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UNIDADE 1 - Introdução Cavidades corpóreas e Sistema digestório A ciência que abrange a Anatomia Sistêmica é composta pelo entendimento dos sistemas corporais, pois apresentam semelhanças na origem e estrutura e podem ser observados em sua organização visceral por suas funções. Nesse princípio, a característica marcante na anatomia dos mamíferos é a divisão em cavidades corpóreas que garantem a topografia e o arranjo morfológico. Para a nutrição das células do organismo é necessário o funcionamento de um trato capaz de receber alimentos complexos e transformá-los em moléculas de nutrientes simples por meio de um processo de digestão. O sistema digestório apresenta anatomia favorável, não só para o processo de digestão mas também para absorção dos nutrientes e pode ser entendido em seu modelo geral, em especial na observação das diferenças anatômicas entre herbívoros, carnívoros e onívoros. Assim, a anatomia digestiva é fundamental para a compreensão do funcionamento do canal alimentar para aplicação em clínica médica. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: · Conhecer a organização e topografia dos sistemas viscerais nas cavidades corporais para entendimento da Anatomia Sistemática. · Observar a organização do sistema digestório quanto aos órgãos e sua composição na estruturação corpórea. · Corresponder os diferentes órgãos digestivos com as particularidades em espécies domésticas. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: · Tema 1 - Introdução à Anatomia Sistêmica e cavidades corpóreas · Tema 2 - Sistema digestório: cavidade oral, faringe e esôfago, estômagos monogástricos e poligástrico · Tema 3 - Sistema digestório: intestinos delgado e grosso · Tema 4 - Sistema digestório: glândulas digestivas Tenha certeza de que você sabe anatomia! No conhecimento sólido da ciência essencial a partir da qual as demais disciplinas médicas veterinárias são construídas, a compreensão da Anatomia Sistêmica é a base médica inicial, ou seja, sua vocação escolhida. Neste atributo, estude a composição visceral em todas as diferentes maneiras que você possa pensar e que vá além da memorização trivial. Em circunstâncias de crise, nos quadros de “vida ou morte”, é fundamental imaginar a situação em que você precisará da base anatômica para aquela parte do corpo animal, seja para diagnóstico ou tratamento. Cavidades corpóreas e Sistema digestório Tema 1Introdução à Esplancnologia e Cavidades corpóreas Por que o estudo da Anatomia Sistemática deve estar intimamente associado à Anatomia Topográfica? Esplancnologia, ou Anatomia Sistêmica, é a parte da anatomia que atua na compreensão macroscópica dos órgãos (vísceras) e sua organização em sistemas. Esplancnologia: termo splanchnon = “vísceras” e logia = “estudo”. Na organização da Anatomia Sistêmica, os órgãos apresentam semelhança em sua origem embriológica e estruturação. Por isso, tendem a realizar funções concomitantes. As cavidades corpóreas são regiões no corpo animal que apresentam delimitações especificas e um espaço contendo os sistemas orgânicos em seu interior. Os sistemas orgânicos são constituídos por elementos de tecidos moles, considerados vísceras alojadas em cavidades corporais. Pela projeção de plano mediano é possível demonstrar as cavidades corpóreas principais do corpo animal: craniana, vertebral, nasal, oral e torácica. Cavidade craniana A cavidade craniana está localizada dorsalmente no crânio, protegida pelos ossos planos, unidos por articulações fibrosas do tipo sutura. Nessa cavidade aloja-se parte do Sistema Nervoso Central (SNC), o encéfalo. Cavidade vertebral Em prosseguimento, a medula espinhal (estrutura posterior do SNC) que percorre o corpo do animal pela cavidade vertebral é formada pelas vértebras cervicais, torácicas e lombares. Na cabeça, além da cavidade craniana, pode-se observar a presença da cavidade nasal e cavidade oral. Cavidade nasal A cavidade nasal compreende parte do sistema respiratório localizado entre o osso craniano (nasal, frontal, etmoidal, incisivo e maxilar). Cavidade oral A cavidade oral apresenta o início do sistema digestório delimitada pelos ossos incisivo, maxilar, palatino, dentes superiores e inferiores e língua. Ambos os sistemas se comunicam com as vísceras, que percorrem a região cervical para a cavidade torácica. Cavidade torácica A cavidade torácica é delimitada dorsalmente pelas vertebras torácicas, costelas (lateralmente) e esterno (ventralmente). Nessa cavidade aloja-se os pulmões, que é dividida em duas câmaras nas laterais, com revestimento de membrana serosa chamada pleura (visceral e parietal), formando, assim, as cavidades pleurais. O pulmão direito e esquerdo são recobertos por parte da cavidade pleural, pleura visceral, e parede do tórax, pela pleura parietal. Entre o pulmão (direito e esquerdo) existe um espaço mediastínico (ou mediastino) que apresenta o coração, vísceras torácicas como o esôfago, traqueia, vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. Essas estruturas pleurais se desenvolvem e se organizam no período embrionário. Cavidade abdominopélvica A cavidade abdominopélvica é composta pela região abdominal e pélvica. A cavidade abdominal é marcada pelo conjunto vertebral lombar e envolta lateralmente pelas musculaturas abdominais que se projetam ventralmente em direção a uma estrutura fibrosa, denominada linha alba. Os rins, parte dos órgãos digestivos e reprodutores masculinos e femininos estão organizados no interior. Na cavidade pélvica, estão a parte terminal do sistema digestório e as partes internas do sistema urogenital. De forma similar aos envoltórios cardíacos e pulmonares, a cavidade abdominopélvica apresenta a membrana serosa denominado peritônio. O peritônio, que se prolonga entre as cavidades abdominal e pélvica, é uma estrutura que envolve as vísceras durante o desenvolvimento do crescimento do animal. A cavidade peritoneal é formada após o aumento do tamanho visceral e posterior migração para a cavidade abdominal. Na composição, pregas conectantes são encontradas e denominadas omento, mesentério e ligamentos que contêm variedade de tecido conjuntivo, adiposo, estruturas linfáticas e fornecem caminhos para os trajetos de vasos e nervos dos órgãos. Para mais informações sobre as cavidades corpóreas e os sistemas viscerais, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 6, Cavidades do corpo, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 295-303. ISBN: 8582712995. Tema 2Sistema Digestório: boca, faringe e esôfago, estômagos monogástricos e poligástricos Qual a classificação alimentar das espécies domésticas e o que seria a ruminação em bovinos, caprinos e ovinos? Para a manutenção metabólica dos animais domésticos, é necessária a obtenção de nutrientes essenciais para os processos corpóreos. A energia produzida é adquirida por meio dos alimentos consumidos e metabolizados pelo sistema digestório. O sistema digestório é uma estrutura oca, com semelhança de tubo, que permite a passagem de alimento e se estende da boca ao ânus (com presença de glândulas salivares, hepática e pancreática) e utiliza praticamente todas as cavidades corpóreas (exceto a cavidade craniana e nasal). No trajeto, o alimento passa por processos físicos e químicos a fim de que atravesse a barreira intestinal (absorção alimentar). O sistema digestório (ou digestivo) é dividido em: · Boca. · Faringe. · Esôfago. · Estômago. · Intestino delgado e grosso. Vejamos cada um deles a seguir. Boca A boca é composta rostralmente pelos lábios, formados por musculatura esfinctérica (M. Orbicular da Boca). Essa abertura é conhecida como vestíbulo oral e delimitada lateralmente pelas bochechas (suporte do M. Bucinador), apresentando uma estrutura presente entre os lábios e os dentes chamada de frênulo labial. Caudal aos dentes, inicia-se a cavidade oral. O teto da cavidade oral é formado pelo palato duro, estrutura óssea que o separa da cavidade nasal. Ao longo do palato é possível verificarda pelagem varia de uma espécie para outra. Vários tipos de pelo podem ser configurados no corpo dos animais domésticos, como lã, crina, pelos auriculares que ficam na entrada do meato acústico externo, vibrissas presentes nas narinas, pelos táteis (“bigodes”) presentes na cabeça. Exemplo: pelos supraorbitais, infraorbitais, zigomáticos, bucais, mentuais, dos lábios superiores e inferiores. Coxins Espessamento da pele (epiderme e camada dérmica), os coxins são “almofadas” subcutâneas localizadas na face palmar dos carpos, tarsos, metacarpos, metatarsos e coxins digitais distribuídos na face palmar e plantar de cada falange palmar e plantar. Glândulas cutâneas (sebáceas, sudoríparas) Estruturas glandulares associadas à pele ou não produtoras de sebo (glândulas sebáceas), que conferem resistência à água, como ao redor do ânus nas paredes das bolsas anais (paranais), na face dorsal da cauda. As glândulas sudoríparas liberam suor para exalar odores característicos e estão localizadas na região glabra dos equinos ou, por exemplo, nos coxins palmares/plantares dos cães. Glândulas mamárias Estão localizadas em pares na parede torácica, abdominal e inguinal nas fêmeas para a produção de leite no serviço de amamentação dos neonatos. As glândulas mamárias são compostas de pele, tecido glandular e tecido conjuntivo e uma papila na extremidade ventral. Nos machos, as glândulas mamárias são representadas apenas por papilas reduzidas e não funcionais. Para mais informações sobre glândulas mamárias nas espécies domésticas, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 18 – Tegumento Comum, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. P. 626. ISBN: 8582712995. Tegumento Digital e Corno Nas falanges distais do membro torácico e pélvico existem estruturas modificadas para a adaptação das espécies domésticas, que são garras, unhas e cascos, que permitem a proteção ambiental. Ainda, espécies como as ruminantes apresentam no osso frontal uma projeção óssea lateralizada, chamada de processo cornual, envolta por uma estrutura queratinizada, formando o estojo córneo e que são importantes para a interação reprodutiva e de caráter permanente nas espécies domésticas. Para mais informações sobre órgãos digitais, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 18 – Tegumento Comum, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 633-662. ISBN: 8582712995. Encerramento Existe algum exame que possibilita a avaliação macroscópica total do sistema respiratório? Sim. Para a avaliação das vias áreas superiores o exame é feito por endoscopia, que é chamada de rinoscopia. A rinoscopia é uma endoscopia respiratória realizada por equipamentos rígidos e/ou flexíveis que permitem a passagem pelos meatos e avaliação das mucosas das conchas nasais. Por meio desse exame é possível coletar fragmentos para avaliação da mucosa e identificar agentes causadores de patologias, assim como remover corpos estranhos provenientes da aspiração de materiais nocivos ao trato respiratório. O exame de rinoscopia é solicitado pelo clínico veterinário para o direcionamento do tratamento clínico. Em caso de dificuldade respiratória provocada pelo bloqueio das vias aéreas superiores, como podemos facilitar o acesso aéreo? Em casos de obstrução das vias áreas superiores, seja por anomalias, corpos estranhos, traumas e/ou neoplasias, a técnica cirúrgica de traqueostomia pode facilitar o acesso respiratório. Com base na anatomia estudada, a localização dos anéis traqueais favorece a abordagem no ligamento traqueal. O conhecimento das estruturas que compõem a região cervical permite a incisão na pele, musculatura e ligamento traqueal para o acesso à via respiratória para o uso de tubo traqueal. Esse procedimento cirúrgico é importante para permitir a liberação da via, diminuição da pressão e o fluxo de ar evitando a morte por asfixia. O acesso por traqueostomia feito pelo médico veterinário só é encorajado em casos extremamente necessários, quando não é possível a realização de tratamento prévio ou em casos de ausência de equipamentos adequados para a resolução do caso obstrutivo. Em caso de acidente com perda de sangue, como o sistema nervoso funciona? Dentre as funções do sistema nervoso simpático, a manutenção da pressão arterial é uma das principais. Nos casos de hemorragia, a pressão pode reduzir até o ponto em que o encéfalo não receba mais o fluxo sanguíneo adequado, levando à estimulação do sistema nervoso simpático. A atuação desse sistema leva a aceleração dos batimentos cardíacos, que tendem a aumentar o débito cardíaco promovendo ejeção de sangue para as artérias. Simultaneamente, vasos periféricos tendem a contrair-se. Esse efeito de aumento do débito cardíaco e constrição dos vasos sanguíneos resulta no aumento da pressão arterial para envio de maior quantidade de sangue para o encéfalo. Em pecuária é comum ser realizado o processo de descorna dos bovinos. Quais aspectos anatômicos podem ser preocupantes nesta técnica? Com o objetivo de controle no manejo pecuário, em aspectos de transporte dos animais, redução da competição na convivência e prevenção de acidentes no pasto, a técnica de descorna é um procedimento cirúrgico para a retirada dos processos cornuais, o corno. Anatomicamente, o corno está localizado no osso frontal, sendo uma projeção lateralizada onde existem ossos pneumáticos associados, formando o seio paranasal frontal. A condução inapropriada da técnica de descorna pode provocar processos infecciosos pela exposição do seio paranasal a agentes virais, bacterianos e fúngicos, resultando em sinusite. Resumo da Unidade O entendimento anatômico da constituição do sistema respiratório e do sistema nervoso funcionam no auxílio ao estudante para a compreensão dos aspectos necessários para acesso respiratório em procedimentos de anestesias inalatórias, resposta neurológica a bloqueios anestésicos locais necessários para abordagens cirúrgicas e comportamento neural nos casos clínicos de intoxicação com neurotoxinas ou até mesmo nas incapacidades da movimentação animal após um trauma (acidente, traumas, deslocamento de disco intervertebral, por exemplo). Patologias neurológicas produzem sinais clínicos evidentes, que podem ser identificados especificamente a partir do conhecimento anatômico e funcional das regiões encefálicas e espinhais. O sistema tegumentar, por sua vez, realiza uma gama de atribuições protetoras e regulatórias que evitam as dessecações e reduzem as ameaças de injúrias sobre o tegumento. A abordagem tegumentar favorece o entendimento patológico de glândulas, órgãos digitais e de procedimentos importantes para o setor pecuário. Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina. UNIDADE 4 - Introdução Sistema Urinário, Sistema Reprodutor Masculino e Feminino e Sistema Endócrino Na análise dos sistemas viscerais localizados na região abdominopélvica, o estudo dos sistemas urinário, reprodutor e endócrino é fundamental para o entendimento da excreção de dejetos metabólicos, perpetuação da espécie e interação do organismo. O sistema urinário é responsável pela excreta de metabólitos, sendo a única via de eliminação fundamental para exteriorizar resíduos utilizados no metabolismo em forma de água. Na reprodução, o entendimento dos órgãos femininos e masculinos envolvidos na formação das células sexuais e desenvolvimento fetal corresponde à necessidade de manter as características das espécies domésticas no reino animal. Ainda, na manutenção da homeostasia, o sistema endócrino desempenha um papel imprescindível na comunicação do corpo para reações a estímulos externos e internos. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: · Reconhecer os sistemas urinário, reprodutor feminino e masculino e endócrino naorganização visceral. · Compreender fundamentos morfofisiológicos importantes na interação dos sistemas reprodutores feminino e masculino. · Identificar os componentes fundamentais do sistema endócrino e suas características na atuação fisiológica hormonal. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: · Tema 1 - Sistema urinário: rins, ureteres, bexiga e uretra. · Tema 2 - Sistema reprodutor masculino: testículo, epidídimo, ducto deferente e pênis. · Tema 3 - Sistema reprodutor feminino: ovários, tuba uterina, útero, vagina e vulva. · Tema 4 - Sistema endócrino: glândula pituitária, glândula pineal, glândula tireoide, glândula paratireoide, glândula suprarrenais. O manejo reprodutivo das espécies domésticas é fundamental para o controle populacional nos animais de companhia devido à quantidade de filhotes a cada gestação e à falta de abrigo/adoção. A castração nas fêmeas é uma abordagem cirúrgica que favorece resolver essas questões sociais. Entretanto, o nível de aprofundamento no conhecimento anatômico pode ser crucial para uma correta cirurgia. Leia o artigo relacionado à castração de cadelas: Vantagens e desvantagens da castração cirúrgica de cães domésticos. Uma revisão integrativa de literatura. Tema 1 Sistema Urinário: rins, ureteres, bexiga e uretra Cálculo renal pode provocar patologias severas em gatos? Responsável pela excreção de produtos metabólicos, regulação do volume e composição do ambiente corpóreo interno (líquido extracelular), o sistema urinário é composto anatomicamente pelo rim, ureter, bexiga e uretra. Rins São órgãos duplos, pareados e suspensos na parede abdominal, na região retroperitoneal. Na organização espacial, o rim direito apresenta-se mais cranial do que o rim esquerdo. Ambos recebem vascularização pela artéria e veia renal, que seguem em direção ao hilo renal. Nessa área, vasos linfáticos, inervação e ureter migram. Os rins apresentam formatos variados, dependendo da espécie doméstica. Formatos dos rins nas espécies domésticas a seguir: · Feijão: carnívoros, suínos e pequenos ruminantes. · Coração: equinos. · Cacho de uva: bovinos. Para mais informações sobre o formato dos rins, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 9 - Sistema Urinário, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 401. ISBN: 8582712995. Recoberto por tecido fibroso, conhecido como cápsula renal, o rim é dividido em córtex renal (porção mais externa) e medula (porção mais interna), estruturas que são visualizadas macroscopicamente quando seccionadas no plano mediano. Nessa secção, o hilo renal recebe o ureter, que se expande dentro do rim como pelve renal e recebe a urina formada por estruturas histológicas, chamadas ductos coletores. Ureter O ureter é um tubo muscular que conduz a urina da pelve renal à bexiga urinária. A comunicação do ureter com a bexiga acontece no ângulo oblíquo, na junção uretero-vesicular, que forma uma válvula funcional para evitar o refluxo enquanto a bexiga é preenchida. Bexiga urinária Órgão oco, com dimensões e topografia variáveis. Dependendo da quantidade de urina recebida, a bexiga urinária é formada por epitélio transicional, que permite adaptação para as alterações de tamanho e muscular, formada por musculatura lisa, conhecida como músculo detrusor. A bexiga urinária apresenta um formato triangular e finaliza na região pélvica com o colo da bexiga urinária, sendo esta a continuação caudal da bexiga em direção à uretra. A musculatura nessa região funciona como um esfíncter interno, sendo responsável pela coleta, armazenamento e liberação da urina de forma controlada. Uretra Conduz a urina para excreção pela genitália externa, seja masculina ou feminina. O esfíncter externo repousa além do colo, sendo formado pelo músculo esquelético que envolve a uretra. Esse esfíncter previne o extravasamento da urina enquanto a bexiga é preenchida por meio de contrações do esfíncter e pela tensão passiva do colo da bexiga urinária. Para eliminação da urina, o esfíncter externo relaxa e o músculo se contrai para a abertura do colo. Para mais informações sobre órgãos do sistema urinário, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 9 - Sistema Urinário, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. P. 399-410. ISBN: 8582712995. Tema 2Sistema Reprodutor Masculino: testículo, epidídimo, ducto deferente e pênis. O que seria criptorquidismo e como acontece nas espécies domésticas. Na qualidade de produção de células sexuais importantes para a fecundação, o sistema reprodutor masculino é formado por órgãos, glândulas, estruturas e tubos, fundamentais por realizarem as tarefas de formar e conduzir a célula sexual, o espermatozoide. O sistema reprodutor masculino é composto por: · Testículos. · Epidídimos. · Ducto deferente. · Pênis. Testículo e epidídimo (túnicas escrotais) Os testículos são as gônadas masculinas, órgãos pares localizados dentro das bolsas escrotais e, dependendo da espécie, situados na região inguinal e perineal. Apresentam formato ovoide, com faces lateral e medial, borda livre ou ligada ao epidídimo e com dois polos, apical e basal. O polo apical está ligado à cabeça do epidídimo, enquanto o basal à cauda do epidídimo. O parênquima testicular é constituído de túbulos enovelados, conhecido como túbulos seminíferos. O epitélio dos túbulos é responsável pela produção dos espermatozoides, que migram até a cauda do epidídimo para maturação (amadurecimento celular). Para mais informações sobre os testículos e epididimos, acesse a Minha Biblioteca e leia o capítulo 10 - Órgaos Genitais Masculinos, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 413-417. ISBN: 8582712995. O ducto deferente conduz o esperma para a uretra, fazendo parte de uma estrutura chamada cordão espemático (funículo espermático). Após a passagem pelo cordão, curva-se dorsocaudalmente e se comunica com a uretra pélvica. O cordão espermático é formado por ducto deferente, musculatura lisa, vasos sanguíneos, linfáticos e inervações, todos circundados pela túnica vaginal visceral. Estrutura testicular No critério de proteção, o testículo, estruturas adjacentes e o cordão espermático são envoltos por túnicas provenientes da cavidade abdominal, as túnicas testiculares. São elas: · Túnica dartus. · Túnica vaginal parietal. · Túnica vaginal visceral. · Túnica albugínea. Esquema das túnicas testiculares na organização externa para interna Pele e tecido subcutâneo da bolsa escrotal => Túnica dartus => Túnica vaginal parietal => túnica vaginal visceral => túnica albugínea => testículo A túnica dartus está intimamente ligada à pele A túnica albugínea é uma estrutura fibrosa, que circunda o parênquima testicular. Da túnica albugínea partem septos para o parêquima, formando o mediastino testicular. Músculo cremáster É a musculatura responsável pela termorregulação testicular quando aproxima os testículos da parede abdominal localizada no cordão espermático. Ducto deferente (uretra) Os ductos deferentes são estruturas tubulares musculares, que conectam a cauda do epidídimo à uretra peniana. No trajeto anatômico, o ducto deferente entra na cavidade abdominal passando pelo anel inguinal, sendo um constituinte do cordão espermático. Na cavidade, conecta-se a uretra na altura da parte caudal do colo da bexiga. São responsáveis por impulsionar o fluido (sêmen) com espermatozoides e as secreções das glândulas sexuais em direção ao pênis (processo uretral). Pênis O pênis é o órgão copulatório do macho, por meio do qual passa o sistema urinário e reprodutor via uretra peniana. É dividido em raiz, corpo e glande. A raiz peniana localiza-se na borda caudal do arco isquiático pélvico com projeção cranial, o corpo peniano. A extremidade livre é conhecida como glande peniana. Nos caninos, existe um osso interno que sustenta o pênis e facilita o acasalamento, o osso peniano. Esse ossoapresenta um sulco ventral que favorece o trânsito da uretra. Nos grandes e pequenos ruminantes o pênis apresenta a flexura sigmoide. Essa flexura apresenta o formato de “S” e é formada pelo tipo histológico de pênis (fibroelástico). A curvatura da flexura sigmoide é presa ao musculo retrator do pênis. Internamente, o pênis é constituído por tecido cavernoso (tecido erétil) e esponjoso. O tecido cavernoso é composto por uma coletânea de vasos sanguíneos separados por tecido conjuntivo, que favorecem o aumento de seu volume durante a ereção. Quando o macho está extremamente estimulado, o tecido erétil é preenchido com sangue, provocando o aumento e o enrijecimento peniano, o que possibilita a introdução na vagina para o ato do acasalamento. Glândulas sexuais anexas Para o fornecimento das secreções que são liberadas para a uretra pélvica, as glândulas sexuais têm variação no tamanho e formato entre as espécies domésticas, podendo ou não ser ausentes. As glândulas sexuais são formadas pelas ampolas dos ductos deferentes, que estão ausentes em suínos e caninos, glândulas bulbouretrais e glândulas vesiculares (podendo ser chamadas de vesículas seminais), ausentes nos caninos e as glândulas prostáticas, presentes em todas as espécies. As glândulas sexuais secretam plasma seminal que, no ato da ejaculação, é misturado ao espermatozoide e ao líquido epididimário para formar o sêmen. Esse plasma fornece ambiente favorável à sobrevivência dos espermatozoides dentro do trato reprodutivo feminino. Para mais informações sobre os órgãos masculinos, acesse a Minha Biblioteca e leia o capítulo 10 - Órgaos Genitais Masculinos, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 413-428. ISBN: 8582712995. Tema 3Sistema Reprodutor Feminino: ovários, tuba uterina, útero, vagina e vulva O que é OSH e por que é tão importante? Responsável pela produção dos gametas femininos e do ambiente para o crescimento e nutrição do feto desenvolvido após a fecundação. As condições para o período gestacional estão relacionadas a produções hormonais e alterações teciduais, que são fornecidas pelo sistema reprodutor feminino. Para isso, o sistema é composto por: · Ovários. · Tubas uterinas. · Útero. · Vagina. · Vulva. Ovários São glândulas pareadas, com formato ovalado na maioria das espécies e com formatos variados nas espécies domésticas. São responsáveis pela produção hormonal e desenvolvimento dos ovócitos (ovogênese). São envoltos por tecido conjuntivo, a túnica albugínea, localizados caudalmente aos rins e suspensos na cavidade abdominal pelo ligamento largo dividido em mesovário, mesossalpinge e mesométrio, que suspendem o ovário, tuba uterina e útero, respectivamente. Os ligamentos permitem também a passagem de vasos sanguíneos, fibras nervosas e tecido adiposo. Para mais informações sobre ligamentos do sistema reprodutor feminino, acesse a Minha Biblioteca e leia o capítulo 11 - Órgaos Genitais Femininos, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 447. ISBN: 8582712995. Os ovários apresentam um parênquima dividido em córtex e medula ovariana. No córtex, estruturas foliculares estão presentes e estão envolvidas no desenvolvimento dos ovócitos após a estimulação hormonal, dependendo do ciclo ovariano (ciclo estral). Formato dos ovários nas espécies domésticas: · Grão de feijão: equino, caninos e felinos. · Cacho de uva: suínos. · Amêndoas: bovinos. Tuba uterina Conhecidas como ovidutos ou trompas de Falópio, as tubas uterinas são estruturas tubulares, que permitem a passagem do espermatozoide em direção ao ovócito para a fecundação. São pareadas e com formato enrolado, apresentando fímbrias que auxiliam o direcionamento do ovócito para dentro do infundíbulo no momento da ovulação. Útero Local importante para o desenvolvimento fetal após a fecundação. O útero possui dois cornos, corpo, cérvix (colo). Os cornos uterinos são duplos e conectados com a tuba uterina, cranialmente, e com o corpo uterino, caudalmente. A região da cérvix projeta-se para a vagina. A parede do útero é composta por três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio e apresenta variações morfológicas durante o ciclo estral. Vagina e vulva Compondo a porção do canal do parto localizado na pelve entre o útero e a vulva, a vagina serve como uma bainha para a reprodução durante a cópula. A vulva é considerada a genitália externa, formanda por lábios vulvares. Nessa região é possível observar o clitóris, uma estrutura vestigial ocultada pela vulva e suprida por tecido erétil e terminações nervosas sensoriais. Os lábios vulvares formam o limite externo da vulva. No suprimento sanguíneo, os ovários e a tuba uterina são irrigados pela artéria ovariana, a vagina pela artéria vaginal, e a principal, a artéria uterina, para as tubas uterinas. Para mais informações sobre órgãos reprodutivos femininos, acesse a Minha Biblioteca e leia o capítulo 11 - Órgaos Genitais Femininos, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 429-449. ISBN: 8582712995. Tema 4Sistema Endócrino: glândula pituitária, glândula pineal, glândula tireoide, glândula paratireoide, glândula suprarrenais. A desregulação hormonal da glândula tireoide pode acarretar distúrbios metabólicos? Considerado um sistema de caráter comunicador corporal por conta de seus produtos — os hormônios —, o sistema endócrino auxilia o envio de informações entre as células. Diferentemente do sistema nervoso que conduz informações a partir de impulsos por meio de neurônios (estruturas físicas), o sistema endócrino, por sua vez, trabalha na utilização de líquidos corporais (humores) para transmitir as mensagens por intermédio de hormônios. Por isso, a atividade endócrina é humoral, em vez de neuronal. Os hormônios são substâncias químicas sintetizadas por glândulas especializadas, que, na ausência de ductos, são liberadas no sangue e carregadas para outras partes do corpo com o objetivo de produzir efeitos reguladores específicos. São considerados hormônios os reguladores químicos produzidos por células com localização específicas, as glândulas, ou por células difusamente localizadas em várias partes do corpo. Nesta unidade, no sistema endócrino serão considerados os seguintes sítios: · Glândula pituitária. · Glândula pineal. · Glândula tireoide. · Glândula paratireoide. · Glândula suprarrenais. Glândula pituitária Conhecida como hipófise, a glândula pituitária está localizada ventralmente ao cérebro, alojada no osso esfenoide, em uma estrutura chamada sela túrsica, no interior da cavidade craniana. É dividida em pituitária anterior (adeno-hipófise) e posterior (neuro-hipófise) e apresenta divisões, suprimento sanguíneo e conexões nervosas para o hipotálamo (região cerebral) devido à sua localização imediatamente ventral, o que faz a transferência de estimulantes e inibidores da região cerebral para a adeno-hipófise e a entrada direta dos neurônios secretores para a neuro-hipófise. Glândula pineal Pequena glândula presente na cavidade craniana, a glândula pineal está localizada caudalmente entre os dois hemisférios cerebrais, rostral ao cerebelo. Por meio do hormônio da melatonina, executa a função das atividades cíclicas do organismo, atuando como relógio biológico do corpo. Além disso, é capaz de atuar no estado emocional e nos ciclos de vigília e sono, podendo regular os ciclos estrais sazonais de algumas espécies domésticas. Glândula tireoide A glândula tireoide é dividida em dois lobos, direito e esquerdo, que se projetam ventrolateralmente à laringe e à traqueia. É responsável pela produção de tirosina, que metabolicamente atua nas atividades metabólicas da maioria dos tecidos do corpo a partir do aumento do calor interno e da taxa de consumo do oxigênio. Paratireoide Localizadas próximo à glândula tireoide nos animais domésticos, em pares nos carnívoros, ruminantes e equinos, ou única como nos suínos. Liberadora de paratormônio,a glândula da paratireoide influencia na regulação de cálcio e fósforo no osso. Suprarrenais As glândulas suprarrenais ou adrenais são estruturas pequenas e areadas que repousam próximas ao polo cranial dos rins e na junção da veia cava caudal com a veia renal. É constituída pela região do córtex e medula com secreção de cortisol, aldosterona, catecolaminas. Informações importantes sobre o Sistema Endócrino Entre as glândulas mencionadas existem outros órgãos que possuem atribuição também endócrina, como testículos e ovários, gônadas sexuais que apresentam a capacidade de produzir os hormônios responsáveis pelo desempenho reprodutivo animal; estômago, na liberação da gastrina, que é estimulada pelo alimento para sua metabolização; intestino delgado na produção da secretina e colecistocinina para liberação de fluidos e enzimas pancreáticas para digestão; pâncreas na liberação de insulina e glucagon, rins na produção de eritropoetina, sendo importante na estimulação da medula óssea para síntese de glóbulos transportadores de oxigênio, entre outros. Para mais informações sobre órgãos reprodutivos femininos, acesse a Minha Biblioteca e leia o capítulo 15 - Glândulas Endócrinas, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 569-578. ISBN: 8582712995. Encerramento Cálculo renal pode provocar patologias severas em gatos? Cálculos renais ou urolitíases são estruturas formadas pelos rins e podem promover obstrução no ureteral, sendo conhecidas nos felinos como Doença do Trato Urinário Inferior em Felinos. São provocados pelo pH da urina, alimentação e presença de infecção do trato urinário, que provocam a formação de urólito. A presença de cálculos pode ocasionar traumas, dificuldade de micção e obstrução. A urolitíase felina provém de cálculos menores, como areia, que promovem irritações na mucosa e até obstruções quando em grande quantidade. O que seria criptorquidismo e como acontece nas espécies domésticas? Inserir a Testículos criptorquidas são aqueles que falham ao descer. Podem fica retidos na cavidade abdominal ou canal inguinal. Durante o desenvolvimento embrionário, os testículos estão na região intra-abdominal, mas fora do peritônio, conectados à bolsa escrotal por uma estrutura fibrosa chamada gubernáculo. Na proporção em que o desenvolvimento acontece, o gubernáculo reduz e interioriza os testículos para a bolsa escrotal ao longo do canal inguinal. O que é OSH e por que é tão importante? A ovariohisterectomia é um procedimento cirúrgico que tem por finalidade a remoção dos ovários e da tuba uterina de dentro da cavidade abdominal. É comumente conhecido como castração em fêmeas. A OSH é importante para prevenir a fêmea de patologias inerentes à atuação hormonal persistente como hiperplasia endometrial, neoplasias mamarias, assim como o controle populacional de pequenos animais. A desregulação hormonal da glândula tireoide pode acarretar distúrbios metabólicos? Dos diferentes e importantes papéis que os hormônios da tireoide exercem no organismo, disfunções nessa glândula resultam em efeitos graves na saúde e bem-estar. O hipotireoidismo resulta em deficiência hormonal, que influência na desaceleração metabólica e sinais como alopecia (queda de pelo), letargia e ganho de peso. O tratamento se baseia em reposição hormonal. O hipertireoidismo é uma oposição nos sinais que resultam na produção exacerbada do hormônio da tireoide e aceleração do metabolismo. Essa patologia desenvolve nervosismo, irritabilidade, perda de peso, taquicardia e aumento da frequência cardíaca, podendo ser tratada por remoção cirúrgica da glândula ou administração de fármacos inibidores. Resumo da Unidade A anatomia do sistema urinário permite ao estudante o completo entendimento dos órgãos responsáveis pela produção e excreção da urina para acessos cirúrgicos e alterações metabólicas. Na fauna, os animais necessitam se reproduzir para manter as espécies e, para isso, a compreensão dos órgãos reprodutivos é importante para aspectos do desenvolvimento sexual e cirúrgicos, manejo reprodutivo no controle do ciclo estral, na aplicação de biotecnologias para a reprodução. Em conjunto, o estudo das interações hormonais do sistema endócrino aborda os órgãos responsáveis pelo controle e manutenção da homeostasia. Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina. image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg image21.jpeg image22.jpeg image23.jpeg image24.jpeg image25.jpeg image26.jpeg image27.jpegas cristas transversais (nos carnívoros) ou rafe palatina (demais espécies). Rostralmente, existe uma estrutura importante para a interação reprodutiva nas espécies domésticas, ligada ao órgão vomeronasal (ou Jacobson), denominada papila incisiva. Nos ruminantes, o palato duro é marcado pela ausência de dentes incisivos superiores, formando uma almofada rija, queratinizada, chamada de pulvino dentário. Nesse local, o alimento é recebido e reduzido a pequenas partículas, que serão misturadas à saliva para a deglutição. Na cavidade oral podemos encontrar os dentes (lateralmente) e a língua compondo o assoalho da cavidade fixa pelo frênulo sublingual. Para mais informações sobre as fórmulas dentárias das diferentes espécies domésticas, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 7, Sistema Digestório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p: 316-325. ISBN: 8582712995. Faringe A faringe é considerada uma via comum para passagem de alimento (orofaringe) e ar (nasofaringe). Para isso, existe uma dinâmica a fim de evitar broncoaspiração (entrada de alimento nas vias áreas inferiores). A orofaringe é a parte da faringe que se encontra posterior à cavidade oral e é marcada dorsalmente pelo palato mole (véu palatino), que é a continuação muscular do palato duro. Nessa região, a língua se une, em sua porção final, formando o arco palatoglosso (palato = palato mole; glosso = língua). A dinâmica da passagem de alimento em ar será mais bem expressada na disciplina Fisiologia Veterinária. Esôfago O esôfago é uma estrutura tubular com composição propriamente muscular (fibras circular e longitudinal). É dividido pelas porções cervical torácica e abdominal, sendo esta última menor em comparação às demais. A parte esofágica localizada na região cervical fica projetada dorsalmente à traqueia. Durante o trajeto, o esôfago entra no tórax e atravessa o espaço mediastínico, projetando-se para a direita do plano mediano até passar pelo diafragma, no hiato esofágico para conexão com a câmara gástrica (estômago) na cavidade abdominal. Estômago Após a passagem pelo esôfago, o alimento é transferido para o estômago com o objetivo de iniciar a digestão. O estômago é composto histologicamente pela mucosa, submucosa e muscular e se localiza à esquerda do plano mediano. A quantidade de câmaras estomacais varia entre as espécies domésticas. Os carnívoros, suínos e equinos apresentam estômagos com uma única câmara, sendo considerados monogástricos. O estômago dos ruminantes é classificado como poligástricos por apresentarem quatro câmaras gástricas. O estômago é determinado pelas seguintes estruturas musculares de passagem: CárdiaPiloro Região esfinctérica de junção esofágica, que permanece anatomicamente fechada. O estômago dos monogástricos é dividido em: Fundo gástrico Primeira região gástrica com dimensão extensa. Nos suínos, o fundo gástrico é marcado por uma estrutura anatômica elevada, chamada divertículo gástrico. Corpo gástrico Região média do estômago com pregas posicionadas em direção à região adjacente, região pilórica. Nos carnívoros, há presença de incisura angulares. Essa estrutura é um estreitamento da curvatura menor do estômago. Região Pilórica Região de transição para o piloro. Pode ser dividida em: antro pilórico e canal pilórico. O estômago dos poligástricos é dividido em pré-estômago e estômago verdadeiro. · Pré-estômagos (mucosa aglandular) · Rúmen Maior compartimento dos poligástricos, tendo conexão com o esôfago pelo esfíncter do cárdia. Em seu interior apresenta papilas ruminais, responsáveis pela fermentação alimentar. Anatomicamente apresenta inicialmente sacos ruminais, determinados por pilares e sulcos ruminais. · Retículo Segundo compartimento após a ruminação, com a presença de cristas reticulares na mucosa, que apresentam formato de favo de mel. · Omaso Menor compartimento gástrico com presença de lâminas omasais, que recebe a ingestão após a contração reticulorruminal. · Estômago verdadeiro · Abomaso Compartimento gástrico com presença de sulco gástrico. Aspecto morfofuncional similar a estômago de monogástricos. A mucosa gástrica difere nos monogástricos e poligástricos. As espécies monogástricas podem apresentar as seguintes classificações quanto à mucosa. Mucosa simples Apresenta apenas um tipo de mucosa, a mucosa glandular, que libera suco gástrico para a digestão alimentar. Ex.: Carnívoros. Mucosa composta Apresenta dois tipos: mucosa aglandular, livre de glândulas liberadoras de suco gástrico, e posteriormente mucosa glandular, com glândulas gástricas. A mucosa glandular apresenta as pregas gástricas mais acentuadas, com vilosidades altas, diferentemente da mucosa glandular, em que aparentemente as pregas são lisas. Ex: Suíno, equino e ruminantes Nos suínos e equinos há presença do margo plicatus, estrutura com visibilidade macroscópica que apresenta em sua constituição células de transição entre os tipos de mucosas na região do corpo gástrico. Tema 3Sistema Digestório: intestinos delgado e grosso Por que o ceco e o cólon de alguns herbívoros são tão extensos? O intestino é a estrutura tubular com enovelamento ao longo do trajeto abdominal. As alças intestinais se prologam desde o piloro ao ânus, sendo classificadas em dois tipos: intestino delgado e grosso. O intestino delgado é formado por três componentes: · Duodeno. · Jejuno. · Íleo. A maior parte da digestão e absorção acontece no intestino delgado, nas espécies que não necessitam de fermentação excessiva do alimento. O duodeno é a alça intestinal que se encontra na direita do plano mediano com compartimentos duodenais: cranial, descendente e ascendente. As porções são separadas com flexuras (curvaturas) duodenais cranial e caudal finalizada pela flexura duodenojejunal, que se comunica com a alça jejunal. Intimamente relacionado ao duodeno, o pâncreas libera secreções pancreáticas que desembocam a partir de duas papilas duodenais. Além disso, a bile produzida pelo fígado é liberada para o ducto biliar comum para uma única papila duodenal. Histologicamente, a camada mais íntima do intestino delgado com o conteúdo alimentar é formada por uma camada de células epiteliais na mucosa intestinal. A submucosa é a camada de tecido conjuntivo que proporciona espaço entre os vasos sanguíneos, linfáticos e fibras nervosas. A muscular da mucosa é a camada abaixo da submucosa, com pregas aumentando a superfície ao longo das alças para maior proximidade com o conteúdo luminal. Logo depois, a camada de músculo liso é continuada por outras duas camadas: circulares e longitudinais. A contração muscular está associada a movimentos de mistura e propulsão do conteúdo estomacal. A camada externa do intestino é a serosa, que recobre as alças e se apresenta de forma contínua ao mesentério, que promove a suspensão do intestino na cavidade abdominal. A interação nervosa das alças intestinais se dá pelo plexo de Meissner, presente na submucosa. É importante para o controle das secreções de células epiteliais e fluxo do sangue e no parâmetro sensorial, pois recebe sinais de dor para o epitélio intestinal. Além disso, o plexo de Auerbach está presente nas camadas musculares longitudinais, sendo responsável pelo controle dos movimentos gastrointestinais. Os dois plexos mencionados estão relacionados ao sistema nervoso entérico, do esôfago ao ânus. No segmento intestinais, as alças jejunais são as maiores. São vascularizadas a partir do mesentério, que se projeta na borda mesentérica do jejuno e permite o enovelamento da alça, diferentemente do íleo, estrutura retilínea que apresenta a borda mesentérica com vascularização importante e na posição contrária, a borda antimesentérica com pregas comunicantes ao ceco, prega ileocecal. Sendo a última porção do intestino delgado, apresenta aberturas internas, comunicando-o ao cólon, óstio ileocólico nos carnívoros e óstio ileocecal nas demais espécies, comunicando-o ao ceco. Adjacente ao intestino delgado, o intestino grosso, a porçãomais delgada é formado por três regiões: · Ceco. · Cólon. · Reto. O conteúdo entra no intestino grosso pelo ceco pelas seguintes aberturas (óstios): · Óstio íleocecal nos equinos. · Óstio ileocecocólico nos ruminantes e suínos. Nos carnívoros, o conteúdo transita para o ceco pelo óstio ileocólico. O ceco apresenta a topografia abdominal no lado direito do plano mediano e é fixado pelo ligamento denominado mesocólon. O tamanho do ceco varia entre as espécies domésticas pelo tipo de dieta. Os herbívoros apresentam ceco mais desenvolvido do que nos carnívoros, onde é rudimentar. Prega cecocólica é observada comunicando o ceco ao cólon nas espécies, enquanto a prega cecal permite o encurtamento do ceco carnívoro. A extensão do órgão favorece a fermentação nessas espécies, assim como no cólon. Nos equinos, o ceco apresenta formato de vírgula e se estende da entrada pélvica até o assoalho abdominal, projetado em direção ao diafragma. Para o entendimento da anatomia do cólon, os carnívoros são mais simples. Neles a divisão é: cólon ascendente, transverso e descendente. As alças são interceptadas por flexuras cólicas (direita e esquerda), o que garante a topografia. Nas demais espécies, a característica marcante de desenvolvimento se encontra no cólon ascendente. Ruminantes e suínos O cólon ascendente é espiralado com alças denominadas centrípetas e centrífugas. A espiralação acontece para baixo quando sai do ceco e retorna para cima por dentro do espiral, até comunicar-se com o cólon transverso. Equinos O cólon ascendente é dividido em: cólon ventral e dorsal. O cólon ventral é a primeira região posicionada no lado direito do corpo seguindo uma flexura esternal (cranialmente) para o lado esquerdo do corpo (colón ventral esquerdo). Caudalmente, a flexura pélvica permite a comunicação com o cólon dorsal esquerdo. Com a flexura diafragmática, o cólon ascendente segue para o cólon dorsal direito para se juntar ao cólon transverso. Nos equinos e suínos, as haustras são as saculações existentes no cólon ascendente, que permitem o armazenamento do volume maior do conteúdo para a digestão microbiana. O cólon descendente finaliza para o ânus, como reto, sendo este localizado na região pélvica. O reto apresenta a característica dilatada para permitir o armazenamento antes da expulsão fecal. O ânus é um esfíncter formado por musculaturas lisas e estriadas, que permite o fechamento do canal. Tema 4Sistema Digestório: glândulas digestivas Qual é a finalidade do pâncreas no metabolismo animal? Glândulas salivares Dentre as glândulas relacionadas ao sistema digestório, as glândulas salivares são responsáveis pela produção de saliva, que realiza funções lubrificantes e digestivas. A maioria dos animais domésticos apresenta as seguintes glândulas salivares, que transportam a saliva para a cavidade oral: Glândulas parótidas Próximas ao ouvido, situada caudalmente ao ramo da mandíbula. Glândulas mandibulares Localizadas ventralmente às glândulas parótidas, no ângulo caudal da mandíbula Glândulas sublinguais Localizadas medialmente na mandíbula, abaixo da língua. A saliva é liberada para a cavidade pela estrutura anatômica chamada carúncula sublingual. Fígado O fígado é um órgão multifuncional com características endócrina e exócrina. Sendo a maior glândula do corpo, situa-se na porção mais cranial do abdômen, com topografia do lado direito, em contato direto com o diafragma. Sua coloração é marrom-clara, com variação de acordo com a idade do animal e estado nutricional. Anatomicamente, o fígado é envolto pela capsula fibrosa externa e apresenta duas faces de projeção: Superfície parietal (ou diafragmática) · Parte convexa, revestida de peritônio, com a presença de ligamentos de sustentação e impressões (regiões de contato com outras vísceras). · Ligamento coronário e ligamento falciforme. · Impressão esofágica e veia cava caudal. Superfície visceral Parte côncava com aspecto irregular, onde está localizada a vesícula biliar (exceto nos equinos, que não possuem vesícula) e outras estruturas viscerais, formando as impressões. Impressão gástrica, duodenal, pancreática e renal direita. Além dos ligamentos supracitados, pode-se observar outros ligamentos responsáveis pela sustentação hepática: triangular direito e esquerdo, hepatogástrico, hepatoduodenal e hepatorenal (exceto nos suínos). Lobação hepática nas espécies domésticas O fígado apresenta os seguintes lobos hepáticos separados por fissuras interlobares: · Lobo hepático direito (medial e lateral). · Lobo hepático esquerdo (medial e lateral). · Lobo quadrado. · Lobo caudado com processos papilar e caudado. Carnívoros · Lobo hepático esquerdo (medial e lateral). · Lobo hepático direito (medial e lateral). · Lobo quadrado. · Lobo caudado com processos papilar e caudado. Equinos · Não possui vesícula biliar. · Lobo hepático esquerdo (medial e lateral). · Lobo hepático direito. · Lobo quadrado. · Lobo caudado com processo caudado. Ruminantes · Lobo hepático esquerdo. · Lobo hepático direito. · Lobo quadrado. · Lobo caudado com processos papilar e caudado. Suínos · Lobo hepático esquerdo (medial e lateral). · Lobo hepático direito (medial e lateral). · Lobo quadrado. · Lobo caudado com processo caudado. Para a leitura sobre lobações hepáticas nas espécies domésticas e ilustrações, acesse a Minha Biblioteca e consulte o Capítulo 7, Sistema digestório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 365. ISBN: 8582712995. Pâncreas O pâncreas é uma glândula localizada entre o duodeno, onde se projeta do lobo direito pancreático e o estômago com o lobo esquerdo pancreático. Apresenta ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langherans) com funções endócrinas (produção de hormônios) e exócrinas (produção de enzimas digestivas). As ilhotas pancreáticas são grupos isolados de células na glândula. As células denominadas betas produzem insulina e as células alfa produzem glucagon. As células alfa e beta produzem seus hormônios diretamente na corrente sanguínea e são fundamentais para o metabolismo bioquímico dos carboidratos. Encerramento Por que o estudo da Anatomia Sistemática deve estar intimamente associado à Anatomia Topográfica? Etimologicamente, a expressão “anatomia” significa dissociação das partes do corpo. Dos métodos de estudo, a Anatomia Sistemática favorece a ordenação do corpo em sistemas e a Anatomia Topográfica designa um método que determina as posições relativas de várias partes do corpo. Pressupõe-se que o conhecimento bem sedimentado da Anatomia Sistemática, associado ao pleno conhecimento topográfico, seja primordial para desenvolver atribuições médicas diagnósticas e cirúrgicas. Qual à classificação alimentar das espécies domésticas, o que seria a ruminação em bovinos, caprinos e ovinos? Os animais são classificados de acordo com a dieta natural. Os carnívoros (cão e gato) possuem hábitos de digerir proteína animal oriunda da carne. Os herbívoros, que se alimentam de vegetais, podem ser divididos em: ruminantes (boi, cabra, ovelha) e não ruminantes (cavalo). Os onívoros (suínos) ingerem ambos os tipos de alimentos. Os ruminantes são espécies poligástricas, que apresentam o rúmen como um dos compartimentos responsáveis pela fermentação alimentar. A ruminação é o ato de deglutir o alimento que seguirá para o rúmen, seguido da regurgitação para esôfago até a boca a fim de retornar à mastigação. Por que o ceco e cólon de alguns herbívoros são tão extensos? Os herbívoros apresentam ceco mais desenvolvido. Isso se dá pelo processo de fermentação, que ocorre em certa proporção nessas espécies, assim como no cólon. Em ruminantes, os pré-estômagos, em especial o rúmen, caracterizam o principal ponto de fermentação, enquanto nos herbívoros não ruminantes o ceco e cólon fazem a fermentação necessária para o conteúdo vegetal ingerido. Por isso, alimentos que requerem mais digestão por fermentação são direcionados ao ceco. Sendo assim, a dimensão cecal e cólica desses animais permite essa atribuiçãofisiológica. Qual é a finalidade do pâncreas no metabolismo animal? O pâncreas possui duas funções principais: exócrina e endócrina. A função exócrina desempenha o papel ativo na liberação de enzimas pancreáticas (amilase, proteases e lipase) para o processo digestivo normal. A função endócrina do pâncreas está relacionada a liberação hormonal (insulina e glucagon), que regula os níveis sanguíneos de glicose provenientes do alimento digerido e absorvido. A insulina se encarrega do transporte da glicose para dentro das células suprindo a necessidade nutricional para o funcionamento tecidual. A atividade insulínica impede a hiperglicemia (aumento de glicose no sangue), que pode resultar no quadro de diabetes mellitus. O glucagon produzido antagoniza a ação da insulina quando mobiliza a glicose do fígado para a corrente sanguínea (processo de gliconeogênese e glicogenólise). A combinação dos efeitos da insulina e glucagon promove a dinâmica na concentração sérica de glicose no organismo. Resumo da Unidade No estudo base para as ciências médicas veterinárias, o conhecimento anatômico visceral é de extrema importância para as resoluções clínicas. A descrição dos órgãos e seus sistemas nas diferentes cavidades corpóreas são imprescindíveis para a compreensão morfofuncional e do aspecto topográfico, em especial da correspondência das particularidades dos animais domésticos. A observação dos órgãos relacionados com recepção do alimento, redução mecânica, digestão química, absorção de alimentos sólidos e conteúdos líquidos, assim como os responsáveis pela excreção de resíduos não absorvidos, permite desenvolver a capacidade de analisar aspectos anatomofisiológicos dos animais. UNIDADE 2 - Introdução Sistema Cardiovascular e Sistema Linfático Da anatomia cardiovascular, o coração é um órgão muscular que desempenha papel fundamental dentro do sistema. Para a circulação sistêmica, os vasos sanguíneos formam o arranjo ideal anexado ao coração para a passagem do sangue, que tem por objetivo o fornecimento nutricional para o corpo animal. Das atribuições associadas ao sistema cardiovascular, o entendimento da anatomia para a pequena e grande circulação garante a abordagem nos parâmetros cardíacos atribuídos à frequência cardíaca para exames cardiológicos. O sistema linfático é um importante adjunto do sistema circulatório, onde os vasos linfáticos garantem o fluxo da linfa contendo células do sistema imunológico. Os linfonodos localizados ao longo do curso linfático contêm grupos de células brancas e, em conjunto com os órgãos do timo e o baço, são importantes na defesa do organismo. Em clínica médica, exames físicos das estruturas linfáticas podem sugerir a presença de quadros infecciosos e inflamatórios regionais. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: · Identificar os órgãos correspondentes ao sistema cardiovascular e linfático, focando nas estruturas cardíacas e linfáticas. · Esclarecer a vascularização sanguínea e linfática em espécies domésticas. · Distinguir a grande e pequena circulação identificando a vascularização interna e externa para aplicação na clínica e cirurgia dos pequenos e grandes animais. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: · Tema 1 – Sistema Cardiovascular: coração e particularidades · Tema 2 – Sistema Cardiovascular: angiologia arterial · Tema 3 – Sistema Cardiovascular: angiologia venosa · Tema 4 – Sistema Linfático: linfonodo, timo e baço No decorrer do estudo anatômico cardiovascular, o conhecimento reflete-se na base necessária para a compreensão fisiológica. A dinâmica baseia-se no ciclo cardíaco a partir de sístoles e diástoles, que, em situações anormais, resultam em sinais clínicos evidentes, como sopro e arritmias que poderão ser auscultados na rotina clínica. Para entendermos o ciclo cardíaco no aspecto fisiológico, sem sombra de dúvida precisamos ter em mente que a estruturação do coração é a chave principal para a interação com os diversos órgãos do corpo. Tema 1Sistema Cardiovascular: coração, vasos sanguíneos e particularidades Patologias cardíacas podem prejudicar a válvula bicúspide? O sistema cardiovascular, ou sistema circulatório, foi desenvolvido para atender às necessidades corpóreas em relação a nutrição e excreção de células. O sistema consiste em uma rede de vasos unidos (artérias, veias e capilares) para circulação do líquido, nutrientes (sangue) e uma bomba muscular que permite a impulsão do sangue pelos vasos sanguíneos. O coração é um órgão oco, constituído histologicamente pelo músculo cardíaco, na camada do miocárdio. Ainda, das camadas histológicas que o compõem existem o pericárdio e o endocárdio. Localizado na cavidade torácica no mediastino médio adjacente aos pulmões, o coração apresenta formato de cone (triangular) e é envolto por estruturas fibrosas chamadas de pericárdio, formando um saco pericárdico. Camadas da parede do coração. Formato do coração Ápice cardíacoBase cardíaca Parte livre do coração que apresenta um vértice ventral formado pelos ventrículos (direito e esquerdo), direcionado para o esterno. Na cavidade torácica, o coração é sustentado por ligamentos. São eles: Ligamento frênico-pericárdico Ligamento esterno-pericárdico Ligamento de sustentação entre o pericárdio parietal e o diafragma. Ligamento que fixa o ápice do coração ao corpo esternal. Anatomicamente, o coração dos animais domésticos é tetracavitário, dividido em quatro câmaras: átrios e ventrículos. Ambos seguem os lados do corpo, direito e esquerdo. O sangue decorrente dos vasos da base passa para os átrios e, em seguida, é ejetado para os ventrículos. Das características importantes do coração, o posicionamento baseia-se em uma leve rotação dos átrios e ventrículos. Neste sentido, o átrio e o ventrículo direito se projetam à direita do corpo, no posicionamento cranial, e os átrios e ventrículos esquerdo, na projeção à esquerda, no posicionamento caudal. Fluxo sanguíneo dentro do coração No exterior do coração é possível observar sulcos que separam os átrios dos ventrículos, chamado de sulco coronário, e os ventrículos direito e esquerdo, pelo sulco subsinuoso (lado direito) e paraconal (lado esquerdo). Esses sulcos permitem o trânsito dos vasos sanguíneo responsáveis pela vascularização própria do coração. Os átrios e ventrículos são separados internamente por paredes musculares conhecidas como septos: Septo interatrial Entre os átrios (direito e esquerdo). Septo atrioventricular Entre os átrios e ventrículos. No interior do coração existem estruturas valvares na região do septo atrioventricular, importantes para o funcionamento cardíaco pela presença de folhetos (cúspides) que têm a finalidade de regular a entrada de sangue na câmara posterior ao fluxo. São elas: válvulas atrioventriculares direita e esquerda. Na composição anatômica, as válvulas atrioventriculares estão acompanhadas pelas cordas tendíneas e músculo papilar, formando o arranjo indispensável para abertura e fechamento da válvula. Válvulas atrioventriculares direita Válvulas atrioventriculares esquerda Apresentam três folhetos valvares (tricúspide), presentes entre o átrio e o ventrículo direito. Apresentam dois folhetos valvares (bicúspide), presentes entre o átrio e o ventrículo esquerdo. Conhecidas também como válvula mitral. Estruturas auriculares são observadas compondo os átrios direito e esquerdo. Seu interior é preenchido por músculos pectinados. Os ventrículos são dotados de estruturas que mantêm o bom funcionamento. São elas: trabéculas cárneas e trabéculas septomarginais. Além disso, o miocárdio do ventrículo esquerdo é mais espesso em comparação ao ventrículo direito devido à necessidade de força na ejeção sanguínea para a circulação sistêmica. Vascularização O sangue ejetado do coração segue o trajeto pela vascularização. Os vasos sanguíneos são responsáveis por fornecer a rota contínua para o sangue sair e retornar para o coração. São formados pelas artérias e veias constituídos pelo endotélioe apresentam calibres (diâmetro) variados: pequeno, médio e grande. Na maioria dos vasos, as artérias são vasos de irrigação, que levam o sangue rico em oxigenação (↑O2) para os órgãos/tecidos. As veias são responsáveis pela drenagem sanguínea (retorno venoso), podendo facilitar o trânsito do sangue pobre em oxigenação (↓O2). Nos tecidos, os calibres dos vasos são reduzidos até formar os capilares sanguíneos, que permitem a troca sanguínea tecidual e mudam sua característica para artérias ou veias, dependendo do fluxo interno. Na base do coração, é possível observar vasos sanguíneos ligados ao retorno venoso e irrigação arterial sistêmica participantes da grande circulação, conhecida como circulação sistêmica, e responsáveis pelo trajeto sanguíneo do coração ao pulmão para a troca gasosa, a pequena circulação ou circulação pulmonar. Vasos da base cárdica referentes a Grande Circulação Veia cava Retorna com o sangue venoso da grande circulação para o átrio direito. A veia cava é dividida em cranial e caudal, recebendo, respectivamente, sangue das regiões craniais e caudais do corpo. Artéria aorta Vaso arterial mais extenso e de grande calibre, envia o sangue rico em oxigenação (↑O2) do ventrículo esquerdo para a grande circulação, passando pela válvula semilunar aórtica. Vasos da base cárdica referentes à Pequena Circulação Artéria pulmonar Responsável pelo trajeto coração – pulmão. A artéria pulmonar leva o sangue pouco oxigenado (↓O2) do ventrículo direito para o pulmão, passando pela válvula semilunar pulmonar. Veias pulmonares Local onde o sangue oxigenado (↑O2) circula do pulmão para o átrio esquerdo, após a troca gasosa. Esquema do fluxo sanguíneo: Vasos da base + câmaras e válvulas do coração Para mais informações sobre coração e seus compartimentos, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 12 – Sistema Circulatório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 451-462. ISBN: 8582712995. Tema 2Sistema Cardiovascular: angiologia arterial Com base na anatomia cardiovascular estudada, existem diferenças da anatomia fetal para a do animal adulto? Dentro do sistema cardiovascular, os vasos arteriais que compõem os sistemas vasculares são responsáveis pelo fluxo oxigenado do sangue pelo corpo, considerado sangue arterial. Na composição, são organizadas em artérias (vasos maiores) e arteríolas (vasos menores). As grandes artérias têm maior proporção de tecido elástico em sua composição do que as pequenas artérias (arteríolas). Esse tecido elástico permite a expansão do vaso conforme o sangue é bobeado para dentro da vascularização e as fibras elásticas servem como fonte de energia para a continuidade da circulação quando há relaxamento ventricular. Na grande circulação sistêmica, a artéria aorta tem por função o fluxo e a distribuição de sangue arterial para o corpo animal através de ramificações. Após emergir dorsalmente do ventrículo esquerdo pela base cardíaca é considerada artéria aorta ascendente até se curvar, formando um arco aórtico, e prosseguir o trajeto caudalmente como artéria aorta descendente. Após a passagem pelo diafragma pelo hiato aórtico, a porção descendente da artéria aorta é dividida em torácica e abdominal. As porções torácica e abdominal emitem alguns ramos importantes para a nutrição dos órgãos das cavidades. Veja a seguir algumas ramificações principais: Ramos da artéria aorta torácica Tronco braquiocefálico Artéria subclávia direita Artéria subclávia esquerda nos ruminantes e equinos Tronco bicarotídeo: nos ruminantes e equinos origina as artérias carótidas comuns direita e esquerda. Artéria carótida comum direita e esquerda (carnívoros e suínos): localizadas lateralmente à traqueia. Artéria subclávia esquerda – Nos carnívoros e suínos, emerge diretamente da artéria aorta. Artérias intercostais dorsais – Ramos dorsais na cavidade torácica. Artéria broncoesofágica – Ramo ventral na cavidade torácica. Das artérias subclávias surgem as seguintes ramificações: · Artéria vertebral. · Artéria cervical superficial. · Artéria torácica interna. · Tronco costocervical. Posteriormente, seguem como artéria axilar para a irrigação do membro torácico. Após a emissão desses ramos, a artéria aorta segue em direção à cavidade abdominal passando pelo hiato aórtico no diafragma para emissão dos seguintes ramos da artéria aorta abdominal. Ramos da artéria aorta abdominal Artérias Lombares – Ramos dorsais em direção às vertebras lombares. Tronco Celíaco – Ramifica-se em três vasos arteriais: artéria esplênica, hepática comum e gástrica esquerda. Artéria mesentérica cranial. Artéria frênico-abdominal. Artéria renal direita. Artéria renal esquerda. Artéria testicular ou artéria ovariana direita. Artéria testicular ou artéria ovariana esquerda. Artéria mesentérica caudal. Artéria circunflexa ilíaca profunda. Artéria ilíaca externa (direita e esquerda). Artéria ilíaca interna (direita e esquerda). Artéria sacral mediana. Vascularização arterial para a Irrigação do coração Para a irrigação própria do coração, podemos observar ramos que emergem da artéria aorta para o lado direito e esquerdo do coração. São elas: artéria coronária direita e artéria coronária esquerda. Essas artérias seguem pelo sulco coronário e se ramificam. Ramos da artéria coronária direita · Artéria circunflexa direita (no sulco coronário). · Artéria subsinuosa (no sulco subsinuoso). Ramos da artéria coronária esquerda · Artéria circunflexa esquerda (no sulco coronário). · Artéria paraconal (no sulco paraconal). Nas espécies domésticas existem modificações quanto as ramificações. Equinos e suínos Ramos da artéria coronária direita Artéria circunflexa direita. Artéria subsinuosa. Ramos da artéria coronária esquerda Artéria circunflexa esquerda. Artéria paraconal. Ruminantes e carnívoros Ramos da artéria coronária direita Artéria circunflexa direita. Ramos da artéria coronária esquerda Artéria circunflexa esquerda. Artéria subsinuosa. Artéria paraconal. Para mais informações sobre vasos arteriais, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 12 – Sistema Circulatório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 463-473. ISBN: 8582712995. Tema 3Sistema Cardiovascular: angiologia venosa O que seria o shunt portossistêmico e qual a base anatômica? No retorno venoso, as veias que compõem o sistema cardiovascular funcionam para drenagem do sangue pouco oxigenado de volta ao coração. As estruturas venosas são tubos de parede delgada reforçada por tecido conjuntivo e também fibras musculares lisas. A contração dessas fibras faz com que haja resistência ao fluxo sanguíneo e ajuda na regulação da circulação. A constrição venosa aumenta a pressão do sangue em todos os vasos precedentes às veias. Existem válvulas dispostas em intervalos no interior das veias que são direcionadas (abertas) ao coração. Apresentam diferente calibres (pequeno, médio e grande), sendo consideradas veias e vênulas. Na organização das veias, o sangue retorna pelas veias cavas para o átrio direito. Desse modo, o sistema venoso é observado seguindo em direção às veias cavas para o coração, sendo considerados vasos tributários em vez de ramificações. A veia cava é dividida em: veia cava cranial e caudal, sendo que, a veia cava caudal possui a porção torácica e abdominal. Em relação aos vasos formadores da veia cava caudal: Tributárias da veia cava caudal · Veia ilíaca externa direita e esquerda. · Veia ilíaca interna direita e esquerda. · Veia circunflexa ilíaca profunda. · Veia testicular/ovariana direita. · Veia renal esquerda. · Veia renal direita. · Veia frênico abdominal. · Veias hepáticas Informações Importantes sobre veias: A veia testicular/ovariana esquerda não é tributária da veia cava caudal! Esta veia retorna o sangue para veia renal esquerda e, posteriormente, para a veia cava caudal. Esquematização - Veia testicular/Ovariana esquerda As veias hepáticas (tributárias da veia cava caudal) recebem o sanguemetabolizado do fígado. No fígado, há a formação da veia porta, que entra no órgão levando o sangue dos processos digestivos para a metabolização hepática das seguintes tributárias: · Veia mesentérica cranial. · Veia mesentérica cranial. · Veia esplênica. · Veia gastroduodenal. Esquematização - Sistema porta hepático A veia cava caudal abdominal retorna ao coração passando pelo forame da veia cava, presente no diafragma. Nesse momento, segue como veia cava caudal torácica e não recebe tributárias, prosseguindo para o átrio direito cardíaco. A veia cava cranial recebe as seguintes tributárias: · Veia braquiocefálica – Recebe sangue das veias: · Veia subclávia (direita e esquerda). · Veia jugular externa (direita e esquerda): recebe o sangue das veias linguofacial e maxilar. Veia ázigos Responsável pela drenagem do plexo do canal vertebral, a veia ázigos passa pelo hiato aórtico para a cavidade torácica, onde receberá as veias intercostais direita e esquerda. Diferenças entre as espécies quanto à presença da veia ázigos: · Equino e carnívoro: direita. · Ruminante e suíno: direita e esquerda. Vascularização venosa para a drenagem do coração Para a drenagem própria do coração, podemos observar tributárias que seguem em direção à veia cava cranial no seio venoso. São elas: Veia cardíaca média Presente no lado direito do coração, seguindo no sulco subsinuoso. Grande veia cardíaca Presente no lado esquerdo do coração, no sulco paraconal. Para mais informações sobre vasos venosos, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 12 – Sistema Circulatório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 475-479. ISBN: 8582712995. Tema 4Sistema Linfático: linfonodo, timo, baço No exame físico é possível examinar pela palpação as regiões onde existem linfonodos. Quando é possível percebê-los de forma evidente? O sistema linfático é um sistema auxiliar do sistema cardiovascular, que contém vasos ou ductos linfáticos e é desenvolvido para atender o retorno de fluidos teciduais, a linfa em direção ao coração. A linfa é um líquido claro e incolor, exceto nos vasos quilíferos (principalmente após a digestão), com composição semelhante ao plasma sanguíneo e possui fluxo lento e dependente de fatores externos, como: atividade muscular, peristaltismo, movimentos respiratórios, entre outros. Após a finalidade, o fluido linfático é descarregado na circulação sanguínea próximo ao coração por um grande vaso linfático, conhecido como ducto torácico. Os vasos linfáticos apresentam o trajeto perto das veias conforme seu retorno ao coração. No sistema linfático, estão inclusos tecidos linfoides dispersos pelo corpo nas seguintes estruturas: · Linfonodos. · Baço. · Timo. · Linfonodos São estruturas pequenas, nodulares, com formato de feijão ou rim, de tamanhos variados, localizadas de forma difusa no corpo animal. Conectados por vasos linfáticos que drenam a linfa de regiões especificas do corpo, os linfonodos apresentam células do sistema imunológico, como linfócitos e macrófagos. Os linfonodos são constituídos por uma cápsula de tecido conjuntivo que envia ramos (trabéculas) à região central do linfonodo. Histologicamente, o linfonodo é dividido em córtex e medula. O córtex é a região onde os linfócitos permanecem e a medula forma o esqueleto do linfonodo e contém macrófagos. Anatomicamente, os linfonodos são dispensados em linfocentros, ou centros linfáticos, em diversas regiões do corpo animal, a saber: região cefálica, cervical, cavidade torácica, abdominal, pélvica e região dos membros torácico e pélvico. Linfonodos do corpo animal Cefálico Linfocentro parotídeo. Linfocentro mandibular. Linfocentro retrofaríngeo. Cervical Linfocentro cervical superficial. Linfocentro cervical profundo. Membro torácico Linfocentro axilar. Cavidade torácica Linfocentro torácico dorsal. Linfocentro torácico ventral. Linfocentro mediastinal. Linfocentro bronquial. Linfonodos da cavidade abdominal Linfocentro lombar. Linfocentro celíaco. Linfocentro mesentérico cranial. Linfocentro mesentérico caudal. Linfonodos da cavidade pélvica e do membro pélvico Linfocentro iliossacral. Linfocentro iliofemoral. Linfocentro inguinofemoral. Linfocentro isquiático. Linfocentro poplíteo. Para mais informações sobre o linfocentros corporais, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 13 – Sistema Imune e Linfático, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 481-494. ISBN: 8582712995. Baço O baço é o maior órgão linfoide do corpo animal. Localizado caudal ao diafragma, à esquerda do abdômen, próximo à curvatura maior do estômago dos monogástricos e do saco dorsal do rúmen dos poligástricos, liga-se pelo ligamento gastroesplênico. Em espécies equinas, o ligamento esplenorrenal é adicional entre o baço e o rim esquerdo. A função esplênica está relacionada tanto ao sistema linfático quanto hematológico (composição sanguínea). Na estruturação anatomia, o baço apresenta duas faces: Face diafragmática Superfície lisa voltada para o diafragma. Face visceral Superfície que apresenta um hilo esplênico (com exceção nos ruminantes) e ligamento gastroesplênico. Nas espécies domésticas o baço tem os seguintes formatos: · Falciforme nos equinos. · Língua nos suínos. · Bota nos carnívoros. · Folha nos pequenos ruminantes. · Faixa larga nos grandes ruminantes. Em sua característica linfoide, o baço encontra-se recoberto por uma cápsula formada de tecido conjuntivo fibroso e muscular liso. A cápsula envia ramos, que são chamadas de trabéculas, para o interior do baço. Essas trabéculas contêm vasos sanguíneos, nervosos, vasos linfáticos e células musculares lisas. Nos carnívoros, as trabéculas possuem musculatura bem desenvolvida, ao contrário dos ruminantes. Na contração muscular ocorre a expulsão do sangue para o exterior do baço, seguindo para a circulação. No caso dos carnívoros, a existência de numerosos ramos musculares permite maior expulsão de sangue. O interior do baço é dividido em áreas de polpa vermelha e polpa branca. A polpa vermelha consiste em vasos sanguíneos, macrófagos teciduais e espaços de estoque do sangue (sinusóides). A polpa branca consiste de áreas de tecido linfoide. Nessa área, os linfócitos podem se multiplicar durante a resposta imune. Em casos de trauma ou quadros neoplásicos, o baço pode ser removido cirurgicamente (esplenectomia). Após a cirurgia, os macrófagos e o tecido linfoide de outras áreas corpóreas assumirão a maior parte das funções esplênicas. Para mais informações sobre os diferentes formatos esplênicos, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 13 – Sistema Imune e Linfático, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 492. ISBN: 8582712995. Timo O timo é um órgão linfóide, localizado na região cervical caudal e torácica cranial nas laterais da traqueia, no mediastino cranial. Ele é proeminente em animais jovens que necessitam da função tímica, uma vez que nascem sem um sistema imune desenvolvido. Ao longo do desenvolvimento de vida do animal, o timo encolhe o que dificulta sua localização. Além desse órgão organizar a imunidade favorece o crescimento durante o desenvolvimento dos demais órgãos linfáticos secundários, os linfonodos e tonsilas. Participante do sistema linfático, as tonsilas são nódulos linfoides sem cobertura de cápsula. Elas são localizadas em superfícies epiteliais de todo o corpo animal, tendo como destaque as tonsilas faríngeas (garganta), que têm por função evitar a disseminação de infecção do sistema respiratório ou digestório. Importante ressaltar que as tonsilas são encontradas intimamente relacionadas às superfícies epiteliais úmidas (mucosas) e, diferentemente dos linfonodos que estão no trajeto dos vasos linfáticos, as tonsilas são encontradas no início do sistema de drenagem linfática e não nos trajetos. Para mais informações sobre sistema linfático, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo13 – Sistema Imune, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 481-494. ISBN: 8582712995. Encerramento Patologias cardíacas podem prejudicar a válvula bicúspide? Sim. No caso de patologia resultante acometendo a válvula bicúspide (ou mitral) esta é marcada por insuficiência de Mitral. Esta endocardiose tem origem desconhecida, sendo frequente em cães idosos, ocasionada por falha no fechamento da válvula, o que resulta em refluxo do sague do ventrículo para o átrio esquerdo, provocando sopro cardíaco e insuficiência cardíaca congestiva grave. No diagnostico, exames de radiografia e ecocardiograma são essenciais para confirmação do quadro. O tratamento acontece por fármacos, com prognóstico dependente do grau de acometimento. Com base na anatomia cardiovascular estudada, existem diferenças da anatomia fetal do animal adulto? A dinâmica observada do Sistema Cardiovascular foi estabelecida no período pós-puerpério (após o parto). No período fetal, o fluxo sanguíneo segue desvios cardiovasculares importantes para o aporte sanguíneo animal. Na ausência da troca gasosa do sistema respiratório (pulmões afuncionais), o trânsito sanguíneo oxigenado via placenta acontece pela presença de forame oval, distribuindo o sangue do átrio direito para o esquerdo. Ainda, o desvio entre o tronco pulmonar e a artéria aorta acontece pelo ducto arterioso. Após o nascimento, o forame oval e ducto arterioso perdem a abertura, se tornando a fossa oval e ligamento arterioso, respectivamente. No sistema vascular fetal, veias e artéria umbilicais desempenham o papel de irrigação e drenagem do sangue em oxigênio para o corpo fetal. Após no nascimento, os vasos umbilicais perdem o lúmen, se tornando ligamentos urinários e hepáticos. O que seria o shunt portossistêmico e qual a base anatômica? Shunt portossistêmico é um desvio circulatório resultante da conexão incorreta da veia porta com a veia cava caudal. Nesta anomalia, o fluxo sanguíneo é desviado do fígado, na qual não recebe a metabolização necessária após a absorção do trato gastrointestinal. Com isso, substâncias toxicas absorvidas serão enviadas diretamente para a circulação sanguínea. Em pequenos animais, este quadro pode ocasionar disfunção hepática, com redução do metabolismo hepático. A resolução é cirúrgica por meio da correção do shunt. No exame físico é possível examinar, por palpação, as regiões onde existem os linfonodos. Quando é possível percebê-los de forma evidente? Distribuídos pelo corpo animal, os linfonodos estão localizados próximos à superfície, na qual podem ser sentidos pela pele. Estes são considerados linfonodos palpáveis. Se estiverem respondendo a uma infecção em sua área de drenagem, eles se tornarão maiores e mais facilmente palpáveis. Nos quadros de infecção, os macrófagos se tornam ativos e, em decorrência, quando da multiplicação dos linfócitos e da chegada de outros macrófagos ocorre aumento do tamanho do linfonodo. Nestes casos, o linfonodo desempenha o papel de marcador para a localização da infecção de determinada região. Resumo da Unidade No entendimento da atuação circulatória, os sistemas cardiovascular e linfático atuam em conjunto no organismo. O sistema cardiovascular desempenha a função de nutrição sistêmica quando apresenta vasos importantes para o transporte de sangue. No mesmo sentido, o sistema linfático é formado por elementos capazes de garantir a atuação do sistema imune a partir da linfa para o fluxo do excesso de fluido tecidual. Na qualidade de sistema circulatório, o sistema cardiovascular e o sistema linfático apresentam características importantes no transporte de fluidos para a manutenção do funcionamento corpóreo, que são fundamentais no atendimento clínico veterinário no quesito cardiológico e infeccioso. Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina. UNIDADE 3 - Introdução Sistema Respiratório, Sistema Nervoso e Sistema Tegumentar No desenvolvimento do estudo sobre os sistemas viscerais, a compreensão da anatomia do sistema respiratório permite observar os compartimentos responsáveis pela passagem de ar até a troca gasosa (hematose) nos pulmões. Pelo conhecimento da neuroanatomia, o sistema nervoso garante a apresentação dos componentes sensoriais, integrativos e motores que detectam as modificações ambientais, processam as informações sensoriais em conjunto com as memórias armazenadas para o fornecimento de uma resposta à informação processada. O sistema tegumentar, por sua vez, tem por objetivo a proteção e a regulação do organismo por ser um órgão sensorial que recebe informações do ambiente por meio de contato e pressão na transmissão para regiões do sistema nervoso central. Sendo assim, o entendimento dos responsáveis pela condução aérea e interação do animal com o ambiente são fundamentais para a clínica, a partir de exames respiratórios e tratamentos neurocirúrgicos. Ainda, é fundamental o conhecimento das estruturas que têm importância no setor econômico ligado ao comércio pecuário na indústria têxtil. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: · Identificar os órgãos componentes do sistema respiratório de vias superiores e inferiores na visualização das estruturas em seus compartimentos corpóreos. · Conhecer o sistema nervoso central e periférico e sua constituição na dinâmica da neuroanatomia. · Definir a composição do sistema tegumentar e seus segmentos nas diferentes espécies domésticas. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: · Tema 1 - Sistema respiratório: vias áreas superiores · Tema 2 - Sistema respiratório: vias áreas inferiores · Tema 3 - Sistema Nervoso central e periférico · Tema 4 - Sistema Tegumentar No estudo da neuroanatomia, a observação topográfica dos sistemas orgânicos é imprescindível para o entendimento patológico, em especial sobre a disposição da coluna vertebral em relação ao sistema nervoso. Além disso, a observação favorece a compreensão de achados clínicos em exames de radiografia, como no caso da Doença de Disco Intervertebral, que é causa frequente de lesão na medula espinhal em pequenos animais. Imagem do exame radiográfico relacionado à Doença de Disco Intervertebral retirado do Artigo Científico: Tratamento de doença de disco intervertebral em cão com fisioterapia e reabilitação veterinária: relato de caso. Fonte: Revista mv&z. Tema 1Sistema respiratório: vias áreas superiores Existe algum exame que possibilita a avaliação macroscópica total do sistema respiratório? A respiração é o meio pelo qual os animais obtêm e utilizam o oxigênio com eliminação de dióxido de carbono. Para isso, o sistema respiratório apresenta vias aéreas (tratos respiratórios) importantes para a passagem do ar e troca gasosa. Vias aéreas superiores: conduzem o ar da narina pela cavidade nasal até a faringe. Vias aéreas inferiores: locais com funções específicas para a fonação e a troca gasosa. Narinas e cavidade nasal As vias aéreas superiores são formadas pelas narinas. Estas apresentam aberturas externas pareadas, que favorecem a passagem do ar para a cavidade nasal. São formadas por parte do esqueleto do crânio e estruturas cartilaginosas, as cartilagens nasais. Essa região é flexível e dilatável, em especial quando há necessidade de obtenção de aumento respiratório em atividades exercidas por alguns animais domésticos e que não são exercidas pela boca, como em atividades esportivas com equinos. Nas narinas, o vestíbulo nasal marca a entrada da cavidade nasal com a presença de uma abertura (óstio) para comunicação com a glândula lacrimal e o ducto nasolacrimal. É interessante perceber que os equinos apresentam uma estrutura peculiar (uma falsa via) dorsal à cavidade nasal, chamada de divertículo nasal e que ocupa a incisura nasoincisiva, formada pela junção dosossos nasal e incisivo. As cavidades nasais são câmaras separadas (lado direito e esquerdo) por uma estrutura cartilaginosa, sustentada pelo osso Vômer, conhecidas como septo nasal. Delimitada por ossos cranianos, a cavidade nasal possui extensão desde a abertura nasal óssea correspondente à narina até a lâmina cribriforme presente no osso etmoide. Ventralmente, observa-se a presença do palato duro, formado pelos ossos incisivos e maxilares e um prolongamento, o palato mole. Ambos separam as cavidades nasais da região da boca. O interior da cavidade nasal é organizado por ossos turbinados, as conchas nasais. Estas são projetadas dorsolateralmente na cavidade e separadas por espaços conhecidos por meatos nasais. Pelos meatos acontece a passagem do ar e a mucosa das conchas permite o aquecimento e umidificação do ar. Conchas e meatos nasais nas espécies domésticas Concha Nasal Dorsal. Concha Nasal Ventral. Concha Nasal Médio. Concha Etmoidais. Meato Nasal Dorsal. Meato Nasal Ventral. Meato Nasal Médio. Meato Etmoidais. Próximo à cavidade nasal existem ossos cranianos com espaços preenchidos por ar, conhecidos como seios paranasais. Os seios paranasais são regiões que apresentam topografia relacionada a alguns ossos cranianos com o objetivo de aumentar as áreas de inserção muscular e fornecer proteções às estruturas adjacentes, como a órbita e a cavidade nasal. Estas regiões são propensas a infecções microbiológicas. Seios paranasais nas espécies domésticas Seio maxilar. Seio frontal. Seio palatino. Seio esfenoidal. Seio lacrimal. Seio da concha dorsal. Seio da concha ventral. Caudal à cavidade nasal existe uma passagem comum para o ar e o alimento, que é a região da faringe. No sistema respiratório, a faringe é organizada em nasofaringe, uma vez que, o palato mole (Véu Palatino) separa-se do sistema digestório (orofaringe). Na nasofaringe é possível observar nas laterais a presença de uma abertura faríngea para a tuba de Eustáquio, que comunica a nasofaringe a região auditiva. Para mais informações sobre seios paranasais, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 8 – Sistema respiratório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p: 384. ISBN: 8582712995. Tema 2 Sistema respiratório: vias áreas inferiores Em caso de dificuldade respiratória provocada pelo bloqueio das vias aéreas superiores, como podemos facilitar o acesso aéreo? Laringe A continuação da passagem respiratória na faringe progride até a laringe em direção à traqueia. A laringe é responsável pela fonação (som) nas espécies domésticas e protetora da via respiratória. É constituída por cartilagens, musculaturas e ligamentos laríngeos unidos ao aparelho hioide fixado no processo estilomastoide (processo mastoide) no osso temporal do crânio. Cartilagens da laringe Epiglote Projeção rostral da laringe, com formato de folha. Aritenoide Projeção dorsal. Tireoide Projeção ventral. Cricoide Projeção caudal. O interior da laringe é formado por uma cavidade laríngea, dividida pelas seguintes regiões: ádito da laringe (ou vestíbulo da laringe), glote e cavidade infraglótica. O ádito da laringe compõe a entrada, seguida da glote, que é estreitada no lúmen pelas pregas vocais. A cavidade infraglótica é a projeção caudal em comunicação com a traqueia. Em algumas espécies, existe uma estrutura de invaginação na parede laríngea, conhecida como ventrículo laríngeo lateral, que se apresenta entre as pregas vestibular e vocal. As cordas vocais são estruturas formadas por pregas cercadas e alojadas na cavidade laríngea, delimitadas pelas cartilagens epiglote e aritenoide, presentes na região da glote. Na passagem controlada de ar nas cordas vocais, o som é produzido e emitido. Nas aves, esse órgão de fonação é chamado de siringe e se encontra na bifurcação da traqueia para a formação dos brônquios principais. Pela glote, o interior da laringe é alcançado pelo tubo endotraqueal quando há necessidade de ventilação mecânica para a administração de fármacos inalatórios. É delimitada rostralmente pela cartilagem da epiglote, que, por sua vez, se inclina passivamente sobre a laringe no ato da deglutição, evitando assim a entrada de alimentos para a traqueia e, possivelmente, para os pulmões. Para mais informações sobre morfologia das cartilagens da laringe, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 8 – Sistema respiratório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 386. ISBN: 8582712995 . Traqueia Sendo a primeira via de acesso direto do ar para os pulmões, a traqueia é um órgão tubular que se projeta caudal à cartilagem cricoide e finaliza na bifurcação com os brônquios principais (direito e esquerdo). Localizada na região cervical, ela segue ventral ao esôfago e apresenta na composição anatômica da parede traqueal os anéis cartilaginosos, ligamento anelar e músculo traqueal. Em sequência, a traqueia entra na cavidade torácica na projeção dorsal ao coração, passando pela base cardíaca e se bifurca nos brônquios principais (direito e esquerdo). Nos ruminantes e suínos, existe uma ramificação adicional, cranial aos brônquios principais, chamada de brônquio traqueal, direcionado ao hilo do lobo pulmonar cranial direito. Os brônquios permanecem se ramificando em subdivisões menores (bronquíolos) por toda a via, adentrando o parênquima pulmonar até formar os alvéolos (sacos alveolares) para a hematose, formando uma árvore brônquica. Árvore brônquica - Subdivisões brônquicas (direito e esquerdo) Brônquio principal. Brônquio lobar. Brônquio segmentar. Brônquio subsegmentar. Bronquíolo verdadeiro. Bronquíolo terminal. Bronquíolo respiratório. Para mais informações sobre demonstração da Árvore Brônquica, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 8 – Sistema respiratório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 393. ISBN: 8582712995. Pulmão Os pulmões são os principais órgãos do sistema respiratório conectados anatomicamente pelos brônquios principais pelo hilo pulmonar. São estruturas pareadas, presentes na cavidade torácica revestida por pleuras, que possibilitam o movimento respiratório livre (expiração e inspiração), a partir de um espaço pleural, presente entre as pleuras, repleto por líquidos que favorecem a redução do atrito. · Pleura visceral ou pulmonar: em contato direto com o parênquima pulmonar. · Pleura parietal: recobre toda a parede torácica internamente. Composto por bordas dorsal, ventral e caudal, o pulmão apresenta faces costal, diafragmática e mediastínica, delimitadas por essas bordas que possuem regiões de contato (impressões) com órgãos adjacentes. O pulmão é dividido em lobos pulmonares a partir de fissuras interlobares e apresenta diferenças nas espécies domésticas devido à quantidade de lobos pulmonares. O pulmão direito possui os lobos pulmonares cranial, médio, caudal e acessório, enquanto o pulmão esquerdo, os lobos pulmonares cranial e caudal. Lobação pulmonar nas espécies domésticas Equinos Pulmão direito: Lobo Pulmonar cranial. Lobo Pulmonar caudal. Lobo acessório. Pulmão esquerdo: Lobo Pulmonar cranial. Lobo Pulmonar caudal. Canino Pulmão direito: Lobo Pulmonar cranial. Lobo Pulmonar médio. Lobo Pulmonar caudal. Lobo acessório. Pulmão esquerdo: Lobo Pulmonar cranial porção cranial. Lobo Pulmonar cranial porção caudal. Lobo Pulmonar caudal. Suínos Pulmão direito: Lobo Pulmonar cranial. Lobo Pulmonar médio. Lobo Pulmonar caudal. Lobo acessório Pulmão esquerdo: Lobo Pulmonar cranial porção cranial. Lobo Pulmonar cranial porção caudal. Lobo Pulmonar caudal Ruminantes Pulmão direito: Lobo Pulmonar cranial porção cranial. Lobo Pulmonar cranial porção caudal. Lobo Pulmonar médio. Lobo Pulmonar caudal. Lobo acessório. Pulmão esquerdo: Lobo Pulmonar cranial porção cranial. Lobo Pulmonar cranial porção caudal. Lobo Pulmonar caudal. Para mais informações sobre lobos pulmonares nasespécies domésticas, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 8 – Sistema Respiratório, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p: 394-395. ISBN: 8582712995. Tema 3 Sistema Nervoso central e periférico Em caso de acidente com perda de sangue, como o sistema nervoso funciona? O estudo do sistema nervoso é conhecido como Neurologia. A ele estão associadas unidades funcionais microscópicas, os neurônios, que determinam as funções básicas do sistema nervoso, como na resposta a estímulos de parte a outra da célula. Entre as atividades do sistema nervoso estão as funções sensoriais, interligadoras e motoras. As alterações internas e externas do corpo são recebidas pelo sistema e dirigidas à medula espinhal e ao encéfalo. No encéfalo e medula espinhal, a informação sensorial é captada e analisada, estocada e integrada para produção de pronta resposta. A resposta motora desenvolve a habilidade de reação do corpo, variando desde contração muscular ou indução glandular para secreção de metabólitos. Estruturalmente, o sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é composto pelo encéfalo, alojado na cavidade craniana, e pela medula espinhal, presente ao longo do canal vertebral das vértebras corporais. O SNP consiste em nervos semelhantes a cordões, que conectam o sistema nervoso central ao corpo animal. Resumo Anatômico do Sistema Nervoso SNC – Encéfalo e medula espinhal. SNP – Nervos cranianos e espinhais. Na condução do impulso elétrico, o sistema nervoso apresenta em sua constituição fibras nervosas do tipo aferentes e eferentes, que facilitam a transmissão de informações sensoriais e motoras. Os nervos aferentes, considerados sensoriais, conduzem impulsos nervosos das regiões periféricas em direção ao SNC, para estímulo. Enquanto, em contraste, os nervos eferentes conduzem o impulso ao inverso, sendo considerados como nervos motores. O SNP contém ambos os tipos de fibras nervosas para a condução de estímulo dos nervos cranianos e espinhais. O sistema nervoso também desempenha o controle de aspectos de consciência e voluntariedade do sistema musculoesquelético, sendo referido como função do sistema nervoso somático. Em contrapartida, o sistema nervoso autônomo promove e atua na característica dos movimentos considerados automáticos, sem a consciência de movimentação, considerado um sistema autorregulador. Ambos os tipos de sistema possuem a presença de fibras motoras e sensoriais. Sistema Nervoso Central Localizado na cavidade craniana, o encéfalo apresenta secções com funções particulares com a seguinte divisão: · Cérebro Maior porção do encéfalo, responsável pelo centro das funções comportamentais superiores (aprendizado, inteligência, consciência, entre outros). Composto por substância cinzenta e branca, apresenta giros em suas superfícies com fissuras, conhecidas como sulcos. A divisão do cérebro em dois hemisférios cerebrais (direito e esquerdo) é feita pela fissura longitudinal, com conexão entre os hemisférios pela aderência intertalâmica. Os hemisférios cerebrais são setorizados em lobos, que desempenham características particulares. São eles: lobo frontal, parietal, occipital, temporal. · Cerebelo Localizado caudalmente ao cérebro, o cerebelo é responsável pelo controle da coordenação motora, sendo o segundo maior componente encefálico. Apresenta dois hemisférios cerebelares divididos pelo vérmis do cerebelo. Na secção em plano mediano, o cerebelo possui substância branca e cinzenta formando uma estruturação conhecida como árvore da vida. · Tronco encefálico Regiões primitivas do encéfalo que possuem conexão com a medula espinhal. O tronco encefálico mantém as funções de suporte básico do corpo, de modo que opera em nível subconsciente. Nessa região se originam, em sua maioria, os nervos cranianos. É dividido pelo mesencéfalo, ponte e medula oblonga. Nervos cranianos Nervo IM – Nervo olfatório. Nervo IIM - Nervo óptico. Nervo IIIM – Nervo oculomotor. Nervo IVM – Nervo troclear. Nervo VM – Nervo Trigêmeo. Nervo VIM – Nervo abducente. Nervo VIIM – Nervo facial. Nervo VIIIM – Nervo vestíbulo-coclear. Nervo IXM – Nervo glossofaríngeo. Nervo XM – Nervo vago. Nervo XIM – Nervo acessório. Nervo XIIM – Nervo hipoglosso. Para mais informações sobre nervos cranianos e suas funções, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 14 – Sistema Nervoso, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 529-542. ISBN: 8582712995. Sistema Nervoso Periférico · Medula Espinhal A medula espinhal é o segmento que se prolonga do tronco encefálico para o interior da coluna vertebral. Conduz informação sensorial e instruções motoras entre o encéfalo e a periferia do corpo. Em corte transversal, a medula espinhal apresenta as substâncias branca e cinzenta. A substância branca forma o córtex medular, enquanto a substância cinzenta está disposta centralizada, em formato da letra “H”. Entre cada par de vertebras, no espaço intervertebral, a medula espinhal emite raízes nervosas dorsais e ventrais de cada lado, formando os nervos espinhais. As raízes nervosas dorsais contêm fibras sensoriais (aferentes) e as raízes ventrais, fibras motoras (eferentes). Ao longo da medula espinhal existem regiões com aumento do diâmetro medular conhecidas como intumescências: cervical e lombar. Destas intumescências parte um complexo arranjo de fibras nervosas (nervos espinhais) chamadas de plexo, que seguem em direção aos membros torácicos e pélvicos para a inervação das musculaturas e periferias. Intumescência cervical – Plexo braquial. Intumescência lombar – Plexo lombossacro. · Meninges e líquido cefalorraquidiano O sistema nervoso é protegido por meninges. As meninges são formadas por um conjunto de camadas de tecido conjuntivo que rodeia o encéfalo e a medula espinhal. É composto por três camadas: dura máter, aracnoide e pia máter. Essas camadas contêm uma rede rica de vasos sanguíneos que fornecem a nutrição adequada para o encéfalo e a medula espinhal. O fluido, gordura e tecido conjuntivo promovem amortecimentos de impactos e distribuição nutricional para o SNC. Entre as camadas da meninge corre o líquido cérebro-espinhal ou cefalorraquidiano (LCR). Essa substância circula pelo encéfalo pelos ventrículos e na medula espinhal pelo canal central. Além da função de amortecimento, a composição química do líquido pode estar envolvida na regulação de algumas funções autonômicas, como respiração e vômito. Para mais informações sobre medula espinhal, acesse a Minha Biblioteca e leia o Capítulo 14 – Sistema Nervoso, do livro: KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. P. 496-500. ISBN: 8582712995. Tema 4Sistema Tegumentar Na pecuária é comum ser realizado o processo de descorna dos bovinos. Quais aspectos anatômicos podem ser preocupantes nesta técnica? O sistema tegumentar é o sistema mais extenso do corpo, que tem a responsabilidade de cobrir, proteger as estruturas subjacentes, formando uma barreira fundamental entre sua superfície, que é constantemente friccionada, arranhada, atacada por microrganismos, parasitas e submetida a exposições solares e substâncias químicas. O sistema tegumentar é formado pelos seguintes elementos: · Pele. · Pelos. · Coxins. · Glândulas cutâneas (sebáceas, sudoríparas). · Glândulas mamárias. · Tegumento digital e corno. Pele Formada por epiderme e derme. A epiderme é a camada mais superficial, com presença de pelos e glândulas sebáceas e sudoríparas. A derme é a camada profunda, composta por tecido conjuntivo que contêm vasos sanguíneos e inervações. Ambas as camadas apresentam constituição basicamente histológica. Informações sobre a pele e suas camadas serão exploradas na disciplina Histologia Animal. Pelos Estrutura fixada na pele, apresenta uma extremidade visível sobre a superfície da pele, chamada de haste, e a parte embutida dentro do folículo piloso é a raiz. A pigmentação