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PARECER JURÍDICO SOBRE O PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS (PL nº 2.630/2020) 1. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA O Projeto de Lei das Fake News encontra amparo na Constituição Federal de 1988, que garante a liberdade de expressão (art. 5º, IV, e art. 220), mas também protege a honra, a imagem e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, e art. 5º, X). Tais direitos fundamentais não possuem caráter absoluto, devendo ser harmonizados para evitar abusos que prejudiquem a coletividade. O Supremo Tribunal Federal já consolidou entendimento de que a liberdade de expressão deve ser exercida de forma responsável, prevalecendo o princípio da veracidade da informação. Nesse sentido, o direito de manifestação não pode ser utilizado como escudo para práticas ilícitas que afetem a democracia, a segurança pública ou a saúde coletiva. Ademais, tratados internacionais de direitos humanos, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 19, §3º), admitem restrições à liberdade de expressão quando necessárias à proteção de direitos fundamentais. Portanto, o projeto encontra respaldo jurídico para regulamentar o fenômeno da desinformação, visando conciliar a proteção da liberdade de expressão com outros valores constitucionais essenciais. 2. POSSÍVEIS VIOLAÇÕES A PRECEITOS CONSTITUCIONAIS O PL nº 2.630/2020 desperta intensos debates acerca de sua constitucionalidade. Argumentos contrários ressaltam que o projeto pode ameaçar direitos como a liberdade de expressão, a privacidade e a presunção de inocência, uma vez que prevê mecanismos de rastreamento de mensagens privadas, podendo abrir espaço para censura prévia e vigilância em massa, o que afrontaria os arts. 5º, X e XII, da CF. Por outro lado, defensores entendem que o PL é necessário para combater a desinformação, garantir maior transparência das plataformas digitais e preservar o regime democrático. Assim, a análise de constitucionalidade dependerá do texto final aprovado pelo Congresso Nacional e, em última instância, da interpretação que o Supremo Tribunal Federal dará ao projeto. 3. RESPONSABILIDADE CIVIL O PL das Fake News propõe mecanismos que ampliam a responsabilidade civil de diferentes agentes: plataformas digitais, obrigadas a adotar medidas preventivas e mecanismos de denúncia; usuários, que poderão ser responsabilizados civilmente por danos decorrentes da divulgação de desinformação; agentes públicos, sujeitos a crime de responsabilidade caso utilizem o cargo para disseminar notícias falsas; e o Ministério Público, legitimado para propor ações coletivas visando à reparação de danos difusos. Contudo, tais medidas precisam observar os limites constitucionais da proporcionalidade, sob pena de gerar restrições excessivas à livre manifestação de pensamento. 4. VIABILIDADE DA LEI NO PLANO CONCRETO No plano prático, a efetividade do PL das Fake News depende da capacidade técnica das plataformas em implementar mecanismos de rastreamento sem violar a privacidade dos usuários; da atuação equilibrada do Poder Judiciário e do Ministério Público, evitando perseguições políticas ou censura; da educação digital e conscientização social, visto que a legislação por si só não elimina a desinformação; e da cooperação internacional, considerando que grande parte das plataformas possui sede fora do Brasil. Portanto, embora o projeto possua viabilidade jurídica, sua aplicação concreta enfrenta desafios que exigirão interpretação conforme a Constituição e medidas proporcionais. CONCLUSÃO Diante do exposto, conclui-se que o Projeto de Lei nº 2.630/2020 possui fundamento jurídico constitucional e internacional para buscar o combate à desinformação, preservando o equilíbrio entre liberdade de expressão e proteção de outros valores fundamentais. Todavia, requer ajustes e interpretação conforme a Constituição para evitar abusos e assegurar sua efetividade no plano concreto. Assim, o parecer final é pela constitucionalidade em essência, com a ressalva de que sua aplicação deve observar rigorosamente os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Alunos: Carla Soares – 01506834 Giovanna Lopes – 01544580 Eduardo Novaes – 01568239 Aline Pessoa – 01554235 Yudhiane mariana - 01565836