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DIDÁTICA E OS DIVERSOS CAMINHOS DA APRENDIZAGEM Angelita Azevedo Talita Daniele Alves Gomes Caldeira Marilene Nunes DIDÁTICA E OS DIVERSOS CAMINHOS DA APRENDIZAGEM 1ª edição Ipatinga – MG 2024 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2024, Editora Prominas. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO SER CRIANÇA NO BRASIL: DESAFIOS E CONQUISTAS ........................... 8 1.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8 1.2 CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E DE INFÂNCIA ................................................ 8 1.3 HISTÓRIA E POLÍTICAS DE ATENDIMENTO À INFÂNCIA NO BRASIL ................. 10 1.4 ALGUNS MARCOS LEGAIS ........................................................................ 15 FIXANDO CONTEÚDO................................................................................... 20 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA HISTORICIDADE ................................... 26 2.1 A EDUCAÇÃO INFANTIL NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LEI 9.394/96) .............................................................................................. 26 2.2 OS REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL . 29 2.3 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL ...... 31 2.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ............. 34 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................... 42 O ENSINO FUNDAMENTAL E HISTORICIDADE ....................................... 48 3.1 O ENSINO FUNDAMENTAL NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LEI 9.394/96) ............................................................................................. 48 3.2 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL.51 3.3 O ENSINO FUNDAMENTAL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ............. 58 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 62 DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL – O PROCESSO DE TRANSIÇÃO E AS EXIGÊNCIAS DE UM NOVO CENÁRIO ................ 67 4.1 ENTENDA A LEGISLAÇÃO ....................................................................................... 67 4.2 OS DESAFIOS ÀS CRIANÇAS E AOS EDUCADORES ............................................... 70 4.3 ALTERNATIVAS PARA SUPERAR OS DESAFIOS DA TRANSIÇÃO ............................ 73 4.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL E O ENSINO FUNDAMENTAL NO CENÁRIO DE PANDEMIA DO COVID19 ................................................................................................................. 75 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 82 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................. 88 5.1 O SUJEITO APRENDENTE COMO PONTO DE PARTIDA ........................................... 88 5.2 O DOCENTE COMO MEDIADOR DO CONHECIMENTO ........................................ 92 5.3 OS PROJETOS DE TRABALHO REDIMENSIONANDO A EXPERIÊNCIA EDUCATIVA 93 5.4 EDUCADORAS RELATAM EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS ..................................... 96 5.4.1 Projeto “Cores, aromas e sabores”. ............................................................... 96 5.4.2 Projeto “Nossa Formatura” .............................................................................. 99 5.4.3 Projeto “Sonhar, economizar e realizar” .................................................... 101 5.4.4Projeto “4º ano no mundo do silêncio” ...................................................... 103 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 105 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 6 O DESAFIO DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES(AS) ........................... 110 6.1 A FORMAÇÃO DOCENTE: ASPECTOS LEGAIS ..................................................... 110 6.2 A FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE ........................................................................ 115 6.3 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE ............................................................. 118 6.4 A ESCOLA COMO LÓCUS PRIVILEGIADO DE FORMAÇÃO ................................ 119 6.5 RELATANDO UMA EXPERIÊNCIA ........................................................................... 119 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 121 LÚDICO E MUSICALIZAÇÃO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES .................. 126 7.1 LÚDICO NA EDUCAÇÃO ....................................................................................... 126 7.2 MUSICALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA DE ENSINO ........................................... 128 7.3 EXPERIÊNCIAS E VIVÊNCIAS EMOCIONAIS ......................................................... 129 7.4 LÚDICO E BRINCADEIRAS NO ENSINO INFANTIL ................................................. 130 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 133 TENDÊNCIAS DO ENSINO DE MÚSICA E A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO ENSINO INFANTIL........................................................................... 137 8.1 MÚSICA E LUDCIDADE NO ENSINO INFANTIL ...................................................... 137 8.2 ENSINO LÚDICO E MUSICAL PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................. 140 8.3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A MUSICALIZAÇÃO .......................................... 142 8.3.1 Os sons na primeira infância ........................................................................40 No documento, é reforçado ainda que as atividades que envolvem o cuidar devem ser integradas com as ações de conhecer e explorar o mundo. A autonomia da criança deve ser incentivada tanto nas atividades dirigidas, como também nos momentos de livre exploração, para que ela possa enfrentar e superar obstáculos. Todos os momentos vivenciados pelo/a estudante no espaço educacional, devem ser oportunos para a promoção do conhecimento. Para que isso aconteça, o/a educador/a deve planejar e instituir uma rotina com o objetivo de organizar as ações e promover noções de tempo e espaço que transmitam para as crianças as sensações de segurança e tranquilidade. A rotina também é fundamental para que o docente acompanhe o desenvolvimento das crianças e avalie as práticas pedagógicas com mais facilidade, para que assim, possa realizar intervenções que julgar pertinentes durante o processo de ensino e aprendizagem. Em relação a avaliação das crianças na Educação Infantil, a BNCC orienta que “Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 39). Nesse sentido, em relação às formas de avaliação, o documento apresenta diversas possibilidades de registro que podem ser utilizadas pelo/a educador/a, tais como: portfólios, depoimentos da família, fotografias, desenhos e textos. Em linhas gerais, como podemos observar, a proposta apresentada pela Base se distancia da tradicional organização do planejamento das práticas pedagógicas, cuja estrutura se ancorava em datas comemorativas, conteúdos, áreas de conhecimento ou componentes curriculares. Traz um novo olhar ao currículo que 41 contempla mais amplamente a ação social da criança. A Undime elaborou em conjunto com o Movimento Pela Base e Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o documento “Parâmetros Nacionais da Qualidade da Educação Infantil - Apoiando contextos de interações, brincadeiras e linguagens promotores das aprendizagens e desenvolvimento das crianças de 0 a 5 anos”. O objetivo da publicação é contribuir com gestores e professores para ajudá-los a compreender os parâmetros e a utilizá-los como referência para planejar suas práticas. Disponível em: https://bit.ly/3ukCBwT. Acesso em: 14 jul 2021. https://bit.ly/3ukCBwT 42 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (FUNDEPES) De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a avaliação da Educação Infantil deve ser realizada mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. Nesse contexto, a avaliação nessa etapa: a) Visa a uma análise quantitativa do desenvolvimento infantil. b) Estimula a observação do comportamento infantil com vista à produtividade e racionalidade. c) Requer do docente análises voltadas exclusivamente aos processos sensitivos da infância. d) Requer do docente habilidades na observação dos processos do desenvolvimento infantil, com ênfase em aspectos qualitativos. e) Requer do docente a habilidade pedagógica de perceber o momento de promoção da criança à etapa seguinte da educação infantil. 2. (VUNESP - Adaptada) Leia o excerto para responder à questão. [...oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento de ensino...] A partir da leitura e de conhecimentos sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), art. 11, pode-se afirmar que as incumbências elencadas cabem a) Aos Municípios. b) Ao Estado. c) À União. d) Às Escolas Privadas. e) Ao Distrito Federal. 43 3. (UFPR ) Considere o seguinte texto: Contemplar o cuidado na esfera da instituição da Educação Infantil significa compreendê- lo como parte integrante da educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica. Ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. (Brasil, 1998, p. 24) Com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil/MEC, 1998), é correto afirmar: a) As ações pedagógicas direcionadas ao educar devem ater-se aos comportamentos familiares, para que as aprendizagens anteriores não comprometam os novos conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades específicas. b) A atuação na Educação Infantil requer visão integrada sobre o desenvolvimento infantil, ressaltando a articulação entre o cuidar e o educar, de forma que esses processos sejam complementares e indissociáveis. c) O cuidar no contexto educativo infantil tem caráter predominantemente auxiliar, uma vez que a finalidade das ações escolares é instruir e ampliar os conhecimentos específicos de cada criança. d) A Educação Infantil visa o atendimento escolar, delegando-se à área da saúde a responsabilidade com as dimensões relativas ao cuidar. e) Cuidar, na Educação Infantil, significa criar meios de escolarização para que as crianças de 0 a 5 anos tenham acesso à educação formal e aos recursos pedagógicos, visto que o cuidar é responsabilidade das famílias e da sociedade. 4. (ENADE, 2008) As Diretrizes Curriculares da Educação Infantil e os Referenciais Curriculares propõem a educação infantil como espaço de cuidar e educar. Essa concepção também se estende às creches, sobre as quais afirma-se: I. As creches são lugar de proteção e de cuidados com a saúde, bem como de educação para as crianças; II. O ambiente escolar da creche se constitui como espaço assistencialista às crianças; III. O processo educativo na creche promove o desenvolvimento afetivo, 44 cognitivo e social; IV. Como espaço de guarda e tutela, a creche tem especial cuidado com a saúde e a higiene das crianças. São afirmações adequadas à concepção de creche, expressas nos documentos citados, APENAS: a) I e II b) I e III c) II e III d) II e IV e) III e IV 5. (NC-UFPR - adaptada) Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, a Base Nacional Comum Curricular define os direitos e objetivos de aprendizagem das crianças, orientando as instituições educativas na elaboração do currículo. Acerca dessas orientações, considere as seguintes afirmativas: 1) Para planejar o trabalho no cotidiano, os professores precisam analisar e identificar as conquistas e as dificuldades percebidas nas práticas com as crianças. 2) De modo a orientar os projetos pedagógicos das unidades de Educação Infantil, a BNCC propõe que neles as crianças tenham garantidos como direitos mediadores de aprendizagens significativas: Conviver – Brincar – Explorar – Expressar – Participar – Conhecer-se. 3) O currículo por campos de experiência propõe a organização do trabalho pedagógico na Educação Infantil com práticas essenciais para cada grupo etário, a fim de contemplar suas necessidades, demandas e interesses. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. 45 c) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. d) Todas as afirmativas são verdadeiras. e) Nenhuma das alternativas é verdadeira. 6. (IPEFAE - adaptada) Em relação aavaliação, de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, assinale a afirmativa correta. a) Avaliação deve buscar entender o processo de cada criança. b) A avaliação comporta julgamentos, e certo ou errado no processo educativo. c) A avaliação deve ser constante e fazer parte de uma atitude sistemática. d) A avaliação deve ser sempre classificatória e ter um caráter de julgamento de valor. e) A avaliação deve ser usada com o objetivo de promoção para o acesso ao ensino fundamental. 7. (VUNESP) Joana, professora de educação infantil, atenta à necessidade de atualizar-se e aprimorar o trabalho pedagógico que desenvolve, consultou a Base Nacional Comum Curricular – Etapa da Educação Infantil. Nesse documento, Joana leu os “Direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil”. De acordo com o referido documento, um dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil refere-se a: a) Aplicar os princípios da evolução biológica para analisar a história humana, considerando sua origem, diversificação, dispersão pelo planeta e diferentes formas de interação, valorizando e respeitando a diversidade étnica e cultural. b) Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. c) Identificar e analisar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados do racismo no brasil e, ainda, identificar e analisar as políticas oficiais com relação aos povos indígenas. d) Formular perguntas, apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala, na participação em discussões sobre temas de interesse da turma e temas controversos. 46 e) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável. 8. (FUNDEPES) A Base Nacional Curricular Comum da Educação Infantil expõe como um dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de crianças de zero a 1 ano e 6 meses a percepção de que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos. Nesse contexto, esse objetivo diz respeito a que campo de experiência? a) “Oralidade e escrita.” b) “O eu, o outro e o nós.” c) “Corpo, gestos e movimentos.” d) “Traços, sons, cores e formas.” e) “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.” 47 48 O ENSINO FUNDAMENTAL E HISTORICIDADE 3.1 O ENSINO FUNDAMENTAL NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LEI 9.394/96) Como já abordado anteriormente, a Constituição Federal de 1988 garantiu o direito à Educação a todos(as) os(as) brasileiros(as), sem quaisquer distinções. Esse marco histórico gera desdobramentos em outras legislações que vêm a seguir, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9.394/96). A LDB institui as diretrizes e as bases da educação nacional, estabelecendo, assim, os princípios que devem reger a educação, bem como as competências e responsabilidades do Estado com relação à Educação pública e gratuita no país. Atribui também a responsabilidade e o dever da família com relação à educação de seus(suas) filhos(as). Em seu 2º art., considera, como finalidade da Educação, “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1996, Art. 2º). No capítulo I, art. 21, a LDB trata dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino, instituindo dois níveis, sendo o primeiro, a Educação básica, constituída pela Educação infantil, pelo Ensino Fundamental e pelo Ensino médio e o segundo nível, constituído pela Educação Superior. Como já mencionado no capítulo anterior, esse foi um ganho para a Educação Infantil, já que pela primeira vez na história do nosso país ela é inserida na Educação Básica. Em seguida, o art. 22 define como finalidade da Educação Básica, “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1996, Art. 22). Ou seja, como o próprio nome já diz, as habilidades básicas para o estudo, trabalho e cidadania são previstas nessa etapa da Educação. Um aspecto relevante da LDB é evidenciar a importância do caráter democrático da educação, envolvendo toda a comunidade escolar, que pressupõe UNIDADE 03 49 a equipe pedagógica e administrativa da escola, os/as estudantes, seus familiares e comunidade local, nas decisões da escola. O Art. 14 comprova essa afirmação: Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da Educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996, Art. 14). Os Conselhos escolares são, certamente, um instrumento democrático que precisa ser criado e efetivado nas instituições escolares, pois permitem a participação de toda a comunidade escolar nos rumos da escola. São compostos por representantes de estudantes, de funcionários - incluindo os/as educadores/as, da equipe gestora, dos pais dos estudantes e de membros da comunidade, que são eleitos democraticamente e se organizam para contribuírem com a gestão da escola. A LDB trata ainda da carga horária mínima a ser destinada ao Ensino fundamental, que é de oitocentas horas, distribuídas em, pelo menos, duzentos dias letivos. Essa orientação visa uniformizar a carga horária, garantindo a todos (as) os(as) estudantes um tempo mínimo de atividades escolares, por ano. Em 2006, uma alteração importante acontece no Ensino Fundamental que, ao invés de 08 anos, passa a ser composto por 09 anos de escolarização. Ou seja, o último ano da Educação Infantil (faixa etária de 06 anos) passa a integrar o Ensino Fundamental, estendendo assim, a carga horária total desse segmento. https://bit.ly/3ohL8jk https://bit.ly/3mboQxb 50 O art. 32 da LDB nos apresenta os objetivos que o Ensino Fundamental deve almejar, sendo eles: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 1996, Art. 32). Vemos então, nesses objetivos esperados para o Ensino Fundamental, uma articulação entre as habilidades básicas de aprendizagem, a participação dos/as educandos/as de forma ativa na sociedade, o desenvolvimento de atitudes e valores, incluindo aqueles que se vive no meio familiar. Uma determinação importante dessa lei é acerca do Ensino Religioso nas escolas. Essa disciplina é de oferecimento obrigatório pelas escolas, resguardando o respeito às diferenças e à diversidade religiosa, considerando a pluralidade cultural. No entanto, embora a sua oferta seja obrigatória, não é obrigatório ao/àestudante participar das aulas. Destacamos também o que a LDB nos apresenta sobre a Educação Especial. Em seu Art. 59, na redação alterada em 2013, são tratadas os direitos que os indivíduos possuem de usufruir de uma atenção diferenciada, a partir de suas demandas e particularidades. Vejamos: Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem 51 como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996, Art. 59). No capítulo 4º do art. 32, a LDB traz uma questão que muito nos interessa. Vejamos o que esse capítulo nos diz: “o ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais” (BRASIL, 1996, Art. 32). Digo que é uma discussão que nos interessa, pois há alguma tempo não imaginávamos o Ensino Fundamental ser oferecido na modalidade à distância, o que se alterou em decorrência da Pandemia do Covid 19, que transformou radicalmente a nossa sociedade e, de maneira particular, a Educação. Esse tema será discutido em capítulo posterior, dada a sua relevância para compreendermos e refletirmos sobre a Educação em nosso país e no mundo, diante desse novo cenário. 3.2 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são outra referência importante para compreendermos o processo histórico do Ensino Fundamental em nosso país. Inicialmente, é fundamental entendermos o que significa o termo “Parâmetros”. Se recorrermos ao dicionário, veremos que o significado se aproxima de “regra”, “padrão”, “princípio”. Podemos entender esse documento, então, como um princípio, uma referência teórica, um guia para conduzir o trabalho das instituições escolares. Conforme descrito nos Parâmetros: 52 Apesar de apresentar uma estrutura curricular completa, os Parâmetros Curriculares Nacionais são abertos e flexíveis, uma vez que, por sua natureza, exigem adaptações para a construção do currículo de uma Secretaria ou mesmo de uma escola. Também pela sua natureza, eles não se impõem como uma diretriz obrigatória: o que se pretende é que ocorram adaptações, por meio do diálogo, entre estes documentos e as práticas já existentes, desde as definições dos objetivos até as orientações didáticas para a manutenção de um todo coerente (BRASIL, 1997, p. 29) Com isso, vê-se a característica flexível dos PCNs, sendo resguardada a autonomia das instituições escolares frente à implementação de tais orientações curriculares. Os PCNs apresentam, em sua primeira parte, um diagnóstico da realidade educacional do país naquele momento para, a partir daí, apresentar as suas propostas. O diagnóstico apresentava dados quantitativos e qualitativos, que demonstravam o quanto a educação precisava avançar, para se tornar, de fato, um direito de todos e todas, conforme previa a Constituição Federal de 1988 e reafirmava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. O documento segue, apresentando a sua natureza, os seus objetivos e a sua função. Destaca que tem a função de: subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de material de reflexão para a prática de professores (BRASIL, 1997, p. 29). Nesse sentido, impulsionados pelas orientação da LDB e dos PCNs, os sistemas, as redes de ensino e as escolas iniciaram um trabalho sistemático de estudo desses documentos e elaboração de seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPP). A seguir, compartilho com você, uma experiência que tive durante a minha vida profissional, enquanto pedagoga, em uma escola da rede privada Compartilhando uma experiência… A minha primeira experiência na educação como educadora teve início no ano de 1994, na Educação Infantil de uma escola da rede particular de Mariana, Minas Gerais. Os meus três primeiros anos naquela escola se deram trabalhando com turmas de Maternal (crianças de 2 e 3 anos), por 2 anos e com uma turma de 2º período, por 1 ano. Finalizado o terceiro ano de docência em tal escola, fui convidada pela direção a assumir a coordenação pedagógica. Foi grande o desafio diante de uma nova experiência e em um momento de significativa importância para a educação nacional, visto que estávamos conhecendo a LDB e os PCNs. Era grande 53 a repercussão desses documentos e cabia a nós conhecermos bem cada um deles e elaborarmos o Projeto Político Pedagógico (PPP) da nossa escola. Enfrentei o desafio com muito estudo e determinação. Estudava muito, dia e noite, para compreender a nova função a mim confiada e também aquela nova realidade que se colocava para a educação em todo o país. Participava de congressos, fazia cursos e muitas leituras. Isso foi me embasando e me trazendo tranquilidade para eu desenvolver o processo formativo com as minhas colegas, professoras. Nos reuníamos todas as quintas-feiras, após o encerramento das aulas, para realizarmos os nossos grupos de estudo. Líamos e discutíamos textos, assistíamos a vídeos, que naquela época não eram tão acessíveis como atualmente, e não desistíamos de buscar sempre o melhor. Assim, fomos associando o conhecimento teórico que estávamos construindo, com as exigências de se elaborar o nosso PPP. Passamos o ano de 1997 nesse processo de estudo e construção. Grande foi a nossa satisfação em ter podido elaborar, coletivamente, um documento que nortearia o trabalho daquela escola nos próximos anos, que explicitaria a identidade institucional, os nossos anseios, a nossa realidade, as nossas necessidades, bem como as orientações curriculares nacionais. Como todo PPP, o processo de revisão e atualização é contínuo e, assim, por muitas outras vezes, fizemos o movimento de retomada e melhoria do documento, o que certamente, continuou acontecendo na escola pelos anos que se seguiram. Sinto-me privilegiada por ter tido a experiência de uma construção coletiva, dialógica, ao passo que tantas e tantas outras escolas contratavam uma consultoria externa para elaboração do seu PPP, sem nenhuma participação da comunidade escolar. Reafirmo, pois, a importância da participação ativa de todos os envolvidos na escola, seja na construção de um PPP ou de tantos outros momentos, que exigem participação, interação, escuta e dialogicidade. Angelita Azevedo- Maio de 2021 O Projeto Político Pedagógico precisa, assim, afirmar a identidade da escola, ou seja, as suasconcepções, as suas escolhas, a sua identidade cultural. O currículo, que nele se insere, não é meramente uma coletânea de objetivos, conteúdos, técnicas, experiências, mas traduz os processos de subjetivação, ou seja, aquilo que é próprio do indivíduo, da sua experiência, além de refletir o saber sistematizado, construído historicamente. Isso reforça a importância de cada escola construir, coletivamente, o seu PPP e que ele seja uma presença viva nas instituições, conduzindo todos os processos educativos. O PPP deve ser compreendido como um instrumento que garante autonomia e resguarda a identidade da escola, a partir dos princípios e diretrizes que projetam o seu “vir a ser”, construídos, como já dissemos, de maneira coletiva e dialógica. Retomando a nossa conversa sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, falaremos sobre a organização desse documento. Os PCNs são colocados como o primeiro nível de “concretização curricular”, sendo: 54 uma referência nacional para o ensino fundamental; estabelecem uma meta educacional para a qual devem convergir as ações políticas do Ministério da Educação e do Desporto, tais como os projetos ligados à sua competência na formação inicial e continuada de professores, à análise e compra de livros e outros materiais didáticos e à avaliação nacional (BRASIL, 1997, p. 29). Isso quer dizer que esse documento norteou as ações do Ministério da Educação, no que se referia às metas e objetivos educacionais, blocos de conteúdos sugeridos, bem como outros projetos, dentre eles, a formação de educadores. Importante destacar também que os PCNs trazem como objetivo geral do Ensino Fundamental, “utilizar diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica, corporal — como meio para expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções da cultura” (BRASIL, 1997, p. 48). Quando abordamos a LDB, falamos que essa lei flexibilizava os tempos escolares. Inclusive, demos um exemplo da alternância. Lembra-se? Pois bem, os Parâmetros Curriculares Nacionais partem da concepção de que a divisão rígida da escolaridade, por anos ou séries, compromete o processo educativo e, assim, opta pela organização em ciclos, vendo nesse modelo uma flexibilização do tempo que faz toda a diferença para o/a aprendente, pois respeita os ritmos de aprendizagem. Assim, os PCNs consideravam que: os conhecimentos adquiridos na escola passam por um processo de construção e reconstrução contínua e não por etapas fixadas e definidas no tempo. As aprendizagens não se processam como a subida de degraus regulares, mas como avanços de diferentes magnitudes (BRASIL, 1997, p. 43). Uma inovação trazida pelos PCNs foi a abordagem dos Temas Transversais, que se relacionam a questões do cotidiano, da vida pessoal e coletiva, que precisam ser refletidas com os/as estudantes e incorporadas em sua realidade, ou seja, temas que favorecem a construção da cidadania e, quando falamos em cidadania, estamos nos referindo a direitos e deveres a serem vivenciados pelos indivíduos, de forma a participarem ativamente da vida em sociedade. Portanto, os Temas 55 Transversais são assim chamados, por atravessarem as áreas do conhecimento e problematizarem a realidade. Assim, foram eleitos os seguintes temas: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. O documento, dado o seu caráter flexível e contextual, sugere que os Temas transversais sejam trabalhados de acordo com cada contexto, partindo das características e necessidades dos/as estudantes, além de explicitar a importância de cada região eleger os seus próprios temas. Falaremos agora sobre os conteúdos curriculares. Os PCNs redimensionam a percepção acerca dos conteúdos ao considerarem que eles não têm um fim em si mesmos, mas são um meio pelo qual o/a estudante desenvolverá as suas habilidades. Vistos dessa forma, eles deixam de ocupar o lugar central do processo de ensino e aprendizagem. O foco é o/a aprendente e as habilidades que ele desenvolverá e, sendo assim, os conteúdos entram como um meio para tal desenvolvimento. O redimensionamento no conceito de conteúdo também se faz perceber na sua ampliação. Tradicionalmente, os conteúdos eram vistos a nível de conceitos, de forma factual. Os PCNs avançam, considerando os conceitos também a nível de procedimentos, valores, normas e atitudes. Vamos entender melhor o que isso quer dizer? https://bit.ly/3AT9GTo 56 Os conteúdos conceituais “referem-se à construção ativa das capacidades intelectuais para operar com símbolos, ideias, imagens e representações que permitem organizar a realidade.” (BRASIL, 1997, p. 51). O/a aprendente busca informações variadas, as organiza, compreende os princípios que norteiam aquele conteúdo, faz relações variadas, generaliza, memoriza compreensivamente. Podemos citar como exemplos de um conteúdo conceitual: nomear os estados brasileiros, memorizar a data do descobrimento do Brasil, compreender uma cadeia alimentar, listar as estações do ano, conhecer a estrutura e função social de um gênero textual, dentre outros. Os conteúdos procedimentais, como o próprio nome já diz, se relacionam a ações, procedimentos, ao modo de se fazer algo. Assim, eles “expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões e realizar uma série de ações, de forma ordenada e não aleatória, para atingir uma meta” (BRASIL, 1997, p. 52). Nessa perspectiva, podemos considerar como exemplos de conteúdos procedimentais: armar e efetuar uma operação matemática, escrever um texto, aplicar uma fórmula para resolução de um problema, confeccionar uma maquete, produzir um cartaz, dentre outros. E, por fim, os conteúdos atitudinais, que dizem respeito às atitudes, comportamentos, regras, normas, desenvolvidas pelos/as estudantes, já que “a escola é um contexto socializador, gerador de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, aos colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade (BRASIL, 1997, p. 52). O trabalho com esse conteúdo se liga, intimamente, à sua função social de desenvolvimento da cidadania. Assim, podemos exemplificar como conteúdos atitudinais: relacionar-se com respeito com os/as colegas e professores/as, usar a empatia nas relações, cumprir uma regra da escola e da sala de aula, ser solidário(a), dentre outros. https://bit.ly/3m9OZft 57 Tendo como parâmetro esses tipos de conteúdo, os PCNs não os apresentam de maneira solta e independente, mas sim, organizados em blocos, que se intercalam, visando uma integração, já que o conhecimento é global e não fragmentado. Assim, os conteúdos para o Ensino Fundamental são organizados em blocos, a partir das seguintes áreas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História e Geografia, Arte e Educação Física, sendo que os Temas Transversais perpassam todas essas áreas. Importante discutirmos também sobre a concepção de Avaliação defendida pelos PCNs. Segundo esse documento, a avaliação: é compreendida como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica. Acontece contínua e sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do conhecimento construído pelo aluno (BRASIL, 1997, p. 55). Percebemos então, que a avaliação é considerada como um processo contínuo e permanente, que visa observar o desenvolvimento do/a estudante levando em conta, principalmente, a qualidade da aprendizagem. Através da avaliação, o/a educador tem a possibilidade de avaliar a sua própria prática e perceber o que é necessário fazer para facilitar que o/a estudante aprenda e se desenvolva. Nesse sentido,a avaliação não tem caráter coercitivo, não causa medo e receio no/a estudante, não classifica-o(a), mas é democrática e emancipatória, pois visa, sobretudo, a construção e o desenvolvimento de todos/as os/as estudantes, quanto da prática pedagógica dos/as educadores/as. 58 Esse foi um panorama geral acerca dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental. É sempre importante recorrer aos documentos e lê-los integralmente para, assim, ampliar ainda mais o seu conhecimento. A seguir, abordaremos sobre a Base Nacional Comum Curricular e o que ela nos traz acerca do Ensino Fundamental. 3.3 O ENSINO FUNDAMENTAL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Como já foi citado anteriormente, a BNCC é um documento normativo que deve ser utilizado como referência na elaboração dos currículos de todas as instituições de ensino que ofertam a Educação Básica no País. Além disso, o documento prevê a formação de educadores, a elaboração e revisão das propostas pedagógicas, a construção de materiais didáticos e avaliações. Seu objetivo é promover a equidade através de uma formação integral do cidadão. O documento foi elaborado a partir dos PCN’s e das DCN’s, e especifica e determina com clareza os objetivos de aprendizagem de cada ano escolar. Com a BNCC, o ensino fundamental passou a ser organizado em cinco áreas do conhecimento, sendo elas: Linguagens; Matemática; Ciências da natureza; Ciências humanas; e Ensino Religioso. https://bit.ly/2XTlXIH https://bit.ly/3uiKUcJ https://bit.ly/39MQzy8 https://bit.ly/3zSuGIm 59 Figura 5: Organização do Ensino Fundamental na BNCC Fonte: BNCC (BRASIL, 2018) Essas áreas foram estruturadas com o propósito de promover a comunicação entre os saberes dos diferentes componentes curriculares. Cada área possui competências específicas. Em cada componente são definidas unidades, objetos de conhecimento e habilidades. Além disso, há uma progressão entre as competências específicas nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental: As competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos Finais e a continuidade das experiências dos alunos, considerando suas especificidades (BRASIL, 2018, p.28). https://bit.ly/3ukHgz4 60 Da mesma forma que os PCN´s, a BNCC divide também o Ensino Fundamental em duas fases: os anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano). Nos anos iniciais é dedicado a introdução escolar, é feito um resgate das atividades lúdicas comuns na Educação Infantil, estabelecendo dessa forma uma relação com a etapa anterior, ressaltando assim a importância da sistematização progressiva das experiências dos alunos. A criança nessa etapa deve ter oportunidade para expressar sua curiosidade e demonstrar seus argumentos e necessidades por meio do seu ponto de vista, na convivência com a família e na escola. A alfabetização está inserida na área de linguagens, no documento ela é tratada como o foco da ação pedagógica no 1º e 2º ano dos anos iniciais, com o objetivo de garantir à criança, o direito fundamental de ler e escrever. Nos anos finais, apesar de ainda existir a preocupação com a alfabetização, a ênfase é dada no trabalho com as capacidades e produção de textos escritos e orais e na participação do aluno em práticas de letramento. Apesar do trabalho pedagógico nas duas etapas do Ensino Fundamental apresentarem muitas características em comum, nos anos finais a proposta educacional está mais direcionada para a promoção da autonomia e do protagonismo dos alunos, preparando-os para o ingresso no ensino médio. O adolescente é um sujeito em desenvolvimento sendo necessário que a escola busque compreender e dialogar com as formas de expressão particulares dessa faixa etária. Segundo a base: As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do adolescente como sujeito em desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que demandam práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos de inserção social. (BRASIL, 2018, p. 60) 61 Nesse contexto, a avaliação também adquire uma forma mais global e integral, a BNCC recomenda: construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos (BRASIL, 2018, p. 17). O documento reforça, desse modo, a necessidade de a avaliação ser realizada de maneira formativa, ou seja, os/as educadores/as precisam observar o percurso dos alunos, identificar os seus progressos e planejar os caminhos para que o aprendizado avance. Para que isso aconteça, ele/a deve utilizar diferentes instrumentos de avaliação como, por exemplo, portfólios, relatórios, registros a partir de fotos, vídeos e gravações. A Base também ressalta as discussões sobre a função do/a educador/a, que não é mais concebido como o único detentor do conhecimento e passa a ser entendido como o mediador e responsável por orientar e auxiliar o/a estudante na construção do conhecimento. Com isso, o/a estudante passa a desempenhar o papel de protagonista do seu processo de ensino e aprendizagem. 62 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (COTEC- 2020) Analise as afirmativas abaixo, que tratam da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 9.394/1996, sobre as finalidades da educação básica: I. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar- lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. II. A educação básica pode organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. III. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. Está(ão) CORRETA(S) as afirmativas: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. (ENADE, 2005). Como parte das atividades de estágio, estudantes de Pedagogia observaram a organização e o funcionamento de uma escola da rede pública do Ensino Fundamental, ficando em dúvida quanto a três aspectos legais: os dias letivos, a carga horária anual necessária e o ensino religioso. O que determina a Legislação Educacional, relativamente a esses três aspectos? DIAS LETIVOS HORAS ANUAIS ENSINO RELIGIOSO 63 a) 200 800 Obrigatório para a escola e facultativo para o aluno b) 200 720 Facultativo para a escola e para o aluno c) 190 750 Facultativo para o aluno d) 180 790 Facultativo para a escola e) 170 780 Obrigatório para a escola e para o aluno 3. (ENADE, 2005) A implementação do projeto político-pedagógico é uma das condições para que se afirme a identidade da escola como espaço necessário à construçãodo conhecimento e da cidadania. Sabe-se que o currículo é parte integrante desse processo e deve contemplar a formação de identidade cultural. Nessa perspectiva, o currículo deverá ter como diretriz: a) Promover narrativas sobre o outro numa ótica universalista. b) Valorizar o enfoque prescritivo e auto-referenciado do conhecimento. c) Organizar conteúdos, disciplinas, métodos, experiências e objetivos. d) Estabelecer pautas de conduta visando à classificação de identidades. e) Privilegiar os processos de subjetivação coletiva e o saber sistematizado. 4. (ENADE, 2008) A elaboração do projeto político-pedagógico é um processo de consolidação da democracia e da autonomia da escola, com vistas à construção de sua identidade. É uma ação intencional, com um compromisso definido coletivamente, que reflete a realidade, busca a superação do presente e aponta as possibilidades para o futuro. O projeto político-pedagógico é um documento que não se reduz à dimensão didático-pedagógica. Nesse texto, o projeto político-pedagógico se constitui como: a) Instrumento legitimador das ações normativas da equipe gestora. b) Desenvolvimento de ações espontâneas da comunidade escolar. c) Definição de princípios e diretrizes que projetam o vir a ser da escola. d) Incorporação de múltiplas teorias pedagógicas, produzidas na contemporaneidade. e) Implementação de estrutura organizacional visando à administração interna da escola. 5. (ENADE, 2008). A Escola Municipal Maíra vem modificando as características de 64 sua gestão. Ampliou as ligações com a comunidade em seu entorno e fortaleceu o conselho escolar, que tem acompanhado a freqüência e o desempenho dos alunos. Quando surgem problemas, os membros do conselho, formado por professores, alunos, pais, funcionários e representantes da comunidade, conversam entre si, com os professores e a família do aluno. Além disso, o conselho participa das decisões pedagógicas e administrativas, inclusive no que tange ao uso dos recursos financeiros da escola, seja para obras de manutenção, para passeios educativos ou para a compra de materiais didáticos. De acordo com a regulamentação municipal, haverá novas eleições para o conselho escolar no próximo ano. A escola apresentada nesse texto está atuando: I. De forma equivocada, pois envolve os alunos nas decisões pedagógicas e administrativas; II. Em consonância com as concepções democráticas de gestão, pois redefine os membros do conselho por meio de eleições periódicas; III. Em desacordo com a ldben 9.394/1996, pois permite que pessoas de fora da escola interfiram em sua gestão; IV. De acordo com a ldben 9.394/1996, pois tem um conselho escolar atuante, com participação comunitária. Está(ão) correta(s) APENAS a(s) afirmação(ões) a) II b) III c) IV d) I e III e) II e IV 6. (Instituto AOCP) A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) possui caráter prescritivo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Sabendo disso, é correto afirmar que a Base é um documento de caráter 65 a) Normativo. b) Restritivo. c) Moderador. d) Estrutural. e) Legislativo. 7. (UFF) A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever para os alunos: a) O processo de vivências naturais, partindo dos conceitos mais simples para os mais complexos. b) A progressiva sistematização dessas experiências e o desenvolvimento de novas formas de relação com o mundo. c) O desenvolvimento contínuo das atividades infantis, sendo retiradas gradualmente para que não haja bloqueios. d) A maturidade necessária para que possam absorver os conteúdos disciplinares mais abstratos. e) A concepção de que eles, os alunos, se encontram em níveis diferentes e é preciso homogeneizar as atitudes e conhecimentos. 8. Como você estudou, os PCNs redimensionam a percepção acerca dos conteúdos ao considerarem que eles não têm um fim em si mesmos, mas são um meio pelo qual o/a estudante desenvolverá as suas habilidades. Baseando-se em estudos de educadores de referência, os PCNs apresentam uma tipologia de conteúdos. Leia- os abaixo e faça as devidas associações. 1. Conteúdos conceituais 2.. Conteúdos procedimentais 3.. Conteúdos atitudinais 66 ( ) Podem ser exemplificados da seguinte forma: demonstrar respeito e atenção a um palestrante que visitará a escola para uma atividade com a comunidade escolar. ( ) Podem ser exemplificados da seguinte forma: falar as capitais dos estados brasileiros; ( ) Podem ser exemplificados da seguinte forma: participar ativamente da organização de um festival cultural na escola. ( ) Podem ser exemplificados da seguinte forma: apresentar as partes que compõem uma planta. ( ) Podem ser exemplificados da seguinte forma: saber ouvir os/as colegas e esperar a sua vez de falar. Assinale a resposta que apresenta a sequência CORRETA. a) 2, 1, 1, 3, 2 b) 3, 1, 2, 3, 1 c) 3, 1, 1, 2, 3 d) 3, 1, 2, 1, 3 e) 2, 1, 2, 1, 3 67 DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL – O PROCESSO DE TRANSIÇÃO E AS EXIGÊNCIAS DE UM NOVO CENÁRIO 4.1 ENTENDA A LEGISLAÇÃO A passagem da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, é um momento que merece muita atenção por parte da escola e dos/as educadores/as, para que essa mudança não cause prejuízos ao aprendizado e para que toda a trajetória escolar vivenciada até então pelas crianças seja considerada e tenha continuidade. Esse tema vem sendo discutido em documentos legais que embasam a educação brasileira desde 1998 com os RCNEI, porém, apenas a partir da implementação da Lei nº11.274/2006 que institui o Ensino Fundamental de nove anos que antecipou o ingresso das crianças de seis anos nessa etapa da Educação Básica, é que esse momento da transição obteve maior visibilidade. O documento elaborado pelo MEC em 2006, intitulado “Ensino Fundamental de Nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade”, aponta que “[...] a implementação dessa política requer orientações pedagógicas que respeitem as crianças como sujeitos da aprendizagem” (BRASIL, 2006, p. 7). Essas orientações reafirmam a passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental como um marco na vida e no desenvolvimento da criança, sendo este um momento que merece atenção especial para a construção de um elo entre essas duas etapas. Para isso, são apontadas várias providências necessárias geradas por essa ampliação, como uma política de formação continuada voltada para os profissionais da educação, mudanças na infraestrutura e do mobiliário dos espaços físicos e recursos e materiais didáticos que precisam ser repensados, de forma que sejam capazes de atender essa nova faixa etária que passou a ser atendida no Ensino Fundamental. Essas demandas são fundamentais para que o objetivo da UNIDADE 04 68 implementação dessa política alcance o seu objetivo de assegurar a ampliação do tempo de convívio escolar com maiores oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem. Essa preocupação está presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), que reforçam a necessidade da instituição de ensino que oferece o Ensino Fundamental assegurar que essa transição ocorra de forma a dar continuidade aos processos de aprendizagem e de desenvolvimento das crianças (PAZ; OLIVEIRA; 2017). Na transição para o Ensino Fundamental a proposta pedagógicadeve prever formas para garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, respeitando as especificidades etárias, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental (BRASIL, 2010, p. 30). Dessa forma, é preciso que a escola esteja preparada para o momento de transição, prevendo como esse processo deve ocorrer em sua proposta pedagógica e implementando ações que ajudem as crianças a se adaptarem à nova rotina escolar por meio de mudanças gradativas. A transição também é discutida na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), que ressalta que todo o histórico do/a estudante que está chegando ao primeiro ano é essencial para que a transição ocorra de forma saudável e sejam respeitados os conhecimentos que a criança já traz. Segundo a Base: [...] para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico. (BRASIL, 2017, p. 53) A Base também sugere que os/as educadores/as devem realizar uma síntese do que foi aprendido na Educação Infantil, a partir dos objetivos de aprendizagem previstos nos cinco campos de experiências, como mostra o quadro a seguir. 69 Quadro 1: BNCC - Síntese das aprendizagens da Educação Infantil SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS O eu, o outro e o nós Respeitar e expressar sentimentos e emoções. Atuar em grupo e demonstrar interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizando-se com os outros. Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifestando respeito pelo outro. Corpo, gestos e movimentos Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir- se e no cuidado com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo. Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com o outro e com o meio. Coordenar suas habilidades manuais. Traços, sons, cores e formas Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música, percebendo-a como forma de expressão individual e coletiva. Expressar-se por meio das artes visuais, utilizando diferentes materiais. Relacionar-se com o outro empregando gestos, palavras, brincadeiras, jogos, imitações, observações e expressão corporal. Escuta, fala, pensamento e imaginação Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por diferentes meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida. Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas. Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações Identificar, nomear adequadamente e comparar as propriedades dos objetos, estabelecendo relações entre eles. Interagir com o meio ambiente e com fenômenos naturais ou artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado com relação a eles. Utilizar vocabulário relativo às noções de grandeza (maior, menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e medidas (comprido, curto, grosso, fino) como meio de comunicação de suas experiências. Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses e ano) e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora e depois), para responder a necessidades e questões do cotidiano. Identificar e registrar quantidades por meio de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, organização de gráficos básicos etc). Fonte: Brasil (2017, p. 54-55). 70 Nesse processo, uma estratégia potente seria o/a educador/a de turmas de 1º ano do Ensino Fundamental conversar com os/as educadores/as que acompanharam as crianças na etapa anterior, consultar portfólios e avaliações que foram realizadas, para que possa ser construído um planejamento com base nessas informações que contribua para promover a adaptação da criança à nova rotina e continuidade do aprendizado. Como podemos observar, o principal documento que orienta os objetivos de aprendizagem para cada segmento da Educação Básica, a BNCC (2018) discorre sobre a importância da articulação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Porém, como discutiremos a seguir, ainda são muitos os desafios que precisam ser superados para que esse momento de mudança tão importante e crucial na vida escolar da criança aconteça de forma adequada, respeitosa e afetuosa. 4.2 OS DESAFIOS ÀS CRIANÇAS E AOS EDUCADORES A falta de articulação entre a Educação Infantil e o 1º ano do Ensino Fundamental e as mudanças bruscas na organização e no desenvolvimento do trabalho pedagógico, pode ocasionar problemas no desenvolvimento das crianças que se encontram nesta fase. Na primeira etapa (Educação Infantil), a aprendizagem é mediada a partir de brincadeiras e do lúdico. Já na segunda (Ensino Fundamental), infelizmente, a ludicidade perde o seu protagonismo e as brincadeiras vão, aos poucos, sendo substituídas por atividades que priorizam a alfabetização, gerando a descontinuidade das práticas pedagógicas que foram trabalhadas na Educação Infantil. Uma pesquisa realizada por Neves, Gouvêa e Castanheira (2011) teve como finalidade investigar a relação entre a pré-escola e o ensino fundamental analisando o processo de transição entre essas etapas, vivenciado por um grupo de crianças em https://bit.ly/3zTqgkp 71 Belo Horizonte. As pesquisadoras constataram no trabalho a falta de diálogo entre as práticas pedagógicas desenvolvidas nesses dois segmentos. Tanto na Educação Infantil como no 1º ano do Ensino Fundamental, as práticas educacionais se estruturam em torno de brincadeiras e do letramento, mas de maneiras diferentes. Na educação infantil, a brincadeira estava presente em todos os momentos da rotina da criança, já no Ensino Fundamental o brincar era colocado em segundo plano e o foco passou a ser atividades voltadas para a apropriação do sistema de escrita. O mesmo foi constatado por Dias e Campos (2015) ao investigar o processo de transição escolar da educação infantil para o ensino fundamental sob o olhar das crianças. Segundo a autora, apesar dos documentos oficiais apontarem a necessidade de articulação entre os níveis de ensino, no cotidiano foi observado que há segmentação e desarticulação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. O brincar, apesar de ainda fazer parte do 1º ano, deixa de ser reconhecido como parte do processo de desenvolvimento da aprendizagem e passa a ser utilizado apenas como um recurso para que o planejamento das atividades não seja tão cansativo. Essas duas pesquisas apresentadas ajudam a ilustrar algumas das dificuldades envolvidas no processo de transição. Trata-se de um processo que envolve desafios para a escola que irá receber essas crianças, para os/as educadores/as que lecionarão no 1º ano Ensino Fundamental, para as crianças e, também, para a família dos/as estudantes. As mudanças devem ser graduais; no 1º ano a criança intensifica a rotina de alfabetização e as brincadeiras ainda devem ter espaço. De acordo com Melo (2019), a promoção de atividades lúdicas no processo de transição entre a primeira e a segunda etapa da educaçãobásica pode apresentar contribuições significativas para o ensino e a aprendizagem das crianças nos aspectos cognitivo e motor. Para isso, o jogo se apresenta como um recurso valioso, por meio dele é possível que as crianças aprendam regras de diferentes maneiras e apliquem os conhecimentos adquiridos/construídos na escola. Melo (2019, p. 322) afirma que: [...] é imprescindível que os professores (as) de crianças com seis anos invistam na promoção de atividades lúdicas que contemplem suas necessidades e não somente realizem práticas rotineiras como as atividades xerocopiadas, ditados e coisas semelhantes que não agregam valores e sentidos a sua vivência tanto no chão da escola quanto no contexto familiar. 72 Contudo, os/as educadores/as encontram muitas dificuldades que, muitas vezes, podem inviabilizar a realização dos jogos na escola, como falta de recursos, materiais e espaço físico adequado. Diante disso, é fundamental que a escola e os/as educadores/as organizem e preparem o período de adaptação e acolhimento das crianças. Todo o ambiente educativo deve ser preparado para receber as crianças e as suas famílias. Para muitos, a transição também significa a mudança para outra escola ou para outro prédio, dentro da mesma escola. Esse é um momento que desperta nas crianças diferentes sentimentos, como ansiedade, curiosidade, empolgação e medo. Mas aos poucos, as crianças vão compreendendo suas novas responsabilidades, os novos horários, a forma de organização do espaço físico da sala de aula, a ampliação na quantidade de lições, dentre outros. É comum que nesse período, as famílias dos/as estudantes também se sintam inseguras e tenham dúvidas sobre a nova dinâmica escolar, por isso é fundamental que o vínculo com a família não se perca. A escola deve estar sempre aberta ao diálogo para que o processo de transição tenha êxito. No próximo tópico abordaremos algumas alternativas que podem ser utilizadas para que esse momento de transição possa ocorrer com mais tranquilidade, de forma respeitosa e que considere os conhecimentos e as experiências que antecederam o ensino fundamental. https://bit.ly/3oeHLJW 73 4.3 ALTERNATIVAS PARA SUPERAR OS DESAFIOS DA TRANSIÇÃO Como já abordamos anteriormente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CNE/CEB 5, de 18/12/2009), constituem um conjunto de orientações para que as instituições elaborem, avaliem e atualizem suas Propostas pedagógicas, por isso é fundamental que os profissionais da educação, tenham conhecimento sobre o seu conteúdo, para que sua implementação seja viabilizada nas escolas. No que tange à avaliação em creches e pré-escolas e à passagem das crianças pelos diferentes grupos etários ao longo de sua trajetória nas instituições, no art. 10, é tratado especificamente da avaliação e das relações entre educação infantil e ensino fundamental. Como podemos observar a seguir, o documento tece orientações importantes sobre esse momento: Art. 10. As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo: I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); III - a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/ Ensino Fundamental); IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; V - a não retenção das crianças na Educação Infantil. (BRASIL, 2009, p.18) Diante disso, a organização do planejamento pedagógico precisa ser centrado na criança, em suas necessidades e interesses, para que sejam construídos procedimentos de acompanhamento do trabalho pedagógico e avaliação do seu desenvolvimento. É importante que esses procedimentos orientem os/as educadores/as a promoverem uma reflexão sobre seu próprio trabalho e sobre o modo como as crianças estão se desenvolvendo ou não, a partir das intervenções planejadas. A preparação para o momento da transição deve ter início desde a Educação Infantil, em que a escola e os/as educadores/as podem disponibilizar 74 todos os materiais construídos durante o processo de acompanhamento das crianças, como fotos, desenhos, relatórios e portfólios, para a nova equipe que irá receber a criança no 1º ano do Ensino Fundamental. É uma forma de garantir que o seu percurso na Educação Infantil não se perca e o/a novo/a educador/a tenha um ponto de partida para conduzir o seu trabalho e realizar a síntese das aprendizagens, conforme propõe a BNCC. Os RCNEI apontam alguns caminhos para que esse momento seja preparado desde a Educação Infantil: A passagem da educação infantil para o ensino fundamental representa um marco significativo para a criança, podendo criar ansiedades e inseguranças. O professor da educação infantil deve considerar esse fato desde o início do ano, estando disponível e atento para as questões e atitudes que as crianças possam manifestar. Tais preocupações podem ser aproveitadas para a realização de projetos que envolvam visitas a escolas de ensino fundamental; entrevistas com professores e alunos; programar um dia de permanência em uma classe de primeira série. É interessante fazer um ritual de despedida, marcando para as crianças este momento de passagem com um evento significativo. Essas ações ajudam a desenvolver uma disposição positiva frente às futuras mudanças demonstrando que, apesar das perdas, há também crescimento (BRASIL, 1998, p. 84). Nesse sentido, ainda na Educação Infantil, é importante que estejam previstas na proposta pedagógica das escolas, ações que contribuam para o momento de transição desde o início, como as comemorações que ocorrem ao final do ano letivo e que marcam o final dessa etapa, e têm como objetivo proporcionar às crianças a despedida das intuições ou a mudança para outro prédio na mesma escola. Também podem ser organizadas visitas para apresentar a nova escola ou ao novo prédio onde a criança irá frequentar no próximo ano. A família também pode ser convidada para esse momento, para que contribua com o início desse processo de adaptação das crianças. Já ao iniciar o ano letivo no 1º ano do Ensino Fundamental, a criança e a sua família devem ser acolhidas e apresentadas ao novo ambiente, à nova rotina e às pessoas. As mudanças devem ocorrer de forma gradual para que a adaptação ocorra de forma tranquila. Reuniões devem ser organizadas com as famílias para que fiquem cientes das mudanças na proposta pedagógica para o Ensino Fundamental e para que o vínculo não se perca com a transição. É imprescindível que a criança sempre tenha oportunidade de expressar seus sentimentos, receios e dúvidas ao ser inserida nessa nova etapa da sua vida escolar. 75 Apresentamos aqui, brevemente, algumas possibilidades que podem ser planejadas e realizadas para que o momento da transição entre essas duas etapas possa promover a continuidade dos processos de aprendizagens das crianças e esperamos que possam lançar luzes para a sua reflexão e ação docente. A seguir, apresentaremos um pouco do cenário educacional brasileiro, em face da pandemiada COVID-19 que ocasionou na suspensão das aulas presenciais no mês de março de 2020 e que causou um relevante impacto em nossa área. 4.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL E O ENSINO FUNDAMENTAL NO CENÁRIO DE PANDEMIA DO COVID19 Com o rápido avanço dos casos de contaminação pelo novo coronavírus e a declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a disseminação comunitária da COVID-19 foi caracterizada como pandemia em todos os continentes, foram recomendadas três ações básicas, para contê-la: isolamento e tratamento dos casos identificados; testes massivos; e distanciamento social (BRASIL, 2020a). Diante disso, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. E, desde então, estados e municípios publicaram decretos e instrumentos legais e normativos para o enfrentamento da doença. Dentre as ações, foi prevista a suspensão das atividades escolares presenciais. As aulas começaram a ser suspensas em alguns municípios e estados brasileiros a partir do dia 11 de maio de 2020 por tempo indeterminado em escolas, universidades e demais estabelecimentos de ensino da rede pública e privada. No dia 17 de março de 2020, o MEC se pronunciou sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durasse a situação de pandemia da COVID-19, para instituição de educação superior integrante do sistema federal de ensino, por meio da Portaria nº 343 (BRASIL, 2020a). Em 1º de abril de 2020, foi editada pelo o Governo Federal a Medida Provisória nº 934 (BRASIL, 2020b) que estabeleceu normas excepcionais para o ano letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública. Foram realizadas consultas ao Conselho Nacional de Educação para que se manifestasse sobre as orientações referentes à reorganização do calendário escolar e cômputo da carga horária (BRASIL, 2020). Nesse contexto, o Conselho Nacional de 76 Educação se pronunciou por meio do Parecer nº 05/2020, do, aprovado em 28 de abril de 2020, que conduziu as ações educativas nas redes públicas e privadas do país. O documento orientou sobre a reorganização do calendário escolar e sobre a possibilidade de cômputo de atividades pedagógicas não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual. Nesse documento, são dadas orientações quanto aos direitos e objetivos de aprendizagem; sobre a reposição da carga horária de forma presencial ao fim do período de emergência, já que se esperava que as aulas retornassem ainda em 2020; orienta ainda sobre o “cômputo de carga horária realizada por meio de atividades pedagógicas não presenciais (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e comunicação) a fim de minimizar a necessidade de reposição de forma presencial” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020a, p. 07); trata das especificidades que precisam ser consideradas no trabalho com cada segmento, modalidade e nível de ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Ensino Técnico, Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Indígena, do campo, Quilombola e Povos Tradicionais e, finalmente, sobre o Ensino Superior. Algum tempo depois, a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas de ensino, desde a educação infantil até o ensino superior, foi autorizada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) através do Parecer CNE/CP nº 9, de 8 de junho de 2020 (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020b). Com isso, reafirmou-se que as atividades não presenciais pudessem ser ofertadas por meio digitais ou não, por exemplo, por meio de videoaulas, de conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem e pelas redes sociais, entre outros. As aulas também tiveram a possibilidade de serem oferecidas por meio de programas de televisão ou rádio; pela adoção de materiais didáticos impressos e distribuídos aos estudantes e a seus pais ou responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e exercícios indicados em materiais didáticos. Observa-se que muitas dessas orientações já estavam contidas no Parecer 05/2020. https://bit.ly/39L1HeY 77 Em relação à Educação Infantil, é destacada a importância da manutenção do vínculo da criança com a instituição de ensino, e para que isso aconteça aponta para a necessidade de fortalecimento do diálogo com a família que deve ser orientada na realização de atividades lúdicas com as crianças, como cita o documento: No sentido de contribuir para minimização das eventuais perdas para as crianças, sugere-se que as escolas possam desenvolver alguns materiais de orientações aos pais ou responsáveis com atividades educativas de caráter eminentemente lúdico, recreativo, criativo e interativo, para realizarem com as crianças em casa, enquanto durar o período de emergência, garantindo, assim, atendimento essencial às crianças pequenas e evitando retrocessos cognitivos, corporais (ou físicos) e socioemocionais. Deste modo em especial, evitaria a necessidade de reposição ou prorrogação do atendimento ao fim do período de emergência, acompanhando tão somente o mesmo fluxo das aulas da rede de ensino como um todo, quando do seu retorno (BRASIL, 2020b, p. 09). Sobre o retorno presencial, não haveria reposição ao fim do período de emergência, acompanhando tão somente o mesmo fluxo das aulas da rede de ensino como um todo, quando do seu retorno. Também foi sugerido que as instituições de educação infantil orientassem os pais ou responsáveis sobre atividades sistemáticas que pudessem ser realizadas com seus filhos durante o período de isolamento social, inclusive utilizando-se de encontros virtuais síncronos, se possível. Importante ressaltar que nessa fase de escolarização a criança tem assegurado o seu direito de progressão, sem retenção. 78 Segundo a lei 14.040/20, de 18 de agosto de 2020, que suspendeu a obrigatoriedade de escolas e universidades cumprirem a quantidade mínima de dias letivos neste ano em razão da pandemia de Covid-19, os estabelecimentos de educação infantil ficaram dispensados de cumprir os 200 dias do ano letivo e também a carga mínima de 800 horas. Já as escolas de ensino fundamental e médio precisavam cumprir a carga horária, embora não precisassem seguir o número mínimo de dias letivos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020d). Em 10 de dezembro de 2020 são instituídas pela Resolução CNE/CP Nº 2 de 10 de dezembro de 2020 (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020e), as Diretrizes Nacionais orientadoras para a implementação dos dispositivos da Lei nº 14.040. Em relação à 1. Apoiar a tomada de decisões para o retorno às aulas presenciais; 2. Oferecer diretrizes que orientem o planejamento dos calendários e dos protocolos específicos dos estabelecimentos de ensino, definidos pelas autoridades locais e regionais; 3. Oferecer sugestões e recomendações de cunho organizacional e pedagógico que podem ser desenvolvidos pelas escolas e sistemas de ensino (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020c, p. 02). https://bit.ly/2XZ1WAk 79 Educação Infantil, o documento orienta que as instituições escolares devem priorizar atividades de estímulo cognitivo e socioemocional e vivências lúdicas a partir de brincadeiras conforme proposto nos campos de experiência da BNCC. Também é discutida a importância da mediação dos adultos da família, por se tratarem de crianças pequenas que ainda estão desenvolvendo a independência e a autonomia (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020e). Outro ponto discutido pelo parecer foi o retorno das aulas presenciais. No art. 13 há uma preocupação com o acolhimentoe a preparação socioemocional dos profissionais da educação, é enfatizado que o processo de retorno deve ser gradual. As escolas devem realizar o acolhimento e a reintegração social da equipe e da comunidade escolar com o objetivo de prepará-las para este trabalho de integração. Além dessas orientações, os Conselhos Estaduais de Educação, os Sindicatos das escolas particulares, os Sindicatos dos trabalhadores da Educação pública e privada, têm se posicionado, emitindo orientações à comunidade escolar sobre esse período tão desafiador na história da nossa educação. Diante desse novo cenário e das orientações legais que foram publicadas, as instituições de ensino tiveram que em curto prazo de tempo de se adequarem às novas orientações para que o vínculo com os/as estudantes fosse mantido remotamente durante o período de suspensão das aulas presenciais. E cada rede de ensino teve que elaborar estratégias para que o aprendizado chegasse até o/a estudante. Tendo em vista as peculiaridades de cada localidade, foram mobilizados múltiplos recursos como materiais impressos, plataformas digitais, programas de rádio e orientações para as famílias dos estudantes. A seguir, compartilharemos as primeiras ações que a rede municipal da cidade Mariana elaborou para atender aos alunos, no ano de 2020. Compartilhando experiência A Secretaria Municipal da cidade de Mariana (MG), desde a suspensão das aulas no dia 17 de março de 2020, começou a se organizar para que o vínculo do/a estudante com a escola fosse mantido. Para isso, inicialmente foram produzidos podcasts e vídeos educativos para os diversos segmentos e modalidades do ensino. Posteriormente, como maneira de responder aos grandes desafios colocados para a educação em decorrência da suspensão das aulas presenciais devido a pandemia 80 da COVID-19, no ano de 2020 foram construídos em conjunto com pedagogos/as e professores/as de todas as escolas municipais, os Cadernos pedagógicos. As atividades englobaram propostas de conteúdo educativo, lúdico, interdisciplinar e interativo. Em alguns momentos, toda a família é convidada a participar da realização das atividades, estreitando também os vínculos da criança com os seus familiares. Para a elaboração do material foram feitas reuniões periódicas, conduzidas pelo setor Pedagógico da Secretaria Municipal de Mariana de forma remota, com a participação de todas as pedagogas e professores/as da rede municipal, a partir de um trabalho coletivo. Com o nome “Criando Possibilidades e Construindo Conhecimentos” os cadernos foram elaborados para cada segmento e modalidade de ensino, dentro das habilidades propostas pela Base Nacional Comum Curricular e pelo Currículo Referência de Minas Gerais. Também é abordado no material, o sentimento de pertencimento ao local onde se vive e a consciência da necessidade de preservação do patrimônio material e imaterial. Para a elaboração das atividades também foi levada em consideração a educação na perspectiva da inclusão. Nesse contexto, surgiram então novos desafios para a Educação Básica. Somados à preocupação com a saúde e com a manutenção da vida, os/as educadores/as tiverem que, em curto espaço de tempo, buscar estratégias para a manutenção dos vínculos com os/as estudantes, mesmo que a distância, e se adaptarem às novas ferramentas digitais que, até então, não eram tão presentes no cotidiano da sua profissão. Diante disso, a fase da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental se tornou ainda mais complexa e desafiadora, para a família, para a escola e para a criança. Dentro das especificidades de cada contexto escolar, as escolas orientadas pela BNCC, precisam refletir sobre quais são as melhores estratégias e possibilidades para planejar o momento da transição diante da situação de pandemia que os país está enfrentando, e de acordo com as demandas colocadas pela família e recursos disponíveis. E, para isso, o diálogo com a família assume uma função ainda mais relevante, já que se tratando de crianças pequenas, a família terá papel importante no processo de aprendizagem das crianças, a partir de orientações e intervenções adequadas dos/as educadores/as. 81 https://bit.ly/3ujq1OA 82 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (FEPESE) De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC): 1) A transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. 2) Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo. 3) A Educação Infantil tem o papel de preparar as crianças para o ingresso no Ensino Fundamental de modo que elas possam sair dessa etapa alfabetizadas. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. a) É correta apenas a afirmativa 3. b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2. c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3. d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3. e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3. 2. Com base na leitura do trecho a seguir assinale a alternativa correta: “[...] ao ter como foco o registro da experiência infantil, evidenciou a necessidade de uma maior integração entre o brincar e o letramento nas práticas pedagógicas da educação infantil e do ensino fundamental, ambas dimensões fundamentais da cultura infantil contemporânea”. DIAS, Edilamar Borges; CAMPOS, Rosânia. Sob o olhar das crianças: o processo de transição escolar da educação infantil para o ensino fundamental na contemporaneidade. Rev. Bras. Estud. Pedagog. Set-Dez de 2015. Disponível em:https://doi.org/10.1590/S2176- 6681/346813580 Acesso em jun. de 2021. a) O 1º ano do Ensino Fundamental deve ter como foco atividades que tenham como objetivo a apropriação do sistema de escrita. 83 b) A transição da pré-escola para o 1º ano do Ensino Fundamental deve ocorrer de forma contínua, gradual considerando as experiências que a criança já vivenciou na Educação Infantil., em que o letramento e o brincar estejam articulados, c) O brincar deve ser o centro das experiências do processo educativo na Educação Infantil. E no Ensino Fundamental as práticas educativas devem ter como foco apenas a alfabetização das crianças. d) D - A Educação Infantil é uma etapa preparatória para o 1º ano do Ensino Fundamental. Na pré-escola, a criança inicia o seu processo de alfabetização, a partir da ênfase dada às atividades e vivências com a escrita e com o letramento. e) Assim como na Educação Infantil, os anos iniciais do Ensino Fundamental têm como eixos centrais a interação e a brincadeira, o que facilita o processo de transição. 3. (FAUEL – Adaptado) A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) relata sobre a transição da educação infantil para o ensino fundamental, sendo as duas etapas da Educação Básica, que requerem muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas. Diante dessas afirmações e de acordo com a BNCC, o processo de transição da Educação Infantil para o 1º ano do ensino fundamental deve proporcionar: a) A integração e continuidade dos processos de aprendizagem das crianças. b) A alfabetização e continuidade dos processos142 8.4 BRINCADEIRAS MUSICAIS PARA O ENSINO INFANTIL ......................................... 144 8.5 TECNOLOGIA E LUDCIDADE NO ENSINO INFANTIL: NOVAS TENDÊNCIAS DE ENSINO.........................................................................................................................146 8.5.1 Como trabalhar mídias digitais dentro da Sala de Aula ........................ 147 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 150 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) .............................. 154 9.1 ANÁLISE DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) - HABILIDADES DO ENSINO INFANTIL NA EDUCAÇÃO BÁSICA. .............................................................. 154 9.2 ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENSINO INFANTIL DA BNCC.157 9.2.1 Atividades lúdicas na Educação Infantil .......................................................... 157 9.2.2 O Trabalho com a Música e a brincadeira na Educação Infantil Música..160 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 163 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO ......................................................... 167 10.1 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO – ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS, HABILIDADES E COMPETÊNCIAS ................................................................................ 167 10.2 DEFINIÇÃO E CONCEITO DE PLANEJAMENTO .................................................. 167 10.3 DAS ETAPAS DO PLANEJAMENTO ...................................................................... 170 10.3.1 Data de Elaboração ................................................................................... 170 10.3.2 Objetivos de aprendizagem ...................................................................... 170 10.3.3 Habilidades e Competências da aprendizagem.................................. 171 10.3.4 Materiais para a aula .................................................................................. 172 10.3.5 Metodologia de ensino para aplicar em uma aula de Arte ............... 173 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 176 UNIDADE 06 UNIDADE 07 UNIDADE 08 UNIDADE 09 UNIDADE 10 7 BRINQUEDOTECA LÚDICA VIRTUAL ..................................................... 179 11.1 IDEIAS INOVADORAS PARA ENSINO LÚDICO....................................................179 11.2 BRINQUEDOTECA VIRTUAL DO CURSO DE PEDAGOGIA (EAD)........................183 11.2.1 Os objetivos da brinquedoteca virtual do curso de pedagogia (ead).......................................................................................................................185 11.2.2 Como utilizar a brinquedoteca virtual do curso de pedagogia (ead).......................................................................................................................185 11.3 NAVEGANDO PELA BRINQUEDOTECA VIRTUAL.................................................187 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 191 PROJETO PEDAGÓGICO ..................................................................... 195 12.1 ELABORAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS...................................................195 12.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE PROJETOS PEDAGÓGICOS.........................195 12.3 ETAPAS DE PRODUÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO........................................197 12.3.1 Idealização do Projeto ................................................................................ 197 12.3.2 Plano de Atividades e Avaliação ............................................................. 199 12.3.3Espaço, materiais e tempo para realizar um projeto educacional .... 200 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 203 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................... 207 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 209 UNIDADE 11 UNIDADE 12 8 SER CRIANÇA NO BRASIL: DESAFIOS E CONQUISTAS 1.1 INTRODUÇÃO Ao falarmos de infância e de criança, é possível que nos venha à mente um período da vida muito prazeroso, no qual é possível brincar, explorar, investigar, interagir com os pares, viver experiências de afeto, de acolhimento, de aconchego, de respeito à individualidade e às características da faixa etária. Mas é também possível pensarmos em crianças que tiveram e ainda têm uma infância roubada, seja pelo trabalho precoce, seja por uma mentalidade familiar e social que considera a infância como um período sem especificidades, no qual a criança é vista como uma miniatura de adulto ou, ainda, que percebe a criança como um ser incompleto, como uma “folha em branco”, um vir a ser, sendo a infância vista, sobretudo, como preparação para a vida adulta. Isso nos mostra que as concepções de infância e de criança são construções históricas, ou seja, uma ideia, um conceito, que vai passando de geração a geração e se transformando com o passar do tempo. Certamente, a forma como a criança é percebida e tratada na atualidade, em nossa cultura, se difere muito de como ela era percebida e tratada há alguns anos, há alguns séculos. E, ainda, a forma como cada cultura compreende as suas crianças é muito própria e específica. É sobre isso que vamos discutir nesta primeira unidade. Certamente será um estudo instigante, pois você, estudante, terá a oportunidade de utilizar os seus conhecimentos prévios para a construção do sentido desse texto. Inicialmente, discutiremos sobre os conceitos de criança e de infância, como construções históricas. A seguir, você conhecerá um pouco da história e das políticas de atendimento à infância no Brasil e, nessa discussão, entenderá a importância de alguns documentos que normatizam e asseguram, pela via do direito, uma vida mais digna para esses indivíduos, incluindo aí, o direito à Educação. 1.2 CONCEPÇÕES DE CRIANÇA E DE INFÂNCIA Ao longo da história, vamos percebendo que as concepções de criança e de UNIDADE 01 9 infância vão se alterando e trazendo novos sentidos para se pensar esse ser e essa fase da vida. Philippe Ariés, um importante historiador francês, considerado o pioneiro na discussão sobre a história social da criança, faz um resgate histórico a partir do século XII. Em seu livro, Ariès (2017) mostra que a forma como se via a criança e a infância se ligava diretamente ao modelo de civilidade em cada época, as concepções vão se alterando ao longo da história. Por isso, é preciso entendermos que a infância é uma construção histórica e a forma como a concebemos hoje se diferencia muito de períodos anteriores, nos quais ela era invisibilizada ou compreendida de forma bem distinta da qual a compreendemos hoje. Para se ter uma ideia, durante a Idade Média, não existia a concepção de criança, pois ela era vista como miniatura do adulto, o que pode ser confirmado, por exemplo, ao observarmos imagens de criança daquela época. As vestimentas, o envolvimento das crianças com o trabalho, vão reforçando essa afirmação e mostrando que não existia uma diferenciação do que era próprio da criança e próprio do adulto. O estilo despojado, alegre e confortável que conhecemos na atualidade nada tem a ver com a forma com que meninos e meninas eram vestidos/as naquela época. Isso reforça a ideia apresentada anteriormente, de que a criança era vista como uma miniatura de adulto. Sarmento (2007) nos fala da invisibilidade que a infância teve ao longo da história, afirmando quede socialização das crianças. c) A integração e continuidade dos processos lúdicos das crianças. d) A socialização e continuidade dos processos psicológicos das crianças. e) A alfabetização e a continuidade dos processos de aprendizagens das crianças. 4. (SERCTAM) Os art.s 10 e 11 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), que tratam especificamente da avaliação e das relações entre Educação Infantil e Ensino Fundamental, versam sobre como as instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, garantindo: 84 I. A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II. Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); III. A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/ Ensino Fundamental); IV. Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição, junto às crianças e aos processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; V. A retenção das crianças na Educação Infantil, caso as expectativas de aprendizagens referentes à etapa não sejam alcançadas pela criança, possibilitando assim, a consolidação de um processo de desenvolvimento qualitativo. Estão corretas: a) Todas as alternativas. b) Nenhuma das alternativas. c) Quatro alternativas. d) Três alternativas. e) Duas alternativas. 5. Em relação à Lei 14.040 que estabeleceu normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, assinale a alternativa correta: a) A lei dispensou o Ensino Fundamental do cumprimento da carga horária mínima anual de 800 horas estabelecida na LDB. b) A Educação Infantil ficou dispensada, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância do mínimo de dias de trabalho educacional e do cumprimento da carga horária mínima anual previstos no inciso II do caput do art. 31 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 85 c) De acordo com a lei citada, no Ensino Fundamental, as atividades não presenciais mediadas por tecnologias da informação e comunicação não podem ser computadas como parte do cumprimento da carga horária anual. d) A lei orienta que os sistemas de ensino não desenvolvam atividades não presenciais na Educação Infantil mediadas por tecnologias da informação e da comunicação devido aos riscos da exposição de telas em crianças pequenas. e) Os sistemas de ensino ficam dispensados, em caráter excepcional, no ensino fundamental e no ensino médio, da obrigatoriedade de observância do mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, nos termos do inciso I do caput do § 1º do art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, desde que cumprida atividades não presenciais mediadas por tecnologias da informação e da comunicação. 6. O ensino remoto imposto pelas medidas de isolamento social devido à covid-19 tem se mostrado um desafio para todos os níveis de ensino, mas, em especial, para a educação infantil, já que crianças pequenas têm mais dificuldade em se adaptar às atividades a distância. (Estudo mostra impacto da pandemia em crianças da educação infantil. Disponível: https://cangurunews.com.br/estudo- impacto-da-pandemia-educacao-infantil/, Acesso em jun. de 2021.). Leia as afirmativas a seguir sobre o ensino remoto na Educação Infantil: I - Durante o período de pandemia da Covid-19, para que o trabalho pedagógico na Educação Infantil alcance seus objetivos, é primordial o envolvimento da família, que deve dialogar com a escola e apoiando trabalho dos professores; II - Na Educação Infantil, as atividades a distância devem ser adaptadas pelo professor em seu planejamento de forma que a família consiga realizá-las com a criança a partir das orientações passadas. III - As aulas síncronas não devem ser utilizadas como recurso no ensino remota na Educação Infantil, nem mesmo com curta duração, pois em frente à tela do computador a criança, não têm a mesma concentração das aulas presenciais. É correto o que se afirma somente em: a) I e II. b) I, II e III. c) II. 86 d) I. e) II e III. 7. [...] é prioridade que instituições de educação infantil e ensino fundamental incluam no currículo estratégias de transição entre as duas etapas da educação básica que contribuam para assegurar que na educação infantil se produzam nas crianças o desejo de aprender, a confiança nas próprias possibilidades de se desenvolver de modo saudável, prazeroso, competente e que, no ensino fundamental, crianças e adultos (professores e gestores) leiam e escrevam. KRAMER, S.; NUNES, M. F. R.; CORSINO, P. Infância e crianças de 6 anos: desafios das transições na educação infantil e no ensino fundamental. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.37, n.1, 220p. 69-85, jan./abr. 2011. A partir da leitura do texto apresentado assinale a alternativa que apresenta uma estratégia de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental que pode ser utilizada pelo professor com o objetivo de contribuir para que esse processo seja acolhedor e considere a bagagem que a criança já traz: a) Elaborar uma rotina rígida e com atividades mais estruturadas, para que as crianças tenham mais disciplina e compreendam que no Ensino Fundamental as regras e a organização do tempo e do espaço, são diferentes da Educação Infantil. b) Fazer reuniões com as famílias para explicar que a proposta de trabalho do Ensino Fundamental é que a criança aprenda a ler e escrever, que não devem mais trazer na mochila brinquedos e que a quantidade de lição de cada irá aumentar. c) Já no primeiro dia de aula, organizar as carteiras em fileiras voltadas para o quadro e apresentar as regras instituídas pela escola que devem ser cumpridas pelas crianças. d) Elaborar um planejamento com mudanças gradativas, mantendo momentos para algumas brincadeiras e propostas de interação, de forma que as crianças possam se adaptar aos poucos à nova rotina e seu aprendizado tenha continuidade. e) Para que a criança consiga se adaptar mais facilmente à nova rotina, o professor deve aumentar o tempo das atividades voltadas para apropriação da escrita e reduzir o tempo destinado a brincadeiras e a interação entre os pares. 8. Leia as afirmativas a seguir sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino 87 Fundamental no contexto da pandemia de Covid-19: 1) Em 2020, com a paralisação das atividades educacionais presenciais devido a pandemia de Covid-19, o processo de transição da pré-escola para o 1º ano do ensino fundamental se tornou ainda mais delicado. As crianças perderam o contato direto com docentes, colegas e com o espaço da escola. 2) No retorno das aulas presenciais, os professores do Ensino Fundamental precisarão estar abertos a mudar seu olhar e forma de planejamento. Provavelmente, devido ao longo tempo longe de um acompanhamento educacional presencial, muitas crianças chegarão com menos ganhos de aprendizagem do que é geralmente esperado. 3) A Base Nacional Comum Curricular é um bom ponto de partida para se pensar a transição no atual contexto, pois ela apresenta uma seção específica para tratar da mudança das crianças para uma nova etapa da vida escolar. No documento, fica claro que deve haver uma continuidadeentre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. a) É correta apenas a afirmativa 3. b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2. c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3. d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3. e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3. 88 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 5.1 O SUJEITO APRENDENTE COMO PONTO DE PARTIDA Nas unidades anteriores, você teve a oportunidade de compreender que a forma como a sociedade concebe a criança vem se alterando ao longo da história. Passamos por períodos em que essas eram consideradas como uma tábula rasa, ou como miniatura de adultos, sem especificidades próprias. Essa concepção se alterou e hoje percebe-se as crianças enquanto seres que possuem singularidades, são detentoras de conhecimento e possuem potencial criativo e condições de aprender, independente de sua condição física, mental, social e cultural. Para isso, devemos ter com elas uma linguagem e práticas apropriadas que as considere como sujeitos em plena constituição. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil definem a criança como: [...] sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentido sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2010, p.12). Compreendemos a criança e o ser humano, de maneira geral, como um ser que produz cultura, que constrói conhecimentos e, dessa forma, necessita ser considerada como o ponto de partida para qualquer ação educativa. Nesse sentido, a BNCC discute a importância da aplicação dos conhecimentos na vida real, destacando que o contexto é fundamental para dar sentido ao aprendizado. As crianças quando chegam à escola trazem uma grande bagagem de conhecimentos anteriores, e é preciso que os educadores desenvolvam um trabalho que valorize esses conhecimentos, formulando questionamentos que levem o aluno a encontrar e interpretar, por exemplo, os resultados de uma pesquisa. UNIDADE 05 89 Durante muito tempo, a escola se preocupou com os métodos de ensino, considerando que um/a bom/boa professor/a era aquele/a que conseguia executar os melhores métodos, que trabalhava com a sua turma com grande quantidade de conteúdo, através da transmissão. Essa abordagem tradicional desconsiderava a forma como o sujeito aprende e apostava que os melhores métodos trariam os melhores resultados. Felizmente, essa percepção vem se alterando, trazendo um novo olhar para o sujeito aprendente. Ou seja, o foco deixa de ser o método e o conteúdo, para se fixar no sujeito, na forma como ele aprende, pois somente assim, é possível escolher a melhor forma de ensiná-lo e de favorecer a construção de seu conhecimento. Nos estudos voltados para o desenvolvimento infantil a aprendizagem é abordada atrelada ao processo educacional, muitos pesquisadores de diferentes áreas têm se debruçado sobre a compreensão do processo de aprendizagem a partir das teorias do desenvolvimento. Nesse cenário destacam-se dois grandes nomes: Jean Piaget e Lev Vygotsky. Jean Piaget (1896 – 1980), biólogo suíço, ao estudar a aquisição de conhecimentos pelo ser humano, especialmente pelas crianças, nos ajuda muito nesse entendimento ao mostrar que o sujeito aprendente, na construção de seu conhecimento, se desenvolve a partir de estágios. Piaget constatou a partir de observações que o conhecimento está na interação da criança com o objeto que ela estuda, e o ensino deve se basear nas suas experiências e no seu desenvolvimento relacionado ao processo biológico. Com isso, houve uma grande mudança na forma de pensar em relação às crianças. Até então, predominava a Teoria Pedagógica Tradicional em que o professor era considerado como principal responsável pela transmissão do conhecimento. Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo é descrito a partir de estágios que devem ser respeitados pelo/a educador/a, para que o/a estudante tenha 90 sucesso no aprendizado. Em cada estágio é desenvolvido pela criança uma resposta ao ambiente. São eles (MASTELLA et al., 2014): 1. Sensório motor (0 a 2 anos): As realizações dos bebês consistem em grande parte na coordenação de suas percepções sensoriais e em comportamentos motores simples. Gradualmente, ele desenvolve a capacidade de organizar atividades em relação ao ambiente, fazendo descobertas sobre si mesmo e o seu mundo. 2. Pré-operatório (2 a 6 anos): A criança está começando a perceber que existe um mundo externo separado dela e o explora de diversas maneiras. É uma fase simbólica, em que as crianças raciocinam a partir da imaginação, ainda não são capazes de entender o ponto de vista do outro. Elas começam a brincar de faz de conta e a imitar as atividades presenciadas em casa, na escola e nos personagens das histórias. 3. Operatório Concreto (7 a 12 anos): Nesta fase a criança já é capaz de distinguir a fantasia da realidade e de resolver problemas lógicos, têm uma melhor compreensão da relação entre os objetos. 4. Operatório formal (a partir dos 12 anos): É quando os adolescentes desenvolvem a capacidade do pensamento abstrato, adquirindo a capacidade de elaborar hipóteses, imaginar possibilidades e testar teorias. Segundo Piaget (1959), a aprendizagem é compreendida como um processo de equilibração constante, e para que o aprendizado fosse efetivado as atividades deveriam desafiar as crianças de forma que através de processos mentais ela fosse capaz de realizar descobertas. Essa proposta de aprendizado, coloca a criança https://bit.ly/2XSvzn2 91 como sujeito ativo do processo de aprendizagem, a educação precisa ir além da memorização dos conteúdos, é preciso que os/as estudantes participem do processo de construção do conhecimento e sejam autônomos/as para produzir, inventar e criar novos conhecimentos, respeitando sua maturação. Lev Vygotsky (1896-1934) foi um cientista, filósofo e psicólogo bielo-russo, da mesma forma que Piaget, ele também ressaltou em suas obras o papel da escola no desenvolvimento das crianças, porém Vygotsky (2001) atribuiu as relações sociais como uma função preponderante nesse processo, em que o desenvolvimento cognitivo é entendido como colaborativo. Diante disso, em sua teoria, o/a educador/a desempenha o papel de “mediador” na relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, e isto significa organizar a situação para que a aprendizagem ocorra, para que o/a estudante se sinta desafiado/a. O/a educador/a representa um elo intermediário entre o/a estudante e o conhecimento disponível no ambiente, planejando, organizando, e regendo o processo de aprendizagem. Um dos principais conceitos discutidos por Vygotsky (2001) é o de zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o que a criança já dá conta de realizar sozinha e o que ela está próxima de realizar sozinha, sendo assim, cabe ao educador saber identificar essas duas habilidades, e a partir da intervenção pedagógica, intervir adequadamente, para que aconteçam os avanços. Como podemos observar, Piaget (1959) enfatizava a interação com o meio físico, privilegiando a maturação biológica e já Vygotsky (2001) ressaltava a influência do ambiente social. Apesar das diferenças de enfoque, ambos criticaram o modelo de educação baseado no acúmulo quantitativo de conhecimentos e contribuíram para a superação da concepção de estudante apenas como receptor de conhecimentos. A criança passa a serconcebida como um ser social que assume um importante papel no seu processo de aprendizado. Dessa forma, é primordial que orientadas pelo currículo e o projeto pedagógico, as intuições educacionais dialoguem com os conceitos desenvolvidos por eles a partir da compreensão das etapas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem. 92 5.2 O DOCENTE COMO MEDIADOR DO CONHECIMENTO Como discutido anteriormente, a partir das ideias desenvolvidas por Piaget e Vygotsky, a escola tradicional voltada para a transmissão do conhecimento e pelo papel passivo do/a estudante foi fortemente criticada. As novas concepções passaram a compreender o/a estudante como sujeito ativo e protagonista do seu processo de aprendizagem e isso promoveu mudanças no papel dos/as educadores/as. Partindo da compreensão de como o sujeito aprende, passamos a entender melhor qual o papel do/a educador/a no processo educativo. Mediar é uma tarefa complexa que exige um planejamento prévio, é necessário que o/a educador/a esteja seguro/a, saiba quais ferramentas e recursos podem ser utilizados para ser capaz de reverter e transformar situações inesperadas e também, muitas vezes, conflituosas. Durante a mediação é possível monitorar o desenvolvimento e aprendizagem e, para que isso aconteça, a criança deve ter oportunidade e ser estimulada a se expressar, desenvolver sua autonomia e liberdade para compartilhar suas opiniões. Por meio da interação serão levantados dados para saber se o que está sendo trabalhado tem sido aprendido/ construído. Conforme apontou Piaget (1959), a aprendizagem não acontece espontaneamente, somente a partir da exposição da criança a uma situação ou objeto de aprendizagem, por si só, não é suficiente para garantir a aquisição e construção do conhecimento. A criança precisa exercer alguma ação sobre esse objeto, para promover sua aprendizagem. Dessa forma, o/a educador/a precisa criar situações que favoreçam a aprendizagem, a partir da organização dos espaços, do currículo e do planejamento das ações em sala de aula para proporcionar o desenvolvimento do conhecimento estabelecendo uma relação entre o que já foi consolidado e o que ainda necessita de mediação para que o conhecimento seja efetivado. Diante disso, podemos afirmar que cabe ao/à educador/a ser um/a mediador/a na construção do conhecimento de seus/suas educandos/as. Paulo Freire, contribui ainda mais com essa discussão, ao afirmar que ao passo que o/a educador/a ensina, ele também aprende. O educador deve estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem junto aos estudantes, de forma democrática e afetuosa. 93 5.3 OS PROJETOS DE TRABALHO REDIMENSIONANDO A EXPERIÊNCIA EDUCATIVA Certamente, você já ouviu falar sobre os Projetos de Trabalho, ou até mesmo, pode já ter vivenciado essa experiência em alguma escola, como docente, estagiária, auxiliar ou estudante. Quando falamos de Projetos de Trabalho, nos lembramos, necessariamente, dos educadores Fernando Hernández e Montserrat Ventura, já que eles ressignificaram essa forma de trabalho nas últimas décadas e exercem grande influência nas escolas brasileiras. Esses autores, por sua vez, têm suas ideias fundamentadas em John Dewey, filósofo e educador norte americano. Segundo Hernandez, em entrevista concedida à Revista Bem Legal, os Projetos de trabalho trazem uma nova forma de ver a escola e de trabalhar com os/as estudantes, uma nova perspectiva educativa, que se traduz em: uma visão a respeito das relações pedagógicas e do aprendizado por meio do diálogo e da indagação. Nossa aposta é que a vida da sala de aula e da escola seja um projeto em que jovens, crianças, educadores e famílias encontrem seu lugar para aprender (HERNANDEZ, 2014, online). Pautar as relações que ocorrem em sala de aula pelo diálogo e pela indagação é, certamente, uma forma necessária de conduzir qualquer prática pedagógica. É preciso que educadores/as e educandos/as criem vínculos afetivos, dialoguem sobre os conteúdos escolares, sobre as aprendizagens e sobre a vida, de maneira geral. Que o ambiente escolar seja de acolhimento, de respeito e valorização das diferenças, que cada um/a seja considerado/a no seu modo de ver e de estar no mundo. Em um ambiente assim, há espaço para o questionamento, para a dúvida, para a indagação, enfim, para uma pedagogia problematizante, como nos diz Paulo Freire (2016). Ou seja, uma pedagogia que problematiza, que questiona a realidade e que busca respostas a partir da percepção de que todos/as são sujeitos ativos no processo de ensinar e de aprender, que produzem e possuem conhecimentos variados, que precisam ser considerados na construção de novos conhecimentos. Dessa forma, a educação bancária, tanto criticada por Freire, deve dar lugar a uma educação dialógica, inclusiva, na qual os/as educandos são ativos/as em seu processo de aprendizagem. Convém, aqui, entender o que é chamado de 94 Educação Bancária. Segundo Freire, educação bancária é aquela na qual os/as educadores/as desconsideram que os/as educandos/as são detentores de saber; ignoram tudo o que eles/as sabem e os/as consideram como meros depósitos, vazios, os quais serão preenchidos por informações e conhecimentos transmitidos pelos professores, que, por sua vez, detêm o conhecimento. Essa forma de ver a educação precisa deixar de existir e, por isso, estamos trabalhando com você, nesse capítulo, a importância do/a educando/a ser considerado um sujeito de conhecimento e o/a educador/a, como um mediador desse processo e não como alguém que detém o saber e considera os/as estudantes como seres vazios, sem conhecimento. Voltando à nossa discussão sobre os Projetos de Trabalho, Hernández e Ventura (1998) consideram os projetos como uma nova forma de organizar os conhecimentos, que por sua vez, precisam ser compreendidos de forma globalizada e relacional. A nossa tendência é compartimentar as áreas do conhecimento, colocando cada uma em sua “caixinha”. Mas, se pensarmos bem, os conhecimentos se integram, são realmente globalizados. Por exemplo, ao ler um texto de Geografia, veja quantas áreas do conhecimento podem estar ali, integradas. Isso nos mostra que o conhecimento não é fragmentado e, por isso, é importante que a nossa prática educativa considere a globalização do conhecimento. A globalização não pode ser entendida como interdisciplinaridade, como um simples somatório de disciplinas, mas compreendida como o “estabelecimento de relações estruturais e críticas entre as diferentes fontes de informação que aporta e recebe o estudante” (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 56). Esse enfoque pressupõe ainda que o aprendente, para construir um novo conhecimento, precisa fazer relações com o que já sabe sobre aquele assunto, com seus “esquemas internos e externos de referência” (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 57). Isso confirma o que dissemos anteriormente, ou seja, a construção do conhecimento pressupõe a valorização e consideração dos saberes que cada https://bit.ly/2Y6wiBy 95 aprendente já possui. É a partir do que ele sabe, das suas construções, da sua realidade, que o trabalho educativo deve partir. Com esses pressupostos, os projetos de trabalho são problematizados pelas/os educadoras/es, de forma que haja real envolvimento e interesse da turma para o início de um projeto, pois sem isso, o trabalho não se constitui como tal. Segundo Hernández e Ventura (1988, p. 62), “um projeto pode organizar-se seguindo um determinado eixo: a definição de um conceito, um problema geral ou particular, um conjunto de perguntas inter-relacionadas, uma temática que valha a pena ser tratada por si mesma”, dentre outros. Durante muito tempo, por falta deuma leitura mais cuidadosa sobre essa proposta, muitas escolas acreditavam que os temas dos projetos deveriam vir exclusivamente dos/as estudantes, de maneira espontaneísta, sem que o/a educador/a pudesse interferir. No entanto, essa afirmação dos autores, nos ajuda a perceber que variadas são as possibilidades de surgimento de um projeto em sala de aula, cabendo ao/à educador(a) estar atento/a a essas possibilidades e, quando possível e necessário, também sugerir temáticas que sejam complexas o suficiente para se transformarem em um projeto. O objetivo, a justificativa, as etapas, os índices, as apreciações, o portfólio, são sempre construídos coletivamente, com a participação ativa dos/as estudantes. As etapas realizadas são avaliadas pelo coletivo da turma, visando sistematizar o que já foi desenvolvido e planejar os próximos passos. Os momentos de discussão são frequentes, quando as crianças, geralmente em roda, discutem, sugerem, questionam, tornando o processo participativo e democrático. Uma forma importante de registro utilizada nos Projetos de trabalho é o Portfólio, ou porta-fólio, instrumento que vem da área de Artes e que foi incorporado à Educação. Através dele, os/as estudantes coletam, organizam, selecionam, sistematizam informações e produções coletivas e individuais. Não é uma mera coletânea de materiais, de atividades, mas sim, o registro sistemático de um processo de aprendizagem no qual o sujeito aprendente age ativamente sobre o objeto de conhecimento. Importante destacar o caráter singular dos portfólios, pois, como representam o processo de cada estudante, cada portfólio é único, assim como cada estudante também é único. 96 Nessa parte do texto a seguir, compartilharemos com você, estudante, algumas experiências do trabalho com projetos na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os relatos foram produzidos por educadoras, com as quais, trabalhamos ao longo de alguns anos de nossa carreira. A opção em trazer esses textos se fundamenta na importância que atribuímos ao compartilhamento dos saberes e práticas docentes. São educadoras ajudando na formação de outras educadoras, a partir de sua vivência em sala de aula, no cotidiano da docência. O primeiro projeto a ser compartilhado com você é da Educação Infantil, desenvolvido com crianças do Maternal, na faixa etária de 2/3 anos, no ano de 2019. 5.4 EDUCADORAS RELATAM EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS 5.4.1 Projeto “Cores, aromas e sabores”. Um dos temas propostos pela Base Nacional Comum Curricular é o Empreendedorismo. Tínhamos como desejo desenvolver um projeto com essa abordagem, mas que partisse da necessidade e interesse das crianças, como sempre fazíamos. Queríamos que fosse algo real, significativo na vivência delas, pois se não fosse dessa forma, não se caracterizaria como um projeto. Assim, ao longo de https://bit.ly/3B3OaLP https://bit.ly/2ZyXQQh 97 algumas semanas, fomos planejando atividades com o objetivo de problematizar a temática na turma. Uma das atividades foi a culinária, momento em que o interesse das crianças pelas hortaliças foi despertado. E assim, associando a outras atividades motivadoras e problematizadoras, surgiu nas turmas de Maternal II e Maternal III, o projeto “Cores, aromas e sabores”, que teve como finalidade a produção e a comercialização de temperos. Foi um projeto com duração de aproximadamente oito meses, no qual foi possível trabalhar o conhecimento de maneira globalizada, envolvendo as diferentes áreas do conhecimento e campos de experiência propostos para a Educação Infantil. Como dissemos, a culinária foi uma atividade de problematização do projeto; quando preparávamos, coletivamente, uma omelete com o uso de hortaliças (cebolinha e salsinha), as crianças foram motivadas a explorar as características desses ingredientes, cheirando, apalpando e sentindo o sabor, algo que aguçou a curiosidade delas e, decidimos, então, plantar hortaliças e produzir temperos. Foi um processo com muito diálogo, participação, observação e estabelecimento de relações. Dentre as etapas, houve uma visita a uma horta de uma vizinha da escola, a Dona Hilda; seleção e exploração de semestres e mudas; organização dos vasos; plantio coletivo e individual, já que cada criança também plantou uma muda para levar para casa; cuidados diários com as plantinhas, colheita das plantas; realização de culinária com as plantinhas colhidas; pesquisas diversas; observação e estudo dos bichinhos encontrados nas plantas; chá com os/as vovôs/ós, dentre outras. Destacamos o alvoroço causado nas crianças quando apareciam os bichinhos, como caramujos, joaninhas, minhocas. Era um misto de curiosidade, surpresa, receio, euforia, encanto e vontade de pegar. Foram momentos com muitas experimentações e aprendizado. Outro momento que merece destaque foi o cuidar das plantinhas em casa. Isso porque, além dos vasos plantados na escola, cada criança plantou uma mudinha, assumiu o compromisso de cuidar dela e, ao final do projeto, reunimos todas as plantinhas na escola, para fazermos uma doação. Era de nosso conhecimento que a APAE de nossa cidade cultivava hortaliças como a salsinha, que era usada nas refeições dos (as) alunos (as) e funcionários (as) do local. Além 98 disso, sabíamos também que faziam temperos com algumas ervas que plantavam para vender e arrecadar fundos para a manutenção da instituição. Entramos em contato com a Dorinha, funcionária da instituição, e agendamos uma visita para levarmos as plantinhas. Ela nos recebeu com muito carinho e gratidão e nos ensinou o passo a passo da produção do tempero. As crianças ficaram atentas a tudo que ela dizia e fazia. O cheiro das ervas e dos outros ingredientes se misturando no liquidificador era sentido de longe. Depois de vermos e aprendermos tudo aquilo, ficamos ansiosos (as) para prepararmos nosso próprio tempero com as ervas que havíamos plantado. Mas o que faríamos com o dinheiro que fosse arrecadado com a venda dos temperos na escola? Fomos ouvir a opinião das crianças em uma roda de conversa, e uma delas sugeriu que fôssemos tomar açaí. Logo, todas concordaram, animadas pelo colega. Afinal, bons empreendedores trabalham em equipe e estão sempre abertos a novas sugestões. Depois que nos organizamos e definimos os detalhes com as famílias e a direção da escola, compramos os recipientes para armazenar o tempero, criamos um rótulo com o nome do projeto e a descrição dos ingredientes. O convite foi feito a todas as turmas e colaboradores da escola para nos prestigiar e comprar nosso tempero. Chegou o grande dia. A produção começou animada com a ida dos Maternais II e III para o pátio fazer a colheita das ervas que seriam usadas. Em seguida, de volta à cozinha, tudo foi lavado, crianças e professoras com toucas nas cabeças e iniciamos o preparo e o armazenamento do tempero. Ninguém queria ficar de fora, os olhinhos estavam atentos o tempo todo. Tudo foi feito com a participação das crianças, mas com muito cuidado para manter a segurança de todas elas. Tempero pronto para a comercialização. Em uma mesa previamente montada no pátio da escola, levamos toda a nossa produção para a venda. As crianças ficaram super animadas com o vai e vem de “clientes” e nessa “brincadeira” de comércio, conseguimos vender todos os temperos produzidos. O dinheiro arrecadado foi suficiente para levar as duas turmas para tomarem açaí e sorvete à vontade, no centro da cidade. Foi um dia de muita diversão e alegria! Através desse projeto as crianças puderam desenvolver diversas habilidades nas diferentes áreas do conhecimento. Os pequenos e pequenas vivenciaram99 experiências de contato com a terra, com minhocas, lagartas, caracol, sentiram a textura da terra, das sementes, folhas, e o aroma que cada uma das plantinhas possui. Desenvolveram a capacidade de cuidar das plantas, de planejar e executar um empreendimento. A investigação e ação estiveram presentes a todo momento e, temos certeza que foi uma experiência significativa e de muita aprendizagem para todas as crianças. Aprendizagem para toda a vida. Figura 6: Chá com os/as vovôs/ós, organizado com as crianças Fonte: Arquivo pessoal das Autoras (2021) O segundo projeto que compartilhamos com você, foi desenvolvido por uma turma de 2º período, da Educação Infantil, crianças na faixa etária de 5 anos, no ano de 2019. 5.4.2 Projeto “Nossa Formatura” Em nossa região, é comum as escolas prepararem um evento de finalização da Educação Infantil, chamado por muitos, de “formatura”. Há um envolvimento efetivo das escolas e das famílias na organização desse evento, geralmente muito esperado por ambas as partes. Mas, como ficam as crianças diante disso? Que real sentido possui esse evento na vida delas? O nosso anseio sempre foi o de tornar cada vez mais significativo qualquer evento ou atividade escolar, pois se não for assim, as crianças vivenciarão algo simplesmente por ser uma demanda social, familiar ou escolar. Não acreditamos nisso e, dessa forma, desenvolvemos com as crianças um projeto com o objetivo de organizar com elas a própria formatura, pois elas são vistas, por nós, como protagonistas da própria aprendizagem. Após um período de problematização, iniciamos o projeto intitulado “Nossa Formatura”, com o intuito de planejar, organizar, estabelecer metas e realizar o 100 evento, com a participação ativa das crianças ao longo de todo o processo. No desenvolvimento do projeto, várias áreas do conhecimento foram trabalhadas de forma lúdica, prazerosa e integrada. Foram várias ações planejadas e realizadas, como, entrevistas com adultos e outras crianças que já tinham se formado nessa etapa de estudos, envolvendo a família e outras turmas da escola. Assistimos a vídeos de outros formandos e apreciamos fotografias. Tivemos um encontro com a costureira, que veio à escola conversar com a turminha sobre as fantasias que seriam usadas, momento em que cada criança colocou as suas expectativas e ideias. Conseguimos estabelecer parcerias com os familiares e amigos para a realização de uma rifa que ajudou a custear a formatura. Vendemos doces e pipas na escola, produtos feitos e confeccionados pela própria turminha e familiares. Escrevemos e ilustramos um livro de reconto da história “O mágico de Oz” - tema da formatura - e claro, não posso deixar de relatar os vários ensaios realizados para a peça teatral, que envolvia a todos(as). Em todos esses momentos, tivemos o apoio de muitas pessoas que abraçaram essa causa conosco. Foram momentos de muito aprendizado, construídos de forma leve e com grande valor sentimental. Enfim, ao desenvolver esse projeto, conseguimos trabalhar as etapas necessárias de organização de uma formatura, além de estimular o lado empreendedor das crianças. Acredito que esse projeto tenha sido marcante para cada criança, assim como foi para mim. A formatura é um momento muito especial e a construção de cada etapa, foi algo realizado coletivamente, possibilitando grandes expectativas e um incrível espetáculo no final com uma peça teatral, em um lindo palco e com a plateia aplaudindo de pé. Figura 7: Formatura das crianças Fonte: Arquivo pessoal das Autoras (2021) 101 Passaremos agora a apresentar projetos realizados com crianças do Ensino Fundamental, anos iniciais. O primeiro é de uma turma de 4º ano, crianças na faixa etária de 9/10 anos, desenvolvido no ano de 2019. 5.4.3 Projeto “Sonhar, economizar e realizar” As relações que envolvem o uso do dinheiro estão presentes na vida social e trabalhá-las na escola constitui um importante recurso para diferentes áreas do conhecimento. Observei, no entanto, que a turma do 4º ano do Ensino Fundamental do Centro Educacional Arco-Íris, tinha ainda pouco contato social com o dinheiro, sendo restritas as relações envolvendo mesada, orçamento familiar, doação, poupança, lucro, planejamento financeiro, entre outros. Esse projeto se justificou pela necessidade dos/as estudantes vivenciarem experiências sobre o uso do dinheiro e atuarem de maneira mais efetiva nas relações sociais. Sabemos que a escola deve preparar os/as estudantes para serem cidadãos conscientes e autônomos e, a educação financeira está envolvida nesses objetivos. O trabalho foi organizado a partir das seguintes fases: 1. A iniciação – Problematizei a temática, buscando investigar o que os/as estudantes conheciam sobre, apresentei vídeos, livros e outros recursos textuais que pudessem causar o interesse e envolvimento, levando em consideração o cotidiano das crianças. Entreguei um cofre individual para cada criança. 2. O planejamento – Confeccionamos o cofre coletivo da turma e definimos juntos nossas metas, planejando detalhadamente as ações individuais e coletivas do projeto, que se realizariam durante aproximadamente oito meses promovendo rifas, exposições, vendas e outras ações; 3. A execução – Nesta fase, colocamos em prática, coletivamente, o que foi planejado, sempre alinhando a boa comunicação com as famílias, buscando sempre promover a motivação dos/as estudantes. Conhecemos projetos sociais, realizamos pesquisas diversas e entrevistas com empreendedores locais de áreas da preferência dos alunos, promovemos debates e palestra com Microempreendedor Individual (MEI) da cidade, fizemos compra em um Supermercado para atividade de culinária e realizamos reuniões mensais, estimulando o compromisso, o senso de responsabilidade, a escrita e a oralidade por meio de registros em ata, além da 102 contagem do dinheiro arrecadado. 4. O encerramento das atividades foi marcado com passeios a alguns locais escolhidos pela turma, financiados com o dinheiro arrecadado durante o projeto e, ainda, fizemos uma doação para uma ONG da cidade, que cuida e ampara animais de rua. Desenvolver junto às crianças o projeto “Sonhar, economizar e realizar”, foi uma experiência muito enriquecedora que me remete uma enorme alegria ao olhar o caminho que percorremos. As atividades realizadas no decorrer do ano possibilitaram às crianças conhecer melhor as suas relações com o dinheiro, construindo conceitos e abordando conteúdos significativos, de relevância. Além de aprenderem sobre as melhores escolhas com o uso do dinheiro, desde pequenas, o projeto despertou nas crianças o senso de solidariedade através da percepção do papel social de cada uma. As atividades foram bem válidas e todas afirmaram ter gostado, pois aprenderam a economizar e gastar menos em várias situações, algo importante para o presente e para o futuro. Aprenderam também o quanto é gratificante ajudar o próximo, defender uma causa social, promovendo o bem. Figura 8: Entrevista com um microempreendedor da cidade Fonte: Arquivo pessoal das Autoras (2021) Por fim, temos o prazer de compartilhar com você, estudante, mais um projeto desenvolvido também por uma turma de 4º ano, com faixa etária entre 9/10 anos, no ano de 2018. 103 5.4.4 Projeto “4º ano no mundo do silêncio” No ano de 2018, desenvolvi um projeto com estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental do Centro Educacional Arco-Íris, intitulado “4º ano no mundo do silêncio.” O interesse da turma do 4º ano por pessoas surdas e pela comunicação através da língua de sinais, a curiosidade demonstrada por meio de diversas perguntas equestionamentos em função de atividades variadas em sala envolvendo a diversidade, o respeito e a tolerância, foram fontes de motivação para a elaboração deste projeto. A obra literária de Walcyr Carrasco, “Daniel no mundo do silêncio”, aumentou ainda mais o interesse da turma pelo assunto, antes mesmo de começarmos a leitura. Após a leitura do livro de minha autoria, “O menino que brigava com as palavras”, que mostra os desafios sociais enfrentados por uma criança com dificuldades na fala, várias sugestões foram apresentadas para o tema do projeto, até que todos concordaram que o mais adequado seria “Libras e respeito às diferenças”. A Língua Brasileira de Sinais - Libras é a segunda língua oficial do Brasil (Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002) porém, ainda é pouco conhecida entre os brasileiros. Por isso, o objetivo principal do projeto foi garantir a interação e a comunicação entre a criança surda e a ouvinte, proporcionando a possibilidade das crianças ouvintes conhecerem sobre a educação inclusiva de surdos, seus desafios e conquistas, bem como a língua de sinais. A primeira etapa foi identificar os conhecimentos prévios da turma, descobrir o que todos queriam saber sobre o assunto e juntos buscarmos ações que nos levariam a responder às questões apresentadas. Posteriormente, partimos para a escolha do nome “4º ano no mundo do silêncio”, realizada por meio de votação envolvendo a turma e funcionários da escola. Um dos momentos mais divertidos foi a “Culinária Maluca”, na qual as crianças deveriam indicar os ingredientes de um bolo de cenoura usando apenas sinais ou gestos. Outro momento marcante foi a entrevista com a mãe de uma criança surda que, além de contribuir e emocionar contando sua história, ensinou aos (as) alunos (as), alguns sinais e jogos em Libras. A visita à Escola Estadual Francisco Sales, em Belo Horizonte, capital mineira, destinada ao atendimento de pessoas surdas foi muito especial. Lá, cada aluno (a) 104 ouvinte recebeu um sinal dos (das) alunos (as) surdos (as), brincaram, se comunicaram e puderam ter empatia, pois naquele lugar todos usavam Libras e os ouvintes é quem tinham que se adaptar. Até o Centro Educacional Arco-Íris ganhou um sinal em Libras. Foi gratificante testemunhar crianças ouvintes tendo a possibilidade de desvendar os mistérios deste mundo silencioso e perceber o quanto é importante para uma pessoa surda ou com qualquer tipo de necessidade especial se sentir amada, acolhida, respeitada e segura de que seu direito de viver em sociedade está sendo garantido. A culminância do projeto foi a exposição de todo o trabalho desenvolvido pela turma para a apreciação da escola e da comunidade. O Projeto “4º ano no mundo do silêncio”, desde o início, foi muito inspirador. Os/as estudantes mostraram curiosidade e interesse durante todo o processo, realizaram pesquisas e atividades variadas e desenvolveram a autonomia, ao apresentarem para os/as colegas, sugestões de vídeos e brincadeiras que enriqueceriam o nosso trabalho. Muitas descobertas foram feitas e muitas experiências foram trocadas. Figura 9: Crianças aprendendo libras com estudantes surdos Fonte: Arquivo pessoal das Autoras (2021) Os relatos de experiência destes educadores, nos mostram, na prática, como acontecem trabalhos que consideram o/a estudante como protagonista de seu processo de aprendizagem e o/a educador/a como mediador/a. Você deve ter percebido que os fundamentos apresentados desde o início deste capítulo se fizeram presentes nesses projetos ora apresentados. O que queremos defender é que é possível e necessário promovermos uma educação inclusiva, acolhedora, dialógica, participativa e transformadora. 105 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (COTEC) Propor às crianças a brincadeira do faz-de-conta, como fala Lev Vygotsky, e/ou o jogo simbólico, como descreve Jean Piaget, como condição para o desenvolvimento infantil, requer uma forma de organização dos ambientes de aprendizagem que, na perspectiva do sistema de ensino, é orientada através do(a): a) Currículo e pelo projeto pedagógico da instituição educacional. b) Dinâmica dos cuidados com a alimentação, lazer e moradia. c) Dinâmica das ações que envolvem a higiene e a limpeza. d) Saber do senso comum, com um calendário voltado a comemorar determinadas datas. e) Brincadeira infantil, na qual assume vários papéis sem interação com o cotidiano. 2. (AMEOSC) A teoria sociocultural de Vygotsky, assim como a teoria de Piaget, enfatiza o envolvimento ativo da criança com seu ambiente; mas, enquanto Piaget descrevia a mente, por si só, absorvendo e interpretando informações sobre o mundo, Vygotsky via o crescimento cognitivo como um processo: a) Colaborativo. b) Formal. c) Reacional. d) Resolutivo. e) Individual. 3. (COTEC) Segundo Freire (1996), “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” Se essas tendências forem consideradas pelo profissional pedagogo, no exercício de suas atividades pedagógicas, serão perceptíveis, no ambiente de trabalho, a) Memorização de conteúdos como uma forma de preservação da cultura letrada e do conhecimento. b) Diálogos que incentivem à busca pela aprendizagem e incentivos às trocas de 106 experiências. c) Capacitações para mistificação da realidade e treinamentos para a resolução de problemas. d) Experiências compartilhadas com o objetivo de reforçar suas crenças e influenciar as atitudes dos outros. e) Rigorosidade metódica, no processo de aprendizagem, para limitar o pensamento crítico do educando. 4. (FUNIVERSA) A mediação da aprendizagem depende da qualidade da interação entre mediador e mediado. O docente deve estabelecer com os alunos relações baseadas na colaboração mútua e na coordenação das ações dos indivíduos. Acerca do comportamento grupal e intergrupal da liderança do professor, assinale a alternativa correta. a) O professor deve ter como tarefa essencial a organização do contexto, imaginando e propondo situações-problema adequadas. b) O docente deve instaurar uma relação de sancionamento, de coerção das ações de aprendizagem do educando. c) Com o trabalho de mediação, o aluno adquire autonomia em relação ao seu aprendizado, e a intervenção do docente torna-se desnecessária. d) O professor-mediador não pode ser um observador do comportamento do aluno, mas deve avaliá-lo, determinando, quando possível, seu progresso, sua melhoria. e) O docente não deve colocar-se no lugar do aluno, pois os papéis de um e de outro podem ser confundidos em suas intenções. 5. (COMPERVE, 2019). No campo da pedagogia, uma das metodologias amplamente em discussão, para contribuir com a melhoria da aprendizagem e da educação dos estudantes, é a aprendizagem baseada em projetos. O interesse crescente dessa metodologia pode ser explicado, entre outros motivos, pelo fato de: a) Estimular o estudante a duvidar e a pesquisar como também pelo fato de criar condições que estimulem a compreensão e a reconstrução do conhecimento. b) Estimular o estudante a resolver problemas em grupo em contraponto com a 107 autonomia intelectual indesejada na escola. c) Assumir o professor o papel protagônico da aprendizagem dos estudantes e ser, ao mesmo tempo, o mediador do processo. d) Assumir o professor o papel de planejar as atividades que devem ser realizadas pelo grupo de estudantes. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 6. Paulo Freire, importante educador brasileiro, nos incita a pensar e efetivar uma pedagogia problematizante, em contraponto à educação bancária que, infelizmente, é ainda muito presente em nossas escolas. Sobre essa discussão, leia asafirmações a seguir. ( ) A concepção de educação bancária se fundamenta na ideia de que cabe ao professor transmitir e depositar informações nos alunos, que por sua vez, precisam recebê-las passivamente. ( ) A educação bancária estabelece uma relação de respeito às diferenças e ao tempo de aprender de cada indivíduo. ( ) A educação bancária permite a estudantes e educadores uma relação de diálogo e de construção conjunta de conhecimento. ( ) A pedagogia problematizante é dialógica, inclusiva. É possibilitado a estudantes e educadores questionarem a realidade, buscarem respostas, pois são sujeitos ativos no processo de ensinar e de aprender. ( ) A pedagogia problematizante está baseada na transmissão de conteúdos pelos professores, pois eles detêm o saber. A sequência está correta em: a) V, V, F, V, F b) V, F, F, V, F c) V, F, F, F, F d) V, F, V, V, F e) V, V, V, F, V 7. Os projetos de trabalho são considerados uma nova forma de organizar os conhecimentos. Sobre essa temática, analise as afirmações a seguir. 108 I. Os projetos de trabalho vinculam-se a uma perspectiva de conhecimento globalizado e relacional. II. Segundo Hernández e Ventura (1988, p. 62), “um projeto pode organizar-se seguindo um determinado eixo: a definição de um conceito, um problema geral ou particular, um conjunto de perguntas inter-relacionadas, uma temática que valha a pena ser tratada por si mesma”, III. Os projetos de trabalho devem partir exclusivamente dos/as estudantes, de maneira espontaneísta, sem que o/a educador/a possa interferir. IV. Todas as etapas de um projeto são definidas e desenvolvidas envolvendo toda a classe. Assinale a alternativa correta: a) Todas as alternativas estão incorretas b) Todas as alternativas estão corretas c) Apenas a alternativa II está correta d) Apenas a alternativa III está incorreta e) Apenas a alternativa IV está incorreta. 8. Na abordagem pedagógica dos Projetos de Trabalho, o Portfólio aparece como um instrumento de grande importância, pois acompanha o processo de aprendizagem do/a estudante. Sobre essa temática, leia as afirmações a seguir. I. O Portfólio, também conhecido como Porta-fólio é originário da área de Artes. II. No portfólio podem ter produções individuais e coletivas. III. O Portfólio é uma coletânea de atividades, portanto, todos/as os/as estudantes de uma turma terão o mesmo material ao final do projeto. IV. Através do portfólio, os/as estudantes coletam, organizam, selecionam, sistematizam informações e produções. V. O portfólio é um instrumento singular, pelo fato de ser individual, de apresentar as produções de cada estudante e também produções coletivas da turma. Assim, cada estudante produz, seleciona, reflete de uma forma; consequentemente, os portfólios são diferentes, únicos. 109 Assinale a alternativa correta: a) Todas as alternativas são verdadeiras b) Todas as alternativas são falsas c) Somente a alternativa III é falsa d) As alternativas III e V são falsas e) A alternativa II é falsa. 110 O DESAFIO DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES(AS) Iniciaremos a nossa última unidade abordando uma temática muito relevante: a formação de educadores/as. O que percebemos é que, embora muito debatida no meio acadêmico, a formação de educadores/as ainda é um desafio para a Educação brasileira e, por isso, é preciso sempre colocá-la em pauta, a fim de ampliarmos a discussão e buscarmos meios de efetivá-la a partir das necessidades dos sujeitos, sejam educadores/as ou educandos/as. Seguindo a dinâmica das unidades anteriores, iniciaremos abordando a formação a partir de alguns documentos oficiais, a fim de percebermos como ela vem sendo tratada na história mais recente de nosso país. Salienta-se que não é nosso objetivo discutir toda a legislação, mas somente algumas que consideramos mais relevantes para se entender o processo de formação docente em nosso país nos últimos anos. 6.1 A FORMAÇÃO DOCENTE: ASPECTOS LEGAIS Como já discutido em capítulos anteriores, a Constituição Federal de 1988 é um marco importante para a educação em nosso país, sobretudo, pelo direito à educação a todos/as os/as brasileiros/as, independente da idade, da classe social, gênero. No que se refere à formação de educadores/as, a Constituição Federal, no seu art. 206 apresenta alguns princípios gerais da Educação, que nos ajudarão a compreendê-la. Vejamos: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V- valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; elen.cristina Texto digitado UNIDADE 06 111 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL [1988], 2020, Art. 206). Esses capítulos do Art. 206 se referem à educação, na perspectiva do direito a ser concedido a estudantes e aos educadores e, podemos dizer, que se relacionam também à formação do/a educador/a. Ensinar exige uma boa formação e também a valorização do trabalho docente, que se dá, entre outras coisas, com um plano de carreira, concurso público, dentre outros. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) amplia a discussão sobre a formação docente e no Art. 62 apresenta as exigências de formação para o/a professor/a atuar. Segundo esse artigo: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (BRASIL, 1996, Art. 62). Certamente esse é um avanço, pois até então, a educação superior não era uma exigência para a atuação docente, embora se admita, ainda hoje, a formação em nível médio. A década de 1990 assistiu a uma ampliação considerável das instituições superiores de formação de docentes, motivada pela LDB que, na data de sua promulgação, definiu que em dez anos, todos/as os/as professores /as deveriam ter cursado o ensino superior. A corrida dos/as educadores/as pela formação fez com que a rede particular de ensino se colocasse de forma mais incisiva no mercado a fim de acolher a essa demanda significativa que surgia. Durante algum tempo, após a promulgação da LDB, a formação de nível superior de educadores/as para atuarem na Educação Infantil e no Ensino Fundamental (anos iniciais) se deu, inicialmente, como curso Normal Superior através do Decreto 3.276/1999, como espaço exclusivo de formação. Após vários embates, no ano de 2000, a legislação é alterada e o curso Normal Superior passa a ter caráter preferencial, mas não exclusivo, conforme verificamos no parágrafo 2º do Art. 3º: A formação em nível superior de professores para a atuação multidisciplinar, destinada ao magistério na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, far-se-á, preferencialmente, em cursos normais superiores (BRASIL, 1999, Art. 3º, § 2º). Ainda no parágrafo terceiro do art. 3º, o Decreto apresenta os conteúdos da 112 formação de professores no Curso Normal Superior. Os cursos normais superiores deverão necessariamente contemplar áreas de conteúdo metodológico, adequado à faixa etária dos alunos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental,incluindo metodologias de alfabetização e áreas de conteúdo disciplinar, qualquer que tenha sido a formação prévia do aluno no ensino médio (BRASIL, 1999, Art. 3º). Percebe-se, a partir desse parágrafo, a formação técnica que se esperava na formação docente, nos cursos Normais superiores. Não se priorizavam uma formação mais ampliada, com viés também teórico, algo tão necessário à formação, pois uma formação mais ampliada favorece a criticidade. Portanto, essa redução curricular foi um forte motivo de críticas ao Curso Normal Superior e de pedidos pela sua substituição por um novo curso que favorecesse uma formação mais ampliada. O Conselho Nacional de Educação, após criar um Parecer, institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena em fevereiro de 2002 - Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002. O Art. 2 desta Resolução trata da organização curricular dos cursos de formação em Licenciatura e ao analisarmos, podemos perceber que os conteúdos da formação se ampliam consideravelmente, se o compararmos com os cursos Normais Superiores. Vejamos: I - o ensino visando à aprendizagem do aluno; II - o acolhimento e o trato da diversidade; III - o exercício de atividades de enriquecimento cultural; IV - o aprimoramento em práticas investigativas; V - a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos curriculares; VI - o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores; VII - o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe (BRASIL, 2002). Salienta-se que essas Diretrizes dão às instituições formadoras a autonomia para elaborarem as suas matrizes curriculares, desde que resguardados os princípios e orientações defendidos por elas, conforme vemos no Art. 14, parágrafo 1º: A flexibilidade abrangerá as dimensões teóricas e práticas, de interdisciplinaridade, dos conhecimentos a serem ensinados, dos que fundamentam a ação pedagógica, da formação comum e específica, bem como dos diferentes âmbitos do conhecimento e da autonomia intelectual e profissional (BRASIL, 2002, Art. 14, § 1º). Importante destacar que entre os anos de 2002 e 2005, alguns Pareceres e Resoluções foram elaborados e emitidos pelo Conselho Nacional de Educação. Já 113 em 2006, o Conselho Nacional de Educação aprova a Resolução CNE/CP n.º 1, de 15 de maio de 2006, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Retomando a nossa discussão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura, encontramos no Art. 2º deste documento, as áreas de atuação do pedagogo, ou seja, em quais frentes ele pode desenvolver o seu trabalho. Vejamos: As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos (BRASIL, 2006, Art. 2º). Essa determinação nos mostra a amplitude da atuação do pedagogo a partir dessas Diretrizes, ou seja, as possibilidades de trabalho educativo se ampliam, não sendo restritas mais à docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Agora, o pedagogo poderá atuar também no curso normal a nível de https://bit.ly/3F2XTUG https://bit.ly/2ZGsx6k 114 ensino médio, em cursos de educação profissional e ainda em áreas de organização e gestão nas escolas e em sistemas de ensino. Tendo ampliado a atuação do pedagogo, as Diretrizes apontam também para a formação desses docentes, que, necessariamente, precisa também se ampliar. No art. 3º, lemos assim: O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006, Art. 3º). Caminhando um pouco mais pela legislação, um marco importante é a Resolução n.2, de 1º de julho de 2015, define as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.”. Esta Resolução foi muito vista no meio acadêmico, por se acreditar que ela valoriza a formação docente; por dar autonomia às instituições formadoras; por articular a formação inicial e a continuada; por considerar o ensino, a pesquisa e a extensão como indissociáveis; por reconhecer as instituições de educação básica como potentes na formação docente; por defender que a formação deve ter base científica, teórica e interdisciplinar, dentre outros aspectos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015). No entanto, as instituições nem tiveram tempo hábil de implementar essa Resolução e foram surpreendidas pela Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica, conhecidas como BNC- Formação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2019). Essas diretrizes surgem como consequência da BNCC da Educação básica, já que se acredita que os/as professores/as, para garantirem as aprendizagens essenciais aos estudantes, precisam ter uma formação condizente a esse objetivo. 115 Importante destacar que essa discussão foi inserida no Art. 62 da LDB que assim previa: “ os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 1996). O capítulo II desta Resolução trata dos fundamentos e da política da formação docente e em seu Art. 6º apresenta variados elementos que se relacionam à BNCC e que precisam ser contemplados na formação. Dentre eles, destacamos três: II - a valorização da profissão docente, que inclui o reconhecimento e o fortalecimento dos saberes e práticas específicas de tal profissão; VII - a articulação entre a formação inicial e a formação continuada; VIII - a formação continuada que deve ser entendida como componente essencial para a profissionalização docente, devendo integrar-se ao cotidiano da instituição educativa e considerar os diferentes saberes e a experiência docente, bem como o projeto pedagógico da instituição de Educação Básica na qual atua o docente (BRASIL, 2019, Art. 6º). Várias têm sido as críticas a esta Resolução, por considerá-la impositiva, já que não houve participação de educadores em sua organização; por desconsiderar as pesquisas sobre formação docente desenvolvidas nos últimos anos e a autonomia universitária; por retornar ao modelo das competências, baseado em uma visão pragmática e neoliberal, dentre outras. Enfim, temos assistido, neste ano de 2021, a uma série de manifestos de instituições formadoras em defesa de uma nova organização dos cursos de Pedagogia. 6.2 A FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE No Art. 62, no parágrafo primeiro da LDB, vê-se uma junção de esforços entre o governo federal, o estadual e o municipal para a formação inicial e continuada do magistério, mostrando assim, que esse é um desafio a ser enfrentado por essas esferasadministrativas. Convém aqui, entendermos alguns conceitos importantes relacionados à formação. O primeiro deles é a formação inicial. Buscando uma definição no Dicionário Trabalho, profissão e condição docente, uma importante fonte de consulta na área da Educação, encontramos a formação inicial entendida como “formação de docentes para o magistério da 116 educação básica que se efetiva em cursos de formação de professores, mediante um currículo direcionado ao exercício profissional (AGUIAR, 2010). Essa autora faz um resgate histórico da formação e aponta que há um debate acerca de diferentes posicionamentos que envolvem a formação docente. Que tipo de profissional se deve formar: aquele com competência técnica que atenda bem ao mercado de trabalho ou aquele com uma formação mais ampla, sólida, que abarca a formação técnica, como também cultural, científica e também política? Você foi percebendo, na leitura dos capítulos anteriores que, ao longo dos anos, essas diferentes concepções foram aparecendo nas legislações, reafirmando essa colocação da autora. Severino (2003) discute exatamente isso: o que deve se constituir como conteúdo de formação para os/as docentes? Ele nos mostra que aqui no Brasil, desde o final dos anos 70, passando pelas décadas de 80 e 90, a comunidade educacional vem se mobilizando para discutir e entender a formação de educadores/as. Esse autor vê na LDB um marco importante para essa discussão, visto que ela traz a exigência de uma formação de nível superior para educadores/as e, além disso, cria os Institutos Superiores de Educação, lócus privilegiado de formação docente. Ele entende que a formação docente não é meramente uma habilitação técnica, mas que deve ser ampliada, integral. Diante disso, ele faz uma crítica aos cursos de formação que não consideram a formação humana de maneira integral (SEVERINO, 2003, p. 75). Assim, o autor elenca alguns problemas identificados nos cursos de formação de professores/as em nosso país, sendo eles: 1. Os/as estudantes geralmente não se apropriam dos conteúdos científicos necessários à formação docente; 2. Os estágios geralmente são poucos e aligeirados, não permitindo que o estudante compreenda de maneira mais sistemática a dinâmica de sala de aula; 3. Os cursos de formação não oferecem subsídios aos estudantes para que eles conheçam a realidade histórico-cultural do contexto em que vai atuar; 4. O currículo dos cursos geralmente é fragmentado, as disciplinas não dialogam entre si; 5. Predominância à transmissão de informações, repetições e reproduções, não permitindo que construa o seu conhecimento de maneira ativa e participativa 117 (SEVERINO, 2003). Diante desse cenário de fragilidade encontrada nos cursos de formação de educadores/as, Severino (2003) sugere alguns conteúdos da formação inicial, sendo eles: conteúdos específicos (saberes da área em que vai atuar); conhecimento e desenvolvimento de habilidades técnicas (metodologias, recursos técnicos e científicos) e, ainda, relações situacionais, ou seja, que o estudante em formação tenha a possibilidade de conhecer a si mesmo, aos outros, estabelecer relações consigo mesmo, com o grupo ao qual pertence e com demais grupos, conhecendo as diferentes realidades (SEVERINO, 2003, p. 78). Enfim, o que Severino (2003) está propondo é um processo de conscientização e uma educação humanizadora e, quando falamos disso, logo nos vêm à mente as contribuições de Paulo Freire. Freire (1996), em seu livro Pedagogia da Autonomia nos traz reflexões muito relevantes para pensarmos a educação e a formação de educadores. Segundo ele, “ensinar exige criticidade”, “ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural”, “ensinar exige apreensão da realidade”, dentre tantos outros ensinamentos que nos ajudam a refletir sobre o nosso papel de verdadeiros/as educadores/as. Outra discussão que Severino (2003) faz é sobre a importância de algumas áreas do conhecimento na formação inicial dos/as educadores, citando a Psicologia, a Antropologia, a Filosofia e demais ciências Humanas e Sociais, pois, essas áreas possibilitarão ao estudante, futuro educador, uma formação prática, político e social, ou, em outras palavras, uma formação humana, pois, segundo ele, “é sendo política que a atividade profissional se tornará intrinsecamente ética (SEVERINO, 2003, p. 83). https://bit.ly/39LcPsg 118 6.3 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE O termo formação continuada nos remete à ideia de que não basta ao docente ter cursado uma faculdade ou um curso de nível médio para ter completado a sua formação. Isso porque, como nos dizia Paulo Freire, somos inacabados, estamos em processo constante de construção e de transformação e, por isso, é necessário que estejamos sempre em busca de ampliar o nosso conhecimento, a nossa formação geral. Segundo Diniz-Pereira (2010), a partir da década de 1980, no Brasil, ganha força a distinção entre a ideia de formação inicial ou “pré-serviço” e formação continuada, ou “em serviço”. No entanto, esse autor adverte para a problemática que surge ao separarmos a formação dessa maneira, pois, se observarmos em algumas regiões do país, inúmeros/as docentes atuam há anos sem formação inicial e só se qualificam em curso de formação após muitos anos de serviço. E, ainda, muitos foram e ainda continuam sendo educadores/as leigos/as, de notório saber, sem formação inicial. Diniz-Pereira (2010) faz uma crítica ainda à ideia que ainda vigora em nosso país de que a formação continuada é apenas um curso ou outro que o/a educador faz, incluindo aí a pós graduação lato sensu, muitas vezes, sem relação com suas reais necessidades formativas e que geralmente não representam uma melhoria na prática docente.. Com isso, nos últimos anos, essa ideia de separação entre formação inicial e formação continuada foi cedendo espaço para uma nova concepção: a de formação como um continnum, ou seja, de se encarar a formação como algo permanente, não estanque, não fragmentado, mas contínuo, com vistas ao desenvolvimento profissional docente. Por desenvolvimento profissional adotamos o conceito de Diniz-Pereira (2010), sendo entendido por ele como “uma concepção de formação não dissociada da própria realização do trabalho docente”. Ao falarmos em desenvolvimento profissional é importante percebermos também que o processo formativo do/a educador/a não se separa das suas condições de trabalho, que, de acordo com esse mesmo autor, precisa-se considerar: salários dignos, maior autonomia profissional, dedicação exclusiva a uma única escola, pelo menos um terço da jornada de trabalho para planejamento, reflexão e sistematização da prática, estudos individuais e coletivos, salas de aula com um número reduzido de alunos, [...] (DINIZ-PEREIRA, 2010). 119 6.4 A ESCOLA COMO LÓCUS PRIVILEGIADO DE FORMAÇÃO Conforme estamos discutindo, é importante pensarmos que a formação é um processo permanente, contínuo, que deve fazer parte da vida profissional dos/as docentes. Vimos também que, embora muitos consideram que fazer um curso ou outro, vez ou outra, está fazendo formação continuada, mas não é bem assim que acontece. A formação, sendo vista como permanente e contínua, deve se associar às demandas formativas que os/as docentes apresentam a partir da sua realidade de sala de aula. Nesse sentido, destacamos aqui a importância da própria escola ser um lócus privilegiado de formação, pois é nesse espaço de vivência, de coletividade, de encontro entre os pares, que a formação acontece diariamente e deve ter momentos reservados a essa prática. Quando os/as docentes se encontram, compartilham suas angústias,seus saberes, suas experiências, suas inquietações e dúvidas, certamente estão se formando. Ademais, faz-se necessário que a escola reserve momentos para grupos de estudo, para reflexão sobre a prática, para construção de conhecimento de forma coletiva, compartilhada. Importante saber que a Lei n° 11.738, de 16 de julho de 2008 estabelece o Piso salarial e carga horária complementar aos educadores dentro das escolas, que deve ser destinada à formação. 6.5 RELATANDO UMA EXPERIÊNCIA Caro/a estudante, nesse momento, eu, Angelita Azevedo, compartilho com você duas experiências acadêmicas/profissionais, que vivenciei ao longo da minha carreira. A primeira é a prática de grupos de estudos pelas escolas e redes nas quais desempenhei as funções de pedagoga/coordenadora e diretora pedagógica. Desde a primeira escola em que trabalhei, os grupos de estudos com os/as 120 educadores/as foram uma marca da minha atuação enquanto educadora. Sempre acreditei que a escola é o local, por excelência, de formação e que precisávamos valorizar e defender esse espaço, como forma também de valorização profissional. Assim, tanto nas escolas particulares, quanto nas redes públicas municipais nas quais trabalhei, sempre tínhamos uma agenda de grupos de estudos e posso afirmar que o meu crescimento enquanto profissional se deve muito a essa experiência. A segunda experiência que compartilho é sobre a minha pesquisa de doutorado. Ela foi realizada na rede municipal de Diogo de Vasconcelos, Minas Gerais, entre os anos de 2018 a 2021 e constou de uma formação de educadoras da Educação de Jovens e Adultos, em ambiente colaborativo, no qual cada participante apresentava as suas demandas formativas e fomos construindo, ao longo desse tempo, um processo de estudo, de compartilhamento de experiências, vivências e saberes e sistematizando todas as nossas construções. Nessa pesquisa construímos duas revistas, uma de histórias de vida de educadoras e educandas/os e, outra, de textos produzidos pelas próprias educadoras, sobre o que significava, para elas, serem educadoras de pessoas jovens, adultas e idosas. Posso afirmar que essa foi uma das experiências mais marcantes e significativas em minha vida pessoal e acadêmica. E assim, querida/o estudante, finalizamos esse livro, com o desejo de que você tenha ampliado os seus conhecimentos acerca dos fundamentos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, tenha se deliciado com as práticas pedagógicas apresentadas e compreendido que a formação é um processo permanente, contínuo. Portanto, jamais pare de estudar, de se aperfeiçoar e lute por uma educação onde todos e todas tenham resguardados os seus direitos. Lute por uma educação libertadora e emancipatória. 121 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A formação docente em nível superior para atuar na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental (licenciatura) foi uma conquista na história recente da educação em nosso país. Embora se admita ainda a formação em nível médio para a atuação docente nestas séries, a formação de nível superior é desejável e, de certa forma, priorizada. Qual legislação determina a formação nesses moldes, apresentados acima? a) Constituição Federal de 1988 b) Lei de Diretrizes e Bases da Educação c) Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil d) Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002 e) Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019 2. Conforme você estudou, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, definidas através da Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002, constituem um documento importante, que trata da formação docente em nosso país. Sobre as referidas Diretrizes, assinale a alternativa correta. É um documento que trata da organização curricular dos cursos de formação em Licenciatura; a) Os conteúdos sugeridos para a formação docente se ampliam consideravelmente, se o compararmos com o que era oferecido pelos cursos Normais Superiores; b) As matrizes curriculares dos cursos de formação de professores podem ser construídas pelas próprias instituições formadoras, desde que respeitem os princípios e as orientações defendidos pelas Diretrizes. c) Sobre os conteúdos indicados para a formação dos docentes, as Diretrizes sugerem vários, dentre eles, o exercício de atividades de enriquecimento cultural e o aprimoramento em práticas investigativas. d) As diretrizes não são importantes para a construção e direcionamento dos 122 conteúdos abordados pelas Instituições formadoras, desde que elas sigam valores de moral, ética e conduta. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 3. No ano de 2006, o Conselho Nacional de Educação aprovou novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Licenciatura em Pedagogia. Em tais diretrizes são apontadas as áreas de atuação do/a pedagogo/a. Que áreas são essas? Assinale a alternativa correta. a) Somente na Educação Infantil; b) Somente nos anos Iniciais do Ensino Fundamental c) Na Educação Infantil, nos anos iniciais e nos anos finais do Ensino Fundamental. d) Na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio na modalidade Normal, em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 4. Em 2019, uma nova Resolução criada pelo Conselho Nacional de Educação, define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica. Sobre essas Diretrizes, leia as afirmações a seguir. I. Por instituir uma Base Nacional Comum para a formação, essas Diretrizes são conhecidas como BNC-Formação. II. As referidas Diretrizes surgem a partir da BNCC da Educação básica e objetivam formar os/as educadores/as, de forma que possam garantir as aprendizagens essenciais aos estudantes, definidas pela Base. III. Essas Diretrizes estão amparadas na LDB, que previa que os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. Assinale a alternativa correta: 123 a) Todas as alternativas estão corretas b) Todas as alternativas são falsas c) Somente a alternativa II é falsa d) Somente a alternativa III é falsa e) Somente as alternativas II e III são corretas. 5. Na discussão sobre formação docente, um conceito bastante utilizado pela literatura é Formação Inicial. De acordo com AGUIAR (2010), a formação inicial é entendida como “formação de docentes para o magistério da educação básica que se efetiva em cursos de formação de professores, mediante um currículo direcionado ao exercício profissional. Tendo como base o estudo sobre essa temática, leia as afirmativas a seguir. I. Uma das discussões presentes envolvendo essa temática é sobre o tipo de profissional que se deve formar. Ou seja, deve-se almejar uma formação puramente técnica, ou uma formação mais ampliada, sólida, que envolva também aspectos científicos, culturais e políticos? II. Severino (2003) defende que a formação docente não é meramente uma habilitação técnica, mas que deve ser uma formação ampliada, integral. III. Uma crítica que se faz aos cursos de formação inicial docente se refere aos estágios, visto que na maioria das vezes são em quantidade insuficiente e aligeirados. IV. A Lei de Diretrizes e Bases dá um passo significativo no que se refere à formação inicial docente, ao vislumbrar a formação a nível superior a todos/as os/as educadores/as. Marque a alternativa“o olhar adultocêntrico sobre a infância registra especialmente a ausência, a incompletude ou a negação das características de um humano ‘completo’” (SARMENTO, 2007, p. 33). Ou seja, a criança era encarada do ponto de vista da falta, da incompletude e não como um ser pleno em potencialidades e em especificidades que a marcam. Ampliando essa discussão, Cunha (2016, p. 50) afirma que a infância é um “conceito gradualmente construído nas consciências, bem como o conceito de família e de afetividade entre os seus integrantes”, o que reforça a ideia de que ela é construída historicamente, a partir de diferentes percepções, contextos e culturas. E que assim como o conceito de infância, o de família também se altera e marca as relações afetivas entre os seres humanos. Se atualmente a criança é resguardada fisicamente e emocionalmente e se temos a convicção de que ela precisa ser amada, respeitada e valorizada, precisamos entender que houve uma evolução nas 10 mentalidades e nas legislações, quanto à forma de se conceber a criança e a infância. Não vamos aqui explorar todo esse histórico, pois nos concentraremos na discussão sobre o contexto brasileiro, mas amplie o seu conhecimento, a partir das indicações a seguir. 1.3 HISTÓRIA E POLÍTICAS DE ATENDIMENTO À INFÂNCIA NO BRASIL Quando falamos em história e políticas de atendimento à infância no Brasil, um marco importante a ser considerado é a Constituição Federal de 1988, que https://bit.ly/3zUGiLe 11 coloca a infância no campo do direito. Cunha (2016) faz um importante resgate histórico da infância no Brasil e diz que em nosso país há um atraso, por exemplo, nas políticas de escolarização das crianças, se nos compararmos aos países europeus, o que pode ser relacionado à herança colonizadora deixada ao nosso país, como a separação das crianças de suas famílias nos naufrágios ou, ainda, à escravidão, que desconsiderava completamente as crianças, sendo que muitas eram comercializadas pelo seus pais, como força de trabalho. Assim, essas crianças deixavam seu país de origem e vinham para o Brasil, para trabalhar tanto nas embarcações, quanto na colônia. Essa autora relata maus tratos cometidos contra as crianças nas viagens marítimas para o Brasil, como a falta de alimentação adequada, escassez de água, agressões físicas, ambientes sujos e em condições subumanas, abusos sexuais cometidos por marujos que vinham nas embarcações, dentre tantas outras atrocidades. Esse período deixou marcas expressivas na história da infância, principalmente, das crianças negras e pobres. Para se ter uma ideia, no período da escravidão, o indivíduo só tinha reconhecida a sua identidade a partir dos 14 anos. Cunha (2016), tendo como referência outros estudos, fala ainda sobre a pouca idade com que as meninas se casavam, o que era permitido desde os 12 anos de idade e, com isso, já assumiam todas as tarefas de um adulto. Em seguida à ocupação do território brasileiro, o processo de catequização da população inicia com as crianças indígenas, pelos jesuítas, por se acreditar que seria uma via mais fácil de se atingir e catequizar também os adultos. Esse processo de aculturação alterou o modo de vida das crianças, já que a elas eram ensinados alguns ofícios e dedicados alguns cuidados, visando atingi - las e, consequentemente, catequizar aos seus pais, o que era o principal objetivo dos jesuítas. 12 Del Priori (2000) apud Cunha (2016), fala da invisibilidade das crianças negras no período colonial, que, por hereditariedade, já nasciam escravas e, ainda, sofriam com más condições alimentares, crendices e outras práticas que comprometiam a saúde e o desenvolvimento infantil, o que causava alto índice de mortalidade infantil. Cunha (2016) afirma ainda que entre os séculos XVIII e XIX, no Brasil, muitas crianças, principalmente as pobres e órfãs, a partir dos 07 anos, eram recrutadas para trabalharem nos navios. Na história do Brasil, entre os séculos XVIII e XIX, um fato muito frequente era o abandono de crianças pobres, que ficavam sob a guarda de instituições de caridade, como as Santas Casas de Misericórdia, mosteiros, conventos, dentre outros. As crianças abandonadas, muitas ainda bebês, eram colocadas nas Rodas dos Expostos ou Roda dos Enjeitados, dispositivo no qual eram colocadas por alguém da família e entregues, de forma anônima, às instituições de caridade. A criança era colocada do lado de fora, em um orifício da roda, a pessoa a rodava e ela se movia até o interior das instituições. Era habitual os adultos, geralmente as mães, que cometiam esse ato, deixarem bilhetinhos ou alguma informação acerca daquela criança que ali estava sendo deixada. As rodas eram instaladas nos muros das instituições para, assim, manter o anonimato das mães que abandonavam as crianças, geralmente por falta de condições de criá-las em decorrência da pobreza, ou por serem mães solteiras, ou as crianças serem fruto de um adultério, dentre outros motivos. Figura 1: Roda dos Expostos (1825 - 1961) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Fonte: Santa Casa de Misericórdia de São Paulo ( 2021, online) 13 Há registros também do abandono de crianças em localidades onde não existia a Roda dos Expostos, sendo estas colocadas, geralmente, nas portas das igrejas. Se avançarmos um pouco mais e chegarmos ao período de industrialização no Brasil (séc.XX), vamos encontrar naquele contexto um cenário também desolador quanto ao trabalho das crianças, principalmente nos grandes centros urbanos. Trabalhos perigosos, sem proteção, em péssimas condições de higiene, o que favoreciam o adoecimento e mortalidade infantil. De acordo com Cunha (2016, p. 54) As crianças contratadas para trabalhar nessas fábricas, muitas vezes tinham apenas oito anos de idade e só para lembrar alguns dos riscos que corriam, podemos falar sobre os ferimentos nas máquinas que poderiam trazer sequelas físicas irreversíveis ou morte prematura das crianças, bem como o perigo de choques elétricos [...] Além dos acidentes de trabalho, eles tinham que enfrentar os maus-tratos dos patrões e chefes, que muitas vezes chegavam a lhes causar ferimentos. Esses se esqueciam que apesar de operárias, continuavam crianças e lhes exigiam um desempenho profissional de adultos. Uma discussão interessante feita por Moura (2000) apud Cunha (2016) é que a necessidade da criança em brincar resistia a esse cenário de exploração através do trabalho. Ou seja, as crianças, em seu ambiente de trabalho, muitas vezes eram pegas brincando, já que essa é uma linguagem própria da infância e, por isso, eram castigadas pelos seus patrões. Esse cenário desolador, de exploração do trabalho infantil é muito comum ao longo de nossa história ganhando características próprias em cada período. 14 Se analisarmos as estatísticas acerca do trabalho Infantil nas últimas décadas no Brasil, perceberemos uma queda expressiva nos números, o que pode ser explicado pelas políticas de proteção à infância, efetivadas nas últimas décadas. No entanto, é ainda assustador perceber que o trabalho infantil continua sendo uma realidade em nosso país, demandando novas legislação, plena efetivação das leis já existentes e, principalmente, a mudança de mentalidade da população com relação aos direitos e necessidades das crianças. Leia, no quadro a seguir, informações retiradas do site do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (2021, online): O trabalho infantil ainda é uma realidade para milhões de meninas ecorreta: a) Todas as alternativas são corretas b) Todas as alternativas são falsas c) Somente a alternativa IV é falsa d) Somente as alternativas são verdadeiras, exceto a alternativa II e) As alternativas III e IV são falsas. 124 6. Ao se falar em formação inicial docente, algumas críticas são feitas com relação à qualidade dos cursos, o que interfere diretamente na qualidade da formação do/a educador/a e, consequentemente, na qualidade da educação, de maneira geral. Severino (2003) apresenta alguns problemas que, segundo ele, são encontrados em muitos cursos de formação de professores. Quais são os problemas na visão desse autor? Leia as alternativas a seguir e identifique-os. I. A realidade histórico-cultural do contexto em que o/a educador/a vai atuar, não é considerada, nem trabalhada; II. Os/as estudantes, futuros docentes, geralmente não se apropriam dos conteúdos científicos necessários à formação docente III. Os estágios são feitos em locais onde os/as docentes não irão trabalhar posteriormente. IV. Nos cursos os/as estudantes convivem com práticas de transmissão de informações, repetições e reproduções, não permitindo que construam o seu conhecimento de maneira ativa e participativa. Assinale a alternativa correta: a) Todas as alternativas são verdadeiras b) Todas as alternativas são falsas c) Somente a alternativa III é falsa d) As alternativas III e IV são falsas e) A alternativa I é falsa. 7. Na discussão acerca da formação docente, um conceito com o qual geralmente nos deparamos é o de formação continuada. Sobre ele, leia as afirmações a seguir e marque a alternativa correta. a) Formação continuada se refere ao curso inicial feito pelos educadores/as, no ensino superior ou médio, para que possam atuar profissionalmente. b) O termo formação continuada nos remete à ideia de que basta ao docente ter cursado uma faculdade ou um curso de nível médio para ter completado a sua formação. 125 c) Para se efetivar uma formação continuada, é importante fazer um curso uma vez por ano, independente da sua área de atuação. d) A formação continuada se restringe à realização de um curso de especialização lato sensu. e) O termo Formação continuada nos remete à ideia que somos inacabados, em processo constante de construção e de transformação e, por isso, é necessário que estejamos sempre em busca de ampliar o nosso conhecimento, a nossa formação geral. 8. o estudo sobre formação docente, você teve a oportunidade de se apropriar de alguns conceitos, como, por exemplo, Desenvolvimento Profissional docente. Esse conceito tem sido muito discutido no meio educacional e nos traz contribuições importantes. Leia as afirmações a seguir. I. Pensar no desenvolvimento profissional docente pressupõe compreender que a formação não se dá de maneira estanque, fragmentada, mas em um processo contínuo. II. O desenvolvimento profissional se efetiva com a percepção de que a formação não está dissociada das condições objetivas de trabalho do/a educador/a. III. Autores como Diniz-Pereira (2010), apontam que salários dignos, estudos individuais e coletivos, dedicação exclusiva a uma única escola, dentre outros aspectos, possibilitam o desenvolvimento profissional docente. IV. O desenvolvimento profissional docente se refere, exclusivamente, ao estudo permanente desenvolvido pelo/a educador/a ao longo de sua carreira. Assinale a alternativa correta: a) Todas as alternativas são corretas b) Todas as alternativas são falsas c) A alternativa II é falsa d) Somente a alternativa IV é falsa e) As alternativas I e IV são falsas. 126 LÚDICO E MUSICALIZAÇÃO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES 7.1 LÚDICO NA EDUCAÇÃO A educação no ensino infantil tem um grande papel no desenvolvimento social e humano ao ofertar oportunidades de práticas educativas de diversas formas a partir das vivências escolares. Através da educação a concretização dos direitos sociais e a cidadania da infância oportunizam que a criança desperte suas habilidades emocionais e criativas. A formação pedagógica dos professores representa um ponto essencial para o desenvolvimento das atividades escolares através de estudos e pesquisas sobre as formas e meios de ensinar. Compreender as faixas etárias e as habilidades que podem ser desenvolvidas durante o processo ensino aprendizagem na educação é essencial para organização e planejamento de atividades. A Resolução Nº 2, DE 9 DE OUTUBRO DE 2018 do Ministério da Educação define o ensino na Educação Infantil inicia desde a pré-escola compreendendo a faixa etária de 0 até os 5 anos e 12 meses de idade. Os profissionais da educação que trabalham no ensino infantil devem ter engajamento pedagógico com pensamento, reflexão e diálogo sobre a infância. É importante possuir um conhecimento amplo de como as crianças aprendem e se desenvolvem na oportunidade de atender às necessidades e interesses individuais de cada um. A utilização de atividades e propostas pedagógicas na primeira infância representa a iniciação educacional de todo aprendizado que haverá ao longo da vida. De acordo com os Parâmetros Nacionais de qualidade da Educação Infantil (2018, p. 12) é na primeira infância que ocorre o desenvolvimento do controle emocional e de suas habilidades que afetarão sua vida e sua aprendizagem: Áreas de desenvolvimento altamente importantes, como controle emocional, habilidades sociais, linguagem e aritmética, alcançam seu auge nos primeiros três anos de vida infantil. A importância de prestar serviços de qualidade para a Primeira Infância é sustentada por evidências dessa natureza. Isso mostra que as experiências específicas de uma criança nos seus primeiros anos de vida têm o profundo efeito de limitar ou expandir seu potencial social, físico e cognitivo (SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA, 2018, p. 12) elen.cristina Texto digitado UNIDADE 07 127 Planejar atividades educacionais para o ensino infantil com práticas lúdicas demonstra preocupação do docente em propor para as crianças a oportunidade de criação e contato com diferentes habilidades. Ao elaborar uma atividade com orientação e prática lúdica o docente consegue colaborar para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor do aprendizado na primeira infância. O entendimento sobre o lúdico compreende o conhecimento prévio para que o docente desenvolva as atividades pedagógicas de forma segura e preparada. A palavra lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que significa jogo. Apesar dessa definição objetiva o lúdico é visto na educação como uma ação que reflete o brincar para tornar o aprendizado mais agradável. Rolim , Guerra e Tassigny (2008, p. 177) fazem um estudo de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil e refletem sobre o lúdico: Ao consultar um dicionário, deparamo-nos com diversos significados para a palavra brincar, e todos eles nos passam a ideia de diversão, distração, agitação, faz de conta. A brincadeira é o lúdico em ação. Brincar é importante em todas as fases da vida, mas na infância ele é ainda mais essencial: não é apenas um entretenimento, mas, também, aprendizagem. A criança, ao brincar, expressa sua linguagem por meio de gestos e atitudes, as quais estão repletas de significados, visto que ela investe sua afetividade nessa atividade. Por isso a brincadeira deve ser encarada como algo sério e que é fundamental para o desenvolvimento infantil (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008, p. 177) Como dito por Rolim , Guerra e Tassigny (2008) analisando o posicionamento de Vygotsky o lúdico pode ser utilizado como entretenimento sendo ferramenta facilitadora do processo ensino aprendizagem ao relacionar a emoçãoà aprendizagem de conceitos educativos. Ao pensar em atividades educacionais que possuem propósito educativo com prática lúdica o docente instiga o conhecimento, a descoberta e a prática pedagógica de forma prazerosa e significativa para o educando. Utilizar atividades pedagógicas de forma lúdica propõe ainda à participação das crianças em suas diversidades emocionais e habilidosas com personalidades diversificadas interagindo entre si. Portanto, o trabalho com bebês e crianças da educação infantil necessita que o educador procure formas de atrair a atenção da criança com propostas dinâmicas e interativas garantindo a exploração de habilidades emocionais e cognitivas educacionais. A utilização de brincadeiras educativas e/ou objetos interativos que 128 tenham uma proposta de aprendizagem pode provocar a curiosidade do aluno e oportunizar o ensino de forma leve e atrativa. 7.2 MUSICALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA DE ENSINO Percebemos atualmente uma evolução da educação diante da diversidade de propostas e metodologias de ensino que a sociedade se encontra. Novas ferramentas e novas propostas pedagógicas despertam novas ideias nos docentes que precisam mediar o conhecimento do educando atendendo às diversidades de aprendizagem encontradas na sala de aula. Diante dessas mudanças e novidades pedagógicas é possível intensificar o uso da música na educação propondo inúmeras possibilidades de escuta com concentração, percepção de mundo e manuseio de objetos interativos sonoros. Através da escuta a criança desenvolve habilidades como a fala, o canto, a escrita e a interatividade com outras pessoas ouvindo ou reproduzindo atividades musicais. Por não ser um objeto visível, o som deve ser ouvido para ser compreendido e a partir da escuta o professor pode propor atividades de reprodução e brincadeira tornando-o um objeto de aprendizagem. Para iniciar o uso da música na educação é possível partir do princípio do ouvir sons diversos e identificá-los em suas diversas características. Através da prática da escuta musical a criança reconhece os sons à sua volta de objetos, animais, pessoas, instrumentos, entre outros, construindo e desenvolvendo seu repertório imagético. A educadora Enny Parejo (2008, p. 06) nos fala sobre a importância do “ouvir”: O OUVIR, segundo estratégias bem definidas, é o ponto de partida. A escuta musical cria as condições necessárias para que a pessoa se torne receptiva ao ambiente sonoro, à escuta de si próprio e à música, naturalmente; é também através do ouvir que as condições fisiológicas, psicológicas e emocionais do indivíduo se transmutam, levando-o a estados de relaxamento, concentração, percepção e bem-estar que permearão todo o processo. Ainda sobre a importância do ouvir, Brito e Mifano (2003, p. 187) nos diz que 129 Aprender a escutar, com concentração e disponibilidade para tal, faz parte do processo de formação de seres humanos sensíveis e reflexivos, capazes de perceber, sentir, relacionar, pensar, comunicar- se. Escutar é perceber e entender os sons por meio do sentido da audição, detalhando e tomando consciência do fato sonoro. Mais do que ouvir (um processo puramente fisiológico), escutar implica detalhar, tomar consciência do fato sonoro. A utilização da música no processo ensino aprendizagem a partir das vivências da primeira infância pode contribuir na formação da identidade cultural dos alunos. Ao propor atividades que impliquem na apreciação sonora o docente estará oferecendo às crianças a oportunidade de conhecimento da diversidade sonora que existe desenvolvendo ainda as habilidades de percepção, escuta e reprodução de sons. Para perceber a importância da escuta lembre-se de como o ser humano se interage e reage ao ouvir uma música em diferentes situações do cotidiano seja em algum evento festivo, em trilha sonora de filmes, em momentos de reflexão ou no próprio dia a dia. 7.3 EXPERIÊNCIAS E VIVÊNCIAS EMOCIONAIS A vivência ou experiência artística contribui de forma significativa para formação de um educador. Participar de uma atividade de produção oferece a oportunidade de apresentar nossas emoções e sentimentos bem como nossas ideias sobre um determinado assunto ou fato. Essa vivência contribui significativamente na composição do nosso repertório criativo imagético onde podemos desenvolver habilidades socioemocionais. Aos 7 anos de idade eu ingressei em uma escola especializada em Arte chamada Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandes na minha cidade natal, Montes Claros-MG. Lá tive várias experiências artísticas com música, dança, teatro e desenho desde a minha infância até o meu ingresso na Faculdade de Arte. As minhas experiências artísticas vividas dentro do Conservatório eram voltadas para a prática musical em orquestras, atuação com grupos de teatro, desenvolvimento https://bit.ly/2RFHuBt 130 de projetos de expressão artística, entre outros. Com esta experiência pude desenvolver minha habilidade de criação para elaborar novas ideias sobre projetos artísticos emocionais. Aulas teóricas e práticas nesta escola me despertaram o interesse em atuar na área como professora de Arte na Educação Básica. Realizei o Ensino Superior de Licenciatura em Arte pela Universidade Estadual de Montes Claros – MG (Unimontes) e percebi através das disciplinas ofertadas no meu curso a necessidade de elaboração de projetos artísticos para serem trabalhados na Educação Básica. Através do desenvolvimento de aulas criativas, diversificadas que pudessem instigar as mais distintas habilidades artísticas nos alunos seria possível realizar um ensino de arte com qualidade e criatividade em qualquer escola de Educação Básica. Em todas as experiências artísticas práticas que vivenciei percebi o quanto era importante ter um novo olhar sobre a expressão e emoção de cada pessoa. Através das expressões podemos entender o que cada um sente de acordo com sua bagagem cultural. Na vida de uma criança, a arte faz parte do seu cotidiano. Vivenciar a arte na infância desperta os sentidos e o seu olhar sobre o mundo de forma criativa e lúdica. O estímulo corporal através da fala, do som, do desenvolvimento do repertório imagético contribui para o seu desenvolvimento socioemocional e social através das suas expressões artísticas. Portanto, ter uma vivência artística ou pesquisar e assistir ideias voltadas para a elaboração de atividades com ludicidade e musicalização faz diferença na capacitação de um professor na Educação Básica. Neste livro veremos caminhos alternativos para essas vivências ou pesquisas artísticas para aqueles que não tiverem acesso à uma escola especializada em Arte a fim de instigar o processo criativo do professor de Educação Básica. 7.4 LÚDICO E BRINCADEIRAS NO ENSINO INFANTIL Ao pensarmos em lúdico, ludicidade e brincadeiras nos remetemos às atividades com propostas de brincadeiras. Refletindo a verdadeira concepção do lúdico em formato educacional não podemos nos atrelar às brincadeiras sem um objetivo pedagógico que envolverá o conhecimento e desenvolvimento das habilidades do aluno. 131 A utilização de jogos, brincadeiras e músicas no processo ensino aprendizagem representa uma organização educacional diversificada e pensada estrategicamente para desenvolver habilidades diversas nos alunos. As atividades podem ocorrer desde o início da aula com perguntas simples até a criação de um conceito sobre um determinado assunto. Ao propor essas atividades o professor pode explorar o conhecimento prévio e bagagem cultural do seu aluno formando o seu repertório de habilidades e desenvolvimento de sua identidade. O conhecimento dasdiferentes formas de aplicabilidade do lúdico e da musicalização é de suma importância para desenvolver um trabalho educacional de qualidade. Conhecer as técnicas de aplicação e desenvolver projetos musicais com os alunos trará benefícios expressivos para o desenvolvimento socioemocional e criativo dos mesmos. A prática lúdica no ensino infantil deve ser pensada como uma ferramenta de avanço educacional e aprendizado do aluno através de desafios, propostas de criação e interação com o meio e com o outro. A experiência musical de quem estuda em uma escola específica não é a mesma de outra pessoa que teve aula somente na educação básica. A falta de material ou mau planejamento de atividades de experiências passadas deve servir de inspiração para um melhor desenvolvimento da sua carreira como professor. Acreditar que atividades como “somente assistir um vídeo no youtube” ou cantarolar uma música na entrada do turno sejam formas de musicalização para toda aula é firmar o conceito da falta de pesquisas ou práticas educacionais lúdicas, musicais e inovadoras. Se tornar um (a) professor (a) que consegue elaborar atividades criativas que despertem o senso crítico e desenvolva o repertório imagético do seu aluno 132 representará total competência pedagógica para a instituição que você atuará. O ensino de música na educação básica foi implementado regularmente pela Lei nº 9.394/96 favorecida pela Lei nº 11.769/08 sendo reconhecido como conteúdo obrigatório da disciplina de ARTE mas não conteúdo exclusivo da mesma. A implementação da música na educação básica reitera a importância das atividades lúdicas e musicais para o desenvolvimento psicomotor das crianças e adolescentes. Discussões sobre a importância da música no ensino da educação básica tornaram- se recorrentes pela Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) realizando seminários, palestras, rodas de conversas e debates sobre o tema. Portanto devemos utilizar a música e a ludicidade na educação como forma de liberdade de expressão com respeito às diversidades culturas ampliando a visão de mundo do aluno, desenvolvendo sua criatividade e assegurar o acesso à cultura. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ressalta, no campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, que produzir e conviver com as diferentes manifestações artísticas e as diversas formas de expressão das Artes Visuais, como pinturas, colagens, desenhos, gestos, traços, dentre outras, contribui para que as crianças, desde pequenas, desenvolvam senso crítico, o conhecimento de si e dos contextos que as cercam (BRASIL, 2016). O aproveitamento de atividades criativas e lúdicas para desenvolver habilidades socioemocionais e cognitivas contemplam o embasamento teórico fundamental para a formação educacional dos alunos. É preciso compreender as limitações do seu aluno e conseguir aproveitar ao máximo a criatividade e a espontaneidade durante uma atividade. Assim, o professor trará uma experiência artística rica e significativa para o desenvolvimento do repertório imagético dos alunos através de novas ideias. Aprofunde seu conhecimento sobre a importância da música na educação infantil através das publicações de periódicos e revistas da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM). Disponível em: https://bit.ly/3atyplR . Acesso em: 10 jan. 2021. Dica: Leia a Revista Música na Educação Infantil para melhor entender o conteúdo. Disponível em: https://bit.ly/2P4wY5Q . Acesso em: 11 jan. 2021. 133 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O trabalho do professor da disciplina Arte deve se atentara aos conceitos educacionais e teóricos sobre os conteúdos. Na visão educacional sobre o ponto de vista pedagógico, o ensino de Arte deve ser considerado como a) obra artística criadas em sala de aula que representam formas de expressão. b) processo de criação da identidade cultural baseada em vivências socioemocionais dentro e fora da escola c) forma de expressão das linguagens como música, desenho, pintura, entre outros. d) criações artísticas que os alunos produzem fora do ambiente escolar. e) experiências estéticas vivenciadas pelos alunos na sua cultura familiar. 2. A arte não é simplesmente uma técnica para fazer coisas. Para que algo seja arte, é necessário um sentido ou uma intenção. Não há função cotidiana na arte, como encontramos em outros objetos, mas sim uma função a) filosófica. b) provocativa. c) objetiva. d) expressiva. e) literal. 3. Alguns historiadores afirmam que a História iniciou quando a humanidade inventou a escrita. Nessa perspectiva, o período anterior à criação da escrita é denominado Pré-História. Sobre esse período podemos afirmar que a) foi um período de grandes descobertas científicas baseadas nas crenças naturais. b) todas as culturas evoluíram com a escrita, por isso podemos dizer que o homem das cavernas não se comunicava com seu semelhante. c) os estudos arqueológicos sobre as pinturas rupestres contribuíram na descoberta dos hábitos vividos na época. d) durante a pré-história a forma de comunicação se dava por meio de desenhos e escritas feitas com símbolos. 134 e) os historiadores que defendem as pinturas rupestres como forma de comunicação vão contra aos ensinamentos históricos 4. A busca pela significação da vida e a compreensão do lugar do ser humano no universo têm sua necessidade respondida, tanto pela arte quanto pela ciência. Mediante a construção de objetos de conhecimento que, juntamente com as relações sociais, políticas e econômicas, sistemas filosóficos e éticos, há a formação do conjunto de manifestações simbólicas de uma determinada cultura. Nesse viés de pensamento, podemos afirmar que: a) a obra de arte situa-se no ponto de encontro entre o particular e o universal da experiência humana refletindo as emoções e vivências estéticas unificadas. b) a obra de arte revela para o artista e para o espectador uma possibilidade de existência e comunicação, além da realidade de fatos e relações normalmente desconhecidos. c) o que distingue essencialmente a criação artística das outras modalidades de conhecimento humano é a qualidade de comunicação entre os seres humanos que a obra de arte propicia, tornando-se uma linguagem universal. d) a percepção estética contempla a criação da arte mas não sua apreciação. e) as experiências vividas pelo artista e pelo espectador nem sempre contribuem na sua arte. 5. As funções da arte são diversas, variando de acordo com a cultura e com os povos que a criam. Atualmente, sua função está relacionada ao desenvolvimento social e democrático do ser humano. Considerando essa perspectiva, pode-se dizer que outra possível função da obra de arte é a) possuir um caráter de decoração visual ou de entretenimento. b) separar em categorias os monumentos culturais. c) desenvolver o senso crítico. d) ser autêntica por meio da produção de trabalhos idênticos entre si. 135 e) ser agradável aos sentidos, principalmente aos olhos ou aos ouvidos. 6. A arte pode ser definida como fruto da criação do homem e de seus valores junto à sociedade. Dentro dela existem vários procedimentos e técnicas utilizadas para compor uma obra. Ela é uma necessidade que faz o homem a) expressar-se através de desenhos para estabelecer uma relação de ligação constante com a natureza. b) comunicar-se, porém, se manter sempre crítico e emotivo quanto às suas obras. c) comunicar-se e refletir sobre as questões sociais e culturais dentro da sociedade. d) distanciar-se das questões sociais e culturais dentro da sociedade. e) tornar-se parte dispensável na criação de obras artísticas. 7. Toda arte possui uma materialidade intrínseca que estárelacionada ao universo de referência dos artistas. Cenários e figurino, na dança e no teatro; instrumentos musicais, na música; pigmentos e suportes, nas artes visuais, são exemplos de materiais que, partindo do universo do artista, compõem a produção artística. Com base nas informações apresentadas e no seu conhecimento sobre o conceito de arte, pode-se dizer que a ideia de materialidade nas artes a) trata-se do padrão utilizado por escolas e movimentos artísticos para criarem suas obras. b) tem por base o princípio de que toda arte é uma criação livre, sem relação com a realidade. c) refere-se aos diversos materiais utilizados na produção da obra que possibilitam ao artista criar um universo próprio, carregado de singularidade. d) refere-se à maneira de compor com base na reprodução do mundo como ele é. e) trata-se da venda e do valor comercial de cada obra de arte. 8. A história da Arte se desenvolveu ao longo dos anos acompanhando os acontecimentos históricos. As expressões artísticas marcam as ações políticas, religiosas, econômicas, sociais, afetivas e emociais dos homens desde a pré- história até a atualidade. Sobre os períodos artísticos podemos afirmar que 136 a) representações artísticas com sentido mágico e ritualístico marcam a arte contemporânea. b) o período que compreende as civilizações (mais expressivas): Egípcia, Grega e Roma utilizou da arte para representar crenças religiosas, histórias heroicas e mitológicas e na educação do povo. c) na arte moderna a expressão era voltada para a religião do catolicismo impulsionada pela influência da Igreja Católica nas questões sociais, políticas e econômicas. d) o surgimento de novas técnicas artísticas baseadas nas inovações tecnológicas a partir do Renascimento Cultural até a Revolução Francesa marcaram a Idade Média. e) arte revolucionária nas formas de expressão que impulsionou novas técnicas e artísticas dando liberdade para a criação sem influência tecnológica marcam o movimento contemporâneo 137 TENDÊNCIAS DO ENSINO DE MÚSICA E A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO ENSINO INFANTIL 8.1 MÚSICA E LUDCIDADE NO ENSINO INFANTIL O ensino de música tem se desenvolvido de forma mais intensa na educação infantil contemplando não somente as técnicas específicas para o conhecimento da teoria musical, mas reconhecendo culturas e músicas que representam a identidade de uma sociedade. A valorização e o reconhecimento da música em suas diversas possibilidades tem sido implementada na educação como uma ferramenta lúdica para o ensino sobre as diversidades. A utilização da música na educação remonta desde a idade antiga onde gregos e romanos já utilizavam em seus rituais a música como um elemento de representação cultural. Durante a idade média temos uma grande influência da música na educação dos cristãos através de hinos religiosos entoados em missas ou outras cerimônias. No Brasilo ensino de música iniciou durante o período colonial através da catequização dos índios pelos jesuítas que aqui chegaram. A educação baseada nos conceitos religiosos e a implantação de uma nova língua – português- desenvolveu-se através de imagens, músicas, orientações de fala e escrita. Durante os séculos seguintes a educação musical evolui com as tendências educacionais implantadas em nosso território tornando-se conteúdo e ferramenta lúdica no processo ensino aprendizagem. A evolução da educação musical tem sido relevante diante da modernização e da contemporaneidade que a sociedade vive. Entretanto é possível utilizar a música como ferramenta de ensino com interdisciplinaridade com outras áreas como salienta Queiroz (2010, p. 114): Como campo que se dedica ao estudo do ensino e aprendizagem da música, a Educação Musical tem estabelecido diálogos e intersecções com diferentes áreas do saber humano, a fim de compreender os aspectos fundamentais do seu universo de estudo, tendo como base a gama de valores e significados sociais que circundam a música enquanto fenômeno artístico e cultural . Assim, como conteúdo obrigatório do ensino de ARTE, a educação musical elen.cristina Texto digitado UNIDADE 08 138 deve ser desenvolvida desde a primeira infância podendo ser utilizada de forma interdisciplinar para criar conceitos e reconhecimentos da diversidade cultural e do desenvolvimento psicomotor da criança. Read (1986) na sua obra “A redenção do robô – Meu encontro com a educação através da arte” considerou que a arte e a educação estão ligadas ao homem como indivíduo e que a arte deve ser baseada na expressão e na liberdade de criação desde a infância. Read (1986, p. 12)nos diz: [...] quando falo em arte, quero dizer um processo educacional, um processo de crescimento; e, quando falo em educação, quero designar um processo artístico, um processo de autocriação. Como educadores, olhamos o processo do lado de fora; como artistas, vemos por dentro; e ambos os processos integrados constituem o ser humano completo. Esse pensamento de Read está relacionado às concepções do envolvimento e da prática artística do educador com o aluno e ao processo educacional pela arte onde se aborda todas as linguagens artísticas sendo a visual, literária, musical e poética. Através desse modelo educacional o indivíduo trabalha o seu olhar questionador e cria novas concepções sobre o mundo através da leitura de obras pré-existentes e a partir das suas criações. Na educação a música e a ludicidade têm o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades criativas de cada aluno e é função do professor promover e instigar o processo criativo do mesmo valorizando suas experiências e sua bagagem cultural e apresentar-lhe novas formas de se expressar reconhecendo sua identidade e respeitando novas culturas. A valorização do repertório cultural construído ao longo dos tempos, através das vivências de cada um, compõe a formação de identidade cultural do ser. Para elaborar aulas mais dinâmicas e criativas é preciso a sensibilidade do professor e o conhecimento de técnicas artísticas respeitando as limitações da faixa etária trabalhada e os materiais disponíveis para realização das aulas. No link abaixo temos uma entrevista com arte-educadores que tratam sobre os desafios da elaboração de uma aula em termos de materiais e metodologias para aplicar atividades artísticas na sala de aula. Disponível em: https://bit.ly/34wxzBa. Acesso em 25 ago. de 2020 https://bit.ly/34wxzBa 139 Durante muito tempo a música era utilizada como ensino específico para aprender sobre a execução de instrumento musical. A partir do momento em que a música é trabalhada como conteúdo onde o aluno se torna protagonista na sua expressão do canto, do ritmo e desenvolve o reconhecimento cultural, o desenvolvimento do seu repertório torna-se ferramenta educacional que instiga da imaginação e da visão crítica do aluno. Logo, nessa perspectiva de criação do seu repertório e do conhecimento de mundo através da música Queiroz (2004, p. 100) nos mostra que: [...]podemos conceber Educação Musical como um universo de formação de valores que deve não somente se relacionar com a cultura, mas, sobretudo, compor a sua caracterização, ou seja, desenvolver um ensino da música como cultura. Assim, a utilização da música no processo ensino aprendizagem garante uma diversidade dinâmica de uma aula e pode tornar-se um ensino de música como cultura reconhecendo e valorizando as diversas manifestações culturais. Ao utilizar a música na educação é imprescindível a valorização da bagagem cultural do aluno, da sua vivência cultural que traz consigo e da valorização das suas formas deexpressão musical. Por mais simples que seja a atividade, as valorizações da sua expressão vão instigar no processo criativo e no desenvolvimento das habilidades de coordenação motora e emocional. Esse tema é bastante peculiar pois envolve diversas questões como as funções da música em uma sociedade, as propostas metodológicas do ensino de música em diversos contextos, a formação pedagógica do docente, entre outros. É importante ressaltar inicialmente a necessidade de utilizar a música no contexto escolar ressignificando as manifestações artístico-musicais a partir de novos contextos e olhares. A bagagem cultural é composta por todas as experiências vivenciadas no cotidiano como crenças, hábitos, rotinas, músicas e socialização familiar onde são passadas as experiências de geração para geração. Esta bagagem se difere em diferentes contextos representando todo o repertório de identidade cultural de cada um. Respeitar essas experiências e instigar o conhecimento de novas formas de expressão contribui na formação de um ser crítico, comunicador, criativo e expressivo para a sociedade. 140 8.2 ENSINO LÚDICO E MUSICAL PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL A compreensão do processo evolutivo de cada faixa etária da Educação Infantil é um objetivo de extrema importância para o professor regente ou especialista. Através da compreensão dos desenvolvimentos criativos e de coordenação motora o professor pode planejar ou desenvolver uma atividade a partir desses dados gerais. Além dos dados estudados cientificamente sobre o desenvolvimento de cada faixa etária é necessária à compreensão das habilidades dos alunos com necessidades especiais. O processo de adaptação educacional para atender a demanda de crianças com necessidades especiais está em desenvolvimento e cabe ao(a) professor(a) regente ou especialista está atento às questões metodológicas para o ensino em geral. Na lei de Diretrizes e Bases (LDB- 9.394/96) há determinação e defesa sobre o ensino de educação básica à alunos com necessidades especiais: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 2o O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. Art.59 – Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: II - Terminalidade específica para aqueles que não possam atingir o nível exigido para conclusão do ensino fundamental em virtude das suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para superdotados. [...] (BRASIL, 1996). A Resolução Nº 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009, do Conselho Nacional de Educação Básica apresenta a implementação de atividades curriculares com Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com necessidades especiais. O documento ainda visa a plena participação do educando bem como sua participação na sociedade e no desenvolvimento da sua aprendizagem. Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou 141 em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços. Art. 3º A Educação Especial se realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, tendo o AEE como parte integrante do processo educacional (BRASIL, 2009). Através dos documentos oficiais percebemos que o direito à educação inclusiva é irrevogável e é preciso o desenvolvimento de atividades que proporcionem aos educandos uma experiência dinâmica que instigue o seu desenvolvimento emocional e cognitivo. A adaptação de atividades lúdicas e musicais servem como um impulso para o desenvolvimento de habilidades uma vez que, através dessas práticas educacionais o aluno poderá expressar suas vivências com a diversidade e a inclusão que merecem. A elaboração de atividades com músicas e brincadeiras trará ao aluno com necessidades especiais a oportunidade de ser personagem principal na composição das suas emoções colocando-o em situação de igualdade com os outros colegas. O reconhecimento de mundo sobre suas vivências e o desenvolvimento emocional através das atividades diversificadas contemplam o desenvolvimento desses alunos. Preocupar-se com a elaboração de atividades que contribuam no processo ensino-aprendizagem dos alunos com necessidades especiais trará benefícios de inclusão aos alunos atendidos pela instituição em que o professor estiver atuando. Compreender as dificuldades e utilizar a música de forma lúdica como mecanismo de inserção social e educacional deste aluno servirá como uma ferramenta impulsionadora de suas habilidades emocionais e do desenvolvimento da sua capacidade intelectual. Sobre a formação de professores e o uso da música na Educação Inclusiva Ferreira (2010) nos diz que torna-se necessário e urgente uma formação de professores mais ativa, contínua e inclusiva, sobretudo de ação e transforma. A 142 principal meta é conscientizar os professores e as instâncias administrativas da importância da música na formação da cidadania e de sua contribuição no processo de desenvolvimento humano e social dos alunos na educação inclusiva. Assim, a busca pelo conhecimento sobre as necessidades do seu aluno e o desenvolvimento de atividades que sejam adequadas ao mesmo o tornará um profissional capacitado e interativo. 8.3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E A MUSICALIZAÇÃO Nesta seção compreender a relação da música no processo de desenvolvimento infantil bem como as tendências para utilizar a música no processo educacional de forma interdisciplinar e no desenvolvimento de conceitos musicais. 8.3.1 Os sons na primeira infância Os sons fazem parte da nossa vida desde o momento em que estamos no útero. O feto estabelece um contato com sons produzidos pelo corpo da mãe desde a gestação que nos ligam aos sons diversos da vida. O ambiente acústico promovido pelo útero proporciona ao bebê uma vivência sonora rica através de vibrações e pulsações do corpo da mãe. Após o nascimento há uma forte relação do bebê com a música através de melodias entoadas pela mãe para acalmar ou adormecer. Estas vivências compõem os nossos primeiros contatos com a música em nossa vida através de melodias e ritmos já existentes. Este contato inicial com a música nos fazem perceber os diversos sons Elaborar atividades adaptadas que envolvam alunos com necessidades especiais e que atenda o desenvolvimento de alunos do ensino regular que estejam na mesma sala engloba o conhecimento daslimitações dos alunos, das habilidades criativas, do material que será utilizado bem como a metodologia a ser aplicada e o local de elaboração da prática. Assim, podemos nos questionar nas seguintes pontuações? Qual assunto abordar na aula? Como será exposto o assunto para a turma? Terá atividade prática? É possível utilizar a música e a ludicidade nessa atividade? Qual material iremos utilizar? Em qual local será trabalhado? 143 existentes ao nosso redor e fazem parte da composição de repertório musical da infância. Sobre essa relação As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que se estabelecem que os bebês desenvolvem um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicação sonoras musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculo fortes tanto com os adultos quanto com a música (BRITO; MIFANO, 2003, p. 49). A relação das crianças com os sons à sua volta vem dessa ligação inicial e se desenvolve ao longo da infância na sua composição de repertório e aprendizagem sobre o mundo e as relações sociais. A vivência na infância com os sons existentes como os dos seres vivos, de objetos, cantigas e ruídos que estão à sua volta despertam sua curiosidade e influenciam nas suas expressões corporais com gestos evidenciando ativamente a sua relação com os sons, a música e o meio em que vive. É possível perceber durante uma apreciação musical o movimento corporal de uma criança dentro de um ritmo musical com balanço de braços e pernas mantendo viva a relação entre a música e o reconhecimento do seu corpo. Trabalhar com a música na primeira infância é instigar esse processo educacional e promover um momento lúdico de aprendizagem sobre si e sobre o mundo à sua volta. Realizar imitações de sons de animais, de fenômenos da natureza (como o vento, trovão, chuva, etc.) fazendo parte do desenvolvimento da fala e da compreensão de mundo. Jeandot (1993)nos apresenta características do desenvolvimento do musical na infância que podem ser vistos na tabela a seguir: Quadro 1: Características do Desenvolvimento Musical FAIXA ETÁRIA DESENVOLVIMENTO MUSICAL 0 à 2 anos Primeiro contato musical com os sons já existentes. Tentativas de falas através da repetição de sons incentivados por alguém. As primeiras tentativas de fala ou produção sonora pela boca ocorre nesta etapa. 2 à 3 anos A criança canta parte de canções e prefere movimentos ritmos marcando com o corpo o ritmo musical que está cantando. 3 á 4 anos Reprodução de canções inteiras com processo de memorização de letras com dificuldade ainda de cantar afinado com música. 4 á 5 anos A criança já tem um maior controle da voz, consegue desenvolver na música com ritmos e melodias, já é capaz de reconhecer as notas musicais e os nomes dos instrumentos identificando-os em suas qualidades. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 144 A partir dos 5 anos a criança tende a desenvolver ainda mais a sua concepção de mundo para interpretar canções, compreender melodias, desenvolver habilidades rítmicas e até composição de letras quando instigada à este feito. 8.4 BRINCADEIRAS MUSICAIS PARA O ENSINO INFANTIL A utilização de jogos e brincadeiras na educação representam a implementação da ludicidade no processo ensino aprendizagem. Esta utilização pode ser feita em diferentes conteúdos e temas educacionais e podem ser atrelados à canções durante a sua prática. A compreensão sobre o que são jogos e brincadeiras determinam inicialmente a preparação do docente para executar uma atividade com objetivo de aprendizagem que será realizada de forma lúdica. Em algumas palavras o jogo proporciona uma aprendizagem sobre algo e proporciona comportamentos diversificados durante a sua prática. Durante um jogo é comum que as crianças se comportem de forma diferente contribuindo na intensidade do aprendizado e no desenvolvimento do ser humano. Os jogos são fontes de prazer e descoberta e podem influenciar dependendo da aplicação pedagógica e condução direcionadas pelo docente. Ao unirmos as metodologias pedagógicas clássicas com a utilização de jogos para o processo ensino aprendizagem nos deparamos com concepções diferentes para esta aplicação. Existem os jogos pré-existentes como xadrez, dama, futebol que são utilizados durante a prática de educação física e que são definidos como jogos. Então como realizar jogos e brincadeiras musicais durante uma aula com temas diversos? Ao pensar em uma atividade lúdica de qualquer assunto que será tratado durante uma aula no ensino infantil o professor deve definir o objetivo de Como elaborar atividades educativas de forma lúdica e com musicalidade no ensino infantil? Este questionamento nos leva a pensar sobre como desenvolver uma aula de forma lúdica ou utilizando a música para desenvolver o aluno do ensino infantil. Vejamos as indicações a seguir! 145 aprendizagem e desenvolver sobre esse objetivo uma atividade em formato de jogo ou utilizar a música como ferramenta educacional. Para exemplificar podemos imaginar uma aula sobre o meio ambiente onde os alunos devem compreender os elementos que compõem a natureza como as árvores, rios, animais, etc. Ao propor o tema na aula o professor pode apresentar de forma lúdica desenhos, cartões com exemplos dos elementos da natureza ou utilizar um livro infantil ilustrado sobre o tema. As crianças podem observar alguns elementos e já identificarem algumas características trazendo esses conceitos em sua bagagem cultural adquirido em seu meio social familiar. O docente pode cantarolar uma música que contenha gestos de fácil compreensão e que poderá ser repetida durante as aulas posteriores com as crianças para que este conceito seja firmado. Durante essas práticas educativas o professor instiga o conhecimento e a imaginação do aluno para compreender o meio em que vive e as suas relações com este meio. Ao propor uma aula como descrita no parágrafo anterior o professor tratará um tema geral (o meio ambiente) de forma lúdica e musical acrescentando elementos educativos à sua aula para construção de conceitos e reconhecimentos culturais de elementos existentes. Essa preparação faz parte do planejamento escolar que falaremos de forma detalhada no capítulo 4 deste material. Coma estas colocações vemos que o brincar é uma ação livre que pode surgir em uma aula guiada pelo professor e que pode proporcionar a formação de conceitos e a imaginação da criança. Além da utilização da música como ferramenta facilitadora do processo ensino aprendizagem o professor ainda pode ensinar conceitos particulares da música durante o ensino infantil. O reconhecimento de instrumentos musicais, o desenvolvimento do ritmo corporal e a compreensão das notas musicais podem fazer parte do conhecimento de mundo para as crianças. O contato com instrumentos musicais proporciona o desenvolvimento motor e a criatividade musical dos alunos durante o ensino infantil. 146 Figura 6: Aula de reconhecimento de instrumentos musicais Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 8.5 TECNOLOGIA E LUDCIDADE NO ENSINO INFANTIL: NOVAS TENDÊNCIAS DE ENSINO Ao longo do tempo em toda a história da humanidade a evolução tecnológica ocorreu e promoveu grandes mudanças nas práticas artísticas. Surgimento de novos materiais, desenvolvimento de novas técnicas e a criação de novas tendências nas formas de expressão marcaram diversos momentos da história da arte por suas inovações ideias e tecnológicas. A BNCC (2016, p. 57) trata sobre a relação das crianças, adolescentes e jovens quanto ao uso de novas tecnologiasdigitais. Ressalta que, [...] a cultura digital tem promovido mudanças sociais significativas nas sociedades contemporâneas. Em decorrência do avanço e da multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, tablets e afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de respostas e à efemeridade das informações, privilegiando análises superficiais e o uso de imagens e formas de 147 expressão mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar característicos da vida escolar (BRASIL, 2016, p. 57). No momento atual que vivemos, a tecnologia tornou-se uma ferramenta impulsionadora de novas técnicas de expressão e de promoção das obras em larga escala pelo mundo todo. O acesso à informação e as novas tendências conectados através da internet tem se tornam mais acessíveis a cada dia. Novos aplicativos, melhores conexões de rede, desenvolvimento de novos softwares além de gravações de filmes, séries, entre outros estão cada vez mais criativos e frequentes. Jordão (2009, p. 10)retrata bem a realidade quando aponta sobre a influência que a tecnologia vem causando na vida de crianças e adolescentes no processo educacional. Diz, portanto, [...] a cada dia, mais os professores se deparam, em suas salas de aula, com alunos que convivem diariamente com as tecnologias digitais. Estes alunos têm contato com jogos complexos, navegam pela internet, participam de comunidades, compartilham informações, enfim, estão completamente conectados com o mundo digital. Jordão (2009, p. 10)enfatiza ainda que As tecnologias digitais são, sem dúvida, recursos muito próximos dos alunos, pois a rapidez de acesso às informações, a forma de acesso randômico, repleto de conexões, com incontáveis possibilidades de caminhos a se percorrer, como é o caso da internet, por exemplo, estão muito mais próximos da forma como o aluno pensa e aprende. Portanto, utilizar tais recursos tecnológicos a favor da educação torna- se o desafio do professor, que precisa se apropriar de tais recursos e integrá-los ao seu cotidiano de sala de aula. É enriquecedor elaborar atividades gamificadas em sala de aula com intuito de promover a interatividade com novas tecnologias e desenvolver uma atividade colaborativa a partir das novas mídias digitais. Assim, é possível realizar a integração dos alunos com a tecnologia otimizando o processo ensino-aprendizagem. 8.5.1 Como trabalhar mídias digitais dentro da Sala de Aula Estamos vivendo em constante transformação social e tecnológica onde as crianças possuem grande contato com celulares, tablets, computadores e outros objetos digitais que proporcionam jogos, vídeos, filmes, entre outros, de forma rápida, criativa e interativa. Apropriar-se desses meios digitais e promover o desenvolvimento do repertório imagético e a sensibilidade através de práticas educacionais é um 148 grande desafio. Jordão (2009)aborda sobre a diferença de aprendizagem que tivemos em nosso período escolar relacionada ao momento atual que estamos vivenciando e afirma sobre a importância de mudar as estratégias na educação. Diz-nos que “temos que nos adaptar à agilidade de pensamento e à velocidade do acesso à informação que nossos alunos possuem atualmente”. É possível compreender, portanto que crianças e jovens aprendem de forma diferente da que aprendemos no passado. Para se trabalhar uma atividade digital no contexto escolar é importante definir o objetivo que será alcançado na atividade bem como a metodologia a ser aplicada. É possível desenvolver uma atividade caso as crianças possuam aparelhos eletrônicos ou a escola disponibilize um laboratório com computadores ou outras máquinas tecnológicas. Tratando de atividades feitas voltadas para qualquer conteúdo, configura-se atividade utilizando mídias digitais na educação infantil a escuta e apreciação de vídeos musicais, os jogos disponíveis em plataformas diversas e a utilização de recursos tecnológicos como computador, Datashow, caixas de som para propor novas dinâmicas em uma aula. São diversas formas que podem ser utilizadas para atrelar música e a ludicidade à tecnologia utilizando uma metodologia ativa e prática no desenvolvimento da atividade. Utilizando a tecnologia a favor do processo ensino aprendizagem a aula se torna mais dinâmica, interativa e criativa proporcionando ao educando a oportunidade de trabalhar habilidades tecnológicas na criação de obras digitais. Desde o início da pandemia em Março de 2020 um momento histórico na educação ocorreu devido ao isolamento social. As escolas têm-se adaptado à elaboração de atividades remotas utilizando recursos tecnológicos, novas tendências educacionais e novas práticas que surgiram para atender essa realidade que afetou diretamente o processo educacional. Alguns professores utilizam plataformas e ferramentas tecnológicas digitais para realizar atividades diversificadas e propor novas formas de aprendizado onde o contato inicial ocorre através de vídeos ou instruções por meio de aplicativos de conversa. A utilização de jogos pedagógicos tem contribuído na formação educacional das crianças que não podem ter a prática educacional de forma presencial na escola. 149 A gamificação das aulas e a utilização da tecnologia para a educação vêm se tornando cada vez mais forte. Apropriação de vídeos, jogos, aplicativos interativos, entre outros tem sido alvos de novas técnicas educacionais no mundo todo. No Brasiluma equipe de professores desenvolveu um canal no youtube para discutir essas novas tendências educacionais e instigar a utilização de ferramentas digitais gratuitas para otimizar as atividades escolares. Disponível em: https://bit.ly/2SzjRaW. Acesso em 25 ago. de 2020 https://bit.ly/2SzjRaW 150 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Dentro da educação infantil a brincadeira é muito importante, pois as crianças vão aprendendo vários conceitos que a professora irá ensinar. As brincadeiras lúdicas possibilitam a criança a) vivenciar somente na teoria o conteúdo que está sendo trabalhado. b) vivenciar uma relação extrínseca onde a criança aprende a agir numa esfera apenas afetiva e não cognitiva. c) desenvolver através de brincadeiras e jogos várias aptidões entre elas as linguagens oral e escrita. d) desenvolver a aprendizagem de forma teórica com conceitos metodológicos. e) despertar o gosto por atividade física. 2. Durante os séculos a educação musical evolui com as tendências educacionais implantadas em nosso território tornando-se conteúdo e ferramenta lúdica no processo ensino aprendizagem. Sobre o início da utilização da música como ferramenta educacional podemos afirmar que a) no Brasil o ensino de música iniciou durante o período moderno através da semana de arte moderna. b) a evolução da educação musical tem sido relevante mas não segue a modernização e a contemporaneidade que a sociedade vive. c) a utilização da música na educação remonta desde a idade antiga onde gregos e romanos já utilizavam em seus rituais a música como um elemento de representação cultural. d) durante a idade média temos uma grande influência da música na educação dos cristãos através de canções populares entoados em missas ou outras cerimônias. e) há impossibilidade de utilizar a música como ferramentade ensino com interdisciplinaridade com outras áreas 3. Na educação a música e a ludicidade são elementos pedagógicos pois a) têm o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades criativas de cada 151 aluno respeitando a diversidade do outro. b) promover o processo criativo do mesmo firmando a necessidade da sua individualidade na sociedade. c) valoriza as experiências, mas limita sua bagagem cultural. d) proporciona ao educando novas formas de se expressar priorizando o eu. e) desenvolve habilidades educacionais como a locomoção em espaços diversos. 4. Os sons fazem parte da nossa vida desde o momento em que estamos no útero. O feto estabelece um contato com sons produzidos pelo corpo da mãe desde a gestação que nos ligam aos sons diversos da vida. Este contato inicial com a música nos fazem perceber os diversos sons existentes ao nosso redor e fazem parte da composição de repertório musical da infância. Sobre essa relação podemos afirmar que a) as cantigas de ninar cantadas na infância geram traumas de difícil superação na escola. b) as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical são importantes, pois é possível desenvolver a comunicação pelos sons. c) os momentos de troca e comunicação sonoras musicais desfavorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo. d) através da música podemos desenvolver repertório, mas não criamos vínculo afetivos. e) durante a gravidez a mãe pode cantarolar canções para ter contato com o filho, mas isso não irá afetar sua relação com a música na infância. 5. A respeito da música e o lúdico como instrumentos de aprendizagem, assinale a alternativa correta. a) como função pedagógica da aprendizagem, os jogos e brincadeiras apresentam aspectos importantes, tais como a individualidade e a criatividade na busca de soluções. b) a música pode ser utilizada como ferramenta pedagógica desde que seja ensinada com técnica e teoria desde a primeira infância. c) embora a construção de conhecimentos possa estar presente nessas atividades, não se pode esperar que isso aconteça pela interação e troca de ideias com os 152 colegas, mesmo sendo atividades pedagogicamente planejadas. d) as atividades lúdicas não visam somente a diversão, mas objetivam também a formação pedagógica, a socialização e a incorporação de valores morais e culturais com objetivos didáticos que preparem as crianças para futuros aprendizados curriculares. e) as brincadeiras e jogos na educação infantil visam estimular a competição a fim de prepará-lo para o enfrentamento de problemas da vida adulta. 6. No que se refere ao trabalho do professor de arte na educação especial podemos afirmar que: a) preocupar-se com a elaboração de atividades que contribuam no processo ensino-aprendizagem fará o aluno especial se sentir parte da turma. b) uma de suas atribuições consiste em atender o aluno com necessidade especial sem apoio. c) compreender as dificuldades e utilizar a ludicidade e a música como mecanismo de inserção social e educacional deste aluno servirá como uma ferramenta impulsionadora de suas habilidades. d) as atividades desenvolvidas devem sempre ser facilitadas para os alunos com necessidades especiais. e) adaptar atividades de arte significa que o professor irá oportunizar o aluno especial um desenvolvimento igual aos seus colegas. 7. Na lei LDB- 9.394/96 o artigo 58 que trata da educação especial determina: a) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com transtorno bipolar. b) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência e dificuldades de aprendizagem. c) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. d) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 153 e) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência física, mental ou psicomotora. 8. No Ensino Infantil a música tem o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades criativas e coordenação motora de cada aluno. A função do (a) professor(a) é: a) realizar uma abordagem pedagógica com conceitos sem promover a prática. b) elaborar atividades unificadas que desenvolvam a coordenação motora. c) apresentar ao seu aluno formas distintas de se fazer música que limitem suas capacidades cognitivas. d) elaborar todas as apresentações musicais de eventos da escola. e) promover e instigar o processo criativo do aluno, desenvolver sua habilidade de fala e coordenação motora e valorizar sua bagagem cultural. 154 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) 9.1 ANÁLISE DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) - HABILIDADES DO ENSINO INFANTIL NA EDUCAÇÃO BÁSICA. Em linhas gerais a BNCC é definida por [...] documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996) e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) (BRASIL, 2016). A BNCC é hoje o documento de referência educacional no Brasilque contém as competências e habilidades que devem ser trabalhadas em todas as faixas etárias do Ensino Infantil ao Ensino Fundamental da Educação Básica. A Educação Básica segundo a BNCC (2016)deve assegurar aos estudantes o direito à aprendizagem a partir de competências e habilidades que englobam a mobilização do conhecimento bem “como as atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. ” É possível perceber nas habilidades voltadas ao ensino Infantil o estímulo ao desenvolvimento de habilidades fundamentais como criação, reflexão, crítica e expressão. No texto da BNCC (2016, p. 07) podemos identificar as competências gerais da Educação. Entre elas podemos citar: [..]1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. elen.cristina Texto digitado UNIDADE 09 155 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica,para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar- se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 156 A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) documento que atualmente define e rege o desenvolvimento de todas as habilitadas que os educandos devem desenvolver durante a educação básica nos diz: No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades (BRASIL, 2016, p. 12). Ao compreender as habilidades gerais percebemos como o ensino lúdico e musical contribuem na formação do ser oportunizando o conhecimento através de diversidades metodológicas com atividades lúdicas e musicais para este processo. Ao longo do texto da BNCC (2016)podemos perceber a evolução do processo ensino-aprendizagem que ocorre na Educação Básica desde o ensino Infantil ao Ensino Fundamental (Anos Finais). Sobre a interação social e essa evolução educacional reflete que, [...] as atividades humanas realizam-se nas práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamente, digital. Por meio dessas práticas, as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais. Nessas interações, estão imbricados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais e éticos (BRASIL, 2016, p. 59). Como professor regente de turma, trabalhar conteúdos diversos com atividades lúdicas e musicais na Educação Infantil representa uma contribuição significativa na formação do educando em seu pensamento criativo, nas suas habilidades sociais e emocionais, na formação crítica e respeitosa sobre a diversidade cultural bem como o desenvolvimento da utilização da tecnologia como ferramenta de conhecimento amplo. 157 9.2 ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENSINO INFANTIL DA BNCC Vimos anteriormente que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que atualmente vigora na orientação pedagógica das habilidades e competências do ensino na Educação Básica. A partir da análise das habilidades e dos componentes curriculares do ensino infantil na BNCC, podemos entender como é possível elaborar atividades que contemplem o desenvolvimento educacional no ensino infantil. 9.2.1 Atividades lúdicas na Educação Infantil Na Educação Infantil o processo Ensino-aprendizagem ocorre de maneira gradativa onde a relação entre família e escola reforça o laço da criança ao aprendizado. Ao trabalhar uma atividade artística como pintura, desenho, jogos, brincadeiras, músicas, teatro de bonecos, colagens entre outras formas de expressão a criança torna-se personagem principal de suas atividades gerando sua independência emocional e criativa. Nesse processo a BNCC (2016)reforça o uso de objetivos de aprendizagem que norteiam a elaboração de atividades artística. Nos objetivos de aprendizagem a BNCC (2016, p. 34) ressalta que a criança na Educação Infantil deve: 1 - Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. 2 - Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e O conhecimento das habilidades e competências da BNCC contribui na elaboração do planejamento de atividades de acordo com cada faixa etária. É de suma importância a compreensão desses elementos para desenvolver atividades artísticas com os alunos em sala de aula. A experiência da atividade antes da execução também contribui nos resultados da aula. Testar, pesquisar outras formas de práticas educacionais e se planejar para a aula são os principais passos para uma aula interativa e lúdica. 158 diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. 3 - Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. 4 - Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. 5 - Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. 6 - Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. Analisando os objetivos gerais acima podemos compreender as propostas educacionais através das seguintes dicas: Quadro 2: Objetivosde Aprendizagem e algumas propostas educacionais para a Educação Infantil OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PROPOSTAS EDUCACIONAIS Conviver Realizar atividades coletivas com outras crianças como música, pintura, desenho. Brincar Conhecer brincadeiras do cancioneiro popular; explorar a coordenação motora. Participar Garantir que a criança seja incentivada para realizar a atividade proposta. [Ser uma(um) educadora (educador) amorosa (o) para que a criança acolha a proposta da atividade]. Explorar Elaborar atividades artísticas diversificadas para garantir o objetivo de conhecer novas práticas. Expressar Promover a expressão artística garantindo a liberdade criativa sem imposição de certo ou errado, bonito ou feio. Conhecer- se Reconhecer seus trabalhos artísticos bem como suas composições de personagens como membros da família e/ou outros. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 159 As habilidades desenvolvidas durante a Educação Infantil estão dividas em campos de experiência sendo eles: “o eu o outro e nós”; “Corpo, gestos e movimentos”; “Traços, sons, cores e formas”; “Escuta, fala pensamento e imaginação”; “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. Cada campo de experiência contempla as habilidades que devem ser desenvolvidas nas faixas etárias seguintes: de zero à um ano e seis meses; um ano e sete meses à três anos e onze meses; quatro anos à cinco anos e onze meses. Essa faixa etária identifica os objetivos de aprendizagem que é possível de atingir na Educação Infantil. Veremos a seguir um exemplo de como essas habilidades são apresentadas: Figura 7: Habilidades do Campo de experiência: Traços, sons, cores e formas Disponível em: https://bit.ly/3xkuvFZ . Acesso em: 12 fev. 2021. A imagem acima apresenta claramente como são apresentadas as habilidades e competências que os alunos da Educação Infantil devem desenvolver no campo de experiência: Traços, sons cores e formas (BRASIL, 2016). https://bit.ly/3xkuvFZ 160 Exemplificando as habilidades citamos a (EI02TS03) para crianças de um ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses que podem expressar-se através de fontes sonoras disponíveis no ambiente em brincadeiras, músicas e canções. O professor ao identificar a habilidade condizente com a disciplina arte pode elaborar uma atividade sobre um determinado assunto (orientado pelos componentes curriculares de acordo com a LDB 9394/96) que aborde uma dessas práticas relacionadas à habilidade (EI02TS03). Assim o professor garante o desenvolvimento da habilidade dos alunos relacionada à disciplina ARTE. Como professor regente coordenador pedagógico a compreensão dos objetivos de aprendizagem é importante para orientar a elaboração de aulas ou projetos que promovam o desenvolvimento dos alunos. Atividades utilizando músicas do cancioneiro infantil, desenho de objetos do cotidiano, entre outras, proporcionam a expressão, socialização, desenvolvimento da fala e o autoconhecimento. 9.2.2 O Trabalho com a Música e a brincadeira na Educação Infantil Música O trabalho realizado com a música no ambiente escolar pode desenvolver diversas habilidades como a criação, coordenação motora, ritmo, entre outras, além de promover a socialização entre os alunos através de uma prática musical. A apresentação da diversidade cultural pela dimensão do patrimônio histórico Brasileiro permite o conhecimento de novas culturas e proporciona fundamentação teórica para uma produção pessoal e para avaliação da produção musical de outras pessoas. Em linhas gerais a BNCC (2016, p. 192) nos diz: A ampliação e a produção dos conhecimentos musicais passam pela percepção, experimentação, reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros diversos, dos mais próximos aos mais distantes da O conhecimento das habilidades e competências da BNCC contribui na elaboração do planejamento de atividades de acordo com cada faixa etária. É de suma importância a compreensão desses elementos para desenvolver atividades artísticas com os alunos em sala de aula. A experiência da atividade antes da execução também contribui nos resultados da aula. Testar, pesquisar outras formas de práticas artísticas e se planejar para a aula são os principais passos para uma boa aula de Arte em qualquer faixa etária. 161 cultura musical dos alunos. Esse processo lhes possibilita vivenciar a música inter-relacionada à diversidade e desenvolver saberes musicais fundamentais para sua inserção e participação crítica e ativa na sociedade. Na teoria musical é possível desenvolver atividades práticas e lúdicas sobre os diversos instrumentos musicais que existem na nossa cultura nacional e na cultura estrangeiro promovendo assim o conhecimento de sons diversos e despertando um interesse por conhecimento sobre práticas musicais. Na prática é possível apreciar vídeos disponíveis em plataformas online de distintas manifestações musicais. Elaborar uma apresentação musical em uma data comemorativa na escola promove ainda a integração do aluno em um contexto de prática artística coletiva e instiga a apresentação em público promovendo uma prática cultural. A utilização da música durante o ensino infantil enfatiza a relação íntima da criança com os sons onde sias habilidades ficam guardadas esperando o momento em que lhes é dado a oportunidade de se expressar musicalmente. À medida que trabalhamos com a música no ensino infantil oportunizamos os educandos um momento de expressão além de instigar o desenvolvimento motor de suas habilidades. No campo da educação musical o primeiro contato ocorre no ambiente familiar e pode se desenvolver no contexto escolar. Habituado a conviver com a linguagem musical de maneira natural desenvolvemos interesse e curiosidade para entender a expressão artística musical e criar nossa relação de identidade cultural. Portanto, propor atividades lúdicas e musicais no ambiente escolar durante o ensino infantil tem grande importância para o desenvolvimento educacional do O grupo Palavra Cantada é referência em atividades utilizando a música no contexto escolar. O grupo possui um canal do Youtube com diversas atividades para diferentes faixas etárias que podem ser adaptadas pelo professor. Palavra Cantada/Youtube Disponível em: https://bit.ly/30JM6Z3 Acesso em 25 ago. de 2020 Acesse o link acima e confira essas propostas pedagógicas! https://bit.ly/30JM6Z3 162 educando. Estas podem promover a integração e o desenvolvimento do conhecimento de forma leve e divertida contemplando músicas e jogos durante atividades proporcionando momentos prazerosos de conhecimentos de mundo. Como professor regente atente-se à utilização dessas ferramentas em seus planejamentos de aulas para propor formas diversas de aprendizagem instigando a criatividade do seu aluno. Na postura de coordenador pedagógico instigue o seu professor a propor tais atividades no ambiente escolar e valorize as propostas pedagógicas diversificadas que lhe apresente. 163 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A organização curricular da Educação Infantil, na BNCC, está estruturada levando-se em consideração: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; e Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. A esses cinco eixos estruturantes, deu-se o nome de: a) temas transversais. b) habilidades cognitivas. c) currículo básico. d) competências atitudinais. e) campos de experiências. 2. Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas pedagógicas, interações e brincadeiras, e as competências gerais da Educação Básica propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagemmeninos no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PnadC), em 2016, havia 2,4 milhões de crianças e adolescentes de cinco a 17 anos em situação de trabalho infantil, o que representa 6% da população (40,1 milhões) nesta faixa etária. Cabe destacar que, desse universo, 1,7 milhão exerciam também afazeres domésticos de forma concomitante ao trabalho e, provavelmente, aos estudos. A maior concentração de trabalho infantil está na faixa etária entre 14 e 17 anos, somando 1.940 milhão. Já a faixa de cinco a nove anos registra 104 mil crianças trabalhadoras. Figura 2: Banner do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil Fonte: FNPETI (2020, online) https://bit.ly/3kLmuFG https://bit.ly/3ujzeGx https://bit.ly/3m5ZjoV 15 Esse banner é também um instrumento potente de conscientização acerca do trabalho infantil, produzido pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. Analise-o e reflita a respeito. 1.4 ALGUNS MARCOS LEGAIS Ao falarmos em políticas públicas de proteção à infância, citamos alguns dos documentos que surgiram nas últimas décadas em nosso país, visando garantir direitos às crianças e atendimento às suas especificidades. Um marco importante é a Constituição Federal (CF) de 1988. O princípio da dignidade humana é um avanço teórico para as crianças e adolescentes em nosso país, ao receberem uma atenção diferenciada, manifesta em Lei. Segundo o Art. 227, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010): É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, [1988] 2020, Art. 227). A Convenção sobre os Direitos da Criança, construída pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1989, é também um marco importante da história da infância e da criança. Tendo como um dos fundamentos a Declaração Universal dos Direitos, essa Convenção parte do princípio de que todo cidadão precisa ter garantidos os seus direitos, independente de raça, cor, sexo, língua, etc. Sendo assim, esse documento procura resguardar às crianças, o bem-estar, o direito a um ambiente familiar, o respeito à sua condição, a proteção e cuidados especiais. Importante salientar que essa Convenção é fruto de um acordo assinado por vários países, dentre eles, o Brasil, que a validou no ano de 1990. https://bit.ly/3EWo6V4 16 Outro documento de grande relevância e que, certamente você conhece ou, pelo menos, já ouviu falar, é o Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA, instituído pela Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. O documento retoma pontos importantes da Constituição Federal, reafirmando a necessidade de se resguardarem a dignidade e os direitos das crianças e dos adolescentes em nosso país (BRASIL, 1990). Como lemos no Art. 7º do ECA, “a criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.” (BRASIL, 1990, Art. 7º). O ECA é um documento bastante denso, que trata de uma multiplicidade de situações de garantia de direitos, como o direito à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito e à dignidade. Fala também do direito à convivência familiar e comunitária, à educação, cultura, esporte e lazer; trata da profissionalização e proteção ao trabalho para adolescentes com idade superior a 14 anos, sendo vedado o trabalho antes dessa idade; apresenta mecanismos de proteção contra abusos sexuais e atribui penalidades contra os infratores; trata de proteção quanto à exposição às mídias digitais, orienta sobre a proibição de venda de produtos e serviços a menores; apresenta a necessidade de políticas de atendimento e quais instituições promoverão esse atendimento; orienta quanto a atos infracionais e medidas socioeducativas, dentre outros pontos. Interessante destacar que o ECA altera a forma como a criança e o adolescente eram tratados em nossa sociedade, concedendo-lhes direitos e proteções, de grande significado. O Art. 3º do Estatuto mostra, de forma enfática, os direitos a serem defendidos e gozados pelas crianças e adolescentes. Vejamos: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990). 17 Esse breve histórico visou mostrar como a infância vem sendo concebida em nosso país. A seguir, falaremos um pouco mais sobre os aspectos ligados diretamente à educação escolar. Até a década de 1980, a legislação educacional tratava a faixa etária de 0 a 6 anos, trazia em si a concepção que se tinha à época. Esse período era considerado anterior ao que se entendia verdadeiramente como escola (a partir do Fundamental). Ou seja, o que vinha antes do Ensino Fundamental não era ainda considerado um período escolar de relevância, com as suas potencialidades e especificidades. Acreditava-se, sim, que era uma fase propedêutica, preparatória para o Ensino Fundamental, para a escolarização propriamente dita. Não existia nenhuma legislação que fundamentasse e coordenasse a pré-escola e a mesma não era obrigatória. Assim, não era necessário se ter uma formação acadêmica para ser educador/a de crianças pequenas. O que se presenciava, na maioria das vezes, eram instituições que ofereciam apenas serviços de cuidados às crianças. A pré-escola era um local onde as mães deixavam os/as seus/suas filhos/as para serem cuidados/as, enquanto elas trabalhavam. Gostar de criança, geralmente, era suficiente para ser educadora na pré- escola. Parte dessas instituições, ancoradas na concepção preparatória da educação, realizavam os intermináveis “exercícios de prontidão”, com as crianças, por considerarem que atividades daquela natureza favoreceriam o ingresso delas no Acesso em: 10 maio 2021 https://bit.ly/3m9ujEn 18 Ensino Fundamental. Entretanto, não se pode negar que, antes da década de 1980, muitas instituições já se fundamentavam em um conceito mais ampliado de infância e de educação e desenvolviam um trabalho de vanguarda para a época. Nesse cenário, um marco importante para a educação das crianças de 0 a 6 anos de idade, em nosso país foi a Constituição Federal de 1988. Pela primeira vez na história, a criança foi considerada como um sujeito de direito à educação. A Constituição, em seu Art. 205, define a Educação como um direito de todos e dever do Estado e da família e isso teve grande significado para a educação das crianças em nosso país. O art. 206 estabelece os princípios sobre os quais a educação deve versar. Vejamos: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III. pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; (BRASIL, [1988] 2020, Art. 206) Como se pode perceber, a igualdadee desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural. Assinale a alternativa que contém os referidos direitos de aprendizagem: a) aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver, brincar, aprender a conhecer e explorar. b) conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. c) conviver, brincar, explorar, dialogar, experimentar e se cuidar. d) conviver, brincar, participar, explorar, participar e se cuidar. e) aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver, brincar, aprender a conhecer e experimentar. 3. Sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 2018, é correto afirmar que: a) trata-se de um documento de referência, de caráter normativo, que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos brasileiros devem 164 desenvolver, ao longo das etapas e modalidades, da Educação Básica. b) ela contribui para substituir os currículos das disciplinas escolares das redes públicas federal, estaduais e municipais, na medida em que determina o que deve ser ensinado em cada escola. c) constitui-se de um documento nacional que parte do principal da individualidade na Educação básica. d) determina os conhecimentos e as competências que os estudantes devem desenvolver ao longo da escolaridade, sendo orientados por princípios éticos, religios e estéticos. e) trata-se de um documento nacional que define os conteúdos que devem ser abordados na Educação Básica. 4. Sobre o objetivo de aprendizagem “PARTICIPAR” previsto na BNCC (2016) podemos compreender como proposta pedagógica a) realizar atividades coletivas com outras crianças como música, pintura, desenho. b) conhecer brincadeiras do cancioneiro popular; explorar a coordenação motora. c) garantir que a criança seja incentivada para realizar a atividade proposta. d) elaborar atividades artísticas diversificadas para garantir o objetivo de conhecer novas práticas. e) reconhecer seus trabalhos artísticos bem como suas composições de personagens como membros da família e/ou outros. 5. Observando a habilidade de aprendizagem EI02TS03 prevista na BNCC (2016) podemos afirmar que esta contempla em suas orientações práticas educacionais como a) explorar jogos e brincadeiras de diferentes formas. b) perceber o seu relacionamento com o outro durante uma atividade lúdica. c) expressar-se através de fontes sonoras disponíveis no ambiente em brincadeiras, músicas e canções. d) reconhecer as qualidades do som e utilizá-las em suas produções. e) desenvolver práticas musicais utilizando instrumentos musicais de fácil acesso 165 6. Sobre o conhecimento da BNCC marque a alternativa correta. a) é importante conhecer as habilidades da BNCC pois nelas encontram-se os conteúdos que devem ser abordados em cada faixa etária. b) o professor pode realizar seu planejamento sem conhecer as habilidades da BNCC pois este documento não é utilizado em todo território nacional. c) o conhecimento das habilidades e competências da BNCC contribui na elaboração do planejamento de atividades de acordo com cada faixa etária. d) ao escolher a habilidade da BNCC que utilizará o professor está completamente preparado para lecionar. e) a habilidade da BNCC não precisa estar de acordo com a atividade proposta durante uma aula de acordo com as metodologias atuais de ensino. 7. Sobre o desenvolvimento de aulas com música a BNCC afirma que a) a utilização da música deve ser realizada durante o ensino infantil de forma teórica com conceitos técnicos específicos. b) a utilização de instrumentos musicais deve ser inserida após o ensino infantil. c) reconhecer instrumentos musicais não é atividade que precisa ocorrer durante o ensino infantil. d) a ampliação e a produção dos conhecimentos musicais passam pela percepção, experimentação, reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros diversos, dos mais próximos aos mais distantes da cultura musical dos alunos. e) canções populares devem ser entoadas em momentos específicos na escola como a hora do lanche e início do turno gerando assim uma rotina de aprendizagem definitiva com conceitos musicais. 8. Sobre o objetivo de aprendizagem “EXPRESSAR” previsto na BNCC (2016) podemos compreender como proposta pedagógica a) reconhecer seus trabalhos artísticos de forma diversificada. b) realizar atividades coletivas com outras crianças. c) garantir que a criança seja incentivada para realizar a atividade proposta. d) elaborar atividades artísticas diversificadas para garantir o objetivo de conhecer 166 novas culturas. e) promover a expressão artística garantindo a liberdade criativa sem imposição de certo ou errado, bonito ou feio. 167 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO 10.1 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO – ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS, HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Elaborar ou desenvolver um planejamento pedagógico é um passo primordial para a execução de atividades curriculares com eficiência em qualquer série da Educação Básica. O planejamento pedagógico contempla a base de toda produção o qual contém o processo que será executado para elaborar qualquer atividade educacional. O homem desde os seus primórdios pensava e imaginava as atividades que iria realizar para determinado fim. No mundo moderno, o planejamento não foi deixado para trás. Estabelecer um cronograma de atividades significa ter uma rotina e almejar um objetivo final em um determinado espaço de tempo. O ato de planejar algo ou alguma coisa se autojustifica ao determinar qual será o propósito final para tal ação ou situação. Em uma situação simples do cotidiano, ao pensar em realizar qualquer atividade a definição do objetivo final e as etapas que o levarão até este objetivo constituem o seu planejamento. Na educação esse processo se torna ainda mais importante, uma vez, que através do planejamento é possível identificar o conhecimento prévio dos alunos, as habilidades e objetivos que serão alcançados, materiais que serão utilizados, local de realização da atividade, tempo necessário para a realização e o propósito final que constituem a organização da atividade que será realizada. Alguns professores ainda temem o processo de desenvolver um planejamento pedagógico por achar um trabalho burocrático dispensável para a elaboração das atividades curriculares. Nesta unidade veremos a importância do planejamento não só para as aulas de Arte, mas em todas as atividades e propostas educacionais. 10.2 DEFINIÇÃO E CONCEITO DE PLANEJAMENTO O planejamento é uma ferramenta que utilizamos para pensar, refletir e supor elen.cristina Texto digitado UNIDADE 10 168 situações que podem ocorrer durante uma determinada ação. Elaborar um planejamento significa antecipar situações que podem ocorrer e definir o objetivo final que se quer alcançar para qualquer atividade. Sobre a definição do Planejamento de forma geral Martinez e Lahone (1977, p. 11)diz-nos: Entende-se por planejamento um processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos disponíveis, a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e em etapas definidas, a partir do conhecimento e avaliação científica da situação original. A definição citada acima se trata de forma geral sobre a definição do Planejamento que se finda naconstrução ou elaboração de qualquer processo visando um objetivo final com etapas e prazos definidos. Ao pensarmos no planejamento como ferramenta no processo educacional devemos entender a importância de se prever a elaboração completa de uma atividade em qualquer etapa da Educação Básica. Numa visão ampla como pedagogo ou professor regente, Martinez e Lahone (1977, p. 44-45)refletem que: O professor deve escolher o modelo que melhor atenda sua realidade e a dos alunos, isto é, que seja funcional e possível de ser agilizado na sala de aula e que dê bons resultados no ensino. Os setores pedagógicos podem e devem fornecer propostas e orientações aos professores de como devem planejar, mas o que decide o modelo de plano são os objetivos dos alunos, do professor e as possibilidades de executá-lo numa determinada classe, considerando a sua realidade. Desenvolver um modelo de planejamento educacional caberá a cada instituição. Estar atento às necessidades da escola e as possibilidades de execução de acordo com sua realidade em sala de aula constitui um planejamento de excelência educacional. Em linhas gerais, como coordenador pedagógico é importante identificar as melhores opções de planejamento para compartilhar com os professores de sua instituição e como professor regente é primordial estar atento às necessidades escolares do seu pedagogo e das distintas opções de trabalho em sala de aula de acordo com sua realidade. O planejamento é importante para o desenvolvimento do processo educacional dos alunos e constituem uma ferramenta de organização para elaborar uma atividade educacional em sala de aula. Desenvolver um planejamento e não 169 segui-lo significa desprezar as ideias pressupostas para a execução de uma atividade gerando incerteza de resultado ou ineficiência na elaboração. Martinez e Lahone (1977, p. 44) descrevem que: Para alunos e professores o plano é um roteiro de uso diário na sala de aula; é um guia de trabalho; é um manual de uso constante; enfim, é um roteiro que direciona uma linha de pensamento e ação. Por isso, planejar para depois não trabalhar com o plano, é uma incoerência pedagógica. E isto pode ocorrer quando o plano é algo que serve, simplesmente, para cumprir com a obrigação burocrática, quer por diletantismo pedagógico ou por mera satisfação profissional para honrar o cargo. Portanto, planejar para trabalhar com o seu plano. Pois o que dizer de alguém que faz uma planta para construir uma casa, toda sofisticada, mas que, durante a construção, tal planta não é consultada, nem examinada pelos construtores e trabalhadores? Em vez de uma mansão poder-se-á ter um amontoado de tijolos e pedras fadados ao desmoronamento. Vimos, portanto a importância de elaborar um planejamento para sustentar o desenvolvimento de atividades educacionais e nortear os alunos sobre os objetivos finais de cada atividade. Ao elaborar um planejamento o professor pode realizar uma atividade diagnóstica para identificar e levantar os conhecimentos prévios dos alunos que nortearão o desenvolvimento dos planejamentos seguintes. Compreender o conhecimento que o aluno já possui valoriza o aprendizado já desenvolvido e norteia as novas atividades elevando o nível de conhecimento. O planejamento educacional de forma geral pode conter alguns tópicos importantes em sua construção como o EXEMPLO que veremos a seguir. Figura 8: Etapas do Planejamento Educacional Fonte: Arquivo pessoal do autor (2020) Além dos tópicos apresentados acima o professor pode desenvolver um planejamento pedagógico com outros tópicos que julgar importante ou que seja preestabelecido pela instituição escolar em que estiver lecionando. O importante é realizar o planejamento para ter uma visão geral de como será elaborada uma 170 atividade e qual objetivo final irá atingir. 10.3 DAS ETAPAS DO PLANEJAMENTO Baseado na proposta de planejamento sugerida e elencada no item anterior, vamos identificar como ocorrem as etapas de planejamento de acordo com o exemplo citado. 10.3.1 Data de Elaboração As etapas do planejamento fazem parte de uma elaboração de trabalho organizado e propenso a um final esperado. O desenvolvimento de toda a atividade educacional deve estar interligado em suas etapas de construção para sustentar a elaboração da aula. Partindo da ideia de que o planejamento norteará uma atividade educacional contabilizada por hora/aula, a data de elaboração da atividade refere-se ao dia que será executada tal atividade bem como o seu horário de execução. 10.3.2 Objetivos de aprendizagem Construir um planejamento educacional pautado em objetivos de aprendizagem especificam quais alcances pedagógicos educacionais o (a) seu (sua) aluno (a) terá ao final da atividade. Compreender nos planos de ensino de curriculares, elencados por órgãos competentes, e elencar os objetivos de aprendizagem contribui na concepção do conhecimento que será adquirido pelo aluno. O desenvolvimento dos objetivos educacionais constitui uma base para a evolução da prática e conhecimento dos alunos através de uma determinada atividade. Enfim, utilizar palavras de ações no planejamento como refletir, pensar, criar, desenvolver, compreender, entre outras, representa o desenvolvimento cognitivo e prático do aluno no decorrer das atividades propostas. Sobre a importância da organização educacional e as fases de elaboração de um planejamento pedagógico assista ao vídeo disponibilizado pelo Canal “Nova Escola” pelo link abaixo. Disponível em: https://bit.ly/36TxfPR. Acesso em 25 ago. de 2020 https://bit.ly/36TxfPR 171 10.3.3 Habilidades e Competências da aprendizagem O termo “Habilidades e Competências” no processo ensino aprendizagem se tornou mais comum após o desenvolvimento da BNCC, já tratada anteriormente neste livro. No próprio documento a BNCC (2016) trata as habilidades como “aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares”. Em um planejamento pedagógico atualmente, as escolas têm acrescentado esse tópico nos modelos trabalhados com os professores a fim de inserir as orientações da BNCC no que diz respeito ao objeto de aprendizagem, unidade temática, habilidades e competências. Veremos nos exemplos a seguir como essas habilidades são dispostas no documento da BNCC (2016) Figura 9: Exemplo de habilidades abordadas Campo de Experiências “Traços, Sons, Cores e Formas” – Ensino Infantil Fonte: Adaptado de Brasil (2016, p. 197) Exemplificado pelo modelo acima podemos perceber no campo de 172 experiências algumas habilidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos. Identificando a habilidade (EI01TS01), por exemplo, é possível realizar uma atividade musical com produção sonora utilizando o corpo. Assim, o aluno desenvolverá a percepção do seu corpo e dos sons que podem ser produzidos por ele instigando a coordenação motora. 10.3.4 Materiais para a aula Um detalhe importante para a composição do planejamento pedagógico é a escolha dos materiais que serão utilizados durante a aula. Os materiais podem variar nas mais diversas opções como um livro didático, livro de contação de história, material escolar pessoal como caderno, lápis, entre outros, ou até mesmo materiais mais selecionados como tintas, pinceis, argila, etc. A composição desta etapa determina o tipo de aula que será realizada sendo ela teórica ou prática. Ao pensar em aula expositiva, ou teórica, a utilização de material de leitura e anotação se tornam importantes para registrar o conhecimento que será adquirido durante essa aula. Realizar anotações faz parte ainda do desenvolvimento da escrita e leitura que compõe a base do aprendizado de qualquerdisciplina ou conteúdo. Planejar uma aula com prática musical exige ainda a preparação de materiais específicos para que a atividade seja elaborada de forma organizada e que instigue o aluno a realizar sua prática. Pensar na realização dessa prática de forma lúdica e criativa exige do professor um pensamento sobre a forma como será abordada essa prática para a realização da atividade. Sobre a prática educacional Freire (1996) em seu livro “Pedagogia da autonomia” diz que “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a É possível elaborar aulas lúdicas através de contação de histórias, apreciação de filmes, vídeos ou até mesmo com análise de obras onde os alunos possam aprender sobre a diversidade cultural de diferentes etnias bem como as diversas formas de expressão artística. Contextualizar as obras e identificar suas características e períodos artísticos instiga o conhecimento de novas culturas e o entendimento sobre a evolução da história da nossa sociedade. 173 prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Partindo da importância da organização para uma aula prática o professor deve estabelecer com antecedência os materiais que serão utilizados para a realização da atividade. Observe o quadro a seguir como exemplo de modelo de Planejamento para uma aula prática de Música em uma turma de 2º período da Educação Infantil com a descrição dos tópicos já apresentados até aqui: data de planejamento, objetivos de aprendizagem, habilidades e materiais utilizados. Quadro 3: Modelo de Planejamento de Aula Orientações principais Objetivo de aprendizagem Habilidades e Competências Materiais que serão utilizados Turma: 2º período Educação Infantil. Aula prática – Música Data: (a preencher) Duração: 50 minutos - Identificar os sons do corpo; - ouvir sons diversos que o corpo produz. - Imitar sons produzidos pelo(a) professor(a). - Compreender os sons em uma atividade lúdica. (EI01TS01) Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente. (EI01TS03) Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias. - Instrumentos musicais (violão); - Caixa de som; - Corpo. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Observando as colocações e os exemplos dados podemos afirmar que é possível elaborar uma aula prática de música onde podemos instigar o conhecimento dos sons produzidos pelo corpo e o reconhecimento de sons diversos. 10.3.5 Metodologia de ensino para aplicar em uma aula de Arte A palavra metodologia origina-se do latim methodus que significa “caminho para realização de algo”. Associando a palavra metodologia à prática educacional podemos dizer que Método é o caminho ou processo que se realiza para chegar ao conhecimento. A metodologia, portanto, consiste na explicação de toda ação que será desenvolvida para atingir determinado conhecimento. Ferraz e Fusari (1993) em seu livro “Metodologia do Ensino de Arte” afirma que “a metodologia pode ser considerada como o método em ação onde os princípios 174 do método (atitude inicial, básica, de percepção da realidade e suas contradições) estarão sendo mencionados na realidade da pratica educacional. Definir a metodologia que será utilizada em uma aula utilizando a música é especificar como será tratado determinado tema ou como será conduzida a atividade ou proposta pedagógica. Utilizando a tabela de exemplo do item anterior vamos compreender melhor como definir a metodologia que será aplicada durante uma aula utilizando a música. Quadro 4: Modelo de Planejamento de Aula – Acréscimo de Metodologia (em destaque na tabela) Orientações principais Objetivo de aprendizagem Habilidades e Competências Materiais que serão utilizados Metodologia Turma: 2º período Educação Infantil. Aula prática – Música Data: (a preencher) Duração: 50 minutos - Identificar os sons do corpo; - ouvir sons diversos que o corpo produz. - Imitar sons produzidos pelo(a) professor(a). - Compreender os sons em uma atividade lúdica. (EI01TS01) Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente. (EI01TS03) Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias. - Instrumentos musicais ( violão); - Caixa de som; - Corpo. - Apresentar aos alunos como é o nosso corpo (partes do corpo); - Propor que os alunos façam sons com o corpo de forma diversificada; - apresentar aos alunos sons em uma caixa produzidos pelo corpo. - Atividade: Identificar os sons que estão ouvindo e tentar reproduzir os sons no corpo. - Retratar em forma de desenho as partes do corpo. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Observando a tabela acima compreendemos que em um planejamento a metodologia do ensino significa descrever como ocorrerá a atividade proposta em determinada aula. Essa descrição orienta o professor sobre a linha de abordagem da aula além de significar todo o processo que ocorrerá durante a atividade proposta. Descrever a metodologia em um planejamento confirma a organização da proposta pedagógica que o professor terá em uma atividade seja teórica ou prática. 175 O desenvolvimento de um planejamento educacional eficiente e organizado requer a elaboração semanal dessa ferramenta. Ao elaborar planejamentos consecutivos o professor agrega valores, objetivos de aprendizagem e novas metodologias de aplicação para atividades teóricas ou práticas. Sobre a composição de um bom planejamento de aula leia o livro “Metodologia do Ensino de Arte” das autoras Maria Heloísa Ferrraz Maria de Rezende Fusari pelo link. Disponível em: https://bit.ly/3iFA9d8 . Acesso em 25 ago. de 2020 https://bit.ly/3iFA9d8 176 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O planejamento é a elaboração de forma escrita de um plano de aula para ser desenvolvido. Este documento pode ser dividido por etapas entre elas: Objetivos, Habilidades e competências e Metodologia. Sobre a metodologia podemos afirmar que: a) reflete o tempo de execução da atividades e os materiais necessários. b) consiste na descrição dos conteúdos que serão abordados. c) consiste na explicação de toda ação que será desenvolvida para atingir determinado conhecimento. d) representa o desenvolvimento das atividades práticas.. e) é o conceito que determina o local de realização de atividades e o tempo de execução. 2. O planejamento, no contexto escolar, é um meio para programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão do professor intimamente ligado: a) às propostas pedagógicas, conteúdos, habilidades e competências que serão trabalhadas durante o ano letivo. b) ao planejamento da escola nos quesitos pedagógicos e financeiros. c) aos projetos comemorativos da escola. d) às ações que serão desenvolvidas nos laboratórios temáticos. e) às atividades pedagógicas, às práticas educacionais e propostas de projetos individuais. 3. Das alternativas abaixo a que melhor define o que é planejamento é: a) explicitar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do contexto social e do processo de participação democrática. b) expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor realizará na sala de aula, através de objetivos, métodos e formas organizativasdo ensino. 177 c) assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação. d) atualizar o conteúdo do plano sempre que for revisto, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-os às condições de aprendizagem dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de ensino que irão sendo incorporados na experiência cotidiana. e) facilitar a preparação de aulas, de forma a manter a unidade dos conteúdos, com vistas à formação de turmas homogêneas, possibilitando a exclusão de alunos que não acompanhem as aulas propostas. 4. O planejamento pedagógico pressupõe que o ato de ensinar e aprender requer esforço metódico e crítico do professor no sentido de desvelar a compreensão de algo. Nessa perspectiva, são consideradas práticas docentes mediadoras e lúdicas: a) atividades interativas com registro em texto. b) repetição de atividades sem metodologia diversificada. c) crítica aos trabalhos realizados pelos estudantes. d) avaliação de forma escrita. e) construção de conhecimento através de jogos e brincadeiras. 5. No início do ano letivo, com relação ao desenvolvimento do planejamento, o professor ou regente de turma deve sempre a) desenvolver uma atividade avaliativa para avaliar os alunos. b) propor um jogo interativo educacional. c) criar uma estratégia pedagógica que facilite a avaliação educacional. d) criar uma situação problema para que o aluno resolva e torne-se protagonista de sua história. e) realizar uma atividade diagnóstica para identificar e levantar os conhecimentos prévios dos alunos. 6. Construir um planejamento educacional pautado em objetivos de aprendizagem especificam quais alcances pedagógicos educacionais o (a) seu (sua) aluno (a) 178 terá ao final da atividade. Na atualidade os objetivos de aprendizagem, habilidades e competências que norteiam os planejamentos educacionais nacionais são encontrados em qual documento? a) parâmetros Curriculares b) diretrizes educacionais c) base Nacional Comum Curricular d) currículo Virtual de Aprendizagem e) currículo Nacional da Educação 7. O planejamento de ensino, processo de sistematização dos conteúdos e ações docentes, visa organizar o trabalho pedagógico, racionalizando as atividades do professor e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem. O processo de planejamento participativo implica uma gestão a) centralizada b) democrática. c) autocrática d) autônoma e) humanista 8. São elementos estruturantes do ensino e de seu planejamento: a) conteúdos, avaliação da aprendizagem e financiamento escolar. b) objetivos, conteúdos, metodologia, avaliação, recursos didáticos. c) objetivos, recursos, financiamento e avaliação da educação. d) conteúdos, metodologia, financiamento da educação escolar e recursos instrucionais. e) conteúdos, recursos, objetivos e práticas. 179 BRINQUEDOTECA LÚDICA VIRTUAL 11.1 IDEIAS INOVADORAS PARA ENSINO LÚDICO O conhecimento pode ser desenvolvido de forma divertida e lúdica através de atividades e brincadeiras com objetivos educacionais pedagógicos. Brincar pode proporcionar à criança o desenvolvimento coletivo da sua relação social com o outro além de instigar o conhecimento com aprendizagem interativa com experimentação de pensamentos e ações. Os resultados alcançados com a utilização da tecnologia em prol do desenvolvimento da aprendizagem são notáveis na atualidade. A vida social e educacional do ser humano foi facilitada com a utilização da Internet, das redes sociais, os ambientes digitais, pois estes diminuem as barreiras de espaço e tempo permitindo se alcançar espaços antes quase impossíveis. Harasim et al(2005) deixa claro que as redes de aprendizagem provocam uma transformação significativa nas relações entre as pessoas e na forma com a qual as pessoas ensinam e aprendem em um contexto geral. Outro estudioso que defende a importância da utilização dos recursos tecnológicos para melhorar os processos de aprendizagem é Moran(2015) quando afirma que: [...] as tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa online, de trazer materiais importantes e atualizados para o grupo, de comunicar-nos com outros professores, alunos e pessoas interessantes, de ser coautores, “remixadores” de conteúdos e de difundir nossos projetos e atividades, individuais, grupais e institucionais muito além das fronteiras físicas do prédio. (MORAN, 2015, p.25) A partir de 2020 no período da pandemia do COVID-19 vivenciada pelo mundo, se ainda existia dúvida de que as ferramentas tecnológicas não poderiam alavancar o processo de aprendizagem, percebeu-se que a realidade demonstrou de forma rápida que não era possível ignorar a necessidade dos educadores se familiarizarem com a realidade virtual para exercer sua atividade profissional alcançando maiores resultados. A pandemia foi um divisor de águas para pessoas que não acreditavam na contribuição da tecnologia para a área educacional. Vale ressaltar, que não é só a inserção da tecnologia no contexto educacional elen.cristina Texto digitado UNIDADE 11 180 que trouxe os benefícios observados no desenvolvimento da aprendizagem. As ferramentas tecnológicas precisam ser utilizadas com a intencionalidade de ensinar, de educar e de levar as crianças a desenvolverem a percepção e a criticade de forma divertida, sobretudo guiada. Daí a necessidade dos educadores compreenderem que seu papel é de suma importância na relação da tecnologia, aprendizagem e desenvolvimento infantil, pois conforme afirma Almeida e Silva(2012): [...] nesse processo, a consciência do papel dos agentes como leitores críticos do mundo das tecnologias, o mundo digital, sua inserção neste mundo e, ainda, a recontextualização de sua prática pedagógica e sua integração ao currículo (ALMEIDA; SILVA, 2012, p. 53) A formação de docentes no ensino a distância contribuiu significativamente para mostrar que a tecnologia traz ganhos significativos para todas modalidades e graus de ensino, sendo esta percepção ampliada para os professores que usufruíram das ferramentas tecnológicas durante o seu processo formativo. A brinquedoteca traz consigo a caracterização de uma laboratório que tornou-se fundamental para o curso de formação de professores. Independente de ser física ou virtual, apresenta um espaço onde a brincadeira e a diversão são tomados como estratégias para que a aprendizagem de novos conceitos e condutas sejam absorvidos de forma suave pela criança. Compreender a importância deste espaço, bem como, a do responsável atuante nele ´perceber o significado da Brinquedoteca como o autor Noffs(2001) que nos apresenta este espaço de forma a apresentar a dimensão que que ele pode alcançar, pois [...] a brinquedoteca é um espaço onde o conhecimento a ser adquirido tem possibilidade de ser trabalhado em suas significações e o conhecimento já adquirido tem a possibilidade de ser ressignificado, permitindo dessa forma o desenvolvimento integral, harmonioso e a aprendizagem infinita da criança, sob a mediação do profissional deste espaço, o educador-brinquedista (NOFFS, 2001, p. 173). Dialogando um pouco mais sobre a relevância das brinquedotecas, Berto e Fonseca (2008, p. 04) nos diz que: A brinquedoteca é um lugar onde se aprende a brincar com os brinquedos feitos de sucata, reaproveitáveis ou artesanais. Os brinquedos artesanais são influenciados pelo meio sociocultural e os brinquedos feitos de sucata são facilitadores nos projetos de trabalho voltados à preservação do meio ambiente e ao resgatecultural dos 181 brinquedos e brincadeiras. Os brinquedos pedagógicos são subsídios para o processo de ensino aprendizagem e, por terem caráter lúdico, proporcionam atividades educacionais mais criativas e motivadoras às crianças. A história da origem da Brinquedoteca nos permite aprofundar no conceito e na importância deste espaço cheio de brinquedos e brincadeiras intencionais para o desenvolvimento da aprendizagem na infância. A criação da primeira brinquedoteca ocorreu no ano de 1934 na cidade de Los Angeles com o propósito de evitar furtos de brinquedos de uma escola realizados por crianças que moravam próximo ao local. A criação da brinquedoteca proporcionou o empréstimo de brinquedos instigando o compartilhamento de materiais lúdicos e interativos. Posteriormente outros ambientes interativos foram criados para estimular a aprendizagem através de brinquedos. Em 1963 na Suécia surgiu a primeira ludoteca e em 1967, na Inglaterra surgiram as Toy Libraries. O desenvolvimento das brinquedotecas no Brasil iniciaram no ano de 1973 com a Associação de Pais e Amigos Excepcionais(APAE) com a criação de uma ludoteca para realizar o compartilhamento de brinquedos entre as crianças. A troca dos brinquedos era feita de forma programada e em cada encontro realizavam este feito. Em 1981 a primeira brinquedoteca brasileira oficial foi criada em São Paulo com os mesmos objetivos das Toy Libraries: empréstimo de brinquedos ligados a um processo de instigar a brincadeira para o desenvolvimento das crianças. Atualmente a Associação Brasileira de Brinquedotecas atua na divulgação e no incentivo para a formação de brinquedistas (BALTHAZAR; FISCHER, 2006). A Associação Brasileira de Brinquedotecas - ABBri, criada em 1985, constitui uma instituição sem fins lucrativos caracterizada como OSCIP (Organização de Sociedade Civil de Interesse Público). Também possui vínculo com a Associação Internacional de Brinquedotecas (ITLA) tendo portanto muito prestígio nacional e internacional. A ABBri atua principalmente com a oferta de cursos de capacitação para Brinquedistas, profissionais que exercem atividades dentro das brinquedotecas, com a assessoria para órgãos públicos e particulares no que tange à política de organização de brinquedotecas físicas. Promove eventos culturais e publicação de artigos em parceria com Universidades, sempre demonstrando que brincar é algo carregado de significado, portanto, deve ser levado a sério, mas com leveza. 182 A brinquedoteca como um espaço de brincar orientado ganha espaço no mundo virtual trazendo a possibilidade de levar conteúdo significativo e divertido para os pequenos. O jogo das cores, dos textos interativos, da leitura de forma dinâmica ganha outro significado quando um adulto apresenta para a criança que através das telinhas é possível aprender brincando. A utilização de jogos e brincadeiras acontecem de forma online oportunizando o conhecimento de forma diferenciada. Partindo da hipótese de que o espaço virtual pode democratizar o acesso à diversas ferramentas pedagógicas enfatizamos a importância de se desenvolver brinquedotecas virtuais. A cada ano mais e mais pessoas estão conectadas à rede mundial de computadores e a utilização deste torna-se mais uma ferramenta mediadora da produção de conhecimento. Sobre as novas tendências educacionais e novas formas de ensinar Berto e Fonseca (2008, p. 6)enfatizam que Esta tarefa não cabe só aos professores, mas a toda a sociedade porque a velocidade da aprendizagem nos possibilita adquirir conhecimentos rapidamente. Faz-se necessário o acesso à virtualização a fim de entendermos as informações, objetivando atuar com segurança na mudança da escola, do futuro professor e do aluno, interligando tecnologia ao processo educativo. Diante disso, torna-se importante a exploração do laboratório virtual Brinquedoteca no curso de formação de professores com o intuito de apresentar uma ferramenta tecnológica que pode e deve ser utilizada tanto para a Educação Infantil como para as séries posteriores, utilizando a intencionalidade pedagógica para alicerçar momentos de aprendizagem com prazer, ludicidade e criatividade. Em nossa unidade educacional (Faculdade Única) foi criado a partir de um projeto exclusivo, uma Brinquedoteca Virtual que atende o Curso de Pedagogia (EAD) e as demais licenciaturas. Este foi o primeiro laboratório virtual que pode ser acessado e visitado em diferentes localidades com acesso à: brincadeiras tradicionais, desafios divertidos a partir de jogos eletrônicos lúdicos e pedagógicos Explore o site da está Associação Brasileira de Brinquedotecas – ABBri e veja quanta coisa legal é oferecida. Você vai gostar! Disponível para acesso virtual pelo link: https://shre.ink/rluX. Acesso em: 05 de out./2023. https://shre.ink/rluX 183 selecionados, literatura infantil para idades diversificadas, artigos didáticos no cantinho da Pedagogia, dicas de como trabalhar na educação e um mural interativo que permite ao visitante deixar seu recadinho. Falaremos de forma específica da nossa Brinquedoteca virtual no item a seguir. 11.2 BRINQUEDOTECA VIRTUAL DO CURSO DE PEDAGOGIA (EAD) Figura 10: Página inicial da Brinquedoteca Virtual Disponível em: https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/. Acesso em: 05 out. 2023. “Através da brincadeira a criança se diverte, aprende, socializa e se desenvolve em diferentes formas.” Talita Caldeira. A idealização do primeiro laboratório virtual do Curso de Pedagogia EAD surgiu em 2000 em parceria do curso com o Professor Engenheiro Ms. Edson Alves Cosme. A O desenvolvimento da brinquedoteca virtual do Grupo Prominas (Faculdade Única) está disponível para acesso virtual pelo link: https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/. Acesso em: 05 out. 2023. https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ 184 ideia surgiu com a intenção de promover um laboratório virtual lúdico de aprendizagem para os graduandos do curso de pedagogia. O processo de idealização da plataforma e as configurações técnicas foram realizadas pelo professor em conjunto com a coordenadora do Curso de Pedagogia (EAD), Professora Mestre Marilene Nunes. O processo de validação do conteúdo pedagógico postado na brinquedoteca era realizado pela coordenadora, assim como a atualização dos dos diversos campos de navegação apresentados. A realização desse projeto configurou um desenvolvimento educacional no ambiente acadêmico que gerou um suporte para a formação profissional dos alunos dos cursos de licenciatura, principalmente o de Pedagogia, integrando a teoria à prática lúdica virtual de forma interativa e assertiva. A parceria com o prof. Édson Cosme durou até 2022 quando foi necessário encerrar o contrato de disponibilização da Brinquedoteca virtual com a Faculdade Única. Diante da importância deste laboratório para a formação dos futuros professores, o grupo Prominas decidiu criar a própria brinquedoteca virtual, agora com as cores e características do próprio grupo. Com a construção do site da Brinquedoteca, como laboratório disponível para todos os cursos de Licenciatura do grupo Prominas, os alunos do curso de Pedagogia ganharam lugar de destaque para atualização e retroalimentação de todas as dimensões apresentadas no site. A gama de atividades que podem ser desenvolvidas a partir da Brinquedoteca virtual é bem grande, pois a partir de dicas de especialistas a artigos técnicos dos alunos da Pedagogia até brincadeiras de ruas, uma mini biblioteca com livros infantis em pdf e um espaço com aplicativos de jogos divertidos e pedagógicos para que a criança aprenda brincando. A Brinquedoteca virtualdo curso de Pedagogia pode ser acessada de qualquer lugar e por dispositivos diversificados. Desta forma, o discente poderá ter acesso a este laboratório virtual para desenvolver as atividades propostas nas disciplinas ou para realizar interações com crianças em contexto escolar sempre que for desejável. No curso de Pedagogia existe o Regulamento para utilização da Brinquedoteca virtual, com as orientações, cuidados e sugestões para que os alunos conheçam e utilizem este laboratório explorando todo conteúdo disponibilizado nos links. 185 11.2.1 Os objetivos da brinquedoteca virtual do curso de pedagogia (ead) A criação da brinquedoteca virtual oportunizou aos alunos do curso de Pedagogia do Grupo Prominas a vivência virtual de atividades lúdicas que podem ser utilizadas no desenvolvimento profissional e acadêmico. Diante da realização deste projeto, objetiva-se: ● Oportunizar uma formação inicial de qualidade para os futuros professores do curso de Pedagogia - EAD; ● Ampliar o espaço prático-pedagógico de atuação dos discentes da Pedagogia, utilizando a brinquedoteca como um laboratório de ação- pesquisa-ação, consolidando desta forma a práxis educativa de forma diversificada; ● Incentivar os acadêmicos como futuros educadores infantis, a utilizarem a ludicidade virtual, como uma das suas estratégias metodológica; ● Refletir sobre as possibilidades de a criança utilizar de forma construtiva os espaços Webs. ● Oportunizar os alunos a criarem textos, jogos, dicas para retroalimentar a Brinquedoteca; ● Propiciar grupos de estudo sobre a ludicidade e a importância do brincar no processo de aprendizagem; ● Incentivar a escrita de artigos a partir das experiências vivenciadas com o laboratório virtual da Brinquedoteca. ● Valorizar as brincadeiras e jogos regionais por meio de divulgação no site da Brinquedoteca. 11.2.2 Como utilizar a brinquedoteca virtual do curso de pedagogia (ead) A utilização da Brinquedoteca Virtual poderá ocorrer pelos alunos, tutores e professores da Faculdade Prominas em processos diversos que tenham como propósito o processo de aprendizagem, sendo este em contexto escolar ou extraescolar. Nas disciplinas de Práticas Pedagógicas ou em disciplinas teóricas como a Musicalização e Ludicidade este laboratório será significativa contribuição para formação dos alunos. O laboratório da Brinquedoteca Virtual, por ofertar um espaço educativo e de 186 lazer sem barreiras físicas, encontra-se disponível no site http://faculdadeunica.brinquedotecavirtual.net.br/, sendo acessível à todos os alunos, tutores, professores da Faculdade, bem como, para todas as escolas e comunidade em geral no contexto de Brasil, ou seja, trata-se de um ambiente virtual de aprendizagem aberto também para os profissionais da área da educação. Para utilizar a Brinquedoteca Virtual basta ter acesso à Internet, com um computador, tablet, smartphone ou notebook. Para se obter um resultado significativo é importante que as atividades que envolvam a Brinquedoteca sejam acompanhadas sempre por um adulto. Ressalta-se que o site da Brinquedoteca Virtual deve ser utilizado de forma intencional pelo educador que trabalhará com a criança tanto a exploração quanto a orientação das atividades que poderão ser desenvolvidas. Além de um momento de interação entre professor e alunos, estes momentos proporcionarão instantes de prazer, diversão e aprendizagem divertida. Como sugestão para utilização da Brinquedoteca, temos o acesso a aplicativos de jogos pedagógicos que levarão o aluno a trabalhar a matemática e o português de forma bem desafiadora e descontraída. Temos também o cantinho da Literatura Infantil que possui livros literários para várias idades que os alunos poderão ler e a partir daí construírem roteiros de encenação, de desenhos ou roda de conversas sobre os títulos escolhidos. E uma parte que pode ser utilizada somente para orientação e levada imediatamente para a prática são as “Brincadeiras”, pois este link orienta sobre brincadeiras de rua de diversas culturas para serem realizadas com as crianças de forma lúdica. O desenvolvimento desta plataforma afirma a concepção filosófica e profissional da Faculdade Única e do curso de Pedagogia-EaD que investiga a realidade educacional em transformação e apresenta novas formas de intervenção pedagógica e metodológica para a mediação do conhecimento. A atividade lúdica através das mídias e novas tecnologias educacionais tem provocado grandes discussões sobre as novas formas de ensinar e manter vivo esse projeto representa o reconhecimento da importância da valorização tecnológica educacional e as novas tendências de ensino. http://faculdadeunica.brinquedotecavirtual.net.br/ 187 11.3 NAVEGANDO PELA BRINQUEDOTECA VIRTUAL Um dos laboratórios virtuais do Curso de Pedagogia (EAD) é representado por uma brinquedoteca virtual que possui várias atividades, jogos, dicas, artigos e ideias para realizar atividades pedagógicas lúdicas na educação básica. A primeira página do site (Home) apresenta de forma resumida todos espaços que o aluno terá acesso se começar a explorar os links disponíveis na aba superior do site. Figura 11: Menu da Brinquedoteca Virtual Fonte: Disponível em: https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/. Acesso em: 26 de out./2023 https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ 188 Logo na página inicial você encontrará as boas vindas! Figura 12: Menu da Brinquedoteca Virtual Fonte: Disponível em: https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/. Acesso em: 26 de out./2023 Ao observar as imagens de abertura do site podemos pensar em como aplicar atividades lúdicas com jogos e brincadeiras em sala de aula. Esta visão pode ser definida enquanto professor regente e/ou coordenador pedagógico. Para tais situações é possível questionar-se dos seguintes pontos, enquanto docente: Quais objetivos educacionais irei propor? Quais habilidades quero que meu aluno desenvolva? É possível ensinar utilizando jogos ou brincadeiras? Como poderei utilizar a tecnologia a meu favor no processo de ensino aprendizagem? Enquanto Pedagogo questione o planejamento do professor regente: O professor aborda em seu planejamento atividades que instiguem o desenvolvimento de conceitos do aluno de forma lúdica? O professor irá desenvolver qual habilidade do aluno através de jogos e/ou brincadeiras? O professor está conseguindo desenvolver conceitos com as atividades lúdicas? https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ 189 A aba “Página Inicial” apresenta uma introdução sobre todos os campos que podem ser encontrados dentro do site, tais como: ● Brincadeiras: “As brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, pois elas ajudam a desenvolver a capacidade de se expressar, de se comunicar e de resolver problemas”. (https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ Acesso em: 27 de nov./2023) ● Literatura Infantil “Proporcionar à criança a oportunidade de ler um livro é essencial para o desenvolvimento da imaginação, criatividade, argumentação, aperfeiçoamento da leitura e da escrita. A LEITURA permite uma viagem fantástica sem sair do lugar! APROVEITE!” (https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ Acesso em: 27 de nov./2023) ● Dicas de Especialistas “[...] espaço reservado para as Dicas de Especialistas! Aqui você encontrará uma variedade de conteúdos escritos por especialistas em diferentes áreas, com o objetivo de compartilhar suas experiências, conhecimentos e dicas valiosas para ajudar você. (https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ Acesso em: 27 de nov./2023) ● Desafios Divertidos Aqui,as crianças podem se divertir com jogos online e desafiando sua habilidade e criatividade. Com uma ampla seleção de jogos divertidos e educativos, este bloco oferece uma ótima oportunidade para as crianças se desenvolverem e aprenderem enquanto se divertem. Não perca a chance de se juntar à diversão e começar a jogar agora mesmo! (https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ Acesso em: 27 de nov./2023) ● Cantinho da Pedagogia “Valorizando o seu potencial, este espaço é reservado especialmente aos(às) alunos(as) do curso de Pedagogia – EAD da Faculdade Única. Compartilhe produção de autoria própria, como: resultados das Práticas Pedagógicas Interdisciplinares, artigos técnicos, vídeos de contação de história ou das aulas de um 190 dos seus estágios.” (https://brinquedoteca.faculdadeunica.com.br/ Acesso em: 27 de nov./2023) ● Mural Interativo Ao visitar o site da Brinquedoteca Virtual o aluno tem a oportunidade de interagir deixando um elogio, sugestão ou crítica para que o site possa ser melhorado ainda mais. Neste espaço o aluno poderá deixar sua foto e um recadinho que será publicado no mural com a identificação apresentada. Através da Brinquedoteca Virtual é possível trabalhar ideias diversas de como desenvolver de forma lúdica atividades educacionais. A navegação pelo site é uma proposta importante para o entendimento de aplicabilidade de atividades lúdicas interativas. 191 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A brinquedoteca virtual constitui-se em um ambiente lúdico online que permite ao educador uma abertura de visão sobre atividades lúdicas que podem ser utilizadas no processo de ensino-aprendizagem. As tecnologias digitais, segundo MORAN (2015) proporcionam: a) um espaço que garante o acesso limitado para crianças a brinquedos e brincadeiras. b) acesso ao brinquedo industrializado e cria interesse de vendas de brinquedos educacionais. c) possibilidades de pesquisa online, divulgação de material atualizado além de contribuir na comunicação de alunos, professores ou criadores de conteúdos digitais educacionais. d) falta de informação pois somente alguns aparelhos podem identificar as informações. e) aprendizado a partir de vivência física entre professor e aluno. 2. A inserção da tecnologia no contexto educacional no período após a pandemia do COVID-19 trouxe benefícios observados no desenvolvimento da aprendizagem. Na utilização da tecnologia no processo de ensino podemos afirmar que: a) a utilização de tecnologia não interfere no processo de ensino aprendizagem. b) ao realizar um planejamento de aula com tecnologia o professor está se distanciando da proposta educacional vigente em nosso país. c) a pesquisa online dificulta o aprendizado uma vez que a maioria das informações que aparecem são verdadeiras. d) as ferramentas educacionais tecnológicas precisam ser utilizadas com a intencionalidade de ensinar, de educar e de levar as crianças a desenvolverem a percepção e a criticade de forma divertida, sobretudo guiada. e) ao utilizar jogos online o aluno precisa ter liberdade e não precisa de acompanhamento pedagógico para absorver as informações necessárias. 3. A utilização de brinquedotecas no processo de ensino para formação de 192 professores é essencial pois a) concretiza o aprendizado pautado na leitura diária de textos e realizando interpretações escritas. b) representa uma estratégia docente de aprendizado embasado pela aplicação de atividades educacionais orientadas em sala de aula com recursos físicos. c) destaca que ao realizar uma brincadeira em sala, o aluno apenas se diverte sem gerar conteúdo de aprendizagem. d) destaca a importância de não utilizar a tecnologia no ensino infantil para evitar o consumismo digital. e) apresenta um espaço onde a brincadeira e a diversão são tomados como estratégias para que a aprendizagem de novos conceitos e condutas sejam absorvidos de forma suave pela criança. 4. A criação da primeira brinquedoteca ocorreu no ano de 1934 na cidade de Los Angeles com o propósito de a) orientar sobre o brincar como ferramenta pedagógica moderna para escolas privadas elitizadas. b) evitar furtos de brinquedos de uma escola realizados por crianças que moravam próximo ao local. c) facilitar a aprendizagem utilizando atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador no ensino fundamental. d) instigar as atividades lúdicas para os adolescentes da região. e) otimizar os jogos lúdicos sendo base principal dos exercícios físicos oferecidos às crianças durante o período escolar. 5. A primeira brinquedoteca brasileira foi criada com o propósito de empréstimo de brinquedos ligados a um processo de instigar a brincadeira para o desenvolvimento das crianças. Este fato ocorreu em a) 1981, na cidade de São Paulo. b) 1891, na cidade de São Paulo. c) 1982, no Rio de Janeiro. d) 1991, em Salvador. 193 e) 1985, no Rio de Janeiro. 6. A Associação Brasileira de Brinquedotecas - ABBri, criada em 1985, constitui uma instituição sem fins lucrativos caracterizada como OSCIP (Organização de Sociedade Civil de Interesse Público). Entre um dos objetivos da ABBri temos a a) oferta de cursos de capacitação para Brinquedistas. b) realização de palestras educacionais esportivas. c) assessoria para órgãos privados sobre a orientação de projetos ambientais. d) promoção de eventos culturais para apresentar resultados positivos sobre metodologias educacionais padronizadas. e) publicação de artigos em parceria com Universidades sobre o uso de livros didáticos. 7. Em uma biblioteca virtual a utilização de jogos e brincadeiras acontece de forma online oportunizando o conhecimento de forma diferenciada. A criação destas ferramentas onlines são importantes, pois a) podem otimizar o ensino educacional presencial. b) facilitam o desenvolvimento de habilidades de contato físico. c) instigam a criação de jogos de tabuleiro. d) podem democratizar o acesso à diversas ferramentas pedagógicas. e) garante à criança um espaço onde o brincar não é importante para o desenvolvimento social. 8. A utilização de jogos e brincadeiras podem acontecer de forma online oportunizando o conhecimento de forma diferenciada. Sobre essa afirmação podemos concluir que a BRINQUEDOTECA VIRTUAL, projetada pela FACULDADE ÚNICA, propõe a) orientações educacionais diversificadas para atender as demandas educacionais de livros didáticos. b) oportunizar aos acadêmicos uma visita guiada aos planejamentos pedagógicos normativos. 194 c) aos acadêmicos de diversos cursos um alicerce pedagógico para desenvolver ferramentas de aprendizagem com prazer, ludicidade e criatividade. d) jogos e brincadeiras virtuais para distração. e) a utilização da tecnologia para divulgar jogos educacionais que não contribuem diretamente no processo educacional contemporâneo. 195 PROJETO PEDAGÓGICO 12.1 ELABORAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS O processo ensino aprendizagem é um caminho educacional onde o professor acompanha o seu aluno na evolução do seu conhecimento. As práticas pedagógicas que ocorrem neste caminho intensificam o aprendizado do aluno sobre um conteúdo ou desenvolve um olhar mais crítico sobre o mundo a sua volta. As utilizações de Projetos Pedagógicos intensificam essa prática e torna o aluno como personagem principal do seu aprendizado através da curiosidade e da criatividade. O educando ao fazer parte de um projeto pedagógico se sente parte da construção do conhecimento de forma efetiva com pensamento construtivista.Mas para elaborar um projeto é preciso que o professor elabore um planejamento das ações que serão práticas durante todo o desenvolvimento da pesquisa ou da prática educacional. Partindo do princípio vamos entender o que siginifica esse termo “Projeto” e como podemos desenvolvê-lo na Educação Infantil. 12.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE PROJETOS PEDAGÓGICOS O termo projeto possui significados diversos, mas coerentes a respeito da sua execução. Projetar é planejar uma prática para explicar uma teoria ou para representá-la de forma significativa. Ao desenvolver um projeto a visão crítica sobre um determinado tema se prolonga até atingir o objetivo final proposto no início da experiência. O tempo todo o ser humano se vê cercado de dúvidas e necessidades de forma geral instigando o desenvolvimento de teorias ou práticas para vencer determinadas situações. No âmbito educacional, o projeto pedagógico é a prática sobre um determinado conteúdo que promove ao aluno uma experiência para aprimorar seus conhecimentos. A utilização da prática pedagógica é defendida por historiadores, pesquisadores e educadores em todo o território nacional. No livro “Projetos Pedagógicos na Educação Infantil” das autoras BARBOSA e HORN (2008) há uma análise da importância da elaboração de projetos na educação. Sobre a elen.cristina Texto digitado UNIDADE 12 196 elaboração de uma proposta educacional diversificada através de linguagens mútuas as autoras relatam que: Para haver aprendizagem, é preciso organizar um currículo que seja significativo para as crianças e também para os professores. Um currículo não pode ser a repetição contínua de conteúdos [...]. Os projetos abrem para a possibilidade de aprender os diferentes conhecimentos construídos na história da humanidade de modo relacional e não-linear, propiciando às crianças aprender através de múltiplas linguagens, ao mesmo tempo em que lhes proporcionam a reconstrução do que já foi aprendido (BARBOSA; HORN, 2008, p. 35). Repensar a educação de forma prática, dinâmica e interativa é projetar uma aula diversificada sobre um determinado tema com o objetivo de promover uma maior interação e desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem dos alunos. Nessa visão o professor deve conhecer seus objetivos de ensino, seus conteúdos curriculares, habilidades e competências para promover de forma segura a mediação do conhecimento ao seu aluno. Quanto mais o professor pesquisa sobre seu conteúdo mais segurança ele terá para trabalhar o processo ensino aprendizagem e assim desenvolver o repertório imagético e a visão crítica dos alunos à respeito da sua disciplina. A elaboração de projetos pedagógicos pode surgir diante de uma dúvida dos alunos sobre um determinado tema e a partir daí o professor pode elaborar uma sequência de atividades que terá no seu fim o objetivo de aprendizagem alcançado. Através de um projeto pedagógico o aluno pode aliar teoria à prática e experimentar suas ideias e propor novas descobertas sobre um determinado tema. Sobre essa visão metodológica Oliveira (2005, p. 47) reflete que: Ao abordar o trabalho com projetos na construção do conhecimento escolar, valoriza-se uma prática pedagógica que estimula a iniciativa dos alunos através da pesquisa, desenvolve o respeito às diferenças pela necessidade do trabalho em equipe, incentiva o saber ouvir e expressar-se, o falar em público e o pensamento crítico autônomo. Esta autonomia, que vai sendo conquistada através da pesquisa, com toda a diversidade de caminhos percorridos e as competências que os alunos vão desenvolvendo através de tal prática, visa a promover sua autonomia intelectual. Nessa proposta educacional podemos entender que realizar um projeto como prática pedagógica pode contribuir significativamente no processo ensino aprendizagem através de pesquisas, experimentos e no desenvolvimento da visão crítica do aluno em diferentes etapas educacionais. 197 12.3 ETAPAS DE PRODUÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO Ao escolher o projeto como ferramenta educacional o professor deve elaborar o planejamento das etapas que serão desenvolvidas para chegar a um objetivo final. Analise o quadro abaixo que cita de forma geral importantes etapas para a elaboração de um projeto pedagógico. Quadro 5: Tópicos para elaborar um Projeto ETAPAS DESCRIÇÃO Idealização do Projeto Nesta etapa o professor percebe um tema que condiz com o conteúdo curricular e propõe um projeto que dure um determinado tempo para realizar pesquisas e práticas dentro do contexto. Plano de atividades A organização das atividades é uma etapa importante do projeto onde o professor elenca quais serão as pesquisas e práticas sobre o conteúdo ou tema. Neste momento o professor pode determinar o período que será realizado e os materiais que serão utilizados. Plano de Avaliação e/ou encerramento Esta etapa é a culminância do projeto que apresenta o produto final da pesquisa ou prática. Pode ser apresentado à outras turmas, aos pais ou de forma geral para toda a escola. Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Vamos entender essas três etapas de forma detalhada nos próximos tópicos. 12.3.1 Idealização do Projeto Durante a elaboração do planejamento de atividades anuais o professor tem uma visão geral sobre os conteúdos e habilidades que serão desenvolvidos. Os alunos ao iniciarem seus estudos sobre um determinado assunto podem possuir ou não um conhecimento prévio sobre o mesmo. A partir desse conhecimento prévio é possível surgir ainda outras dúvidas a respeito do tema gerando uma curiosidade sobre determinado assunto. Partir do princípio da curiosidade e das dúvidas sobre um conteúdo é possível pensar em um caminho mais lúdico ou prático que enfatize experiências didáticas e proporcione um melhor desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. 198 Barbosa e Horn (2008, p. 28)enfatizam que: As crianças são capazes de criar teorias, interpretações, perguntas, e são co-protagonistas na construção dos processos de conhecimento. Quando se propicia na educação infantil a aprendizagem de diferentes linguagens simbólicas, possibilita-se às crianças colocar em ação conjunta multifacetada esquemas cognitivos, afetivos, sociais, estéticos e motores. Assim, a etapa de idealização do projeto parte do princípio de instigar o processo criativo e a curiosidade sobre novos conhecimentos dos alunos sobre um determinado conteúdo ou tema. Para elaborar essa etapa podemos pensar em algumas questões importantes: Figura 13: Exemplo de Idealização de projeto – Organização de ideias Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) A idealização é parte inicial do projeto que determina o tema ou conteúdo que será trabalhado. Estar atento às características principais desse tema reflete em uma pesquisa feita pelo professor antecipadamente. Adquirir o conhecimento prévio sobre o assunto assegura o desenvolvimento das outras etapas do projeto. Neste momento o professor pode colocar todas as ideias no papel para definir os objetivos principais e gerar uma linha de desenvolvimento de atividades lúdicas educativas. 199 12.3.2 Plano de Atividades e Avaliação Elaborar o Plano de Atividades é organizar as propostas de pesquisas e práticas educacionais após a Idealização do Projeto. Nesta etapa é importante colocar no papel todas as ideias de atividades para que possam ser definidas as melhores opções para o projeto. Por mais simples que seja a atividade é sempre bom elencar as ideias, assim o professor terá opções para trabalhar de forma diversificada. É importante ressaltar que não é necessário que todas as atividades sejam elaboradas e difíceis. O principal objetivo de um projeto é promover o conhecimento deforma integrada, lúdica e prazerosa para o aluno. O desenvolvimento de atividades diversas contemplam os novos modelos educacionais pautados na evolução da sociedade como um todo. Novas formas de se expressar tem sofrido influência tecnológica e aproxima as pessoas de seus artistas ou obras de arte cada vez mais. Essa perspectiva dinâmica é citada por Barbosa e Horn (2008, p. 24)que dizem: [...] é importante considerar que a dinâmica da vida das sociedades contemporâneas pressupõe um outro modo de educar das novas gerações e que as novas características da infância e da juventude não têm sido consideradas nos modos de pensar e de realizar a educação escolar. Com isso, aponta-se para uma urgente necessidade de modificação da estruturação e organização da vida escolar, com o intuito de construir significados para as aprendizagens e para a experiência dos alunos [...] Compreendendo as novas formas de pensar, agir, pesquisar, aprender, ensinar, manifestar, entre outras ações, o desenvolvimento de atividades diversas contempla o aprimoramento profissional do educador. As propostas pedagógicas que vivenciamos na nossa época na escola já não são causam o mesmo efeito educacional nos alunos modernos. Portanto organizar o plano de atividades de forma diversificada garantirá um trabalho pautado nas diversas habilidades e promoverá para todos os alunos a oportunidade de pesquisa e prática sobre o conteúdo ou tema abordado. Vejamos a seguir ideias sobre como elaborar o Plano de Atividades. Quadro 6: Ideias para um Plano de Atividades – Tema: ANIMAIS PLANO DE ATIVIDADES - AÇÕES DESCRIÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO Nesta etapa o professor apresenta aos alunos a contextualização do tema e os principais conceitos. Esta apresentação 200 - Ações: Apresentar livros ilustrados sobre o tema; - Apresentar imagens sobre o tema; pode ser feita de forma mais lúdica como por exemplo com uma história sobre o tema abordado. DESENVOLVIMENTO DO TEMA - Momento de propor práticas interativas sobre o tema abordado. - O professor pode realizar atividades em sala ou como dever de casa. - Pode utilizar a tecnologia como recurso didático (vídeos, filmes infantis, desenhos, etc.) - Esta etapa deve ser direcionada para a criação do repertório de conhecimento sobre o tema. Neste momento o principal objetivo é instigar a curiosidade dos alunos sobre o tema do projeto. Esta etapa pode ser feita utilizando livros, revistas, sites, vídeos, filmes, imagens, entre outros. O professor pode direcionar a prática com atividades lúdicas como colagens de imagens sobre o tema (pode criar um portfólio), realizar desenhos livres sobre o tema, etc. ORGANIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS - Esta etapa pode ser produzida na escola como uma etapa de trabalho coletivo. - Criação de cartazes, colagens, músicas, trabalhos criativos entre outros sobre desenvolvimento feito anteriormente. Esta etapa consiste na organização de todo conhecimento adquirido de forma individual ou coletiva. Nesta etapa o aluno constrói o seu conceito sobre o tema e promove a integração entre pesquisa e prática pedagógica. APRESENTAÇÃO/AVALIAÇÃO - Etapa de apresentação dos dados coletados e dos conhecimentos adquiridos; - Pode-se promover feiras, saraus, apresentações musicais, de dança ou teatro, exposições fotográficas. O professor pode organizar essa etapa para apresentar o resultado do trabalho. Esta etapa é a culminância do projeto que apresenta o produto final da pesquisa ou prática. Neste momento o aluno estará mergulhado no tema ou conteúdo trabalhado e irá apresentar suas composições artísticas sobre o tema. O público que vai apreciar o trabalho pode ser definido pelo professor regente e coordenador pedagógico. Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 12.3.3 Espaço, materiais e tempo para realizar um projeto educacional O desenvolvimento de um projeto dependerá sempre do objetivo de aprendizagem final e da forma como estes conhecimentos adquiridos ou práticas elaboradas serão apresentados. A duração de um projeto pode variar de acordo com a disponibilidade de materiais, local para realizar pesquisas e criações artísticas bem como o desenvolvimento das atividades propostas executadas pelos alunos. O professor deve estar atento que cada aluno pode desenvolver uma 201 atividade proposta em períodos de tempo diferentes de acordo com a sua capacidade criativa, sua curiosidade e a disponibilidade de materiais de pesquisas e práticas pedagógicas. ● Espaço Um projeto elaborado de forma integral no ambiente escolar pode ser realizado em diversos espaços como a sala de aula, biblioteca, pátio, área ao ar livre, entre outros de acordo com a disponibilidade da instituição. Os alunos geralmente passam boa parte do seu processo educacional dentro da sala de aula. Organizar atividades práticas de um projeto para serem trabalhadas em diferentes espaços da escola promove a exploração e domínio do espaço escolar direcionado para o educando e instiga a criatividade gerando novas ideias aos alunos sobre o tema trabalhado. ● Materiais Ao elaborar projetos práticos a utilização de materiais que proporcionem a imaginação e a criatividade do aluno intensifica e proporciona engajamento dos alunos para experimentar e se expressar de forma diversificada. De acordo com a realidade de cada instituição e condições para compras de materiais específicos, o professor pode definir os materiais que serão utilizados nas atividades com a coordenação pedagógica e os alunos. Utilizar materiais do dia a dia como tesoura, cola, entre outros, pode ser proposto pelo professor de acordo com a pesquisa ou prática a ser realizada. Para um projeto artístico com intenção de reaproveitamento de materiais o professor pode promover a integração de materiais que os alunos possuam em casa (esse processo pode instigar a reciclagem de materiais que já existam em casa, mas que não são utilizados e que muitas vezes vão para o lixo). Em algumas ocasiões existem pais e/ou mães artistas, artesãos, músicos, atores, dançarinos, enfim, que desenvolvam algum tipo de projeto criativo que possa ser utilizado também no ambiente escolar. Em um projeto educacional mais elaborado a compra de materiais pode ser feita de forma coletiva ou individual como tintas e telas próprias para pintura, argila para modelagem, materiais para confecção de figurinos, entre outras opções. Em cada projeto o professor pode definir essas questões da melhor maneira possível com a coordenação pedagógica e com os alunos. 202 ● Tempo A elaboração de projetos pedagógicos deve contemplar um prazo de início e término. A determinação do tempo de execução do projeto orienta a criação e norteia o desenvolvimento de pesquisas e práticas educacionais. Essa definição de duração do projeto deve ser avaliada pelo professor e acertada com a coordenação pedagógica. O professor deve estar atento às datas comemorativas que a escola organiza eventos, aos importantes acontecimentos durante o ano letivo, aos temas educacionais vigentes e as propostas do Plano Pedagógico da instituição. Após os ajustes de definição de conteúdo ou tema do projeto, materiais que serão utilizados, espaço e tempo o professor consegue definir as ações e determinar o começo, meio e fim do seu projeto educacional. Agregar aos projetos pedagógicos jogos, brincadeiras e atividades lúdicas é endossar o desenvolvimento educacional do aluno de forma interativa e participativa contribuindo na sua formação educacional e social. Interpretando as etapas de elaboração de um planejamento, vamos pensar? Na visão como professor os projetos podem ser elaborados em diferentes momentos do processoeducacional e com integração com os conteúdos da disciplina que lecionará. Projetos educacionais podem durar dias, semanas ou até meses dependendo do objetivo final que terá como proposta. Na visão de Coordenador pedagógico é importante estar aberto às propostas de Projetos educacionais apresentadas pelos professores com o intuito de apoiá-los na organização de datas, objetivos de conhecimentos, organização de apresentações e outras solicitações feitas pelos docentes visando atendê-los na medida do possível. 203 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O trabalho por projetos requer mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e, consequentemente, na postura do professor. No que se refere a esse assunto, é correto afirmar que: a) o professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno e entender seu universo cognitivo e afetivo para fazer a mediação pedagógica. b) o trabalho, na metodologia de projetos, deve ser visto apenas como uma opção metodológica, e não como uma maneira de repensar a função da escola. c) o professor que adota a pedagogia de projetos despreza a produção de conhecimentos disponíveis nos livros didáticos. d) não é necessário que o professor tenha clareza da sua intencionalidade pedagógica para intervir no processo de aprendizagem por se tratar de projetos. e) a ação docente, na metodologia de projetos, é mais centralizadora, passiva e cômoda que em outras metodologias tradicionais. 2. “Nesta etapa o professor elenca quais serão as pesquisas e práticas sobre o conteúdo ou tema. Neste momento o professor pode determinar o período que será realizado e os materiais que serão utilizados.” O trecho acima refere-se à(ao) a) idealização. b) plano de avaliação. c) apresentação. d) pesquisa. e) plano de ação. 3. Sobre a participação ativa do aluno em um Projeto Artístico Pedagógico, podemos dizer que o educando a) representa o personagem passivo que absorve o conteúdo. b) representa o personagem que participa de todas as etapas de pesquisa e prática de forma coletiva com os demais. c) representa o personagem principal detentor de todo conhecimento. 204 d) desenvolve sozinho todas as etapas de criação. e) determina o tema do projeto em comum acordo com a coordenação pedagógica. 4. Ao escolher o projeto como ferramenta educacional o professor deve elaborar o planejamento das etapas que serão desenvolvidas. Como etapas de um Projeto pedagógico organizados em sequência, podemos citar a) idealização, plano de ação e pesquisa. b) pesquisa, idealização e avaliação. c) Idealização, plano de ação, apresentação e avaliação d) práticas, idealização, pesquisas e avaliação. e) avaliação, apresentação, pesquisa e idealização. 5. A Pedagogia de Projetos busca ressignificar a escola dentro da realidade contemporânea, transformando-a em um espaço significativo de aprendizagem para todos que dela fazem parte, sem perder de vista a realidade cultural dos envolvidos no processo. Diz respeito a uma mudança de postura, o que exige o repensar da prática pedagógica. Sobre o desenvolvimento de projetos na Educação Básica podemos afirmar que a) repensar a educação de forma prática, dinâmica e interativa é projetar uma aula diversificada sobre um determinado tema promovendo uma interação durante o processo ensino-aprendizagem dos alunos. b) o professor deve instigar os seus alunos na pesquisa sobre um determinado tema sem a possibilidade de surgir novas ideias. c) as atividades do projeto podem ser divididas em etapas onde o processo da pesquisa deve ser realizado logo após a avaliação. d) aulas práticas e diversificadas contribuem no desenvolvimento do educando proporcionando momentos de desconforto educacional. e) o docente deve estar atento ao desenvolvimento de atividades práticas do projeto visando o resultado positivo obrigatório em todas as etapas. 6. O trabalho com projetos é positivo tanto para o aluno quanto para o professor, gera mudanças na organização dos conhecimentos escolares e toma como 205 ponto de partida algumas hipóteses. Sobre o desenvolvimento de projetos educacionais podemos afirma que: a) o desafio de como abordar o tema na sala de aula pode se tornar um impecilho para a realização do projeto. b) o tema proposto para desenvolver um projeto pedagógico deve gerar discussões que pautem o conhecimento individualizado. c) nem tudo pode ser ensinado por meio de projetos, o mais correto na educação é estabelecer a relação ensino aprendizagem pelo professor sobreposto ao educando. d) na realização de um projeto podem ser trabalhadas as diferentes possibilidades e os interesses dos alunos conectando-os de forma coletiva cada um na sua habilidade ou competência do conhecimento. e) o docente ou a equipe de professores da sala são os únicos responsáveis pela atividade que se realiza em sala de aula. 7. O educando ao fazer parte de um projeto pedagógico se sente parte da construção do conhecimento de forma efetiva com pensamento construtivista. Nessa perspectiva, a) a criança é considerada apenas um aluno, ao qual devem ser oferecidas todas as condições para que se desenvolva e se adapte à sociedade. b) a educação é uma preparação para a vida futura, tendo em vista a alta competitividade profissional em um mundo globalizado. c) o ato de projetar requer abertura para o desconhecido, para o não determinado, e flexibilidade para reformular as metas. d) o conhecimento é visto como algo pronto e acabado, disponível a todos aqueles que tenham interesse de se apropriar dele. e) a prática por projetos constitui um método cujo objetivo é trabalhar com conteúdos pré-fixados, apresentados numa sequência regular. 8. A pedagogia de projetos é uma estratégia educativa que propicia a realização das aspirações de sucesso escolar tanto por parte dos educandos como por parte dos educadores. O trabalho com projetos na escola 206 a) propiciam a vivência educacional individualizada. b) permitem à coordenação escolher os temas que os professores deverão realizar com seus alunos em determinados momentos do ano letivo. c) viabilizam a aplicação imediata do conhecimento construído e o desenvolvimento de competências voltadas para o ser, saber-fazer, saber- conviver e saber empreender. d) representam uma utopia generosa por se configurar como uma atividade lúdica em que os educandos aprendem brincando. e) promovem o interesse pela pesquisa e o instiga a habilidade individual de criação. 207 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 01 UNIDADE 02 QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 B UNIDADE 03 UNIDADE 04 QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E UNIDADE 05 UNIDADE 06 QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 D UNIDADE 07 UNIDADE 08 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 C QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 D QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E 208 UNIDADE 09 UNIDADE 10de acesso e a gratuidade do ensino constituem elementos importantes dessa lei no contexto da infância em nosso país. Alguns anos depois, em 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), através da Lei 9.394/96, legislação ainda vigente, que constitui um marco importante para a educação de nosso país. Essa legislação insere a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, conferindo-lhe direitos até então inexistentes (BRASIL, 1996). Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil foram implementados dois anos após a promulgação da LDB, fruto da necessidade de um documento que desse direcionamento às instituições de Educação Infantil, a fim de que estruturassem o seu trabalho a partir do Cuidar, do Brincar e de Educar, como eixos integrados e indissociáveis. Nessa mesma época foram implementados também os e os Parâmetros Curriculares Nacionais, com orientações para os demais segmentos da educação básica (Ensino Fundamental e Médio). 19 Já em 2010 foram elaboradas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, como fundamentos importantes para a elaboração das propostas curriculares pelas escolas. Posteriormente, em 2017, é implementada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como documento normativo e obrigatório a todas as escolas do país. Na próxima unidade trabalharemos, mais detalhadamente, sobre esses documentos. Continue conosco. Porém, antes de continuar, volte a essa unidade, retome as suas marcações e anotações e procure escrever, com as suas palavras, o que de mais significativo você considerou desse conteúdo. Essa é uma boa maneira de estudar e sistematizar conhecimentos. Vamos lá? 20 FIXANDO CONTEÚDO 1. Leia o trecho dessa música que, certamente, você já conhece. Era uma vez (Kell Smith) Era uma vez O dia em que todo dia era bom Delicioso o gosto e o bom gosto das nuvens serem feitas de algodão Dava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilão E acabava tudo em lanche Um banho quente e talvez um arranhão Dava pra ver, a ingenuidade a inocência cantando no tom Milhões de mundos e universos tão reais quanto a nossa imaginação Bastava um colo, um carinho E o remédio era beijo e proteção [...]. Essa música nos remete ao tempo bom e prazeroso da infância, como a consideramos atualmente. Mas, de qual infância estamos falando? Iniciamos os nossos estudos buscando compreender como o conceito de criança e de infância foram se constituindo com o passar do tempo. Sobre isso, leia os excertos abaixo. I. A infância sempre foi considerada como um período dotado de especificidades, no qual a criança precisava ser compreendida em suas características e necessidades; II. As concepções de infância e de criança são construções históricas III. A forma como as crianças são percebidas e tratadas na atualidade, em nossa cultura, se difere muito de como ela era percebida e tratada há alguns anos, há alguns séculos. IV. Cada cultura compreende as suas crianças de forma própria e específica. Assinale a alternativa CORRETA: a) Todas as alternativas são corretas; b) Todas as alternativas são falsas; c) Apenas a alternativa I é verdadeira d) Apenas as alternativas III e IV são corretas e) Apenas a alternativa I é falsa. 21 2. A imagem a seguir retrata uma família abastada, do século XVII. Ela nos instiga a observar vários elementos, dentre eles, as vestimentas de adultos e de crianças. Levando em consideração o seu estudo acerca das concepções de Infância e criança ao longo da história, é possível relacionar essa figura, à seguinte concepção: Figura 3: Sir Thomas Lucy of Charlecote and Family, c. 1625 Fonte: Wikimedia commons. Autor desconhecido a) A criança era vista e considerada em sua individualidade, em suas especificidades; b) A criança era vista como uma miniatura de adulto; c) As famílias eram numerosas e as crianças tinham o direito de brincar e de explorar as inúmeras possibilidades que o contexto lhes oferecia. d) As crianças usavam trajes específicos, apropriados às características e necessidades da infância. e) As crianças, filhas de famílias abastadas, usavam trajes característicos da infância. 3. (Concurso Público, Prefeitura de Maracajá - SC, 2020 . Adaptada). O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) representa um importante passo numa sociedade capitalista, onde a mão de obra barata representa produção e lucro. O Art. 1º dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. O Art. 3º do ECA assegura à criança e ao adolescente: 22 a) O desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. b) O desenvolvimento educacional que assegure um trabalho digno depois de formado. c) O direito de ser criança, que compreende a faixa etária de zero a oito (8) anos. d) A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais privadas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. e) O desenvolvimento psíquico, já que esse é considerado o mais relevante. 4. Para analisarmos a história da criança e da infância em nosso país, contamos com as contribuições de Cunha (2016). O estudo desse autor nos mostra que: I. No período de colonização de nosso país, as crianças eram trazidas nas embarcações, com péssimas condições de higiene, de alimentação e de cuidados, de maneira geral; II. Muitas crianças que vieram para o Brasil no período da colonização foram comercializadas e separadas de suas famílias. III. No período colonial a infância não era considerada. Inclusive, a identidade só era concedida às pessoas aos 14 anos de idade. IV. IV) As crianças indígenas foram catequizadas pelos jesuítas que tinham como objetivo principal catequizar os pais delas, através da aproximação das crianças. Após analisar as afirmativas acima, marque a alternativa correta. a) Todas as alternativas são falsas b) Apenas a alternativa II é falsa c) Todas as alternativas são verdadeiras d) Apenas a alternativa IV é falsa e) Apenas a alternativa I é verdadeira. 5. O reconhecimento dos direitos da criança, do jovem e do adolescente é fruto de um processo lento e gradual, em nosso país. Foram necessárias muitas ações, muitas lutas, para se ver garantidos, pelo menos em teoria, direitos a todos e todas cidadãos/ãs brasileiras. 23 Leia o art. abaixo, retirado de um documento oficial: Art. 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá- los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” Esse artigo encontra-se inserido em qual documento? a) Declaração Universal dos Direitos Humanos b) Convenção sobre os Direitos da Criança c) Constituição Federal de 1988 d) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e) Estatuto da Criança e do Adolescente 6. Leia e analise a tirinha a seguir: Fonte: Jean Galvão, Folha de S.Paulo. Essa tirinha nos mostra a triste e dura realidade do trabalho infantil, ainda presente em nosso país, embora muito combatida pelas políticas de proteção à infância, efetivadas em nosso país nas últimas décadas. Um dos documentos que assegura uma vida digna a crianças e adolescentes. Segundo esse documento, “ a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, semQUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 B UNIDADE 11 UNIDADE 12 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C 209 REFERÊNCIAS AGUIAR, M. A. S. Formação inicial. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. M. C.; VIEIRA, L. M. F. DICIONÁRIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação, 2010. CD-ROM. ALVES, C. A.; CARVALHO, C. M de O.; FREITAS, A. A. A. A Prática Agroecológica em construção e em parceria com a Educação do campo - Uma proposta transformadora, a partir de uma dialógica com a realidade. In: III Seminário Internacional de Educação do Campo e III Fórum de Educação do campo da região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e emancipação social e humana, 2017, Erichim. Anais [...] Erichim: Universidade Federal da Fronteira Sul, 2017. AVANÇO DOS CURRÍCULOS EI/EF ALINHADOS À BNCC. Movimento pela Base, 2021. Disponível em: .Acesso em: 14 de julho de 2021. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, compilado até a Emenda Constitucional nº 105/2019. Brasília, DF: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, [1988] 2020. 397 p. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/566968/CF88_EC105_livro.pdf. Acesso em: 30 jul. 2020. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE∕CEB nº 5/2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 18 dez de 2009. BRASIL. Decreto nº 3.276 de 6 de dezembro de 1999. Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na educação básica, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3276.htm. Acesso em: 14 de julho de 2021. BRASIL. Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020. Estabelece normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.040-de-18-de-agosto-de-2020- 272981525. Acesso em: 14 de julho de 2021. BRASIL. Lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 14 de julho de 2021. BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 1996. Disponível http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9.394.htm. Acesso em: 14 de julho de 2021. 210 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular para a Educação Infantil Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 1. 3v.: il. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf. Acesso em: 14 de julho de 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é Base. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3ihcO1y. Acesso em: 21 jun. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. 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Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020- 248564376. Acesso em: 22 abr. 2020. BRASILb. Medida Provisória Nº 934, de 1º de abril de 2020. Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Disponível em: Acesso em 15. jun. 2021. CAMPANHA 12 DE JUNHO. Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), 2020. Disponível em: . Acesso em: 14 de julho de 2021. CASAGRANDE, R. Modelos de ensino remoto e educação híbrida. Instituto Casagrande. Instituto Casagrande, 2017. Disponível em: https://renatocasagrande.com/modelos-de-ensino-hibrido-remoto/. Acesso em 15. jun. 2021. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CEB nº 2, de 9 de outubro de 2018. Define Diretrizes Operacionais complementares para a matrícula inicial de crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, respectivamente, aos 4 (quatro) e aos 6 (seis) anos de idade. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 2018. Disponível em: 211 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9 8311-rceb002-18&category_slug=outubro-2018-pdf-1&Itemid=30192. Acesso em: 14 de julho de 2021. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP n.º 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf. Acesso em: 14 de julho de 2021. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, DF: Diário Oficial [da] União, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP012002.pdf. Acesso em: 14 de julho de 2021. CUNHA, I de S. A evolução das políticas de atendimento à infância no Brasil: entre concessões e o reconhecimento de direitos. REAe - Revista de Estudos Aplicados em Educação, São Caetano do Sul, v. 1, n. 2, ago./dez. p. 49-60, 2016. Disponível em: https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_estudos_aplicados/article/view/4323. Acesso em: 14 de julho de 2021. DIAS, E. B.; CAMPOS, R. Sob o olhar das crianças: o processo de transição escolar da educação infantil para o ensino fundamental na contemporaneidade. Rev. Bras. Estud. Pedagog. Brasília, v. 96, n. 244, p. 635-649, set./dez. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/NzwWDwqBdtMspKXJqXNw4nc/?lang=pt&format= pdf. Acesso em: 14 de jun. de 2021. DINIZ- PEREIRA, J. E. Formação continuada de professores. In: OLIVEIRA,prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando- lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes 24 facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990). A qual documento estamos nos referindo? a) À Constituição Federal de 1988; b) À Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional c) Ao relatório do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil d) Ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e) Ao Estatuto do Conselho Tutelar. 7. A história da infância no nosso país, bem como as políticas educacionais de atendimento a essa faixa etária é construída a partir de marcos legais. Leia as informações a seguir e relacione-as adequadamente. I. Constituição Federal de 1988 II. Convenção sobre os Direitos da Criança III. Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 IV. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ( ) Trata de uma multiplicidade de situações de garantia de direitos, como o direito à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito e à dignidade. Fala também do direito à convivência familiar e comunitária, à educação, cultura, esporte e lazer; trata da profissionalização e proteção ao trabalho, para adolescentes com idade superior a 14 anos, sendo vedado o trabalho infantil antes dessa idade; apresenta mecanismos de proteção contra abusos sexuais e e penalidades contra os infratores, dentre outros. ( ) Pela primeira vez na história, a criança foi considerada como um sujeito de direito à educação. ( ) Foi construída pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1989, tendo como um dos fundamentos a Declaração Universal dos Direitos. ( ) Insere a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, conferindo- lhe direitos até então, inexistentes. 25 Marque a alternativa que apresenta a ordem correta: a) III, I, IV, II b) IV, I, II, III c) III, I, II, IV d) I, IV, II, III e) IV, I, III, II 8. No processo histórico de garantia de direitos das crianças e dos adolescentes em nosso país, criou-se um órgão público, de responsabilidade do município, para proteger e garantir os direitos desses indivíduos, explicitados em Lei. A que órgão estamos nos referindo? a) Conselho Escolar b) Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil c) Conselho Tutelar d) Estatuto da Criança e do Adolescente e) Nenhuma das alternativas anteriores 26 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA HISTORICIDADE A Educação Infantil vem sendo constituída no âmbito legal com a integração das creches e pré-escolas nos sistemas de ensino após a Constituição de 1988 e a publicação do ECA que estabeleceram também que o acesso à creche e à pré- escola é um direito da família e dever do Estado. Desde então, houve a ampliação da discussão sobre como deveria ser a proposta pedagógica dessas instituições, de modo que fossem coerentes com o atendimento das crianças de até 5 anos. Nesta unidade, serão apresentados e discutidos alguns documentos que surgiram a seguir, que mostram as mudanças que ocorreram no atendimento da criança de até 5 anos no ambiente escolar e tecem orientações sobre a organização da oferta da Educação Infantil, sendo eles : a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) em 1996, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil em 1998, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil em 2010 e a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil, em 2017. 2.1 A EDUCAÇÃO INFANTIL NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LEI 9.394/96) Em 1996, com a promulgação da nova Lei de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), a Educação Infantil passou a integrar a Educação Básica juntamente com o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, reafirmando o direito à educação para as crianças de 0 a 5 anos, assegurado na Constituição de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. Com essa ação, as creches que historicamente foram construídas vinculadas a área da assistência, são então legitimadas como instituições educativas com metodologias e propostas pedagógicas específicas para a faixa etária atendida. De acordo com a lei em seus art. 29 e 30, a Educação Infantil está organizada em duas etapas: creche e pré-escola, sendo que a creche contempla o UNIDADE 02 27 atendimento da faixa etária de 0 a 3 anos, e a pré-escola às crianças de 4 e 5 anos. Sua oferta deve ser organizada pelas intuições de ensino com carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por no mínimo 200 dias letivos. O atendimento à criança estipulado pela lei é de no mínimo, de quatro horas diárias para o turno parcial e de sete para a jornada integral. Sua finalidade é promover o desenvolvimento integral da criança no aspecto físico, psicológico, intelectual e social. A função da escola é complementar a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996). A avaliação das crianças é tratada na seção II do art. 31º determinando que ela deve ocorrer “mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental” (BRASIL, 1996, Art. 31). Dessa forma, é necessário que a avaliação considere que o processo de ensino e aprendizagem ocorre gradualmente e auxilie o professor no acompanhamento do desenvolvimento da criança, sendo, para isso, utilizados recursos qualitativos como observações, relatórios e registros. O art. 4º trata do dever do Estado com a educação escolar pública e em relação a Educação Infantil, a lei determina que deve ser efetivada mediante a garantia de: I. educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II. educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade (BRASIL, 1996, Art. 4º). E no art. 6º, a LDB assegura que é dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade (BRASIL, 1996). Entretanto, a idade mínima de ingresso na pré-escola foi definida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) que, em 09 de outubro de 2018, elaborou as Diretrizes Operacionais complementares para a matrícula inicial de crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Em relação à Educação Infantil, de acordo com o art. 2º, foi definido que as crianças que completam 4 (quatro) anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula inicial, é obrigatório o seu ingresso na pré-escola. Já as que completam essa idade mínima após a referida data, devem ser matriculadas na creche, primeira etapa da Educação Infantil. Ainda segundo o documento, essa data do corte etário é “vigente em 28 todo o território nacional, para todas as redes e instituições de ensino, públicas e privadas” (BRASIL, 2018, p.1). Embora na legislação não haja a obrigatoriedade da matrícula nessa etapa da Educação Infantil, a creche (0 a 3 anos) é um direito da criança e de sua família, e de acordo com o art. 4º da LDB, há obrigatoriedade de o poder público oferecer esse atendimento e mais precisamente, os municípios. Segundo o inciso V do art. 11 da referida Lei, compete ao município a responsabilidade pelo oferecimento da Educação Infantil e do Ensino Fundamental: oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidadesde sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1996, Art. 11). Com a LDB ocorreu um avanço na concepção de Educação Infantil, ao ser definida uma educação que considera a criança como um sujeito de direitos. A creche deixa de ser vista como uma instituição assistencialista responsável apenas pelas ações de cuidados básicos com alimentação, higiene, sono e segurança das crianças e passa a exercer uma função fundamental no seu processo de desenvolvimento e de aprendizagem. Com a incorporação da Educação Infantil aos sistemas municipais de ensino as creches passam a assumir práticas de educação e cuidados que possibilitem a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo-linguísticos e 29 sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível (BRASIL, 1996). 2.2 OS REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Para subsidiar os sistemas educacionais na elaboração ou implementação de programas e currículo da Educação Infantil, em 1998, em consonância com a LDB, são publicados os “Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI)”, organizados pelo Ministério da Educação (BRASIL, 1998). Trata-se de um documento orientador de caráter instrumental e didático, entendido como um guia reflexivo com conteúdo e orientações didáticas destinadas aos profissionais que atuam nesse nível de ensino respeitando a diversidade cultural brasileira. Segundo o documento o objetivo da proposta é: [...] contribuir para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas que considerem a pluralidade e diversidade étnica, religiosa, de gênero, social e cultural das crianças brasileiras, favorecendo a construção de propostas educativas que respondam às demandas das crianças e seus familiares nas diferentes regiões do país (BRASIL, 1998, p. 07). O RCNEI está organizado em três volumes: Introdução, formação pessoal e social e conhecimento de mundo. No volume introdutório são feitas considerações sobre a criança e o ato de educar. É apresentado o referencial teórico, uma retrospectiva histórica das concepções de educação que nortearam esse nível de ensino ao longo da história, e o perfil profissional necessário para o atendimento da oferta educacional voltada para a Educação Infantil. O documento propõe modificar a concepção assistencialista que predominou o trabalho nas creches e pré-escola e rever as concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, as responsabilidades e o papel do Estado https://bit.ly/3CXu8To 30 com as crianças. Nesse volume, o conceito de infância está atrelado à condição social, ao considerar que podem existir várias infâncias dependendo da classe social e também de acordo com as diferenças econômicas, culturais, religiosas e individuais que fazem parte do cotidiano infantil. Como define o documento: A concepção de criança é uma noção historicamente construída e conseqüentemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época. Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras de se considerar as crianças pequenas dependendo da classe social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. Boa parte das crianças pequenas brasileiras enfrentam um cotidiano bastante adverso que as conduz desde muito cedo a precárias condições de vida e ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos (BRASIL, 1998, p. 21) As orientações estão pautadas no direito ao atendimento de crianças de zero a cinco anos. Os princípios que norteiam o referencial consideram as especificidades afetivo-emocionais, sociais e cognitivas das crianças, e indicam que as qualidades das experiências oferecidas podem contribuir para o exercício da cidadania. São eles: o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. (BRASIL, 1998, p. 13) Os outros volumes contemplam os processos de construção de identidade e autonomia das crianças. O conhecimento de mundo apresenta seis eixos: Música, Movimento, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. O documento elenca o cuidar e o educar como elementos indissociáveis, e aponta que mesmo havendo um consenso sobre a necessidade de que a educação nessa faixa etária deva promover a integração entre os aspectos físicos, emocionais, 31 afetivo, cognitivos e sociais, considerando a criança um ser completo e indivisível, nas práticas encontradas existem divergências na forma como os trabalhos são conduzidos, porque muitas vezes é priorizado um aspecto em detrimento de outro. Há práticas que privilegiam os cuidados físicos enquanto outras contemplam apenas as necessidades emocionais. O RCNEI avança nas discussões sobre a concepção de criança, que é então concebida como um ser social, psicológico e histórico, e que o ponto de partida para o trabalho na educação infantil deve ser o mundo à sua volta. É defendido um modelo de educação democrática e transformadora da realidade que tem como finalidade a formação de cidadãos críticos. Dessa forma, são apresentadas condições para que as crianças se desenvolvam integralmente, de acordo com as diferentes possibilidades de aprendizagem que são abordadas tendo em vista a sua faixa etária. E, para que isso ocorra, é necessário que seja envolvido o desenvolvimento das capacidades de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética de relação interpessoal e inserção social. No discurso presente no Referencial, o conhecimento é construído pelas crianças a partir das interações que estabelecem com outras pessoas e com o meio em que vivem, sendo resultado de um intenso trabalho de criação, de significação e ressignificação. Nesse sentido, o desafio da Educação Infantil e de seus profissionais, é compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo. O RCNEI apresentou progresso na elaboração de orientações dos conteúdos e objetivos para a Educação Infantil. Em 2010, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil ampliam as discussões elencando a criança no centro do processo de aprendizagem, propondo a interação e a brincadeira como eixos estruturantes do currículo. O seu objetivo foi contribuir com reflexões sobre o processo de aprendizagem da criança e como garantir o seu direito de aprendizagem nessa faixa etária. 2.3 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), foi um documento elaborado pelo MEC (Parecer CNE/CEB nº 20/09 e Resolução CNE/CEB 32 nº 05/09), conforme previsto na LDB, no inciso IV do seu art. 9º, que atribui à União: estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamentale o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996, Art. 9). Seguindo a direção da LDB, são estabelecidas diretrizes para o acompanhamento do trabalho pedagógico e para a avaliação da criança, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, que pressupõe, entre outras coisas, que a aprendizagem se dá a partir das interações e da brincadeira. Apesar das diretrizes terem força de lei, ou seja, devem ser consideradas por todas as instituições que oferecem esta etapa da educação, elas não substituem o processo de discussão sobre as concepções, objetivos, abordagens metodológicas e avaliação, que deve ser realizado pelos profissionais que atuam na Educação Infantil. O direito à educação é reafirmado no art. 5º ao citar que como dever do Estado a garantia da oferta da Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisitos de seleção, sendo um direito da criança. Também é ressaltada o caráter institucional e educacional da creche e da pré-escola, definindo que se trata de um atendimento que deve ser feito no período diurno e que os estabelecimentos responsáveis pela sua oferta devem ser regulamentados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino. Mesmo com a obrigatoriedade da matrícula das crianças de quatro e cinco anos (Emenda Constitucional nº 59), a frequência na Educação Infantil não é pré- requisito para a matrícula no Ensino Fundamental. No art. 7º das DCNEI, são discutidas as funções sociopolítica e pedagógica que devem ser garantidas na proposta pedagógica das instituições de Educação 33 Infantil. Para isso, o documento aponta alguns requisitos: ➢ Oferecendo condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais; ➢ Assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias; ➢ Possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto à ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; ➢ Promovendo a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância; ➢ Construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, lingüística e religiosa. (BRASIL, 2010, p.17) Esses requisitos compreendem a criança como um sujeito de direitos que devem ser garantidos no seu lar desde o nascimento e também no seu ingresso na instituição escolar. O trabalho educacional deve promover a ampliação de conhecimentos e saberes, de forma que seja garantida a igualdade de oportunidades às crianças das diferentes classes sociais. Para isso, é necessária uma forma de organização dos espaços de aprendizagem orientada pelo currículo na perspectiva do sistema de ensino. Dessa forma, as DCNEI discorrem sobre a importância do planejamento das propostas pedagógicas curriculares para a Educação Infantil e que as práticas pedagógicas sejam elaboradas de acordo com as especificidades dessa faixa etária, o que implica na elaboração de diferentes práticas pedagógicas por parte das instituições de ensino. Essas propostas devem respeitar os seguintes princípios: Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2010, p.16). No art. 3º, o currículo da Educação Infantil é concebido como “um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, 34 científico e tecnológico [...]” (BRASIL, 2010, p. 12). O conceito de currículo é trabalhado articulado com o projeto pedagógico que é o plano orientador das ações. Segundo Oliveira e Cruz (2010) essa definição supera as anteriores que resumiam e limitavam o currículo à lista de conteúdos obrigatórios que conduziam ao entendimento que na Educação Infantil não havia a necessidade de planejamento e que as atividades consistiam em um calendário voltado para a comemoração de algumas datas sem caráter formativo, reforçando a ideia de que o saber do senso comum é o que deveria ser trabalhado com crianças pequenas. Dessa forma, a criança juntamente com suas experiências e saberes, passa a ser considerada como o centro do processo educativo. E nesse processo, as experiências não devem contemplar apenas o aspecto cognitivo, mas também contribuir para a promoção do desenvolvimento físico, afetivo e social da criança de 0 a 5 anos. Observa-se que nos documentos apresentados: a Constituição Federal de 1988), a LDB (Lei de Diretrizes e Base Nacional da Educação de 1996), o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente de 1998), RCNEI (Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil de 1998), as DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil de 2010), houve avanços no debate quanto à formação e ao atendimento educacional das crianças de zero a cinco anos, nas instituições de ensino que oferecem a creche e a pré-escola, e há destaque para a preocupação com o currículo da Educação Infantil. 2.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Desde a promulgação da Constituição, em 1988, está prevista a existência de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Porém, apenas em 2015 a sua primeira versão foi para consulta pública e o documento final foi homologado em 2017. Trata-se de um documento normativo previsto também no Plano Nacional de https://bit.ly/3AWmg4k 35 Educação (PNE), elaborado desde 2015 com a mobilização de todas as unidades federativas e que estabelece o que é essencial e direito de aprendizagem para todos os estudantes da educação básica. O projeto de implementação da BNCC em todo território nacional foi pensado para que, em regime de colaboração entre União, Estados e municípios, cada unidade federativa construa uma proposta curricular que contenha o conteúdo da BNCC e também contemple as especificidades regionais, culturais e históricas de cada unidade da federação. Desde a sua homologação, em dezembro de 2017, secretarias estaduais, em colaboração com os municípios, têm se mobilizado para a construção das primeiras versões dos currículos de seus estados alinhados à BNCC. De acordo com o MEC, a implementação da BNCC deveria ocorrer até o ano de 2020. A partir das informações divulgadas no site Movimento pela Base, notamos que, desde então, houve um grande avanço na elaboração dos currículos alinhados à BNCC, observa-se que até o mês de abril de 2021, 82% dos municípios brasileiros homologaram novos currículos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Figura 4: Avanço dos currículos EI/EF alinhados à BNCC Fonte: Movimento pela Base (2021, online) Em Minas Gerais, a partir da BNCC, foi construído o Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG) para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental. Homologado em dezembro de 2018, o CRMG foi resultado da revisão dos currículos que já existiam na rede pública educacional e de um trabalho em regime de colaboração entre a Secretaria Estadual de Estado (SEE-MG) e 852 municípios mineiros por meio da União dos Dirigentes Municipais deEducação (Undime-MG). 36 Após sua publicação, foi necessário que cada município organizasse um movimento, como mostra a imagem a seguir, para realizar a implementação do CRMG, a fim de orientar as instituições de ensino e os gestores, na revisão do seu Projeto Político Pedagógico, e formar os/as educadores/as para implementar o currículo no seu plano de aula. Compartilho com vocês a experiência da rede municipal da cidade de Mariana, Minas Gerais, com a implementação do CRMG que teve início em 2019 com o foco na formação dos/as educadores/as. Para isso, foram estabelecidas parcerias com a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) e com a Universidade Federal de Ouro Preto, por meio do Programa “UFOP com a escola”. Foram realizados encontros com todos os/as educadores/as da rede durante os meses de agosto à outubro, com o objetivo de: Apresentar o Currículo Referência para que as instituições de Educação Infantil e Ensino Fundamental pudessem revisitar os seus Projetos Político Pedagógicos; Possibilitar ao docente o aperfeiçoamento profissional através da formação continuada com foco na adequação de sua prática pedagógica às necessidades específicas e às possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento das crianças; Propor práticas inovadoras que definissem, com clareza, os objetivos de aprendizagem possibilitando à criança produzir, transformar e se apropriar de saberes e conhecimentos da natureza e da cultura; Refletir sobre o processo de inclusão a partir da diversidade humana presente nas diferenças sociais, culturais, étnicas, religiosas, de gênero. Ao final dos encontros foi feita uma avaliação com os/as educadores/as que apontou caminhou para que o município tivesse condições de avançar no estudo e implementação do currículo nas escolas da rede pública, e forneceu subsídios para a elaboração das matrizes curriculares articuladas com a proposta do CRMG e a revisão dos instrumentos de avaliação que estavam sendo utilizados pela rede.Essa experiência mostra a importância das parcerias com outras instituições e da participação ativa e efetiva dos/as docentes, pedagogos/as e diretores/as na elaboração de sua proposta curricular. A Base Nacional Comum Curricular determina os conhecimentos e as 37 habilidades essenciais que todos os alunos brasileiros têm o direito de aprender, em cada etapa da Educação Básica. As escolas públicas e particulares do Brasil devem utilizar a Base Nacional para elaborar seus currículos, promovendo oportunidades iguais a todos e contribuindo para uma educação de qualidade. Podemos perceber pela imagem a seguir, que toda a educação básica está estruturada pelas competências gerais, que estão presentes também em todas as áreas do conhecimento e dessa forma, acompanham o desenvolvimento dos alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. De acordo com a BNCC, a aplicação das competências gerais não é de responsabilidade apenas das intuições de ensino, mas também da união de diferentes atores como, gestores, secretarias de educação, professores, alunos, famílias e a sociedade em geral. Figura 5: Competências Gerais da Educação Básica Fonte: BNCC (BRASIL, 2018) A imagem também mostra que na BNCC, cada etapa da Educação básica 38 foi organizada em um formato diferente. Na Educação Infantil, reforçando o que foi proposto nas DCNEI (BRASIL, 2010), a base do processo educacional deve acontecer por meio de interações e brincadeiras em que as crianças aprendem e se desenvolvem em contato com adultos e com outras crianças. Essa etapa da educação básica é fundamental para a construção da identidade e da subjetividade das crianças. Considerando especificamente a Educação Infantil, o documento indica seis Direitos da Aprendizagem que foram elaborados a partir dos valores éticos, estéticos e políticos tratados nas DCNEI (BRASIL, 2010) e que devem orientar o planejamento dos/as educaores/as. São eles: 1. Conviver: a criança tem o direito a um aprendizado coletivo, convivendo com outras crianças e adultos em pequenos e em grandes grupos, e que contribuam para o enriquecimento de sua experiência de vida; 2. Brincar: é defendido o direito da criança de se divertir durante o processo de aprendizagem, reconhecendo a necessidade de atividades lúdicas rotineiras em diferentes tempos e espaços e que estimulem a sua criatividade e imaginação; 3. Participar: compreende a necessidade da criança de estar incluída ativamente em seu processo de aprendizado, participando junto com outras crianças e adultos das decisões e das atividades propostas, tendo a oportunidade de se posicionar e de desenvolver diferentes linguagens. 4. Explorar: a criança tem o direito de explorar movimentos, sons, gestos, texturas, cores, emoções e elementos da natureza dentro e fora da escola pela direção da sua curiosidade; 5. Expressar: o reconhecimento de que a criança tem direito à liberdade de expressar seus pensamentos e desejos, sem discriminação de suas ideias em formação; 6. Conhecer-se: a criança tem o direito de explorar a consciência sobre si mesma, seu corpo e sua identidade. A forma de organização do currículo foi prevista na DCNEI: “A organização curricular da Educação Infantil pode se estruturar em eixos, centros, campos ou módulos de experiências que devem se articular em torno dos princípios, condições e objetivos propostos nesta diretriz.” (BRASIL, 2009, p. 16). 39 Nesse sentido, para assegurar os 6 direitos de aprendizagem definidos na BNCC, foram pensados cinco Campos de Experiência que descrevem quais são os conhecimentos necessários para a formação da criança, e servem como referência para o trabalho do/a educador/a. Cada campo de experiências propõe objetivos de aprendizagem e desenvolvimento específicos para três diferentes grupos etários: bebês (de 0 a 1 ano e seis meses), crianças bem pequenas (de 1 ano e sete meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (de 4 anos a 5 anos e 11 meses). São eles: O eu, o outro e o nós: foca em trabalhar a identidade da criança ao mesmo tempo em que explora sua sensibilidade e empatia; Corpo, gestos e movimento: aborda a exploração do espaço e o desenvolvimento da coordenação motora como base para realização de outras formas de conhecimento, como a escrita e a expressão artística; Traços, sons, cores e formas: trabalha formas geométricas, cores, traços e sons como ponte para conhecimento científico e para a expressão artística; Escuta, fala, pensamento e imaginação: voltado para a comunicação por meio da leitura e da escrita, usando histórias reais e imaginárias como uma ferramenta de aprendizagem; Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações: exploram as noções espaciais e a relação da criança com a passagem do tempo. (BRASIL, 2018) De acordo com o documento, os Campos de Experiências constituem um arranjo curricular adequado à educação da criança de 0 a 5 anos e 11 meses quando certas experiências, por ela vivenciadas, promovem a apropriação de conhecimentos relevantes. A escola tem um papel importante na atribuição de sentidos às diversas situações concretas que as crianças vivenciam (BRASIL, 2017, p. 40). Desse modo, os campos de experiências são intercomplementares e relacionam as situações e as experiências cotidianas da criança e seus saberes, aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Os objetivos de aprendizagem são definidos como comportamentos, habilidades, conhecimentos e vivências que a criança precisa desenvolver e devem ser ampliados na elaboração dos currículos e buscados na prática de brincadeiras e atividades propostas na rotina escolar.