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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL PRO-‐REITORIA DE GRADUAÇÃO Curso de Administração Disciplina SISTEMAS LOGÍSTICOS DE TRANSPORTES DISTRIBUIÇÃO FÍSICA DE CARGAS Prof. Alexandre da Silva Paim 2015 Neste capítulo é abordada a distribuição física de carga, ou seja, a etapa logística que inicia com a separação do pedido (que é abordado em um capítulo específico) e termina com a entrega dos produtos ao cliente ou consumidor final. Os sistemas de distribuição podem incluir ou não Centros de Distribuição. Portanto eles serão abordados discutindo-se inicialmente sua necessidade e depois a questão de sua localização. Para isso é abordado o método do centro de gravidade como técnica usada para uma primeira aproximação do local. Após isso são apresentados outros métodos para refinar a escolha do local. Os sistemas de distribuição envolvem o processo de determinação das melhores rotas para fazer as entregas a partir da fábrica, loja ou CD. Mas estes dois últimos assuntos serão abordados em capítulos específicos. 1 - Distribuição Física Distribuição física é o transporte dos materiais a partir do produtor até o consumidor, sendo a última fase da logística antes da utilização do produto pelo cliente. Este transporte ocorre através de um canal de distribuição, que inclui todos aqueles pelos quais passa o fluxo de produtos ou serviços. A maneira de cada empresa tratar a distribuição física depende dos canais de distribuição utilizados, dos mercados atendidos, das características dos produtos e do tipo de transporte disponível. A distribuição física típica inclui dois tipos de transporte de produto: a transferência e a distribuição propriamente dita (entrega). A transferência envolve deslocamento maciços (geralmente com lotação completa de grandes volumes em veículos maiores) entre dois pontos (normalmente entre a fábrica e o CD ou entre dois CDs). A distribuição propriamente dita, ou entrega, que geralmente parte de um único ponto (o CD, por exemplo) para fazer entregas em vários destinos numa única viagem, normalmente com veículos menores e com ocupação parcial. A coleta é o inverso da distribuição, pois os produtos são trazidos de fontes diversas (fábricas, depósitos) para um depósito central dos produtos. 2 - Sistemas de distribuição Novaes (2004) resume as diversas situações na distribuição física em duas configurações básicas: “um para um” e “um para muitos”. Na distribuição “um para um” o veículo é totalmente carregado no depósito da fabrica ou num CD do varejista (lotação completa) e transporta a carga para um outro ponto de destino, podendo ser outro CD, uma loja, ou outra instalação qualquer. Nesta modalidade o carregamento do veículo é realizado de forma a lotá-lo completamente, ou seja, visando o melhor aproveitamento possível de sua capacidade. Procura-se também utilizar veículos maiores (menor custo por t.km). Este tipo de distribuição é denominado transferência de produtos. Na distribuição “um para muitos” (ou compartilhada) o veículo é carregado no CD com mercadorias destinadas a diversas lojas ou clientes e executa um roteiro de entregas predeterminado. Normalmente neste tipo de distribuição o veículo se desloca até um determinado bolsão ou zona de entrega onde executa entregas ou coletas. Nesta modalidade normalmente não se consegue um bom aproveitamento do espaço dentro do veículo, pois as cargas são separadas por cliente, carregadas na ordem inversa das entregas, o que dificulta a otimização do arranjo interno da carga no caminhão. Esta modalidade é chamada também de entrega ou distribuição propriamente dita. 3 - Papel do armazém na rede de distribuição Os armazéns (depósitos) desempenham a função de acumular e consolidar produtos de diferentes pontos de fabricação dentro da mesma empresa ou de várias empresas, para remessa combinada a clientes comuns. Os armazéns desempenham atividades básicas como: recebimento de materiais; estocagem de matérias- primas, produtos em processo e produtos acabados; consolidação1/desconsolidação de cargas; separação de materiais. O armazenamento de produtos visa a normalmente a minimização das perdas de oportunidades de vendas (produto em falta pode significar, por exemplo, venda perdida), e pode ocorrer em: centrais de abastecimento; locais de estocagem em portos, aeroportos e pontos de transbordo intermodal; depósitos em fábricas (matérias-primas e produtos acabados); depósitos de atacadistas; depósitos de varejistas; depósitos em hipermercados; operadores logísticos; instalações de consolidação / desconsolidação; cooperativas de produtores agrícolas; EADI (Estação Aduaneira de Interior); armazéns de empresas do setor público; outros. 1 Consolidar cargas é agrupar cargas de diversas origens (de diversos clientes, por exemplo) para serem transportadas juntas. Desconsolidar é o processo inverso, ou seja, separar as cargas de cada cliente que estavam juntas no contêiner ou caminhão, por exemplo. 4 - Centros de Distribuição Avançados (CDA) No caso específico de centros de distribuição objetiva-se reduzir as distâncias de transporte, tendo como consequência um maior nível de serviço devido à resposta rápida aos pedidos dos clientes. Neste caso o armazenamento deve ser próximo aos locais onde serão entregues (clientes/consumidores). Figura 1 – Situações de distribuição (a) sem CD e (b) com um CD. Também há uma diminuição na complexidade das rotas (ver Figura 1) e diminuição dos custos de transporte pela diminuição das distâncias percorridas e pelo uso de veículos maiores (menor custo por t.km) entre as origens e o CD. Quando é possível agrupar os clientes em regiões geograficamente distintas, pode ser indicado instalar um CD em cada região (com isso os tempos de resposta ficam menores). A Figura 2 apresenta esta situação. Figura 2 – Exemplos de sistema de distribuição com dois CD. Os centros de distribuição têm objetivo de manter estoque, mas há pelo menos duas modalidades de centros de distribuição que apresentam o estoque tendendo a ZERO: Cross Docking e Transit-Point. 5 - Cross Docking A Figura 3 ilustra uma operação de crossdocking. Cargas completas chegam de múltiplos fornecedores e, em seguida, inicia-se um processo de separação das encomendas, com a movimentação das cargas da área de recepção para a área de expedição (como o nome diz, atravessando as docas) para os diversos clientes. Figura 3 – Sistema cross docking típico. Em sistemas de crossdocking automatizados, ao serem descarregados dos caminhões os paletes têm lidos seus códigos de barras que identificam a origem e o destino. Automaticamente são transportados para as respectivas docas de saída através de esteiras transportadoras e carregadas nos veículos que farão a entrega local. Estes partem com uma carga formada por produtos vindos de vários fornecedores. A operação de crossdocking ocorre, por exemplo, quando a gestão daexpedição procura atender uma solicitação de emergência ou procura atender pedidos pendentes, através de produtos recebidos, antes que estes sejam direcionados para a área de estoque. Para que exista sucesso na operação de crossdocking é necessário um alto nível de coordenação entre os participantes (fornecedores, transportadores) viabilizada pela utilização de identificação por códigos de barras ou por radiofrequência, transmissão eletrônica de dados (EDI) e programas de gestão de armazém (WMS) para coordenar o intenso e rápido fluxo de produtos entre as docas. A capacidade de planejamento antecipado e o seu cumprimento rigoroso permitem que a passagem de estoques pela instalação seja a mais breve possível. Caso haja pouca coordenação e falta de sincronismo entre a recepção e expedição das cargas será necessário maior espaço no armazém para manter estoques. 6 - Transit-Point A configuração Transit-Point se diferencia da Crossdocking por receber carga de uma única origem (ver a Figura 4). O depósito recebe um único carregamento com vários pedidos e o separa (desconsolida) em carregamentos menores que são embarcados em veículos menores e enviados para os clientes de uma determinada área geográfica. Figura 4 – Sistema transit-point típico. Em alguns casos não há nenhuma instalação física (depósito) para desconsolidação da carga, sendo a mesma passada diretamente do veículo maior para os veículos menores. Referências Bibliográficas BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial: O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2008. KOTLER, P. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo, Prentice Hall, 2000. LAVRATTI, F. B. Gestão da distribuição física: coordenando a rede logística. Florianópolis: Ed. do Autor, 2006. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2006. NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. 2. ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2004. Atividades 1) A partir dos estudos desenvolvidos nesse capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Com relação à localização de CD, pode-se afirmar que: A.( ) As alternativas B e C estão corretas. B.( ) A definição do local do CD pode fazer uso de critérios como benefícios fiscais, disponibilidade de mão de obra, vias de acesso, etc. C.( ) O método do baricentro pode dar uma primeira aproximação para a localização de um CD. D.( ) Nenhuma das acima está correta. 2) A partir dos estudos desenvolvidos nesse capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Com relação a instalações do tipo cross-docking e do tipo transit-point pode-se dizer que: A.( ) As alternativas B e C estão corretas. B.( ) elas tem em comum o fato de trabalharem com estoque tendendo a zero. C.( ) o que as diferencia é que transit-point recebe carga de diversas origens e cross-docking recebe carga de uma única origem. D.( ) Nenhuma das acima está correta. 3) A partir dos estudos desenvolvidos nesse capítulo, marque (X) somente na resposta verdadeira. Uma das justificativas para o uso de CDs pelas empresas é: A.( ) As alternativas B e C estão corretas. B.( ) Ao instalar um CD a empresa pode usar veículos menores (mais baratos) entre a fábrica e o CD, diminuindo o custo total. C.( ) O CD próximo aos clientes reduz as distâncias de transporte, o que leva a uma resposta mais rápida aos pedidos dos clientes. D.( ) Nenhuma das acima está correta. Respostas: 1 – A; 2 – B; 3 – C.
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