pessoas. Todos estudantes do ensino médio. — Ele está me 
sequestrando! Chame o xerife! 
Eles riem. 
— Isso não é uma piada! 
— Ei, Cooper! — chama algumas garotas. — Você pode me 
sequestrar em vez disso, se quiser. Eu estou disposta! 
— Chame o xerife! — grito novamente. 
Axe inclina o rosto para que eu possa vê-lo. Sorri para mim. — 
Ninguém chamará o xerife, querida. E mesmo que eles chamassem, 
ele não ousaria interferir. Ordens do Presidente. Ainda não conhece 
esse lugar, Cadee? Você passou a vida inteira aqui. Estão todos sujos. 
Todos trabalham para ele. E se ele quer que você more na casa dele, 
é lá que você vai morar, garotinha. Melhor se acostumar com isso. 
Então estamos na floresta e Cooper não diminui o ritmo nem me 
coloca no chão. Apenas me carrega por um caminho desgastado em 
direção ao portão que leva aos chalés dos estudantes. 
Fico quieta. Principalmente porque ser carregada sobre o ombro 
de um homem é muito alto na escala do desconfortável e uma dor 
aguda atinge minhas costelas a cada passo, sendo muito difícil 
respirar. 
Mas também porque as mãos de Cooper estão agarrando minha 
bunda e a parte de trás das minhas coxas. E mesmo que seja super 
inapropriado e eu não deva encontrar certos pontos do meu corpo em 
chamas e formigando pelo seu toque – é exatamente isso que está 
acontecendo. 
— Assim está melhor — diz Axe. Ele está andando atrás de mim. 
Tiro meu cabelo rebelde do meu rosto e inclino minha cabeça 
para que eu possa vê-lo. — O que está melhor? 
— Você. — Ele me dá um sorriso selvagem que o faz parecer 
ainda mais louco do que sei que ele é. — Toda tranquila e mansa. — 
Ele sussurra. Não que Cooper e Lars não possam ouvi-lo. Só porque 
é isso que ele faz quando está sendo um idiota. 
Sei disso por que… 
— Não fale com ela. — Cooper interrompe meus pensamentos. 
Axe corre alguns passos até ficar bem à minha direita. — Mas 
acho que gostaria de fazer coisas desagradáveis com ela, Coop. 
— Não. Ela não é uma de nós. Ela é uma... — ele para. 
— Não sou uma de vocês? — Eu não deveria me sentir 
menosprezada porque Cooper acha que Axe pode ter uma melhor do 
que eu, mas que se danem! — Não sou uma prostituta? Uma 
marionete vadia que vocês podem controlar? 
— Você não é? — diz Cooper. 
— Uau — ri Lars. — Forte. 
— Bem, você é? — sussurra Axe em meu ouvido. — Ou não é? 
— Foda-se, Axe! 
Normalmente não sou o tipo de garota que xinga. Também não 
sou o tipo de garota que é carregada por cima do ombro de um homem 
na floresta. Mas essa caminhada é tão longa que estou começando a 
me acostumar com a ideia de ser os dois. 
Axe fica para trás, então está atrás de mim novamente. — Tem 
certeza? Você está mostrando sua buceta para todo mundo agora. 
Nesses shorts que está vestindo? — estremece, depois mantém o 
polegar e o indicador a cerca de poucos centímetros de distância. — 
Um pouco curto demais para carregar no ombro, querida. 
Luto e me contorço no abraço de Cooper. — O que? 
— Axe. — A voz de Cooper é alta e dominante. — Não a irrite. 
Estamos quase lá. 
— Bem, ela está exibindo sua boceta. Não é algo pelo qual as 
garotas legais são conhecidas. 
— Não estou! 
— Tire sua camisa, Axe. 
— O que? — Ele ri. 
— Tire sua camisa — rosna Cooper. Ele está de muito mau 
humor. E está começando a se cansar de me carregar, bufando um 
pouco mais a cada passo. Ele pode ser grande e musculoso – sim, ele 
é definitivamente grande e musculoso – mas você não pode carregar 
40 quilos no ombro por tanto tempo sem sentir. — E coloque-a sobre 
a porra da bunda dela para que ninguém possa ver sua maldita 
boceta. 
Oh. Meu. Deus. — Vocês podem, por favor, pararem de falar 
sobre minhas partes íntimas como se eu não estivesse aqui? 
Lars ri na frente. 
Mas o rosto de Axe fica sério. — Não vou tirar a camisa. Lars, 
você tira. 
Alguns segundos depois, a camisa de alguém passa por cima da 
minha bunda, Cooper reajusta seu aperto em mim, e a coisa toda 
começa a parecer muito... estúpida. 
— Você pode apenas me colocar no chão? Eu andarei. Vou onde 
você quiser. 
— Foda-se, Cadee. — As palavras de Cooper são baixas. E 
definitivas. Como se fosse a última coisa que ele iria me dizer. 
Sempre. 
E todo mundo fica quieto depois disso. 
Finalmente, depois do que parece uma eternidade, estamos na 
marina. Ele me carrega até o cais, sob a cobertura de seu ancoradouro, 
e depois pula em sua chamativa lancha vermelha. 
Comigo ainda sobre seu ombro. 
— Ughhhh — gemo. Porque doeu! Minhas costelas estão tão 
doloridas. 
Então ele me vira tão rápido que minha cabeça gira, e antes que 
eu possa encontrar algo para me segurar, eu tropeço e caio no chão. 
Lars e Axe ficam em cima de mim enquanto Cooper liga o barco. 
E antes que eu possa me levantar, ele está tirando o barco do 
ancoradouro. 
— Sente-se, Cadee — ferve Axe. — Agora. E só vou avisá-la uma 
vez. Se fizer algo estúpido, como pular do barco? Pularei atrás de você. 
E confie em mim, você não gostará do que virá a seguir. 
Caio para o lado – direto para Lars. E seu peito nu muito 
musculoso. Ele envolve os braços ao redor da minha cintura e se joga 
em um banco longo, me puxando para seu colo. 
Dou uma cotovelada no pescoço dele e me afasto, ficando o mais 
longe possível deles. 
Então ouço gritos nas docas atrás de nós e... que diabos? 
Lars ri. — Parece que Mona foi sequestrada hoje também. 
E certamente, um daqueles guarda-costas estranhos e 
desajeitados que estão sempre seguindo Mona Monroe está levando-
a para um barco também. 
Encaramo-nos por um breve momento, mas... eu vejo. Vejo 
dentro dela naquele momento. 
Ela acena para mim. 
Eu aceno de volta. 
Nós duas somos parte de algo além do nosso controle. 
 
 
 
O barco é barulhento e o motor geme quando aperto o acelerador. 
Tenho cinco malditos minutos para levá-la naquele quarto e enviar 
uma foto ao meu pai e não vou conseguir. 
Gostaria de poder dizer que não me importo. Gostaria de poder 
dizer que ele não pode me controlar assim. 
Mas seria mentira. 
Estamos atravessando o lago a noventa e a água está um pouco 
agitada, então saltamos nas ondas. Cadee grita cada vez. Lars e Axe 
estão gritando. Divertindo-se. 
Por que não posso aproveitar como eles? Por que sempre fico tão 
envolvido nas coisas? 
Tudo isso faz parte do plano dele. Ainda não sei qual é o seu jogo 
final, mas tudo sobre este dia é parte de seu plano. 
Talvez ele esteja apaixonado por Cadee? 
Quero dizer, ela não é feia. Ela é, na verdade, meio... fofa. Eu 
acho. Não sensual e sombria como Mona. Não confiante e vadia como 
Isabella. Com quem, a propósito, preciso entrar em contato sobre o 
jantar de hoje à noite. Cadee nem é muito estudiosa e calma do jeito... 
bem, tenho certeza de que a High Court tem algumas garotas 
estudiosas e calmas por aqui em algum lugar. Só não sei seus nomes. 
Cadee é uma pequena mistura dos três. 
Ela viveu alguns tempos sombrios. Sem dúvida. Vi isso em 
primeira mão. 
E ela fala muito quando irritada. Então, embora finja ser toda 
estudiosa e calma – espionando os alunos da segurança da floresta 
todos esses anos – ela não é. 
É um ato. 
Ela não pertence aqui e todo mundo sabe disso. 
Se ela tivesse ido para o Prep como o resto de nós, em vez de ser 
educada em casa por sua mãe todos esses anos, ela teria se adaptado. 
Conformado com um grupo ou outro. Ela saberia seu lugar. 
Mas ela não foi para a Prep. E ela não sabe o seu lugar. 
E ainda assim ela está aqui. Sempre esteve aqui. 
Ela está se mudando para minha casa hoje. Tipo... que porra é 
essa? 
Por quê? 
Talvez seja isso que meu pai quer? Colocá-la em seu lugar? 
Eu ficaria mais do que feliz em derrubar Cadee Hunter alguns 
degraus. Ela guarda um segredo meu. E mesmoque as pessoas de 
fora pensem que o dinheiro é o que nos move, simplesmente não é 
verdade. 
Segredos. Essa é a moeda dos super-ricos. Lidamos com segredos. 
E ela está cheia de segredos agora. 
Deve ser por isso que meu pai se interessou tanto por ela. Não 
há outra explicação lógica para ele a manter por perto e me forçar a 
ficar aqui neste verão. 
Ele tem um segredo meu agora também. 
Ele sabe. Ele tem que saber. 
Balanço o barco para o lado e respingo o que equivale a um 
pequeno maremoto sobre o cais em frente à mansão da nossa família. 
Lars salta antes mesmo de ancorarmos, e Axe entrega a ele a corda 
para amarrar o barco. 
Eu me viro e aponto para Cadee. — Não me dê nenhum 
problema. Está me ouvindo? Vamos lá. 
Ela abre a boca para protestar, mas eu a agarro pelo braço e a 
puxo para o lado do barco. Lars a alcança, ele a puxa para fora, e 
então descemos o cais em direção a casa. 
O lado da mansão voltado para o Lago Monrovian é 
tecnicamente considerado a parte de trás da casa, mas é realmente o 
único lado que conta. O único lado que as pessoas podem ver. O lado 
destinado a impressionar. E nesse sentido, cumpre o seu papel. 
A Mansão Valcourt foi construída em 1821. Claro, não tinha essa 
aparência. Já vi fotografias desde 1832 e, embora tenha certeza de 
que era boa para a época, não diria que é elegante – uma imponente 
Tudor feito de pedra cinza escura com as características enxaimel no 
segundo andar preenchido com estuque cinza escuro. 
Amo esta casa. Sempre amei esta casa. E quando eu era criança, 
ela me fazia sentir como um rei – ou pelo menos um príncipe – porque 
os frontões elaborados, a linha do telhado severamente inclinada, as 
portas em arco e as chaminés de pedra realmente fazem com que 
pareça um castelo. 
A frente real da casa fica do outro lado, de frente para a estreita 
estrada de asfalto que serpenteia pela floresta de velhos bordos de 
açúcar e altas tulipas. Mas este é um bairro fechado de apenas duas 
dúzias de mansões que ficam de frente para o lago, como a nossa casa. 
Então ninguém consegue ver esse lado, exceto as crianças do clube. 
Arrasto Cadee pelo alto arco que leva à porta principal e a 
mantenho aberta para deixar todos passarem antes de fechá-la. 
— Por aqui — digo, mais uma vez agarrando Cadee pelo braço. 
Estou atrasado. Não há como consertar isso. Quero apenas riscar 
essa tarefa da minha lista e esquecer Cadee Hunter até ser forçado a 
considerá-la novamente. 
Eu a arrasto pelo longo corredor que leva à suíte de hóspedes no 
final da ala sudeste e, em seguida, abro a porta da suíte e a empurro 
para dentro. 
— Fique bem aqui. — Eu a empurro até que ela esteja no meio 
do quarto e, em seguida, eu pego meu telefone para tirar uma foto. 
Envio para o meu pai por mensagem de texto. 
Ele responde alguns segundos depois com a mensagem: Isso 
levou quarenta e sete minutos. 
Não respondo. Foda-se ele. Ação feita. Tarefa cumprida. — 
Ouça-me com muito cuidado, Cadee Hunter. 
Ela está olhando ao redor do quarto. Absorvendo tudo. Mas 
quando a encaro, ela encontra meu olhar. — O que? 
Aponto para ela. — Fique aqui. Não saia deste quarto. Se eu vir 
você nos corredores, ou na cozinha, ou em qualquer lugar dentro da 
porra da minha casa, a não ser neste quarto aqui, eu acabarei com 
você. Entendeu? — Não espero pela resposta dela. Apenas me viro e 
começo a voltar para o outro lado da casa. 
Axe e Lars não nos seguiram. Provavelmente estão na cozinha. 
— Espere! — chama Cadee. — O que eu devo fazer aqui? 
— Não me pergunte — rosno. — Você não é mais meu problema. 
— Cooper! — A voz do meu irmão Dane ecoa pela casa. 
— Merda — sussurro. Paro no corredor e olho para Cadee. — 
Não se mova, porra. Você me ouviu? 
Ela parece... assustada. Aterrorizada, na verdade. A realidade 
de sua situação finalmente aparecendo. Mas acena com a cabeça, 
subitamente complacente. 
— Feche a porta, fique quieta e não saia desse quarto. 
Ela acena com a cabeça novamente. E fecha a porta. 
A fechadura clica quando Dane contorna o canto mais distante 
do corredor. — Aí está você. O que você está fazendo aqui? Pensei que 
estava a caminho de... onde você ia mesmo? 
— Foda-se. Vá para casa, Dane. Sua esposa está esperando. Eu 
me certifico de bater em seu peito com meu ombro enquanto passo e 
então vou para a cozinha para encontrar Lars e Axe. 
— Ei. Estou falando com você. — Dane me alcança e me agarra 
pelo braço. Exatamente do jeito que eu estava agarrando Cadee. 
Paro e olho para sua mão. Então meus olhos seguem para seu 
rosto. Estamos na mesma altura agora. Finalmente o alcancei. Dane 
e Jack têm apenas um ano de diferença, então sempre foram iguais. 
Mas sou três anos mais novo que Dane e quatro anos mais novo que 
Jack. E enquanto Jack e eu sempre nos demos bem, as coisas entre 
Dane e eu nunca foram iguais. 
Síndrome do filho do meio? 
Não. Ele é apenas um idiota. 
Ele não solta meu braço, embora certamente deva ver a raiva em 
meus olhos. — Por que você está aqui? 
— Pergunte ao papai. — Puxo meu braço de seu aperto e volto 
para a cozinha. 
Mas ele me agarra novamente. E desta vez eu não seguro. Deixo 
essa raiva sair pela ponta do meu punho. Ele acerta o rosto dele, e 
então estamos em uma briga completa bem ali no corredor. 
Ele me agarra pela cintura, me levanta e depois me joga no chão 
de ardósia cinza-escuro com tanta força que acho que o ladrilho de 
ardósia racha embaixo de mim. 
Ele está balançando no meu rosto e tenho minhas mãos em volta 
de sua garganta, pronto para sufocá-lo até que fique inconsciente se 
eu precisar, quando Lars e Axe aparecem e começam a nos separar. 
Eu me levanto primeiro porque Dane está muito ocupado 
tentando golpear Axe, mas Axe não aceita essa merda e balança para 
trás, acertando Dane na garganta com tanta força que ele tropeça 
para trás com falta de ar. 
Nós o observamos por alguns momentos, todos nós esperando 
para ver se ele realmente morrerá com aquele golpe, ou apenas vai 
tossir e ofegar até a submissão e comer sua humilhação. 
É o último. Graças a Deus. Porque se ele realmente precisasse 
ser salvo, acho que não faria isso. 
— Você... pagará... por isso — murmura Dane as palavras entre 
suspiros de ar e aponta para Axe com um dedo acusador enquanto 
sua outra mão segura sua garganta como se isso fosse ajudar. 
Axe faz um movimento, sempre pronto para alguma violência. 
Mas Lars e eu o puxamos. — Foda-se, Dane — cospe Axe. — Sempre 
que você quiser mais disso, me avise. 
Dane olha para mim enquanto empurro Lars e Axe para a 
cozinha. — Você pagará por isso também. Sei o que você estava 
fazendo ontem à noite. Eu sei mais sobre você do que você pensa, 
Christopher. 
— Digo o mesmo — rosno. Eu me afasto. Não tenho medo dele. 
Podemos fazer isso o dia todo se ele quiser. Mas não virarei as costas 
para esse idiota. — Estou aqui. Sob as ordens do papai. Então se você 
não gosta? Você se acerta com ele. Caso contrário, é melhor manter 
distância de mim. Não sou mais aquele garoto que você batia. E 
acredite em mim, irmão. O retorno virá para você. 
Ele me encara, então estreita os olhos, talvez tentando descobrir 
se aquela ameaça é real ou não. Mas o importante é que ele não diz 
nada. Então, volto ao corredor onde Axe e Lars estão esperando. 
Damos alguns passos para trás, esperando para ver se Dane nos 
seguirá. Ele para na entrada do corredor em que estamos, limpa um 
pouco de sangue do lábio e diz — É melhor vocês tomarem cuidado. 
— Mas então ele continua pelo corredor em direção ao outro lado da 
casa e desaparece de vista. 
Nós nos viramos e caminhamos em direção à cozinha. 
— Jesus Cristo — ri Lars. — Vocês não mudaram nem um pouco. 
— Tomar cuidado? — ferve Axe. — Odeio esse idiota. É melhor 
ele tomar cuidado. 
Ando de um lado para o outro da cozinha, localizada no meu lado 
da grande sala que dá para o lago. De um lado estão todos os 
aparelhos industriais de ponta,bancadas de pedra-sabão pretas e 
armários cinza e o outro lado é a área de estar com uma enorme 
lareira de pedra ladeada de ambos os lados por estantes embutidas 
com várias áreas de estar no meio. 
Há uma entrada para a parte principal da casa em ambos os 
lados desta sala. E é nisso que estou focado enquanto ando. 
Verificando para ter certeza de que Dane não voltou para a ala onde 
coloquei Cadee. 
Ele não voltou. E, finalmente, depois de cerca de dez minutos 
disso – muito depois de Axe e Lars se sentirem à vontade com lanches 
e assistirem a um jogo de beisebol na enorme TV de 98 polegadas 
montada sobre a lareira – ouço bater a porta da frente e sento em 
uma cadeira. 
Sento-me em alguma coisa, percebo que é a pasta brilhante azul 
e dourada que meu pai me deu e a puxo do bolso de trás. 
— O que tem aí? — diz Axe, enfiando bolinhos de queijo na boca. 
Coloco a pasta na mesa de café na minha frente, então aliso o 
vinco e abro. Lars se joga no sofá em frente à mesa e Axe se junta a 
ele. 
Estudamos os papéis. 
— Bem, isso não parece bom — diz Lars, provavelmente 
pensando em nossa própria corrida três anos atrás. 
Foi um maldito pesadelo. Dane administrava naquele ano. Ele 
era Rei e eu era apenas um pequeno príncipe que precisava ser 
colocado em seu lugar. 
— Não — concordo — não. 
Axe se recosta nas almofadas do sofá com um suspiro. — Pensei 
que essa merda estava atrás de nós. 
— Aparentemente não. 
— Então, onde Cadee se encaixa? — pergunta Lars, pegando a 
pasta e folheando os papéis. 
— Acho que ela trabalha para nós. Ajudante de cozinha? Eu acho. 
— Ah, diabos, sim. — Axe se anima. — Vou me divertir com 
aquela pequena torta neste verão. Se eu tiver que ficar preso aqui, 
farei todo mundo pagar por isso. Será o último ano do ensino médio 
novamente. 
Lars ri, então desliza a pasta para mim. — Pode ser divertido. 
Quantos? 
Pego a pasta e olho os nomes dos calouros da faculdade que 
chegam. — Cara. Mona está aqui. 
— Ah — gargalha Axe. — Então é por isso que a bunda dela foi 
arrastada também. Bom. Estou feliz. Ela merece um verão assim. 
Mas Lars ri. — Mona? Um Swan6? Isso é hilário. De quem é essa 
pegadinha? 
Eu também ri. Não posso evitar. Os Swan são o lado Feather da 
Sociedade Secreta Fang and Feather na Faculdade High Court. As 
Fangs são... bem. Nós. Os Reis. — Isso é realmente engraçado — digo. 
— Ela provavelmente está sentada ao lado agora, Ax, Lars e Cooper? 
Reis? Nunca! 
Todos nós rimos. Temos que rir. É a única maneira de lidar com 
a punição que acabamos de receber. 
Então, como se fosse uma deixa, Lars e eu olhamos para nossos 
peitos nus, nossas camisas se perderam algum tempo durante o 
sequestro de Cadee Hunter. Temos a mesma tatuagem enorme 
abrangendo toda a largura do peito ao peito. Um leão duplo 
desenfreado – bocas abertas, patas traseiras agarrando o inimigo, um 
de frente para o outro – com o brasão de armas da High Court entre 
elas. 
É tudo muito... o que quer que seja. Classe dominante? 
Pretensioso? Necessário? Todas as anteriores, eu suponho. Porque 
segredos, cara. Eles fazem o mundo girar. 
Mesmo que seja chamado Fang and Feather, há um subgrupo 
chamado Fang and Claw apenas para homens. Então as garotas – as 
Swans – elas também têm seu próprio clubinho dentro da sociedade. 
 
6 Cisne. 
Chamamos de Wing and Feather7. O mascote delas é um cisne com 
asas estendidas e pescoço longo e arqueado. 
Fang and Feather é segredo apenas para o que é mantido dentro 
da tumba na floresta, porque todos na Faculdade High Court sabem 
que essa sociedade existe. 
Já sou membro. Tecnicamente. Assim como Lars e Axe. Mas a 
iniciação é um processo completo de quatro anos e você só é 
verdadeiramente empossado – o que significa que você não tem 
acesso a nenhum segredo da sociedade real – depois da formatura no 
último ano, quando passa pelo rito final de passagem. 
O que, para nós, é na próxima primavera. E isso é algo que não 
quero pensar. 
Lars solta um suspiro. — São apenas oito semanas. Teremos 
quase um mês inteiro no final para fazer algo divertido. 
Axe ri dele. — Sempre o Sr. Lado Bom. 
— O que mais faremos? — diz Lars. — Pode muito bem fazer 
disso um copo meio cheio. 
— Deveríamos ter apenas... fingido. Sabe? — Olho para Lars e 
Axe. Imaginando todas as maneiras pelas quais temos nos rebelado 
contra nossa sorte na vida ao longo dos anos. 
Axe e sua violência e drogas. Ele esteve em reabilitação seis 
vezes desde os treze anos. Apenas dois deles eram realmente sobre 
 
7 Asa e Pena. 
as drogas. O resto era apenas uma saída da prisão juvenil, graças ao 
seu pai, o Juiz. Ele está limpo por enquanto. Mas por quanto tempo? 
Lars e suas travessuras suicidas. Ele esteve no hospital por 
motociclismo de acrobacias, pulando em piscinas de telhados do 
terceiro andar e esqui aquático mais vezes do que posso contar. 
Eu e minha indiferença descuidada sobre... bem, praticamente 
tudo. Notas, pessoas... sexo. 
— É por isso que estamos aqui — digo. — Deveríamos ter jogado 
o jogo desde o início. Mantendo nossas cabeças baixas, faríamos o que 
eles queriam, e então estaríamos livres agora. Eles apenas 
assumiriam que continuaríamos no final. 
— Foda-se — diz Lars. — Nós estaríamos mais fundo. 
— Sim — concorda Axe. — Teríamos caído nessa. Já teríamos 
desistido se tivéssemos jogado o jogo. Assim como todos os outros. 
— Mas agora eles estão de olho em nós — retruco. — Não fizemos 
nada além de colocar um alvo em nossas costas. 
— Apenas fazemos o trabalho — diz Lars, suspirando. — Ser o 
rei dos valentões, e em oito semanas eles terão sua nova safra de 
lacaios e podemos decolar um pouco. Então, mais um ano, pessoal. 
Mais um ano e temos os fundos. Então estamos livres. 
Axe e eu olhamos um para o outro. 
Não acreditamos. 
Ah, essa é a estipulação nos contratos. Tudo o que precisamos 
fazer é nos formar na Faculdade High Court como membros em boa 
posição da Fang and Claw e receberemos o dinheiro. 
Mas nunca é tão fácil. 
Não será tão fácil. 
 
 
 
Quando eles começam a brigar no corredor, eu apenas me afasto 
da porta até esbarrar na cama e ter que me sentar. Olho para a porta, 
imaginando qual deles vencerá. 
Mas então ouço Lars e Axe e fica bem claro que Dane terá que 
recuar ou correr o risco de ser chutado por todos os três. 
Quero dizer, esse é o objetivo de ter amigos como Axe e Lars, não 
é? Então você não pode ser atacado em um corredor. Você nunca será 
superado em número. Alguém sempre te apoia. 
É um bom plano. Preciso admitir. E se eu soubesse como as 
coisas acabariam, teria formado meu próprio círculo coeso de guarda-
costas. 
Mas começo a me perguntar sobre minha vida. Estive pensando 
nas últimas duas semanas. Não sou ingênua. Sei o que as pessoas 
pensam de mim. Sou a boa menina. A garota esperta. A garota 
esquisita que morava na cabana do jardineiro na floresta e agora 
mora no sótão da Alumni Inn. 
Mas cresci na High Court. Talvez não tenha participado de todas 
as coisas selvagens que as garotas da minha idade fizeram ao longo 
dos anos. Mas vi. Assisti de longe. Então tenho uma ideia de como o 
mundo exterior pode ser. 
Impiedoso. Mortal. Funciona com status e dinheiro. 
Sim... suspiro. Não vou mentir. Assusta-me. Então, mesmo que 
toda aquela reunião com o Presidente tenha sido estranha – e isso é 
o mínimo – e mesmo que de repente eu me encontre no covil do 
inimigo, vou aguentar e ver onde isso dará. 
Porque não tenho muita escolha. 
Todas as minhas coisas se foram. Isso me deixa triste. 
Eu me viro e olho para o quarto. É tudo muito legal. Uma grande 
cama de dossel queen-size com um edredom de veludo lavanda e 
cortinas combinando penduradas nas laterais. O que é meio legal. 
Muito... tratamento real. Há muitos travesseiros na cama, tanto do 
tipo que você usapara dormir quanto do tipo bonito e decorativo com 
desenhos de contas representando cenas medievais e franjas 
douradas penduradas nos cantos. 
As cortinas que cobrem um conjunto de portas francesas são 
realmente cortinas, muito pesadas e puxadas para o lado com mais 
franjas douradas e brancas por baixo. As paredes são cinza claro, os 
pisos são de ardósia escura com um grande tapete do tamanho de 
uma sala no meio, e a guarnição é preta. Muito agradável. Muito de 
alta qualidade. Muito... não eu. 
Há uma namoradeira, uma cadeira, duas mesas de cabeceira e 
uma pequena escrivaninha com um computador. Olhando para a 
minha esquerda, vejo um banheiro e uma porta fechada, que 
provavelmente é um closet. Não consigo resistir a acender a luz e dar 
uma olhada no banheiro. 
E... sim. De cair o queixo. O design do quarto continua com os 
mesmos pisos, pintura e cores de acabamento, mas a pia e todos os 
acabamentos são dourados reluzente. O que normalmente eu acho 
brega, mas as pessoas ricas sempre parecem ser capazes de fazer isso. 
A banheira é independente do outro lado e também há um 
chuveiro com um amplo box. 
Recuo e respiro fundo. As coisas se acalmaram no corredor e 
todos os homens se mudaram para outras partes da casa, então me 
permito um momento para... baixar a guarda e deitar na cama. 
Mona. 
Esse é o nome que me vem à mente agora. Ela estava sendo 
sequestrada também. Não que eu tenha realmente sido sequestrada. 
Olho para a porta francesa que leva... bem, a algum lugar que não é 
aqui. Do lado de fora, pelo brilho do sol passando pela cortina branca 
semitransparente sobre a janela. Eu poderia simplesmente ir embora. 
E ir para onde? 
Não tenho nada, literalmente. O Presidente levou meu 
apartamento inteiro. Minha vida inteira foi roubada de mim. Não foi 
isso que ouvi Cooper dizer também? Eu penso. Sim. Ele disse: Parece 
que ele roubou sua vida. Assim como roubou a minha. 
Então, diabos, aonde eu vou? 
Conheço todas as garotas da minha idade que estudam no Prep, 
mas não são minhas amigas. Na verdade, nunca precisei de amigos. 
Tinha meus pais. Sou uma solitária. 
Gosto disso em mim e não quero mudar. 
Mas talvez precise se quiser sobreviver. 
Porque até duas semanas atrás eu nunca estive sozinha. Eu 
tinha alguém do meu lado. Minha mãe. E meu pai antes de morrer. 
Mas ela se foi agora. Então estou verdadeiramente e totalmente 
sozinha. 
Preciso mudar isso. 
Eu me levanto e vou até a porta francesa, tento a maçaneta e a 
encontro trancada. Mas é uma fechadura estúpida, apenas uma 
daquelas coisas curvas na maçaneta, que gira e destrava. 
Então abro a porta e me encontro em um pequeno pátio 
bonitinho de frente para um extenso gramado verde. Através de 
algumas árvores vejo o lado da mansão ao lado. Olho para a esquerda 
e para a direita, eu não vejo nada nem ninguém, depois fecho a porta 
e começo a caminhar em direção à outra mansão. 
Sei que Mona mora ao lado de Cooper. Não posso dizer como 
fiquei sabendo desse fato, e certamente nunca fui a uma de suas 
infames festas sem supervisão dos pais. Mas sei que Lars mora de 
um lado de Cooper e Mona mora do outro. 
Esta casa para a qual eu rastejo pode ser dela e só há uma 
maneira de descobrir. 
Posso ouvi-la gritando muito antes de me aproximar da janela 
mais próxima e espiar. Ela não está nesta sala, mas seus berros são 
altos e cheios de ameaças. Assim. Bom. Minha chance de cinquenta 
por cento deu certo. 
O que agora? 
Ela obviamente ainda está no meio de sua crise e a minha parece 
estar em hiato. 
Eu me arrasto no lugar por alguns momentos, então me agacho 
atrás de uma fileira de arbustos quando ouço a voz de Dane Valcourt 
atrás de mim. 
Ele não está perto o suficiente para eu ouvir sua conversa, e não 
estou nem um pouco interessada em espioná-lo de qualquer maneira, 
então apenas fico escondida e examino minhas opções. 
Poderia invadir a casa de Mona. Fazer dela minha melhor amiga 
e colocá-la do meu lado. Mas esse é um plano meio estúpido. 
Mona também não faz amigos. Mas pelo motivo exatamente 
oposto ao meu. 
Todos a odeiam. Digo, não me entenda mal. Eles ainda 
aparecerão nas suas festas, beberão toda a bebida e fumarão toda a 
sua maconha. Mas eles não gostam dela. 
Eles a usam, ela os usa. É assim que acontece com Mona. 
E embora eu faça um acordo mutuamente benéfico sobre nada, 
preciso de mais do que apenas um parceiro de negócios agora. Preciso 
de um amigo. 
E isso leva tempo. 
Ela deve ir para o Swan Camp8. É por isso que a arrastaram 
para casa. É por isso que Cooper me arrastou aqui. Já ouvi falar do 
Swan Camp. Todos ouviram. A sociedade secreta na High Court não 
é um grande segredo. Ouvi garotas falarem sobre isso ao longo dos 
anos porque moro no campus o ano todo e nos verões costumava 
ajudar meu pai nos jardins antes dele morrer. Há muitas crianças 
que ficam o verão inteiro. Talvez seus pais estejam de férias, ou 
talvez realmente gostem de ficar aqui para os vários acampamentos. 
Há um acampamento de cavalos. Um acampamento de arte. Um 
acampamento de futebol. Muitos acampamentos. 
Mas acho que eles ficam porque os pais não gostam deles. 
Pelo menos é o que digo a mim mesma ao longo dos anos. É 
natural querer ser o vencedor em alguma categoria, 
independentemente de quão pequena e sem sentido. 
 
8 Acampamento dos Cisnes. 
E ganhei na loteria com meus pais. 
De qualquer forma. Meu ponto é que eu sei sobre Swan Camp. 
E agora eu também vou. Aparentemente. 
Como… uma ajuda. 
Mas isso é bom. Porque tenho certeza de que Mona também vai 
para o Swan Camp e é por isso que aqueles seus guarda-costas 
esquisitos a arrastaram para casa. E isso significa que Mona estará 
lá durante todo o verão. Comigo. Muito tempo para eu ficar do lado 
dela e provar a ela que ela precisa de alguém como eu – alguém que 
possa cuidar dela de fora, enquanto ela cuida de mim por dentro – 
para que nós duas consigamos o que precisamos. 
Eu sei o que ela precisa. Eu acho. O Cygnet9 está no comando de 
todos os Swans. Ela é a rainha. Ela dá as ordens na sociedade secreta 
que eles têm na floresta. Assim como o Rei no lado masculino das 
coisas. 
Não sei muito sobre as sociedades Fang and Claw ou Wing and 
Feather. Quase não sei nada, na verdade. Mas sei que eles são reais 
e sei que uma caloura como Mona nunca seria colocada no comando. 
Há, agora, uma garota nervosa que se autodenomina Cygnet apenas 
esperando para tornar a vida de Mona miserável durante todo o 
verão. 
Posso ajudar a derrubar a rainha. 
 
9 Cisne novo. 
Uau. Calma aí, Cadee. Isso é meio diabólico. 
Isso me faz sorrir. Estou aprendendo. E esta é definitivamente a 
oferta que farei a Mona para fazê-la me ajudar... fazer o quê? 
O que ela me ajudará a fazer? 
Preciso de dinheiro dessas pessoas? 
Quero dizer, com certeza. Não recusarei algum dinheiro grátis. 
Mas não infringirei a lei e subornarei alguém para obtê-lo. 
O Presidente já me ofereceu uma bolsa de estudos. Não tenho 
intenção de aceitar. Meu sonho não tem nada a ver com o drama da 
Faculdade High Court e a classe dominante lutando pelas coroas. 
Talvez eu possa trocar? 
De alguma forma, acho que não. 
Então, o que posso tirar dessas pessoas? 
Hum. Que tal um pedido de desculpas? 
Sim, Cadee. Como se isso fosse acontecer. 
Que tal a verdade sobre o que realmente aconteceu quando eu 
tinha quinze anos? 
Eu ficaria satisfeita com isso. 
Então a verdade. Se Mona me ajudar a esclarecer a verdade 
sobre os truques sujos com os quais a família Valcourt lida, então sim, 
vou ajudá-la a depor a atual rainha Cygnet e fazer o que for preciso 
para colocar aquela coroa de penas na cabeça dela. 
São quatro anos de poder para Mona. Definitivamente mais do 
que conseguirei. 
Ela dirá sim. 
Ela precisava dizer sim. 
Mas devo aspirar a algo maiselevado? E se Mona rir do meu 
pedido? E se ela achar que sou simples e estúpida por não querer 
mais? 
Talvez eu deva me vingar? Fazer Cooper pagar pelo que fez? 
Percebo que não é tudo culpa dele, mas não me importo. Eu o 
culpo de qualquer maneira. 
Se seu pai está passando por todos esses problemas para fazê-lo 
ficar no verão, então isso só pode significar uma coisa. 
Cooper Valcourt é o herdeiro da coroa da Faculdade High Court. 
Ele é um veterano este ano. Deveria saber que seria colocado no 
comando. Ele pode não querer, mas não importa. É dele, goste ou não. 
Tirar isso dele só o faria feliz. 
Então não vou tirar. 
Vou garantir que ele seja coroado Rei no baile no outono. 
Com Mona ao lado dele. 
Na verdade, eu rio todo o caminho de volta para a minha porta. 
E ainda estou rindo quando adormeço no meu novo quarto 
dentro desta mansão ridiculamente luxuosa. 
 
 
 
Uma batida na porta me acorda e me sento na cama. 
— Cadee? 
Jesus. Que diabos? — Sim? — digo. 
A porta se abre e o Presidente entra. Ele olha por cima do ombro, 
como se verificando se há pessoas, e então silenciosamente fecha a 
porta. 
Saio da cama e fico perto da mesinha do outro lado do quarto 
antes mesmo dele se virar. De jeito nenhum eu enviarei a este homem 
qualquer mensagem confusa. Realmente não entendo por que ele me 
trouxe aqui, mas vê-lo entrar sorrateiramente no meu quarto dispara 
todos os tipos de sinos de alerta. Depois da minha experiência com o 
filho dele há três anos, não confio nele. 
Ele fica surpreso ao me encontrar tão longe quando se vira. Mas 
ele me estuda. Cruza as mãos na frente dele. Meio que balança em 
seus calcanhares. — Você está confortável aqui? 
— Mm-hum — aceno com a cabeça e dou a ele um sorriso de 
lábios fechados. — Muito. É... um quarto adorável. Com banheiro 
privativo. Agradável. — Você está balbuciando, Cadee. — Obrigada. 
Eu agradeço. 
— Bom. — Ele continua me estudando. Meio que olhando 
minhas pernas, na verdade. De repente, me pego concordando com 
Axe sobre o tamanho do meu short e gostaria de ter colocado uma 
calça de moletom esta manhã. — Você checou seu closet? 
— Meu closet? 
Ele caminha até lá e abre a porta para revelar prateleiras de 
vestidos, camisas e pilhas de suéteres e calças. Quanto tempo ele 
espera que eu viva aqui para comprar suéteres? E como diabos ele 
fez todas essas compras antes de eu aparecer? — Pertence a você 
agora. Então você pode trocar de roupa. 
— Eu... hum... — Boas maneiras, Cadee. Apenas lembre-se de 
suas maneiras. Isso não é estranho. Está tudo bem. — Obrigada. 
— Para o jantar, quero dizer. 
— Oh. Ok. 
— Não sei se você gostará de alguma coisa aqui. — Ele estende 
uma mão para o closet. 
— Ah, tenho certeza... 
— Não. Digo, tudo isso pertencia à minha terceira esposa. Ela 
deixou para trás quando eu a expulsei. 
— Ahhhhhh. 
— Então você pode não gostar de nada. Ela e você... — ele estala 
a língua. — Vamos apenas dizer que você tem um gosto muito melhor. 
Deixe-me saber se precisar de alguma coisa. Achei que precisava de 
roupas depois do incidente esta manhã e não havia tempo para 
preparar mais nada. 
Bem. Uau. Nem sei por onde começar. Tudo o que pensei que 
estava acontecendo de repente se desfaz. Várias dezenas de novas 
alternativas começam a se formular em minha mente, e me vejo 
muito insegura sobre qual jogo estamos jogando aqui. 
Deve ser um jogo. Não é? Ele não pode ser apenas um homem 
legal que quer me ajudar? 
Se há uma coisa que sei sobre os Valcourt é que eles não são 
legais. 
— Tenho certeza que está tudo bem. Obrigada. Digo, 
verdadeiramente. Minha vida inteira virou de cabeça para baixo 
desde que minha mãe morreu há duas semanas. 
Ele franze a testa para mim. Profundamente. E acena. — Eu sei. 
Eu gostava da sua mãe. Muito, na verdade. Ela fazia os melhores 
bolinhos para o refeitório. Ela fazia em casa também? 
Aceno, de repente me sentindo triste. — Sim. Ela fazia. Era 
minha sobremesa favorita também. 
Ficamos em silêncio por um minuto. Um longo minuto. Tanto 
tempo que começa a ficar estranho e quero dizer algo. Qualquer coisa 
para quebrar este momento desconfortável. Mas não sei nem por 
onde começar. 
— Ela era minha amiga. — Ele de repente deixa escapar. 
— O que? 
— Sua mãe. — Ele faz uma pausa. — Sim. Eu a consideraria 
uma amiga. Eu estava no enterro. 
— Estava? Não... 
— Não, eu fiquei atrás e saí cedo. 
— Desculpe... o que está acontecendo aqui? Vocês dois estavam 
tendo... 
— Não. — Ele levanta as mãos, palmas para frente, tentando 
afastar minhas palavras. — Não. Não era assim. Ela era... apenas 
uma amiga. — Então ele sorri para mim com os lábios fechados, do 
jeito que eu sorri para ele quando entrou. — Ela amava seu pai. Ficou 
arrasada quando morreu. 
— Eu realmente não quero falar sobre isso — sussurro. 
— Eu sei. Compreendo. Mas... o que eu realmente quero que você 
saiba é que eles têm um legado aqui. Os jardins são obra de seu pai. 
As sobremesas que a cafeteria continuará fazendo serão as receitas 
de sua mãe. Você é um legado, Cadee. Realmente quero que você 
fique aqui conosco. 
— Aqui? — aponto para o chão. Eu não ficarei nesta casa. 
— Onde você estiver confortável. Eu estava ocupado esta manhã. 
Não tive muito tempo para encontrar soluções. E Cooper. — Ele 
suspira alto e esfrega a têmpora. — Aquele menino. Sem falar na 
Mona. — Ele cospe o nome dela. — A questão é… a casa do jardim 
está vazia. Eu gostaria que você morasse lá. Se ficar. Você decide. 
Não precisa aceitar o emprego de verão se não se ver na High Court 
pelos próximos quatro anos. — Ele enfia a mão no bolso do paletó e 
tira um envelope. — Tenho um pacote de indenização para você. Para 
sua mãe. E seu pai. Eles eram leais. Legados, como eu disse. — Ele 
estende a mão, acenando para que eu pegue o envelope. 
Olho para o envelope por um momento, mas depois dou um passo 
à frente e o pego. — Obrigada. 
— Você quer ficar? 
— Não aqui — digo muito rapidamente. — Mas, sim. A casinha 
do jardim — sorrio. Não posso evitar. — Eu cresci lá. 
Ele sorri. — Eu sei. Lamento que tiveram que sair. Foi ideia de 
Cooper. 
— O que? 
— Sim. Ele me convenceu. Ele a queria para o time de lacrosse 
naquele ano. 
Eu fervo por dentro. Ele é a razão pela qual tivemos que nos 
mudar. Ele roubou minha casa de mim. Só mais uma razão para odiar 
aquele idiota. 
— Então você ficará? Na cabana? 
Aceno antes mesmo de perceber que estou fazendo isso. — Sim. 
Adoraria ficar. E aceitarei o trabalho. E a bolsa de estudos. 
— Os dois são condicionais. Receio que seja o melhor que posso 
fazer com o conselho em curto prazo. Reservamos esse emprego e 
bolsa de estudos para um estudante carente do Prep. Era de Lacy 
Pendleton até uma semana atrás. Não se preocupe com ela, 
entretanto. Tenho certeza de que seus empréstimos estudantis 
cobrirão a maior parte de suas mensalidades. 
— Oh. Uau. Um... 
— Está tudo bem. Ela entende completamente. 
Ceeerrto. Nota para si mesma. Fique bem longe de Lacy 
Pendleton. Ela não será legal comigo no próximo ano. 
— Bem, se essa é a sua decisão, então meu trabalho aqui está 
feito. — Ele tira uma chave do bolso e me entrega. — Para a cabana. 
Está parcialmente mobilada. Mas o pacote de indenização... — acena 
com a cabeça para o envelope na minha mão — deve mais do que 
cobrir o que você precisar fazer para se sentir em casa novamente. 
Suspiro. — Presidente Valcourt, eu não sei como agradecer. 
Sério. Você me tocou com este gesto. E quero que saiba o quanto eu 
aprecio isso. 
Ele sorri. — Foi um prazer. Por favor, coloque um vestido e 
venha jantar. Comemos às seis. Dane e Jack não estarão lá, ambos 
estão ocupados em casa se preparando para a viagem de verão. Mas 
Cooper estará. — Ele acrescenta como se estivesse com medo de que 
eu pensasse que ele estava me convidando para um encontro. 
Grande. Esta é a primeira coisa que ele oferece hoje que me faz 
querer dizernão imediatamente. 
Mas seria rude. E posso aguentar uma hora de jantar se isso 
significa que poderei sair e ir para minha casa hoje à noite. — Sim. 
Claro, eu ficarei para o jantar. 
 
 
 
Isabella Huntington está com as mãos em cima de mim no cais 
em frente à casa de Lars. Ela e suas Swans apareceram para 
conversar sobre alguns negócios sobre o início da corrida amanhã, e 
ela sempre foi uma garota prática. Não que eu me importe. Isabella 
é uma garota que eu realmente gosto. 
Não saímos muito, mas sempre sei que se eu precisar que ela 
faça alguma coisa – qualquer coisa – ela estará lá. E partes dela são 
muito fáceis. Ela se esforça, é inteligente, bonita, e mesmo que a 
maioria das pessoas pense que ela é uma vadia, eu meio que gosto 
disso nela. 
Dá a ela profundidade. 
Mas jantarei com meu pai esta noite e ele já me informou que 
Cadee também estará lá. Dane e Jack têm outros planos, graças a 
Deus pelos pequenos favores. Então isso é útil. 
Mas ele disse que queria que Isabella se juntasse a nós. O que 
só pode significar uma coisa. A corrida do verão é na verdade um 
exercício de preparação para Isabella e eu. Ela será a Cygnet e eu 
serei o Rei no próximo ano. 
Não digo isso a ela, no entanto. Tenho certeza de que ela entende 
– em algum nível. Mas ela não é o tipo de garota que gosta de encarar 
a realidade. E isso é bom. Não há necessidade de pensar no futuro – 
ainda. 
Mas estou meio feliz por Isabella ser meu encontro para o jantar. 
Isabella e eu somos uma equipe. E isso significa que Cadee ainda será 
uma estranha, mesmo que de alguma forma tenha entrado na minha 
casa. 
Isso me faz sorrir enquanto voltamos para minha casa e 
entramos pelas portas francesas que levam à grande sala e cozinha 
familiar. A equipe usa a cozinha do bufê no nível inferior para 
preparar a comida, então não há ninguém aqui conosco quando a 
conduzo pela sala e pelo corredor em direção à sala de jantar formal 
do outro lado da casa. 
— Você está atrasado — late meu pai quando entramos. Mas 
então ele vê Isabella e força um sorriso. — Ora, olá, Srta. Huntington. 
Que prazer vê-la novamente. 
— Olá, Presidente — brinca ela, jogando seus longos cabelos 
loiros e balançando um pouco os quadris. Meu pai admira a exibição, 
então se levanta e caminha até ela. Ele estende a mão para pegar a 
dela, então beija seus dedos. 
Realmente não me importo que ele faça isso com as garotas que 
eu trago para casa porque realmente não me importo com as garotas 
que levo para casa. Mas com Isabella – e Cadee – é nojento pra 
caralho. 
A cadeira do meu pai está na cabeceira da mesa e Cadee Hunter 
está sentada no lugar do convidado de honra à sua direita. Quando 
olho para ela, ela está com os olhos estreitados para Isabella. Então 
ela olha para mim e faz uma careta. 
— Venha — diz meu pai a Isabella enquanto puxa uma cadeira 
bem em frente à Cadee. — Sente-se. 
— Obrigada, Presidente — arrulha Isabella para ele. Ela 
aprendeu a jogar nos últimos três anos e, de repente, está usando 
todas as lições que aprendeu sobre como sobreviver com meu pai. 
— Sente-se, Cooper. Os serviçais estão esperando por você. 
Resisto à vontade de revirar os olhos e, em vez disso, olho para 
Cadee mais uma vez enquanto me sento ao lado de Isabella. Somos 
apenas nós quatro na enorme mesa com capacidade para doze. 
Olho para Cadee novamente. Porque ela mudou de roupa desde 
a última vez que a vi e agora está usando um decotado vestido azul 
claro que anuncia a todos que se importam em olhar que ela não está 
usando sutiã. — Que porra é essa? — murmuro. 
Mas ninguém me ouve. Meu pai está perguntando a Isabella o 
que ela tem feito. 
Cadee percebe que eu a noto e aperta nervosamente o tecido fino 
e sedoso entre os seios, como se estivesse constrangida. Então olha 
ao redor, tentando não olhar para mim. Tentando olhar para tudo, 
menos para mim. 
Eu me afundo na minha cadeira enquanto nos servem uma sopa 
leve como primeiro prato. 
Cadee não tem ideia de qual colher usar, porque ela olha para 
elas por uns vinte segundos antes de Isabella dizer — É aquela, 
querida — apontando para a colher de sopa ao lado da faca. — Vá em 
frente. Pegue. Coma, querida. Você precisará da sua alimentação. 
Ouvi dizer que trabalhará para mim neste verão. O boato é 
verdadeiro, Presidente? Cadee Hunter estará nos servindo na corrida 
deste verão? 
— Absolutamente. — Meu pai sorri. — Ela será uma adição 
maravilhosa ao acampamento de corrida. E no final do verão, ela 
receberá uma bolsa integral para a Faculdade High Court. 
Isabella coloca a mão sobre o coração. — Nossa. Que oferta 
generosa! — Então ela olha para Cadee, que agora está visivelmente 
carrancuda. Provavelmente se perguntando sobre essa palavra. 
Servindo. 
Sim, querida. Significa exatamente o que parece. 
Posso praticamente ler seus pensamentos. Estarei servindo 
biscoitos e chá para os Swans? Ou ficarei de joelhos na frente do pau 
grande e gordo do Rei Cooper? 
Eu rio alto e todos se voltam para olhar para mim. — Desculpe 
— murmuro, em seguida, chuto minhas longas pernas para fora da 
mesa. Mas então meu pé inesperadamente bate em algo do outro lado. 
Cadee tosse e se contorce em sua cadeira, tentando não olhar para 
mim enquanto meu pai e Isabella discutem seu papel na corrida como 
se nem estivéssemos aqui. 
Bem, isso é divertido. Tiro o sapato, inclino um pouco a cadeira 
para que Isabella pense que estou tentando me aproximar dela e 
esfrego meu pé na perna de Cadee. 
— Oh! — exclama, pulando em sua cadeira, então cora 
profusamente. Jesus Cristo. Ela é tão fácil de assustar. Puxo meu pé 
quando a conversa entre meu pai e Isabella para devido à explosão 
dela. 
— O que foi, querida? — pergunta Isabella a Cadee. — Você 
disse alguma coisa? 
Cadee balança a cabeça conscientemente. — Não. Desculpe. 
Esta sopa é... — ela olha para a tigela de lodo verde frio e hesita. — 
Deliciosa. Isso é tudo. 
— Você não comeu nada ainda — digo, sorrindo para ela. Ei, se 
essa cadela ficar na minha casa contra a minha vontade, mesmo que 
seja apenas por uma noite, eu a farei pagar por isso. Eu disse a ela 
três anos atrás para ficar longe das minhas vistas. Ela precisa 
aprender que minhas ordens são absolutas. 
Cadee, afobada, imediatamente pega sua colher de sobremesa e 
a usa para provar a sopa fria de pepino, depois diz — Mm — enquanto 
se esforça ao máximo para não fazer careta. 
— Oh, querida — diz Isabella. — Pare. Isso é uma colher de 
sobremesa. Você sabe como arrumar uma mesa corretamente, não 
sabe? — Ela olha para o meu pai. — Você sabe como sou exigente com 
essas coisas. Precisamos causar uma boa impressão nos swanlings10. 
Assim, podemos definir grandes expectativas. Você não concorda, 
Presidente? 
— Claro — sorri meu pai. Ele gosta de Isabela. Provavelmente 
um pouco demais. — Tenho certeza que ela aprenderá. Você pode 
aprender, certo, Cadee? 
Ela acena. — Sim senhor. Estudarei hoje à noite e estarei pronta 
amanhã. 
Meu pé desliza por sua perna novamente e ela chia um pouco. 
— Você está bem? — pergunta Isabela. 
— Tudo bem — murmura Cadee. — Eu só... não estou com muita 
fome. 
— Oh. — Isabella olha para meu pai. — Ela deveria ir descansar 
então, você não acha? Amanhã será um dia muito exigente. 
— Não preciso descansar — interrompe Cadee. — E não ficarei 
aqui esta noite. Vou mudar para minha casa. 
— Bobagem — berra meu pai. — É tarde demais para se mudar 
esta noite. Você ficará esta noite e Cooper a ajudará a se mudar 
amanhã, após seu primeiro dia de trabalho. Mas se você precisar ir 
deitar, nós entendemos. 
 
10 Cisnes iniciantes. 
Cadee franze a testa, sem saber se está sendo demitida ou se tem 
escolha nesse assunto. 
— Sim, Cadee — digo, mais uma vez deslizando meu pé por sua 
perna. — Você precisa do seu descanso. Isabella e eu colocaremos 
você no seu ritmoamanhã. 
— E você deve estar lá às cinco da manhã com os outros servos 
— acrescenta Isabella. — Cooper e eu seremos anfitriões da 
cerimônia de abertura as oito em ponto. E tudo deve estar perfeito. 
— Vá descansar — diz meu pai assim que meu pé encontra a 
parte interna da coxa de Cadee. 
Ela afasta a cadeira tão rapidamente que raspa no chão de 
ardósia. 
— Querida — diz Isabella. — Tenha cuidado. Pisos de ardósia 
são delicados. Espero que não tenha arranhado. 
Eu rio. 
— Obrigada pelo jantar — guincha Cadee. Então apenas fica lá 
por um momento. Como se não soubesse se precisa dizer mais ou não. 
— Você está dispensada — diz Isabella, acenando com a mão 
para ela como a rainha pomposa que é. 
Meu pai ri como se Isabella fosse uma delícia e ele não consegue 
imaginar jantar sem ela estar presente, agindo como uma vadia 
esnobe para seu convidado. 
Cadee gira nos calcanhares e sai. Mas ela vai na direção errada. 
Querido Deus. Essa garota será tão fácil de foder neste verão. Ela se 
agita tão facilmente. 
— Outro caminho — digo. Ela se vira e olha para mim e aceno 
com a cabeça na direção certa. — Os aposentos dos criados são por 
ali. 
— Cooper — berra meu pai. — Isso é desnecessário. 
— Até parece — rio. — Boa noite, Cadee. Descanse bem. 
— Você precisará disso — diz Isabella. 
Cadee se vira e desaparece por uma abertura em arco na parede. 
Todos nós ficamos em silêncio por alguns momentos, 
certificando-nos de que ela está fora do alcance da voz. Então Isabella 
sussurra — Não sei sobre ela, Presidente. Lacy Pendleton teria feito 
um serviço tão espetacular. Eu realmente gostaria que ela ainda 
estivesse na minha equipe. E ela realmente precisava daquela bolsa 
de estudos. Sem falar que ela ganhou. Ela investiu seu tempo. Cadee 
Hunter nunca participou da Prep! Como se encaixará na faculdade? 
— Hum. — Meu pai passa o guardanapo nos cantos da boca, 
considerando. — Você pode estar certa, querida. O que você acha, 
Cooper? 
— Eu? — aponto para mim. — Desde quando você quer minha 
opinião? 
— Desde que você se tornou o futuro Rei. Filho. — Ele meio que 
rosna a palavra filho. Como se fosse irônico ou algo assim. 
— Por favor — digo. — Lacy Pendleton precisa de uma bolsa de 
estudos porque seu pai está preso por peculato. 
— Isso não é culpa dela — responde Isabella, olhando de mim 
para meu pai, então para mim. — Ela não é responsável pelos 
pecados de seu pai. 
— Não é? — pergunta meu pai. 
Isabella faz beicinho. Esta é a primeira vez que ele discorda dela. 
— Ela precisa aprender uma lição. Precisa aprender que todos 
nós somos um reflexo um do outro. Você não concorda, Cooper? 
Não digo nada. 
E felizmente não preciso. Porque Isabella diz — Ah, eu concordo 
nisso. Absolutamente. E se você acha que Cadee está à altura do 
trabalho, bem... — ela sorri para meu pai e coloca a mão sobre a dele 
— confio totalmente em sua opinião, Presidente. 
Ele olha para baixo, então para Isabella e sorri. Ele envolve a 
outra mão em torno dela. — É por isso que estou no comando, querida. 
Mas… manterei suas opiniões em consideração. Se Cadee não se 
adaptar, nós a substituiremos. 
— Substituí-la? — resmungo. — E tirará a bolsa dela também? 
— Você acha que é injusto, Cooper? — pergunta meu pai. 
— Não. Na verdade, acho uma ótima ideia. Deveria fazer isso 
hoje à noite. Apenas a expulse. Mande-a embora. Não precisamos 
dela aqui. Ela não pertence aqui. 
— Não vamos ser precipitados, Cooper — cantarola Isabella. — 
Vamos dar uma chance à pobre garota. — Ela olha para o meu pai. 
— Uma semana? 
— Parece-me tempo de sobra. 
— Perfeito — sorri Isabella. E então grita de alegria e bate 
palmas quando a sopa é retirada e um prato de cauda de lagosta 
grelhada é colocado diante dela. 
 
 
 
Suporto o resto da refeição porque não tenho outra escolha. 
Mas passo a maior parte do tempo repetindo a forma como Cadee 
Hunter corou quando esfreguei meu pé em sua coxa. E quando meu 
pai se desculpa e os pratos estão todos lavados, estou com uma ereção 
furiosa. 
Assim que me levanto, Isabella percebe. — Ah, Cooper. Você é 
quente, um fodido homem sexy. — Ela agarra minha virilha e começa 
a massageá-la. 
— Pare com isso. Jesus. Meu pai saiu. Você pode parar de jogar 
agora. 
— Apenas gostaria de agradecer pelo jantar. — Ela pisca para 
mim. E cara, ela está se esforçando demais esta noite. — Foi 
agradável — adiciona. Provavelmente notando o olhar confuso no 
meu rosto. — E você é meu rei agora, certo? 
— Certo. Você está bem com isso? 
— Cooper — suspira. — Eu faria qualquer coisa por você. Você 
sabe disso. E falo sério... qualquer. Coisa. 
Isabela é gostosa. Apenas... não a garota que eu estava 
fantasiando. 
Mas é a garota aqui. 
Então tenho uma ideia perversa. Uma ideia fantasticamente 
suja e perversa. 
Pego a mão dela e a conduzo pelo corredor em direção às escadas 
que levam ao meu apartamento. 
— Ah... divertido, Cooper. Eu não esperava isso, mas... 
— Como diabos você não esperava. Por isso você me agarrou. 
Você quer que eu tire para você, Isabella? 
Ela me dá um tapa sem entusiasmo quando passo pela minha 
escada, viro a esquina e continuo andando até o final do corredor. 
— Aonde vamos? 
— Bem aqui — digo. Encostado na porta de Cadee. 
— Aqui? — diz Isabella, olhando nervosamente para o longo 
corredor. — Por que não podemos subir? 
Eu nos viro para que ela fique de costas contra a porta de Cadee, 
deslizo minha mão por seu vestido e, em seguida, deslizo sua calcinha 
para o lado para tocar sua boceta. — Me tire daqui, Isabella. Agora 
mesmo. 
Ela geme um pouco. Mas não alto o suficiente. Então empurro os 
meus dedos mais fundo dentro dela até que esteja se contorcendo. 
Desabotoo minha calça e coloco a mão dela dentro. Ela agarra meu 
pau latejante e começa a me acariciar. 
— Porra, sim — gemo. — Aperte com mais força. — Ela aperta, 
deslizando minhas calças um pouco pelos meus quadris para obter 
melhor acesso. E isso é muito bom. Quase mudo de plano. 
Mas imagino Cadee Hunter do outro lado da porta. Seu rosto 
quando descobrir o que está acontecendo a poucos centímetros dela. 
E então giro a maçaneta. A porta se abre e Isabella cai no chão do 
quarto de Cadee. 
E então... Cadee Hunter dá uma boa olhada no meu pau duro 
como pedra. Eu o agarro. Puxo um pouco. Sorrio para ela. 
— Que porra é essa? — grita Isabella. — Você acabou de fazer 
isso de propósito? — Mas ela não olha para mim, olha para Cadee. 
— Você é uma aberração doente — digo, olhando para o rosto 
horrorizado de Cadee. Meio que me masturbando enquanto faço isso. 
— Se queria se juntar a nós, você deveria ter apenas pedido. 
— O que? — exclama Cade. — Não abri a porta! 
Ajudo Isabella a se levantar do chão, meu pau ainda pendurado. 
Os olhos de Cadee baixam para observá-lo, como se não pudesse se 
conter. Então se vira, abre as portas francesas e desaparece na noite. 
 
 
 
Corro pelo gramado molhado com os pés descalços, meu ridículo 
vestido longo azul voando atrás de mim. Não estou de sutiã – nenhum 
dos vestidos naquele armário era parecido com algo que você poderia 
usar um sutiã. E quando apareci para jantar vestindo jeans e suéter, 
o Presidente me disse, em termos inequívocos, para colocar um 
vestido e tentar minha entrada novamente. 
Pelo menos Cooper e Isabella não viram essa parte da noite. 
Continuo correndo, sem saber para onde vou. Quero ir para o 
meu chalé, mas fica do outro lado do lago no campus. Não tenho barco. 
Então não posso chegar lá. 
E agora estou no quintal de alguém. O quintal de algum idiota 
rico. E Cooper e Isabella apenas... 
Ugh. Não. Não imaginarei isso na minha cabeça novamente. 
Quem eu estou enganando? Não é a primeira vez que vejo o pau 
de Cooper. Mas nunca vi tão bem. Tudo estava escuro quando ficamos 
juntos pela última vez. Segredo. 
Tudo sobre nós era um segredo. Ele estava envergonhado de ser 
visto comigo. Mas isso não o impediude me querer. Isso só me fez seu 
alvo. Ele, Axe e Lars me atormentaram durante todo o semestre de 
outono de seu último ano de preparação. E então tudo acabou 
naquela véspera de Ano Novo. 
E ainda assim, até hoje, não consigo descobrir se eles gostavam 
de mim e apenas agiam como garotinhos estúpidos, ou se me odiavam 
secretamente e só queriam tornar minha vida miserável. 
Eu não era virgem quando fiz sexo com Cooper pela primeira vez. 
Mas era muito inexperiente e não percebi que existem homens por aí 
– homens como Axe, Lars e Cooper – que pensavam nas mulheres 
como um esporte. 
Namorei os três naquela primavera. Foi agradável. Ter tantas 
pessoas se preocupando comigo – era um sentimento novo. Quase me 
senti pertencer. 
Namoro? Namoro, Cadee? Você está de brincadeira? Isso não era 
namoro. 
Eles me usaram. 
Corro mais forte, olhando por cima do ombro, só para ter certeza 
de que Cooper e Isabella não estão vindo atrás de mim, e então bato 
direto no peito duro de um garoto e caio de costas na grama. 
E quando olho para cima, quem está olhando para mim? 
Ax Olson. 
Ele faz uma careta. — Que porra você faz aqui, Cadee? — Então 
ele olha para trás. Na enorme mansão. Sua mansão? Talvez? Eu não 
saberia. Ele nunca me convidou para sua casa quando estávamos... 
namorando. 
— Levante-se, pelo amor de Deus. — Ele agarra meu braço e me 
puxa para ficar de pé, então começa a me arrastar em direção ao lago. 
Ele me puxa ao longo de sua doca e para dentro da casa de barcos, 
então bate a porta fechada, nem mesmo acendendo as luzes. 
— O que faremos? 
— Nós? — Ele ri de mim ao luar. — Nós não faremos nada. 
Apenas cale a boca e fique fora do meu caminho. 
Não consigo ver muito porque as luzes não estão acesas. Mas 
quando meus olhos varrem o perímetro do cais e chegam ao canto, eu 
paro. — Meu Deus. Você está dormindo aqui? 
— Eu disse para calar a boca, Cadee. 
— Por que você me trouxe aqui? 
— Eu não queria que meu pai visse você. 
Seu pai é o Juiz. J maiúsculo. Assim como quando você diz o 
nome do Presidente ou o nome do Prefeito, todos vêm em maiúsculo. 
Não é apenas um título. São nomes próprios por estas bandas. 
Ele caminha até a pequena janela que dá para a mansão e espia 
cautelosamente. 
— Você está... se escondendo dele? 
— Cala a boca. 
— Bem, então eu vou embora. 
Ele cruza a extensão da doca lateral tão rápido que nem tenho 
tempo de retroceder. E então ele agarra meu braço e me sacode. — 
Você ficará aqui até eu dizer que pode sair, você me entende? Cadee? 
— Certo. Que seja. — E de repente sinto que voltei no tempo. 
Naquele ano em que esses garotos me controlaram tão 
completamente, eu me perdi e... cometi aquele erro. 
Inferno, quem estou enganando? Cometi milhares de erros 
naquele ano. 
— Apenas... — ele olha nos meus olhos. Ele respira com 
dificuldade. Excessivamente forte para a caminhada rápida que 
acabamos de fazer. Então aponta para o saco de dormir no canto. — 
Sente-se aí e espere. Silenciosamente. 
Concordo. Então ele me solta e eu me esgueiro para o canto de 
trás e me ajoelho no saco de dormir. Quero fazer perguntas a ele. Mas 
sei melhor. Axe não é o tipo de cara que compartilha coisas. 
Ele não diz outra palavra para mim. Apenas fica na pequena 
janela e olha para o gramado atrás de sua mansão. 
Eu me canso e deito no saco. Bocejo. Alongo. E embora eu planeje 
pensar no meu dia e como tudo deu errado... 
 
 
 
A próxima coisa que sei, estou acordando com o sol nascente. 
E estou sozinha. 
— Onde diabos... — levo um minuto para perceber onde estou. A 
casa de barcos de Axe Olson. Procuro por ele, mas ele se foi. 
Provavelmente saiu ontem à noite. E não se incomodou em me 
acordar. 
Isso me surpreende? 
Não. Como se ele se importasse comigo. 
Mas então eu me lembro de que dia é hoje. Começo a trabalhar 
hoje. E ouvi tudo o que Isabella e Cooper disseram ao Presidente 
ontem à noite. Eles me querem fora. 
Eu estava me escondendo no corredor porque sabia que falariam 
de mim quando eu saísse. E eu estava certa. 
Essas pessoas – são todos predadores frios e implacáveis. 
Eu me levanto, pego meu vestido longo na ponta dos dedos, e 
então saio correndo da casa de barcos e volto para a Mansão Valcourt. 
Estou apenas alcançando a porta francesa que leva ao meu 
quarto quando alguém grita — Você está atrasada, Cinderela! A bola 
estourou horas atrás, querida! 
Eu me viro e vejo Mona Monroe em um pátio lateral de sua 
mansão, fumando um cigarro, vestindo um roupão preto de seda e 
com seu cabelo preto rebelde puxado para trás por uma faixa de cetim 
vermelho. 
Ela acena. — É melhor se mexer, querida. — Ela bate no pulso, 
embora não esteja usando relógio. — Vi todos os garçons indo em 
direção à Glass House cerca de dez minutos atrás. 
Merda. 
Entro, eu rasgo o vestido, visto as roupas de ontem e saio. E fico 
ali. 
Não faço ideia de onde é este lugar. 
— É um lago atrás do lago — disse o Presidente ontem. 
Afasto-me do lago e começo a caminhar em direção à floresta. 
Rastejo pela mansão Valcourt, cruzando meus dedos e rezando para 
todos os deuses que nenhum dos homens dentro me veja. 
Eles não veem. Pequenos milagres. 
Então atravesso uma estrada lisa e asfaltada e sigo para a 
floresta por um caminho não marcado. 
Deve levar a algum lugar. E se houver um lago secreto nesta 
floresta, parece lógico que haveria caminhos do outro lado da estrada 
que o levariam a ele. 
Ando um pouco e começo a ficar preocupada – e com medo de me 
perder, para ser sincera – quando ouço gritos à frente. 
Gritos felizes. Nem gritos assustados nem nada. Sempre uma 
possibilidade quando você anda pela floresta assustadora. 
Mas isso é ruim. Isso significa que as pessoas que estarei 
servindo provavelmente já estão aqui. 
Os gritos e gargalhadas se tornam mais altos, e mais próximos, 
quando me deparo com uma grande pedra... o que é isso? 
Há marcas estranhas na porta. E paro na frente, me 
perguntando se este é o lugar. Não é vidro. Mais como um mausoléu, 
se eu tivesse que descrever. 
Mas então ouço gritos novamente e continuo, abrindo caminho 
através da vegetação rasteira até chegar à beira de uma clareira e 
encontrar uma enorme casa de vidro. Como uma estufa. Exceto que 
não é feita de muitas pequenas vidraças, mas grandes folhas de vidro 
que devem custar literalmente uma fortuna para serem produzidas. 
Já tem dezenas de pessoas aqui. Alguns deles garçons, como eu. 
Posso dizer por que estão vestindo shorts azuis marinhos, camisas 
douradas e aventais brancos. 
Mas não todos. 
Vejo Axe primeiro. Então Lars. E então... sim. Lá está Cooper 
com sua futura Rainha da High Court, Isabella. 
— Pss! 
Eu me assusto com a interrupção dos meus pensamentos e me 
viro para ver um homem bonito me chamando para ele. — Venha 
aqui — sussurra. 
Eu vou. Porque ele está usando um avental, o que significa que 
não é um dos babacas, mas um dos funcionários, como eu. 
— Você deve ser Lacy — diz ele, puxando meu braço para me 
fazer segui-lo atrás da casa de vidro. — Está atrasada. Você tem 
tanta sorte que eu estava lá fora e vi você. Eles vão crucificar você, 
Lacy. Você não pode se atrasar. Nunca. 
— Um... obrigada? Mas não sou Lacy. 
Ele para e olha para mim. — Então quem diabos é você? Todos 
os outros já estão aqui. — Ele aponta para mim. — Se você é uma 
fodida repórter... 
— Não sou repórter, Jesus. Sou Cadee Hunter. Ficarei no lugar 
de Lacy neste verão. 
— Você conseguiu a bolsa de estudos de Lacy? Mas... — ele 
franze a testa para mim, então olha ao redor, como se talvez Lacy 
estivesse escondida em algum lugar nas árvores, pregando uma peça 
nele. — Isso não é possível. 
— Por que não? 
— Ela trabalhou duro para essa bolsa de estudos. 
— Não. Ela é filha de um fraudador e recebeu isso como um favor. 
Ele ri. — Onde diabos você estava se escondendo? Nada é grátis. 
Confie em mim. Ela ganhou esse lugar que você acabou de roubar. 
— Nãoroubei nada. 
— Que seja. Realmente não me importo. Mais um ano de serviço 
e cansei de ser garçom. Terei todos os contatos certos para deslizar 
para uma posição muito importante. 
Olho de lado para ele, não acreditando muito nisso. 
— Bem — emenda — eu terei mais do que tinha quando cheguei 
aqui. Estive dentro da tumba. Uma vez que você entrar, você está 
dentro. Tenha isso em mente, Não-Lacy. — Ele bate na minha cabeça 
para dar mais ênfase. 
— Tumba? — Eu me pergunto se era o estranho edifício de pedra 
pelo qual passei no meu caminho até aqui? 
— Deixa pra lá. Você precisa vestir o seu uniforme. Rápido. Eles 
esperam que o café da manhã seja pontual e gostam de café primeiro. 
— Ele me leva para dentro, passando por um monte de jovens da 
minha idade ocupados que estão preparando o café da manhã, e então 
aponta para uma porta. — É ali. Não se esqueça dos sapatos. Eles 
odeiam quando você tenta trabalhar sem os sapatos. 
— Obrigada — digo. — Mas quem é você? Nunca vi você por aí 
antes. 
— Sou Victor — diz ele, pegando minha mão e segurando-a para 
que ele possa me bater nos dedos. — Victor English. Conduzo o 
serviço ao herdeiro por quatro anos consecutivos e não ao seu serviço. 
Você não tem nada que eu precise, Não-Lacy. Então não a protegerei 
até que tenha. 
— Por que eu precisaria de sua proteção? 
— Conheço todas as cordas. Eles não podem enforcá-lo se você 
conhece as cordas. 
Agourento. Como tudo desde ontem de manhã, quando minha 
vida de repente virou de cabeça para baixo. 
Passo pela porta, fechando-a, e me encontro em uma espécie de 
vestiário. Estou prestes a sair e perguntar a Victor qual é o meu 
armário quando vejo a bolsa de roupas com um grande pedaço de 
papel que diz Lacy. 
Bem, aí está. Meu uniforme. 
Suspiro enquanto alcanço a bolsa. Hum. Definitivamente não é 
um par de shorts marinho e uma camisa dourada. É mais volumoso 
que isso. Sento-me em um banco e me pergunto quão ruim será. 
Será uma coisa de empregada francesa? Talvez? Se quiserem me 
explorar sexualmente. 
Ou algo feio e recatado. Muito institucional em cinza. 
Mas nunca em um milhão de anos esperava ver a fantasia que 
tirei daquela bolsa. 
 
 
 
 
— O que você quer dizer com Cadee passou a noite em sua casa 
de barcos? 
As palavras estão saindo da boca de Axe, mas nada nelas faz 
sentido. 
— Eu te disse, briguei com o Juiz e esbarrei com ela no gramado. 
Bem. — Ele pensa nisso por um segundo. — Não, ela esbarrou em 
mim. 
— Vá para a parte sobre a porra da casa de barcos e como você 
passou a noite com ela. 
Ele dá de ombros. — Eu não podia deixá-la lá no gramado. Então 
a arrastei para lá comigo. 
— Você transou com ela? 
— Transou com quem? — Axe e eu nos viramos para ver Lars 
vindo em direção ao caminho em frente à casa de Axe que leva ao 
Lago Dragonfly. 
— Por que você se importa? — diz Ax. 
Eu me viro para ele. — Porque nós tínhamos um maldito acordo, 
Axe. Você não toca nela. 
— Tocar em quem? — pergunta Lars. 
— Cadee! — Axe e eu dizemos ao mesmo tempo. 
— Hum. Estamos fodendo e tocando Cadee novamente? 
— Não — rosno. 
— Talvez. — Axe dá de ombros. 
— Não — repito — não estamos. Fique longe dela. Ela é lixo. 
— Huh. Isso é muito ruim — diz Lars. — Eu meio que gostei de 
tê-la por perto ontem. Foder a senhorita no último ano da preparação. 
Foi... quente. 
— Cala a boca, Lars — rosno. — Não nos envolveremos com ela. 
Na verdade, estamos em uma missão para que ela seja demitida hoje. 
Compreendem? 
— Por que queremos que ela seja demitida? — pergunta Lars. — 
Ela não está nos prejudicando. 
— Ela pode nos prejudicar — fervo. — Tudo o que aconteceu 
naquele ano foi… 
— Foi divertido — preenche Axe o espaço em branco. 
Lars estreita os olhos para mim. — O que vocês fizeram com ela, 
você quer dizer. Eu gostava dela. 
— Sim, e sabe o quê? — diz Axe, virando para Lars. — Ainda 
estou meio chateado com isso. Às vezes eu acho que você quer esta 
vida. Às vezes acho que você gosta demais. 
— Ei. — Lars dá de ombros com as mãos. — Não reclamarei da 
minha vida. É muito fácil, considerando todas as coisas. 
— Cala a boca, Lars — digo, empurrando-o no ombro. — Não 
amoleça agora, idiota. 
— Sabe o que? — diz Axe e eu suspiro. Porque posso dizer que 
ele está se esforçando em uma daquelas tiradas infames. — Estou 
super feliz que sua vida seja tão incrível, Lars. Mas a minha é uma 
merda. E isso não é justo. 
— Eu não estraguei sua vida — diz Lars. — Você estragou. Tudo 
o que você precisava fazer era seguir as instruções e as coisas 
poderiam ter sido fáceis. Até Cooper segue as instruções melhor do 
que você. Então, se sua vida é um show de merda, a culpa é sua, não 
minha. 
— Ok, chega, pessoal. Podemos apenas nos concentrar em tirar 
Cadee daqui? — aponto para Ax. — Humilhe-a hoje. Fazer com que 
ela chore como um maldito bebê. Ela contará ao meu pai, ele verá que 
ela é alguém em quem não pode confiar, e então ela vai embora e 
podemos esquecer que ela existiu. 
— Não se preocupe com isso. — Nós três nos viramos para ver 
Isabella toda vestida com seus enfeites de festa no jardim. Falo do 
chapéu de renda de abas largas, o vestido longo de cor creme com 
uma faixa de cetim rosa na cintura e luvas brancas. — Eu já preparei 
sua humilhação total. 
— Isso foi rápido — sorrio. 
— Bem. — Ela dá de ombros e sorri. — Na verdade, não posso 
levar o crédito. Eles usam esse traje há três anos. Mas eu autorizei 
esta manhã. 
— Que uniforme? — pergunta Lars. 
Mas então uma erupção de gritos faz com que todos nos voltemos 
para a Glass House para encontrar Cadee vestida com o referido traje. 
— Oh, diabos, não! Não vestirei isso! — Cadee está gritando com 
Victor English, que eu meio que me lembro de nossa corrida de verão. 
— Meu Deus. — Axe ri histericamente. — Isso é tão errado! 
Cadee Hunter está vestida como um pato de borracha. Completo 
com um capuz de bico laranja, pés de pato laranja e uma placa de 
madeira pendurada no pescoço em uma corrente que diz: Oi, meu 
nome é Fugling11. Como posso atendê-lo hoje? 
Eu ri. Não posso evitar. 
 
11 Patinho Feio. 
E então todo mundo está rindo. Nós. Todos os dez aspirantes a 
príncipes e swanlings. Até a equipe saiu da cozinha para apontar e 
rir. 
— Não usarei isso! — grita Cadee novamente. — Vocês todos 
podem ir... 
— Tenha cuidado — digo, silenciando todos com meu grito. — É 
melhor você ter cuidado em como fala conosco, Cadee Hunter. 
Isabella estala a língua. — Chame-a pelo nome, Coop. 
Fugling. Suspiro. Mas, de qualquer forma. Preciso manter 
Isabella feliz neste verão se eu quiser que ela seja útil. — É melhor 
você ter muito cuidado com o que fala por aqui. Uma fala exagerada, 
Fugling, e está fora. Sem lugar para morar, sem emprego de verão, 
sem bolsa de estudos. 
— O que provavelmente é uma coisa boa — diz Axe. Ele foi até 
Cadee e a circula como um predador. Ele lambe os lábios, como se 
fosse comê-la no café da manhã em vez da comida que os garçons 
estão preparando. — Apenas vá embora, Cadee. Por que se submeter 
a isso? Você sabe que não pertence aqui. 
Lars suspira. 
— Você tem algum problema com isso, Lars? — sussurro para 
que Axe não ouça. Não o quero distraído. Cadee Hunter parece 
pensar que talvez não valha a pena todo esse esforço. E isso é uma 
coisa boa. 
— Ela não fez nada. Éramos nós a perseguindo. — Lars mantém 
sua voz baixa. 
— Ela concordou com tudo o que fizemos naquele ano. Tudo. — 
Ressalto esta parte. Só para ficarmos claros. — Não a coagimos. Ela 
queria. 
— Certo — diz Lars. — E nós também. Ela nunca disse nada, 
Cooper. Ela manteve sua parte do acordo. Apenas deixe-a em paz. 
— Temos mais um ano neste lugar. E então, quando sairmos, ela 
estará aqui, sozinha. Sem nós para interferir se ela de repente sentir 
a necessidade de nos colocar em nossos lugares. 
— Se nós saímos, quem se importa? Entãoa intimidamos um 
pouco? Garotos do ensino médio que intimidam garotas bonitas não 
são o que eu chamaria de um fim de carreira. 
Sim, suspiro. Porque isso não é tudo o que aconteceu naquele ano. 
Lars não tem ideia de quanta merda estou encobrindo. E nunca 
contarei a ele. Porque ele ficaria do lado de Cadee sobre mim sem 
sequer piscar. 
— Nós a queremos segurando merda sobre nossas cabeças pelo 
resto de nossas vidas? E não iremos embora. Todos nós sabemos onde 
estaremos. 
— Eu vou embora — diz Lars. Então ele olha para mim. — Estou 
nas finanças. Isso significa que serei enviado para a cidade, não 
importa o quê. Não é minha culpa você estar fodendo por três anos e 
ficar preso aqui como seu irmão Dane. 
— Foda-se — aponto para ele. — Não me compare com Dane. 
— Acalme-se — diz Lars. — E de qualquer forma, não podemos 
apagar a mente dela. Ela saberá nossos segredos para sempre, não 
importa o que aconteça. 
— Certo. Mas se permitirmos que ela entre no círculo interno, 
ela terá poder. E se for inteligente, aprenderá a aumentar esse poder. 
Então, um dia, Lars, um dia nós estaremos em algum lugar nos 
divertindo, as lembranças da High Court há muito tempo 
desaparecidas, e viraremos, e lá estará ela. Ela fará exigências, ou 
ameaças, ou ambos. E tudo o que prezamos quando isso acontecer se 
perderá. Por que você iria querer deixar essa ponta solta para trás 
quando passamos os últimos três anos fazendo tudo ao nosso alcance 
para evitar essa situação? 
— Entendo. Devemos pagá-la então. Pagar a ela dinheiro 
suficiente para que seja do interesse dela se esquecer de nós. 
— Você convenientemente esqueceu que nossos pais drenaram 
nossas contas bancárias? E quão ingênuo você é, Lars? Você 
realmente acha que eles não planejaram isso? Não a colocaram aqui? 
Acho que eles sabem de alguma coisa e estão apenas nos usando para 
se livrar dela. 
Ele cruza os braços sobre o peito e olha nos meus olhos. — E 
desde quando você segue as ordens do seu pai? 
— Desde que não tenho escolha. — Agora é minha vez de 
suspirar. — Escute, se você se sente culpado por isso, nós a 
pagaremos quando recuperarmos nossas contas bancárias. Cada um 
de nós contribuirá o suficiente para mantê-la coberta todos os meses, 
desde que fique calada. 
Lars olha para mim. Sua expressão é uniforme. Não chamamos 
a atenção de ninguém. Ainda. — Entendo o que você está dizendo. Eu 
entendo, concordo com isso. Mas a única maneira de realmente 
apagar a ameaça que Cadee Hunter nos apresenta é matá-la. 
— Meu Deus, Lars. 
— É o que estou dizendo. Não vamos matá-la. Isso não 
funcionará. 
— Temos que fazer funcionar. Ela é um ninguém. Tudo o que 
temos que fazer é assustá-la e fazê-la ir embora. 
Nós dois olhamos para Axe, que ainda circula Cadee. 
Derramando insultos. Dizendo que ela não pertence aqui. 
Descrevendo como será o resto do verão se ela ficar. 
Ela parece se esforçar para não chorar, mas não é isso que me 
incomoda. A parte que me incomoda é que ela está conseguindo. Ela 
não parece pronta para desistir, isso é certo. Ela tem um pequeno 
brilho nos olhos. Desafio. 
— Você vê, bem ali, Lars? Aquele brilho nos olhos dela? Ela 
planeja algo. Ela nos odeia. Ela quer revanche. Tudo o que temos a 
fazer é quebrar essa garota. Apagar esse brilho. Colocá-la em seu 
lugar e mandá-la embora. 
Lars respira fundo. — Certo. — Então ele olha para mim. — 
Assim como o último ano na Prep? 
Axe está de repente ao nosso lado. — Como o último ano na Prep? 
— Não — digo, olhando para Cadee. — O que fizemos com ela 
durante o último ano na Prep parecerá brincadeira de criança neste 
verão. 
— Sobre o que estamos conversando? — diz Ax. 
— Arruinar Cadee Hunter. 
— Quebrar Cadee Hunter — corrijo Lars. 
— Excelente — ri Axe, esfregando as mãos. — Eu poderia 
precisar de um novo alvo. Quando começamos? 
— Agora — digo. — Neste momento. 
 
 
 
A pior coisa do meu primeiro dia no meu novo emprego não é a 
forma como Isabella e suas estúpidas subordinadas, Selina e 
Valentina, me humilham uma e outra vez. Quer dizer, sim, quando 
vi aquela fantasia pela primeira vez, fiquei lívida. E quando saí com 
ela enquanto todos no acampamento zombavam de mim, fiquei 
humilhada. E então, quando Cooper, Axe e Lars deixaram bem claro 
que é assim que será durante todo o verão se eu ficar, eu me senti 
derrotada. 
Mas nada disso se compara aos sentimentos que tenho agora. 
O dia acabou. Fui obrigada a servir a todos eles. De joelhos, 
várias vezes. Rastejando até Axe, Lars e Cooper enquanto tentava 
desesperadamente não derramar suas bebidas na bandeja que eu 
segurava. Precisei beijar os pés de Axe uma dúzia de vezes. Inferno, 
em um ponto ele me fez massageá-los. 
Lars me fez nadar no lago vestindo a fantasia de pato depois que 
Isabella derramou uma tigela de cerejas ao maraschino por toda a 
frente. Era assim que ele queria que eu o limpasse. 
Perdi um pé de pato e não me deixaram sair da água até eu 
afundar e procurar ao redor da água marrom do lago até encontrá-lo. 
Então Cooper disse que eu não podia trocar de roupa. Tive que 
usar a roupa molhada pelo resto do dia até depois do jantar. 
Valentina reclamou que eu cheirava mal e Selina jogou uma 
caixa de detergente em pó na minha cabeça. Isso foi há pouco tempo. 
Todos foram para casa à noite. Os candidatos estão hospedados 
nos chalés dos estudantes do outro lado do lago, e quando perguntei 
se poderia pegar uma carona até lá para poder dormir no meu antigo 
chalé de jardim que o Diretor me presenteou ontem à noite, eles 
apenas riram histericamente. 
Victor e os outros garçons estão limpando enquanto me sento no 
vestiário, tentando tirar a roupa suja, nojenta e cheia de sabão do 
meu corpo. 
Gostaria de ser um deles. Eles não eram o alvo de ninguém hoje. 
Apenas fizeram seus trabalhos em silêncio e todos os deixaram em 
paz. 
— Toc Toc. 
Olho para cima e vejo Victor olhando para mim com olhos 
solidários. 
— Você tem um barco, Victor? 
— Não. Desculpe, Cadee. 
— Você não tem um barco? — Eu rio. Porque ele está apenas 
mentindo. Todo mundo tem um barco. — Então como diabos você 
chegou aqui hoje? 
— Há um barco de funcionários. Preciso pegá-lo agora. 
— Oh — ilumino. — Impressionante. Você pode me esperar? Vou 
com você. — Estou um pouco preocupada em me virar na floresta 
novamente. Ainda não está escuro, mas está quase. Não gosto da 
ideia de andar sozinha pela floresta ao entardecer. Não quando sei 
que Cooper, Lars, Axe, Isabella, Selina e Valentina passarão a noite 
neste lado do lago. 
— Você tem um passe? 
— Um o quê? 
— Um passe de barco, Cadee. — Ele tira uma carteira de 
identidade plastificada do bolso de trás e mostra para mim. — Eles 
distribuem isso nos pacotes dos funcionários. Não deixarão você 
entrar no barco sem um. 
— Mas seguramente... 
— Ouça — suspira. — Estou aqui no acampamento há três anos. 
Sei como funciona. Você é o Fugling. — Estremeço com a palavra. — 
Desculpe. Não estou tentando piorar, mas eles não deixarão você 
entrar no barco. Normalmente o Fugling deve dormir aqui por pelo 
menos uma semana. Então eles... — ele faz uma pausa. 
— Então o quê? 
— Então eles fazem você dormir na tumba. E eles vão 
atormentá-la à noite. Não sei por que você está aqui. Talvez alguém 
tenha prometido algo bom se você aguentar? — Ele dá de ombros. — 
Mas nenhum Fugling chega ao fim do verão. 
— Nenhum? 
— Estou aqui há apenas três anos, então talvez algum tenha 
chegado? Mas ninguém durou mais de três semanas. Só vai piorar. 
— E quanto a Lacy Pendleton? E toda essa merda sobre a bolsa 
de estudos que roubei dela? 
— Bem. — Victor parece desconfortável. — Lacy é diferente. Ela 
é uma delas. Ela não seria a Fugling. Mas você... você não é uma de 
nós. Você nunca foi para a Prep. Eles não gostam de forasteiros aqui. 
— Cresci aqui. Eu literalmente nunca morei em nenhum outro 
lugar além do campus da High Court. 
Ele apenas dá— Eu o encaro. — Não ficarei preso aqui durante 
todo o verão. Axe, Lars e eu vamos para o aeroporto em... — olho para 
o meu relógio — três horas. 
— Cooper, quando você entenderá que, a menos que faça o que 
mandam, você não tem nada neste mundo? 
— Comprei aquela passagem com meu próprio dinheiro, 
trabalhei para isso. — Não que seja inteiramente verdade. Axe 
trabalhou vendendo drogas, isso provavelmente não é 
considerado trabalho, mas, foda-se. Parece bom quando você diz isso 
em voz alta. — Você não pagará a conta das minhas férias de 
verão. Portanto, não entendo qual é o problema. 
Ele aponta para mim. — Esse é o problema. Você pensa que 
possui este mundo. 
— Eu me pergunto de onde tirei essa ideia? 
— Você — ainda apontando — não é o dono deste mundo. Eu sou. 
Eu me afundo ainda mais na minha cadeira e solto um longo 
suspiro. — Não ficarei aqui. 
— Você vai e seus amigos também. O juiz e o prefeito foram 
contatados, você e seus amigos foram castigados. 
— De castigo? Isso é engraçado. Tenho vinte e um anos, pai, você 
não pode me impedir. 
— O avião, Cooper. O voo foi cancelado. Não você. Você — eu 
tenho a sensação de que se eu estivesse perto o suficiente, ele estaria 
me cutucando no peito agora mesmo — você passará as próximas oito 
semanas administrando a Corrida de Verão Fang and Feather2. 
— Não, porra, de jeito nenhum. Não comandarei esse programa 
de merda. E você não pode simplesmente cancelar um voo de uma 
companhia aérea comercial. 
— Não posso? 
Ele pode? Ele deve estar blefando. 
Meu telefone toca com uma mensagem. 
— Verifique — diz meu pai. 
Deslizo meu telefone do bolso e olho para a tela. É um alerta da 
companhia aérea. Meu voo foi cancelado. Murmuro baixinho — Filho 
da puta. 
— Como eu dizia. — Meu pai se inclina, apoiando os cotovelos 
na mesa, coloca os dedos sob o queixo. — Você conduzirá a corrida 
neste verão. Seus irmãos fizeram isso antes de você. E acredite ou 
não, Cooper, os candidatos deste ano o aguardam. 
— Você está falando que os pais deles estão me esperando. 
Ele continua como se eu nem tivesse falado. — Eles sabem que 
você é um símbolo do que Fang and Feather representam. 
 
2 Presa e Pena. 
— Isso é doentio pra caralho e você sabe disso. Não cuidarei dos 
minions3 que chegam! 
— Você absolutamente cuidará. Você e Isabella cuidarão de todo 
o acampamento durante todo o verão. 
Porra, ele incluiu Isabella neste plano? Isso me faz hesitar. — E 
se eu não fizer? 
— Saia, Cooper. Vá em frente, atreva-se, vá embora, afaste-se 
de tudo isso. Essa não é a sua ameaça favorita? O seu sonho? Dizer 
para eu ir me foder, deslizar seus óculos de sol pelo rosto como se 
fosse um figurão com poder e caminhar para o pôr do sol? — Ele ri. — 
Facilitarei para você fazer isso agora, filho, pois é quase um homem 
adulto. Posso muito bem permitir que tome essas decisões por si 
mesmo. Mas se você sair, não levará nada. Sua casa inteira foi 
embalada ontem à noite enquanto enchia a cara. Seu carro foi levado 
para um local seguro, suas contas bancárias esvaziadas. E você 
também não poderá ir para Lars e Axe. Já falei com os pais deles. 
Eles estão na mesma situação. Ou vocês aparecem na Glass House4 
para a corrida, administram-na pelas próximas oito semanas e 
prossigam na vida humilhados até serem submissos – ou 
perderão tudo. 
Humilhado em submissão? Ele realmente acabou de dizer isso? 
Abro a boca para responder, mas ele me interrompe. 
 
3 Minion é um termo do idioma inglês e que pode ser traduzido para a língua portuguesa 
como: capanga, criado, servo ou lacaio. 
4 Casa de Vidro. 
— Sem discussão, este não é um acordo negociável. Essa parte 
aconteceu enquanto você ficava sóbrio esta manhã. Isso é uma ordem. 
— Ele se recosta em sua grande cadeira de escritório e sorri. — Faça, 
ou não. E se sua resposta for não, então adeus, Cooper. Eu gostaria 
de poder dizer que foi bom conhecê-lo, mas a verdade é que os últimos 
quinze anos foram praticamente insuportáveis, você me cansa. E 
estou farto de lidar com você, esta é sua última chance comigo. E 
antes de dizer não, entenda uma coisa. Ou vocês aparecem e correm, 
ou você, Axe e Lars estão todos cortados. O acordo foi feito. E não se 
trata apenas de dinheiro. Já instruí seus irmãos que nunca mais 
falarão com você. Se você se afastar, se afastará de todos nós. 
Removerei todas as fotos suas que tenho. Apagarei você desta família. 
Seus irmãos esquecerão que você existe. 
— Bem. Merda. Talvez Dane, mas Jack? — Não, Jack não faria 
isso comigo. Somos próximos, não somos? 
— Ligue para ele e pergunte. Confie em mim, Cooper, eles 
assinaram antes mesmo de você ser libertado nesta manhã, estamos 
cansados de você. 
Respiro fundo, posso sentir meu corpo todo esquentando de raiva. 
Meu pai, por outro lado, parece que está praticando esse discurso 
e esperando por este dia desde que minha mãe morreu quando eu 
tinha cinco anos. 
Ele sempre me odiou e me culpou. 
— Diga que sim, Cooper. Diga sim e gerencie o acampamento de 
corrida, encontre a próxima safra de iniciados e devolverei tudo. 
— Onde devo morar durante o verão? O que vou dirigir ou 
comer? Pelo amor de Deus. 
— Não peguei o barco, isso deve bastar. — Não digo nada 
enquanto meu pai sorri para mim por um longo momento. Então ele 
fica todo casual, inclinado em sua mesa como se estivesse prestes a 
conversar com um velho amigo. 
— Posso te dar um conselho? 
Eu rio. — Antes tarde do que nunca, eu acho. 
— Sempre tenha um plano B, Cooper. 
— Afinal, o que isso significa? 
— Guarde algum dinheiro para a próxima vez que for pego e 
precisar negociar. 
— Como é? 
— Você é uma criança, quando Dane recebeu esse sermão, sabe 
o que ele me disse? 
— Dane? Quando é que Dane recebeu um sermão? 
— Ele me disse que se eu o excluísse, ele me faria ser preso por 
pelo menos quatorze crimes e eu passaria o resto da minha vida na 
prisão desejando poder me enforcar nas barras da janela usando 
cadarços. 
— Desculpe-me? — Nada do que ele acabou de dizer faz sentido. 
— Ele — diz meu pai — tem coragem. Diferente de você, que é 
mole, Cooper. Você não faz nada cem por cento. É um encosto sem 
um plano. 
— Olá? Tenho um emprego esperando por mim na Nova 
Zelândia! Deixe-me entrar no avião e estou fora! Deixarei você 
sozinho para sempre! 
— Não. — Ele se inclina para trás novamente. — Não pode 
simplesmente ir embora, Cooper. Você precisa lutar para ir assim 
como todo mundo. 
Levanto minhas mãos. — Não tenho ideia do que está falando. 
— Esse é o seu problema, você não tem ideia de nada. Agora dê 
o fora do meu escritório, espero que você e Isabella se juntem a mim 
para jantar esta noite. Se não aparecer, bem – simplesmente darei 
meu adeus agora. —Ele se inclina sobre a mesa, pressiona um botão 
do telefone e diz: — Laurie, mande o próximo. Cooper e eu 
terminamos aqui. 
— Sim, senhor — grasna Laurie no viva voz. 
Meu pai se levanta, vai até o carrinho do bar do outro lado da 
sala e começa a servir uma bebida. 
Apenas fico ali sentado por um momento, imaginando o que devo 
fazer. Discutir com ele? Pedir desculpas? Dar um soco na garganta 
dele, roubar as chaves do carro e fugir? 
O quê? O que devo fazer? 
— Vá. Dê o fora, Cooper. 
Pego minha brilhante pasta azul e dourada e saio. 
 
 
 
 Por que o Presidente da High Court Prep quer falar comigo? 
Vamos, Cadee. Você sabe por quê. Eles te expulsarão! 
Quer dizer, sua mãe morreu. MORREU. Ela era a única razão 
pela qual você teve que viver neste campus ultrabonito, superespecial, 
intelectual e de sangue azul para começar! 
Nunca apreciei totalmente a sorte que tive de morar aqui até 
que meu pai morreu, há três anos. Antes disso, eu existia em 
abençoada ignorância, considerando tudo como certo, incluindo nossa 
casa. A qual estavade ombros. — E sei qual será sua próxima 
pergunta. Não podemos ajudá-la? Não podemos fazer algo? Mas se 
ajudarmos você, Cadee, eles também nos tornarão um alvo. Ninguém 
te ajudará. Todos os funcionários que estiveram aqui antes, fizemos 
apostas ontem à noite sobre quem seria o Fugling. Às vezes eles não 
têm como alvo a equipe. Eles escolhem um dos candidatos. E todos 
nós tínhamos certeza de que seria Mona Monroe quando vimos o 
nome dela na lista. 
Eu bufo. Eu a escolheria também. Então me lembro do plano que 
fiz ontem à noite para colocar Mona do meu lado e transformá-la no 
Cygnet. Uau. Fui burra ao pensar que isso funcionaria. Não tem 
como ela me ajudar. Ela deve saber que chegou muito perto de ser o 
Fugling hoje. Suspiro pesadamente. — Então eu só tenho que ficar 
aqui? Ou posso sair e voltar para a casa do Presidente? 
— Desculpe-me? — Victor inclina a cabeça para mim em 
confusão. 
— O presidente. Foi ele quem me deu este trabalho. Ele me deu 
um lugar para ficar – o velho chalé de jardim no campus da Prep. 
Mas não consigo atravessar o lago. 
— O que isso tem a ver com a casa dele? 
— Ele me deu um quarto para ficar lá também. 
— Huh. Não sei o que fazer com isso. Mas diabos, se eu tivesse 
um quarto na casa do Presidente e fosse você agora? É para lá que eu 
iria. 
— Cooper — sussurro. 
— Sim. — Ele tira o avental, amassa e joga na lavanderia. Os 
outros garçons estão chamando-o para se apressar para que possam 
pegar o barco do outro lado do lago. — Eu sei por que eles estão 
fazendo isso com você. Você os namorou. Todos eles. Cooper, Axe e 
Lars. 
— Namorar? — sorrio. — Não os namorei. 
Mas não estava apenas tentando me convencer de que namorei 
ontem à noite? 
— Eu não te conhecia quando fui para a Prep. Mas todos te 
conhecem, Cadee. A garota arrogante e presunçosa que não estuda 
aqui, mas aproveita todos os privilégios. 
— Não os namorei. Eles me intimidaram implacavelmente 
durante todo o último ano. 
Quase verdade. Quero dizer, eles me intimidaram no semestre 
de outono. Mas então... transformou-se em outra coisa. Algo ruim e 
bom ao mesmo tempo. 
— Ok — suspira Victor, claramente cansado de mim. — Se você 
diz. 
Ele não acredita em mim, eu posso dizer. E não posso dizer mais 
nada, não sem piorar tudo. Porque posso ver como todos pensariam 
que eu os namorei. Todos ao mesmo tempo. Eles fizeram com que 
todos soubessem que eu era a propriedade deles naquele ano. Então 
eu apenas... dou de ombros e continuo tirando o uniforme de pato. 
— Preciso ir. Você não precisa trancar. Ninguém além das 
pessoas que possuem este lugar tem acesso a ele. Então... acho que 
te vejo amanhã? 
Aceno, mas não digo nada. Apenas arrasto um lado da fantasia 
pelo meu ombro. 
Ele se vira e dá alguns passos. Mas então ele volta. — Há um 
caminho, Cadee. Bem atrás da Glass House. — Ele aponta na direção 
geral. — E esse caminho leva você a um portão. E fora desse portão 
vive o mundo real. Você poderia simplesmente escapar pelo portão e 
acabar com isso. — Ele dá de ombros. — Você decide. Mas falo sério 
quando digo que não vai melhorar. 
Inspiro longamente. — Obrigada, Victor — sorrio para ele e ele 
devolve. — Por tomar o tempo para me dizer tudo isso. Eu agradeço. 
— Sem problemas. Gostaria de ser a resposta que você procura. 
Eu acho você legal. E nunca pensei que você estivesse presa. 
Então ele se vira e vai embora. 
Deixando-me lá no vestiário. 
Totalmente sozinha. 
 
 
 
 
Não volto para a casa do Presidente. Eu sei melhor. 
Tenho certeza de que Cooper, Lars e Axe estão esperando que eu 
apareça para que possam me atormentar do jeito que costumavam 
fazer. Fazer-me fazer coisas. Dizer coisas. Ser alguém que não sou. 
Mas isso nem é verdade. 
Eles não me obrigaram a fazer nada, mas... apreciá-los. 
Eu gostava deles. Todos eles. 
Esse é o tipo de poder que eles exercem. 
 
 
 
Não há chuveiro na Glass House. Então tiro minha fantasia, vou 
nua até o lago e me lavo na água marrom do lago. 
Quando volto à Glass House para encontrar roupas, não há nada 
para vestir que esteja seco ou limpo, exceto uma camiseta branca 
muito grande que pertencia a um dos candidatos. 
Eu a visto e me enrolo em uma das muitas cadeiras na sala 
principal. 
 
 
 
— Cadee Hunter. 
Ouço as palavras em meu sonho. Ele. Cooper Valcourt. 
— Cadee! 
Abro os olhos para a luz fraca das estrelas brilhando na parede 
de vidro. E então me assusto quando Cooper está sentado na cadeira 
à minha frente. — O que? O que eu fiz? — Eu me arrasto na minha 
cadeira, percebo que estou vestindo apenas uma camiseta grande 
demais de outra pessoa e sem calcinha ou short, e então rapidamente 
reorganizo minhas pernas para me cobrir. 
— Que porra você está vestindo? 
— O que? 
— Por que você está vestida assim? 
Olho para a camiseta. — Eu não tinha nenhuma roupa. 
— O que diabos você está fazendo aqui? 
— Do que você está falando? Achei que deveria dormir aqui? 
Ele se levanta e começa a andar. — Meu pai está chateado. 
— Por quê? 
— Porque você não apareceu para o jantar. E quando ele enviou 
alguém para sua casa para te buscar – fazendo todos nós esperarmos 
na porra da mesa enquanto a comida esfriava – você não estava lá. 
— Não consegui atravessar o lago. 
Ele me encara. — Você está propositalmente tentando arruinar 
minha vida? 
— Ah! Essa é boa! Você é quem está tentando arruinar minha 
vida. 
— Levante-se. Vamos para casa. 
— Sua casa não é minha casa, Cooper. 
— Bem, meu pai quer você lá. Para ter certeza de que você está 
bem. Então levante a porra da sua bunda e vamos. — E então ele se 
levanta, me puxando para ficar de pé e puxando meu braço. 
Arranco de seu aperto e me afasto. — Não. Foda-se. 
Seus olhos percorrem minhas pernas. Então estreita os olhos e 
eles voltam para mim. — Você tem shorts por baixo dessa camisa? 
— Onde eu conseguiria shorts limpos? Hein, Cooper? Vocês 
arruinaram minhas roupas. 
— Você as usava sob aquela fantasia. — Ele ri como se isso fosse 
engraçado. Então para. — Você também não usa calcinha. Jesus 
Cristo. Você está tentando ser estuprada? 
Fico instantaneamente quente por toda parte. Então rosno para 
ele. — Eu te odeio pra caralho. 
Ele balança a cabeça. — Não me importo. Mas é melhor você ter 
cuidado com o que diz. Eu poderia tomar essa admissão como uma 
ameaça. Você está me ameaçando, Cadee? 
— Não. — Cruzo os braços sobre o peito. Porque não estou 
usando sutiã e o ar condicionado ainda está ligado e está congelando 
aqui. Meus mamilos estão todos empertigados. E não quero que 
Cooper Valcourt pense que está me afetando assim. Porque não está. 
Eu nunca cairei em suas mentiras novamente. Nunca. Não depois da 
maneira como ele me usou naquele ano. 
Namorá-los. Ah. Aquilo foi engraçado. Nunca os namorei. 
Ele procura algo em volta, então vai para a cozinha. Volta alguns 
minutos depois. — Onde eles guardam os uniformes? 
— O quê? 
— A porra do pessoal, Cadee. Não brinque comigo. Onde eles 
guardam os uniformes limpos? 
— Se eu soubesse você acha que eu estaria nua sob esta camisa? 
Seus olhos rastreiam minhas pernas novamente. Então ele 
lambe os lábios e encontra meu olhar. Seus dedos vão para os botões 
de sua bermuda cargo e a próxima coisa que sei, ele está puxando 
para baixo de suas pernas. 
Eu me afasto, horrorizada. — Que diabos está fazendo? 
— Dando a você minhas malditas boxers. Não posso te levar para 
casa assim. 
Eu me afasto quando ele começa a tirá-las. Alguns segundos 
depois, elas batem na minha cabeça. — Vista. 
Eu as agarro e as puxo sobre meus quadris antes de me virar 
para ele, pegando-o no ato de abotoar seu short. 
— Onde estão seus sapatos? 
— No vestiário. 
Ele sai e volta alguns minutos depois com meus sapatos e os joga 
aos meus pés. 
Apenas fico lá e olho para ele. Por fora, Cooper Valcourt é o 
exemplo mais lindo de um homem que uma mente pode evocar. Ele é 
a imagem que vem à mentequando pensa na palavra príncipe. Ou... 
modelo masculino. Ou… dançarino das Noites Proibidas. 
Eu quase rio. 
Mas sério. Esses olhos azuis. Esse cabelo escuro. Os ombros 
largos e musculosos, a cintura fina. Sua mandíbula é tão recortada e 
quadrada que parece a interpretação artística de um homem. Há um 
pouco de barba em seu rosto. Algo que ele não tinha muito quando 
éramos... o que éramos? Não amigos. Nem inimigos, entretanto. Nem 
namorado e namorada. Inferno, eu sequer nos chamaria de amantes, 
embora tivéssemos feito sexo naquele ano. 
Ele era... não sei. Uma... uma esperança, talvez. Ele era uma 
esperança. 
Achei que ele era bonito quando estávamos juntos, três anos 
atrás, mas isso foi apenas uma prévia de como é hoje. Ele era muito 
magro então. E agora está totalmente preenchido. Solto um suspiro 
só de pensar no quanto ele cresceu enquanto o imagino empurrando 
seu pau na noite passada na minha porta. 
— Por que você está parada aí olhando para mim como uma 
idiota? Coloque os malditos sapatos! 
Ele grita e me assusto um pouco, então deslizo meus pés em 
meus tênis, endireitando as costas um pouco enquanto salto em um 
pé para amarrá-los. 
Quando termino, ele pega minha mão e começa a me puxar pela 
Glass House. Saímos, nem mesmo nos preocupando em fechar a porta, 
e então ele me arrasta pela floresta. 
Tropeço numa raiz e quase caio. Mas ele ainda tem a minha mão, 
então não caio. Mas ele também não para. Apenas... me arrasta. 
— Desacelere! — protesto. — Suas pernas são muito mais longas 
que as minhas. 
— Apenas continue — rosna. 
O caminho pelo qual ele nos leva dá direto para a estrada 
asfaltada em frente à sua mansão. Ele para por um momento, 
olhando ao redor, então me arrasta para o pátio lateral na direção 
das portas francesas que levam ao quarto em que estou hospedada. 
Ele está apenas abrindo a porta quando ouvimos — Bem, veja 
quem é. — E quando nos viramos para olhar encontramos Mona 
sentada em seu pátio fumando um cigarro. — O Rei e seu Fugling! — 
Ela ri, dá uma tragada no cigarro, depois sopra a fumaça. — Mal 
posso esperar para dizer a Isabella que você se esgueirou durante a 
noite. Você se divertiu? — Ela ri. 
— Obrigada por me lembrar, Mona. 
— De que? 
— Que você deveria ser o Fugling este ano. 
— Foda-se! — grita ela. 
Cooper lança um sorriso para mim. E é um verdadeiro. Sei a 
diferença. E quando Cooper Valcourt sorri um sorriso de verdade, e 
esse sorriso é voltado para você – bem, é muito difícil lembrar que ele 
é um idiota. 
Porque ele não é. Na verdade, não. 
Cooper Valcourt foi meu príncipe durante a última metade de 
seu último ano na Prep. E pensei que éramos reais. Eu acreditei. 
Mas então... a gravidez mudou tudo. E a partir desse momento, 
voltamos a ser inimigos. Só que pior. 
E por mais doente que seja... neste momento, percebo... senti 
falta dele. 
 
 
 
 
Eu sinto isso quando sorrio para ela. 
Sinto todo o meu passado com Cadee Hunter. 
Porque é um sorriso verdadeiro. E isso me lembra do que tivemos 
juntos uma vez. 
Ela era... o que ela era para mim? Para nós? Acho que não há 
uma palavra para isso. Mas essa garota é uma bruxa. Uma bruxa 
muito talentosa que pode tecer um feitiço sobre mim como nenhuma 
outra garota no mundo poderia. 
E é por isso, Cooper, que ela é tão perigosa. 
Entre outras coisas, claro. 
Eu a arrasto pela porta, eu a chuto para fechá-la com o pé e 
depois a empurro para longe de mim. — Por favor, coloque um par de 
shorts de verdade. 
— Apenas saia. 
— Não posso simplesmente sair, Cadee. Meu pai me enviou para 
encontrá-la. Levei três horas. Ele está esperando. Você não entende? 
Você está fodendo tudo para mim agora. 
— Eu? — Ela ri e aponta para o peito. — Sou eu quem está 
fodendo as coisas para você? Você tem coragem, Cooper Valcourt. 
— Coloque. Algum short de verdade. Bem. Agora. — Aperto 
minha mandíbula quando essas palavras saem, totalmente no fim da 
minha paciência com ela. 
Ela franze a testa para mim, então caminha até o closet. Ela está 
lá há muito tempo. Como se vários minutos se passassem. 
— Se apresse! 
— Não há nada aqui. Este não é o meu closet. Pertencia a uma 
de suas madrastas. 
— O que? — Entro no closet e começo a empurrar as coisas na 
prateleira. — Jesus Cristo. Que porra meu pai estava pensando? — 
Então olho as prateleiras de shorts bem empilhados. Pego um par e 
jogo para ela. — Apenas vista isso. 
Ela os segura, com um sorriso torto no rosto. — Esses? 
Corro minha mão sobre minha mandíbula. Eles são... curtos. 
Muito. Minha terceira madrasta era uma legítima puta. Uma garota 
de programa sofisticada que meu pai usou por um tempo. Tenho 
certeza que ela conhecia alguma sujeira dele e é por isso que ele teve 
que se casar com ela. Mas então um dia – puf. Ela se foi. 
Tento não pensar muito nisso. Stella pode ter sido uma garota 
esforçada, mas era legal comigo. Muito melhor do que meu pai já foi. 
Não muito inteligente, entretanto. Você não ameaça um homem como 
ele. Você não quer os segredos dele. Porque ninguém, e quero dizer 
ninguém, está a salvo de sua ira se o fizer se sentir ameaçado. 
— Cadee — digo, tão cansado deste dia. — Você pode, por favor, 
por favor, apenas me ajudar aqui? 
Ela bufa. — Não posso conjurar magicamente um par de shorts 
adequados para usar em um encontro com seu pai, Cooper. — Ela se 
vira para as roupas, remexe-as pelo que parece um longo tempo, e 
então encontra um par de leggings brancas e as arrasta pelas pernas. 
— Como é isso? 
Olho em suas pernas. Elas são longas. E bem torneadas. E essas 
leggings justas mostram todos os músculos de suas panturrilhas e 
coxas. 
Sai disso, idiota. Você não aprendeu sua lição com essa garota 
três anos atrás? 
— Elas vão servir. Vamos. 
Eu a arrasto para fora do quarto e pelo corredor, parando em um 
cruzamento para ouvir. Certificando-me de que Dane e Jack não 
estão aqui com suas esposas. Essa é a última coisa que preciso agora. 
Claro. Então eu a arrasto por mais alguns corredores e depois 
paro quando a porta do escritório do meu pai aparece. — Ouça-me — 
digo. 
Ela olha para mim. Ela parece uma maldita princesa. Seu cabelo 
loiro sujo parece com o de Isabelle quando ela acaba de fazer luzes 
caras. Mas o de Cadee é natural. É longo e reto. Ela não o enrola, 
nem estiliza, nem faz nada além de colocá-lo atrás da orelha de vez 
em quando, quando tenta se concentrar em alguma coisa. 
Seu rosto tem um formato perfeito de coração. Seus olhos são 
grandes e de uma cor marrom muito clara que às vezes parece verde 
ao sol. Seus lábios são exuberantes e carnudos. E agora, ela os 
pressiona juntos enquanto espera que eu continue. 
— Sei que você provavelmente está pensando: Ei, se o pai dele 
está tão preocupado comigo que enviou Cooper para me encontrar no 
meio da noite e me apresentar como prova de que estou segura, 
certamente deve se importar comigo. Mas vou te dizer uma coisa 
agora mesmo, Cadee. Ele não dá a mínima para você. 
Ela recua um pouco. 
— Se você disser uma palavra sobre o que aconteceu hoje, ele 
não sentirá pena de você. Compreende? Ele entenderá... — Jesus 
Cristo. Por que estou dizendo isso a ela? Quero que ela conte a ele o 
que aconteceu. Quero que ela conte todos esses detalhes. 
— Ele entenderá o quê? 
— Que você não pode ser confiável. É isso, Cadee. É disso que se 
trata. Não sei por que ele está obcecado por você no momento. 
Nós nos encaramos. Porque nós dois temos uma ideia. 
— Mas — continuo — é apenas um teste. Tudo é apenas um teste 
com ele. Se você contar a ele o que fizemos com você na Glass House, 
se disser uma palavra sobre isso, ele se livrará de você tão rápido que 
sua linda cabecinha vai girar. Então seja legal, agradeça a ele e 
depois vá para a cama. 
— Pensei que você quisesse que eu fosse embora? 
— Eu quero. 
— Então por que está me contando isso? 
Não faço ideia. Mas não quero pensar nisso. Então não respondo.Apenas a puxo até a porta e bato. 
— Entre — rosna meu pai do outro lado da porta. 
Abro, empurro-a para frente e digo — Eu a encontrei. Estava na 
praia olhando para as estrelas. 
Meu pai a encara, desafiando-a a me contradizer. 
— Adormeci. Desculpe por preocupá-lo, Presidente. E obrigada 
— ela sorri para mim — por enviar Cooper para ser meu príncipe no 
cavalo branco. 
Meu pai sorri para ela da enorme poltrona de couro na frente de 
sua lareira. Ele não está trabalhando. Está vestindo seu casaco 
informal. Esperando por nós, mesmo sendo quase meia-noite. 
Claramente apaixonado por essa garota por algum motivo. 
Mas não posso culpá-lo. Na verdade, não. 
Porque estou claramente apaixonado por ela também. 
Preciso consertar aquilo. Preciso me livrar dessa garota. 
— Estou feliz que você esteja bem — diz meu pai. — Pensei que 
viria para o jantar. Mas entendo. Você dormirá aqui esta noite? 
— Sim — digo. 
Meu pai olha carrancudo para mim. — Não responda por ela, 
Cooper. As mulheres não gostam disso. 
— Sim — diz Cadee. 
— Cooper irá ajudá-la a se mudar para o chalé amanhã à noite. 
Não vai, Cooper? 
— Claro — suspiro. 
— Eu... — começa Cadee. — Acho que não consigo morar lá. 
Meu pai franze a testa. — Por que não? 
— Não tenho barco. Não posso ir e voltar da Glass House para 
trabalhar. 
— Oh. — Meu pai franze a testa mais profundamente. — Oh, 
sinto muito. Fiz uma suposição. Mas é claro que você não tem um 
barco. Cooper? — Ele late meu nome bem alto. Como se eu precisasse 
desses decibéis extras para ouvir a ordem que está chegando. — Você 
será o motorista da Srta. Hunter durante o verão. Está claro? 
— Sim, senhor. 
— Não é necessário — protesta Cadee. 
— Absurdo. Não lhe dei um lugar para ficar só para que você não 
pudesse ficar lá. Cooper não se importa, não é, Cooper? 
Cerro os dentes e mordo a resposta instintiva que realmente 
quer sair. Então respiro. — Seria um prazer. 
— Perfeito — diz meu pai. — Bem. Tenham uma boa noite, vocês 
dois. 
Nós viramos. Mas então meu pai diz — Cadee? 
— Sim? — Ela se vira. 
— Você teve um bom primeiro dia? 
Não me movo. Não respiro. 
Porque parte de mim quer que ela conte tudo. A parte sã. 
Mas outra parte quer que ela apenas participe. Jogue o jogo 
comigo. Exatamente como há três anos. 
— Sim — diz Cadee. 
E dou um suspiro de alívio. Mesmo sabendo que ela não pode 
ficar. E amanhã faremos tudo ao nosso alcance para fazê-la desistir. 
— Obrigada por esta oportunidade — acrescenta Cadee. — Eu 
realmente gostei. E me diverti hoje. 
Meu pai acena com a cabeça e sorri ainda mais. Se isso for 
possível. — Bom. Isso me deixa muito feliz. 
Saímos da sala, fechamos a porta e a levo rapidamente pelos 
corredores e de volta ao seu quarto. Ela abre a porta e estou prestes 
a dizer algo. 
Agradecer, talvez? 
Por ser uma... boa esportista neste dia? 
Por se colocar a disposição para que eu possa usá-la novamente? 
Mas ela não vira. Apenas fecha a porta na minha cara. 
Meu corpo inteiro esquenta de raiva. 
O que diabos há de errado com essa garota? Ela está brincando 
comigo? Meu pai a mandou para a Glass House como uma armação 
para me fazer fracassar? 
Ou... ela realmente me odeia? 
Não. Ela não me rejeitou. Não foi isso. 
Ela me desrespeitou. 
Deito na cama pensando nisso. Pensando em como ela é a causa 
de todos os meus problemas neste verão. Percebendo que ela pensa 
que é muito melhor do que todos, quando todos nós somos melhores 
do que ela. 
Ela não se importa que meu pai esteja pagando suas contas 
agora. Não dá a mínima para o fato de ter recebido uma oportunidade 
pela qual as pessoas matariam. 
Ela tem alguma ideia de quantos pais cairiam em cima do 
Presidente para conseguir uma vaga para o filho na High Court? Eles 
colocam o nome do bebê na lista de espera da pré-escola antes que a 
tinta esteja seca na certidão de nascimento do recém-nascido. 
Há apenas quinhentos alunos na faculdade e no ensino 
fundamental a qualquer momento. Esse número não mudou em mais 
de cem anos. Esta é a educação da elite. Inferno, as viagens escolares 
em Prep são insanas. Os alunos da Prep não pegam apenas ônibus 
para DC. Eles voam em jatos corporativos particulares para Roma e 
Atenas para estudar ruínas antigas pessoalmente. E os palestrantes 
convidados são líderes na área. Principalmente ex-alunos super bem-
sucedidos – e essa lista pode ser curta, mas é poderosa. 
Você precisa de um estágio de verão? Que tal seguir o bilionário 
que possui sua loja de varejo online favorita? 
Um aprendizado, você pergunta? Aprenda a pintar com mestres 
modernos. 
Quer ser um escritor? Que tal deixarmos aquele best-seller 
número um do New York Times ler seu manuscrito e colocá-lo em 
contato com seu agente? 
Essas são as oportunidades que surgem ao estudar na High 
Court Prep e se formar na Faculdade High Court. 
Interessado em um PhD da Carnegie Mellon? Ou um MBA da 
Wharton? Ou ser um médico de Harvard? Sem problemas. Aqui está 
seu encontro individual com o reitor. Você jantará com 
eles. Na casa deles. 
E Cadee Hunter simplesmente caiu nisso. Seus pais nunca 
pagaram um centavo. 
E entendo. Ela não estudou aqui. Nunca. Mas isso torna essa 
oferta de bolsa ainda pior. 
Ela não mereceu. 
Na verdade, sinto pena de Lacy Pendleton. Ela fez o trabalho. 
Ela é uma aluna da High Court desde a pré-escola. E uma mãe morta 
arranca tudo isso em um instante por que... por quê? 
Por que meu pai está se curvando para essa garota comum 
quando todos ao seu redor são alunos excepcionais que morreriam 
por esse tipo de atenção pessoal? 
Ela está dormindo na porra da nossa casa. Agora mesmo. 
Provavelmente usando a camisola de Stella. 
Isso me irrita. Realmente. E tenho uma vontade quase 
incontrolável de descer sorrateiramente até seu quarto e gritar que 
ela não pertence aqui. 
Mas me controlo. Estou respirando pesado com raiva, mas me 
controlo. 
Preciso fazê-la perceber que ela não é bem-vinda. Meu pai não 
está realmente interessado nela. Ele a está usando. E quero 
desrespeitá-la do jeito que ela acabou de me desrespeitar. 
Estendo minhas mãos sob os lençóis e puxo meu pau. Está 
inchado com sangue, ficando duro à medida que a raiva me inunda. 
E então imagino Cadee Hunter dormindo naquela cadeira. Se eu 
soubesse que ela estava nua sob aquela camisa enquanto a observava 
dormir, teria olhado um pouco mais. Talvez tivesse me masturbado 
ali mesmo. 
E talvez ela tivesse acordado. Sua grande boca abrindo em um 
suspiro quando visse minha mão no meu pau. 
Fecho meus olhos e a imagino fazendo isso enquanto deslizo 
minha mão no meu eixo agora grosso. 
Ela desembaraçaria as pernas e as esticaria na frente enquanto 
se recostava na cadeira. Em seguida, levantaria aquela camiseta 
branca e brincaria com seus seios, abrindo lentamente os joelhos para 
que eu desse uma espiada em sua buceta. 
Estaria molhada. Brilhando enquanto seus dedos brincavam 
com seu clitóris. 
Respiro um pouco mais forte enquanto mergulho na fantasia. 
Seus olhos estariam encobertos e pesados. Seus seios subindo e 
descendo. Seu coração batendo dentro de seu peito. 
Então eu acenaria para ela com um dedo. — Venha aqui — diria. 
— De joelhos. 
E ela viria. Não hesitaria. 
Ela rastejaria pelo chão de mármore, seus olhos travados nos 
meus, sua língua saindo para lamber os lábios. E então se 
estabeleceria entre minhas pernas e pegaria meu pau duro. Sorrindo 
para mim com os olhos enquanto abaixava a boca sobre ele, brincando 
e lambendo com a língua a ponta da minha cabeça. E então eu 
envolveria ambas as mãos em seu cabelo, agarrando-o com tanta 
força que ela gemeria e levaria meu pau profundamente, selando 
seus lábios ao redor do meu eixo e engasgando comigo. 
Gozo na minha mão. Respiração forte e pesada da fantasia. 
Mas então sorrio no escuro enquanto pego uma camiseta e limpo 
minha bagunça. 
Não foi uma fantasia. 
Isso realmente aconteceu. 
E reviviisso na minha cabeça centenas de vezes desde que a 
deixei chorando em seu quarto no sótão da Alumni-Inn três anos 
atrás e disse que nunca mais queria ver seu rosto. 
 
 
 
Acordo na manhã seguinte antes do amanhecer. Energizado com 
uma nova punição para Cadee Hunter. Excitado. 
Mal posso esperar para fazê-la pagar por me desrespeitar. 
Por voltar para a minha vida após eu descartá-la. 
Por me forçar a olhar para ela todos os dias pelo resto do verão. 
Sou o rei valentão. 
Eu a farei pagar por isso. 
E esse preço será alto. 
 
 
 
Ajusto o alarme do meu telefone para as cinco da manhã e não 
demoro no banho. Demoro vários minutos para encontrar uma roupa 
apropriada no closet da madrasta, mas fico esperta e decido cortar 
um par de jeans para fazer meu próprio short. 
A madrasta também tinha muitos shorts cortados. Mas eles 
eram tão curtos, nem mesmo Daisy Duke12 os usaria. 
Os meus são do comprimento apropriado. Cortei uma pequena 
fenda na lateral da coxa para que não subissem. E mesmo que eu não 
queira usar roupas íntimas de outra mulher, ela deixou para trás 
uma gaveta cheia de sutiãs rendados novinhos e calcinhas 
combinando que ainda tinham as etiquetas. 
O preço também. Nunca em um milhão de anos eu pagaria o que 
equivale a um carro por um par de calcinhas. 
Visto uma camisa rosa, larga e leve, com mangas três quartos de 
sino, e deixo meu cabelo solto, mas o prendo atrás com uma faixa rosa. 
 
12 Daisy Duke é um personagem fictício, da série de televisão americana The Dukes of 
Hazzard (Os Gatões). É prima de Bo e Luke, os principais protagonistas do programa, e os 
três moram em uma fazenda nos arredores de Hazzard County com seu tio Jesse. 
No banheiro, encontro uma gaveta cheia de amostras de 
maquiagem novinhas que vêm com uma bolsa com zíper de brinde 
quando você compra um monte de produtos caros em uma loja de 
departamentos. Não gosto muito de maquiagem, mas passo um pouco 
de gloss rosa nos lábios e, quando me olho no espelho, sorrio de 
verdade. Pareço bonita. Rosa sempre foi minha cor. 
Então – porque aprendi minha lição ontem – coloco outra roupa 
em uma pequena mochila. Apenas no caso dessas vadias terem mais 
ideias sobre me mandar para o lago. Então decido... talvez eu leve 
mais algumas roupas. Não tenho nenhuma roupa. Os 
transportadores empacotaram tudo. Então escolho mais três looks 
simples e coloco na bolsa também. 
Olho para a cueca boxer de Cooper no chão. Não posso acreditar 
que eu a usei ontem à noite. Na verdade, a noite passada foi um pouco 
como um sonho. E se eu não acordasse neste quarto, não teria 
acreditado que aconteceu. 
Além disso, o pai dele ordenou que ele me levasse de um lado ao 
outro do lago até meu chalé. 
Ah. Não sinto pena dele. Ele merece. Sequer entendo como 
acabei nesta vida agora, mas sei de uma coisa. 
É tudo culpa dele. 
Tudo é culpa dele. 
Olho no espelho novamente. Ajusto minha camisa um pouco. 
Sorrio. — Ok, Cadee. Esqueça o ontem. Você consegue. Porque 
quando sair esta noite você tem uma casa para onde ir. Você tem 
algumas mudas de roupa, tem um cheque para descontar do 
Presidente e ficará bem. 
Melhor do que bem. Porque não me importo com o que Victor diz. 
Aguentarei o verão inteiro e sairei do outro lado com uma bolsa de 
estudos para uma das faculdades particulares mais elitistas do 
mundo. 
Tome isso, Cooper. 
Chupa isso, Lars. 
Beije minha bunda, Axe. 
 
 
 
Procuro o caminho que Cooper fez ontem à noite quando 
voltamos para casa e o encontro facilmente agora que sei o que 
procurar. 
— Espere! 
Olho para a direita e encontro Mona Monroe correndo para me 
alcançar. Eu ando mais rápido. 
— Não seja uma vadia! — diz ela. — Você sabe que posso te 
alcançar a qualquer dia. 
Eu rio dela, meio chateada por ela atrapalhar meu bom humor e 
atitude positiva esta manhã. — Pode ser. Antes de você começar a 
engasgar com os cigarros. 
— Bem. — Ela ri. — Alguém está animada esta manhã. Então, 
quais são seus planos de vingança? 
— O que? 
— Seus planos de vingança. As garotas malvadas te pegam. 
Então você chora a noite toda e bola um plano. Então, qual é o seu 
plano? 
— Primeiro de tudo — levanto um dedo — não chorei. — Isso 
também é verdade. O que até me surpreende. Deveria ter chorado 
ontem à noite. Hum. Interessante. — Segundo, não desperdiçarei um 
momento da minha preciosa vida pensando em cadelas. 
Mona ri e acende um cigarro. Ela se puxa, então exala na minha 
cara. 
— Não seja criança, Mona. 
— Bem, isso é tudo muito maduro de sua parte, Cadee. — Ela 
meio que zomba do meu nome. — Mas eles melhorarão o jogo hoje. 
Sei como funciona. E acredite em mim, estou muito feliz por você ser 
o Fugling neste verão. Porque eu tinha certeza que seria eu e não sou 
tão evoluída quanto você. Eu teria lutado duro. Mas tenho observado 
da floresta por cerca de uma dúzia de verões agora. Só vai piorar. E 
nunca ganham. Você não ganhará. Você não estará aqui no final do 
verão. 
— Assim me disseram. 
— Então por que você vai? Hum? Qual é o grande prêmio? 
— Uma bolsa de estudos para a High Court. 
— Mesmo? Droga. Achei que todo mundo estava brincando 
quando disseram que você roubou a bolsa de estudos de Lacy. Muito 
bem, Cades. Bem feito. 
— Não roubei. O Presidente me ofereceu. 
— Hum. Também interessante. Já que você está morando na 
casa dele e vi Cooper entrar no seu quarto ontem à noite. 
Balanço a cabeça, tão irritada. — Mona, se você quer espalhar 
esse boato, não posso impedi-la. E tenho certeza que realmente 
irritará Isabella. Mas nada aconteceu. 
— Ah, agora vamos. Ninguém acreditará nisso. Você chupou o 
pau dele o ano todo quando ele estava no último ano do Prep. 
Fico vermelha de calor com essas palavras. 
— Não apenas ele, né. Ei. Tenho uma pergunta. Vocês tipo... 
revezavam ou algo assim? Ou foi apenas uma grande orgia 
desleixada com os paus deles enfiados em cada orifício do seu corpo? 
— Você é nojenta. 
— Bem, estou decepcionada. Imaginei isso como uma orgia por 
três anos e você acabou de explodir minha bolha. 
Ando mais rápido quando a Glass House aparece. 
— Tchauuuu! — chama Mona. — Boa sorte hoje! 
Não posso acreditar que pensei que ela realmente estaria do meu 
lado. Ela pode ser pior do que Isabella. 
 
 
 
Entro na cozinha e encontro todos os garçons vestindo seus 
aventais e se movimentando. 
— Você voltou — diz Victor. 
— Voltei. 
— Gosta de sofrer, hein? 
— Estou aqui apenas para fazer o meu trabalho. 
— Boas notícias. Sua fantasia de pato desapareceu. Você 
queimou? 
— Não. Tirei e deixei no cesto de roupa suja. 
— Bem, não está lá. E Isabella está chateada. 
— Ela já está aqui? Por que ela está tão cedo? O café só será 
servido daqui uma hora. 
— Ela está checando você. Se você o queimou... 
— Eu não. 
— Só estou dizendo que, se fez isso, você deveria apenas admitir. 
Ela irá apenas distribuir sua punição e seguir em frente. 
— Ela provavelmente queimou. Está armando para mim. 
— Provavelmente. 
— Cadela. Eu os odeio. 
— Nem todos. — Victor sorri enquanto enche a enorme cafeteira 
comercial com água usando uma jarra de aço inoxidável. — Não 
Cooper. 
— Especialmente Cooper. 
— Que seja, Cadee. 
— Que seja mesmo. — Fico lá por um minuto, meu avental 
amarrado. — Agora o que eu faço? 
— Melhor perguntar à rainha. Ela é sua chefe, Fugling. 
Dou meia-volta e empurro as portas da cozinha, depois murmuro 
— Idiota. — Porque pensei que Victor seria meu amigo. E ele 
claramente não está interessado em se envolver. Ele só aparece para 
salvar sua própria bunda. Assim como todo o resto. 
— Lá está ela — ri Isabella enquanto entro na sala principal. — 
O que você fez com isso? 
— Não sei do que está falando, Isabella — digo docemente. 
Sorrindo docemente. O que só a deixa mais desconfiada. 
— Vou pegar outro. Você usará essa fantasia durante todo o 
verão. 
— Ou— gorjeia Selina— até ela desistir e fugir chorando. 
Apenas sorrio para Selina Reyes. Não a conheço. Absolutamente 
nada. Mas não preciso conhecê-la para entender o que e quem é. Ela 
é uma das melhores amigas de Isabella. Já disse o suficiente. Isso é 
tudo o que há. 
— Ela não usará a fantasia mais. 
Todos nos viramos para encontrar Cooper, Axe e Lars 
caminhando em nossa direção. 
— O que? — Isabella está chateada por ser desafiada sobre isso. 
Axe dança até mim balançando uma camiseta branca para mim 
como se estivesse bêbado. Ou chapado. Provavelmente chapado. — 
Você tem um novo uniforme, Fugling. — Ele deixa cair sobre minha 
cabeça. — Vista. 
Arranco a camisa da minha cabeça e me forço a sorrir. Eles não 
ganharão. Não lhes darei essa satisfação. Nunca. 
— Claro, meu príncipe — pisco para ele e ele para de dançar 
para franzir a testa para mim. Então tiro minha linda blusa de gaze 
rosa e a jogo no chão. 
Estou triste por não conseguir ficar bonita o dia todo. Mas meu 
uniforme é apenas uma camiseta branca. Poderia ser muito pior. 
Todos olham para mim enquanto fico lá em meu lindo sutiã rosa 
e começo a deslizar a nova camisa. 
— Não. — Cooper pega a camisa de mim. — Tire o sutiã também. 
— O que? 
Aqueles perigosos olhos azuis estão presos nos meus. — Você me 
ouviu. Sem sutiã. 
Olho para Isabella e suas amigas. E agora mais pessoas estão 
aqui. Mais três caras e mais duas garotas. E estão todos assistindo 
para ver o que farei. 
Levo minhas mãos atrás das minhas costas, abro meu sutiã, 
deixo-o deslizar pelos meus braços. E fico lá com meu peito exposto e 
meus mamilos todos eriçados e alegres. 
Cooper me encara. Mas ele não está absorvendo a vista. Está 
cerrando os dentes de raiva. 
Oh, eu te decepcionei, grande homem forte? Eu não estava 
devidamente envergonhada? 
Como se eu me importasse se essas pessoas vissem meu corpo. 
Não tenho vergonha dele. 
Mona começa a rir do outro lado da sala quando entra pela porta. 
— Pegue-os, Cadee! — grita, meio que... torcendo por mim. Talvez. 
Provavelmente não. Que seja. 
Cooper joga a camisa em mim. Ele me encarava esse tempo todo. 
Mas agora ele afasta seus olhos e desliza até meus seios nus. E 
permanecem lá até que puxo a camisa sobre minha cabeça e a arrumo. 
Olho para baixo, percebendo que alguém escreveu Me chame de 
Fugling na frente com grossa caneta preta, e apenas... deixo pra lá. 
Jogue o jogo, Cadee. Você é uma vencedora. 
Faço uma reverência. Curvo minha cabeça em Cooper Valcourt. 
— Obrigada, Alteza. — Então olho para Isabella. — Minha rainha, 
como eu posso servi-la hoje? 
— Café — late. — Agora. 
Curvo novamente. — Será um prazer. 
Então dou meia-volta e volto para a cozinha, passando por Victor, 
que me observa de boca aberta, depois me segue. — Ah, Cadee — diz 
ele quando estamos seguros na cozinha e eles não podem ouvi-lo. 
— O que? 
— Você só está piorando. Confie em mim. Tudo o que você 
precisa fazer é chorar um pouco, ficar envergonhada quando eles te 
contarem e odiar cada minuto disso. 
— Isso é desistir. 
— Não, Cadee. Isso é ceder. E é isso que é preciso para vencer os 
jogos que eles jogam. 
Tenho pena de Victor. Porque ele é um desistente. Ele está 
disposto a deixar esses idiotas de elite comandar sua vida e 
determinarem seu futuro e eu não. Somos duas pessoas muito 
diferentes. Eu o encaro. — Não vou ceder. 
Ele levanta as duas mãos como se estivesse se rendendo. — 
Certo. Faça isto de sua maneira. Mas eles tornarão isso muito pior 
agora. 
Eu o ignoro e começo a encher uma cafeteira de prata. 
Você não vai desistir, Cadee. Você não vai. 
Você já fez isso. Deixou esses garotos dirigirem sua vida há três 
anos. Rendeu-se a eles. Apaixonou-se por eles. Acreditou neles. 
E tudo o que fizeram foi mentir e te abandonar quando você 
realmente precisou de ajuda. 
Você lutará desta vez. 
Mostrará que não precisa deles, que não os quer e vencerá desta 
vez. 
Eles serão os quebrados deixados para trás. 
Não eu. 
 
 
 
 — Ouçam, ouçam! — Axe está andando de um lado para o outro 
na frente da grande sala da Glass House vestindo shorts cargo verde-
exército, Doc Martens, e uma camiseta branca com uma seta preta 
de duas pontas apontando para cima em seu rosto e para baixo em 
sua cintura com as palavras DOIS ASSENTOS no meio. 
Essa camiseta é tão… Axe. 
Há uma carteira de corrente no bolso de trás, seu cabelo 
castanho com um pentagrama raspado de um lado e um olho que tudo 
vê do outro, e suas tatuagens coloridas de demônio que ocupam todo 
o braço realmente unem todo o visual e emitem uma vibe anarquista 
que grita O caos é meu, filhos da puta! 
Coloco a mão na boca para esconder meu sorriso. 
— Bem-vindos a centésima quadragésima sétima Corrida de 
Verão Fang and Feather! — rosna, ainda andando pela frente da sala. 
Os candidatos estão sentados em um semicírculo desleixado no 
meio do espaço. Menino, menina, menino, menina. Todos os dez 
olhando para Axe como se ele fosse um show de horrores. 
E ele é. Conheço Axe Olson melhor do que ninguém, exceto Lars, 
e ele beira a insanidade na maioria dos dias. Como ele se formou na 
Prep, eu nunca entenderei. 
Oh, espere. Sei exatamente como ele se formou. 
Fizemos Cadee trapacear para ele. Ela fez toda a lição de casa 
durante todo o último ano. 
Foi assim que tudo começou. Axe e sua incapacidade de 
completar até mesmo as tarefas mais simples. 
Axe assobia alguns ruídos falsos de plateia em sua mão em 
concha. Como se fosse uma estrela do rock tocando em um estádio e 
houvesse cem mil pessoas na plateia. 
Às vezes eu simplesmente não aguento aquele cara. Mas gosto 
dele de qualquer maneira. Ele ficou acordado a noite toda para 
montar o desafio do dia de abertura, é praticamente meu trabalho 
ser solidário. 
Ele segue as regras. 
Não importa quão despreparados todos estejam para este 
acampamento e a falta de apreciação pela teatralidade de Axe não 
terá nenhuma influência real no resultado. Porque a Corrida de 
Verão Fang and Feather é na verdade apenas uma série de quatro 
desafios que duram duas semanas cada. 
Não são tarefas complicadas. Não são nada além de uma 
maneira de descobrir quais desses jovens podem seguir instruções e 
quais não podem. Simples assim. 
Os que puderem sairão do outro lado com um convite a tumba. 
Então é só... bem. Mais do mesmo, só assim todos jogaremos pra valer. 
Fang and Feather não procura pensadores fora da caixa. Não 
procuramos pessoas que querem mudar o mundo e não estamos 
impressionados com ideias progressistas. 
Estamos aqui para escolher a próxima safra de minions e é isso. 
— Ouçam seus pequenos plebeus de baixo escalão chatos! — Axe 
está claramente gostando de seu papel como Mestre de Cerimônia 
esta manhã, porque ele anda de um lado ao outro da sala com um 
brilho selvagem nos olhos. — O único propósito de vocês aqui é 
provarem seu valor, e você não me engana! — Ele estende o braço 
com um dedo apontado para a garota à sua esquerda. Seus olhos 
azuis se arregalam e sua pele muito clara fica corada diante dos meus 
olhos. Sophie Bettington. Ela aponta para si mesma e começa a se 
contorcer na cadeira. Mas o dedo de Axe se move para a direita e 
aponta para todos eles por sua vez. — Eu sei que vocês pensam ser 
alguém! E vocês não são! Vocês. São. Ninguém! 
Ele está gritando agora. 
Lars e eu estamos atrás dos dez candidatos em lados opostos da 
grande sala, e quando olho para ele, ele revira os olhos para a 
teatralidade de Axe. Dou de ombros para ele. Inferno, se Axe quer 
fazer o papel de ladrador de carnaval neste verão, estou bem com isso. 
Alguém precisa ser o idiota. E esse ato meio que combina com ele. 
— Certo. — Axe abaixa a voz. — Nem todos vocês são ninguém. 
Seis de vocês passarão. Mas apenas seis. 
— O que? — exclama uma garota no meio. Eu a reconheço da 
pasta que meu pai me deu. Maddie Lancaster. — O que você quer 
dizer? Há uma cota? — Ela olha para seusamigos. — Isso não é justo! 
Meu pai me disse... 
— Seu pai não é ninguém como você, Maddie. — Todos se viram 
em suas cadeiras para olhar para mim. — E se você não quer ser 
descartada antes mesmo do primeiro desafio começar, você calará a 
boca e fará o que mandam. 
Ax ri. É quase maníaco, e todos se voltam e começam a ficar 
nervosos. — Vocês foram enganados — continua Axe com a risada. 
— Tudo o que seus pais contaram sobre a corrida de verão, nada era 
verdade. 
— Mas não se sintam mal por isso — diz Lars. — Na verdade, é 
melhor se acostumarem com as mentiras. Porque a partir deste 
momento, vocês nunca saberão o que é verdade e o que não é. 
Cruzo os braços sobre o peito e aceno com a cabeça para ele. 
Porque ele está certo. Todo esse clube que temos aqui é baseado em 
percepção, lealdade, segredos e mentiras. 
Mas, principalmente, é sobre as consequências. 
É isso que ensinaremos a eles neste verão. 
Consequências. 
Valentina passeia na frente e fica ao lado de Axe. Ela veste uma 
fantasia, assim como Axe. Mas seu traje não tem nada a ver com 
anarquia e caos. 
Ela está vestida como uma princesinha safada. 
Uma princesinha muito rica e safada. Porque está praticamente 
pingando diamantes. 
Há pelo menos quatro quilates pendurados em seus brincos. 
Outros três em seu pulso. Os anéis em seu dedo chegam a sólidos oito, 
pelo menos. E quem sabe quanto pesa aquela gargantilha. 
Ela olha para cada um dos cinco candidatos de Feather – Mona 
Monroe, Maddie Lancaster, Natasha Waring, Sophie Bettington e 
Elexa Simpson – e sorri para elas. É um sorriso maligno. — Olhem 
para mim — murmura. — Vocês gostam? — Ela inclina a cabeça. 
Angula seu corpo para mostrar seus ombros nus. Dobra uma perna 
na altura do joelho e franze os lábios. Sua blusa está brilhando com 
cristais, a saia prateada tão curta que posso praticamente ver sua 
calcinha branca daqui. E seu longo cabelo preto está preso em sua 
cabeça de uma forma que quase parece bagunçado. Uma aparência 
de uma garota que acabou de ser fodida. 
Ela mexe os dedos para as meninas. Está usando dezenas de 
anéis. A luz do sol que entra pelas janelas pega centenas de facetas e 
um show de luzes brilhantes dançam em seu rosto. — Vocês querem 
algum? Tenho muito! 
Duas das garotas, Maddie e Elexa, realmente suspiram 
enquanto olham para ela. Suas bocas se abrem à medida que 
calculam quanto valem as joias de Valentina. 
Então ela coloca dois dedos sobre os lábios. — Opa. Desculpe. 
Estou me adiantando. Este é o prêmio — sussurra Valentina. — 
Somente para vencedores. 
Então ela estala a língua e pisca para Axe. Ela passeia até ele, 
envolve as mãos em volta da sua cintura e pressiona os quadris nos 
dele enquanto olha em seus olhos. Ele puxa uma coleira incrustada 
de diamantes de um de seus muitos bolsos da frente e prende na 
gargantilha de Valentina. 
Ela olha para seus iniciados, levantando os ombros e sorrindo 
como se fosse a garota mais sortuda do mundo. — Ele é meu mestre 
— murmura. Então olha para Axe e lambe os lábios. 
Os olhos de Axe se iluminam por um momento. Então ele olha 
para os caras enquanto empurra Valentina de joelhos na frente dele 
e agarra seu cabelo bagunçado, empurrando seus quadris para frente. 
— Vocês não precisam de diamantes. O prêmio de vocês não é 
dinheiro, é a garota que está usando. 
Valentina começa a desafivelar o cinto de Axe e todos os 
candidatos suspiram. 
Ela vai? 
Ela não vai? 
Valentina pisca para eles, então se levanta e Axe solta seu cabelo. 
— Vocês decidem. — Ela diz isso em sua voz normal. — Vocês 
precisam escolher esta vida, senhoritas. E se fizerem isso, terão que 
lidar com as consequências. — Ela anda de um lado ao outro, depois 
para na garota à sua esquerda. — Você quer os diamantes? — Ela 
continua para a próxima garota. — Você quer a mansão? — Ela passa 
para a terceira garota que protestou sobre a cota. — Você quer o lago, 
os barcos e os carros? — Ela se move para as meninas do meu lado 
da sala. — Você quer a segurança? — Então a garota final. — E o 
homem? — Ela faz uma pausa, então volta e fica ao lado de Axe. — 
Então você faz o que mandam. — Ela encolhe os ombros. — Se não é 
isso que vocês querem, então saiam a qualquer momento. A. Escolha. 
É. De. Vocês. 
— Mas deixe-me ser claro aqui — diz Axe, empurrando 
Valentina e apontando para os meninos. Ela tropeça pela sala 
dramaticamente, ofegando e choramingando. Ele aponta para cada 
um dos garotos – Michael Gottsworth, Dante Legosi, Roland 
Blanchard, Jamie Cruz e Ivan Turgenev. 
— Cada um de vocês — continua Axe — cruzarão a linha. Vocês 
não tem escolha. Vocês não são bons para nós se não o fizerem. Só as 
garotas podem ser maricas e sair. — Ele puxa a coleira de Valentina 
e a força de volta ao seu lado. Ela ainda está choramingando, 
deixando essas garotas saberem – isso não será fácil. Elas vão chorar. 
Estarão de joelhos. E farão isso de boa vontade. — E todos serão 
responsabilizados por suas ações. Então é melhor vocês jogarem bem 
o jogo. 
Ele olha para eles. Um por um, enquanto seu olhar percorre o 
semicírculo. Então beija Valentina. Ele agarra o cabelo dela, 
cerrando os punhos ao redor dele enquanto se beijam, gemendo e se 
contorcendo um contra o outro. 
Até eu tenho que admitir que é um beijo sexy pra caralho. 
Ando até a frente e afasto Axe e Valentina. — Se não foi para 
isso que vocês se inscreveram, aí está a porra da porta. — Aponto 
para o fundo da sala e encontro Cadee Hunter olhando para mim, 
vestindo sua camiseta branca sem sutiã. Sua camiseta que implora a 
todos nós para chamá-la de Fugling. Cafeteira de prata na mão. 
Olhar superior em seu rosto presunçoso. 
Nós nos encaramos. Nenhum de nós se atrevendo a se mexer. 
Então digo novamente. — Aí. Está. A Porra. Da. Porta. 
Ela segura meu olhar, então todos os outros garçons estão lá, 
passando por ela carregando bandejas de doces e taças de champanhe. 
Axe grita — Que comece a Corrida de Verão Fang and Feather! 
Todo mundo permanece parado por um momento. Então 
repetem, os meninos gritando com os punhos no ar, as meninas 
olhando uma para a outra nervosamente, mas com a mesma 
excitação. 
As expectativas foram estabelecidas. As regras do jogo 
explicadas. 
Todos os dez estão a bordo. 
Essas garotas querem dinheiro e status. 
Esses meninos querem sexo. 
E Cadee Hunter também, eu acho. Porque ela inclina a cabeça 
desafiadoramente. Desafiando-me a humilhá-la. 
Ah, eu vou, querida. 
Confie em mim. 
Eu vou te nocautear tanto que você nunca mais se levantará. 
 
 
 
Posso dizer sobre os desafios estúpidos. Mantém a corte real 
ocupada. Todos os candidatos estão animados e felizes e não prestam 
absolutamente nenhuma atenção a todos nós, garçons. Nem mesmo 
em mim. E eu estava certa que essa coisa da camisa nesta manhã era 
um sinal claro de que eu era o entretenimento de hoje. 
Sirvo o café deles, depois ajudo a preparar e servir o café da 
manhã, e sou legal. Tentando ficar em segundo plano o máximo 
possível. Luto com essa decisão internamente porque parece que 
estou seguindo o conselho de Victor. Na verdade, ele faz questão de 
assentir e sorrir para mim durante todo o café da manhã, deixando-
me saber que é assim que se joga o jogo. 
Perder, talvez. 
Mas não estou jogando para perder, apenas ganhando tempo 
aqui. Não sou idiota. Não quero me tornar um alvo. Quero apenas ser 
inteligente. Pegar e escolher minhas batalhas. E não adianta desafiá-
los sem razão. 
Eles permanecem na longa mesa do café da manhã por horas. 
Sem pressa para fazer nada hoje. E por um tempo, eu acho que isso 
é tudo que eles farão. Apenas beber e comer como pessoas ricas 
idiotas o dia todo, porque quando Isabella bate palmas e nos manda 
limpar a mesa, é quase meio-dia. 
Mas então todo mundo está em movimento. Não apenas nós, os 
garçons, mas todos os candidatos também. Eles movem cadeiras e 
sofás ao redor, as cadeiras dobráveisde madeira branca em que 
estavam sentados para a apresentação de Axe e Valentina há muito 
tempo foram removidas. 
Dois sofás de dois lugares são empurrados para o centro da sala 
e, em seguida, duas cadeiras estofadas dispostas em ambos os lados. 
Os meninos tomam seus lugares, claramente animados com o que 
está por vir. As meninas desaparecem lá fora com Selina. 
Olho para Valentina. Ela está pendurada em Axe como se fossem 
um casal. 
Eles são um casal? 
Hum. Eu realmente não saberia. Não passei nenhum tempo no 
lado do campus da faculdade nos últimos três anos. Eles podem estar 
namorando, eu acho. 
Axe definitivamente beijou Valentina esta manhã como eles 
fazem regularmente. E suas mãos estiveram por todo o corpo dela 
esta manhã. Acariciando-a como se fosse sua propriedade. 
Essa percepção me faz olhar para Cooper e Isabella. Ela está 
flertando com ele. Mas isso é muito típico, pelo que sei sobre Isabella. 
Ela flerta com todo mundo. 
Mas isso... talvez vá um pouco além de sua rotina normal de 
provocações. Ela brinca com o cabelo escuro de Cooper, torcendo 
aquelas ondas sensuais nos dedos enquanto olha nos olhos dele e fala. 
Cooper sorri enquanto ela faz isso, ouvindo atentamente e 
olhando para ela com aqueles olhos azuis elétricos como se ela fosse 
o centro do seu mundo. Rindo, até. Como se fossem muito bons 
amigos. 
Hum. Talvez sejam? Talvez estejam namorando? Eles 
definitivamente estão fazendo alguma coisa. 
Ele olha ao redor da sala, verificando o progresso do novo arranjo 
de móveis e então seus olhos pousam em mim, e imediatamente 
franze a testa. 
Desvio o olhar rapidamente e começo a remover a toalha de mesa 
branca para levá-la à parte de trás e começar a lavar a roupa. 
Estou prestes a abrir caminho pelas portas da cozinha quando 
ouço — Cadee Hunter! — pela sala. 
Eu paro, respiro fundo e me viro com um sorriso brilhante no 
rosto. — Como posso servi-lo, Alteza? — Até fiz uma reverência. 
Cooper olha para mim. Então me chama com um dedo curvado, 
como se eu não fosse digna de fala, e se inclina para o pescoço de 
Isabella para sussurrar algo. Ela ri. Ruidosamente. Dá um tapa no 
ombro dele de brincadeira enquanto lentamente atravesso a sala em 
direção a eles. Então ele a beija na boca, segurando seu rosto, e bate 
em sua bunda quando ela se vira para sair. 
Ela grita e pula um passo, olhando por cima do ombro para ele. 
Ele sorri para ela, apreciando sua reação brincalhona ao seu golpe. 
Reviro os olhos. 
Mas desligo isso rápido quando ele se vira para mim e seu olhar 
trava. Ele cruza os braços sobre o peito e seguro a toalha perto de 
mim porque seu olhar quente não é mais brincalhão. É cruel e me dá 
um arrepio na espinha, fazendo meus mamilos se endurecerem em 
resposta. 
— Sim, meu Rei — digo, tentando soar... subserviente. 
Não sei se consegui. 
— Fique bem aqui. — Cooper aponta para o outro lado dele, ao 
lado da porta que leva para fora. — Volto já. 
— O-kay — murmuro baixinho. Ele sai e eu me viro um pouco 
para observar. 
— Ei, criada! 
Eu me viro e olho para os meninos no centro da sala, então me 
odeio por olhar. Porque acabei de responder ao nome de criada. 
Eles riem. Como se eu fosse o alvo da piada deles. 
— Cooper Valcourt disse alguma coisa sobre se virar e observá-
lo? 
— Uhhh…— não sei se respondo a esses meninos. Então não 
tenho certeza se devo ser rude ou não. 
Mas não preciso responder, porque Lars de repente está no 
centro da sala, na frente do garoto falando. Eu o reconheço como Ivan 
Turgenev. O Rei Valentão da Prep. Ouvi algumas histórias sobre esse 
menino ao longo dos anos. Ele é muito pior do que Cooper já foi. 
— Eu te dei permissão para falar, enrugado? 
Enrugado? Solto uma risada. Nunca os ouvi chamar assim. 
Ivan não recua. — Ela é uma maldita serva. Posso falar com ela 
do jeito que eu quiser. 
Bem, acho que todos nós sabemos como ele trata os funcionários 
da casa de sua família. Sinto muito por eles. 
Lars – não um cara conhecido por usar os punhos como Axe – se 
abaixa, agarra Ivan pelo colarinho e o puxa daquele sofá confortável 
e o coloca de pé. — Você acabou de falar comigo, garoto? 
Uh-oh. Lars é louco. Ele não vai bater nele. Esse não é o estilo 
de Lars. Mas é o estilo de Axe. E todo mundo sabe, se você fode com 
um deles, fode com os três. 
Até eu sei disso. 
Sufoco uma risada. Porque isso pode ser interpretado de mais de 
uma maneira. 
— Você está se divertindo aqui, Cadee? 
As palavras de Cooper me fazem formigar, porque seus lábios 
estão bem no meu ouvido e sua voz grave entra no meu corpo como 
uma vibração baixa. 
Respiro fundo. — Não senhor. Eu não estou. 
Ele desliza seu corpo ao redor do meu e agarra meus quadris, me 
puxando para perto de seu corpo. Suas mãos deslizam pela minha 
bunda e ficam lá, o calor de seu toque tão intenso que ruborizo. — 
Bem, isso é muito ruim — sussurra. Ele lambe os lábios e meus olhos 
baixam antes que eu possa detê-los. Olho para cima rapidamente. — 
Mas acho que posso corrigir a situação. 
Olho para ele, lembrando-me de outra vez que ficamos tão perto 
um do outro, tão perto que posso ver os redemoinhos verdes que 
delineiam suas íris azuis. Ele proferiu exatamente as mesmas 
palavras para mim. 
Acho que posso corrigir a situação. 
Como se meu problema na época fosse uma situação a ser 
corrigida. 
Enrijeço, inclino meu queixo para cima e olho para ele. — Não 
me faça nenhum favor, Christopher. 
Ele ri e se afasta, se afastando de mim. 
O que quer que estivesse acontecendo com Lars e Ivan, acabou 
agora. Ivan voltou ao seu lugar e Lars está do outro lado da sala. 
Cada par de olhos masculinos está agora cem por cento em mim. 
Cooper joga algo em Ivan, que o pega com uma mão. É um balão 
de água. E ele estoura, caindo no colo de Ivan. — Que porra é essa? 
— diz ele, levantando-se, a camisa e as calças encharcadas. Ele olha 
para si mesmo, então para Cooper, encarando-o. 
— Não — diz Cooper em um rosnado baixo — fale com meus 
servos sem permissão, seu fodido plebeu. — Ivan abre a boca para 
dizer algo, mas Cooper bate nele. — Não olhe para meus malditos 
servos sem permissão. Não pense nos meus malditos servos sem 
permissão. E se eu alguma vez — ele faz uma pausa — alguma vez 
pegar você tocando um dos meus malditos servos sem permissão, eu 
vou arruinar você, Ivan. 
A carranca de Ivan desaparece. — Não toquei nela. Eu estava 
brincando. 
Cooper olha para mim. — Você achou engraçado, Fugling? 
Porra. Pego o olhar de Victor do outro lado da sala. Ele está 
balançando a cabeça para mim. E posso praticamente ouvir as 
palavras em sua mente. Não se envolva. 
— Não — digo, endireitando minhas costas e levantando meu 
queixo. — Eu não achei ele nada engraçado. 
O olhar acalorado de Cooper permanece em mim e por um 
momento acho que capto o começo de um sorriso. Mas nunca 
realmente se materializa. Então ele olha para Ivan. — Ela não achou 
você engraçado, Ivan. Quer tentar novamente? 
— O que? — Ivan está confuso. 
E eu também. 
— Eu disse se você quer tentar de novo? 
— Eu deveria fazê-la rir? 
— Você quer fazê-la rir, Ivan? 
Jesus Cristo. Ele não está tentando me salvar. Cooper Valcourt 
está armando para mim. 
— Uh... — ri Ivan. — Certo. Tentarei outra vez. 
Cooper olha para Lars e rosna — Encontre uma corda para mim. 
 
 
 
Lars ri e desaparece na cozinha. Ele sabe o que eu farei. E é bem 
engraçado. Cadee Hunter vai rir, sem dúvida. 
Olho por cima do ombro para ela. Mas ela ainda não está rindo. 
Ela parece assustada. 
O que ele poderia fazer comigo com corda? Posso ler a mente dela. 
Ah, Cadee. Posso pensar em muitas coisas divertidas para fazer 
com corda. 
Este não era o meu plano original para ela no dia da estreia, mas 
foda-se. O outro terá que aguentar até mais tarde. Quando ela pensar 
que o dia acabou e ela sobreviveu. É quando vou lançar meu plano 
original sobre ela. 
Se ela chegar tão longe. 
Lars voltacom a corda e a entrega para mim. 
— Obrigado, Lars. 
Ele sorri. — A qualquer hora, Coop. 
Volto-me para Cadee. Seguro a corda. — Você pode sair, sabe. 
Você tem todo o poder aqui, Cadee. Tudo o que precisa fazer é dizer, 
Não, obrigada e dar o fora da minha cara. Para todo sempre. 
Ela pensa nisso. Mas não me surpreendo quando balança a 
cabeça negativamente e sussurra — Não vou desistir. 
Dou de ombros. — Tudo bem por mim. Mas quando você sair 
daqui hoje, saia sabendo que foi sua escolha. Sua decisão. — Eu a 
encaro. — Isto é você. Dando-me permissão. 
Ela franze a testa. Balança a cabeça novamente. — Eu aguento. 
— Aguenta? — Eu rio e me viro para meus candidatos. — Ela 
aguenta! Então vamos colocar o primeiro show na estrada. Ivan. — 
Aponto para ele. — Venha ficar bem aqui. — Chamo Cadee com um 
único dedo. — Você. Venha ficar bem aqui. — Aponto para o espaço 
entre Ivan e eu. 
Ela mal hesita. Isso é o que eu sempre gostei em Cadee Hunter. 
Ela é burra. Sabe o que está por vir e obedece aos meus comandos de 
qualquer maneira. Seus olhos estão fixos nos meus o tempo todo que 
caminha até mim. Ainda desafiadores. 
Coloco minhas mãos em seus ombros e a viro para que tenha que 
encarar Ivan. 
Ivan parece prestes a explodir antes mesmo de essa festa 
começar. Malditos garotos. 
Eu me inclino e pressiono meus lábios no pescoço de Cadee e 
sussurro — Coloque as mãos atrás das costas. 
Ela suga uma respiração profunda, mas obedece. 
Pego seus pulsos e começo a amarrar a corda em volta deles. 
Apertado. Ela não se move. Ninguém se move. 
Mas então a porta se abre e Axe diz — Ok, estamos prontos para 
você. — Todos nós olhamos para ele e ele ri. — Foda-se eles, isso 
parece muito mais interessante. — Ele se inclina contra a porta e 
cruza os braços tatuados sobre o peito. 
Termino de amarrar seus pulsos e me inclino novamente para 
sussurrar — Última chance, Cadee. 
— Permissão concedida, meu Rei. 
Todos riem e começam a falar. 
— Deus, você é burra. — Meu sussurro é mais baixo agora. 
Privado. — Você não ganhará. 
Ela vira a cabeça para que eu possa olhá-la nos olhos. Eles são 
uma cor marrom muito clara. Quase âmbar. Quando está com raiva, 
esses olhos a fazem parecer um demônio. Quando está triste, eles a 
fazem parecer uma criança. E quando coloco meus dedos entre suas 
pernas e ela grita seu clímax, eles a fazem parecer uma deusa. — Já 
ganhei — sussurra. — Tudo o que tenho que fazer é cruzar a linha 
de chegada mancando. 
Deslizo minhas mãos para seus quadris e beijo seu pescoço. Ela 
suga uma lufada de ar, não esperando isso. Puxo sua camiseta 
apenas o suficiente para mostrar sua barriga para Ivan e os outros 
enquanto brinco com seus mamilos. Mordo o lóbulo de sua orelha e 
sussurro — Diga-me para parar e acabou. 
Ela balança a cabeça. 
Deslizo as pontas dos meus dedos em suas costelas. É um toque 
leve e esvoaçante que envia calafrios por seu corpo e a pele de seus 
braços se arrepia. A próxima vez que toco seus mamilos, eles estão 
duros e enrijecidos. 
Ela gosta, eu percebo. E por que não deveria? Sei como excitar 
essa garota. Ela me disse exatamente como gosta. Explicou tudo para 
mim quando tinha apenas quinze anos. 
Mas quando ela realmente geme um pouco, eu paro por um 
momento, meus olhos vão para cada um dos outros meninos na sala. 
Lars parece preocupado. Ele sabe o que eu farei. Axe parece animado. 
Ele também sabe. Ivan parece ter dificuldade em manter as mãos 
para si mesmo. 
Ele encontra meu olhar e eu o aviso com um olhar feroz. — Siga 
minha liderança — digo alto o suficiente para todos ouvirem. — 
Entendeu? 
Ivan assente. — Certo. Bem. Que seja. 
— Você pode tocá-la, Ivan. 
Cadee suspira um pouco. 
— Isso é uma indicação que eu ouvi, Cadee? Pronta para sair 
agora? 
Ela prende a respiração e balança a cabeça. — Não. Vou ficar. 
Ivan sorri. Todos já ouviram falar sobre o que é feito durante a 
corrida de verão. Provavelmente passaram os últimos anos se 
masturbando com a fantasia. 
Mas eles não sabem. Não fazem ideia. E não apenas porque é 
diferente em cada verão. O Rei faz as regras e planeja os jogos. Não 
há duas corridas de verão exatamente iguais. Mas porque pensam 
que isso é sobre sexo da mesma forma que as garotas pensam que é 
sobre dinheiro. 
E a corrida de verão não é sobre nenhuma dessas coisas. 
É sobre poder. 
E como eles não têm nenhum até que seja concedido a eles. 
E se eu tiver que ficar preso aqui comandando essa merda, eu 
certamente vou aproveitar. 
Olho por cima do ombro de Cadee e vejo as pontas dos dedos de 
Ivan acariciar a barriga dela. Gostaria de poder ver seu rosto. Lars 
se aproximou para olhar melhor, sua hesitação nada mais que 
fascinação agora. 
Beijo o pescoço de Cadee e massageio um de seus seios. Isso faz 
com que seus joelhos se dobrem um pouco. Como se eu a deixasse 
fraca. 
Ivan dá um passo à frente, pressionando seus quadris contra os 
dela. Ele quer beijá-la. Até faz um movimento para tentar, mas viro 
a cabeça de Cadee e reivindico seus lábios para mim. 
Ela me beija imediatamente e meu pau cresce nas minhas calças. 
Isso não estava no plano, mas tudo bem. Eu a moo contra sua 
bunda e brinco com sua língua, então deslizo minha mão por suas 
costelas, passando pelo cós de seu short, encontrando a umidade 
entre suas pernas. 
A mão de Ivan segue a minha e faço uma pausa, prendendo a 
respiração por um momento. Porque quero pará-lo, mas quero deixá-
lo lá também. E quando olho para Lars, ele balança a cabeça para 
mim. 
Cruzei a linha com Lars, então puxo a mão de Ivan e ele não 
protesta, mas seus dedos já estão molhados. 
A sala está totalmente silenciosa. Tipo... tenho certeza que todo 
mundo está prendendo a respiração. 
— Você ainda está rindo, Cadee? — sussurro essas palavras em 
seus lábios enquanto a beijo. 
Ela bufa. Mas também sorri. 
Paro de beijá-la e olho para Ivan. Ele está... paralisado. Tenho 
certeza de que esse garoto nunca, mesmo em suas fantasias mais 
loucas, pensou em compartilhar uma garota assim na frente de uma 
sala cheia de homens. 
Mas depois de hoje será tudo em que pensará. 
Todos vão se masturbar esta noite se imaginando como eu e Ivan 
com Cadee entre nós. Quero dizer... não é por isso que Axe, Lars e eu 
começamos todo o experimento com Cadee Hunter quando éramos 
veteranos na Prep? 
Porque ouvimos sobre isso? 
E então não conseguimos parar a fantasia? 
Odeio contar isso para o pobre Ivan aqui. Odeio estourar sua 
pequena bolha, mas este é apenas o primeiro dia. Ele não conseguirá 
tão fácil. 
E nem Cadee. 
Afasto minhas mãos de Cadee e dou um passo atrás. Ela olha 
por cima do ombro para mim, seus olhos nublados por um momento. 
Então ela os estreita. Questionando o que estou fazendo. 
Perguntando-me por que não estou mais tocando nela. 
Aponto para meus candidatos, um de cada vez. Michael, Dante, 
Roland e Jamie. Então digo — Você também tem minha permissão 
para tocá-la. 
Cadee suspira, contorcendo-se um pouco no abraço de Ivan. 
Tanto Lars quanto Axe estão de cada lado dela enquanto os outros 
garotos dão um passo à frente, sorrindo e rindo com entusiasmo. 
Todos estão duros sob seus shorts. Dante está até se agarrando. 
Deslizo atrás de Cadee e começo a traçar as costas dos meus 
dedos em suas costelas. Sua camisa está até o pescoço, os seios 
redondos e firmes, os mamilos duros de todas as mãos sobre ela. Mas 
são mãos gentis. Porque sou gentil. E estabeleci o padrão. O Rei 
sempre estabelece o padrão. 
Eu me inclino em seu ouvido mais uma vez. — Última chance de 
sair, Cades. — Porra. Esse apelido simplesmente escapou. — Cadee. 
— Eu me corrijo. — Diga pare e nós paramos. Não diga nada e isso 
continua até acabar. 
Ela não diz nada. 
— Você é tão estúpida — sussurro enquanto deslizo meus dedos 
em seu cabelo e o enrolo em meu punho. Eu o puxo. Não tão forte, ou 
os meninos podem ter a ideia errada. — Por que você está fazendo 
isso?Ela estica seu pescoço longo e esbelto, sua bochecha macia bem 
ao lado da minha desalinhada. Ela olha nos meus olhos e diz — Por 
que você está fazendo isso? 
Estou instantaneamente com raiva. — Porque pertenço aqui — 
rosno. — E você não. 
Ela deixa sua bochecha se afastar, me liberando. E, em vez disso, 
pressiona o pescoço de Dante, pedindo que ele continue de onde parei. 
Eles se beijam. 
E eu me enfureço por dentro. 
Calma, Cooper. Ela está brincando com você. 
E ela não tem permissão para jogar. Ela é apenas um peão. 
Lembre-a desse fato. 
Ah, eu planejo isso. A diversão está apenas começando. 
Nós a fizemos se sentir bem – isso é certo. 
Mas ainda não a fizemos rir. 
Cutuco-a com um dedo e ela se contorce e ri. Faço isso de novo, e 
desta vez ela tenta fugir. — Segure-a, Ivan. 
Ele parece confuso por um momento, mas então acena com a 
cabeça e a mantém quieta. 
Eu a cutuco de novo e de novo. Nas costelas, nas costas. Dante 
começa a agarrar seus joelhos. Ela se curva, rindo histericamente, se 
contorcendo e se esticando, e se inquietando enquanto dedos 
pontudos vêm até ela de todas as direções e a fazem sacudir e gritar 
até que finalmente cai no chão. 
Eles não param. Continuam. Agarrando suas costelas agora, 
suas axilas, seus joelhos, de novo e de novo, e de novo. 
Ela não está mais rindo. Está gritando. Suas pernas chutando. 
Suas costas torcendo. Suas mãos amarradas atrás das costas. 
Desamparada. 
E então está chorando. Soluçando. 
Axe está sentado em um dos sofás com a mão na calça, se 
masturbando. Lars encostado na parede, braços cruzados sobre o 
peito, franzindo a testa. 
Eu me abaixo e agarro o cabelo de Cadee, eu a faço olhar para 
mim enquanto eles fazem cócegas nela. — Diga pare, Cadee. Diga 
pare e vá embora e é exatamente isso que acontecerá. 
Ela consegue cuspir em mim. — Foda-se. — Ela acerta meus 
lábios e eu o limpo, apenas vendo-a chorar enquanto eles a torturam 
com cócegas. 
Apenas. Observo. 
Leva apenas mais um minuto para ela perder o controle e se 
mijar, a mancha escura se espalhando entre suas pernas. 
— Que porra está acontecendo aqui? 
Tudo para – as cutucadas, as contorções, as risadas, os puxões, 
as carrancas, a observação... e então o único barulho que resta na 
Glass House quando todos nos viramos para olhar para Mona Monroe 
parada na porta é o som dos soluços espasmódicos de Cadee Hunter. 
— Foda-se — diz Dante para Mona. — Não é da sua conta. — 
Ele se inclina e coloca a boca no mamilo de Cadee, agarrando 
avidamente seus seios. 
Cadee não se move. Ela apenas chora no chão, lágrimas 
escorrendo por suas bochechas já manchadas, grandes gemidos 
ofegantes saindo de sua boca. 
Mas Axe se move. Ele se levanta do sofá de dois lugares, seu pé 
indo para trás – e então ele chuta o fodido Dante Legosi. Ele o puxa 
do chão, gritando com ele. — Nós dissemos para você chupar a porra 
dos peitos dela? Nós lhe demos permissão para colocar sua boca em 
nosso Fugling? 
Axe joga Dante no chão, senta em seu peito e começa a esmurrar 
seu rosto com os dois punhos. 
— Vocês — ruge Mona — são um bando de doentes fodidos! 
Axe ainda está gritando com Dante. Dante leva as mãos ao rosto. 
— Cala a boca, Mona. Saia e espere por nós. Você é a próxima. 
— Então puxo Axe de Dante e aponto um dedo em seu rosto enquanto 
ele recua. — Calma, Ax. Agora mesmo. 
Então me viro para olhar para Mona. Espero que ela me mande 
à merda. 
Ela quer. Oh, inferno, sim, ela quer. 
Mas sabe o que isso significa. Ela será o próximo alvo. 
Todos nós sabemos que Mona não quer estar aqui. Faria 
qualquer coisa para não estar aqui. Mas Mona está aqui. 
E isso significa que ela precisa estar aqui. 
Ela foi colocada aqui. 
Não pode desistir. 
Não sei o que acontecerá com ela se não cooperar, mas deve ser 
algo muito ruim, se ela apareceu para jogar o jogo em primeiro lugar. 
Ela vira a cabeça e sai. 
Batendo a porta com tanta força que toda a Glass House treme. 
 
 
 
Apenas fico no chão enquanto os meninos saem da Glass House. 
Não me movo. Nem um centímetro. 
Eu me mijei. Mas tudo bem. É por isso que embalei roupas extras. 
Estava pronta para eles. 
Independentemente disso, as lágrimas não param de escorrer 
pelo meu rosto, mesmo que eu não esteja mais chorando. 
A porta bate e a sala fica em silêncio. 
— Cadee? — Victor aparece. — Você está bem? 
Respiro fundo, solto o ar lentamente e aceno com a cabeça. — 
Estarei. Estavam fazendo cócegas. Isso é tudo. 
— Isso não é tudo e você sabe. Eles estavam tocando em você. 
Dante... — ele range os dentes e olha pela janela. 
— Bem, eu dei permissão a eles. Várias vezes. E Axe fez Dante 
pagar por quebrar as regras. 
— Então? — Victor está chateado. Apenas desvio o olhar e 
encaro a floresta além das paredes de vidro, envergonhada. — Isso 
não significa nada. Ele não estava bravo por Dante estar te violando, 
Cadee. Ele estava com raiva por que... — mas ele para. Olho para 
Victor e o encontro olhando para a porta. 
Minha cabeça se vira para ver o que ele está olhando. 
Ou não o quê. Quem. 
— Por que, Victor? — Axe zomba do nome de Victor como se 
acabasse de morder um pedaço de fruta podre. 
Então atravessa a sala e fica a poucos centímetros da minha 
cabeça. — Diga-me por que, Victor. — E agora ele está rosnando. 
— Porque está com ciúmes — digo. 
A gargalhada de Axe ricocheteia no teto, é o quão alto é. — Com 
ciumes? Volte ao trabalho, Victor. Ou ficará devendo muito dinheiro 
da mensalidade quando perder sua bolsa de estudos. 
Victor respira fundo. Mas não olha para mim. E não responde. 
Ele apenas gira nos calcanhares e volta para a cozinha. 
Deixa-me nauseada a maneira como esses Reis pensam que são 
donos do mundo. 
Mas Victor me deixa nauseada também. Porque é fraco demais 
para revidar e é um homem de um metro e oitenta de altura, pelo 
amor de Deus. Ele tem ombros tão largos quanto os de Axe. Poderia 
pelo menos... tentar. 
Axe se abaixa, me vira de lado, corta a corda que amarra minhas 
mãos e depois dá um passo para trás. — Levante-se, Cadee. Cooper 
quer você lá fora. 
— Por quê? 
Axe se aproxima de onde Victor estava e me oferece sua mão. 
Encaro-o por um momento, depois olho para cima e encontro seus 
olhos. 
Ele respira pesadamente. E não sei se é porque ele ainda está 
irritado com a briga com Dante ou porque sou o foco de sua raiva 
agora. — Pegue a porra da minha mão, Cadee. 
Eu pego. E ele me puxa em um movimento rápido. 
Então olha para fora bem rápido enquanto distraidamente ajeita 
minha camisa. — Não se preocupe com Dante. Cuidarei disso. 
— Não me faça nenhum favor, Axe. Sou uma garota grande. Sei 
o que estou fazendo. 
Seus olhos rastreiam meu corpo e depois descansam no ponto 
escuro e úmido entre minhas pernas. — Sim. — Ele ri. — Posso dizer. 
— Ele olha para cima e encontro seu olhar. — Apenas... vá embora, 
Cadee — diz ele baixinho, quase implorando. — Você não pertence 
aqui. 
— Por que não pertenço a este lugar, Axe? Porque você diz que 
eu não pertenço? Porque você, Cooper e Lars são os Reis? Vocês não 
são reis, Axe. Vocês são apenas um bando de valentões. E não sou 
uma vítima, ok? Não sou. Uma vítima. 
Ele agarra meus ombros e me sacode. — Escute-me. Você não 
quer pertencer aqui. Não há nada na High Court para você. 
— Você quem diz. 
Ele fecha os olhos e range os dentes, fazendo os músculos de sua 
mandíbula apertar e relaxar. — Você não está me ouvindo. 
— Não preciso do seu conselho, ok? Apenas foda-se. — Levo 
minhas mãos entre seus braços e bato meus pulsos contra os dele, 
quebrando seu domínio sobre mim. 
Então eu me afasto e saio para ver que novo inferno espera por 
mim na piscina. 
 
 
 
Entro no sol quente e protejo meus olhos, procurando por Cooper 
ou Lars. Encontro Cooper primeiro, ele aponta para a cozinha ao ar 
livre sob uma cabana com telhado de palha. Ando naquela direção e 
por um minuto imagino que eles vão me pedir para cozinharalgo 
para eles. O que soa tolerável. Posso me virar em uma cozinha. Isso 
me manterá ocupada e... 
— Cadee — diz Cooper, agarrando meus braços enquanto entra 
no espaço da cozinha. Ele me arrasta até a pia e aponta para uma 
pilha de sacolas plásticas cheias de balões. — Encha-os. 
— Sim, sua Majestade. 
— Cala a boca. 
— O que? — Olho para ele e vejo a raiva em seu rosto. 
— Só vai piorar. 
— Sim. Praticamente todo mundo deixou isso muito claro. 
— Não serei capaz de protegê-la todas às vezes. 
— Me proteger? — Agora solto uma gargalhada. Assim como Axe 
fez lá dentro. — É isso que você pensa que está fazendo? 
Ele respira forte e pesado por alguns momentos. Apenas olhando 
para mim com ódio. Então sussurra — Foi a melhor solução na época. 
— Isso está certo? O melhor, hein? 
— Você queria ter aquele bebê? 
Aponto meu dedo para o rosto dele e minhas palavras saem por 
entre os dentes cerrados. — Não se atreva a falar sobre esse bebê. 
Nunca. 
— Fiz o que precisava fazer. 
— Você é um covarde do caralho. 
— Você é uma puta do caralho. Tudo o que você quer é culpar 
alguém e eu ser conveniente. E isso faz de você uma vadia. Porque se 
recusa a ver que eu te ajudei. 
— Me ajudou? — bufo literalmente. — Você acabou de dizer que 
me ajudou? 
— Sobre o que estão conversando? — Cooper e eu nos viramos 
ao mesmo tempo e encontramos Isabella atrás de nós. — Hum? 
Parece uma discussão bem acalorada daqui. 
— Isabella, volte para a piscina. Isso é privado. 
Isabella não volta para a piscina. Ela prende o braço no meu e 
diz — O Fugling pertence a mim. Então, ou você me conta sobre o 
que é essa pequena discussão, ou vou tirá-la de suas mãos para que 
possa se acalmar e relaxar. 
— Ela me desobedeceu — diz Cooper. 
Isabella estala a língua. — Fugling, você deveria se desculpar 
com o seu Rei. — Então ela dá um tapinha na minha mão. — Você 
não tem permissão para desobedecer, querida. Então fique de joelhos 
e beije os pés dele – cada um desses dedos sensuais. — Ela ri e 
balança as sobrancelhas para Cooper. — Lembra aquela vez que nós... 
— Cala a boca, Isabela. — Cooper olha para mim. — Beije meus 
pés, Cadee. E então mãos à obra. 
— Fug. Ling. Quantas vezes tenho que lembrá-lo, Christopher? 
Estremeço. Sei que o chamei de Christopher antes, mas ele odeia 
esse nome. E fiz isso para provocar uma briga. 
Então Isabella também está tentando arrumar uma briga. 
Eu me ajoelho na frente de Cooper e me acomodo no chão duro 
de ardósia. Então inclino minha cabeça e beijo seus dedos dos pés. 
Um por vez. 
E quando termino, olho para ele. Ele não diz nada. Apenas me 
encara. 
— Bom trabalho, Fugling — diz Isabella. — Levante-se agora. 
De pé. De pé. 
Eu me levanto e dirijo meu olhar para ela em vez dele. Porque 
Cooper Valcourt simplesmente olhava para mim do jeito que 
costumava. 
E Isabella viu. 
Não sei o que eles são um para o outro, mas definitivamente é 
mais do que nada. E não preciso que ela tenha a ideia errada. Ou 
inferno, a ideia certa, também. 
Ela não pode saber meu segredo. 
Ninguém pode saber meu segredo. Já é ruim o suficiente que 
Cooper saiba. Gostaria de nunca ter contado a ele. A vida teria sido 
muito mais fácil. 
— Encha os balões de água, Fugling — ri Cooper. E então ele sai. 
O olhar de Isabella o segue e o meu também. Ele levanta a 
camiseta por cima da cabeça e mergulha na piscina. 
— Mona me contou o que aconteceu lá dentro, Fugling. 
Olho para ela e espero. 
— Só vai piorar. 
Aceno. 
— Você deveria sair enquanto ainda tem chance. 
— Eu não vou embora. 
Ela suspira, mas é um entediado. — Faça como quiser, Fugling. 
Mas caso ainda não tenha percebido, Cadee — ela desliza seus óculos 
de sol espelhados pelo rosto e eu me perco um pouco em meu próprio 
reflexo patético durante sua pausa dramática — não importa o 
quanto você deseje ou ore, ou espere... as coisas nunca melhoram. 
Então ela se vira e sai. 
— O que? — sussurro. 
Ela não volta. Apenas caminha até a piscina onde Cooper está e 
se senta na beirada para balançar os pés. 
O olhar de Cooper imediatamente segue para mim. Então ele 
sorri, coloca as mãos em cada lado dos quadris de Isabella, se levanta 
da água e a beija nos lábios. 
Como se eu me importasse, Cooper. 
Não tenho ciúmes de Isabella. 
Ah, certamente. Ela é linda. Tem os longos cabelos loiros e olhos 
verdes. Seu corpo é perfeito, tem bom gosto para sapatos e mora em 
uma das mansões do lago. 
Do lado de fora, a vida de Isabella parece muito doce. 
Mas há algo errado com ela. 
Às vezes ela não faz sentido. E essa última frase é um exemplo. 
Porque eu entendo. Ela apenas me avisou que as coisas piorariam. 
Mas não acho que ela falava de mim. Não. Era ela quem desejava, 
orava e esperava que as coisas melhorassem. Não eu. 
— Volte ao trabalho, Fugling! 
O grito de Cooper me tira da minha introspecção e percebo que 
olhava para eles enquanto pensava em Isabella. 
Eu o encaro, depois viro as costas e faço o que me mandaram. 
 
 
 
Passo as próximas horas enchendo balões de água e quando 
alguém chega para verificar meu progresso, é final de tarde, não 
almocei e acumulei um pequeno arsenal de granadas de balão de 
água em duas gigantes banheiras de plástico. 
A pessoa que vem me checar é Mona. Ela permanece na mesinha 
de concreto à minha esquerda, em silêncio. 
— O que? — estalo. 
— Imagino para que sirvam? Oh, eu sei. Concurso de camisetas 
molhadas. 
Olho para ela e reviro os olhos. — Idiotas. 
— Certo? — Ela puxa um cigarro de seu cabelo selvagem e um 
isqueiro de seu sutiã e acende, dando uma longa e profunda tragada 
antes de soprar. Ela é a única que não está de biquíni. Está vestindo 
um macacão cortado curto com uma camiseta branca por cima – todas 
as garotas estão vestindo camisetas brancas agora. 
Apenas como eu. 
E todas têm algo depreciativo escrito na frente em marcador 
preto. Obra de Axe. Posso dizer pela escrita desleixada. 
Enquanto a minha diz, Me chame de Fugling, o de Mona diz, Me 
chame de cara de puta. Mas a parte Cara de Puta foi riscada com 
marcador vermelho e uma seta foi adicionada apontando para novas 
palavras, então diz: Chame-me de qualquer coisa que não seja Mona, 
e vou arrancar suas bolas e enfiá-las na sua garganta. 
Eu rio inesperadamente quando leio. 
Mona ri também. Mesmo que o cigarro esteja pendurado entre 
seus lábios. Ela dá outra tragada e sopra. — Eu sinto por você, 
Fugling. Você deveria simplesmente ir embora. 
— Jesus Cristo — murmuro. — Estou cansada de ouvir isso. Não 
vou embora. 
— Certo — suspira Mona, observando os outros canditados 
sentados sob as cabanas de telhado de palha jogando Crimes Contra 
a Humanidade ou seja lá como é chamado. — Se eu pudesse sair, eu 
sairia. — Então ela dirige seu olhar para mim e levanta seus óculos 
de sol para que eu possa ver seus olhos muito vermelhos. — E quando 
você chegar ao final do verão – e você vai, Cadee. Você chegará lá. 
Porque você é uma dessas empreendedoras determinadas, eu posso 
dizer – você desejará poder voltar e ter ido embora quando teve a 
chance. Porque realmente não vai melhorar. 
— Você precisa de alguma coisa, Mona? 
— Não. Só de visita. 
— Bem, estou ocupada aqui. Assim… 
— Certo. Balões de água. Mal posso esperar para ver como isso 
termina. — Então ela ri, se levanta e vai embora. 
 
 
 
 — Alinhar! — Selina bate palmas para as meninas. — Vamos! 
É hora de começar a trabalhar! 
São quatro e meia da tarde. Eles não fizeram nada o dia todo, 
exceto brincar na piscina como idiotas ricos e mimados, e agora é hora 
de começar a trabalhar? 
Vejo Valentina se aproximar de Mona e elas discutem. Não 
consigo ouvir as palavras exatas, porque elas estão fazendo toda 
aquela coisa de briga de sussurros. Mas, depois de alguns minutos, 
Mona passa a camiseta pela cabeça, desabotoa o macacão e os joga 
no chão. Ela usa um biquíni preto por baixo. Mas é aí que as coisas 
ficam realmente interessantes.reservada para o diretor paisagista do campus, 
que por acaso era meu pai. 
Quando ele morreu, minha mãe e eu tivemos que nos mudar 
para um apartamento no sótão acima do Alumni Inn e ela teve que 
aceitar um emprego como padeira-chefe do refeitório da escola 
preparatória e do departamento de alimentação. 
O que eles vão me obrigar a fazer agora? Se eu quiser ficar aqui? 
Assumir o trabalho dela? Dá-me outro? 
Quero ficar aqui? 
Nunca fui para a High Court Prep. Fui educada em casa pela 
minha mãe e isso foi ótimo. Minha educação não tradicional combina 
comigo. Sou mais solitária. Gosto de livros, de caminhadas pela 
natureza e de pintar com aquarelas. 
Uma alma gentil. Era assim que meu pai me chamava. 
E eu não chamaria uma única criança que pôs os pés no campus 
da High Court Prep de alma gentil. Nem mesmo as crianças 
artísticas, que é o grupo em que eu provavelmente acabaria. Eles são 
criativos implacáveis com almas sombrias que pertencem ao diabo. 
Não são nada gentis. 
É por isso que meus pais não queriam que eu fosse para o Prep, 
embora no nível do meu pai, tivéssemos direito a uma bolsa de 
estudos. 
Deus, eu sinto falta dele. 
E agora minha mãe também se foi. Ainda não me atingiu de 
verdade. Quão completamente sozinha estou no mundo. 
Mas não tenho tempo para pensar nisso, porque o Presidente 
Valcourt quer me ver e tenho noventa e nove por cento de certeza de 
que ele está me chamando em seu escritório para me expulsar do meu 
apartamento no sótão. 
Então o que farei? 
Aonde irei? 
Não entendo nada agora. As últimas duas semanas foram um 
borrão de negação e tristeza. Negação, porque ainda não chorei. Nem 
mesmo quando vi minha mãe em seu caixão no funeral. Eu queria 
chorar, realmente queria. Mas não há mais lágrimas dentro de mim. 
Alguma coisa está errada comigo. 
Foco, Cadee. Você está prestes a ser expulsa do seu apartamento 
no campus. Precisa de um plano. Algo que poderia dizer ao Presidente 
para que ele a deixe ficar. 
Eu quero ficar? 
Estes não são o meu povo. Não tenho um único amigo neste 
campus. Meus pais eram meus amigos e agora que ambos se foram, 
não há realmente nada para mim aqui. 
Mas também não tenho planos. Este parece ser o caminho de 
menor resistência. 
Então continuo caminhando em direção ao meu encontro com o 
destino porque tudo parece muito fora das minhas mãos agora. 
O edifício administrativo está localizado na extremidade norte 
do campus da escola preparatória. O lado de frente para mim 
enquanto ando pelos jardins centrais está cheio de pais e alunos 
encerrando todos os detalhes de última hora antes de ir para casa no 
verão. 
Depois, há os seniores que irão para a Faculdade High Court no 
próximo outono. Esse campus fica do outro lado do prédio 
administrativo. E esses jovens darão uma festa nos jardins centrais 
que inclui balões de água, pistolas de água e latas de barbante de 
cores vivas. 
Eles miram em todos que passam. 
Eu não diria que as crianças da Prep me odeiam. Essa é uma 
palavra forte. Mas não sou um deles. Sou a garota estranha que mora 
no sótão da Alumni Inn. E antes disso eu era a garota esquisita que 
morava na cabana do jardineiro. 
Quando me veem vindo em direção a eles, alguns me atacam com 
suas brincadeiras, mas a maioria parece triste. Eles sentem pena de 
mim. E eles encaram. 
Um garoto – nem mesmo um veterano, então ele nem deveria 
estar envolvido na diversão – mira em mim. Mas estou muito longe 
para acertar com sua enorme pistola de água. Então as outras 
crianças o puxam e começam a sussurrar em seu ouvido. 
Eu me viro antes que eu possa ver o olhar de pena em seu rosto. 
Porque hoje eu sou a menina com a mãe morta. 
Sigo em direção à floresta, faço o caminho mais longo ao redor 
dos prédios iluminados e de arte, atravessando para o campus da 
Faculdade High Court. O prédio administrativo cruza os dois campus 
bem no meio. E embora haja um muro alto de pedra ao redor do 
campus universitário, também existem portões largos que permitem 
o acesso ao interior. 
Essa é a minha rota hoje. 
E que diabos? Eu poderia muito bem apreciar a beleza deste 
lugar uma última vez antes de ter de seguir em frente. Porque sei o 
que está por vir. Provavelmente todo mundo sabe o que está por vir. 
Meus dias aqui acabaram. Eles morreram com minha mãe há 
duas semanas naquele acidente de carro. 
Passo pelo portão largo que leva ao lado da faculdade do campus 
e solto um longo suspiro. 
Há muito menos pessoas por aqui. As casas de campo que 
funcionam como dormitórios para a faculdade estão todas na floresta 
perto do estádio. Então, embora esteja provavelmente um hospício 
nos estacionamentos, aqui está relativamente tranquilo. Apenas 
algumas dúzias de grupos menores do lado de fora do prédio da 
administração. 
Subo os degraus e estou quase alcançando a porta quando ela se 
abre e pulo para trás surpresa, tropeço e, em seguida, bato em uma 
garota vindo bem atrás de mim. 
A causa da porta batendo é um estudante alto. Grande e 
musculoso e cheira como se se tivesse dormido em uma cervejaria na 
noite passada. 
A garota em quem esbarrei me empurra para o lado e então ela 
e ele estão cara a cara, carrancudos um para o outro. 
O garoto musculoso rosna para ela. — Cuidado com onde você 
vai, Mona. 
— Chupe meu pau, Cooper. — Ela coloca uma mão em seu peito 
largo e o empurra para fora de seu caminho, então desaparece pela 
porta aberta. 
Eu a encaro até a porta se fechar e obstruir minha visão. Então 
olho para o garoto. 
Ele não é um garoto. Definitivamente um estudante 
universitário. Porque é enormemente alto e tem barba o suficiente no 
rosto para passar por um adulto. E ei... eu o conheço? 
— Que porra você está olhando, sua puta estúpida? 
Eu me afasto do veneno em sua voz e murmuro — Desculpe — 
mesmo que não tenha nada para me desculpar. Foi ele quem bateu a 
porta em nós. 
— Foda-se, Cadee. — Ele praticamente cospe meu nome. 
Estou tão atordoada que esse homem bonito e corpulento sabe 
meu nome que começo a gaguejar. — O-o-o quê? 
— Pare de olhar para mim, porra. Eu disse que nunca mais 
queria ver seu rosto, não disse? Por que diabos você está aqui na 
minha frente? 
Aquela garota – Mona – ela o chamava de Cooper. 
— Cooper? — digo. Jesus Cristo. Ele... mudou. 
Ele estende a mão e empurra meu ombro com tanta força que 
tropeço para trás novamente. — Saia do meu caminho. — E então ele 
desce os degraus, seguindo em direção aos chalés dos estudantes na 
floresta. 
Eu o observo enquanto ele abre caminho pelos jardins centrais – 
os jardins que meu falecido pai plantou anos e anos atrás – até 
desaparecer na multidão. 
Santo inferno. 
Aquele é Cooper Valcourt? 
Droga. Ele cresceu desde a última vez que o vi há três anos. 
A porta do prédio da administração se abre novamente e percebo 
que estou parada na frente dela há quase um minuto inteiro olhando 
para um garoto. 
Eu me recomponho, deslizo pela porta antes que ela se feche e 
expiro com pressa. 
Não pensarei em Cooper Valcourt. Nunca. 
Especialmente hoje, quando meu mundo inteiro está 
desmoronando. 
Abro caminho pela multidão no saguão até chegar às escadas 
que levam ao segundo andar, e então começo a subir. 
A principal área de recepção em frente ao escritório do 
Presidente Valcourt está quase transbordando de alunos em espera. 
Nenhum dos quais reconheço, já que todos têm idade universitária e 
fiz de ficar fora de vista uma prioridade desde a última vez que 
esbarrei em Cooper Valcourt. 
Isso foi há três anos e não aconteceu em frente ao prédio da 
administração – aconteceu no meu quarto novinho em folha no sótão 
da Alumni Inn. 
Volto a atenção quando Laurie – a assistente do Presidente 
Valcourt – chama um nome em voz muito alta. — Mona Monroe! Você 
está aqui? 
A garota que disse a Cooper para chupar seu pau abre caminho 
pela multidão. — Saiam do meu caminho, idiotas. Você se importa? 
Passando! — ElaPorque todas as garotas começam a 
tirar suas camisas. Elas estão de costas para mim e para os meninos, 
já que estão à minha esquerda, então ninguém dá uma espiada em 
nada. Mas, em vez de continuar assim, cada uma delas tira a parte 
de cima do biquíni e volta a vestir a camiseta branca. 
Ah. Mona estava certa. Concurso de camiseta molhada. 
Divirtam-se, candidatas. 
Olho para os meninos e encontro eles olhando de soslaio para o 
show do outro lado da piscina, ansiosos para ver o que vem a seguir. 
Parte de mim está feliz que as meninas receberão o que merecem. 
Eu tive a minha parte. Elas devem ter a delas. 
Mas as meninas não fizeram nada comigo esta manhã. Os 
meninos fizeram. E parece que eles não precisam fazer nada para 
vencer este jogo. 
Como isso é justo? 
— Cadee! — chama Cooper. Então ele estremece. — Fugling! — 
Ele se corrige antes que Isabella possa gritar com ele. — Traga os 
balões de água. 
Seco as mãos no short e vou pegar uma das banheiras e depois 
caio de bunda porque essa porra é pesada! 
Todos riem de mim. Mas não me importo. Eu me levanto e tento 
novamente. Mas literalmente não consigo levantar essa banheira 
estúpida. 
— Vou pegar — diz Lars. Ele corre até mim. — Afaste-se, Cadee. 
Você nunca será capaz de carregá-los. 
Sempre gostei do Lars. Ele é definitivamente o mais legal dos 
três. — Obrigada — murmuro. 
Mas ele não olha para mim. Apenas sai e coloca a banheira na 
frente das meninas. Então volta e pega a outra banheira. — Venha 
comigo. 
Eu o sigo, mesmo quando ele vira para a direita para colocar a 
banheira na frente dos meninos. Mas a mão forte de Cooper se lança 
para agarrar meu ombro. 
— Ow — digo, virando-me para ele. — O que você quer? 
Ele estreita os olhos para mim. Aponta para o chão no topo da 
extremidade profunda. — Fique bem aqui e não se mova. 
— Que seja — murmuro. 
— Ouçam, ouçam! — diz Axe, seu ato como arauto da cidade 
volta para o grand finale. Ele não nadou hoje. Nem sequer tirou a 
camisa. Ainda está usando seus Docs, sua estúpida corrente de 
carteira e sua bermuda cargo cor do exército. — Temos uma pecadora 
entre nós! Uma pecadora que precisa aprender uma lição na praça 
da cidade! — E ele olha por cima do ombro para mim com um brilho 
nos olhos. 
— Merda — murmuro. 
Cooper está ao meu lado. Seus braços cruzados sobre seu peito 
nu e musculoso. E quando olho para ele, ele está sorrindo. 
Axe aponta para mim. — Pecadora! Pecadora! Pecadora! — 
cantarola. E então estão todos gritando. Ele os deixa em frenesi, até 
que o canto deles seja a única coisa que ouço. Então de repente ele 
grita — Que seja punida! 
É quando percebo que há apenas uma garota neste concurso de 
camisetas molhadas. E sou eu. 
Eles começam a jogar os balões de água em mim, gritando e 
berrando como se este fosse o melhor jogo de todos os tempos. 
A maioria das meninas participa. Estou agradecendo 
silenciosamente às minhas estrelas da sorte por Valentina não 
participar da batalha. Porque ela pode atirar. Ela jogou beisebol com 
os meninos quando adolescente. 
Mona acerta minha coxa – e sim, isso dói. Mas o resto não 
consegue atirar longe o suficiente para cobrir a distância. Eles 
estouram nos meus pés ou na piscina à minha frente. 
Mas os meninos. 
Aqueles meninos podem atirar. 
E eles me acertam. Todas. As. Vezes. 
 
 
 
Lars, Axe e eu ficamos de lado e apenas os observamos atirar em 
Cadee Hunter com os balões de água. Alguns dos caras – Dante em 
particular – estão levando esse de trote muito a sério. 
— É apenas água — diz Axe. 
— Sim, certo — diz Lars. 
Meus olhos deslizam para Lars. — Estamos apenas no segundo 
dia, cara. É melhor aguentar se você quiser chegar até o final do 
verão. 
Ax suspira. — Quero dar uma surra no Dante. 
— Você meio que já deu — digo. 
— Ele terá mais. 
— Ooooooh. — Lars estremece e desvia o olhar. — Aquela doeu. 
— Tudo o que ela tem que fazer é chorar — digo. — Ela chora, 
eles vão parar. Dei as ordens antes de começarem. 
Além do mais. Gosto da maneira como posso ver os mamilos de 
Cadee Hunter através de sua camiseta branca encharcada. E 
aproveitarei isso por um momento. É a primeira coisa quase 
agradável neste dia. Mesmo que ela esteja sendo bombardeada com 
balões de água. 
Lars suspira. — Ok. Acho que vejo uma lágrima. — Ele coloca 
dois dedos na boca e um assobio agudo faz com que todos os 
candidatos parem e olhem para nós. 
Axe entra em ação e ao longo na lateral do deck da piscina com 
as botas, a corrente da carteira batendo na perna. — Obrigado, 
candidatos! Parabéns pelo grande dia de abertura! O Rei de vocês 
tem algumas palavras a dizer, então ouçam! 
— Meninas — digo. — Adeus. Vocês estão dispensadas. 
— Esperem aí! — Isabella sai de debaixo de sua cabana com 
telhado de palha. — Reunião obrigatória esta noite, senhoritas. 
Encontrem-me no cais imediatamente. 
— O que? — Todas reclamam. — Por quê? 
Isabella levanta o queixo. — Não vou repetir. Peguem a merda 
de vocês e me encontrem no cais imediatamente. 
Elas resmungam, mas pegam suas porcarias e depois vagam 
pelo caminho na floresta em direção ao lago. 
Então eu me viro para os meninos. Cruzo os braços sobre o peito 
e os encaro de cima a baixo enquanto ando em direção ao lado deles 
do deck. — Tivemos dois incidentes hoje que exigem consequências. 
— Encaro Dante. 
Ele balança a cabeça para mim. — Não é grande coisa. 
— Talvez seja. Talvez não seja. Não importa. Você tem um lado 
mau, Dante. 
Ele mexe os pés. 
— E é por isso que estou promovendo você para liderar. Você 
está no comando. 
Todos os meninos parecem atordoados. 
Dante é um pouco idiota sobre seu novo status. Porque 
imediatamente começa a gritar — Sim! Foda-se, sim! — E anoto isso. 
Lars vem atrás de mim. Ele se cala e não diz nada porque ainda 
não terminei de falar. Mas já posso dizer que ele terá muito a dizer 
sobre essa decisão. 
— E amanhã — continuo — todos vocês entendem o que 
precisam trazer para participar do primeiro desafio? 
Eles acenam. 
— Dinheiro — rosna Axe. — Não dou a mínima para como vocês 
conseguiram, tragam dinheiro. Não aceitamos cartões de crédito, 
ordens de pagamento, cheques administrativos, ouro ou pedras 
preciosas. — Ele atira para eles seu conhecido sorriso maligno. — 
Espero que saibam a combinação do cofre do pai de vocês. 
Eles sorriem um para o outro como idiotas. Claro que sim. 
Veremos. 
— É isso então. Vejo vocês amanhã. — Então olho para Cadee. 
— Diabos, para onde Cadee foi? 
— Não sei — diz Lars. — Mas que porra é essa, Coop? Por que 
você faria Dante o líder? 
— Porque o que ele fez até agora não é suficiente, Lars. 
Precisamos nos livrar dele. Ele é perigoso. — Olho Lars nos olhos. — 
Dê a esse garoto um pouco de poder e ele se enforcará. Dessa forma, 
podemos cortá-lo e a família dele não terá nada a dizer sobre isso. 
Agora, onde diabos Cadee foi? Tenho que levá-la para a casa do outro 
lado do lago. 
— Por quê? — ri Ax. 
— Porque meu pai deixou que ela morasse lá neste verão e ela 
não tem uma porra de um barco. Então ele me fez o novo... motorista 
dela. Isabella ficou chateada com isso quando eu contei mais cedo. 
— Ah, isso é engraçado — diz Axe. 
— Vocês querem vir comigo? 
Axe olha para a floresta na direção de sua casa. — Certo. Eu irei. 
— Lars? 
Lars dá de ombros. — Eu acho. 
— Lars — digo. — Não é minha culpa que ela queira ficar por 
aqui. De quantas maneiras mais podemos dizer isso? Ela está sendo 
uma puta total sobre isso. Começo a pensar que devemos dizer a ela 
que queremos que ela fique, porque então ela iria embora apenas 
para nos irritar. 
— É uma boa ideia — aponta Axe para a Glass House. — Lá está 
ela. 
Seguimos seu dedo e encontramos Cadee na Glass House. Eu 
aceno. — Ok. Vocês vão em frente. Encontro vocês no barco. Vou 
certificar que ela saiba que estou esperando por ela. Encontro vocês 
lá em dez minutos. 
Eles se viram e começam a caminhar em direçãoà floresta. Lars 
pega sua camiseta de uma cadeira quando passa e a puxa pela cabeça. 
Axe chuta pedras como uma criança. 
Espero até que estejam fora de vista, então entro na Glass House 
e interrompo uma conversa entre Victor e Cadee. Eu o encaro com os 
olhos semicerrados. — Boa noite, Victor. 
Ele me encara por um momento, como se talvez estivesse 
pensando em responder. Mas ele é um maricas. E no final, apenas 
murmura — Adeus — para Cadee e sai pela porta carregando sua 
mochila. 
Cadee não olha para mim. Está sentada à mesa de jantar, 
amarrando o tênis vermelho. Ela trocou de roupa. Mas esteve usando 
aqueles shorts sujos o dia todo. Ela nunca disse uma palavra. Nem 
uma reclamação. 
— O que você quer? — E ela não olha para mim quando faz sua 
pergunta. 
— Vou te levar pelo lago, lembra? 
Agora ela olha para cima. — Oh. Esqueci. — Então ela se alegra. 
— Cadee... 
— Não. — Ela levanta a mão. — Aceitarei sua carona porque 
quero dormir na minha própria casa esta noite e esquecer você, essas 
pessoas que você chama de amigos e essa fodida corrida de verão. 
Mas você não pode falar comigo. 
Suspiro e aperto minha mandíbula. Isso é justo, eu acho. 
— Vamos então. 
Vou em direção à porta e a seguro aberta para ela. Ela passa, 
zombando de mim, intercalando com um pouco de desprezo. Mas 
meus olhos rastreiam seus mamilos cutucando contra sua camiseta. 
Ela não colocou o sutiã. 
Ela fez isso de propósito? Para me provocar? Porque seus 
mamilos claramente ainda estão muito duros. E seus seios são 
bonitos e redondos. Grande o suficiente para saltar um pouco a cada 
passo. 
Jesus Cristo. Preciso transar ou algo assim. Parar de pensar 
nela. Cadee Hunter foi a pior coisa que já aconteceu comigo, e agora 
eu gostaria que tivéssemos deixado ela sozinha naquele ano. Apenas 
continuamos fingindo que ela não existia. 
Mas isso nunca aconteceria. Estávamos obcecados por ela 
durante o último ano de preparação. Nós a perseguimos. 
Incansavelmente. Nós a fizemos fazer a lição de casa de Axe. Nós a 
transformamos em nossa putinha. Gritamos com ela, nós a 
humilhamos e a empurramos. 
Estávamos sempre a empurrando. 
Foi tocante no início. Então o beijo. Então… mais. Muito mais. 
E ela nunca disse não. 
No final do primeiro semestre nós já havíamos nos acomodado. 
Era uma rotina no Natal. E a véspera de Ano Novo foi francamente 
divertida. 
Até que não foi mais. 
Suspiro. Mas se Cadee percebe, ela não diz nada. 
É apenas uma longa caminhada silenciosa. 
Mas então eu vejo meu pai. Alguns momentos depois, meus 
irmãos e suas esposas saem da mansão. Eles riem e ficam na calçada 
enquanto Cadee e eu saímos da floresta. 
Eu a puxo de lado. — Fique aqui. — Aponto meu dedo para ela. 
— Você me entendeu? 
Ela o afasta, carrancuda. 
— Não se mova. 
Saio da floresta e cumprimento meus irmãos e meu pai na 
entrada da garagem. — O que está acontecendo? 
Dane está enfiando merda na parte de trás da limusine 
enquanto as esposas entram. Raquete de tênis, mala, mochila. — 
Férias, cara. 
— O que? Todos vocês? 
Meu irmão mais velho, Jack, vem até mim e me dá um tapinha 
no ombro. — Ouvi dizer que você pegou o pauzinho curto. — Ele me 
lança um sorriso torto. Jack e eu sempre fomos próximos. — Sinto 
muito, cara. 
— Aonde vocês vão? 
Meu pai fala. — Bali. 
— Bali. E tenho que ficar aqui? Que diabos, papai? 
— Você está no comando da corrida, Christopher. 
Merda. Eu deveria tê-lo chamado de Pai. Agora ele acha que fiz 
isso de propósito. 
— Boa sorte no próximo verão — diz Dane. Em seguida, fecha a 
porta da limusine. 
Ele é tão idiota. 
Mas meu pai já está entrando do outro lado. Apenas Jack faz 
uma pausa. Ele apoia as mãos no teto do carro e suspira. — Sinto 
muito, cara. Mas você sabe que haverá uma próxima vez. Lado 
positivo – você tem a casa toda para você por seis semanas. 
— Seis semanas! Você está fodendo... 
— Divirta-se! — Jack desaparece dentro e então a limusine 
passa pela nossa entrada circular. E cinco segundos depois, eles se 
foram. 
Sequer olharam para trás. 
Cadee sai da floresta. Espero que diga alguma coisa, mas ela 
simplesmente passa por mim e segue em direção ao barco. E estou 
meio agradecido por ela me evitar agora. 
Eu sigo. Que escolha eu tenho? Ela já está subindo quando chego 
ao ancoradouro. Lars está deitado no banco de trás e Axe reivindicou 
sua cadeira a bombordo. 
O que significa que Cadee terá que sentar na minha frente. 
Ou não. Ela caminha direto para Lars e ele sorri para ela, 
puxando as pernas para cima. 
Ela se senta na ponta oposta e eles entrelaçam as pernas como 
nos velhos tempos. Como se três anos não tivessem passado. Como se 
nada tivesse acontecido. 
Lars sempre gostou mais de Cadee. E na mente dele, nada 
aconteceu. Ele não sabe sobre o aborto. Não foi ele quem fez todos os 
arranjos e a levou à clínica. Não era ele quem precisava mentir sobre 
tudo isso. 
Então, é claro, ele ainda gosta dela. Pelo menos um pouco. O 
suficiente para eu saber que ele não está de acordo com a coisa toda 
do Fugling. Talvez ela esteja contando com isso? Ou talvez ele planeje 
outra coisa? Talvez esteja pensando em um pequeno encontro? 
Eu os pego rindo enquanto saímos. Como se compartilhassem 
uma piada fantástica. 
— Ei — grito para eles por cima do meu ombro. — Achei que 
você já havia rido o suficiente por um dia, Cadee. Mas se precisar de 
mais, posso providenciar para que aconteça novamente amanhã. 
— Cooper, cale a boca — grita Lars. — O dia dela acabou. Ela 
tem permissão para relaxar, porra. 
— Fodam-se vocês dois — murmuro enquanto subo a bordo e 
tomo o banco do motorista. 
E então deslizo meus óculos de sol pelo meu rosto e atravesso o 
lago. 
 
 
No momento em que coloco o barco em meu ancoradouro pessoal 
na marina da faculdade e desligo o motor, o sol está atrás das árvores 
altas, lançando esta parte do campus em sombras escuras, mesmo 
que não se ponha por mais uma ou duas horas. 
Cadee já está pulando do barco, ansiosa para ficar longe de nós. 
Lars também salta e a alcança. 
Axe caminha até mim. — Do que você acha que se trata? 
Encaro Cadee e Lars. Eles estão conversando. Posso dizer por 
que eles olham um para o outro a cada poucos segundos enquanto 
andam. — Não sei. Mas ele precisa reprimir isso. Não vamos nos 
envolver com ela. Estamos nos livrando dela. 
Axe e eu seguimos Lars e Cadee. É uma longa caminhada até a 
casinha em que ela morava anos atrás. E fica na floresta, bem longe 
dos prédios da escola. Então eles aparecem e desaparecem enquanto 
caminham pelo estreito caminho de terra que termina em um 
pequeno lago. 
Podemos ouvir a música a uma boa distância, mas ainda é um 
choque ver a casa iluminada e dezenas de estudantes de verão 
parados perto de uma fila de barris. 
— Inferno, sim — diz Axe, correndo à frente. Ele passa por Lars 
e Cadee, os quais pararam na beira da clareira para olharem 
boquiabertos a cena diante de nós. 
— Que porra é essa? — sussurro. 
Deve haver mais de cem pessoas aqui. A pequena piscina está 
lotada. Há uma rede de vôlei montada e um jogo acontecendo à luz 
do sol poente. Um som alto de tilintar me faz virar a cabeça e 
encontro jovens bêbados em um jogo de ferraduras. E... 
— Isso é uma configuração de croquet13? — ri Lars. 
— Que diabos está acontecendo aqui? — Cadee se vira para mim. 
— Você fez isso, não foi? Só para eu não ter um lugar para chamar de 
lar! Você é um idiota, Cooper Valcourt. Odeio suas tripas feias! 
Ela se afasta e nem Lars nem eu fazemos um movimento para ir 
atrás dela. 
Ele fica ao meu lado. — Você fez isso, Cooper? 
— Não, eu não fiz isso. Quando eu teria tempo para planejar 
uma festa hoje? 
Lars suspira. — Parece que está acontecendo o dia todo. 
Ele tem razão. Não foi apenas uma festa de última hora. Há uma 
mesa de bufê, pelo amor de Deus. 
Então eu vejo, Isabella. Lars a vê ao mesmo tempo e aponta. — 
Ela fez isso. 
Não posso dizerque não concordo. Ela e suas candidatas estão 
sentadas em um círculo de cadeiras Adirondack em frente a uma 
pequena fogueira, conversando e rindo, seus rostos brilhando com o 
fogo e brilhando com o sol hoje. Ainda estão vestindo suas camisetas 
brancas depreciativas que Axe fez. Como um distintivo ou algo assim. 
Claramente não perturbadas pelas tentativas dele de envergonhá-las 
e humilhá-las. 
 
13 O croquet ou cróquete (ou croqué, no Brasil), também conhecido como toque-emboque, é 
um jogo de recreação, sendo posteriormente transformado em esporte, que constitui em 
golpear bolas de madeira ou plástico através de arcos encaixados no campo de jogo. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Esporte
https://pt.wikipedia.org/wiki/Madeira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1stico
E por que deveriam estar? É uma piada para elas. Elas não 
levam a sério. É apenas parte do jogo. 
— Foda-se — diz Lars. — Vou ficar com Axe. Você vem, Cooper? 
Olho por cima do ombro para ver se Cadee está por perto. Ela 
não está. Então estou prestes a dizer sim quando suspiro. — Não. 
Vou para casa. Vocês podem encontrar uma maneira de atravessar o 
lago quando terminarem, certo? 
— Se não aparecermos para a corrida amanhã, você sabe onde 
nos encontrar. — Então ele sai, gritando Axe para pegar uma cerveja. 
Volto para a floresta e sigo em direção ao barco. Certamente, 
Cadee estará lá. Onde mais poderia ir? 
Mas quando chego lá, ela não está. 
Foda-se. Entro, sento-me e estou prestes a girar a chave e 
decolar sem ela quando paro e apenas me recosto na cadeira para 
fazer uma pausa por um momento. E pensar. 
Não sei por quanto tempo fico sentado assim, mas está muito 
escuro e as estrelas saíram quando ouço uma voz atrás de mim — 
Por que você não ficou na festa? 
Cadee. Não me viro para olhar para ela. Apenas mantenho meus 
olhos fixos no céu. — Estou cansado, Cadee. 
Ela balança o barco um pouco quando entra. E então desliza 
para o banco do passageiro à minha esquerda. — Eu também, Cooper. 
— Eu entendo — digo, ainda sem olhar para ela. — De verdade. 
Entendo que você recebeu uma mão de merda e está bem longe do 
buraco agora. Mas minha vida não é divertida. Não é… 
Eu paro. É estúpido até mesmo tentar explicar. Ninguém 
entende. Sou Christopher Valcourt. O que poderia estar errado com 
a minha vida? 
Cadee não diz nada. Mas pelo canto do olho eu a vejo levantar 
uma perna e apoiar a cabeça no joelho. Ela tem seu corpo inclinado 
em direção ao centro do barco. Como se quisesse conversar ou algo 
assim. Ou talvez esteja apenas... ouvindo. 
Viro minha cabeça sem pegá-la na parte de trás do meu assento 
e olho para ela. — Você sabe que não falei sério hoje. 
— Eu sei? 
Eu a encaro um pouco, até sorrio. Porque gosto de Cadee Hunter. 
Sempre gostei de Cadee Hunter. Conheço essa garota toda a minha 
vida. E isso não é apenas uma expressão descartável. É a verdade 
honesta de Deus. Nunca participamos dos mesmos círculos – inferno, 
ela nunca teve um círculo, além de seus pais. Mas enquanto crescia 
ela estava sempre lá. No limite das coisas. Como um doce mistério. 
Ou uma promessa de algo melhor além dos muros altos da High 
Court e além da floresta escura de árvores que nos cercam. 
Mas ela é azarada ou algo assim. Coisas terríveis acontecem 
quando estamos juntos. Nós brigamos. Ficamos com raiva. 
Perturbamos o tecido normal da sociedade aqui na High Courte e 
mudamos o mundo quando estamos juntos. E mudar aqui nunca é 
uma boa ideia. As pessoas odeiam. Porque se as coisas mudarem, 
então todos nós teremos que admitir que não estamos seguros. 
E todos não querem se sentir seguros? 
— Não planejei aquela festa, Cadee. 
— Eu sei. 
— Então por que você me culpou? 
— Porque sempre que algo ruim acontece comigo, você está lá. 
Você é sempre o motivo. 
— Eu poderia dizer o mesmo para você. Eu poderia colocar tudo 
em você também. E não coloco. 
— Sim, você coloca. 
— Não digo isso na sua cara. 
— Sim, isso é problema seu. Você acabou de dizer pelas minhas 
costas. 
Suspiro e olho para as estrelas. — Bem, onde você vai dormir 
esta noite? 
Ela não diz nada por alguns instantes. Como se considerasse 
suas opções. O que é estúpido. Ela não tem opções. — Acho que ficarei 
na casa de barco de Axe. 
— O que? — Eu realmente sorrio. 
— Sim. Ele fica lá, eu acho. 
— O que? — Desta vez eu não ri. Sento-me no meu lugar e me 
viro para ela. — Do que você está falando? 
— Eu o peguei lá na outra noite. Havia um saco de dormir. Uma 
pequena lanterna e um pouco de junk food. Foi onde eu dormi 
naquela primeira noite, quando você fodia Isabella no corredor do 
lado de fora do meu quarto... 
— Não transei com ela. Nós estávamos apenas... 
— Não tenho nenhum sentimento sobre o que você faz com 
Isabella. 
— Não é o que você pensa. 
— Não penso nada. 
— Bem, obviamente você pensa. Porque saiu correndo do seu 
quarto e não voltou. 
— Por que você se importa? 
— Porque, independentemente do que você pensa, eu não te 
odeio. 
— Você me disse que me odeia tantas vezes, Cooper, que se 
tornou clichê. 
Solto um longo suspiro de frustração. — Gosto de você. Você sabe 
que eu gosto de você. 
— Bem, você tem uma maneira muito... interessante de mostrar 
isso. 
— É apenas um jogo. 
— Bem, não quero jogar. 
— Nem eu. 
É a vez dela de exalar ruidosamente. — Você vai junto, não é? 
— Que escolha eu tenho? 
Ela encolhe os ombros. — Ir embora. É isso que eu faria. 
— Você poderia ter ido muitas vezes hoje e não foi. 
Ela bufa. — Bem, não sairei agora. 
— Por quê? Porque estamos mandando e você não quer fazer o 
que mandam? Isso é estúpido. 
— Não é estúpido. É inteligente. Por alguma razão, seu pai se 
interessou pelo meu bem-estar... 
Eu rio tão alto que ela se afasta, surpresa. — Não se engane. Ele 
não se importa com você. Ele está te usando! 
— Para que? 
— Como diabos eu deveria saber? Se eu soubesse qual era o 
plano de vida do meu pai, faria algo sobre toda essa merda. 
— Assim como você fez algo três anos atrás? 
— Isso não é justo e você sabe. Era a única opção que tínhamos. 
— A única? — Ela se senta ereta agora também, sua voz mais 
alta. — Essa foi a única opção que você conseguiu pensar? 
— Foda-se. Eu fiz o meu melhor. 
— Sim, foda-se você também. 
Ficamos em silêncio por um tempo depois disso, pensando no que 
aconteceu há três anos. Ela começa a fungar. Como se estivesse 
chorando. E quero dizer todas as coisas certas e fazê-la parar, mas 
não tenho ideia do que essas coisas certas poderiam ser. 
— Você quer que eu te deixe na casa de barcos de Axe, então? 
Ela vira as costas para mim e puxa as duas pernas até o peito, 
abraçando a si mesma. 
Há um longo período de silêncio depois disso. Tanto tempo que 
ouço alguns dos foliões vindo em direção à marina para que possam 
ir para casa durante a noite. 
— Todo mundo saiu da minha casa. Eles foram para Bali. 
— Bom para eles — sussurra ela. — Deve ser legal. 
— Sim — concordo, então suspiro. — Então vou te levar para 
casa, e você dormirá no seu quarto. E amanhã, Cadee? Você ficará lá. 
O dia todo. Você vai comer junk food, assistir TV e jogar videogame... 
Ela ri. Ruidosamente. — Videogames? 
— Não sei. Qualquer merda que você goste de fazer. Leia livros 
ou algo assim. Mas você não vai para a Glass House. Você me 
entendeu? 
Ela não diz nada. E considero isso um bom sinal. 
— Se precisar de dinheiro, eu terei algum amanhã... 
— Não preciso de dinheiro. — Ela se vira para olhar para mim. 
— Seu pai me deu um cheque de duzentos e setenta e cinco mil 
dólares. 
— O que? — Apenas pisco para ela. — Quando? 
— Naquela primeira noite. 
Não posso processar isso. Estou estupefato, imaginando toda 
aquela merda que ela passou nos últimos dois dias. Toda aquela 
humilhação. Toda aquela... maldade. De todos nós. — Então por que 
você simplesmente não... foi embora? Por que está fazendo isso?Você 
não precisa da bolsa de estudos. Inferno, você não precisa desta 
escola, Cadee. Se eu não fosse forçado a ficar aqui, você acha que eu 
ficaria? 
— Você diz isso porque tem escolhas. 
— Eu não tenho escolhas! — Eu rio. E é real também. Porque é 
muito engraçado. — Não tenho opções, Cades. 
Ela olha para mim quando o apelido que dei a ela todos esses 
anos atrás escapa. — Não faça isso, Cooper. Por favor. Apenas... não. 
Eu a encaro. E então, sem pensar, eu digo — Você me deixa triste. 
Ela bufa. — Igualmente, Cooper. 
— Você vai para casa comigo esta noite? E ficará em casa 
amanhã? 
Ela não me responde. 
— Cadee, só piora. 
— Assim me disseram. 
— E independentemente do que você pensa, não estou no 
comando de nada. É apenas um trabalho que me mandaram fazer. E 
mesmo que eu não queira fazer, eu tenho que fazer. Porque se as 
pessoas erradas entrarem em Fang and Feather, coisas ruins 
acontecerão. 
— Bem, isso não é enigmático. Você está muito dramático esta 
noite, Coop. 
Balanço a cabeça para ela. — Você não pode me chamar de Coop 
se eu não posso te chamar de Cades. 
— Tudo bem por mim. 
Jogo minhas mãos para cima. — Desisto. Você ganhou. Faça o 
que quiser. Não é da minha conta. Mas se você aparecer amanhã, 
espere o pior, Cadee. Porque é exatamente isso que acontecerá. 
E então eu ligo o barco, saio do andoradouro e nos levo de volta 
para o outro lado do lago. 
 
 
 
Cooper e eu não conversamos enquanto ele nos leva de volta pelo 
lago. Sequer olho para ele, então não sei se ele olha para mim. Mas 
tenho a sensação de que ele cansou. 
Cansou de mim. Cansou da corrida. Cansou da Fang and 
Feather. Talvez até cansado dessa vida na High Court. 
Certo. 
Nenhum deles nunca vai embora. Muitos deles reclamam de 
suas vidas estúpidas, inúteis e sem sentido. Muitos, na verdade. Mas 
não vão embora. 
A pergunta de Cooper era legítima. Eu tenho dinheiro. Posso ir 
embora. Eu poderia começar uma vida totalmente nova em um lugar 
totalmente novo. Esquecer todas as coisas ruins que já aconteceram. 
Ser uma pessoa totalmente diferente. 
Mas por que eu deveria ter que sair de casa? 
Se o pai dele está me usando – e vamos ser sinceros aqui por um 
momento, eu sei o que aquele cheque realmente era. Dinheiro de 
silêncio – sobre o que ele quer que eu fique calada? Por que ele sente 
a necessidade de me pagar? 
Só há uma coisa em que consigo pensar. A gravidez e o aborto 
subsequente. 
E isso só me irrita. 
Porque todos fingem que não aconteceu. E não aconteceu. Na 
verdade, não. Porque não aconteceu com eles. Aconteceu comigo. 
Não fui embora hoje porque minha verdade importa. 
Não sei se realmente entendo como tudo isso se relaciona com a 
Glass House, ou a sociedade secreta que eles têm naquela tumba na 
floresta, ou a bolsa de estudos. Especialmente a bolsa de estudos, 
porque se o Presidente quer que eu vá embora e nunca mais volte, 
por que se incomodar em me oferecer essa oportunidade? 
Por que me oferecer um futuro melhor se ele está apenas 
planejando arrancá-lo de mim no final? Ele é apenas cruel? 
Do jeito que Cooper fala sobre ele, ele é. Mas como eu saberia? E 
a maioria desses jovens ricos não tem relacionamentos complicados 
com seus pais? Quero dizer, Axe está dormindo na casa de barcos, 
pelo amor de Deus. 
Cooper encosta o barco no ancoradouro e desliga o motor. 
Nós nos olhamos por um segundo. Então ele diz — Apenas diga 
que você pensará nisso, Cadee. 
— Pensar no que? Desistir? — zombo. — Eu não desisto. 
— Por quê? — Ele está implorando comigo agora. — Diga-me o 
que você precisa, Cades. E conseguirei para você. O que você quiser, 
é seu. 
— Se eu for embora. 
— Por que você quer ficar aqui? Vamos arruinar sua vida, Cadee. 
E não estou sendo dramático. Estou sendo verdadeiro. 
Eu me levanto e caminho até os degraus, então olho por cima do 
ombro. — Bem, você pode tentar, eu acho. Vamos ver até onde você 
chega. 
Então saio do barco e desço o convés. Ele me segue, me 
alcançando. Mas quando chegamos ao caminho que leva à porta 
principal da mansão, viro para a direita, indo para a entrada lateral 
do meu quarto. 
— Sério? — chama Cooper. — Você realmente vai se afastar de 
mim? 
Não respondo e não olho para trás. Apenas deslizo pela lateral 
da casa e sigo em direção ao pequeno pátio que leva ao meu quarto. 
Estou quase alcançando a porta quando ouço Mona chamar da 
porta ao lado. — Briga de amantes? 
Olho por cima do ombro e a estudo. Ela está relaxando no sofá 
do pátio debaixo de uma luz que também deve funcionar como um 
eliminador de insetos porque ouço um zap-zap-zapping. Suas pernas 
estão cruzadas e os pés levantados. Ela está usando algum tipo de 
sapato vermelho de salto alto e um curto roupão de cetim roxo aberto 
na frente para revelar uma camisola de renda escarlate. 
Seu cabelo escuro está preso em um coque e sei que parece que 
ela passou horas bagunçando-o, mas é fofo, do jeito que pessoas como 
Isabella fazem. Mas sei que Mona Monroe não dá a mínima para sua 
aparência. Ela usava macacão cortado na Glass House hoje. 
E, claro, ela está fumando. 
— Não — digo, finalmente respondendo a sua pergunta. 
— Venha aqui — diz ela. — Tenho outro. Quer fumar? 
Hesito. 
— Não me diga que você não fuma. Vamos. É legal agora, então 
qual é o problema? 
Não fumo. Nada. Nem cigarros ou baseados. 
Mas... não sei. Não é como se eu tivesse uma oferta melhor 
esperando por mim lá dentro. 
Ela ri e se senta quando começo a cruzar a grama entre nós. O 
pátio dela é um pouco maior que o meu. Ambos têm um piso de 
concreto e um toldo no teto. Mas o dela é cercado por um pequeno 
muro de tijolos que combina com sua casa de tijolos escuros. E há um 
pequeno portão para passar antes que você possa entrar. 
Gosto do portão. Se aquele pátio fosse realmente meu, e eu 
realmente tivesse dinheiro para possuir uma casa, então 
consideraria fazer meia parede no meu pátio e colocar um pequeno 
portão decorativo também. 
Mas é claro que esse não é meu pátio ou minha casa, então não 
sei por que diabos eu estou tendo fantasias de reformas sobre isso. 
Empurro o portão e me sento em uma enorme cadeira circular 
estofada. — Por que você não está na festa? 
— Pareço o tipo de garota que festeja com Isabella Huntington? 
— Elas vêm às suas festas. 
Ela puxa um baseado de seu cabelo bagunçado, da mesma forma 
que tirou um cigarro dele na piscina mais cedo, então sorri com a 
minha reação. — Sim. Porque elas querem me usar. 
— Isso te incomoda? 
— Por que deveria? Não é o meu dinheiro que paga nada por 
aqui. Além disso, gosto de bagunçar a casa pelo menos duas vezes por 
ano para que possa ser redecorada. 
Uau. — Seus pais não ficam bravos com isso? 
— Pais? — Ela ri. — Você viu algum pai por aqui? 
Penso nisso por um momento. — Não. Mas... nunca estive deste 
lado do lago até alguns dias atrás. 
— Não tenho pais. 
— Hum. Eu também. 
— Sim. Eu gosto disso em você. — Ela acende o baseado e dá um 
trago nele, soprando uma fumaça doce, mas com cheiro de gambá. 
Ela me entrega. 
— Nunca fumei. 
— Isso não é segredo. — Então ela mexe os dedos para eu pegar 
o baseado. 
Eu pego e olho para ele por um momento. 
— Basta colocá-lo nos lábios e chupar. — Ela ri. — Finja que é o 
pau de Cooper. 
Atiro-lhe um olhar. 
— Ou de Axe. Ou Lars. Escolha um Rei Valentão. São todos 
iguais, suponho. — Ela faz uma pausa e olha para mim, o cigarro 
ainda entre os dedos. — Não são? 
— Não são o quê? 
— Todos iguais. 
— Não — digo, colocando o baseado em meus lábios e lentamente 
chupando a ponta. Eu sopro a fumaça, tossindo. 
— Calma aí, Cades Matadora. Apenas respire naturalmente. 
Aproveite por um segundo. E depois solte. Você verá. É uma boa 
merda. Você provavelmente só precisará de dois hits para pegar um 
zumbido. 
— Pegar um zumbido? — Eu rio. — Nunca pensei que teria uma 
conversa sobre pegar um zumbido com a infame Mona Monroe. 
— Pare de enrolar.Dê um trago de verdade. 
Eu trago. E desta vez não engasgo porque só puxo um pouquinho. 
Tomo um momento para provar – nojento – e depois soprar. 
Mona aplaude, sorrindo, parecendo realmente encantada por eu 
participar com ela. — Ok. Não bogart14. 
— O que? — E ai, meu Deus. Acho que sinto. — Acho que sinto 
isso — digo. Então puxo outro trago rápido. 
— O que acabei de dizer? Você está bogartin. 
Rio a fumaça dos meus pulmões. — Nem sei o que essa palavra 
significa. 
Ela ri também. Então nós rimos. Risadas longas e altas. E de 
repente me pergunto por que nunca fumei baseado com Mona Monroe 
antes desta noite. — Só mais um — digo. — Eu tive um dia. 
Ela ri novamente. E eu também. E de repente entendo 
completamente por que as pessoas fumam maconha. 
— Garota, isso não foi um dia. Foi um ano inteiro de merda que 
você passou. 
— Sim. Nem me fale. — Puxo outro trago, então paro de bogartin 
– seja isso o que for – e devolvo a ela. 
 
14 Apropriar ou guardar egoisticamente (algo, especialmente um cigarro de maconha aceso). 
Ela dá uma longa tragada, fica com um olhar sonhador nos olhos 
enquanto eles se cruzam para olhar para a junta entre seus lábios, 
então a segura e cai contra um monte de almofadas. Suas palavras 
saem com a fumaça. — Você deveria simplesmente se afastar disso. 
— Ela estende o baseado para mim. 
— Sim — digo. — Eu deveria. — Então eu me levanto e vou até 
o sofá dela e me sento ao seu lado para facilitar o compartilhamento. 
Dou outra tragada, depois mais algumas quando Mona não protesta, 
aproveitando esse pequeno momento de camaradagem, e depois 
devolvo. Tenho certeza que estou bem agora. Posso sentir o zumbido 
e é bom. Eu me deito nas almofadas também, depois respiro fundo e 
fecho os olhos. 
— Então, como eles são diferentes? 
— Quem? — murmuro. 
— Os Reis. 
— Mmm. Não sei. Lars é legal. 
— Sim, eu sempre achei que fosse. 
— E Axe é protetor. 
— Ele com certeza foi hoje, quando aquele fodido Dante tentou 
chupar seus peitos. E Cooper? 
Afasto a memória de Dante e Axe e só penso em Cooper por um 
momento. É uma coisa perigosa de se fazer, pensar nele e em todas 
as coisas que ele admitiu para mim esta noite. — Cooper é triste. 
Ela não diz nada sobre isso. Mas quando abro os olhos, ela está 
me encarando. 
Quero esclarecer sobre Cooper e eu. Contar todos os meus 
segredos. Mas não posso. Porque Cooper ficaria muito bravo comigo. 
Então apenas suspiro. — Ele é apenas... eu não sei. 
— Você gosta dele. 
— Gosto dos três, na verdade. Mas sim. Gosto mais do Cooper. 
Ele é... os dois. 
— Os dois, o quê? 
— Legal e protetor. 
— Hum. Você o conhece muito melhor do que eu. Então, aceitarei 
sua palavra. Mas eu meio que gosto de você, Cadee. Sempre achei 
você interessante. Estudar em casa. Vagar pela floresta. Aquela 
pintura que você gosta de fazer. E sempre tinha um livro. Muitas 
vezes sonhei em ser você. 
— O que? Por que diabos você quer ser eu quando pode ser você? 
— Por que diabos eu não iria? Você não pertence aqui e eu sim. 
Eu estalo minha língua. — Sim. Todo mundo está me dizendo 
isso hoje também. 
— Meu ponto é – eu gosto de você. Então vou te dizer uma coisa 
agora. E realmente quero que você me ouça. Ok? 
Respiro fundo e aceno. 
— Ele é perigoso, Cadee. Todos nós somos perigosos. E não 
importa o que pense, a razão pela qual todos estão dizendo que você 
não pertence, não é porque achamos que somos melhores do que você. 
É porque queremos que um de nós fuja. 
— O que? 
— E se não pode ser eles, ou eu — ela continua sem explicar — 
então deveria ser você. 
Apenas a encaro por um momento. 
— Sei o que todos pensam de Isabella e suas pequenas servas. 
Mas ela não é o que parece ser. Confie em mim. Pergunte ao Cooper. 
Ele sabe. É um ato, Cadee. Estamos todos apenas... atuando aqui. 
Nada é o que parece. E se você continuar indo para a Glass House 
neste verão, e Deus me livre de você chegar até o fim e conseguir 
aquela bolsa de estudos, você ficará presa aqui conosco. Não 
queremos ver isso acontecer. Nós realmente não queremos. E se 
Isabella é má com você, é porque você tem tudo o que ela quer, mas 
nunca conseguirá. Metade do tempo ela está com ciúmes e na outra 
metade ela só pensa que você é estúpida demais para viver porque se 
recusa a ver o que está bem na sua frente. 
Fico... em silêncio por um momento. E não consigo pensar direito. 
Minha cabeça está toda confusa e tonta. 
— Que porra é essa? 
Nós duas nos assustamos e vemos Cooper andando pelo gramado 
com uma carranca no rosto. — Cadee, que... Mona! O que você está 
fazendo? 
Mona se recosta na almofada e percebe que tem um baseado em 
uma mão e um cigarro na outra, e começa a rir enquanto fuma os dois 
ao mesmo tempo. 
— Estamos apenas fumando — digo. 
— Você não fuma! — E cara, ele está louco. — Vamos, Cadee. — 
Ele olha de lado para Mona, então arrasta seu olhar bravo para mim. 
— Eu disse, vamos. Agora. 
 
 
 
Seguro sua mão com força enquanto a levo pelo gramado, 
mordendo minha língua até abrir a porta, empurro-a para dentro de 
seu quarto, então atiro a Mona Monroe um último olhar raivoso antes 
de fechar a porta. 
Eu me viro para Cadee, mas ela já está caindo na cama. — Que 
porra você fazia ali, Cadee? 
— Apenas relaxando. Jesus. — Sua voz está abafada porque ela 
está com o rosto enfiado em um travesseiro. — Me deixe em paz. Você 
se divertiu hoje. — Ela vira a cabeça um pouco e pego o brilho em um 
olho injetado de sangue. 
— Não posso acreditar – depois de todos esses anos de seu ato 
de pureza piedosa – você deixou Mona Monroe convencê-la a fumar 
um baseado. 
— Eu também. — Então ela ri. — Farei de novo amanhã. 
— Você não fará isso de novo amanhã. E acredite em mim, a 
Mona também não. Pelo amor de Deus. Por que essa garota é tão 
estúpida? 
— Acho que ela é muito inteligente. Ela é a única que joga o jogo 
direito. 
— Você está chapada. 
Ela ri e se vira, sorrindo para mim. — Acho que estou. Eu gosto, 
Cooper. É tudo... — suspira. — Sinto tudo... — suspira novamente. 
Tento não rir. Porque não é engraçado. Mona simplesmente 
fodeu tudo. E ela fez de propósito. Mas o sorriso de Cadee me faz 
querer fazer uma pausa e apreciá-lo. 
Então eu faço. Porque ela é praticamente a única coisa legal 
neste lugar. E é definitivamente a melhor coisa neste verão. 
Talvez naquele primeiro dia eu tenha conseguido contar a mim 
mesmo a mentira. Que a superei. Ela me superou. Nós apenas... 
superamos. 
Mas nada acabou entre nós. Porque eu me afastei depois do 
aborto. Virei as costas para ela e lavei as mãos de toda a triste 
situação. 
Ela fica em silêncio por alguns momentos, seus olhos fechados 
agora, seu rosto uma mistura de serenidade e idiotice. — Sinto-me 
entorpecida. — Ela abre um olho. — E gosto. Entorpecida é bom. 
Eu me afasto dela e abro a porta do pátio, totalmente com a 
intenção de ir ao lado e enfiar a cabeça de Mona na bunda dela por 
me colocar nessa situação. Mas seus guarda-costas me venceram, 
porque estão lutando com ela, tentando puxá-la para dentro. Um 
deles me vê, aponta para mim e balança a cabeça. 
— Porra. — Bato a porta. 
— O que está errado? — pergunta Cadee sonolenta. 
— Mona, é isso que está errado. 
— Era um baseado, Cooper. Quem se importa? É legal. Não seja 
um bogart. 
Eu ri. — O que? 
— Não seja um bogart. Você é um bogart do caralho. 
Eu rio novamente e balanço a cabeça. — Você sabe o que essa 
palavra significa? 
Ela ri. E mesmo que eu devesse estar muito bravo com ela agora, 
não estou. Gosto dela feliz. Não tive muitas chances de vê-la assim. 
— Mona me chamava de bogart. Então apenas acho que é algo 
ruim. Como uma cadela. — Ela se senta e abre bem os olhos para me 
encarar. — Você é um maricas, cadela bogart, Christopher Valcourt. 
Isso é o que você é. 
Coloco dois dedos em sua testa e empurro, fazendo-a cair nos 
travesseiros novamente.— Vá dormir. 
— Não. Não quero dormir. — Ela balança as pernas para o lado 
da cama como se fosse para algum lugar. 
Mas agarro seus tornozelos e deslizo suas pernas na cama. Ela 
não luta muito. — Quanto você fumou? 
— Apenas algumas tragadas. 
— Tragadas? 
— Tragadas. 
— Defina algumas. Duas? 
— Mmmm... mais. 
— Três? — Ela pensa um pouco demais sobre isso. — Quatro? 
Ela levanta o braço lentamente e mantém o polegar e o indicador 
juntos. Seus olhos cruzam quando ela olha para eles. Então ri e deixa 
seu braço cair na cama. 
— Mais de cinco? 
Ela encolhe os ombros. — Esqueci. 
— Jesus Cristo. Você ficou lá por apenas uns dez minutos. 
— Mona tinha tudo pronto. — Ela cantarola as palavras. — Você 
sabia que ela mantém essas coisas no cabelo? 
— No cabelo dela. — Suspiro e me sento na cama. Por que diabos 
seus guarda-costas não estavam verificando o cabelo dela? — 
Amanhã será um desastre. 
— Por quê? — Cadee se vira para ficar de lado, de frente para 
mim. Mas seus olhos estão fechados. Ela ainda está sorrindo. — Por 
que, Cooper? 
— Porque há um teste de drogas, Cadee. E ela apenas garantiu 
de que falharia. 
— Isso é ruim? 
— Muito. Porque as instruções que meu pai me deu declaravam 
explicitamente que Mona Monroe deve ir até o fim. 
— Opa. Acho que vou falhar também. 
— Você está bem. Você não precisa de um teste de drogas. Você 
não é um deles, Cadee. Você é apenas um substituto. 
— Ah, isso mesmo. Eu não conto. Sou apenas o Fugling. 
Reviro os olhos. — Confie em mim, você não quer contar nesta 
situação. O Fugling tem mais facilidade em comparação com as 
candidatas. 
— Isso é engraçado. Elas não mijaram nas calças hoje. Não 
foram atingidas com balões de água pelos meninos. Elas podem ficar 
na piscina o dia todo e se bronzear. 
— Não é real. Amanhã elas estarão chorando antes do café da 
manhã e você agradecerá às suas estrelas da sorte por não contar. 
Ela estende a mão e toca minha cintura. Então desliza o dedo 
por baixo da minha camiseta e o prende no cinto do meu short. 
Olho para ele e prendo a respiração enquanto ela o puxa. Como 
se quisesse me puxar para mais perto. — O que você está fazendo? 
— Deite aqui comigo. 
— Por quê? — Meu coração está batendo rápido. 
— Por que... — ela faz uma pausa e solta um longo suspiro. — 
Porque também estou triste, Cooper. — Então ela franze a testa tão 
profundamente que não posso deixar de seguir sua liderança. — E 
essa sensação boa de repente se transformou em algo muito sombrio 
e assustador. 
Brevemente me pergunto se o baseado de Mona foi atado com 
alguma coisa. Mas Cadee inala novamente. Mais forte. Com mais 
insistência. E não era isso que eu realmente queria no meu último 
ano de Prep, quando Cadee e eu nos aproximamos? 
Algo lento, fácil e real? 
Minhas defesas caíram. Ela é capaz de admitir que gosta de mim. 
Ela gosta de mim. Mas admitir em voz alta? Isso sempre foi um 
passo longe demais para Cadee. Essa sempre foi uma linha que ela 
se recusou a cruzar. 
Eu teria matado por um momento como esse com Cadee Hunter 
naquele ano. 
— Não faça isso — murmura. — Não me rejeite agora, Cooper. 
Não depois do dia que tive. Apenas seja legal comigo um pouco. 
Mesmo que não fale sério. 
— Não quero que você volte amanhã, Cadee. 
— Vou voltar. 
— Por quê? 
— Porque não serei uma vítima nunca mais. 
— Você não ganhará nada no final. Não é nada bom. Eu juro. Eu 
te darei o que quiser... 
— Então se deite ao meu lado. 
Considero usar chantagem emocional. Fazê-la prometer ficar em 
casa amanhã se eu a confortar. 
Mas estou cansado. E triste. E simplesmente não tenho isso em 
mim. 
Então desisto e me deito ao lado dela. Ela aconchega seu corpo 
contra o meu e tenho uma vontade incontrolável de colocar meus 
braços em volta dela da mesma forma que fiz naquela noite, três anos 
atrás. 
— Eu te perdôo — diz ela, suas palavras apenas um sussurro 
baixo. 
— Eu sinto muito, você sabe. Eu sinto. Sinto muito por tudo isso. 
— Não importa, Cooper. Não quero falar disso. Quero apenas 
que alguém me abrace até eu adormecer. Prometo que não vai 
demorar. 
Eu a abraço um pouco mais forte. Não é culpa dela. Nada disso 
foi culpa dela. Foi minha culpa. Eu deveria ter feito escolhas 
melhores. No mínimo, eu não deveria... culpá-la. Deveria ter ficado 
amigo dela. E a checado. Ou... feito a coisa certa. 
Eu deveria ter feito a coisa certa. 
— Sei que você fez o seu melhor, Coop. Eu realmente sei disso. 
E então prendo a respiração por tanto tempo que minha cabeça 
começa a girar. E quando deixo sair, digo — Obrigado, Cades. 
Mas ela já está dormindo. 
Então apenas fico na cama dela. Segurando-a. Pensando no que 
Mona fez e como eu poderia consertar. 
Mas só há um caminho. Apenas uma resposta. 
Por volta das cinco da manhã, me afasto de Cadee e me levanto 
de sua cama. Então eu me inclino e beijo sua cabeça. — Você não é 
um deles. Apenas, por favor, lembre-se disso amanhã. Você é apenas 
um substituto. 
Uma parte de mim deseja que ela acorde e me pergunte o que 
isso significa. 
Para que eu pudesse contar a verdade. 
Para que eu pudesse prepará-la para o que está por vir. 
Para que ela pudesse ter uma última chance de desistir e não 
me fazer passar por isso. 
Mas a parte de mim no controle sabe que eu disse as palavras 
muito suavemente por uma razão. 
Preciso dela agora. 
Preciso dela para poder salvar Mona. 
 
 
Acordo porque minha cabeça está latejando. E Cooper está 
batendo nela. 
— Pare com isso! — Empurro sua mão. — Isso dói. 
— Hora de levantar. Temos que ir. Não é minha culpa que você 
ficou chapada ontem à noite. 
— Oh — gemo e coloco minha mão sobre meus olhos. — Por que 
fiz isso? 
— Porque você é burra. 
Aperto meus olhos, então paro. Porque isso faz minha cabeça 
latejar ainda mais. 
— Preciso ir. Estou atrasado. Você vai ficar? 
Abro um olho e retiro parte da minha mão do globo ocular para 
vê-lo. — Ficar em casa? Não. Eu vou. 
— Então levante sua bunda. Tome um banho de merda. E... — 
ele faz uma pausa. — Fique bonita para mim hoje, hein? E traga um 
biquíni. — Ele me puxa e beija minha bochecha enquanto se vira para 
a porta. 
Minha mão sobe para tocar o lugar onde seus lábios estavam. — 
Ficar bonita para você? — Então tenho um breve ataque de pânico. 
— Nós... fizemos alguma coisa ontem à noite? 
Ele abre a porta do meu pátio e olha por cima do ombro. — Não. 
Que porra? Eu não tiraria vantagem de você quando estava chapada. 
Dê-me algum crédito de merda. — Então ele aponta para trás de mim. 
— Deixei uma aspirina na mesa de cabeceira. Pegue. Ajudará. E há 
um copo de suco de laranja e um croissant naquela sacola. Coma no 
caminho. Não há café da manhã esta manhã. Hoje é só negócio. 
Bem. Ok, então. Eu me sinto uma idiota. — Desculpe. 
— Apenas... vista algo legal, ok? — Ele sorri para mim. E de 
repente aqueles olhos azuis elétricos que normalmente transmitem 
toda a profundidade de seu desespero estão brilhantes e... cintilantes. 
— Sei que as roupas da minha madrasta são meio sacanas, mas… eu 
vi seus peitos ontem, Cades. Várias vezes. Obrigado por isso. Meio 
que me fez passar o dia. E são bem legais. Se você tem isso, pode 
muito bem ostentá-los. 
Então ele pisca para mim. 
Minha boca cai aberta. Mas ele não fica por perto para explicar 
esses comentários. Apenas sai e fecha a porta. 
Realmente não sei o que pensar sobre isso. Ele... gosta de mim? 
Quer dizer, eu sei que ele gosta de mim. Como um amigo. Ou inimigo 
possa ser a palavra mais precisa. Mas estou morando na casa dele e 
ele foi legal comigo ontem à noite. 
Eu acho. 
Lembro-me um pouco. Lembro-me dele me segurando. Aquilo foi 
legal. 
Mas ele gosta-gosta de mim? Ou é apenas uma nova maneira de 
conseguir algo que precisa? 
Não sei. Não entendo nada agora. 
Pego a aspirina, engulo-as e tomo um gole de suco. Então 
considero a ideia de que Cooper Valcourt e eu podemos estar 
começando algo. 
Jesus, Cadee.Os efeitos da droga devem ser persistentes. Devo 
estar chapada para me imaginar com Cooper. Ele é o Rei. Você é o 
Fugling. 
Nunca os dois se encontrarão. 
E ainda... aqui estou. E ele quer que eu use algo bonito hoje. 
Não. Ele disse — Fique bonita para mim hoje. 
É um pouco diferente de apenas, Use algo bonito hoje. 
— Ugh. — Eu me sinto como uma idiota agora. 
O chuveiro é bom demais e, embora eu saiba que estou atrasada, 
demoro lá, deixando a água quente bater na minha nuca até que a 
maior parte da tensão e do latejar desapareça. Termino de lavar, 
enrolo uma toalha em volta de mim e volto para encontrar algo para 
vestir. 
Conheço bem o closet. Já olhei a maior parte. Portanto, não há 
muito aqui que não seja feito para fazer uma declaração sexy. 
Mas então... era isso que Cooper queria, certo? 
Um bom Fugling não deveria agradar seu Rei? 
Sim. Nunca mais fumo maconha. Fode realmente com a minha 
cabeça. 
Mas decido usar algo fofo e sexy. 
Escolho um biquíni chamativo de contas. Cooper disse que este 
seria um dia ruim para as candidatas e um dia mais fácil para mim, 
então vejo uma piscina no meu futuro. Então eu o cubro com uma 
sedutora saia flare amarela feita de várias camadas de chiffon 
transparente e uma blusa de gaze de botão que deixo abotoada. 
Quando me estudo no espelho, pareço sexy e fofa. 
Prendo meu cabelo, esforçando-me para deixá-lo 
profissionalmente bagunçado do jeito que Mona faz, e então 
rapidamente coloco meus tênis. Eles não combinam. São vermelhos, 
mas oh, bem. Eu me esforcei. Então pego meu croissant e saio pela 
porta, esperando que Mona esteja fumando em seu pátio e possamos 
caminhar juntos até a Glass House. 
Mas ela não está. 
Fico desapontanda. Sinto que meu plano original com Mona 
pode não ser tão estúpido. Poderíamos ser amigas. E se eu passar o 
verão e for para a High Court no ano que vem, vou precisar de um 
amigo. Eu poderia ter uma muito pior do que Mona Monroe. Ela 
emite certo tipo de vibração que nenhuma das outras garotas tem. 
Como se soubesse das coisas. 
Sim. Ela não me dizia algo sobre isso na noite passada? 
Não consigo me lembrar. 
A caminhada até a Glass House já é familiar e leva apenas 
alguns minutos. Mas quando chego lá o lugar parece totalmente 
diferente. 
Primeiro, há uma grande tenda de lona. Os lados foram puxados 
para trás e amarrados, por isso está aberto em toda a volta. É onde 
estão todos os garçons. Mas eles não estão se preocupando com o café 
da manhã. Estão montando cadeiras dobráveis de madeira branca na 
frente de um palco. 
Hum. 
A próxima coisa que noto é que todos os garotos – incluindo 
Cooper, Axe e Lars – estão vestindo ternos. Falo de trajes completos 
para o dia do casamento. 
Jesus. O que está acontecendo aqui? As pessoas vão se casar? 
E então noto que a Glass House não é mais de vidro. Bem, é. Mas 
dentro as cortinas estão fechadas. Tinha cortina ontem? E todas as 
meninas estão desaparecidas. 
— Cadee — diz Lars, caminhando em minha direção. 
— Ei. Você está bonito. 
Ele sorri, então para e fica sério. — Cooper precisa de você lá 
dentro. — Ele aponta o queixo na Glass House. — Isabella está 
bebendo desde as cinco da manhã e Valentina e Selina não estão 
ajudando muito. 
— Bem, isso não é muito profissional. 
Lars não sorri. Ele agarra meu braço. Apertado. — Apenas entre 
e ajude, porra. Já temos um grande problema. Mona está 
desaparecida. 
Oh. De repente me lembro de Cooper dizendo algo sobre um teste 
de drogas. — Ok — digo, puxando meu braço de seu aperto. — Verei 
o que posso fazer. 
Lars sai e olho em volta para encontrar Cooper. Juro que ele me 
vê, mas quando aceno, ele finge que não. Idiota. 
Então apenas entro na Glass House e encontro todas as 
candidatas chorando. Assim como Cooper disse que estariam. Elexa 
Simpson está quase histérica. — Por quê? — chora. — Por que temos 
que fazer isso? 
Isabella está descansando em um sofá de dois lugares com uma 
máscara de dormir sobre os olhos que diz, eu preciso que minha 
cadela durma, ignorando-a. 
— Porque — diz Natasha Waring. — São as malditas regras, 
Elexa. Quantas vezes temos que dizer isso? 
— Eu não quero fazer isso. 
— Então vá embora! — grita Selina. E é um grito real. Estou 
falando de algo alto e estridente. — Não temos tempo para essa 
besteira de bebê, ok? Estamos atrasadas, Mona está desaparecida, e 
a enfermeira estará aqui em vinte minutos para a coleta de sangue! 
Agora siga a porra do roteiro, palavra por palavra, e coloque sua 
bunda na sala, Elexa! Agora! 
É quando percebo que Valentina está segurando o telefone, 
gravando um vídeo. Natasha segura um cartaz branco. Ela o 
empurra para Elexa. — Controle-se, Elexa. Não é tão ruim! Basta ler 
o cartaz e... 
— Não sou virgem! — grita Elexa. — Ok? Não sou uma virgem. 
— Oh. Meu. Deus-aaaaahhhh. — Todos nos viramos a tempo de 
ver Isabella jogar sua máscara do outro lado da sala e se levantar. 
Ela vai até Elexa, dá um tapa em seu rosto, agarra seus ombros e a 
sacode. — Nenhuma de nós era virgem, sua merda! 
— O que? — Elexa parece querer rir, mas não consegue criar 
coragem. 
— Espere! — diz Natasha Waring, levantando a mão. — Sou 
tãããão virginal, não é engraçado. 
— Eu também — diz Sophie Bettington humildemente. 
— Bem, vocês duas são estúpidas — diz Isabella. — Nossos pais 
pagam o médico, idiotas! 
— Então não temos que fazer isso? — diz Elexa, esperançosa. 
— Você tem que fazer! — Isabella a sacode novamente. — É 
protocolo. — Ela respira fundo, e da próxima vez que fala, sua voz é 
baixa e calma. — Basta deixá-lo examinar você e ele marcará todas 
as caixas certas. 
Ah, foda-se. 
De repente, sinto muito por elas. Mas especialmente Elexa. 
Porque ela diz — Ah. 
E ela diz essa pequena palavra com esperança. Tipo... quando 
subir naquela mesa, isso é tudo que acontecerá. 
Pare com isso, Cadee. Você não sabe. 
— É isso? — diz Elexa. E todas as candidatas estão olhando para 
Isabella agora. Implorando com os olhos para mentir para elas e dizer: 
Sim, meninas. Isso é tudo o que acontecerá. 
Mas Isabella está bêbada. E tenho a sensação de que está 
revivendo seu exame de três anos atrás neste exato momento. — 
Apenas feche os olhos, Elexa. E pense em outra coisa. Porque sua 
única outra opção é sair. 
— Não posso sair. Meu pai... 
— Eu sei — diz Isabella, sombria agora. — Confie em mim. Eu 
sei. 
— Onde está Mona? — diz Sophie. — Por que Mona não está 
aqui? 
— Ela estará. Em breve. — Mas Isabella não parece convencida, 
então nenhuma de nós acredita. 
— Elexa — diz Valentina. — Todas nós fomos você. Todas nós 
fizemos uma escolha para ficar. E se essa for sua escolha, precisamos 
da certificação antes de começarmos este dia. 
— Começar? — murmuro. Jesus Cristo, o que vem depois da 
checagem de virgindade e do teste de drogas? Nem quero imaginar. 
— Escolha — diz Selina. — Ou leia o cartaz ou vá embora. Você 
decide. Mas se ler esse cartaz, é melhor realmente estar a bordo. 
Porque só piora daqui, Elexa. 
As palavras que eles estão me dizendo há dias de repente 
parecem cheias de ameaças agora que estão no contexto. 
Elexa assente e respira fundo. E então ela fica lá enquanto 
Natasha acaricia seu rosto com um pano quente e limpa as lágrimas. 
Então Elexa olha para Valentina e começa a ler o cartaz para a 
câmera, dando-lhe permissão explícita para o médico examiná-la. 
Isabella se vira para procurar sua máscara, então chama minha 
atenção enquanto volta para o sofá. Ela balança a cabeça. — Você 
deveria ter ficado em casa hoje, Cadee. Não diga que não avisamos. 
— Eu? O que eu tenho a ver com isso? 
Mas então uma porta se abre no fundo da sala e uma enfermeira 
chama o nome de Elexa Simpson. 
Elexa levanta a cabeça e caminha até a porta com as costas retas 
e o queixo erguido, desaparecendo dentro do quarto. 
Apenas olho para aquela porta, horrorizada, enquanto Natasha, 
Sophie e Maddie – que não disse uma única palavraesse tempo todo 
– recitam as palavras do pequeno cartaz para a câmera de Valentina. 
Sei que Cooper me enviou aqui para ajudá-las, mas não posso 
ajudá-las. Sento-me em uma cadeira no canto e apenas... sou uma 
delas. 
Finjo que não está acontecendo. 
Logo, porém, todas as meninas leram o cartaz e foram checadas. 
O médico sai e nenhuma dessas garotas olha para ele. 
Elas saem, mas ele sequer acabou de sair e outra enfermeira 
entra com uma maleta médica. Ela senta-se à mesa de jantar e tira 
sangue das meninas, guardando os frascos cuidadosamente em uma 
bolsa preta. 
Quando ela sai, todas nós olhamos, imaginando por que diabos 
qualquer uma de nós está fazendo isso. 
Quero julgá-las. Encontrar falhas em suas decisões. Talvez até 
zombar delas por serem gananciosas. Afinal, essas meninas têm tudo. 
Não precisam estar nesta sociedade secreta. 
Mas se eu fizesse isso, teria que dar uma boa olhada em mim 
mesma e admitir que também sou gananciosa. 
Porque não preciso dessa bolsa. O Presidente Valcourt me deu 
todo aquele dinheiro. Provavelmente contava com a minha saída no 
primeiro dia. 
É o que uma garota inteligente teria feito. 
E ainda aqui estou. 
A porta se abre e Cooper espreita a cabeça. — Isabella? 
Ela nem tira a máscara dos olhos. — O que? 
— Mona não apareceu. Tenho pessoas procurando por ela... 
— Ela está fora então — diz Elexa. — Foda-se Mona. Ela não 
apareceu? Foda-se ela! Ela está fora! 
Cooper suspira. — Isabela? 
— O que? — Ela joga sua máscara novamente. — O que você 
quer que eu faça? Ir encontrá-la? Ela tem guarda-costas para isso! 
— Os guarda-costas estão nisso. Tenho certeza que ela voltará 
amanhã. Mas ainda estamos sem uma garota. 
— Não! — Elexa está gritando agora. — Não! Ela não apareceu, 
ela está fora! Ela não pode simplesmente entrar aqui amanhã como... 
— Cala a boca, Elexa! — Isabella está realmente enlouquecendo 
hoje. Ela se levanta, respira fundo enquanto alisa a saia. — Então, o 
que você propõe, Cooper? Hum? O que devo fazer? Tirar outra garota 
da minha bunda? 
E então seu olhar migra na minha direção. E aqueles olhos azuis 
elétricos ficam escuros e perturbadores. — Use Cadee. Prepare-a. 
— Não! — digo, pulando para os meus pés. — De jeito nenhum! 
— Ah! — Elexa aponta para mim. — Ah! Você tem a mesma 
escolha que o resto de nós, Fugling! Agora você saberá como é ser... 
Isabella dá um tapa nela. — Vá ao banheiro e se acalme, porra! 
Você me ouviu? — Ela aponta o dedo bem na cara dela e treme muito. 
Elexa se afasta e bate a porta. 
— Não. Eu não farei isso — digo. — Eu não farei isso. 
— Você não precisa de um exame, Cadee — diz Cooper. — Você 
não é uma de nós. Continuo te dizendo isso. Você é apenas um 
substituto. Mona fará o exame quando a encontrarmos. 
— Por que você não a expulsa? — diz Sophie. Ela não está 
histérica como Elexa. Ela soa... derrotada. 
— Pelo mesmo motivo que eu não vou te expulsar também, 
Sophie. 
Então ele sai sem outra palavra. 
Ele sabe. Ele sabe o que acabou de acontecer aqui. E não fez 
nada. 
Elexa volta do banheiro assim que Isabella caminha até uma 
mesa lateral onde agora noto que há vários baldes de champanhe. 
Ela pega uma garrafa, abre a rolha e então começa a despejar o 
líquido dourado claro em oito copos. 
Ela pega um e olha para nós. — Bem, o que diabos vocês estão 
esperando? Pegue a porra de um copo! — As meninas começam a se 
mover em direção à bandeja. — Você também, Cadee! 
Certo. Mas você não é uma delas, Cades. Você é apenas um 
substituto. 
Cooper estava certo. Quando disse isso ontem à noite. 
Pela primeira vez, estou feliz por não ser uma delas. 
Todos nós levantamos nossos copos e Isabella diz — Bem-vindas 
a verdadeira Corrida de Verão Fang and Feather, senhoritas. 
Realmente não há como voltar daqui, mesmo se tentarem sair. 
Então ela engole sua bebida, serve-se de outra e afunda em uma 
cadeira de pelúcia próxima. Derramando o champanhe por toda a 
frente de sua camisa. 
— Mas... o que acontece agora? — pergunta uma Natasha 
assustada. 
Isabella não olha para ela. Ou qualquer um de nós, na verdade. 
— Agora... vocês serão vendidas. 
 
 
 
Lars e Axe estão de pé um de cada lado de mim na frente da 
tenda. Nossos braços cruzados sobre o peito e carrancas nos rostos. 
Está tipo trinta e dois graus lá fora e estamos vestidos com fraques. 
Este verão pode ficar pior? 
Eu não deveria dizer isso. É apenas um destino tentador. 
Lars se vira para mim. — Esta é uma ideia muito ruim. É melhor 
você saber o que está fazendo. 
Não faço ideia do que estou fazendo. Mas dizer isso a ele só o fará 
duvidar de mim, e não preciso disso agora. — O que mais eu devo 
fazer, Lars? Mona estava fumando maconha ontem à noite com 
Cadee. Ela sabia. — Estou tão bravo com isso. Não só que ela 
conseguiu que Cadee fumasse com ela. Cadee – a garota nunca 
experimentou um cigarro e fumou o baseado tantas vezes que perdeu 
a conta? Que porra é essa? — Ela sabia, porra, que haveria um teste 
de drogas hoje. 
— Obviamente — diz Axe. — Onde ela está? Você sabe? 
— Não. Mas assim que este leilão acabar pode apostar que vou 
procurar. 
— Os guarda-costas devem tê-la. 
Olho de lado para Lars. — Então por que ela não está aqui? 
— Ela provavelmente contou a eles — diz Axe. — E eles sabem 
que a única pessoa que recebe os resultados do teste de drogas é o seu 
pai. A coisa toda de verificação de virgindade vem com uma piscadela 
e um aceno de cabeça. Todo mundo sabe, e espera, pagar aquele velho 
pervertido. Mas o teste de drogas não funciona assim. Confie em mim, 
eu sei. — Ele zomba. — O juiz me prendeu por dois meses antes da 
nossa corrida. Lembra? Eles a estão mantendo em casa para que 
possam falar com você primeiro. 
Ele provavelmente está certo. E ele saberia. Ele foi enviado para 
a reabilitação no dia anterior ao aborto de Cadee, então nunca a viu 
depois. O que me faz pensar no que Lars fazia naquela época. 
Oh, sim. O pai dele queria que ele trabalhasse na prefeitura 
depois das aulas. 
Engraçado. Naquela época, eu realmente não percebi que Lars e 
Axe estavam essencialmente fora de cena durante a crise do Cadee. 
No começo, pensei que Axe realmente tinha um problema com 
drogas, mas depois descobri que ele estava apenas tentando fazer 
com que o juiz o libertasse. Não funcionou para ele e também não 
funcionará para Mona. — Temos sorte de poder substituir com Cadee 
por um dia. 
— Um dia? — Lars ri. — Levará semanas para aquela maconha 
sair do sistema dela. Ela vai para casa com um desses idiotas esta 
noite, Cooper. É isso que acontecerá. 
Não. Isso não acontecerá. — Terei que ligar para o meu pai. 
Explicar isso para ele. Se ele quer tanto que Mona passe por isso a 
ponto de me mandar fazer acontecer, então terá que abrir uma 
exceção para o teste de drogas. Encontrarei Mona e ela tomará o 
lugar de Cadee. 
— Divirta-se com isso — murmura Axe. — Eu não falarei com o 
juiz sobre Mona Monroe. Sem a maldita chance. 
— Você terá que falar — digo com firmeza. — Não é para ela, de 
qualquer maneira. É para Cadee. E você terá que falar com seu pai 
também, Lars. Todos nós sabemos que meu pai não vai mentir para 
eles. 
— Não tenho problema com isso — diz Lars, dando de ombros. 
— Você não teria — zomba Axe. 
Lanço um olhar para Lars que diz: Não se envolva. E ele apenas 
suspira e fecha a boca. 
Michael, Dante, Roland, Jamie e Ivan estão agrupados na parte 
de trás, perto do bar, conversando animadamente sobre quem eles 
vão comprar. 
É por isso que eles precisavam trazer dinheiro. Grandes somas 
de dinheiro. Porque o primeiro desafio da Corrida de Verão Fang and 
Feather é um leilão para comprar uma garota. 
Não para casar. Só para dar uma volta. Ver como isso pode 
acabar no final. 
E fico nauseado por Cadee estar no palco daqui a pouco, sendo 
leiloada. 
Se eu não soubesse que meu pai havia feito um cheque de 
duzentos e setenta e cinco mil dólares para ela, talvezpudesse me 
consolar com a ideia de que as meninas ficariam com o dinheiro. 
Mesmo que elas saiam mais tarde, passar por esse desafio trará sua 
própria recompensa. 
Mas Cadee não precisa da porra do dinheiro. 
Ela não precisa estar aqui. 
Não deveria estar aqui. 
Eu deveria tê-la amarrado esta manhã. Deixado-a no closet. 
Quem eu estou enganando? Eu não poderia fazer isso. Não faria 
isso. Porque criei esse plano ontem à noite logo depois que ela 
adormeceu. 
Estou usando Cadee Hunter para salvar minha própria bunda. 
Porque Mona Monroe deve passar. O pacote deixou isso muito claro. 
Todas as razões foram explicadas em termos que um bebê pudesse 
entender. Ela sabe demais para fugir. 
Esse fato é meu único consolo agora. Sei que meu pai concordará 
em dar a ela um passe sobre o teste de drogas. Se ele estivesse em 
casa, eu teria resolvido ontem à noite. Ele chamaria seus amigos, o 
prefeito e o juiz, e agora eu saberia o que eles decidiram. 
Mas ele está em Bali. Na verdade, ainda a caminho de Bali. E 
embora eu tentasse falar com o jato, ninguém atendeu ao telefone via 
satélite. 
— Lá vêm elas — diz Lars. 
Todos nós olhamos para a Glass House quando as meninas saem. 
E o mais triste? Eu disse a ela para se vestir bem hoje. Porque 
eu sabia. E ela parece muito fofa. Não tão chique quanto as outras 
garotas, que trouxeram vestidos de grife com elas esta manhã para 
se trocarem, mas ainda assim, muito fodidamente fofa. 
— Já estava na hora do caralho — resmunga Axe. Ele puxa seu 
colarinho engomado. — Estou morrendo aqui. Estou prestes a ficar 
pelado. 
— Isso é engraçado — diz Lars impassível. — Como se você fosse 
tirar a camisa. 
— Lars — estalo. 
— Você é um idiota, Lars — rosna Axe. 
— Isso foi desnecessário. Axe não é o inimigo. Precisamos ficar 
juntos. 
Lars suspira. Mas não diz nada. 
Isabella está bêbada. E eu sabia que estaria. Valentina está 
levando as garotas até o palco enquanto Selina segura Isabella e a 
leva para o sofá de dois lugares na parte de trás para que ela possa 
cair nele. 
Mas não tenho tempo para me preocupar com Isabella agora. 
Cadee olha para mim como se eu fosse o maior pedaço de merda do 
mundo inteiro. 
E eu sou, não sou? 
Nós três suspiramos. Como se Lars e Axe estivessem pensando 
a mesma coisa. 
Tínhamos um bom plano para fugir. E quase funcionou. Se eu 
soubesse que os vencedores da corrida de verão tinham que dirigir o 
acampamento no último ano, eu não teria ido àquela festa depois da 
formatura da Prep na sexta-feira passada. Não teria ouvido aquela 
garota quando ela me pediu para levá-la para o lado errado do lago 
onde um carro esperava. Não teria ficado bêbado ou sido preso. Eu 
teria tirado todos nós daqui semanas atrás e dito foda-se a todas as 
responsabilidades familiares. 
Mas então Cadee ainda poderia estar aqui. E outra pessoa – 
alguém pior do que eu, com certeza – estaria comandando esse show 
de merda agora. 
Dan, provavelmente. 
Estremeço só de pensar nisso. Então me obrigo a olhar Cadee 
nos olhos. 
Ela está respirando com dificuldade, eu posso dizer daqui. Mas 
não está chorando nem nada. Na verdade, está aceitando isso melhor 
do que todas as outras garotas na tenda agora. Provavelmente se 
consolando de que é apenas uma substituta. 
Se eu não conseguir trazer Mona de volta antes que seja hora de 
ir para casa... 
Quem comprará Cadee? 
Sequer preciso me perguntar. Será Dante. 
E então, como se pudesse ler minha mente, ele está ao meu lado. 
— Por que Cadee está lá em cima? 
Olho para ele. Encontro todos os garotos fazendo a mesma 
pergunta com os olhos. — Mona está doente hoje. Então Cadee está 
substituindo-a. 
— Isso não é justo — diz Ivan. — Quero dizer, como isso vai 
funcionar? Posso levá-la para casa? 
— Você não vai levá-la para casa — diz Dante. — Eu comprarei 
aquela putinha. 
Alcanço a garganta de Dante, mas de repente Lars está entre 
nós e Axe me puxa para trás. 
— Vamos por aqui, rapazes — diz Lars. — Temos algumas 
regras básicas para revisar antes de começarmos. 
— Relaxe — diz Axe, bloqueando minha visão de Dante. 
— Ele vai comprá-la, Axe. E vai levá-la para casa. Porque sei 
que não poderei encontrar Mona, ou se encontrar, ela estará perdida. 
E Cadee terá que... 
— Relaxe — diz Axe. — Vou segui-los para casa se isso acontecer 
e ameaçá-lo. Sei que meu pai pode odiar Dante Legosi mais do que 
me odeia. Então, se Dante fizer alguma coisa... — Axe faz uma pausa 
para sorrir aquele sorriso maligno dele — eu cuidarei disso. 
Tudo acontece rápido depois disso. 
As regras são explicadas e são muito simples. 
O maior lance vence. As meninas ficam com o dinheiro. As 
meninas podem sair a qualquer momento, então é melhor que esses 
meninos as tratem bem. 
Parece simples. Mas não é. Eu sei. 
Porque quando foi a minha vez de comprar uma menina, três 
anos atrás, eu comprei a Isabella. 
E ela tentou se matar naquela primeira noite. 
Lars é o leiloeiro e ele mal se esforça, querendo deixar esse dia 
para trás o mais rápido possível. 
Sophie é comprada primeiro por Michael. Há uma guerra de 
lances muito competitiva por Sophie. Ela é doce, mas esse é o 
problema. Mansa demais para o meu gosto. Então Natasha é 
comprada por Roland. Acho que aquele médico pervertido deve ter 
avisado os meninos sobre seu status virginal. Natasha também é doce, 
mas pelo menos ela se defende se você insistir demais. Sophie 
simplesmente começa a chorar. 
Maddie é comprada por Jamie. Ninguém mais dá lances, então 
acaba em trinta segundos. 
Elexa vai em seguida e começa a chorar quando Ivan e Dante se 
recusam a dar um lance nela. 
— Puta merda — murmuro, esfregando minha têmpora porque 
estou com uma dor de cabeça estrondosa. — Afaste-se, Elexa — grito 
do lado do palco. — Cadee vai primeiro. 
E quando encontro os olhos de Cadee desta vez, ela atira em 
mim... ódio. Aversão completa. Desgosto absoluto. 
Mas não reclama. 
E não há lágrimas brotando em seus olhos. 
Ela simplesmente levanta o queixo e dá um passo à frente no 
palco. 
 
 
 
Dante vence no final. 
Todos nós sabíamos que ele venceria. 
E paga cento e vinte e nove mil dólares pelo prazer de torturar 
Cadee por uma tarde. 
Ou uma noite. 
Ou inferno, o que eu sei? Talvez Mona não volte e ele realmente 
consiga mantê-la por duas semanas inteiras? 
 
 
 
Todas nós, garotas, voltamos para a Glass House sem dizer uma 
única palavra quando acabou. Valentina e Selina têm que segurar 
Isabella para levá-la para dentro, porque ela está bêbada. 
Eles a ajudam a se sentar no sofá de dois lugares e ela cai contra 
as almofadas. — Fugling! — grita. — Bebida! Agora! 
Estou confusa por um momento. Por algumas razões. Estamos 
jogando um jogo de bebida e é a minha vez? Ou ela está seriamente 
me pedindo para servir uma bebida para ela? — Uh... eu acho que 
não, Isabella. Você não precisa de mais bebidas. E não estou com 
vontade de servir a ninguém agora, muito menos a você. 
— Ignore-a — chama Valentina. — Ela está bêbada. 
— Foda-se! Foda-se todos! Porra... 
Selina coloca a mão sobre a boca de Isabella. — Cale-se. — Suas 
palavras saem como um silvo. — Apenas cale a boca. — Então ela 
pega o champanhe e serve uma nova taça para ela. 
— Selina! — protesta Valentina. 
— O que? Não vou ouvi-la lamentar e chorar o dia todo. Isso está 
acontecendo com todos, não apenas com ela. — Ela entrega a bebida 
para Isabella, que é aplacada. Mas quando Isabelle vai tomar um gole, 
ela derrama a maior parte na frente do vestido. 
Ela nem percebe. 
— Oh, meu Deus — diz Sophie. 
Todos nos viramos e a encontramos apontando para a mesa de 
jantar. Há cinco bandejas de prata com pilhas e pilhas de dinheiro 
sobre elas. 
— Puta merda! — respira Natália. Então ela sorri. — Qual é a 
minha? 
— Esta — diz Sophie, apontando para a bandeja com uma pilha 
grande e um pequeno cartão branco ao lado com o nome de Natalie 
escrito em caligrafia fluida e curva.— E esta é minha. — Sophie 
realmente sorri. E porque não? Ela alcançou o preço mais alto hoje. 
Cento e quarenta e três mil dólares. — Esta é sua, Cadee. — Ela 
aponta para outra bandeja com uma pilha saudável de dinheiro. 
— Isso é tão fodido — reclama Elexa. Então suspira 
dramaticamente e se senta na cadeira em frente a sua bandeja de 
dinheiro. É uma pilha bem pequena, já que ela só conseguiu o lance 
mínimo de vinte mil. 
— Esse dinheiro não é seu, Cadee — retruca Isabella. — É da 
Mona. 
— Tudo bem — digo. — Eu não aceitaria de qualquer maneira. 
Eu valho muito mais do que isso. 
Todas riem. E eu também. 
Natalie até bufa. — Eu te entendo, Fugling. — Atiro-lhe um 
olhar feio. Ela não percebe. — Mas se temos que fazer isso, podemos 
muito bem ser pagas. 
Mas essa é a coisa. Certo? Temos que fazer isso? 
Talvez elas tenham. Não sei que tipo de arranjo fodido essas 
famílias de mansões do lago têm aqui na floresta, mas eu 
definitivamente não faço parte disso. E até onde eu sei, elas podem 
sair quando quiserem. 
Bem, não Isabella, Valentina e Selina. Obviamente, elas 
assinaram seu contrato com o Diabo há três anos, quando passaram 
pela corrida. Mas todas as candidatas estão aqui por escolha. 
— Então... — diz Sophie. Mas então ela se distrai e não termina 
a frase. Porque está enfiando o dinheiro na frente do vestido. E de 
jeito nenhum vai caber tudo ali, mas então percebo que ela tem bolsos 
escondidos na lateral do vestido. Ainda assim, há apenas tantos 
lugares para esconder pilhas de dinheiro em sua pessoa. 
— O que você está fazendo? — pergunto. 
— Estou fora. 
— O que? — diz Maddie. Ela tem estado muito quieta durante 
tudo isso. 
— Sim. — Sophie ri. — Michael e eu tínhamos um acordo. 
— Você não está fora, Sophie. 
Todos nós nos viramos para ver Cooper parado na porta. 
— Porra que não estou — diz Sophie. — É minha decisão e eu 
digo que estou. 
— Não, Sophie. — Cooper está calmo. Como se ele oficializasse 
a venda de virgens o tempo todo e esse dia não estivesse se 
transformando em um pesadelo louco. — Você fica aqui, quer queira 
ou não. 
— Isso não é verdade! 
Mas as palavras de Cooper voltam para mim. E tenho certeza de 
que elas também voltam para Sophie. Ele não expulsará Mona. Ou 
ela. 
— Temos permissão para sair! — diz Maddie. — Meu pai disse. 
— Sim, você, Maddie. — Cooper a encara. — Porque você está 
aqui apenas para tornar as coisas... interessantes. 
— O que isso significa? — diz Natália. 
— Veja — suspira Cooper. Ele fecha os olhos por um momento, 
depois os abre e olha diretamente para mim. — Eu não faço essas 
regras. Não tenho nada a ver com isso, exceto que recebi ordens para 
ficar aqui com vocês durante todo o verão. E me disseram para 
garantir que Mona e Sophie passassem. Isso é tudo que eu sei. 
— Não — diz Sophie — não. Michael e eu temos um plano! 
Estamos saindo! Estamos... 
Cooper interrompe. — Michael pode ir onde quiser. Mas você não. 
Então ele está preso aqui por mais duas semanas, quer ele queira ou 
não. Porque foi ele quem acabou de comprar você. 
Sophie balança a cabeça. — Não volto amanhã. Nós vamos 
embora esta noite. 
— Você pode tentar ir — diz Isabella do fundo da sala. 
Todos nos viramos para olhar para ela. Ela está de pé. Nem 
mesmo cambaleando. Como se ficasse sóbria em um instante. 
— Você pode tentar — repete. — Eu tentei. E veja onde estou 
agora. — Isabella balança a cabeça e seus olhos ficam vidrados. Como 
se estivesse prestes a chorar. — Eles vêm buscar você. Basta 
perguntar ao Cooper. 
Todas nós olhamos para Cooper. Ele já está atravessando a sala 
para Isabella. Ele pega o braço dela e então se inclina, sussurrando 
algo em seu ouvido. Ela balança a cabeça negando. E as lágrimas 
caem de seus olhos. Mas quando ele a puxa pelo braço, ela o deixa 
conduzi-la pela sala e direto pela porta da Glass House. 
Estamos ficamos caladas. Olhando para a porta. Querendo saber 
o que acontecerá a seguir. 
 
 
 
Ficamos na Glass House, apenas olhando para o nosso dinheiro. 
Sophie chora baixinho. Ela consegue encher ainda mais pilhas em 
sua pessoa. Ela tem ligas por baixo de seu vestido rosa. Então 
claramente não desistiu da ideia de que partirá hoje à noite com 
Michael. 
Mas é um ato estúpido e inútil, porque cerca de trinta minutos 
depois, Axe aparece na porta e diz que precisamos colocar nossos 
biquínis. 
É isso. Isso é tudo o que ele diz. E ele não olha nenhuma de nós 
nos olhos. Apenas cospe o comando e sai. 
Os meninos estão esperando. 
São apenas dez da manhã e este dia está longe de terminar. 
 
 
 
Acho que sei por que Cooper me disse para trazer um maiô. 
Ele não estava interessado em me ver de biquíni. Nós nunca 
ficaríamos juntos na piscina. 
Não. Ele só queria ter certeza de que Dante fosse recompensado 
pela sua compra. 
Victor se aproxima de mim enquanto espero que as outras 
garotas coloquem seus trajes de banho. — Você está bem? — Suas 
palavras são suaves e cheias de preocupação. 
E quero gostar dele. Não acho que Victor seja um cara ruim. Mas 
ele faz parte da corrida do verão a três anos. Quatro, na verdade. 
Esta é a quarta vez para ele. Então, quatro vezes ele veio aqui por 
dinheiro. 
Entendo. Isso é cem por cento besteira. Estou vivendo no auge 
da hipocrisia agora. Na verdade, sou pior. Porque na verdade não fui 
paga para vir aqui. Fui paga antes de vir para cá. 
Parece uma saída agora. 
E também entendo que o pai de Cooper dirige esse show de 
merda. Então sua oferta de preocupação era suja. Ainda não consigo 
encaixar todas as peças, mas estou começando a entender. Por trás 
daquele rosto bem barbeado e cabelos grisalhos bem penteados, 
debaixo daquele terno caro e escondido atrás daquela enorme mesa 
executiva em seu escritório na torre alta – vive o pior tipo de monstro. 
Uma coisa é ficar cara a cara com o diabo e saber com o que você 
está lidando. Outra é perceber que a fera está te perseguindo das 
sombras. 
E agora, Victor parece muito como uma das feras me 
perseguindo das sombras. 
Então sorrio para ele. — Sim. Por quê? Algo errado? 
— Cadee. — Ele meio que ri meu nome. — Vamos. Nada está 
bem. 
— Ei. — Dou de ombros. — Recebi minha pilha de dinheiro. 
Estou bem. 
— Não é seu. É da Mona. Eles não deixarão você ficar com ele. 
Não deixarão você ficar com nada. Não até que esteja totalmente 
dentro. É assim que funciona. Valentina pode exibir seus diamantes 
o quanto quiser, mas não são realmente dela. Tudo pertence a eles 
até que ela se comprometa. 
Comprometer. Hum. O que isso significa, exatamente? Ela já 
está em Fang and Feather. De quanto mais compromisso eles 
precisam? 
Gostaria de poder perguntar a Victor, mas simplesmente não 
confio nele. Não confio em ninguém agora. — Então? Posso apenas 
esperar. Você tem, certo? — Tento manter meu tom neutro. Mas 
realmente não consigo. E Victor não é um cara burro. Não sei qual é 
a sua história real, mas ele não é um ninguém. 
Todo mundo na High Court é alguém. 
Há apenas uma escala muito grande que os mede. E ele está lá 
embaixo, com certeza. Mas comparado a mim? Sim. Estou em algum 
lugar nos negativos. 
E ele está dentro, Cadee. 
Ele está até o fim. 
Ou ele não estaria aqui ainda. 
Ele está tão perto desse doce prêmio, ele pode praticamente 
prová-lo. 
Os olhos de Victor escurecem por um momento. Raiva? Isso é 
raiva? Ou vergonha? Não posso dizer, mas ficarei com a raiva, porque 
essa é a reação típica da vergonha de qualquer maneira, não é? 
Ele não tem chance de responder por que Valentina sai do 
vestiário. — Volte ao trabalho, Victor. Agora. 
Ele respira fundo e murmura — Tenha cuidado, Cadee — ao 
expirar. Então se vira e volta para a cozinha. 
Não sei se isso foi um aviso ou uma ameaça. 
Acho que ficarei com os dois por segurança. 
— Não fale com ele, Cadee. 
Eu me viro para Valentina. Ela usa um biquíni amarelo 
brilhante com padrões de cristal costurados no sutiã. Etem cabelos longos e escuros com cachos selvagens 
e rebeldes que combinam perfeitamente com seus olhos escuros e 
regata preta. Ela é sexy. De todas as formas possíveis. Ela tem as 
curvas, a boca carnuda manchada de vermelho com batom brilhante 
e os saltos agulha pretos que a fazem parecer mais uma stripper do 
que uma estudante que se formou no ensino médio na noite passada. 
Não conheço Mona Monroe, mas já a vi por aí, é claro. Ela foi 
para a Prep e os Monroes possuem uma das mansões do lago. Vizinha 
de Cooper, agora que penso nisso. Uma das três que você pode ver da 
janela atrás da mesa de Laurie. 
— Jesus H maldito Cristo! Você pode sair do meu caminho? 
Ela era a melhor atleta da equipe de natação e provavelmente 
estava a caminho das Olimpíadas – porque é isso que fazem as 
crianças com seu status familiar quando são boas em alguma coisa. 
Elas seguem até o fim – mas foi pega no doping no segundo ano do 
ensino médio e praticamente banida do esporte. 
Tem sido uma espécie de rebelde clichê desde então. 
De qualquer forma. Mona abre o escritório do Presidente 
Valcourt e bate a porta com tanto estrondo que toda a sala lotada fica 
assustadoramente silenciosa. 
Todos nós ficamos lá, meio atordoados. E então a gritaria começa 
do outro lado da porta. 
— Cadee Hunter! Você está aqui? 
— Estou aqui! — respondo a Laurie e, em seguida, abro caminho 
pela multidão como Mona fez, menos a linguagem dura. 
Os gritos do outro lado da porta ainda estão acontecendo quando 
finalmente alcanço a mesa de Laurie. E não é Valcourt gritando. 
É Mona. 
Olho para Laurie. — O que está acontecendo? 
— Mona — diz Laurie. Ela é uma mulher de meia-idade que 
coleciona lápis em seu coque da mesma forma que outras pessoas 
colecionam canetas em uma gaveta. Atualmente tem quatro saindo 
de sua cabeça em várias direções. — Esses dois nunca se entenderão. 
Se fosse inteligente, ela teria ido para outro lugar para fazer 
faculdade. 
— Hum. — Não tenho muitas opiniões sobre os planos de 
faculdade dos garotos ricos da High Court Prep. Não posso nem 
entrar na faculdade comunitária local, a menos que faça o GED5, 
 
5 Os testes de Desenvolvimento Educacional Geral (GED) são um grupo de quatro testes de 
disciplina que, quando aprovados, fornecem certificação de que o candidato possui 
habilidades acadêmicas de nível de ensino médio nos Estados Unidos ou Canadá 
porque eles estão se recusando a aceitar o diploma de ensino médio 
caseiro da minha mãe. Então, tenho zero sentimento sobre a decisão 
de Mona de ficar aqui. 
Mas, se você pensar sobre isso, por que ela iria para outro lugar? 
O legado de sua família na High Court remonta a quando este 
campus não era nada além de uma escola de uma sala à beira do Lago 
Monrovian. 
Pegue o caminho de menor resistência, certo? Por que não? É o 
que estou tentando fazer também. Não há espaço para julgar, Cadee. 
Algo bate do outro lado da porta e todos ficam parados 
novamente, observando. Esperando para ver quem sai do escritório. 
A porta se abre e Mona sai, carrancuda para todos. — O que 
diabos vocês estão olhando? — Curiosamente, e sem perceber, 
ecoando as palavras de Cooper Valcourt para mim apenas alguns 
minutos atrás. 
Ela passa por nós e depois desaparece na multidão. 
— Sua vez! — diz Laurie. 
— O que? — Eu me viro para ela. — Agora? Depois disso? 
— Você ficará bem. Ele sempre gostou de você, Cadee. 
— Gostou de mim? Ele nem me conhece. 
Laurie aponta para a porta – ainda aberta. — Entre, mocinha. 
Temos mais trinta e sete crianças para disciplinar esta manhã. 
Aquela festa ontem à noite entrou para a história. — Ela pisca para 
mim. — Não é por isso que você está aqui, querida. Não se preocupe. 
Claro, não é por isso que estou aqui. Nunca fui a uma das 
infames festas de formatura. — Você sabe por que estou aqui? 
Ela está prestes a abrir a boca e me responder quando Valcourt 
grita: — Cadee Hunter! Não tenho o dia todo! 
— Vá — diz Laurie. — Você ficará bem. 
Não sei sobre isso. 
Depois da morte da minha mãe, há duas semanas, duvido que 
volte a ficar bem. 
 
 
 
Tenho sentimentos por Cadee Hunter agora. 
Os odiosos. 
Jesus Cristo. Não fico cara a cara com aquela garota desde que 
estava no último ano do Prep, três anos atrás, e ela era a última 
pessoa que eu queria ver saindo do escritório do meu pai esta manhã. 
Esqueça. Tire-a da cabeça. Porque, Cooper, você tem coisas 
maiores para lidar. 
Como a porra do caminhão estacionado no gramado da frente do 
meu pequeno chalé de tijolos vermelhos de três cômodos e a meia 
dúzia de homens enormes removendo meus móveis. 
Começo a correr pela floresta, gritando. — Ei! Que diabos? — 
Paro bem na frente do maior, um cara enorme com canhões nos 
braços que está segurando a ponta da porra do meu sofá. — Ponha 
de volta! Agora mesmo! 
— Cooper? 
Eu me viro e encontro o xerife Woods andando até mim. Ele é 
um homem baixo, de meia-idade, com um bigode grosso que você 
encontra principalmente em cowboys antigos. E é na maioria das 
vezes um cara legal, mas também é um dos comparsas da High Court 
– ou seja, ele trabalha para o meu pai. — Faça-os parar. 
— Seu pai me ligou esta manhã... 
— Não me importo. São as minhas coisas. Não dele. 
— Você tem recibos? 
— Recibos? Você está brincando comigo? 
— Olha, filho. — Woods coloca a mão no meu peito e 
imediatamente me lembro de como Mona me empurrou na frente do 
prédio da administração. 
Olho para a mão dele. Respire. E então lentamente levanto meus 
olhos para os dele. 
Ele tira a mão do meu peito. Escolha sábia, idiota. Porque não 
estou no clima. 
— Você foi expulso. Tenho o aviso de despejo aqui. 
Arranco o pedaço de papel da mão dele e o examino, então o 
amasso e o jogo de lado. — Ordem de despejo? Diga-me, xerife, como 
se faz para obter um aviso de despejo de emergência para moradia 
estudantil sem que o ocupante seja avisado? 
Vou surtar. Posso sentir a raiva dentro de mim pronta para 
explodir. 
Woods, para seu crédito, parece envergonhado. Porque nós dois 
sabemos que esse chamado aviso de despejo pode ter a assinatura do 
Juiz, mas foi obtido em segredo, durante as primeiras horas da 
manhã, provavelmente na porra da cozinha do Juiz, sem o devido 
processo, e em troca de uma soma saudável de dinheiro ou a 
promessa de um favor futuro. 
— Achei que você fosse melhor do que isso. — Acho que não custa 
envergonhar o xerife. Ele fez um juramento para proteger e servir. 
— Filho — diz Woods calmamente. — Está feito. Ele quer você 
fora. 
— Ele quer que eu me mude para casa. Você sabe que é disso que 
se trata. 
O xerife Woods tem vista para o Lago Monrovian. Bem na 
mansão da família Valcourt, na margem oposta. É uma casa 
imponente, mesmo a esta distância, que fica a uns bons 800 metros. 
Então ele olha para mim. — Cooper, se está tão chateado por seu pai 
está se esforçando para fazer você voltar para a mansão da família, 
então... 
— Você não entende... 
— Cale-se. — Ele faz uma pausa para que suas palavras afiadas 
possam ser absorvidas. — Apenas vá para casa. Suas coisas pessoais 
já estão lá. Isso é apenas... coisas. E vai para o depósito. Tenho 
certeza de que você voltará no final do verão. — Mas então ele para 
e dá de ombros. — Ou não. Realmente não me importo se você está 
indo ou vindo. Mas você precisa sair da minha frente ou passará o 
dia na prisão. 
Minhas próprias palavras para Cadee Hunter jogadas para mim. 
E parece carma. Corro meus dedos pelo meu cabelo e me afasto. — 
Foda-se essa merda. 
Estou quase nos jardins centrais quando vejo Axe vindo em 
minha direção. Sua boca se movendo muito antes que eu possa ouvir 
suas palavras. Então, quando ele finalmente está ao alcance da voz, 
eu alcanço metade de seu monólogo... 
—… e sabe a pior parte? Ele pegou a porra da minha conta 
bancária! Minha conta bancária. Com o meu nome! Cheio de dinheirosua pele já é 
marrom, então não precisa de um bronzeado para fazer esse biquini 
ficar ótimo. Seu longo cabelo preto está preso, como Mona usa. Sua 
maquiagem é perfeita – seus lábios brilhantes e rosados, cílios longos 
e exuberantes, e maçãs do rosto brilhantes. Seu corpo é bem 
tonificado com curvas em todos os lugares certos. Ela é uma atleta. 
Jogou beisebol no time das meninas quando era mais jovem. E é 
inteligente também. Lembro muito de Valentina. Oradora da turma 
em seu último ano na Prep. Eu estava nos jardins centrais ajudando 
meu pai no dia da cerimônia, então ouvi seu discurso. 
Ela é linda em todos os sentidos mensuráveis. 
Antes desse momento, eu poderia ter me sentido melhor 
imaginando-a tão feia por dentro. E três dias atrás, eu teria 
acreditado. 
Mas ela não é. Ela está apenas jogando um jogo como todo 
mundo. Está... atuando, eu percebo. É apenas um papel que ela 
precisa dominar. 
— Por que eu não deveria falar com ele? 
— Porque ele é perigoso. Apenas um espião. Todos os garçons e 
cozinheiros aqui são apenas espiões. É assim que ganham seu lugar. 
É assim que ganham o dinheiro deles. Um movimento errado, uma 
palavra errada, e ele vai dedurar você para quem perguntar. Não 
confie em ninguém. 
— Nem mesmo em você? 
Ela nem pisca. — Nem mesmo em mim. 
— Obrigada — digo. 
— Pelo que? 
— A verdade. 
Ela sorri e desliza os óculos escuros sobre os redondos olhos 
castanhos. — Estamos nisso juntas agora, Fugling. Todas nós vamos 
nadar ou afundar juntas. 
Eu deveria estar ofendida com o nome. Mas ela não fala de forma 
indelicada. 
Ela fala... de forma inclusiva. 
Sou uma delas agora. 
Goste ou não, estou dentro. 
— E agora? 
Valentina e eu nos viramos para encontrar todas as garotas 
esperando por instruções. Até Selina. 
Valentina solta um longo suspiro. — Agora... fazemos o que eles 
nos dizem. 
— O que? — Sophie está em pânico. Seu rosto está todo 
manchado de tanto chorar. E sua pele é tão clara, seu cabelo tão 
vermelho, este não é um bom visual para ela. 
— Não se preocupe — diz Valentina. — Eles não a farão realizar 
favores sexuais. 
— Como você sabe? — pergunta Elexa. 
— Porque você tem que consentir com tudo, Elexa. Então, se você 
chupar o pau de Ivan, é porque você disse sim. 
Elexa cruza os braços sobre o peito. Ela é a única que usa um 
maiô. — Eu não vou dizer sim. 
Valentina dá de ombros. — Então não diga. Mas tudo tem 
consequências. Ivan terá o que dizer se você não o fizer feliz. Confie 
em mim. 
— O que isso significa? — pergunta Maddie. Como Sophie, ela 
também está à beira do pânico. 
— Vocês verão. Impossível dar muitos spoilers. Pode arruinar o 
verão de vocês. Por duas semanas vocês farão o que eles disserem ou 
vocês dirão não. E se disserem não, eles se lembrarão disso no 
próximo desafio. Então escolham suas batalhas, senhoritas. Tentem 
ser amigas deles. Se puderem fazer isso, facilitará muito. 
Elas não acreditam nela. 
Inferno, eu não acredito nela. 
— Ouça — diz Valentina. — Entendo. Eu era vocês há três anos. 
E sabe quem me comprou? Axe Olsen. 
Todos olham para a porta que dá para fora, embora nenhuma de 
nós tenha visão de raios-X e possa vê-lo do outro lado. 
— Axe Olsen — repete Valentina. — Não é um bom partido, não 
é? 
Todas, menos eu e Selina, concordamos. 
— Mas ele e eu estamos do mesmo lado agora. Eu tenho as costas 
dele, ele tem as minhas. E deixe-me dizer uma coisa agora, Elexa. 
Ivan Turgenev não é um cara ruim para se ter ao seu lado. Aceite 
minha palavra sobre isso. Axe foderá as pessoas se elas me tocarem. 
E se você compreender bem o Ivan, ele fará isso por você também. 
Tente fazê-lo feliz. Sorria hoje. Deixe-o saber que você não usará 
coisas contra ele. Ele está jogando o jogo dele assim como você está 
jogando o seu. Esteja no Time Ivan e ele cuidará de você, Elexa. — 
Então Valentina olha para mim. — Mas não te darei o mesmo 
conselho. 
— O que? 
— Dante? — Ela balança a cabeça. — Ele é apenas ruim. Mas 
Mona pode lidar com ele. Ela é a única que pode lidar com ele. Então, 
se você está se perguntando por que Cooper a jogaria para o lobo 
assim? É por isso. Mona pode cuidar de si mesma e você é apenas a 
substituta dela. 
Engulo em seco. A realidade do que está acontecendo de repente 
afundando. — Como você sabe que ela vai voltar? 
Valentina franze a testa. — Ela apenas vai. 
Selina dá um passo à frente e sorri para elas, cruzando as mãos 
na frente. — Agora. Vamos lá e nos divertir. — Ela acena com a mão 
para a porta, convidando-nos a ir primeiro. 
Mas não nos movemos. 
— Vamos, crianças — diz Valentina, batendo palmas para 
chamar nossa atenção. — Bancarei a babá por um dia. E lembrem-
se, Axe está aqui. Eles não vão contrariá-lo e ele não me abandonará. 
Ainda assim, ninguém se move. 
Então foda-se. Eu vou primeiro. 
Se você vai encontrar o Diabo, você também pode encontrá-lo de 
frente. 
 
 
 
Isabella tropeça na maior parte do caminho pela floresta 
enquanto eu a levo para minha casa. 
— Não quero ir. — Ela tem choramingado isso, uma e outra vez, 
desde que saímos da corrida. 
— Não me importo. Você está bêbada. Não adianta ficar lá. Você 
só vai... pegar uma insolação. — Insolação, Cooper? Sério? Reviro os 
olhos para mim mesmo. — Farei o café da manhã e você pode dormir 
no meu quarto. 
Mas quando chegamos à minha casa, não há como levá-la escada 
acima. E quando eu a levo até o sofá na grande sala, ela cai nas 
almofadas de lado e meio que desmaia. 
Dou um passo atrás e olho para ela. Ela é uma bagunça do 
caralho. 
Mas desmaiada eu posso lidar com isso. Cambaleando bêbada, 
atirando pela boca? 
Não. Não vamos lá hoje. 
Ainda preciso descobrir o que aconteceu com Mona. 
Quando saio, não sei se devo ir até a porta da frente ou 
simplesmente ir até o pátio dela. Mas, no final, não é minha decisão, 
porque a próxima coisa que sei é que um de seus guarda-costas está 
se aproximando de mim. 
— Posso ajudá-lo, Sr. Valcourt? 
Hum. Não conheço nenhum deles. Posso dizer com cem por cento 
de certeza que nunca conversei com um dos guarda-costas de Mona. 
Então, não sei como abordar esse cara gigante em um terno preto. 
Finalmente decido pela ignorância. — Você viu Mona? Ela não 
apareceu para a corrida esta manhã. 
— A senhorita Monroe está dentro. Siga-me. 
Isso foi mais fácil do que o esperado. Nunca um bom sinal pela 
minha experiência. Mas eu o sigo até a frente da casa e entramos 
juntos. 
Mona está bem na minha frente. Bem. Ela está na minha linha 
de visão, mas sentada em um sofá nos fundos da casa. De perfil, ela 
não olha na minha direção, ocupada clicando em um controle remoto. 
— Você está brincando comigo, Mona? — Percorro a distância do 
corredor em vinte passos e então dou a volta no grande sofá de couro 
marrom estofado para bloquear sua visão da TV. 
Ela nem me reconhece. 
— Mona? 
— Posso te ouvir. Não precisa gritar comigo. 
— Onde diabos você estava? 
Ela pausa sua navegação na Netflix para olhar para mim. — 
Qual é o ponto? Não posso fazer o teste de drogas hoje de qualquer 
maneira. 
— Poderíamos ter pagado a ela. 
Mona ri. 
— Poderíamos ter tentado. 
— Já falei com seu pai. 
— Falou? — Hum. — Tentei ligar para ele. Ele não atendeu. 
— Sim. Ele mencionou isso. Disse-me para lhe dizer que ele não 
quer ser, aspas, ‘incomodado com mais besteiras de verão enquanto 
está de férias’, fim das citações. — Mona finalmente olha para mim. 
E sorri. 
— Certo. — Quero dizer, ele é um idiota e odeio meu pai um 
pouco mais a cada dia. Mas foda-se. Não deixarei Mona entrar nos 
meus problemas com o papai. — Assim. O que ele disse? 
— Ele disse que eu posso fazer o teste de drogas em duas 
semanas. Estou em prisão domiciliar. Esses idiotas cabeças ocas que 
você vê atrás de mim... — puta merda. Há um monte de idiotas 
cabeças ocas descansando em sofás e cadeiras do outro lado da sala 
— se certificarão de que eu me comporte. E ele nãoserá responsável 
pelo que acontecer comigo se eu não fizer isso. Sou um pedaço de 
merda inútil que pensa que esta boa vida que me foi dada é um direito 
em vez de um privilégio. Também sou gananciosa, estúpida, 
preguiçosa e nunca chegarei a nada. 
Quase gargalhei. 
— Fico feliz que você ache isso engraçado. 
— Desculpe. É que... recebo o mesmo discurso o tempo todo. 
Ela bufa. 
— O que diabos você estava pensando? 
Ela dá de ombros, então sussurra. — Não quero fazer isso. 
— Nenhum de nós quer. 
— Isso não é verdade. Dante quer. Ivan quer. Tenho certeza de 
que Elexa também quer. Natasha é um talvez. — Ela olha para mim. 
E talvez pela primeira vez, eu dê uma boa olhada na minha vizinha. 
— Por que o Presidente não pode ficar feliz com eles? 
— Não sei, Mona — digo baixinho. Simpaticamente. Porque 
entendo. Também não quero estar aqui. — Isabella está ao lado, na 
minha casa. 
— Por quê? 
— Ela começou a beber por volta das cinco da manhã desta 
manhã. Está desmaiada na grande sala. 
Mona ri. — Oh. 
— Mas eu poderia carregá-la até aqui e... 
— Não. Obrigada. 
Apenas fico lá. Sem saber o que fazer a seguir. 
— Sente-se se for ficar. 
Eu sento. Provavelmente não deveria ficar. Mas ainda não estou 
pronto para voltar. 
— Como foi o leilão? 
— Cadee substituiu você. 
Mona se endireita e cobre a boca. — Merda. Cooper, me desculpe. 
— Que seja. Axe e Lars estão lá para garantir que Dante não 
faça nada. 
— Dante! Você está brincando comigo? Por que Dante me 
compraria? 
— Ele não comprou você, ele a comprou. 
— Certo. Então, por quanto fui vendida? 
Maldita Mona. — Você não foi nada. Cadee foi vendida por cento 
e vinte e nove, eu acho. 
— O que... o quê? 
— Sim. Ele realmente a quer, eu acho. — Sinto uma sensação de 
mal-estar no estômago e então minha cabeça está latejando 
novamente. — Então... eu entendo que sou apenas seu vizinho idiota 
e mal notei você por basicamente toda a sua vida. Mas é realmente 
uma merda que você esteja fora por duas semanas inteiras, porque 
eu contava com você, Mona. 
— Sinto muito. Eu só... perdi o controle ontem à noite. E foi bom 
conversar com Cadee. Eu gosto dela. 
Aceno com a cabeça em concordância. Porque também gosto dela. 
Eu me afastei três anos atrás – a persegui, na verdade – e então não 
pensei nela novamente até que ela esbarrou em mim na frente do 
prédio da administração. E agora sinto que ela está constantemente 
em minha mente. E não só isso, eu me sinto de alguma forma 
responsável por seu envolvimento. O que significa... agora eu preciso 
consertar isso. 
— Mona. Preciso fazê-la ir embora. 
— Ela não quer ir. 
Eu suspiro. — Eu entendi isso. E entendo que não é realmente 
meu papel tomar essa decisão por ela. Mas você, de todas as pessoas, 
sabe quão destrutivo é esse caminho em que ela está. 
Mona olha para mim como... como se sentisse pena de mim. E 
por um momento eu começo a ficar com raiva. Quem é essa garota – 
essa garota problemática e irritada que é a causa real desse problema 
que estou tentando consertar neste exato momento? Quem ela pensa 
que é? 
— Cooper, você não pode me culpar por querer me salvar e, ao 
mesmo tempo, tentar ajudar outra pessoa. Isso não é justo. 
E não disse isso para Cadee ontem à noite? Colocar toda a culpa 
em mim pelo que aconteceu há três anos não era justo. 
E ela não se importou. Ela me culparia de qualquer maneira. 
Assim como culparei Mona. 
— É um ciclo vicioso — digo. 
— Sim. E é fácil ser a vítima. Muito mais fácil apenas aparecer 
para a corrida de verão e ir junto. Porque lutar é difícil. Se eu 
realmente quisesse ir embora, Cooper, já teria feito isso há muito 
tempo. Mas aí eu perderia tudo, não perderia? Então invento 
desculpas. Digo a mim mesma que é tudo o que me resta da minha 
família. Essa porra de casa estúpida e esses guarda-costas estúpidos. 
— Então ela se levanta e olha para eles. — E sei que dou a vocês todo 
tipo de merda. Provavelmente enlouqueço vocês diariamente. E 
diabos, todos vocês provavelmente me odeiam agora. Eu não facilito. 
Mas vocês... — ela aponta para eles. Olha para eles. Não. Os 
reverencia. 
Todos os seis, sete, oito... dez. 
— Vocês, caras? Vocês são tudo o que tenho além desta casa. 
Vocês são a última coisa que resta da minha antiga vida. — Então 
ela olha para mim. — E não desistirei deles. Não vou abandoná-los 
porque eles não me abandonaram. E não sairei desta casa. Nunca. É 
minha. A única casa que tenho. Então foda-se. Eu ficarei. Talvez 
nunca saia daqui. Talvez eles me possuam. Mas enquanto eu os tiver 
cuidando da minha bunda, eu lutarei contra todas as chances que eu 
tiver. 
Olho por cima do ombro para seus guarda-costas e sorrio. — 
Talvez haja algo que você possa fazer? 
 
 
 
Saio com cinco dos guarda-costas de Mona, e enquanto nós 
caminhamos pela floresta em direção à Glass House, eu me sinto um 
pouco menos como um completo pedaço de merda do que uma hora 
atrás. 
Mas quando chego lá e vejo Dante tentando colocar o braço em 
volta de Cadee enquanto ela se afasta, tudo desaparece. 
Viro-me para os guarda-costas. Mona me disse seus nomes. 
Havia um Chad, um Bing e um Rock. Os outros, eu perdi a noção 
depois disso. — Ok. Aqui está o que preciso que vocês façam. Vocês 
vêem aquelas garotas lá fora? Aquelas com os caras penduradas em 
cima delas? 
Cada cabeça oca se vira para olhar para as meninas. Então eles 
se viram para mim. Não dizem nada, apenas acenam. 
— Ok. Cada um de vocês fica com uma. Vocês as tratarão como 
se fosse Mona. Não sairão do lado delas. Nunca. Quando elas forem 
dormir, se estiverem sozinhas? Vocês ficarão de guarda na porta. Se 
elas não estiverem sozinha, vocês se recusarão a dar privacidade. 
Uma noite. Vocês não deixarão essas garotas fora da vista de vocês, 
a menos que estejam dormindo sozinhas. Entenderam? 
Eles acenam novamente. 
— Amanhã, os outros cinco tomarão o lugar de vocês e vamos 
trocar assim até que eu possa descobrir qual é o próximo passo. Hoje, 
vocês não deixam aqueles garotos sequer pensarem em tocar aquelas 
meninas. Temos cinco semanas dessa corrida. Muito tempo para isso 
mais tarde, se optarem por ficar. Agora vão. E lembrem-se – elas são 
Mona no que diz respeito a vocês. 
Suspiro quando os cabeças ocas se afastam e ando até as 
meninas. E mesmo que eu não os tenha atribuído a ninguém em 
particular, todos parecem saber qual garota estão protegendo. Sem 
hesitação. 
Cadee acaba com um enorme cara branco com uma cabeça 
redonda e raspada, um pescoço tão grosso que tenho certeza de que 
sua camisa branca engomada sob o paletó é feita sob medida, e um 
olhar de total maldade colado em seu rosto. 
Cruzo meus braços e prendo a respiração enquanto ele se 
aproxima de Dante, que ainda está tentando agarrar Cadee. Ele 
sequer olha para Dante. Simplesmente fala baixinho com Cadee. 
Seus olhos correm ao redor até que ela me encontra. 
E então... ela sorri para mim, murmurando as palavras 
Obrigada. 
Aceno para ela, então observo Dante por um momento. Ele está 
zangado. Tentando discutir com o grande cara branco que chamarei 
de Meat por enquanto, já que não sei o nome dele. Mas Meat 
simplesmente cruza os braços e desliza para uma posição confortável, 
desafiando Dante a fazer um movimento. 
Dante não faz. Seu olhar se volta para mim e então ele vem na 
minha direção. 
Axe e Lars chegam ao meu lado e esperamos pela explosão de 
Dante. 
— Que porra é essa, Cooper? Não é assim que deve ser! Uma 
babá? Pelo que diabos eu acabei de pagar? 
— Você tem o que você pagou — digo calmamente. 
— Ela é minha — rosna. 
— Ela é — concordo. — Mas eu estou conduzindo essa corrida. E 
eu digo que essas garotas precisam de um momento. Elas precisam 
respirar, Dante. Então, estou dando a elas tempo para chegar a um 
acordo com as coisas. Nenhum dos outros caras parece ter um 
problema com isso. Então, se você tem, isso só faz de você um idiota. 
Ele olha ao redor,desejando que minhas palavras sejam uma 
mentira. Mas estou certo. Os outros caras estão gostando de suas 
novas adições. Jamie e Michael parecem um pouco aliviados, pelo que 
posso dizer. Inferno, Ivan está servindo ao segurança uma porra de 
uma dose de vodka enquanto assistimos, e Roland cumprimenta o 
dele. 
Dante olha para mim. Cutuca-me no peito com o dedo. 
Axe faz um movimento, mas estendo meu braço e o paro. — 
Deixe Dante dar sua opinião, Axe. 
— Isso não acabou. Você pode pensar que meu pai não é ninguém, 
mas ele tem mais poder do que você imagina. 
— Interessante — digo. — Porque eles me deram uma lista de 
pessoas que devem sobreviver neste verão, Dante. E seu nome não 
estava nela. Mas o de Mona estava. Então... — dou de ombros. — 
Jogue bem o seu jogo e talvez ela o traga para o passeio. Mas se você 
foder com Cadee, vou cortar sua bunda dessa corrida tão rápido que 
a cabeça do seu pai vai girar. 
Dante olha para mim, depois para Lars e Axe. — Fodam-se vocês. 
Veremos quem comandará as coisas no próximo ano. 
Lars ri. — Bem, mesmo que não sejamos nós, com certeza não 
será você. 
— Saia, Dante — diz Axe, enxotando-o com um movimento de 
sua mão. — Nós somos a classe dominante, quer você goste ou não. 
Melhor apenas engolir esse fato inteiro agora para poder digeri-lo 
durante o verão. 
Aceno e sorrio para ele. — Nós somos os Reis Valentões. Aceite 
isso. Ou não. Realmente não dou a mínima. Mas este é o seu único 
aviso, Dante. Não me incomodarei com outro. 
E falo sério sobre isso. 
Não serei responsável por outra Isabella. Nunca. 
Minha primeira noite de desafio um foi um desastre sangrento. 
E isso não é uma figura de linguagem. 
Isto nunca acontecerá novamente. Nunca. 
Dante sai furioso, claramente infeliz. Mas não me importo. Eu 
me viro para Lars. Porque acabei de ter um mau pressentimento 
sobre Isabella. — Vá para minha casa. Isabella está desmaiada no 
sofá. Certifique-se de que ela não faça nada estúpido. 
Lars olha para a floresta. — Porra. — Então ele olha para mim. 
— Sem problemas, Coop. Eu cuidarei dela. 
E dele também. 
Axe e eu assistimos Lars desaparecer na floresta. Então eu me 
viro para ele. — Você vigia esse fodido do Dante. Ouviu? Não me 
importo que ela tenha um guarda-costas. Você fica com Cadee até 
Mona voltar. 
— E depois? 
Penso no que Cadee me disse. Como Axe está dormindo em sua 
casa de barcos porque não quer ir para casa. — Então você fica com 
Mona também. 
Ele solta um longo suspiro. E reconheço alívio quando o vejo. 
Então ele dá um tapinha nas minhas costas e diz — Combinado. — 
E sai, gritando — Cades, minha doce torta brilhante. Quer jogar strip 
poker comigo? Eu gosto desse biquini. Fodidamente chamativo, 
querida. Mas gosto mais do que está por baixo. 
Dante quase enlouquece quando começa a caminhar em direção 
a Axe com as duas mãos estendidas, parecendo um idiota total e 
vomitando ameaças. 
Eu sorrio. Não posso evitar. 
Porque Axe – aquele cara vive de acordo com seu próprio 
conjunto de regras. 
É por isso que ele está no meu time. 
Ele é um pensador fora da caixa, se é que já houve um. 
E entre ele e Meat, Dante não tem a mínima chance de ficar um 
momento a sós com Cadee. 
 
 
 
Quero odiar Cooper Valcourt. Eu realmente quero. 
Quero lutar contra ele. E culpá-lo. E responsabilizá-lo por todas 
as coisas ruins que aconteceram durante o período de duas semanas 
que passei sendo a substituta de Mona. 
Mas não posso criticar, culpar ou responsabilizá-lo mais do que 
qualquer outra pessoa envolvida nessa corrida. Incluindo a mim 
mesma. 
Porque estamos apenas fazendo o nosso melhor. 
E enquanto os guarda-costas não impedem nada do que está 
acontecendo, eles tornam isso tolerável. 
Dante, no entanto, é um fodido engenhoso. E ele aproveita cada 
momento livre quando não estou sendo observada. Usa todas as 
oportunidades durante nossas duas semanas juntos para me 
atormentar e me colocar no meu lugar. 
E faz isso bem. Preciso reconhecer. Ele é um oportunista ao 
enésimo grau. 
Então, aqui está como um desafio se lança para mim. 
Durante o dia, passamos o nosso tempo na piscina. Ou dentro da 
Glass House. Às vezes vamos a outros lugares na floresta – ele me 
levou a tumba uma vez. Achei que me levaria para dentro, mas o 
guarda-costas tinha outras ideias, e então Cooper apareceu e 
empurrou Dante para a Glass House enquanto eu os seguia. 
Mas, na maioria das vezes, apenas ficamos na piscina. 
A maioria dos garotos se diverte com suas parceiras. Eles 
começam um jogo de polo e brincam na água. Balançam marretas em 
bolas de croquet. Têm almoços longos e tranquilos. Na verdade, não 
é um momento ruim. 
Se você for um deles. 
Porque Valentina estava certa. Talvez Axe tenha dado aos 
garotos o mesmo discurso sobre serem parceiros, porque aqueles 
meninos parecem muito felizes. Até Sophie e Michael se divertem 
muito. Ele segura a mão dela e serve bebidas e salgadinhos. Diz que 
ela está bonita e eles fazem longas caminhadas juntos. Ela ainda 
aparece todas as manhãs com o rosto excessivamente manchado de 
vermelho. Mas se acomodou. E, eventualmente, por volta do meio-dia, 
ela até ri das piadas idiotas de Michael. 
Até Ivan e Elexa parecem se divertir. Eles não andam de mãos 
dadas ou fazem longas caminhadas – e Ivan é um pouco grosseiro 
para o meu gosto – mas Elexa não mandou seu guarda-costas para 
cima dele quando ele deu um tapa na bunda dela enquanto pedia 
uma cerveja no terceiro dia. Ela parecia bem com isso. No mínimo, 
ela fez as pazes. E mesmo que as palavras de Ivan não sejam bonitas, 
posso dizer que ele tem respeito por Elexa. Ele não a forçará a chupar 
o pau dele à noite – mesmo que Elexa tenha mandado seu guarda-
costas de volta para Mona no quinto dia e eu tenha certeza que ela 
está chupando o pau dele à noite agora. Ivan e Elexa chegaram a um 
acordo de que estão nisso juntos. 
Maddie e Natasha parecem tolerar Jamie e Roland. Eles não se 
comprometem tanto, mas não há drama. 
Dante e eu, no entanto... sim. 
Isso é drama. 
Ele só passa isso para mim. Maldade. 
Todos os dias há um incidente. Todos os dias eu sou grata por 
esse guarda-costas. E todos os dias Dante me lembra de que não 
pertenço e que quando chegar ao final do verão e terminar o primeiro 
rito, ele me mostrará – e a Cooper, por extensão – quanto poder ele 
realmente tem. 
Tento não revirar os olhos para ele, mas na maioria das vezes 
não consigo segurar. 
No entanto, estou um pouco preocupada com as palavras 
primeiro rito. 
Não por mim. Não vou à cerimônia final na tumba com as outras 
garotas. Esse será o trabalho de Mona. 
Mas Axe está sempre por perto quando estamos na Glass House. 
Então ele e eu nos aproximamos novamente. Ele vive principalmente 
para tornar a vida de Dante miserável e não interfiro. Mas de vez em 
quando ele faz uma pausa e se senta ao meu lado sob uma das tendas 
de teto de palha e começa a me contar coisas. 
Coisas como os meninos não têm ideia do que está por vir. E 
como Dante não chegará ao fim porque Cooper o odeia e se certificará 
disso, mas mesmo que o faça, ele terá uma grande surpresa. 
Pequenas dicas como essa. 
Isso me deixa preocupada com as meninas. Principalmente 
Sophie. Porque embora eu achasse que conhecia essas garotas da 
High Court Prep, e não achasse que nenhuma delas possuísse uma 
alma gentil, eu estava errada. 
Sophie é gentil. Ela é doce e boa, e só quer sair. 
E é uma das duas que não podem sair. 
Estou realmente surpresa que Maddie e Natasha não saiam 
antes do final das duas semanas. Elas não são investidas. Não se 
importam. Acho que estão felizes com o espólio que recolheram do 
leilão. Acho que a única razão pela qual ainda estão aqui é porque 
Jamie e Roland pediram para ficarem. 
Mas se o desafio dois ficar intenso, eu tenho a sensação de que 
elas desistirão. 
De qualquer forma. Dante se esforça, todos os dias, para me 
fazer pagar por qualquercrime que ele acha que cometi contra ele. 
Seus pais, assim como seus irmãos e irmãs, estão todos em casa 
quando vamos lá todas as noites. Eles não parecem pensar que Dante 
trazer para casa uma garota estranha de um leilão na floresta é um 
grande negócio. Ou o guarda-costas que vem com ela. 
A primeira noite nós jantamos com eles e eles me fizeram um 
monte de perguntas que girou em torno de Quem diabos é você? e Por 
que Mona não está aqui? Nenhuma das quais eu respondi por que – 
espere – Dante me proibiu de falar com a famíliaa dele. Ele me disse 
que sou apenas uma substituta e ninguém se importa com o que eu 
penso. 
Seus pais também não acham isso estranho. Sua mãe não para 
de beber seu martíni de maçã e seu pai – uma versão um pouco mais 
bonita, mas mais baixa e mais velha de seu filho – na verdade pisca 
para ele quando Dante revela minha regra de não falar. 
Praticamente posso ouvir as palavras de sabedoria do Sr. Legosi 
para Dante na noite anterior ao primeiro leilão, quando teve que 
implorar por todo aquele dinheiro. Você estabelece essas regras com 
força, filho. Coloque-as em seu lugar desde o início. 
Tal bom partido. Eu gostaria de poder passar todo o meu tempo 
com os Legosis. 
Brincadeira. 
Claro, o guarda-costas não pode vigiar o tempo todo. Aquele que 
Cooper chama de Meat – e Meat não se importa, porque ele começa a 
se identificar para a segurança dos Legosi como Meat no segundo dia 
– está no topo da merda. Falo de forma espetacular. 
Mas meu outro guarda – aquele que Cooper chama de Chatter15 
porque ele não fala, aquele que me vigia das sete da manhã às sete 
da tarde – não é tão investido quanto Meat. Então, Dante realmente 
me encurralou na copa do mordomo no sétimo dia, enquanto Chatter 
fazia uma pausa no banheiro. 
Eu o deixei me beijar. Porque Dante contava com uma briga. Ele 
é tão previsível. Ele queria me pegar desprevenida e roubar aquele 
beijo contra a minha vontade. E não darei a ele esse tipo de satisfação. 
Então eu o beijei. Foi um beijo longo, lento e desleixado que me 
deu nojo e me fez querer vomitar. Felizmente, Chatter abriu a porta 
com um estrondo e Dante recuou. 
Mas ele estava sorrindo. Como se tivesse ganhado. 
Ele não ganhou. Eu desisti da luta. 
Não sou burra. Eu tinha uma semana e, para ser honesta, essa 
semana correu bem. Ele não tentou me beijar novamente. Embora 
tenha andado nu em seu apartamento nas últimas quatro noites. 
Fingi estar impressionada com seu pau. Mas vamos lá. Dei uma 
boa olhada no pau grande e gordo de Cooper Valcourt naquela 
primeira noite em que fiquei na casa dele. 
O pau de Dante nem chegou perto. 
 
15 Tagarela. 
Espero que Dante faça mais uma tentativa de chegar até mim 
no último dia do primeiro desafio, então, quando ele não o faz, fico 
surpresa. 
Ele aprendeu a lição? 
Pode ser. 
Ou talvez apenas tenha percebido que eu não valho a pena? 
Eu realmente não valho, se você pensar nisso. Mona é a garota 
com quem ele precisa se preocupar. Sou apenas a substituta. 
Cooper ficou me observando o dia todo na piscina. Ele manteve 
uma grande distância de mim nas últimas duas semanas 
Acho que ele imaginou que Axe e Meat tinham o problema de 
Cadee Hunter coberto. E Mona não precisaria de todo esse mimo. 
Mona terá guarda-costas com ela o tempo todo. Eu me pergunto se os 
pais de Dante serão capazes de ignorar todos os dez? 
Isso me faz rir. 
— O que é engraçado? 
Olho para cima e protejo meus olhos para ver Lars. Ele fica na 
frente do brilho do sol e cria uma sombra. — Só pensando nos guarda-
costas de Mona na casa de Dante amanhã à noite. 
— O que faz você pensar que ela estará na casa de Dante? — Ele 
se senta ao meu lado e desliza os pés na água. 
— Ela não vai? 
Lars me lança um sorriso de lado. — Sem spoilers. 
— Hum. Agora estou curiosa. 
— Você não precisa ficar, Cadee. Você está fora. 
— Certo. Estou fora. 
— Mas você está bem, certo? — Ele faz uma pausa. Estreita os 
olhos um pouco enquanto olha para mim. — Ele não te incomodou, 
certo? 
— Não. 
— E você me diria se ele o fizesse? 
— Sim. Por quê? 
— Ouvi um boato, Cadee. 
Meu estômago afunda. — Que tipo de boato? 
— Esse alguém... — ele faz uma pausa, suga uma respiração 
profunda. — Deixa pra lá. — Então desvia o olhar sem perguntar. 
Há uma parte de mim que quer que ele pergunte. Uma parte de 
mim que quer que ele saiba o que aconteceu naquele ano. Se esse é o 
boato do qual ele está falando. E que outro boato existe? 
Mas essa parte de mim não é corajosa o suficiente para empurrar 
a questão. 
— Tenho certeza de que é apenas um boato estúpido — diz Lars. 
Então ele sorri e olha para mim novamente. — Esqueça que 
mencionei isso. E de qualquer forma, você está livre agora. Você está 
animada para ir para casa? 
— Casa? Hum. Você fala da casa de Cooper? 
— Não é um lugar ruim para se pertencer. 
Suspiro, em seguida, eu bato a água com os dedos dos pés. — 
Sim. Eu acho. Estou ansiosa para isso. Pelo menos verei Mona 
novamente. 
— Não fume com ela novamente. 
Eu ri. 
— Não por sua causa, Cades. É ela. Ela não pode. Então... se ela 
pedir de novo, desencoraje-a. 
— Você age como se fôssemos amigas ou algo assim. 
— Eu acho que são. 
Não respondo, mas sim. Acho que somos também. Apesar de não 
nos vermos desde aquela noite, há duas semanas, tenho pensado 
muito nela. Talvez até sentindo falta dela. 
— Quer ouvir algo engraçado? — pergunto. 
— Sim. 
— Meu plano original quando descobri que ia trabalhar no 
Acampamento dos Swan... 
— Acampamento dos Swan? 
Eu ri. — É como eu chamei na minha cabeça todos esses anos. 
Mas quando percebi que era para onde ia, inventei um grande e 
grandioso plano para fazer de Mona minha melhor amiga e, juntas, 
expulsaríamos Isabella e tomaríamos sua coroa Cygnus. 
— Você? A rainha? 
— Eu não. — Dou um soco no braço dele. — Mona seria a rainha. 
Eu só ia... 
Mas paro. Porque de repente lembro qual era a minha parte 
naquele acordo. 
A verdade. Eu queria que todos soubessem a verdade sobre o que 
Cooper fez no final de seu último ano na Prep. 
— Você ia o quê? — força Lars. 
— Nada — suspiro e minto. — Apenas... ser um de seus asseclas. 
— É isso que você quer? 
Olho para Lars e acho que ele está... sério demais para essa 
conversa. — Não. Na verdade, não. 
Ele coloca o braço em volta do meu ombro e me puxa para ele. — 
Bom. Também não quero que você seja uma criada. 
Eu me afasto um pouco e olho para ele. — O que está 
acontecendo com você, Lars? Você está agindo estranho. 
Ele apenas sorri, balança a cabeça um pouco, depois se levanta 
e estende a mão. — Você está pronta para ir para casa? 
Eu pego e deixo ele me puxar para cima. Porque não quero que 
Lars pense muito sobre quaisquer rumores que ele possa ter ouvido 
sobre mim. — Bem. Pronta como sempre estarei. 
— Vá se trocar e acompanho você. Cooper e Isabella já foram. E 
Axe está... — Lars examina a piscina. É quando percebo que apenas 
Elexa e Ivan ainda estão aqui, tendo uma conversa particular em 
uma das tendas. Acho que todos estavam ansiosos para ir para casa 
para uma noite de liberdade. — Desaparecido, eu acho. 
Entro e coloco meu short e camiseta por cima do maiô que Sophie 
me emprestou. E então eu paro para sorrir sobre isso. Porque todas 
foram muito legais comigo nas últimas semanas. Saímos todos os 
dias. Não passamos todo o nosso tempo com os meninos. E me afastei 
de Dante sempre que pude. E todas as manhãs, quando entro no 
vestiário dos garçons, há uma sacola de roupas para mim. Cada uma 
delas vasculharam seus armários e encontraram coisas que não 
queriam e me deram. E bem, não são realmente meu estilo, mas 
quando você literalmente não tem nada, quem se importa. É 
realmente a intenção que conta. E todas foram inventivas. Até 
Isabella trouxe roupas de seu armário para mim. E muitos delas 
ainda tinham etiquetas e tudo. 
É quasecomo se elas se importassem comigo. Quase como se eu 
realmente fosse uma delas. 
O que é irônico. Porque agora que estou dentro... estou pensando 
que talvez não queira estar. Talvez eles estivessem certos quando me 
disseram para ir embora. E mesmo que eu chegue até o final do verão, 
talvez eu deva dizer não, obrigada, a essa bolsa de estudos? 
Empurro esses pensamentos para outro dia. Ainda temos seis 
semanas. E amanhã não serei a substituta de Mona. Ela voltará e 
serei o Fugling novamente. Então veremos. 
Quando saio, Lars está encostado em uma árvore perto do 
caminho da floresta. Ele a deixa quando me aproximo e caminha 
comigo. 
— Você é meu guarda-costas agora, Lars? 
Ele me lança um sorriso de lado enquanto caminhamos. — Sabe... 
estou do seu lado, Cadee. 
— Obrigada. 
— Não, eu falo sério. Independente do que seja. Estou no seu 
lado. 
— Certo. Entendo. E... obrigada. Eu agradeço por isso. 
— Nada disso foi ideia minha. Foi de Cooper. 
Não sei aonde ele quer chegar com isso, então fico calada. 
— Naqueles primeiros dias, ele estava errado em fazer isso com 
você. 
Jesus. O que ele está querendo? — Ele se desculpou, Lars. Na 
noite em que Isabella deu aquela festa no meu chalé. Conversamos 
um pouco. 
Lars respira fundo, depois solta lentamente, como se tentando 
pensar no que dizer. — Ele se desculpou por tudo? 
— Não sei do que você está falando. 
— Acho que sim, Cadee. 
— Se você se refere a esses rumores... 
— Eu estou. 
— Olha — digo, parando de caminhar. — Está tudo no passado 
agora. — Ele abre a boca para dizer algo, mas levanto a mão. — Falo 
sério, Lars. Tudo o que ouviu, não é sobre você. É sobre mim. E estou 
lhe dizendo para deixar para lá. 
— Cadee... 
— Não. É a minha vida. Estou tomando minhas próprias 
decisões. E se eu quiser tentar de novo com Cooper... 
— Tentar de novo com Cooper? Então é isso, né? Só Cooper? Era 
tudo para você depois daquele ano? 
— Não. Claro que não. Foi tudo muito igual, você não acha? 
— Eu achava. Mas então ouvi... 
— Pare. Apenas, por favor, pare. Não sei o que estamos fazendo. 
Mas meus sentimentos por você, e Axe, por falar nisso? Eles não 
mudaram. Estou do seu lado também, Lars. E você sabe muito bem 
que Cooper nunca escolheria uma garota em vez de vocês. 
Ele não parece convencido. Mas então ele acena. — Ok. É a sua 
vida. Vamos. Acho que sinto cheiro de comida. 
Estamos do outro lado da estrada asfaltada da casa de Cooper 
quando Lars faz uma grande encenação para cheirar o ar. E ele está 
certo. Sinto cheiro de comida. — Pensei que o pessoal da casa estava 
de férias? 
— Eles estão. — Então Lars sorri, pega minha mão e me conduz 
pela estrada. 
A primeira pessoa que vejo quando entro é Meat. — Ei! — digo. 
E então percebo o que isso significa. — Mona! — Começo a caminhar 
em direção à cozinha. 
— Surpresa! — Ela sai de um corredor lateral. — Você está 
pronta para a festa, Cadee? 
Ela engancha o braço em volta do meu, forçando Lars a me soltar, 
e me leva para a cozinha. A parede de trás das janelas foi aberta para 
que o pátio de frente para o lago seja agora uma extensão da grande 
sala, e lá fora há fumaça soprando na brisa, o cheiro de churrasco no 
ar, e todos da corrida estão no quintal de Cooper. 
— O que é isso? — pergunto. 
— Cooper queria te dar uma festa de boas vindas. 
— Conta outra. 
— Falo sério. Ele está na minha casa quase todas as noites desde 
que você foi sentenciada ao dever de Dante. Ele fez Meat entrar em 
contato com ele a cada duas horas. 
— Pare com isso. 
Ela ri. — Falo sério, Cades. — Ela lança um sorriso torto para 
mim. — Ele gosta de você. Ele queria dar uma festa para você, mas 
não queria que parecesse estranho. Então eu disse a ele que viria. 
Temos muito que recuperar. Agora vá falar com o seu homem. — Ela 
faz uma pausa, inclina a cabeça um pouco. — Homens? Caras? Não 
sei. Acho que você tem todos os três, docinhos. 
— Não sei sobre isso. Axe tem estado muito ocupado com 
Valentina nas últimas duas semanas. E parece que Lars e Selina 
também têm uma coisa acontecendo. 
— Certo. Eles têm. Mas isso é trabalho, querida. Você? — Ela 
aponta o dedo para cima e para baixo no meu corpo. — Você é apenas 
prazer. Será complicado, mas não impossível. Posso te dar um 
conselho? 
— Sim. — Eu rio, incapaz de parar de sorrir. 
— Só não quebre o coração deles. Tenha cuidado com seus 
corações, Cadee. Eles são duros como pregos por fora. 
Aceno. E concordo. — Eu sei. 
— Então... — ela move a mão em direção ao quintal e vejo Cooper 
esperando do lado de fora das portas dobráveis. Mãos nos bolsos em 
vez de cruzadas sobre o peito. Sorriso no rosto e seus olhos... não 
escuros com as profundezas do desespero. 
Pela primeira vez em muito tempo, vejo o azul elétrico de uma 
pena de pavão em vez do veneno de uma chama de gás. 
Ele estende a mão. Convidando-me a me juntar a ele no quintal. 
Para me juntar ao seu mundo. 
E sinto, talvez pela primeira vez em anos, que talvez… tudo 
ficará bem. 
 
 
 
Eu a vejo no momento em que ela entra pela porta e prendo a 
respiração, esperando que ela me veja também. 
Mona a encontra primeiro. Mas não estou focado em Mona. 
Tudo o que vejo é Cadee. 
Eu a tenho visto todos os dias. Eu a vi apenas algumas horas 
atrás. Portanto, isso não deveria ser diferente. Mas é. 
Durante duas semanas mantive distância. Posso não conhecer 
Dante Legosi muito bem, mas conheço seu tipo. Ele vem à minha casa 
para festas como esta – organizadas por meu pai em vez de mim – 
desde que me lembro. 
Mas ele não foi convidado esta noite. 
Não convidei nenhum dos candidatos, exceto Mona, é claro. Isso 
não é sobre eles, é sobre nós. 
Minha pequena equipe. 
Cadee me vê e sorrio um pouco. Apenas o suficiente para que 
saiba que ela é a razão disso estar acontecendo e estou feliz que esteja 
em casa. Então enfio as mãos nos bolsos do short, um gesto nervoso. 
Porque não sei o que fazer com elas. 
Eu a abraço? Pego seu rosto em minhas mãos e a beijo? 
Porque é isso que quero fazer. Tenho um desejo irresistível de 
fazer, na verdade. 
Ela para na grande sala e me encara. Esperando, eu acho. Que 
eu tome uma decisão. 
E então eu sei o que fazer. 
Estendo uma mão e a convido para se juntar a mim. 
Ela caminha sorrindo, depois rindo. E no momento em que coloca 
a ponta dos dedos na minha palma aberta, ela está sem fôlego. 
Acho que nunca sorri tanto em toda a minha vida. — Bem-vinda 
a casa. 
Ela ri, então respira fundo e diz — Obrigada. 
— Vão, vão em frente — cutuca Mona, empurrando Cadee um 
passo para frente para que estejamos tão perto que ela tem que 
levantar o queixo para manter os olhos fixos nos meus. — Divirtam-
se, crianças. A vida é curta, precisam aproveitar. Vocês só têm uma, 
e... todos aqueles outros clichês. — Mona pisca para mim e se vira, 
passando por nós, gritando por Lars. 
Cadee e eu ficamos ali por um segundo. E talvez seja um pouco 
estranho, mas não é assim que deveria ser? 
— Então — digo. 
— Então. 
Nós rimos. 
— Ouvi dizer que você fez isso para mim — diz Cadee. Ela 
quebra o contato visual, mas por pouco. Ela encontra coragem rápido 
o suficiente e então segura o momento, como se estivesse gostando. 
— Eu fiz. — Solto um suspiro rápido e me viro um pouco, olhando 
para a festa que planejei. Tem todos os ingredientes de um churrasco 
de verão à beira do lago. Luzes brancas penduradas ao redor do cais 
e da casa de barcos. A fogueira rugindo, lançando sombras nos rostos 
de Axe e Valentina. Selina assando hambúrgueres e cachorro quente 
na cozinha ao ar livre. Isabella sentada na bancada de granito ali 
perto, tomando uma cerveja. 
Mona e Lars passam por nós, de braços dados. E mesmo que eu 
tenha notado que Lars esteve distante de mim na semana passada – 
e sei que isso é sobre Cadee – ele parece à vontade esta noite, 
deixando Mona guiá-lo até a cerveja. 
— Eu fiz — digo novamente. — Isto é para você, quero dizer.Desculpe-me, Cades. Foi um movimento de merda colocar você com 
Dante e sinto muito. 
Ela olha ao redor por um momento, absorve tudo, então olha 
para mim. — Os guarda-costas foram um golpe de gênio. Eu 
realmente apreciei isso. 
— Então você não teve nenhum problema com Dante? 
— Não. — Ela balança a cabeça um pouco para enfatizar sua 
resposta. — Ele me pegou na copa uma vez. 
— O que? — Todo o meu corpo endurece. 
— Relaxe — diz ela, me puxando para o quintal. — Ele me beijou, 
é isso. E antes que pergunte, eu deixei. Ele não roubaria isso de mim, 
então eu dei. Acho que eu meio que o atordoei. Ele esperava uma luta. 
— Sim. — Solto a respiração que estava prendendo. — Ele é o 
tipo de cara que gosta da luta. 
— Exatamente. Então ele conseguiu seu beijo estúpido, mas não 
conseguiu a luta. 
Penso muito nessas palavras e me sinto um pouco triste. — 
Cadee... 
— Não. — Ela coloca a mão no meu peito, balança a cabeça um 
pouco. — Não vamos retroceder esta noite. Acabou. Todas essas 
coisas acabaram agora. 
E então, como se estivesse ouvindo nossa conversa, Axe se 
levanta na mesa do pátio, segurando uma cerveja. — Ouçam meus 
parceiros diabólicos no crime! — Ele anda de um lado para o outro ao 
longo de todo o comprimento de uma forma típica de Axe, suas botas 
arrastando ao longo da madeira e seus cadarços arrastando atrás 
dele. — Aqui termina o fodido desafio da Corrida de Verão Fang and 
Feather! — Então ele fica sóbrio por um momento, para de andar de 
um lado para o outro e encara Isabella. — E estamos todos. Ainda. 
Aqui. Foda-se todas essas pessoas más que vivem para nossa morte. 
Foda-se todas essas mentiras que eles contam. Foda-se todas essas 
expectativas que eles têm. Nós vencemos vocês dessa vez, idiotas! E 
faremos isso de novo amanhã! 
Isabella consegue sorrir. E em minha opinião de especialista, 
parece real. Ela levanta a cerveja. — Um brinde a isso, seu maníaco. 
Nós rimos e aplaudimos. Mesmo que Cadee e eu ainda nem 
tenhamos bebido. 
— Ele certamente tem jeito com as palavras, não é? — diz Cadee. 
— Sim — digo. — Sim, ele tem. Mas ele está certo. Nós 
ganharemos. Vamos, vamos relaxar. Ninguém pode te machucar 
aqui, Cades. — Ainda segurando sua mão, eu a levo até a cozinha. 
— Não estou seriamente preocupada com isso, Cooper. Estou 
bem. Juro. Dante era na verdade... não tão ruim assim. Acho que 
talvez ele entenda. 
— Entenda o quê? — pergunta Mona. 
— Você sabe. Que nós estamos... bem, vocês... vocês estão todos 
juntos nisso. — Ela olha para Valentina, que arrastou Axe para a 
cozinha com ela. — Certo? É nadar ou afundar. — Ela olha para 
Mona. — E nadar é algo que todos nós sabemos fazer. 
O rosto de Mona fica sério. Ela provavelmente está pensando em 
como quase se tornou uma nadadora olímpica. Então diz — Somos 
um bando de nadadores muito bons. 
Valentina ergue sua cerveja. — Vou aplaudir isso, irmã. 
— Tudo bem, tudo bem — diz Lars. — Chega de trabalho. A hora 
de sair aconteceu há uma hora e estou com fome. — Todos concordam 
e começam a fazer pratos para hambúrgueres e cachorro quente. 
Hora de sair. É uma maneira estranha de colocar isso, mas ele 
está certo. 
É apenas um trabalho. 
Todos nós comemos juntos na mesa de jantar ao ar livre. Rindo 
e brincando. Falando sobre coisas que não têm nada a ver com o dia 
de trabalho. E o sol se põe enquanto tudo isso está acontecendo e de 
repente o quintal se ilumina com luzes brancas e o lampejo de fogo. 
Axe vai até o fogo e começa a cutucá-lo com um galho comprido. 
Todos os outros meio que se acomodam em conversas menores. Mas 
então olho para o pátio lateral e vejo Michael e Ivan vindo em nossa 
direção com Sophie e Elexa. 
— Intrusos! — grita Axe, seu galho pegando fogo agora. — 
Parem! Quem vem aí? 
— Somos apenas nós — diz Michael. 
— É uma festa privada, crianças — grita Lars. — Vocês nos 
verão amanhã. 
Michael olha para mim. — Vim falar com Cooper bem rápido. 
Axe se aproxima dos candidados que estão chegando, circulando-
os enquanto segura o galho em chamas na frente de seu rosto, para 
que ele pareça com os demônios tatuados em seus braços. Ele se 
inclina para o rosto de Michael. — Então por que os trouxe? — Ele 
acena com a cabeça para Ivan, Elexa e Sophie. 
Michael olha nervosamente para mim. Não acho que nenhum 
dos candidatos tenha medo de mim ou de Lars, mas praticamente 
todo mundo ainda tem medo de Axe. Ele é apenas estranho e 
imprevisível. Ele esconde a violência e a raiva dentro dele muito bem, 
mas não importa o que aconteça, sempre vaza através de seus olhos. 
Ele não consegue fechar esses dois poços escuros que levam direto à 
sua alma negra. 
Dou um passo à frente. — O que está em sua mente, Michael? 
Michael ainda não tem certeza de que Axe não está prestes a 
incendiá-lo, então fala enquanto mantém contato visual com ele. — 
Preciso de apenas alguns minutos. Em particular. 
— Foda-se — gemo. — Isso não pode esperar? 
— Não, Cooper. Não pode. Você está no comando, então preciso 
falar com você. 
Olho para Cadee. — Dê-me um segundo, está bem? 
— Certo. — Ela sorri para mim e depois sai para se juntar a 
Mona e Isabella. 
Michael caminha em minha direção, enquanto Ivan e Elexa 
começam a se sentir em casa perto da geladeira de cerveja. Sophie 
meio que fica lá até Selina pegar a mão dela e puxá-la para a 
multidão. 
— Ok, o que foi, Michael? 
— Podemos entrar? 
Suspiro. — Jesus Cristo. Isso está começando a soar como um 
drama com o qual não estou realmente interessado em lidar esta 
noite. 
— Cinco minutos, Cooper. Não acho que seja pedir demais. 
Faço uma careta para ele. — É melhor que seja importante. 
— Bem, você pode me dizer quando terminarmos de conversar. 
— Que seja. 
Eu o conduzo pelas portas sanfonadas do pátio até a grande sala, 
então continuo até estarmos do outro lado da casa em uma pequena 
biblioteca. Ele me segue e fecha a porta enquanto encontro uma luz 
e a acendo. — Ok. Derrame. 
— Você sabe o que Dante está fazendo? 
— Em referência a quê, Michael? 
— Nada. 
Inclino minha cabeça para ele e tento controlar minha raiva 
crescente. — Ou você tem algo a me dizer, ou não tem. 
— Ouvi rumores sobre ele. E sobre Cadee também. 
— Cadee? Que rumores? 
— Sobre você e ela. E isso aconteceu alguns anos atrás. 
Controlo cada reação física com precisão. Mas por dentro, eu 
começo a me sentir mal. — O que você ouviu? 
— Pedacinhos e partes sobre um aborto. E... outras coisas. 
Aperto minha mandíbula. — E como Dante se encaixa nisso? 
— É ele quem os espalha. Ele disse que Cadee contou coisas a 
ele. Sobre você. 
— Besteira. 
— Por que é besteira? Porque não é verdade? Ou porque não 
aconteceu? 
Ah, não sei se conseguirei deixar esse garoto se safar dessa. Eu 
poderia ter que fazer dele um exemplo. — Por que você se importa? 
— Porque eu acho que Dante é perigoso. E a única razão pela 
qual estou aqui nessa corrida de verão é levar Sophie para longe em 
segurança. 
— Ouça-me, Michael. E ouça com muita atenção. Sophie não 
fugirá. Não este ano, pelo menos. Ela tem mais quatro anos para 
descobrir um plano real, assim como o resto de nós. Mas ela vai 
superar a corrida. E ela estará em Fang and Feather antes do início 
do semestre de outono. Então, se você realmente ama aquela garota, 
você a fará entender esses fatos. Não minta e encha a cabeça dela 
com fantasias de fugir. Isso não acontecerá. No que diz respeito a 
essas coisas de Dante, deixe-me lidar com isso. Quaisquer que sejam 
os rumores que ele está espalhando sobre Cadee, eles não vieram dela 
e não vieram de mim. E se os rumores são sobre nós, então somos os 
únicos que importam. 
Michael me encara por um momento, então assente. Ele está 
prestes a se virar e estou prestes a soltar um longo suspiro de alívio 
quando ele me encara. — Você deveria saber... Lars também sabe. 
Ele tem perguntado sobre isso. 
— Sobre o que? — rosno essas palavras. 
— Um aborto, eu acho. Dizvocê. E talvez eu não saiba o que 
realmente aconteceu entre vocês quatro alguns anos atrás, mas sei 
que envolveu vocês quatro, Cooper. Então, sabe, talvez não seja 
apenas sobre você e Cadee. Talvez Lars devesse ter uma opinião 
sobre as coisas também. 
E então ele se vira e sai. 
A próxima coisa que sei é que estou no carrinho do bar me 
servindo uma bebida de qualquer coisa que meu pai guarda na 
garrafa de cristal. Engulo, em seguida, despejo outro e levo para a 
grande poltrona perto da janela e sento, rolando as palavras de 
Michael na minha cabeça. Tentando entendê-las. 
Ele acabou de me ameaçar? 
Se assim for, eu darei aplausos loucos a Michael por não apenas 
ter bolas, mas também por toda a conversa com tanto cuidado. 
Ele quer Sophie fora. 
Tenho um segredo que estou escondendo de todos, incluindo 
meus dois melhores amigos, que provavelmente deveriam ter sido 
incluídos neste pequeno plano três anos atrás. 
— O que você está fazendo? 
Olho para cima e vejo Cadee na porta. — Venha aqui. 
— O que? 
— Venha aqui. 
Ela sorri para mim. Mas vem. Eu a puxo para o meu colo e coloco 
meus braços ao redor dela. 
— O que está acontecendo, Cooper? O que Michael disse? 
— Ele foi embora? 
— Não, ainda está aqui. Elexa e Ivan estão jogando um jogo de 
bebida com Axe e Isabella. 
— Porra. 
— Não se preocupe. Lars está cuidando de Isabella. 
Olho para ela. — Está? 
— Sim. Parece que Lars está sempre cuidando de alguém. 
— Sim. 
— Então... por que você está sentado aqui sozinho? 
Suspiro. — Michael veio a... — aperto os olhos por um momento, 
escolhendo minhas palavras. — Ele veio me ameaçar, eu acho. 
— Sobre o que? 
— Sophie. Ele a quer fora. Não tenho esse tipo de poder. Quero 
dizer, eu poderia expulsá-la, mas alguém a arrastaria de volta. Então, 
qual é o ponto? 
— Qual é a ameaça? 
Eu a seguro um pouco mais perto. E então decido que não 
contarei o resto a ela. Ela aguentou tanta merda nas últimas duas 
semanas, essa notícia precisa esperar. — Oh, inferno! Sabe o que? 
Ela se senta um pouco no meu colo. — O que? 
— Quase esqueci. Coloquei você em um quarto novo. 
— O que? O que há de errado com o meu antigo? 
E aqui, neste momento bem aqui, esta é a hora de ser honesto 
esta noite. É isso que ela precisa ouvir. — Estava muito longe do meu. 
Ela ri. — Hum. Não sei o que fazer com o novo Cooper. Não te 
vejo há três anos, e de repente estou morando na sua casa. 
— Eu não fiz isso. 
— Concordo. Mas então eu tenho que sair de sua casa por duas 
semanas para substituir Mona com Dante, e de repente você está... o 
quê? Apaixonado por mim novamente? 
— Novamente? Eu te amei? 
— Diz você. 
Olho para ela. Quero tanto beijar aqueles lábios carnudos e 
sensuais. E então eu quero beijar tantos outros lugares em seu corpo. 
Mas preciso que primeiro ela me ouça. — Cadee Hunter, eu tenho 
sonhado com você desde que te vi correndo pela floresta quando eu 
tinha dez anos. 
— Dez, né? Você levou sete anos para me notar? — Ela ri. 
— Eu era uma criança muito burra, não era? 
— Tão estúpido. 
— Sou inteligente agora. 
— É mesmo? 
— Mmm. E eu te amei. — Ambos os nossos sorrisos caem e ela 
olha nos meus olhos. — Eu te amei, Cadee. Levei um tempo para 
descobrir isso naquele ano. Na verdade, serei honesto aqui e direi que 
descobri isso há uma semana. 
Ela sorri novamente. 
— Eu errei. 
— Não, Cooper. Você não errou. Você agiu certo. Porque se não 
me levasse para a clínica naquele dia, eu estaria vivendo uma 
mentira agora. Ou algo muito, muito pior. 
Sei que deveria dizer a ela que Lars pode estar desconfiado. Pelo 
menos parte disso. Mas esperei toda a minha vida para me sentir 
assim por alguém e estou cansado de compartilhar. 
Eu me levanto, ainda segurando-a. E então eu a coloco no chão, 
pego sua mão e saímos da biblioteca. 
Ela não pergunta para onde vamo. Espero que não precise. 
Eu a puxo pelo longo corredor até chegarmos ao saguão, então 
eu a levo pelas escadas até o meu quarto. Debato parar na porta. 
Perguntar a ela muitas coisas. Fazê-la admitir as coisas também. 
Mas há outra parte de mim que só quer intensificar e assumir o 
controle. Ser o herói. 
E se fosse Isabella, eu faria isso. Porque Isabella é o tipo de 
garota que precisa de um herói. 
Mas Cadee Hunter não é Isabella. 
— Cadee — sussurro, minha mão na maçaneta da porta, pronta 
para abri-la. — Você sempre pode dizer não. — Olho por cima do 
ombro para verificar sua expressão em busca de pistas ocultas sobre 
o que ela está pensando. 
— Eu sei, Cooper. Eu sempre soube. 
Há muito mais a ser dito, mas se formos lá, não voltaremos tão 
cedo. Então, talvez assumir o controle e ser seu herói seja um ato 
egoísta, mas não consigo me conter. 
E ela não protesta. 
Chuto a porta com o pé, então ficamos ali no escuro, mal 
conseguindo nos ver. E então, antes que eu possa questionar meus 
próprios motivos, ela dá o primeiro passo, pressionando seu corpo 
contra o meu, agarrando meus ombros enquanto se inclina na ponta 
dos pés e me beija na boca. 
Tento mantê-lo lento, mas meu desejo por ela – a paixão entre 
nós que temos negado por tanto tempo – supera todo o resto. E eu a 
beijo com força. E vigorosamente. E sem desculpas. 
Seus dedos encontram a borda da minha camisa e ela começa a 
empurrá-la para cima do meu peito. Eu a puxo sobre minha cabeça e 
jogo de lado, olhando para baixo enquanto ela estuda minha 
tatuagem, a ponta de sua unha lentamente traçando o K no centro 
do brasão da High Court. 
— Rei — sussurra. 
— Então eles me chamam. 
Ela levanta os olhos para os meus e de repente paramos. — Por 
quê? 
Se ela fosse qualquer outra garota, eu continuaria rapidamente. 
Prosseguiria com o que está prestes a acontecer. 
Mas Cadee Hunter nunca foi qualquer outra garota. 
— Porque o que? 
— Por que as pessoas querem ser reis? Não entendo. Por que 
querem controlar todo mundo? Por que não podem ser felizes se 
controlando? 
— Ah — bufo. — Acho que você acabou de responder sua própria 
pergunta. Elas não sabem se controlar, Cadee. Nós dois sabemos 
disso. 
— Sim. 
— Quer parar? 
— Não. — Ela sorri. — Não. De jeito nenhum. Desculpe quebrar 
o clima. Apenas sempre me perguntei isso. Porque você está certo. 
Ser responsável apenas por mim é difícil o suficiente. Não há mais 
espaço para sequer pensar em ser o rei de alguém. 
Coloco minhas mãos em suas bochechas e olho em seus olhos, 
deixando-a saber que eu a entendo. — Isso é porque você é boa, Cades. 
E a maioria das pessoas ao seu redor não são. 
— Você é bom. 
— Certo. 
— E Axe é bom. 
— Acho que todo mundo discordaria disso. 
— E Lars também. 
— Hum. Agora essa, eu concordo. Você e Lars são muito 
parecidos. Sempre paciente. Nunca deixam que a raiva e o 
ressentimento roubem muito de suas almas. 
Ela se inclina e me beija novamente. Só que desta vez não me 
apresso nem tento transformá-lo em outra coisa. Apenas aceito o que 
ela me dá. 
— É um bom equilíbrio, não é? 
Ela ainda está me beijando, então sussurro — O que? — além de 
seus lábios. 
— Você e Axe. Eu e Lars. Nós. 
Paro de beijá-la, de repente confuso. — Tem certeza de que quer 
fazer isso? 
— Por que você continua me perguntando isso? 
— Por que... Axe e Lars. 
Ela encolhe os ombros. — Acho que se eles quisessem participar 
disso, estariam aqui. Não estariam? 
Eu sorrio. Não posso evitar. — Você não acabou de dizer isso. 
— Ah, eu disse. — Ela pisca para mim. Então pega minha mão 
e começa a me guiar pelo quarto. Ela para no meio, olhando ao redor. 
Não acendi nenhuma luz quando entramos, mas a lua está brilhante 
lá fora e tenho uma janela enorme que dá para o lago, para que 
possamos ver bem o suficiente. 
— Onde está a cama? 
Eu rio. — Esta é a sala de estar, Cadee. 
— Você tem uma sala de estar em seu quarto? Jesus. Talvez haja 
algo nessa coisa de Rei, afinal. 
Então eu me lembro da verdadeira razão pela qual eu a trouxe 
aqui. Não que não a estivesse trazendopara brincar com ela, porque 
eu estava. Eu a levo até um dos outros quartos e acendo a luz. 
— Ah, então este é o seu quarto. Hum. É legal. Meio escasso. 
É meio escasso. Não é um lugar para meninas. Apenas uma 
cama queen-size e umas mesinhas de cabeceira. Axe e Isabella são 
realmente as únicas pessoas que usam este quarto. 
— Não é meu quarto, Cades. É seu. 
— O que? — Ela se vira para olhar para mim e juro por Deus 
que mal reconheço a garota diante de mim. Ela está bronzeada de 
todo o sol nas últimas duas semanas. Seus olhos estão brilhantes com 
as possibilidades em vez de opacos com a derrota. E sua surpresa é 
inocente e real. 
Essa mudança nela faz com que uma litania de perguntas passe 
pela minha mente. Porque sua mãe morreu – morreu – um mês atrás. 
E, além daquele ataque de soluços no barco depois de seu segundo 
dia na Glass House, até onde sei, ela ainda não chorou. 
Não esta noite, Cooper. Há tempo para isso mais tarde. — É 
minha suíte de hóspedes. Estou colocando você aqui. Não gosto que 
seu quarto tenha uma porta que dê para fora. 
Ela estala sua língua de brincadeira. — Preocupado que eu 
possa fugir? 
Não é com isso que estou preocupado. Absolutamente. Mas 
concordo de qualquer maneira. Porque todos os problemas de 
amanhã podem esperar. — Sim. Eu estou. 
— Bem, não precisa se preocupar com isso. — Então ela suga 
uma respiração profunda. — Senti sua falta, Cooper. E não apenas 
essas duas semanas. Acho que nem sabia que sentia sua falta até que 
você esbarrou em mim naquele dia nos degraus. Mas desde então... 
— ela balança a cabeça. — Você é isso, Coop. Você é meu. 
Quero fazer coisas com essa garota. Tantas coisas. E quero fazer 
todas essas coisas agora. Alcanço a luz para apagá-la, mas ela agarra 
meu braço e diz — Não. Deixe ligada. 
Então ela pega a bainha de sua camiseta e a puxa sobre a cabeça. 
Apenas fica ali em seu lindo sutiã amarelo e olha para mim. Não no 
meu corpo, como a maioria das garotas quando chegamos a essa parte 
da noite. Mas para mim. Meus olhos. Ela abre o fecho entre os seios 
e, em seguida, seu sutiã se abre, expondo-a para mim. 
Alcanço as bordas rendadas e deslizo pelos seus braços. Ela já se 
moveu para o botão do meu short, apressadamente puxando o zíper 
e alcançando dentro para puxar meu pau para fora. 
Meus olhos se fecham involuntariamente, mas eu os abro 
novamente com a mesma rapidez porque não quero perder um único 
momento de Cadee Hunter caindo de joelhos na minha frente. 
Acho que prendo a respiração quando ela começa a deslizar a 
mão sobre o no meu eixo, e quando esses lábios perfeitos se abrem e 
a ponta do meu pau desliza pelos lábios dela, tenho sérias dúvidas 
sobre minha capacidade de ficar de pé. 
— Porra, Cadee. 
Seus olhos estão presos nos meus enquanto sela seus lábios ao 
redor da minha cabeça e me leva mais fundo. Sua língua dançando 
ao longo do meu pau. 
Agarro seu cabelo com as duas mãos e aprecio a sensação de sua 
respiração fazendo cócegas em minhas bolas. E então sua mão está 
lá, segurando-as. 
Ela sabe exatamente o que fazer. Ela sabe exatamente como eu 
gosto. — Poorra. — É tão bom. 
Sonhei em colocar Cadee de joelhos na minha frente por meses 
atrás, quando estávamos nos escondendo no meu último ano da Prep. 
E ela resistiu por um longo tempo também. Se há uma coisa que sei 
sobre Cadee Hunter, é que ela não cede facilmente. E era como se ela 
tomasse notas. Como se prestasse atenção em como eu gozaria. E 
então, quando finalmente colocou a boca em cima do meu pau pela 
primeira vez, ela me deu o melhor boquete de todos os tempos. 
E então percebo que esta é a primeira vez que estamos juntos 
sem Lars ou Axe. É por isso que ela perguntou sobre eles. Não era 
regra dela naquela época, era minha. 
Todas aquelas vezes que insisti que ela fosse dividida 
igualmente entre nós, ela gostou. 
Ela se afasta, deixa meu pau escapar de sua boca e se levanta. 
— O que você está fazendo? 
— Você está pensando demais. 
— Como você sabe? 
Ela desabotoa e abre seus shorts, em seguida, desliza-os pelos 
seus quadris. É super sexy, mas acho que ela sequer está tentando 
me provocar. Está apenas sendo Cadee. E então ela está de pé na 
minha frente, tão nua quanto eu. 
Ela começa a me empurrar para a cama. 
Mas cansei de viver na minha cabeça e eu a giro tão rápido que 
ela grita quando cai de costas no colchão. 
Agarro seus joelhos e os abro, sorrindo para ela enquanto me 
ajoelho e coloco minha boca em sua boceta. 
Ela já está molhada. E sua respiração fica irregular 
imediatamente quando seus dedos deslizam em meu cabelo, me 
incentivando. A outra mão agarra meu ombro, cravando suas unhas 
enquanto arqueia as costas. 
— Cooper — sussurra. 
Eu me afasto, meu pau duro e latejante agora, ansioso para estar 
dentro dela. E as lembranças de tempos passados inundam minha 
mente e não posso deixar de me perguntar, enquanto beijo seu 
estômago, parando brevemente para apertar seus seios e chupar seus 
mamilos, por que me afastei dessa garota. 
Eu a empurro para cima da cama. Ela sorri e ri enquanto traz 
os joelhos até o peito, convidando-me a tomá-la como eu quiser. 
Então estou beijando sua boca, deixando-a provar a si mesma na 
minha língua. E prometo a mim mesmo que nunca mais a deixarei 
escapar. 
Sua mão desliza em sua barriga, o dorso se arrastando pela 
minha também. E ela agarra meu pau e me direciona para sua 
entrada, deslizando a ponta do meu pau para frente e para trás em 
seu clitóris molhado antes de finalmente me deixar deslizar dentro 
dela. Nós gememos em uníssono enquanto me empurro mais fundo 
dentro dela, até que ela estremece e suga um suspiro afiado. Eu recuo, 
depois avanço novamente. Pegando nosso ritmo enquanto ela balança 
os quadris para me encontrar. Cravando as unhas nas minhas costas. 
Não consigo parar de beijar Cadee Hunter. 
Nunca quero parar de beijar Cadee Hunter. 
E quando chegamos ao clímax juntos, o acordo está selado. 
Ela é minha agora. E não a compartilharei com ninguém. 
 
 
Cooper e eu ficamos nos braços um do outro, minhas costas 
curvadas contra seu peito, seu rosto pressionado contra meu pescoço, 
ele me beijando suavemente enquanto sua mão segura meu seio. E o 
suspiro que deixo escapar neste momento é de natureza monumental. 
É um alívio tremendo. 
É um de assentamento. 
Uma sensação que eu não tinha desde que meu pai morreu há 
três anos e então, pouco depois, minha mãe e eu nos mudamos para 
o sótão da pousada e minha vida começou a se desenrolar fio a fio. 
Eu me perco no assentamento. 
E de repente Cooper parece surreal. Estar aqui na casa dele. A 
bolsa de estudos no final do verão. Os novos amigos, as novas roupas, 
o novo tudo. 
Depois vem a culpa. 
Que tipo de pessoa terrível perde a mãe há um mês e acaba 
entrando em uma nova vida como essa? Uma nova vida cheia de 
privilégios. Festas na piscina, brindes com champanhe e mansões à 
beira do lago que abrigam reis valentões angustiados dentro. 
E não vamos esquecer que você pode estar realmente ansiosa para 
ir para a Faculdade High Court. Mesmo que seus pais morassem 
neste campus desde que você nasceu, e eles nunca quiseram isso para 
você. 
Isso é rebelião? Tenho algum desejo secreto de apagar tudo o que 
me ensinaram? 
Acho que não. 
Então por quê? 
Por que estou fazendo isto? 
Eu não deveria olhar para o futuro. É muito cedo. Deveria estar 
presa no passado. Pelo menos por um pouco. 
E não deveria querer ir para esta escola ou me envolver com seus 
segredos estranhos. 
Mas eu quero. 
Queria fazer parte da High Court desde que eu era uma 
garotinha. Ah, como eu queria usar o uniforme da escola preparatória. 
A saia plissada amarelo-mostarda e o blazer azul marinho feito 
perfeitamente sob medida, com aqueles leões lutadores bordados em 
dourado no bolso esquerdo do peito. A camisa branca e a gravata 
listrada de azul marinho e dourada. Nem me faça começar com as 
meiasbrancas até o joelho e aquelas franjas douradas balançando ao 
longo de suas panturrilhas enquanto as garotas ricas caminhavam 
pelos belos jardins centrais que meu pai criou como se fossem donas 
do mundo. 
E elas eram. Pelo menos na minha mente. 
Amo quem sou. Mas é tão errado querer mais? É tão errado 
pegar o anel de ouro quando está ao alcance? 
Cooper se vira e saio de seus braços. Ele está dormindo 
profundamente. E pela primeira vez em anos, eu me pergunto como 
Cooper realmente está. 
Eu viro também. E estudo seu perfil. Sua boca está um pouco 
aberta, sua respiração lenta e uniforme, mas um pouco alta. Como se 
estivesse cansado. 
Foi o que ele me disse naquela noite em que conversamos em seu 
barco. Estou cansado, Cadee. 
E ele está. Posso dizer. Ele quer muito sair. 
E eu só quero entrar. 
Balanço minhas pernas para fora da cama, coloco minhas roupas 
e saio do quarto dele. Não sei para onde vou. Talvez Mona esteja lá 
fora fumando. 
Mas então, quando chego ao pé da escada, ouço ruídos na cozinha. 
Silenciosamente rastejo pelo longo corredor central e entro na 
grande sala para encontrar Axe encostado na grande ilha de pedra-
sabão. Ele está de costas para mim e, embora não haja luzes acesas, 
a lua está brilhando através das portas francesas. 
As costas dele. Acho que nunca vi, porque Axe nunca tira a 
camisa. Ele não foi nadar na piscina nem uma vez até agora neste 
verão. E mesmo três anos atrás, quando ficamos juntos por meses, 
ele também nunca tirou. 
E agora eu sei por quê. 
Cicatrizes. Longos cortes cobrem suas costas como... marcas de 
garras. Mas quase não há animal vivo que possa fazer um corte assim. 
Talvez um leão ou um tigre, mas vamos lá. Isso é apenas estúpido. 
Então, como elas chegaram lá? 
Ele se vira para a geladeira de tamanho industrial, abrindo a 
porta para que eu não possa ver seu rosto. Em seguida, ele leva uma 
jarra de leite até o balcão mais distante, pega um copo do armário e 
o encara por alguns instantes demais. 
Ele destampa o leite, leva-o aos lábios e bebe direto da jarra. E 
então se vira novamente e me vê com a boca aberta. 
Porque ele também tem cicatrizes no peito. 
— Cadee — sussurra, rapidamente abaixando o leite. — Está 
tudo bem? 
— Está tudo bem? — repito. 
— O que está errado? Por que você está aqui embaixo? 
— Axe — digo, caminhando em direção a ele, incapaz de parar 
de olhar para as grandes e redondas marcas de queimadura onde 
seus leões lutadores deveriam ter olhos. Eu os alcanço com a ponta 
dos dedos, mas ele agarra minha mão antes que eu possa tocá-lo. 
Quando olho para cima, ele está olhando nos meus olhos. — O que é 
isso? 
Ele suspira, solta minha mão e então dá de ombros. — 
Exatamente o que parece. 
— É por isso que você dorme na casa de barcos? O Juiz... 
Mas não consigo terminar. Porque quando penso nisso, é claro 
que é isso que o Juiz faz com ele. O homem é enorme. Facilmente a 
pessoa mais alta que já conheci. E amplo também. É daí que Axe 
obtém sua construção, mas seu pai é um nível totalmente diferente 
de musculoso. É como se o Juiz fosse lutador de WWE16. Ou talvez 
ele fosse algum tipo de mercenário em outra vida. Ele é tão 
assustador. 
Nunca tive que comparecer perante o Juiz. Sou uma daquelas 
boas garotas, afinal. Mas ouvi os rumores. Ele não dá três golpes em 
ninguém. Ele joga o livro para eles na primeira vez. 
Nem mesmo Axe escapou de sua ira nesse departamento. Ele 
não foi para a cadeia, mas sei sobre suas passagens pela reabilitação. 
E uma vez eu soube que ele passou meio ano em uma ala psiquiátrica. 
Isso foi muito antes de conhecê-lo. 
 
16 World Wrestling Entertainment, Inc., comumente abreviado para WWE, é uma empresa 
americana de mídia e entretenimento integrada que é conhecida principalmente por luta livre 
profissional. 
Axe suspira novamente, porque meu silêncio é longo. E agora 
não sei o que dizer a ele. Ele simplesmente leva a jarra de leite de 
volta à boca e bebe. Em seguida, limpa os lábios com as costas da mão, 
tampa o leite e o coloca na geladeira. 
Quando se vira, ele está sorrindo. — Não diga a Coop que eu fiz 
isso. Ele odeia. 
Então ele se afasta. Como se simplesmente fosse embora. 
Corro para alcançá-lo e agarro seu braço antes que ele possa sair 
da grande sala. — Espere. Você não vai embora. 
Ele sorri para mim novamente. — Estou muito cansado, Cades. 
Vou dormir. Você se importa se eu ficar no seu quarto? Estou 
dormindo lá há duas semanas e você está muito ansiosa por Cooper 
esses dias. — Ele dá de ombros, depois sorri novamente. — Posso 
sentir o cheiro do seu cabelo no travesseiro. Eu meio que curto isso. 
Estou balançando minha cabeça para ele. 
— Isso é um não? — Ele ri. — Você está me dizendo não? 
— Você não pode sair sem me dizer o que são todas essas 
cicatrizes. 
Ele inclina a cabeça para mim. — Vamos. Você sabe o que elas 
são. 
— Aquele bastardo fez isso com você? 
— Na verdade, não. Foi minha mãe. Ela é fodidamente 
certificável. 
— Espere. Você tem uma mãe? 
— Cadee, todo mundo tem mãe. 
— Sim, mas... 
— Você pensou que ela estava morta? Não. Não tive essa sorte. 
Meu pai a mantém trancada em uma ala da nossa casa. De vez em 
quando, se damos uma grande festa, ele a droga e a coloca em uma 
cadeira de rodas e a deixa descer as escadas por um tempo. Mas ela 
está fora há tanto tempo, tantas drogas, que duvido que pudesse ficar 
sóbria, mesmo se quisesse. — Ele faz uma pausa. Encontra meus 
olhos. Olha para eles. — E acho que ela não quer. 
— Como eu não sabia disso? 
— Que eu tenho uma mãe? Ou que ela me usa para praticar 
escultura? 
— Ambos. 
Ele dá de ombros. — Você nunca perguntou, Cades. Todo mundo 
sabe. — Ele se vira novamente. Como se essa conversa fosse normal 
e acabasse agora. 
Agarro seu braço novamente. — Espere. Axe. 
Ele não se vira. Apenas meio que me olha por cima do ombro. — 
O que? 
— As queimaduras em sua tatuagem. Essas não são velhas. 
— Não — concorda — elas não são. — Ele faz uma pausa por 
alguns instantes. — Algo mais? 
Sei que ele quer ir embora. Mas não vou deixar. Porque ele e eu 
somos... mais do que isso. Realmente não tenho uma palavra para 
isso, nós somos apenas... mais do que isso. 
— Sim — digo, dando a volta na frente dele. Então envolvo meus 
braços em torno de sua cintura e o abraço. 
— Cadee. 
Ele tenta me empurrar, mas não o solto. Apenas balanço a 
cabeça e digo — Não. Não deixarei você ir embora sem esse abraço. 
Nem me importo se você me abraçar. Só quero te abraçar para 
sempre e nunca te soltar. 
Ele respira fundo e posso ouvir seu coração. Ele é muito mais 
alto do que eu, então minha orelha está bem em cima dele. Ele bate 
rápido e irregular dentro de seu peito. E então ele envolve seus braços 
em volta dos meus ombros e me abraça. — Não preciso do abraço, 
Cades. Mas se você fizer... 
— Cala a boca, Axe. 
Continuamos assim mesmo depois que fica estranho. E não ligo. 
— Se Cooper visse isso, ele ficaria com ciúmes. 
Isso me faz recuar um pouco. Mas não o deixo. Apenas no caso 
dele querer ir embora. — Ele não costumava ficar com ciúmes. 
— Sim, ele ficava. 
— O que? Não, ele não ficava. 
— Cadee. Vamos. Talvez você não o tenha visto quando eu 
estava com você, mas eu sempre o observava nos observar. 
Eu franzo a testa. — Mas... era ideia dele. 
— Sim, bem — suspira Ax. — Às vezes as coisas mudam. — 
Então ele cuidadosamente puxa meus braços ao redor de sua cintura 
e recua, criando distância entre nós novamente. Ele continua 
recuando. Como se estivesse com medo de tirar os olhos de mim. — 
Acho que é isso, Cadee. 
— Isso é o que? 
— Adeus, sabe? Foi divertido. E gosto de você. Sempre estarei lá 
para você. Mas... — ele dá de ombros. — Todas as coisas boas devem 
acabar. 
Então ele acena, se vira e caminha pelo corredor em direção ao 
meu antigo quarto. 
 
 
 
 Na manhã seguinte, tenho umpressentimento. Não consigo 
explicar esse sentimento e talvez seja apenas sobre o adeus da meia-
noite de Axe, mas algo parece errado. 
Cooper e eu nos arrumamos separadamente, e mesmo sabendo 
que deveria falar sobre Axe e Lars, não falo. Não porque não queira, 
mas porque minha mente está presa naquelas cicatrizes nas costas 
de Axe e nas queimaduras em seu peito. 
Não sei o que dizer. Apenas sinto com todo meu coração que algo 
precisa ser dito e me sinto culpada por não dizer mais. Axe pode não 
ser o homem dos sonhos de todas, mas ele tem uma alma dentro dele. 
Ele sente as coisas profundamente. Apenas não mostra a muitas 
pessoas esse lado de si mesmo. 
Valentina o vê, entretanto. Ela o defendeu. 
E isso me leva a um buraco de coelho de perguntas sobre Axe e 
Valentina. Já os vi juntos muitas vezes. Axe é um tocador, então eu 
os vi atentamente. Mas tirando aquele beijo no primeiro dia de 
corrida, nunca os vi juntos como um casal. 
E mesmo que Valentina não tenha insinuado que eles são um 
casal, ela afirmou abertamente que são parceiros. Pelo menos, na 
sociedade. 
Lars e Selina não se beijam, mas agora que penso nisso, eles 
saem muito. Talvez sair seja a palavra errada. Eles... gravitam um 
para o outro. 
E, claro, Cooper e Isabella são uma coisa. Só não uma coisa 
exclusiva. Ela não está com ciúmes de mim, isso é certo. Ela não fez 
uma única observação depreciativa por semanas. Então não está 
apaixonada por ele. E ele certamente não está apaixonado por ela. 
Mas há algo lá. 
Cooper não percebe minha distração esta manhã. Ele sorri, fala, 
abre portas e me deixa entrar primeiro. Mas algo está 
definitivamente em sua mente também. 
— Espere — digo, puxando Cooper para mim antes de sairmos 
da floresta. — O que eu faço hoje? 
— Apenas... — ele olha para mim. E seus olhos profundamente 
perturbados têm uma expressão de preocupação. — Fique longe de 
Dante. Ajude na cozinha, eu acho. Não me importo, Cadee. Você pode 
apenas sair nas tendas, se quiser. Acho que ninguém mexerá com 
você. Você? 
— Não. Eu não acho isso. — Então dou de ombros. — Ok, então. 
Boa sorte com o desafio. Vou ajudar na cozinha. 
Ele sorri, então se inclina para me beijar. Não é um beijo de 
amasso nem nada. Nada espetacular. É muito... natural. Como se um 
beijo de despedida pela manhã antes do trabalho fosse algo que 
fazemos. — Obrigado. Conversamos depois. — E então ele vai em 
direção à piscina, onde Lars está em um grupo com Michael e Jamie 
e entro na Glass House e vou até a cozinha. 
— Bem, olha quem é. 
Vejo Victor enquanto procuro um avental no vestiário. — Ei. 
Como vai? 
Ele cruza os braços e encosta-se à porta. — Não esperava você 
de volta. 
— Por quê? Estou aqui para o verão assim como você. 
— Sim, e você certamente não sairá agora. 
Sorrio pacientemente para ele, como se sorri para uma criança 
irritante. — Ouça, Victor. Obrigada pelo aviso algumas semanas 
atrás, mas estou bem. Substituí a Mona e agora farei meu trabalho, 
terminarei o verão e depois irei para a escola como todo mundo. 
Victor me encara por um momento. É desconfortável. Mas 
termino de amarrar o avental e continuo sorrindo. — No que você 
precisa que eu ajude? 
— Você sabe qual é o meu problema com você, Cadee? 
— Não posso sequer começar a imaginar. Mas tenho certeza que 
você me contará. 
— Você acha que nos faz um favor quando decide aparecer na 
cozinha. Como se fosse um membro da família visitante perguntando 
se pode ajudar com os pratos depois do jantar. E você não é. Você é 
uma empregada, Cadee. 
— Obrigada pela atualização. 
— Você se reporta às pessoas aqui. 
— Eu sei. 
— E não é a Cooper Valcourt. 
— É a você? — Meu tom é excessivamente doce agora. Não estou 
tão interessada em brigar com esse cara. 
Ele realmente ri de mim. — Não. 
— Então, a quem me reporto? 
— Você pode servir o café. Mas apresse-se. O segundo desafio é 
hoje. 
Como se eu não soubesse disso. 
Não sei o que Victor enfiou na bunda, mas suspeito que tenha 
algo a ver com o fato de eu não aceitar meu lugar e posição na vida. 
Então não perco mais tempo pensando nisso. Apenas preparo o café 
sem falar com nenhum dos outros garçons e tento controlar meu 
nervosismo sobre o que está por vir hoje. 
E quando saio e começo a preparar o serviço de café na tenda, 
todas as garotas parecem muito nervosas também. 
— Cadee — sussurra Sophie enquanto vem até mim. 
— E aí? 
— Você sabe alguma coisa sobre o desafio de hoje? 
Cooper sabe qual é o segundo desafio, obviamente. Mas ele não 
me informou. — Não. Mas não se preocupe muito com isso, Sophie. 
Você ficará bem. Michael está do seu lado. 
— Certo. 
— Ele não mencionou nada? 
— Não. Ele não sabia. 
Ou ele está mentindo. Mas não digo isso em voz alta. Sophie é 
uma alma gentil. Mas não do mesmo jeito que eu. Ela também é... 
fraca. Sempre à beira de cair aos pedaços. 
— Mona está na casa! 
Todo mundo se vira para ver Mona sair da floresta, com as mãos 
no ar, o cabelo – sua marca registrada – parecendo recém-fodido, 
empilhado no topo da cabeça. Seus lábios estão vermelhos brilhantes 
e ela está vestida de preto da cabeça aos pés. Falo de calças cargo, 
camiseta e botas de combate. Ela parece ter sido escalada como uma 
mordaz inimiga no próximo filme Missão Impossível. 
— Ei! — digo, sorrindo para minha nova amiga, mas então 
percebo – sou a única feliz em vê-la. 
Exceto Dante. — Lá está ela, pessoal. Minha mulher. 
Mona faz uma careta. Espero seus guarda-costas aparecerem, 
mas ela entra na tenda sozinha e não há homens de preto saindo da 
floresta. 
Dante se aproxima de Mona, mas ela levanta a mão e passa 
direto por ele até mim. 
— Ei, onde está Meat and Chatter hoje? — pergunto. 
— Pergunte ao seu namorado — diz Mona. 
— O que? 
— Cooper disse que eu não poderia trazê-los mais. 
— Por quê? 
— Porque eles foderam meu desafio, é por isso — diz Dante. 
Mona se vira para Dante. — Você tem o seu caminho, idiota. Mas 
se você acha que a coisa mais assustadora sobre mim é minha tropa 
de guarda-costas... — ela levanta os óculos escuros para poder 
encará-lo — é melhor você pensar de novo. 
Dante murmura — Vadia — e então vai embora. 
— Ele realmente disse a você que eles não poderiam vir? — 
pergunto a Mona. 
Ela suspira. — Sim. Aparentemente, o pai de Dante ligou para 
o Presidente reclamando dos guarda-costas e conseguiu bani-los do 
resto dos desafios. Então estamos por nossa conta. 
Olho em volta para as outras garotas e percebo que os guarda-
costas provavelmente não são necessários de qualquer maneira. 
Elexa e Ivan são melhores amigos agora. Sophie tem Michael. E 
Maddie, Natasha, Jamie e Roland se estabeleceram em algum tipo 
de quarteto. Mas parecem felizes. Estão sentados em uma mesinha 
rindo e sorrindo pelo menos. 
— Mas não se preocupe, eu ficarei bem. — Mona sorri para mim. 
— Sei como lidar com Dante. 
Pego Victor me lançando um olhar feio do outro lado da tenda, 
do outro lado da mesa de serviço. E quando Dante se aproxima para 
pegar algumas frutas, Victor se inclina para sussurrar algo no ouvido 
dele. 
Os olhos de Dante imediatamente encontram os meus. — 
Fugling! — brada. — Coloque sua bunda para trabalhar antes que 
eu deixe o Presidente saber que você esteve fodendo esse tempo todo. 
Mona e eu reviramos os olhos uma para a outra. — Vai. Eu 
cuidarei dele. — Ela se afasta, chamando o nome de Dante, e reúno 
o lixo e arrumo os copos. 
A mão de Cooper desliza sobre meus quadris e ele se inclina para 
sussurrar. — Não o deixe chegar até você. Somente ignore. Ele só 
está chateado porque sabe que estou procurando uma maneira de 
cortá-lo. 
— Estou bem. Na verdade, estou ansiosa para trabalhar hoje. Já 
cansei de ficar sentada à beira da piscina. 
Ele me beija na bochecha e desta vez, quando olho ao redor da 
sala, pego Lars olhando para mim. Dou-lhe um pequeno aceno e ele 
devolve um sorriso tímido. 
Sim. Cooper e eu precisamos conversarque ganhei! Ele não pode fazer isso, Cooper! 
Axe é alto, largo e tatuado do ombro ao pulso com imagens de 
demônios. Muitas presas, chifres e cascos em seus braços. Sua cabeça 
normalmente estaria coberta de cabelo castanho claro, mas ele 
começou a raspá-la na nona série e nunca mais parou. No momento, 
tem poucos centímetros de comprimento. Se o sol atinge seus olhos 
verdes no ângulo certo, eles ficam dourados. Ele parece... mal. Mas é 
um dos meus melhores amigos e estamos nessa merda juntos há 
tanto tempo que não há como retroceder agora. 
Suspiro, me sentindo bem derrotado. — Para ser justo, Axe, era 
dinheiro de drogas. 
— Não é a porra do ponto! — grita ele. — E o que diabos está 
acontecendo aqui? 
Olho por cima do ombro para os carregadores. Em seguida, volto 
para Axe. — Aparentemente, o juiz assinou um aviso de despejo para 
meu pai enquanto ficávamos sóbrios. 
— O que? — Ele segura a cabeça com as duas mãos. — Mas... 
— Ei! 
Nós dois nos viramos para encontrar Lars, a outra perna do 
nosso trio apertado, correndo pelos jardins em nossa direção. Lars 
apenas se parece com um Lars. Ele é alto, magro e bem... pense em 
Alexander Skarsgård. Isso o resume. — O que diabos está 
acontecendo? Acabei de pagar a fiança e o prefeito ligou dizendo que 
fomos expulsos ou algo assim e... — ele para no meio da frase. 
Presumivelmente porque viu os carregadores. 
Pressiono as pontas dos dedos na testa, depois cubro os olhos 
com a mão inteira. Minha cabeça batendo muito forte. — Eles 
realmente nos expulsaram. 
— O que é isso? 
Removo minha mão dos meus olhos e encontro Lars apontando 
para a pasta na minha outra mão. — Isto? — suspiro. — Este é o meu 
novo trabalho. 
— Que trabalho? — diz Ax. — Estaremos em um maldito avião 
daqui três horas para a maldita Nova Zelândia. Por favor, me diga 
que é um trabalho na Nova Zelândia, Coop. Ou eu vou enlouquecer. 
— Sim. Não vamos a lugar nenhum. Parece que nossos pais 
conseguiram aterrar o avião. 
— Não. — Axe agarra a cabeça novamente. — Não. Não. Não. 
Não ficarei aqui. 
— Devemos nos mudar para casa. 
— Não. — Axe gira em círculos agora. — De jeito nenhum. Não 
vou para casa. Não me importo mais. Estou tão farto deste lugar. 
Lars coloca a mão no ombro dele. — Você pode dormir na minha 
casa. 
— Você vai para casa? — Ax está atordoado. Ele olha para mim. 
— Você também vai para casa? 
— Que escolha nós temos? Eles tiraram tudo de nós, Axe. Temos 
que conduzir a corrida Fang and Feather para recuperar nossa 
merda. O Presidente quer que eu escolha a próxima safra de iniciados. 
Lars solta uma risada. — Ah, isso é engraçado. — Ele aponta 
para mim. — Isso é realmente engraçado! 
— Não é uma piada. E vocês estão presos comigo. Culpados por 
associação, eu acho. 
— Cooper! — Axe coloca a mão no meu ombro. — Não. Você 
precisa voltar e falar com ele. Peça desculpas. 
— Para que? Aquela garota estava me implorando ontem à noite. 
Eu não ia dizer não a ela. Foda-se, não pedirei desculpas. 
— Voce precisa. — Axe implora. — Não vou para casa. 
— Você pode ficar comigo, cara — diz Lars. — É legal. O prefeito 
não se importará. Inferno, às vezes eu acho que ele gosta mais de 
você do que de mim. 
Isso é provavelmente mais verdadeiro do que Lars gostaria de 
admitir, mas não é algo sobre o qual falamos. 
— Cooper — diz Axe. — Parceiro. Não peço muito. Você sabe 
disso. Assumo as consequências dos meus atos. Eu aceito. Não estou 
reclamando. Mas não vou para casa. Nunca. Você não pode pelo 
menos... não sei, implorar? Se tivermos que conduzir a corrida, você 
precisa implorar para que fiquemos em um dos chalés. Porque estou 
farto. Chega de aceitar isso. 
E ele está. Posso ver tudo em seu rosto. 
Porra. 
Viro as costas para ele e esfrego as duas mãos no meu queixo. — 
Certo. Vou perguntar. — Viro para ele. — Mas ele dirá não. E quando 
isso acontecer, você irá para casa com Lars, morderá a porra da sua 
língua e jogará bem no verão. Sequer precisa conduzir a corrida. Eu 
te dou cobertura, Axe. Mas, pelo menos, você aparecerá e os farão 
pensar que está a bordo. 
Vejo a rebeldia nele. Vejo aquele fogo dentro que quer me 
mandar a merda. 
Mas ele sabe que estou certo. 
— Temos mais um ano — diz Lars. — Apenas. Mais. Um. Ano. 
E então estamos fora, Axe. Vai acabar. 
Axe olha para mim e dou um pequeno aceno de cabeça. 
Mas não acredito nisso mais do que ele. 
Quando seus pais são o Presidente, o Prefeito e o Juiz... bem... 
você não foge disso. 
Não há saída. 
 
 
 
Meus amigos me seguem de volta ao prédio da administração, 
mantendo-se alguns passos atrás de mim, muito quietos agora. 
Acabou a hora do protesto. 
Se eu soubesse quais seriam as consequências da noite passada, 
pensaria duas vezes no que fizemos? 
Abro um sorriso enquanto subo os degraus para o prédio da 
administração. 
Não. 
 
 
 
Engulo em seco enquanto entro no escritório do Presidente 
Valcourt. 
— Feche a porta, por favor. — Ele é um homem muito alto. Bela 
cabeça de cabelos grossos e prateados. Ombros largos preenchendo 
seu caro terno cinza escuro. Postura reta, mãos nos bolsos. E um rosto 
bonito que lembra muito seu filho mais velho, Jack. Ele não olha para 
mim. Está parado na frente da janela olhando para os jardins 
centrais do campus universitário que terminam no Lago Monrovian. 
Ou talvez sua extensa mansão do outro lado da água? 
Quando você imagina uma enorme mansão em sua cabeça, 
provavelmente vê uma grande casa branca com colunas. Muito 
simétrica. Talvez algumas persianas pretas e uma grande varanda 
semicircular. 
Mas não é assim que sua casa se parece. É um Tudor, feito de 
pedra cinza escuro com linhas de telhado severamente 
inclinadas. Há mais janelas altas e estreitas e portas em arco do que 
posso contar, e há até uma torre para efeito adicional. 
Tenho certeza de que tem valor histórico porque pessoas 
importantes, como ele, moram nela há quase duzentos anos. Muito 
antes de essa escola existir. 
Fecho a porta silenciosamente e a agitação na área da recepção 
diminui, criando um silêncio desconfortável na sala. 
— Hum... — não sei o que dizer. — Oi... você queria me ver, 
Presidente? 
Ele se vira lentamente, sua boca uma linha plana de... não sei. 
Falta de interesse? Raiva? 
Mona Monroe acabou de sair daqui. Ela vive para irritar as 
pessoas. Apenas a minha sorte ser convocada logo após a dela. 
— Sente-se — diz ele, apontando para uma pequena mesa no 
canto da sala que parece estar posta para o chá. 
Ando até ela e me sento, me sentindo constrangida por não tocar 
em nenhuma das belas porcelanas ou talheres dispostos na toalha de 
mesa branca. Ele me observa fazendo isso com um foco intenso que 
imediatamente me deixa desconfortável. 
Solto um longo suspiro e espero. 
— Você gostaria de um pouco de chá? — Ele não me dá chance 
de responder, apenas aperta um botão em seu telefone e diz: — 
Laurie. Sirva-nos chá, por favor. 
Momentos depois Laurie aparece, sorrindo. Ela me serve uma 
xícara, depois enche a outra xícara, embora o Presidente tenha se 
sentado em sua ampla mesa. 
— Obrigado, Laurie. 
Ela sorri para ele enquanto sai do escritório, fechando a porta. 
— Vá em frente — diz o Presidente, apontando para a mesa. — 
É um bom chá. Na verdade, não ligo para chá, mas as pessoas 
compram para mim o tempo todo. Sou um homem difícil de comprar 
presentes, suponho. — Ele faz uma pausa para contemplar essa ideia. 
— Ainda assim, gosto de servi-lo. 
— O...kay. — Uso as pinças minúsculas para colocar dois cubos 
de açúcar na minha xícara e mexo com uma colher igualmente 
pequena. Então tomo um gole. — Mmm. — Finjo um sorriso para ele. 
— Eu gostei. 
Não é uma mentira. Mas também não é totalmente verdade. Eu 
só... por que estou aqui? 
— Bom. Estou feliz. — Ele cruza as mãos sobre a mesa e sorri 
para mim. 
Isto é tão estranho. Há dezenas de alunos na área de recepção 
esperando sua vez para uma reunião comcom ele. 
Talvez Axe esteja bem com a forma como as coisas estão 
acontecendo entre Cooper e eu e não precisa ter uma conversa sobre 
isso. Mas Lars definitivamente precisa. 
Mas então todos são interrompidos por Axe. — Ouça! Ouça! — 
Ele sai da frente da tenda. — Alinhem-se para o segundo desafio, 
senhoritas! — Ele está vestindo um par de jeans desbotados com 
muitos buracos hoje e uma camiseta branca que diz Crybabies are 
Losers17. A corrente de sua carteira bate contra sua perna enquanto 
ele anda de um lado para o outro, aqueles olhos malignos observando 
a tenda como se procurando uma vítima. 
Não tem o mesmo efeito em nenhum de nós desta vez. Acho que 
todos nós sabemos que Axe é perigoso e vai bater em você se você 
cruzar com ele, mas no fundo ele tem um coração muito mole. 
Especialmente para as meninas. 
E tenho que admirá-lo nisso. Se minha mãe tivesse me ferido 
como a dele, eu poderia abrigar algum ressentimento profundo em 
relação às mulheres. 
Todas as garotas se entreolham nervosamente, imaginando qual 
seria esse desafio. 
Suspiro e me inclino contra uma cadeira. 
— Vá. Para seu fodido. Trabalho. 
Eu olho para Victor, assustada. — Qual é o seu problema? 
— Você trabalha aqui, Fugling. E precisamos de ajuda na 
cozinha. Você não está aqui para curtir o show. 
— Que seja. — Empurro a cadeira e caminho em direção à Glass 
House, xingando Victor baixinho. E uma vez lá dentro, todo mundo 
parece ter um trabalho para eu fazer. Começando por esfregar o chão 
com as mãos e os joelhos. 
 
17 Bebês chorões são perdedores. 
Eles têm as cortinas abertas hoje. E os outros garçons estão se 
preparando para o que parece ser um almoço elaborado, mas a porta 
está fechada, então não ouço nada do que acontece do lado de fora da 
tenda. 
Tudo o que vejo é Sophie chorando histericamente enquanto as 
outras garotas fazem o possível para consolá-la. 
Uma das garçonetes vem do lado de fora e eu a paro antes que 
ela possa recuar para a cozinha. — O que aconteceu com Sophie? — 
pergunto. 
A garota – eu não faço ideia de qual é o nome dela – sorri para 
mim. — Ela foi negociada. 
— Negociada? O que? 
— Sim. Dante a comprou de Michael. 
— Sim! — diz um garoto atrás de mim. 
— O que tem de bom nisso? — pergunto. 
Ele ri. — Fizemos uma aposta e eles foram minhas escolhas. 
Acabei de ganhar mil dólares! Bebidas por minha conta esta noite, 
pessoal! 
Todos gritam e batem palmas, apreciando o medo e a tristeza de 
Sophie. 
Quero ir lá e consolá-la – dizer que ela ficará bem. Eu consegui, 
ela também consegue. Mesmo sem os guarda-costas. Mas hesito. 
Porque a única razão pela qual Dante não fez da minha vida um 
inferno foi porque Meat e Chatter estavam de olho em mim a cada 
segundo das últimas duas semanas. 
Então ele está lá. Dante está parado na porta da Glass House. 
— Fugling — late. — Preciso que você massageie meus pés. Traga 
sua bunda aqui. Agora! 
 
 
 
— Calma! 
Mas Michael não é capaz de ouvir agora. — Não me diga para 
me acalmar, Cooper! Quando sua namorada é comprada por um 
babaca sádico, você manda guarda-costas. Quando a minha recebe a 
mesma frase, você os manda para casa! 
— Você está exagerando — diz Lars. 
— Estou? Estou mesmo? — Michael vira seu olhar para mim. — 
Então por que você sentiu a necessidade de enviar guardas para 
proteger Cadee? E por que não está fazendo o mesmo por Sophie? 
Solto um longo suspiro. — Michael, não é minha decisão. O pai 
de Dante chamou o Presidente e ele acabou com os guarda-costas. De 
outra forma... 
— E você não se importa! Você não se importa! Aquele golpe que 
você deu para ajudar sua namorada-ninguém? Isso só piorou as 
coisas! Você! Piorou as coisas! 
Não posso dizer que ele está errado. Dante está se regozijando 
como uma raposa que acabou de receber as chaves do galinheiro. E 
ele é ruim. Eu sabia disso desde o início. Então fui e o coloquei no 
comando. O que foi uma coisa estúpida de se fazer porque Dante 
levou essa merda a sério e usou isso contra mim quando fez seu pai 
falar com o meu. Se ele é um cara tão ruim, Cooper, por que você o 
colocou no comando? 
— Michael, Sophie ficará bem. 
— Ela não ficará bem! Ela não tem proteção porque sabe que não 
pode sair! Você se certificou disso também! 
— Não tive nada a ver com isso! Você não entende? Estou apenas 
seguindo ordens! 
— Então você é pior. — Todos nos viramos para encontrar 
Isabella parada a poucos metros com os braços cruzados sobre o peito 
e uma carranca profunda. — Ou, pelo menos, você é como eles. Assim 
como seu pai. Igual ao meu. Você sabia que o segundo desafio era 
uma troca. Se os meninos não estão felizes... — ela joga os braços 
para cima — então eles podem nos trocar. Encontrar uma garota 
melhor e mais complacente. Você poderia pelo menos ter avisado 
Michael para que ele pudesse trazer dinheiro suficiente para impedir 
que sua namorada fosse vendida ao diabo. 
— Você também sabia, Isabella. E você também. — Aponto para 
Valentina e Selina. — Todos nós sabíamos. Então, qualquer um de 
vocês poderia tê-lo avisado também. Mas não avisamos. Porque nós… 
— Vocês não avisaram porque todos vocês me subestimaram. — 
Agora nos viramos para Dante. — Você não é um Rei, Cooper. Nem 
sei por que você se incomoda em fingir. Você nem quer estar aqui. 
Você deve ser o único a ir para casa. — Ele olha para nós. Todos nós. 
E mesmo sabendo que ele era mau desde o início, ele nem tenta 
esconder isso agora. Ele dá um passo em minha direção. Inclina-se 
um pouco, como se estivéssemos prestes a compartilhar um segredo. 
— E não se engane. Eu guardo rancor, Cooper Valcourt. Acha que me 
enganou quando mandou Cadee para minha casa com guarda-costas? 
Você não enganou. Planejei no minuto em que vi sua namoradinha 
se juntar à festa. Planejei isso, Cooper. E não se engane, meu jogo 
está longe de terminar. 
Ele se vira, seu olhar vagando pela multidão até pousar em 
Sophie. — Vamos, Sophie. Nós vamos nos divertir juntos hoje, garota. 
Onde está aquela Fugling? — Ele olha por cima do ombro para mim. 
E juro por Deus, acho que vejo um brilho vermelho em seus olhos 
quando ele sorri com satisfação. Como se realmente fosse o diabo. — 
Meu pai contou ao Presidente tudo sobre como Cadee Hunter estava 
se esquivando de seus deveres e a equipe estava chateada. Ele tirará 
tudo se ela não passar as próximas seis semanas fazendo exatamente 
o que ela disse. — Ele se vira para Sophie. — Eu vou encontrar o 
Fugling. Você apenas se concentra em colocar seu biquíni para mim. 
— Não tenho biquíni! — objeta Sophie. 
— Oh, tem, agora, Sophie. Trouxe um especialmente para você. 
Porra. Corro meus dedos pelo meu cabelo e viro, procurando Lars. 
Ele está de lado agora, com os braços cruzados sobre o peito. Não olhe 
para mim, é o que ele está dizendo. Seu negócio, cara. 
Volto-me para Dante. Mas ele se foi. Já indo em direção à Glass 
House para presumivelmente começar a tornar a vida de Cadee 
miserável também. 
— Certo — diz Axe. — É o bastante. Ninguém se machucará no 
nosso turno, entendeu? — Ele está olhando para Sophie. — Se eu 
precisar invadir a casa dele todas as noites para ter certeza de que 
você está segura, eu vou. 
Sophie está chorando de um jeito estranho. Não soluçando. 
Lágrimas, com certeza. Seu rosto está molhado e ela respira rápido e 
forte, mas nenhum ruído sai de sua boca. Ela acena para ele e enxuga 
o rosto com as costas da mão. — Ok. 
— Ok? — pergunta Axe. — Você está bem? Apenas... coloque o 
maiô, Sophie. Então faça o que ele diz. Só diga não se ele atingir um 
limite rígido. 
Ela soluça um pouco. Provavelmente imaginando todos os vários 
limites rígidos que ela tem. 
— Ok então. Vá se trocar. Ele deve ficar aqui todos os dias das 
nove as cinco, Sophie. Você ficará bem. Eu prometo. — Então ele olha 
para Michael. — São apenas duas semanas. Então… nós a 
compramosele, e ainda assim estamos 
aqui apenas olhando um para o outro. 
Seu sorriso cai. E então ele está franzindo a testa para mim. 
— Desculpe-me. Fiz algo de errado? É por isso que você queria 
me ver? 
— Errado? Querida, Deus, não. Você não fez nada de errado. 
Sinto muito por sua mãe, Cadee. 
— Oh. — Encolho um pouco. Meio que vou para dentro de mim 
com a lembrança da minha perda recente. 
— Eu queria ter certeza de que você estava bem. Você tem um 
lugar para ficar? 
E aqui vamos nós. Sabia que era por isso que eu estava aqui. 
— Sei que você está morando no sótão. Mas você e sua mãe 
estavam se preparando para se mudar hoje, então só quero ter 
certeza... 
— Espere. O que? O que você acabou de dizer? 
Ele parece confuso por um momento. — Mudando? 
— Nós não estávamos nos mudando hoje. 
Ele inclina a cabeça para mim. — Tenho quase certeza de que 
vocês estavam. Sua mãe avisou há dois meses. 
— Aviso de quê? 
— Ela desistiu. 
— Ela... desistiu? — Essas palavras não fazem sentido para mim. 
— Oh. — Ele faz uma pausa, franze a testa tristemente para 
mim com os lábios apertados. — Você não sabia. 
— Não. Eu não fazia ideia. 
Ele prende a respiração e estreita os olhos para mim. — Há 
mudanças na pousada. 
— Não. 
— Sim. 
— Não! — digo com força. — Eu estava literalmente em casa há 
uma hora. Não estávamos fazendo as malas. Nós não estávamos nos 
mudando! 
— Eu... — hesita. — Recebi uma ligação da segurança do campus. 
Os transportadores chegaram trinta minutos atrás e não havia 
ninguém lá, então ele os deixou entrar. Estão empacotando seu 
apartamento enquanto conversamos. 
— O que? — Eu me levanto. 
— Sente-se — ordena. — Não terminamos aqui. E como você 
pode ver pela minha área de recepção, eu tenho muitos outros 
problemas com o que lidar esta manhã. 
— Mas minhas coisas estão... 
— Farei uma ligação. — Ele desliza a mão dentro do paletó, pega 
o telefone e toca na tela. — Sim. Você pode me dizer o que está 
acontecendo no apartamento do Hunter? — Ele acena para o que a 
outra pessoa diz. Olha para mim. Desvia o olhar. — Obrigado. — Ele 
termina a ligação. — Temo que esteja tudo no caminhão. Eles 
acabaram de sair. 
Eu rio. Não posso evitar. — Isso não é possível! Ninguém pode 
tirar tudo de um apartamento inteiro em trinta minutos. 
— Vocês não eram os donos dos móveis. Eram apenas roupas e 
tal? 
— Sim, mas... 
— Receio que já era. Sua mãe tinha planos. — Ele dá de ombros. 
— Tenho certeza de que tudo chegará com segurança. 
— Chegar onde? 
— Não sei. — Ele deve ver o pânico no meu rosto porque diz: — 
Farei uma ligação e descobrirei para você. Não se preocupe. 
— O que? Não! Isso não está acontecendo! 
Ele levanta um dedo. — Dê-me um momento, por favor. — Ele 
faz a ligação sem esperar pela minha aprovação. — Xerife, você pode 
parar um caminhão para mim? Ele acabou de sair do Alumni Inn com 
as coisas de Cadee Hunter. — Ele ouve por um momento. — Oh. 
— O que? 
— Oh. Entendo. 
— O que? O que ele está dizendo? 
O Presidente me silencia com um olhar penetrante. — Ok. Eu a 
informarei. Obrigado. 
— Informa-me o quê? 
— Bem, aparentemente vocês estavam se mudando para Dakota 
do Norte. 
Eu rio. Simplesmente não há mais nada a fazer. 
— Falo sério, Cadee. Aquele caminhão está a caminho de Dakota 
do Norte. O xerife já olhou. Ele achou suspeito também, mas eles 
apresentaram a papelada. Sua mãe comprou uma casa lá. 
— Em Dakota do Norte? 
— Sim. — Ele parece preocupado por um momento. — É uma 
escolha estranha. Não é? 
— Estranha? Não. Isso é loucura. Nada disso está acontecendo. 
Diga ao xerife para fazê-los voltar. 
— Receio não poder. Não há motivo legal. 
— A razão legal é que eles roubaram minhas coisas! 
Ele franze a testa para mim. — Cadee, eu preciso dizer, não 
esperava que você fosse tão... combativa. Você nunca foi um problema. 
— O que? — Apenas pisco para ele. 
Mas antes que eu possa reunir algum tipo de resposta consciente 
a essa declaração completamente bizarra, ele diz: — Suas coisas não 
foram roubadas. Os carregadores e transportadores tinham uma 
ordem de serviço. Tudo foi feito de boa fé. 
— Presidente Valcourt, respeitosamente, minha mãe está morta! 
Suas ordens não importam mais. 
Ele atravessa a sala e se senta à minha frente na mesa de chá. 
— Não queria trazer isso à tona, mas essa mudança foi explicada no 
testamento. 
— O que? — Apenas o encaro. — Não. Não foi. Fui à leitura há 
alguns dias. Eu estava lá. Herdei... bem, nada. Não tínhamos nada. 
Mas... — balanço a cabeça, tentando organizar meus pensamentos. 
— Isso nem faz sentido. Por que iria... 
— Ouça, Cadee. — Ele dá um daqueles sorrisos que nada mais 
são do que dentes cerrados. Como se tivesse algo a acrescentar, mas 
não quisesse. Então inala rapidamente, estende a mão por cima da 
mesa e pega minhas duas mãos. Estou tão assustada que me afasto. 
Mas ele apenas as agarra com mais força. — Não sei se nada disso 
importa. 
— Do que você está falando? Claro que importa! Você está me 
dizendo que minha vida acabou de ser empacotada em um caminhão 
e agora está a caminho de Dakota do Norte! 
— Talvez você tenha parentes lá? 
— Eu não tenho! 
— Pare com isso agora, Cadee. 
Um calafrio percorre meus braços. Não gosto do jeito que ele diz 
meu nome. 
— Você se desesperará, Cadee. E não há razão para isso. 
— Estou... 
Ele solta minha mão e a próxima coisa que sei que dois dedos 
estão tocando meus lábios. Estou tão assustada por ele fazer isso que 
paro imediatamente. 
— Shh. Pare de falar, Cadee. Estou te dizendo, isso não importa. 
Você não partirá para Dakota do Norte. Na verdade, você não sairá 
deste campus. — Ele afasta os dedos. 
— Não vou? 
— Não. Eu te chamei aqui para te fazer uma oferta. 
Pisco para ele. Atordoada. Desesperadamente tentando 
acompanhar essa conversa, porque sinto que ainda estou presa nas 
palavras Dakota do Norte. — Que tipo de oferta? 
— Escola, claro. Ouvi alguns rumores de que você estava tendo 
problemas para ser aceita na faculdade comunitária? 
— Oh — suspiro, então eu olho para baixo e percebo que ele 
ainda está segurando uma das minhas mãos. E seu polegar está 
acariciando meu pulso. Engulo e olho para cima. O que diabos está 
acontecendo? 
— Você não precisa de faculdade comunitária, Cadee. 
— Não? 
Ele ainda está acariciando meu pulso e estou tentando ter uma 
ideia para fazê-lo parar quando ele diz: — Não. Você vai para a 
faculdade aqui. 
— Vou? 
— Sim. Temos um programa especial de bolsas. Um estágio de 
verão. Na cozinha da Glass House. 
— O quê? — Nunca ouvi falar desse lugar. E morei neste campus 
minha vida inteira. 
— Há um lago do outro lado do lago. — Ele sorri para mim. 
Quero puxar minha mão, mas é como se ele lesse minha mente e 
apertasse um pouco mais forte. — Atrás da minha mansão. Você 
provavelmente nunca esteve lá. 
— Não — admito. 
— E um clube realmente interessante para os moradores de 
Monrovian Lake Estates. Nós chamamos de Glass House porque, 
bem, é feita principalmente de vidro. É lá que é o trabalho. Você 
gostaria? 
— O emprego? 
— Tudo isso. — Ele finalmente solta minha mão e se recosta na 
cadeira. Sorri para mim. — O emprego, a bolsa de estudos. A 
educação que a levará a uma vida completamente diferente. 
— Bem... hum. Posso pensar? Digo, eu não esperava isso quando 
cheguei aqui, então não sei bem o que pensar sobre isso. 
— Diga sim. — Ele sorri novamente. — E então terminamos aqui. 
Sua vida está resolvida. Realmente sinto muito por sua perda, e sei 
que isso não compensará, mas qualquer coisa que eu possa fazer é só 
pedir. Sinto que você é... um dos meus. Eu te conheço desde que você 
nasceu. 
Hum. Penso nisso por um momento. Pode ser verdade. Vivi aqui 
toda a minha vida. Mas… antes desta reunião, não posso dizer que 
já estive na mesma sala que o Presidente. Ele é como se fosse um 
estranho para mim. 
— Agora — continua. — A única coisa que resta para resolver...Mas ele é interrompido quando a porta de seu escritório se abre 
e bate contra os painéis de madeira polida atrás dela com um 
estrondo. 
E Cooper Valcourt – seu filho fodido – está na porta. 
Ele levanta as mãos. — Desculpe-me, ok? É isso que você quer 
ouvir? As minhas desculpas? Feliz agora? Você pode apenas... por 
favor, ser a porra de um ser humano decente por um momento e nos 
devolver nosso chalé para o verão? Faremos seu trabalho estúpido, 
está bem? Eu farei isso. E você não precisa ouvir nada de mim. 
— Cadee — diz o Presidente, levantando-se e abotoando o casaco. 
— Este é meu filho, Christopher. Christopher, está é Cadee. Ela 
morará conosco neste verão. 
— O que? — Cooper e eu dizemos ao mesmo tempo. 
— Acompanhe-a até a mansão. Leve-a para a suíte de hóspedes 
sudeste e ajude-a a se instalar. 
— O que? — dizemos novamente. Desta vez, Cooper e eu olhamos 
um para o outro com uma mistura de confusão e medo. 
— E a resposta é não. Você não terá aquela casa de volta. Você 
viverá em casa como seus irmãos viviam quando estavam na escola. 
— Mas... — Cooper faz um protesto. 
Pegando o telefone, o Presidente e grita — Envie o próximo, 
Laurie — embora a porta esteja escancarada e todos na recepção 
tenham acabado de ouvir toda a conversa. 
Ele se vira para nós. Cara fechada para Cooper. Não diz nada a 
ele e, em vez disso, redireciona sua atenção para mim. — Cadee. — 
Ele se aproxima de mim e me oferece sua mão. 
Não sei o que fazer a não ser pegar e permitir que ele me ajude 
a levantar. 
Ele beija meus dedos e ouço Cooper respirar — O que diabos está 
acontecendo agora? 
Eu gostaria de ter uma resposta para ele, mas não tenho. E ele 
acabou de ver seu pai – um homem que não conheço. Absolutamente 
nada! – apenas beijar minha mão e me convidar para morar com eles. 
Tipo... é isso... o que basicamente aconteceu aqui? 
— Mais uma vez — diz o Presidente — sinto muito por sua perda. 
Tenho certeza de que recuperaremos o caminhão eventualmente. Na 
verdade, eu farei disso uma prioridade. — Ele segura minha mão. Dá 
um tapa. — Nós pegaremos suas coisas de volta. Mas enquanto isso, 
você se sinta em casa em nossa suíte de hóspedes e Cooper aqui a 
informará sobre seu novo trabalho. No outono, minha querida Cadee, 
a vida será completamente diferente do que é agora. E você estará se 
preparando para o seu primeiro ano em uma das faculdades 
particulares de elite do mundo. Parabéns. 
Então seu sorriso desaparece tão rápido quanto se formou. Ele 
se vira para Cooper e rosna as palavras — Cai fora — entre os dentes 
cerrados. 
Nem sei o que está acontecendo, mas estou tão cansada. 
Estou tentando sair, mas há uma garota esperando na porta por 
sua... reunião? Inferno, talvez ela esteja sendo convidada para ser a 
Presidente... o quê? O que foi isso? 
Ele veio até mim? Na frente de seu filho? 
Meu Deus. Não. Oh, meu Deus. Isso não está acontecendo. 
Quase derrubo a garota ao passar, e então preciso abrir caminho 
entre a multidão de crianças – que acabaram de ouvir tudo depois 
que Cooper entrou no escritório! 
Estou tão... não sei. Humilhada? Não sei. 
Apenas me dirijo para as escadas e começo a descer, tentando 
escapar o mais rápido que posso. 
Estou prestes a ir para as portas que levam para fora quando 
Cooper Valcourt agarra meu braço, me gira e me empurra para uma 
pequena alcova sob as escadas. 
— Ah, não, você não. Foda-se isso. — Ele me empurra contra a 
dura parede de pedra e se inclina em meu rosto. — Você não sairá 
daqui até que tenhamos uma conversinha, Cadee. 
 
 
 
Eu rosno para ela. — O que você disse para ele? 
— Nada! 
— Você está mentindo putinha! Você disse a ele! 
— Não! 
— Então por que ele estava em cima de você assim? 
— Não sei! Ele me chamou para uma reunião e... havia chá, e 
conversamos sobre Dakota do Norte, e então... — ela ergue as mãos. 
— Ele me convidou para morar com vocês! 
— Por quê? 
— Ele não disse! 
— Jesus fodido... — Eu me viro e esfrego minhas mãos no meu 
rosto. Este dia pode ficar pior? 
— Ele me deu um emprego. É isso. Um emprego e uma bolsa de 
estudos no final. 
— Não. — Estou balançando a cabeça quando me viro para 
encará-la. — Isso não está acontecendo. — Calma, Cooper. Você 
ainda não tem nenhum dos fatos. Vamos aos fatos. — Que trabalho? 
— rosno. 
— Algo... casa do lago. Lugar de vidro? 
— Porra. 
— O que? 
— O que sua mãe sabia? 
— Nada! 
Eu me inclino em seu rosto e assobio: — Mentirosa. Você é uma 
mentirosa do caralho! Você disse a ela, não disse? 
— Cooper. — Ela range os dentes e ri de mim. — Eu. Não. Disse 
a ela. Confie em mim. A última coisa que minha mãe gostaria de 
saber é que abortei secretamente quando tinha quinze anos! Isso a 
devastaria. Eu fiz isso por você. 
Odeio Cadee Hunter. — Gostaria de nunca ter te conhecido, 
porra. 
Ela me dá um tapa. Forte. Eu estendo meu braço, mas ela se 
abaixa e começa a correr para a porta. 
Eu a persigo. Mas ela abre as portas e quando estou do lado de 
fora, ela já está descendo as escadas, deslizando em uma multidão. 
— Por aqui! — Lars grita da esquerda. 
— Pegue ela! — grito, apontando para Cadee, sem me importar 
que haja dezenas de pessoas ao redor. Estão todos ocupados com seus 
próprios problemas do dia da mudança, de qualquer maneira. Eles 
não prestam atenção em mim, ou na Cadee Hunter fugindo, que 
agora se vê correndo direto para Lars e Axe. 
Ela não acredita que eles vão pegá-la para mim ou não me ouviu. 
Porque praticamente vai direto para suas garras a espera. 
— Que diabos! — Ela se contorce sobre eles como um ratinho 
feroz. 
Deus, odeio essa garota. Ela quase arruinou tudo três anos atrás. 
Levei semanas para convencê-la a calar a porra da boca e fazer o que 
eu disse. 
— Solte-me! 
Mas eles não soltam. Lars segura seus dois braços atrás das 
costas e Axe fica com aquele brilho nos olhos que significa que ele 
encontrou um alvo. Alguém para descarregar. Ele se inclina em seu 
ouvido quando chego atrás deles e diz: — Seja uma boa garotinha 
agora, Cadee. Ou colocarei uma coleira em você e a acompanharei 
pelos jardins como uma cadela. 
Ela se afasta dele. 
— Certo — digo, afastando-o dela. — É o bastante. — Mas então 
eu pego a mão de Cadee e a aperto. Forte. Enquanto a arrasto para 
os jardins comigo. 
Ela puxa, resiste e finca os pés no cascalho. — Solte-me! Solte! 
Eu a puxo para mim com tanta força que ela dá um pequeno giro 
e suas costas batem no meu peito. Eu a abraço. Apertado. Quase um 
abraço de urso por trás. De modo que quase parecemos um casal que 
parou no jardim para contemplar as rosas. 
Mas sussurro minhas palavras em seu ouvido. — Você se 
acalmará e será racional, você me entende? Há muito mais em jogo 
aqui do que pode imaginar. 
Ela rosna. — Solte-me. Agora mesmo. Ou gritarei tão alto... 
Eu a solto. Mas a afasto de mim. Apenas no caso de continuar 
com sua ameaça, de qualquer maneira. A última coisa que preciso é 
a estúpida Cadee Hunter fodendo ainda mais o meu dia. 
Ela se vira para me encarar. — Estou indo para casa. 
E então ela se vira no lugar algumas vezes, como se estivesse 
confusa sobre onde está. O que pode realmente ser o caso, porque 
estamos no lado universitário do campus e ela não deve vir muito 
aqui. É por isso que não tive que olhar para seu rosto estúpido por 
três anos. 
Mas ela descobre e começa a voltar para o lado da Prep onde o 
Alumni Inn está localizado. E seu pequeno apartamento no sótão. 
— Ótimo — digo, jogando meus braços para cima e olhando para 
Lars. 
— O que diabos está acontecendo? — pergunta ele. 
— Meu pai. É isso. — Então olho para Axe. — Grande ideia, a 
propósito. Dizendo-me para voltar lá. 
— O que aconteceu? — pergunta Axe. 
— Ele... — mas realmente não sei como explicar. — Ela... ela 
deveria se mudar para a mansão. E recebi ordens para acomodá-la. 
Lars solta uma risada. — Puta merda. Isso é engraçado. A louca 
Cadee vai morar com seu pai?— Não — eu rio. 
Mas então... talvez? Talvez seja isso? Ele... beijou a mão dela. Na 
minha frente. Isso é estranho pra caralho. 
Mas devo admitir que ainda seria melhor do que ele descobrir 
que convenci Cadee a fazer um aborto secreto há três anos. 
Meu telefone toca uma mensagem no meu bolso e quando o pego 
e olho para a tela é do meu pai: quero uma foto de Cadee instalada 
em sua suíte em trinta minutos. 
Eu me viro e olho para a janela de seu escritório. Encontro ele 
parado ali e olhando para mim. Então me viro e começo a andar em 
direção ao portão que leva ao lado da Prep do campus. 
— Aonde você vai? — Lars corre para me alcançar e Axe aparece 
do outro lado. 
— Pegá-la. 
Posso sentir que Lars e Axe estão tão confusos quanto eu. Mas 
não dizem mais nada. 
Começo a correr e eles mantêm o ritmo. E quando finalmente 
chegamos ao outro lado do campus, onde fica a pousada, vemos Cadee 
abrindo a porta dos fundos do antigo prédio de tijolos e 
desaparecendo lá dentro. 
Quando chegamos à porta, levanto a mão e paro Lars e Axe. — 
Espere aqui. Vou pegá-la. 
— Devo encontrar uma coleira? — pergunta Axe. — Apenas no 
caso. 
Quase sorrio. — Talvez? 
Isso faz Axe sorrir. O que é bom. Ele está tendo um dia ruim 
também. Todos nós estamos tendo um dia ruim. E Cadee parece fazer 
o possível para piorar. 
— Volto já. — E então vou atrás de Cadee Hunter. 
A porta dos fundos leva a uma escada e subo três degraus de 
cada vez até chegar ao patamar do quarto andar. Em seguida, viro 
para o corredor e desço até o final, onde a porta do apartamento dela 
está aberta. 
Quando a alcanço, escuto o barulho. Mas está completamente 
silencioso. 
Simplesmente ótimo. Se ela não está aqui – se saiu pela frente 
em vez de subir as escadas – estou fodido. E não há como saber se ela 
manterá a boca fechada sobre tudo o que aconteceu há três anos ou 
não. 
Não sei o que está acontecendo com ela e meu pai. Inferno, talvez 
ele esteja apaixonado por ela? Talvez isso seja tudo? Algum velho sujo 
que quer uma coisinha doce? 
Jesus. Isso me faz querer vomitar. 
— Cadee! — chamo pelas escadas. 
Nenhuma resposta. 
Vou para cima. Encontro ela parada no meio da sala. Não é uma 
sala de estar vazia, mas... definitivamente foi esvaziada de suas 
coisas. Assim como o meu chalé esta manhã. 
Há uma conexão? 
Mas antes que eu possa tentar me convencer de que não existe, 
Cadee sussurra — Acabou. Tudo se foi. Ele não estava mentindo. 
— Olha — digo, suspirando. — Não sei o que está acontecendo. 
Mas... 
— Minhas coisas se foram! Todas as nossas coisas se foram! Ele 
colocou em um caminhão para Dakota do Norte! 
— Que diabos você está falando? 
— Isso não foi ideia da minha mãe! Não tínhamos planos de nos 
mudar! 
Acho que ela pode estar ficando histérica. E a última coisa que 
preciso hoje é Cadee Hunter ficando histérica. Não depois do que 
aconteceu ontem à noite. Eu só posso suportar um tanto. 
— Cadee — assobio — eu tenho uma ressaca do caralho. Minha 
cabeça está latejando. Não consegui dormir ontem à noite, não vou 
para a Nova Zelândia no verão, fui expulso da minha casa e tenho 
que me mudar para casa. Eu realmente... realmente não tenho espaço 
dentro do meu cérebro para seus pequenos problemas. 
Ela se vira para mim com um olhar de completo desgosto. — 
Foda-se. 
— É isso. — Olho em volta, encontro um pedaço de barbante de 
laranja descartado no chão e o pego. 
Ela sorri para mim. — O que você acha que fará com isso? 
Não respondo. Ataco. Eu a agarro pelos ombros, a empurro no 
sofá, a seguro no lugar com meu joelho em sua bunda e amarro suas 
mãos. 
Ela grita e se mexe o tempo todo, mas não me importo. Chega. 
Eu a coloco de pé, tiro minha camisa e coloco em sua boca como uma 
mordaça. 
Seus olhos estão arregalados e seus pés chutando. O que não é 
uma jogada inteligente da parte dela, porque ela cai no chão. E então, 
finalmente, ela deixa de ser um problema. Porque desiste e começa a 
chorar. 
Preciso de um minuto, então desço as escadas, fecho a porta, 
encosto as costas nela e me afundo no chão para poder mandar uma 
mensagem para Lars. 
Ele e Axe aparecem pela porta do outro lado do corredor um 
minuto depois. — O que está acontecendo? 
— Ela está sendo uma cadela — digo. — Então eu a amarrei. 
Axe ri, então ergue outro fio descartado de barbante. — Grande 
ideia — brinca. — Eu estava pronto. 
— Um de vocês pode apenas... — massageio minhas têmporas 
com os dedos, tentando fazer com que essa dor de cabeça da ressaca 
diminua. — Apenas... vá colocar alguma porra de bom senso nela? 
Por favor. Ela precisa obedecer. Todos nós só precisamos obedecer. 
O sorriso de Axe cai, suas piadas desaparecem. — Porra. Eu 
farei isso. 
Ele provavelmente não é a escolha certa. Mas não voltarei lá. E 
Lars não se voluntaria. 
Eu me afasto para que Axe possa passar pela porta. 
— O que diabos aconteceu com sua camisa? 
Olho para a tatuagem desenfreada dos leões de Valcourt que se 
estende por todo o meu peito e brevemente desejo poder voltar àquele 
dia e não mais fazer isso. Mas desejar não muda nada, então apenas 
olho para Lars. — Eu a amordacei com ela. 
Nós dois rimos. Não podemos evitar. É meio engraçado. 
Ele cai ao meu lado e suspira. — Estamos fodidos? Ou o que você 
acha que está acontecendo? 
Olho de lado para ele. — Você realmente achou que seria tão 
fácil sair daqui? 
Ele dá de ombros. — Eu meio que esperava, sabe? 
— Nós deveríamos ter visto isso acontecer. Não tem como você 
sair. Você é filho único. 
— Sou? — bufa. 
— E Dane. Acho que é ele quem está por trás disso. 
— O que você acha que ele sabe? 
— Nenhuma ideia. — Apenas metade da verdade, é claro. Meu 
pai pode saber sobre o aborto de Cadee. Não sei como. Mas essa é a 
única maneira desse dia fazer sentido. 
Ficamos em silêncio e rapidamente nos levantamos quando 
ouvimos Axe descendo as escadas. Alguns segundos depois, a porta 
se abre e Cadee sai. Ela parece chorar e suas mãos ainda estão 
amarradas atrás das costas. 
Coloco a mão na boca para esconder meu sorriso quando vejo que 
o segundo pedaço de barbante foi amarrado em um nó corrediço e 
agora está em volta do pescoço. Minha camiseta ainda enfiada na 
boca dela. 
— Ok, então — diz Axe, meio que estufando o peito com orgulho. 
— Estamos bem. 
— Diabos, o que é isso? — ri Lars. — Ela não pode andar pelo 
campus assim! 
— Ah, ela pode. E vai. — Axe rosna essas palavras no ouvido de 
Cadee e ela franze as sobrancelhas, encolhendo os ombros para fazê-
lo se afastar de seu pescoço. — Eu avisei. Se ela precisar de uma 
coleira, eu posso fornecer. 
Ela começa a protestar através da mordaça. 
Estendo a mão e puxo de sua boca. 
— Isso é sequestro! Prestarei queixa! 
— Boa sorte com isso — ri Ax. — A porra do xerife trabalha para 
meu pai, Cadee. Eles só nos mandam para a cadeia quando eles 
querem nos ensinar uma lição. Você não faz parte da lição de hoje. 
Você é apenas uma tarefa para marcar na nossa lista. Você vai para 
a casa do Presidente. Como chegar lá depende de você. Achei que 
havia explicado isso lá em cima? 
— Vocês são um bando de animais! 
— Ouça — suspiro. — Nós podemos fazer isso da maneira mais 
fácil. Soltar os pulsos, tirar a coleira. Ou podemos fazer assim. Você 
será apenas mais uma brincadeira de um dia de mudança, Cadee. 
Ninguém se importará. 
Lars balança a cabeça. — Sim. É mais ou menos isso aí. Então 
decida. Jeito fácil? Jeito difícil? Nós realmente não damos a mínima. 
Ela bufa. 
— Isso é aceitação que ouço? — Coloco minha mão no meu ouvido 
para ser um idiota extra-especial sobre essa coisa toda. 
— Bom. 
— Oh, não, isso não é bom o suficiente — diz Lars. — Estamos 
meio chateados neste momento. Inferno, quem estou enganando? 
Estamos definitivamente chateados. Estamos tendo um dia ruim, 
Cadee. E você tem muita parte nisso. Então se ajoelhe e peça 
desculpas por piorar as coisas. 
Cadee olha para mim, seus olhos me implorandopara ter pena 
dela. Mas balanço a cabeça. Porque gosto dessa ideia. Humilhar 
Cadee Hunter pode não consertar nada, mas aquele velho ditado – 
sofrimento adora companhia – é muito, muito verdadeiro. 
Estreito meus olhos para ela. — De joelhos. Agora. Alguém tem 
que te ensinar uma lição. 
 
 
 
 
Onze bilhões de coisas terríveis e malignas passam pela minha 
mente neste momento. 
Pensei que Cooper era o pior? Oh não. Axe Olson é o pior! 
Olho para ele. Não Cooper. Terminei com Cooper. Como ele ousa 
me acusar de contar meu próprio segredo? 
— Primeiro de tudo — digo, olhando bem para Axe, em vez de 
Cooper — não é seu segredo. 
— O-o quê? — Ax ri e olha nervosamente para Lars. 
— Não é seu segredo se segurar ou derramar como um idiota. É 
meu. — Praticamente cuspo as palavras para ele. 
— Uh... do que diabos você está falando? — diz Ax. 
— E — continuo, ainda sem olhar para Cooper — se você alguma 
vez... — abaixo minha voz — voltar a me tocar, eu vou mandar 
prendê-lo. 
— Hum… Jesus, cara — diz Lars. — O que diabos você fez com 
ela lá em cima? 
Eu me viro para Lars. — E você... 
— Eu? — Ele aponta para si mesmo. — O que eu fiz? 
— As palavras cúmplice disposto significam alguma coisa? 
— Claramente ela está enlouquecendo. 
Ah, Cooper Valcourt. Você não disse isso. 
Mas não vou olhar para ele. Eu me recuso a olhar para ele. Não 
depois do que ele fez. — Não estou louca. Mas uma palavra minha 
sobre meus segredos — estou encarando Lars nos olhos — e você. 
Cairá. 
— Cadee — cospe Lars. — Diabos, do que você está falando? Eu 
sequer falo com você há três anos! Qualquer que seja a porra da 
viagem em que você esteja, não tem nada a ver comigo. — Ele olha 
para Ax. — Tire essa porra do pescoço dela. E desamarre-a, pelo amor 
de Deus. Não andaremos com ela pelo campus assim. 
— Vocês não me levarão a lugar nenhum. Ficarei aqui mesmo. 
Axe ri de mim. E por um momento me pergunto se ele realmente 
fará algo estúpido. Como me sufocar. Porque ele é esse tipo de cara. 
Nervoso. Instável. Violento. Mesmo agora posso ver a mancha 
amarelo-esverdeada ao redor de seu olho. Ele usa hematomas como 
distintivos. É em quantas brigas esse garoto se envolve. 
— Desçam as escadas — diz Cooper. 
— O que? — pergunta Lars. 
— Apenas... vocês dois. Desçam as escadas e me dê um minuto 
com... Cadee. — Ele zomba do meu nome como se fosse algo 
realmente nojento. 
— Com prazer — diz Axe, me olhando de cima a baixo de uma 
forma ameaçadora. — Foda-se essa cadela. 
Lars o segue e Cooper espera até eles passarem pela porta no 
final do corredor antes de pegar meus pulsos. — Que raio foi aquilo? 
— Foi uma ameaça. 
Ele tira um canivete do bolso, corta o barbante em volta dos 
meus pulsos e, em seguida, pega o nó em volta do meu pescoço. 
Afasto suas mãos e removo o barbante. — E se você acha que não 
farei isso, você me subestimou duramente. — Tento dizer isso com 
tanta convicção quanto posso, mas minha voz falha. E sei que se eu 
disser muito mais, provavelmente começarei a chorar. 
Cooper suspira, coloca as mãos nos bolsos e encosta-se à parede. 
Como se precisasse de algo para segurá-lo agora. 
Não quero olhar para a tatuagem gigante de leões lutando que 
se estende por todo o seu peito – ou os músculos por baixo dela. Ele 
não tinha nada disso quando estivemos juntos pela última vez. 
Vocês nunca estiveram juntos, Cadee. Ele te intimidou. 
Inplacavelmente. 
Certo. Vamos tentar manter este dia enraizado na realidade. 
Mas santo inferno. A última vez que vi tanto de Cooper Valcourt 
ele certamente não parecia tão bem. 
Afasto meus olhos de seu peito e me recuso a admitir que gosto 
da tatuagem e dos músculos, porque Cooper Valcourt é mau. Todos 
os Valcourt são maus. O que significa que... a oferta de seu pai pode 
ser... 
— Veja — suspira Cooper. — Se você me ajudar, eu te ajudo. 
— Não preciso da sua ajuda. 
— Não? Parece que ele roubou sua vida, assim como roubou a 
minha. 
Agora eu olho para ele. — E de quem é a culpa? 
— Não é minha. 
— Errado. Tudo é sua culpa. Mesmo quando não é. 
— Muito infantil? 
O ar passa pelos meus lábios. — Você é difícil de entender. — Eu 
viro minhas costas para ele. 
— Escute-me. — Ele agarra meus ombros, me gira e me empurra 
contra a parede. Não só isso – ele se empurra contra mim. Então seu 
peito está pressionando contra meus seios. 
Não. Olhe para ele. Não! 
— Olhe para mim, Cadee. 
Aguente firme. 
— Olhe. Para. Mim. Cadee. — Ele faz uma pausa. Então sua voz 
suaviza. — Por favor. 
Porra. Eu olho. E cara... por quê? Por que esse animal tem que 
ter esses olhos? Penetrante. Eu sei. É muito usado em livros. Todo 
homem de olhos azuis tem um olhar penetrante. Entendo. 
Mas é apenas verdade com este. Esses olhos azuis não lembram 
o céu ou as longas e brilhantes penas de um pavão. Ah, eles são dessa 
cor. Um azul intenso, quase surreal. Mas eles são escuros. São as 
profundezas do desespero. Relâmpago em uma nuvem de tempestade. 
A chama de um incêndio a gás. São venenosos. Puro veneno. 
— Não sei o que ele está fazendo. Juro por Deus, não sei. E não 
entendo por que ele a envolveu. Se eu pudesse parar, eu o pararia. 
— Então faça! — grito. Bem na cara dele. — Diga a ele. 
Ele suspira e passa os dedos pelos cabelos. — Isso não ajudará 
em nada. O que está feito está feito. Ele não precisa saber disso. 
— Você diria isso — sussurro. — Porque você fez isso acontecer. 
Você fez isso comigo. 
Ele se afasta. 
— Tudo isso! Isto é tudo culpa sua. Você matou meu pai, você 
matou... 
Ele se vira e grita — De que porra você está falando? 
— Você é tudo o que há de errado na minha vida, Cooper 
Valcourt! Tudo! É tudo culpa sua. 
Ele realmente ri e joga as mãos para cima. — Certo. Você quer 
fazer tudo ser minha culpa? É tudo culpa minha. 
— De joelhos, Cadee! Você gostaria disso, não gostaria? Você e 
seus amigos valentões! Você fez minha vida miserável naquele ano. 
Você tem alguma ideia do que fez comigo? — grito. Tão alto que ele 
avança e coloca a mão em concha sobre minha boca. 
— Cale-se! — rosna na minha cara. Ele me agarra pelo cabelo e 
o torce em seu punho até puxar meu couro cabeludo. — Apenas... 
acalme-se. 
Respiro com força em sua palma, meu peito arfando. E então... é 
isso. Cheguei ao fim do meu autocontrole e as lágrimas escorrem pelo 
meu rosto e deslizam sobre seus dedos. 
Toda aquela tristeza que tenho guardado nas últimas duas 
semanas de repente vem à tona. E este é o pior momento. Não quero 
fazer isso na frente de ninguém, muito menos de Cooper Valcourt. 
Mas não posso parar. E então estou soluçando. Ofegante para 
respirar e soluçando. 
E o que Cooper faz? Apenas... me encara. E esse olhar. Juro por 
Deus, eu quero dar um tapa na cara dele de novo. 
— Cuidarei das coisas. Você me entende? 
Balanço a cabeça e limpo meus olhos, tentando respirar por sua 
mão. 
— Resposta errada. — Ele empurra seu corpo contra o meu 
novamente. — Resposta errada, Cadee! Você vem para casa comigo. 
Tenho quinze malditos minutos para te levar até lá e tirar uma foto 
sua em seu novo quarto ou... 
Empurro sua mão da minha boca e de repente as lágrimas 
sumiram, mas a raiva voltou. — Ou o que? — dou um passo a frente 
e ele dá outro para trás. — Ou o quê, Cooper? Eu não vou para casa 
com você! Não vou! O que quer que seu pai esteja fazendo, não quero 
fazer parte disso! 
E então – não sei bem o que acontece – ele me pega no colo e me 
joga por cima do ombro. Sequer entendo como ele conseguiu um 
movimento tão complicado no espaço de um momento. 
— Cansei de tentar argumentar com você — rosna ele, andando 
pelo corredor. 
— Coloque-me no chão! — Agarro a carne logo acima de seu 
quadril e cravo minhas unhas em sua pele. 
Ele bate na minha bunda. Forte. 
E então estamos na escada e ele está praticamente descendo as 
escadas. Ele chuta a porta na parte inferior e não para. 
Axe e Lars nos seguem. Posso ver seus pés. 
— Que diabos?

Mais conteúdos dessa disciplina