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Monografia Influência da Família na Aprendizagem da Criança

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Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ 
PRÓ REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
EDNEUSA BERNARDO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
 2015 
 
 
EDNEUSA BERNARDO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA 
 
Monografia apresentada à Coordenação 
do Curso de Psicologia do Centro 
universitário de João Pessoa- PB, como 
requisito parcial para a obtenção do título 
de Psicólogo com orientadora Profª Ms. 
Alexmara de Barros Medeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA 
 
 
 
 
 
 
S586i Silva, Edneusa Bernardo da. 
 Influência da Família na Aprendizagem da Criança 
 Edneusa Bernardo da Silva.- João Pessoa, 2015. 
 57f. 
 
 
 
 
Monografia (Curso Psicologia) 
 Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 
 
 CDU – 159.922.7 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA 
 
 
 
 
 
 
EDNEUSA BERNARDO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentado ao Curso de Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa – 
UNIPÊ, como requisito parcial para a obtenção do título de Psicóloga, obtendo 
Conceito ____________ 
 
 
Data _____/_______/______ 
 
( ) Aprovado 
( ) Reprovado 
 
 
 
BANCA AVALIADORA 
 
 
 
 
________________________________________________________________ 
Profª. Ms. Alexmara Barros de Medeiros 
(Orientadora - UNIPÊ) 
 
 
 
________________________________________________________________ 
Profª. Ms. Maria Neusa dos Santos. 
(Professora Convidada) 
 
 
 
________________________________________________________________ 
Profª. Ms. Jaqueline Vilar Greco Ramalho 
(Membro – UNIPÊ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao autor da minha vida e responsável pela 
minha fé, a Ele todo louvor, honra e adoração. 
Dedico ainda, ao homem que Deus me confiou 
como esposo, Pastor Antonio Carneiro de 
Oliveira Filho e ao meu pequeno gênio, 
Thomas Bernardo Carneiro de Oliveira. 
DEDICO! 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus por ter me possibilitado chegar até aqui. 
Ao meu esposo que pacientemente, e de forma incondicional, esteve presente em todo instante 
me carregando nos braços nos maiores momentos de angústia, desmotivação e 
desencorajamento. 
Ao meu príncipe e companheirinho Thomas Bernardo Carneiro, que contribuiu orando por 
mim e atendendo minhas demandas durante esse percurso, às vezes rindo de mim e outras 
vezes atendendo por pura obediência. 
As Psicólogas Julieny Meireles de Oliveira e Glaucielly Mª Falcão S. Pereira, que foram 
verdadeiras mentoras, incentivadoras e ajudadoras durante todo curso, em nada se abstendo 
nas trocas de conhecimentos e dúvidas que sempre emergiam. 
 Aos irmãos que fazem parte da Igreja Presbiteriana em Sapé que me sustentaram através das 
orações. 
A Profª. Ms. Maria Neusa dos Santos, chamada carinhosamente por todos de “Neusinha” que 
foi minha primeira orientadora, construindo comigo o Projeto de TCC e esteve muito presente 
nos primeiros capítulos. 
A minha atual orientadora Profª Ms. Alexmara Barros de Medeiros, que me pegou no 
caminho e aceitou me orientar sem nenhuma restrição. 
A Profª. Ms. Jaqueline Vilar Greco Ramalho, que gentilmente aceitou o convite para fazer 
parte da minha Banca e que deu grande contribuição através do material disponibilizado no 2º 
período em que lecionou a disciplina Psicologia do Desenvolvimento I. 
A profª. Kay Vieira, que me impulsionou a discorrer sobre o tema quando estava ainda em 
fase embrionária. 
Ao Psicólogo José Modesto, que tem me dado todo suporte nesse momento de tensão, 
ansiedade e medo, me levando a compreender que a monografia é uma criação minha. Meu 
muito obrigada a você Modesto, que a cada dia desperta minha consciência para a liberdade 
de ser eu mesma. 
Louvo a Deus por que no final do curso fui possibilitada estreitar os laços com Leandra, 
pessoa especial que hoje tenho o privilégio de chamar de amiga. 
Ao meu muito nobre Professor Aluísio Lopes, que possui uma Precondição que se configura 
em “um líder ou uma pessoa que experimenta uma confiança essencial na capacidade de 
as pessoas pensarem por elas”, e cujas condições fundamentais dentro de um processo 
facilitador, possibilitou recursos essenciais durante todo processo de construção da 
monografia, meu muitíssimo obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se a gente quiser modificar 
alguma coisa, é pelas crianças que 
devemos começar. 
Ayrton Senna 
 
 
RESUMO 
 
O estudo dentro de uma perspectiva bibliográfica tem como objetivo destacar a Influência da 
Família na aprendizagem da Criança. No tocante a esse processo, o primeiro capítulo faz um 
Trajeto histórico da Família abrangendo o sistema patriarcal, até os novos arranjos familiares, 
o segundo destaca os Estilos parentais e a importância da afetividade no processo de 
desenvolvimento da criança, e o terceiro abrange as Abordagens teóricas da aprendizagem, 
analisando a contribuição de Watson, Skinner e Bandura dentro de uma perspectiva 
Comportamental, e a teoria de Carl Rogers dentro de uma perspectiva Humanista. 
Considerando a atuação efetiva da família como a primeira extensão estimuladora do 
indivíduo, compreende-se que ela é responsável em fornecer as bases essenciais para que a 
criança possa desenvolver uma aprendizagem eficiente, proporcionando através dessa relação 
à construção de sua identidade, o equilíbrio emocional, o subsídio, e o fortalecimento das 
relações com seus pares. Ainda atuando como um instrumento norteador é função da família 
agregar os valores à criança dos quais são absorvidos e internalizados, tendo em vista a 
facilidade de aprender através da imitação e por meio de seus potenciais. Alguns desses 
valores inserem-se os culturais, religiosos, morais e éticos. Nesse espaço de construção, 
acontece assim o desenvolvimento integral da criança, que tende a perpassar a confiança para 
a sociedade na qual está inserida, relacionando-se positivamente com os professores e 
colegas. Conclui-se então que a criança possui um potencial inato no que tange a 
aprendizagem, e que o ambiente proporcionado pela família pode incentivar ou reprimir esse 
processo. 
Palavras-chave: Família. Aprendizagem. Criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The research within a bibliographical perspective aims to detach the influence of family on 
learning of children. Regarding this process, the first chapter makes a historical path of the 
family covering the patriarchal system, to the new family arrangements, the second highlights 
the Parenting styles and the importance of affection in thechild's development process, and 
the third covers theoretical Approaches of learning, analyzing Watson's contribution, Skinner 
and Bandura within a behavioral perspective, and the theory of Carl Rogers within a humanist 
perspective. Considering the activeness of the family as the first stimulating extension of the 
individual, it is understood that it is responsible to provide the essential foundation for the 
child to develop an efficient learning, providing through this relation the construction of their 
identity, emotional balance, the subsidy, and strengthening relations with their peers. Still 
acting as a guiding instrument is the family’s function to add the values to the child which are 
absorbed and internalized, considering the ease of learning through imitation and through its 
potential. Some of these values are part of the cultural, religious, moral and ethical. In this 
building space, happens the integral development of the child, which tends to pervade the 
confidence to the society in which it is inserted, relating positively with teachers and 
colleagues. It was concluded that the child has an innate potential when it comes to learning 
and the environment provided by the family can encourage or suppress this process. 
Key Words: Family. Learning. Child. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO...... ............................................................................................................. 09 
2 TRAJETO HISTÓRICO DA FAMÍLIA...........................................................................11 
2.1 MODELOS DE FAMÍLIA - PATRIARCAL AO PLURALISTA.....................................14 
2.2 DEFINIÇÕES DE FAMÍLIA.............................................................................................18 
3 MODELOS DE PAIS E A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA..............................................................................22 
3.1 ESTILOS PARENTAIS......................................................................................................24 
3.2 INTERAÇÕES AFETIVAS...............................................................................................29 
4 ABORDAGENS TEÓRICAS DA APRENDIZAGEM, CONSIDERANDO A 
PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL E HUMANISTA...............................................31 
 
4.1 COMPORTAMENTAL......................................................................................................33 
4.2 HUMANISTA.....................................................................................................................41 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................48 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................50 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Sabemos que a família é a maior responsável pela estruturação do indivíduo, e a sua 
participação ativa na vida da criança é fundamental para o desenvolvimento psicossocial. A 
família é ampliada com o surgimento dos filhos, legando a estes a descendência e 
consolidando assim o vínculo familiar. É ainda uma instituição desenvolvida por indivíduos 
unidos por laços consanguíneos ou de afinidade. 
Dentro desse contexto surgem então os filhos, e não se requer dos pais especialização 
em educação para dá suporte, especialmente, as crianças que apresentem algum grau de 
deficiência no que tange a aprendizagem. Todavia, Smith e Strick (2001) ressaltam a 
importância de tornar-se um “especialista” e identificar quais as dificuldades que ele está 
enfrentando para uma possível intervenção desenvolvendo um entendimento profundo sobre o 
que ele precisa para aprender. 
É na família que a criança desenvolve a capacidade de aprender, dada a sua facilidade 
em imitar os adultos e essas crianças, quando estimuladas tendem a reproduzir os 
conhecimentos adquiridos, perpassando para as fases posteriores de sua vida, sendo esse 
conhecimento potencializado na fase adulta. Dentro dessa perspectiva as relações da criança 
com sua rede familiar passam a ocupar um lugar privilegiado no que tange a esse processo. O 
lar familiar é o lugar responsável pela criança, pois é nesse meio afetivo, que a criança é 
recebida e recebe os primeiros cuidados e educação, mas também é um lugar onde os laços e 
conflitos são construídos de forma a criar os vínculos entre seus membros. Família também é 
o primeiro lugar onde se organiza o quotidiano da criança e esse percurso vai desde a 
linguagem até os valores que são agregados em sua vida. 
Compreendendo a criança como um agente que aprende, inicialmente, através da 
imitação e modelação, e que o seu desenvolvimento começa a partir das interações sociais, 
destacamos a família como o principal e especial agente dessas relações sociais, 
categorizando a influência da mesma, no processo de aprendizagem da criança. A criança, a 
partir das relações que vivencia no âmbito da família, desenvolve sua capacidade intelectual e 
tem mais facilidade para desenvolver uma aprendizagem de qualidade. 
A partir das relações que a criança vivencia na família, produz significações para 
construir sua subjetividade, portanto a família é o principal grupo responsável por nossa 
formação pessoal. A família transmite as normas e instrui pelo menos inicialmente, o que é 
normal e o que não é. A aprendizagem por ser um processo que envolve diversos fatores, é 
10 
 
imprescindível considerar os múltiplos aspectos que corroboram para que a criança evolua 
nesse campo. 
Buscando compreender através de estudos que tratam do tema da aprendizagem a 
partir de uma pesquisa bibliográfica, definida por Lima e Mioto (2007, p. 38) como “um 
conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, 
por isso, não pode ser aleatório”, a então pesquisa, pretende destacar a influência da família 
no que se refere à aprendizagem, pois é na família que ocorre a primeira vivência do ser 
humano, independentemente de sua vontade ou da constituição desta, portanto, a família é o 
espaço inicial para a formação psíquica, moral, social e espiritual da criança. 
A criança manifesta seu comportamento em conformidade com a educação recebida 
pelos adultos próximos, e essa influência direta e mediadora vai sendo transferida para as 
áreas em que ela está inserida a exemplo da escola que se transforma no segundo agente 
imediato socializador da criança. Quando a criança possui um espaço que possibilite sua 
aprendizagem, ela também está construindo sua própria condição para emergir esse 
aprendizado. 
Com base nesse apanhado o então trabalho, busca justificar a necessidade de existir 
um ambiente favorável que possibilite a aprendizagem da criança, entendendo que a família 
como um dos grupos responsáveis por nossa formação pessoal e sendo a primeira referência 
da criança é primordial na construção do saber. 
Abrangendo ainda o tema proposto, a criança como ser social estabelece sua primeira 
rede de relação no momento em que vem ao mundo, e essa interação com a família confere-
lhe o aprendizado ampliando-o para outras camadas de seu convívio, e isso inclui a escola que 
é um agente de produção do saber, preparando assim o indivíduo para conviver em sociedade. 
O resultado dessa investigação será de grande valia aos acadêmicos de Psicologia bem 
como profissionais da área de Educação porque possibilitará futuras intervenções valorizando 
a família no processo de aprendizagem da criança. Diante da relevância do tema, objetiva-se 
analisaratravés do enfoque Comportamental e Humanista a influência da família na 
aprendizagem da criança, investigando se o aprendizado da criança emerge com mais 
facilidade quando a família é atuante na educação dos filhos, enfocando a importância dessa 
assistência familiar no processo de ensino aprendizagem da criança e percebendo essa 
aprendizagem como resultado de uma ação conjunta entre a criança e a família. 
Estruturando a pesquisa em três capítulos cujo conteúdo do primeiro capítulo enfatiza 
a Influência da Família na Aprendizagem da Criança e o Trajeto Histórico da Família; no 
segundo, abordam-se os Estilos parentais e a importância da afetividade no processo de 
11 
 
desenvolvimento da criança; e no terceiro capítulo, Abordagens Teóricas da Aprendizagem 
considerando a perspectiva Comportamental e Humanista. 
 
2 TRAJETO HISTÓRICO DA FAMÍLIA 
 
Nesse capítulo pretende-se então conceituar a família na história da sociedade 
compreendendo o padrão vigente em cada período, sem perder de vista o papel de destaque na 
formação do indivíduo e por ser ela responsável em mediar às relações que este estabelece 
com o mundo desde a infância, fazendo um percurso desde os tempos antigos intercalando-se 
pela Idade Média, Moderna, Pós-Moderna e a Contemporânea. 
A organização social da família no modelo tradicional antigo, compreendido por Melo 
(2012), era numerosa e possuía um regime patriarcal cuja predominância era centrada na 
figura masculina. A formação da unidade familiar era uma obrigação do homem, registra 
Galano (2006, p. 120) em seu livro Família e história, ela relata que “A vida matrimonial só 
era vedada ao clero” (o que não o impedia na Idade Média que eles tivessem mulher e filhos, 
ainda que fossem considerados bastardos). Os casamentos eram realizados com base nos 
interesses econômicos e na conveniência onde a mulher era destinada a uma subserviência 
familiar, atrelada à fidelidade e a castidade. A educação era caracterizada pelo autoritarismo 
com base na violência e na opressão, os filhos não tinham vontade própria e deviam 
submissão total aos pais e aos mais velhos. Era uma relação pautada numa estrutura patriarcal 
e patrimonialista onde os pais exerciam plenos poderes para criar os filhos objetivando apenas 
a manutenção do patrimônio. 
Esse modelo é denominado por Duby (1998), como grupos de linhagem, considerando 
essa descendência unilinear através da transmissão patrimonial o que convergiam em vastos 
patrimônios. No inicio da Idade Moderna, descrito por Galano (2006), percebeu-se na Europa 
uma sucessão fechada como forma de resguardar o patrimônio. Um único herdeiro se 
configurava para assumir os bens familiares denominadas como família tronco, os outros 
filhos eram instruídos a ocupação de posições relevantes na sociedade. Esta era uma estratégia 
familiar para preservar os bens e fortalecer as relações entre os irmãos. Às mulheres eram 
excluídas do direito sucessório no caso de casamento com estranhos devido o abandono do 
próprio clã. 
No final do século XVII adentrando para o século XVIII na Europa, Ariès (1986), 
relata a mudança que se notabilizou no ambiente familiar que foi caracterizado pelo vínculo 
afetivo entre os cônjuges, entre os pais e os filhos. Esse sentimento de família, segundo ele, 
12 
 
aflorou em consonância com o sentido de infância objetivando um melhor cuidado para com 
as crianças. Houve uma reclusão da família que antes interagia coletivamente, para uma 
relação de intimidade, transferindo o valor social da linhagem para a família conjugal. Essa 
passagem consolidou a família como a base dos Estados tornando-a célula social. A visão da 
vulnerabilidade da criança agora passou a ser contemplada em grande escala, surgiram à 
preocupação com sua educação, saúde, futuro e sentimentos de afetividade, bem como o 
desejo de trazê-la para o aconchego familiar e dentro dessa nova concepção surgem os novos 
arranjos familiares. 
De acordo com Ariès (2006), os serviços eram transmitidos às crianças por intermédio 
de um mestre que tinha a incumbência de repassar toda bagagem de conhecimentos, a 
experiência prática, e o valor humano que pudesse possuir. Nesse período a infância 
compreendia o nascimento e se desdobrava até os sete anos de idade, de forma que, as 
crianças recebiam um tratamento pelos adultos de igual para igual, era introduzido 
vestimentas que os concebia como adultos em miniatura e seus comportamentos eram 
moldados ao comportamento adulto. Não havia um traje apropriado à infância, isto é, “a Idade 
Média vestia indiferentemente todas as classes de idade, preocupando-se apenas em manter 
visíveis através da roupa os degraus da hierarquia social” (p.32). 
As crianças eram rigorosamente preparadas para exercer funções domésticas 
recebendo tratamento igualitário, através disso sua capacidade na realização de tarefas era 
absorvida do mundo adulto e perpassada para gerações futuras. Rodrigues (2009) relata que 
naquele período, a criança aprendia através da prática. Os afazeres domésticos não eram 
classificados como abusivo e instituíam uma forma comum de educação tanto para ricos, 
como para pobres. 
Nesse período, as crianças recebiam tratamento semelhante aos animais domésticos, 
não existia vínculo de afeto paterno ou materno (OSÓRIO 1996). A mortalidade era 
considerada natural entre crianças com alguma limitação mental ou física, elas eram 
descartadas ou permutadas por algo de valor sem nenhum sentimento de compaixão, e com a 
aprovação da própria mãe que não expressava nenhuma emoção. Nesse segmento histórico, 
Shaffer (2008), registra que as crianças não possuíam nenhum direito e elas eram pouco 
valorizadas pelos familiares mais velhos. 
Nesse contexto a família se inseria em um padrão de sociabilidade onde não sobressaia 
expressões de afeto, não havia vínculos amorosos. Durante séculos a prática do infanticídio 
era comum, e só foi abolida pela igreja no século XVII conforme registra Rocha (2002), 
porém, mesmo com a proibição da ação infanticida, as crianças indesejadas eram 
13 
 
abandonadas nos campos para morrer ou negociadas como escravas ou objetos para serem 
exploradas sexualmente ao alcançar a meninice (DeMAUSE, 1974 apud SHAFFER, 2008). 
Pesquisas arqueológicas citadas por Shaffer (2008) mostram sacrifícios religiosos 
realizados pelos antigos cartagineses onde as crianças depois de mortas eram colocadas nas 
paredes das construções com o objetivo de fortalecer as estruturas. Os meninos de Esparta 
eram submetidos a um regime rigoroso sendo treinados para uma servidão de um Estado 
militar, os bebês recebiam banhos frios como forma de “endurecê-los”, eles eram retirados 
aos sete anos de suas casas e postos em barracas públicas, ocasião em que eram espancados e 
subalimentados como forma de adquirir disciplina e assim tornarem-se guerreiros. 
Medeiros (2006) registra que na Idade Média, havia uma seleção para as mulheres na 
execução de tarefas, elas eram separadas por categorias, as solteiras se responsabilizavam de 
lavar e tecer, as mães ficavam na incumbência de cuidar dos filhos, a cozinha e os 
adolescentes ficavam sob os cuidados das mulheres de meia idade, e as camponesas 
conciliavam as tarefas domésticas com o trabalho na agricultura como forma de ajudar os 
maridos. Se referindo a família camponesa, Osório (1996) a exemplifica como responsável 
pela produção dos bens vitais e de proteção, cuja incumbência era a provisão das condições 
básicas de existência onde castigos eram aplicados como forma de punir seus membros. 
Com o surgimento da Idade Contemporânea surge uma nova mentalidade, a antiga 
aristocracia perde terreno, a burguesia avança para uma classe industrial emergindo duasclasses novas, os empregados e empregadores e com essa nova sociedade inaugura-se uma 
nova proximidade física entre as pessoas, o que facilita as interações por meio de laços 
afetivos sob a mira da competência e profissionalismo com base numa proximidade 
emocional. Nesse novo modelo criam-se relações na base da afetividade, no seio familiar 
passa a existir disciplina menos rígida e agora a legislação liberal aprova divisão igualitária 
dos bens familiares assegurando o bem estar dos descendentes, muito embora o status não 
seja mais herdado, e sim conquistado. O papel social é reconhecido da profissão e é algo 
intransferível, como o status não é dado, nem garantido, é essencial o aperfeiçoamento do 
jovem tendo em vista um mundo cada vez mais competitivo (GALANO, 2006). 
Somado a esses acontecimentos os novos arranjos familiares vão ganhando espaço e a 
criança conquista seu status como seres de direito. Esse novo modelo familiar tem 
provocando transformações nas relações, introduzindo novos papéis, mas continua exercendo 
um papel essencial na vida do indivíduo. De origem distinta ou não, a família transfere para a 
futura descendência um nome, um modelo cultural, um costume de vida moral, ético e 
religioso. 
14 
 
Apesar dessas modificações e transformações ao longo de sua evolução social, a 
família, no entanto, continua sendo a instituição primeira onde ocorre a vivência do indivíduo 
e isso independente de como se configura amparada pelo artigo 227 da Constituição Federal 
de 1988, que diz que: 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar, a criança e ao adolescente, 
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
lazer, a profissionalização, à cultura, além de colocá-los a salvo de toda a forma de 
negligência, discriminação, exploração, crueldade e opressão (BRASIL, 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988 art. 227). 
 
 
Segundo Kaloustian (2004), a família assegura a sobrevivência e proteção dos filhos, 
assim como de seus demais membros, é ela o canal dos aportes afetivos e materiais 
indispensáveis ao desenvolvimento e bem-estar dos seus descendentes. É o que vamos 
explorar visualizando esses novos perfis, desde a família patriarcal aos novos arranjos 
familiares que continuam exercendo influência na vida dos indivíduos. 
 
2.1 MODELOS DE FAMÍLIA - PATRIARCAL AO PLURALISTA 
 
Considerando que, é nesse ambiente familiar onde começa as primeiras relações 
humanas, afetivas, e emocionais da criança, e ela enquanto ser social, por depender da família 
durante todo processo de desenvolvimento queremos destacar, portanto a Família 
Tradicional que permanece organizada e cuja composição se dá por meio da relação 
heterossexual constituída por filhos. Ela sofre influência do meio social, consegue se adaptar, 
mas permanece rígida no tocante a esse modelo. Mesmo nesse padrão a mulher se redescobre 
através de suas conquistas, apesar de ter uma independência financeira, ela ainda busca 
conciliar seu lado maternal controlando a quantidade de filhos que deseja e supervisionando a 
organização do lar. Sobre essa questão Biasoli-Alves (2004), sustenta que o trabalho das 
mulheres externo ao ambiente doméstico ocasionou distintas alterações na vida familiar, 
valorizando sua liberdade de escolha e gerando modificações na família e no casamento. As 
mulheres, segundo a autora, se apresentam com menor inclinação para uma maternidade 
extensa optando pela liberdade e maior autonomia no processo de escolha do cônjuge, e 
consequentemente com menos interdições do companheiro em suas novas conquistas. 
Devido às novas configurações de arranjos familiares inseridos na sociedade 
contemporânea, não mais é possível conceituar família dentro de uma ótica 
nuclear/tradicional constituída por pai e mãe, que coabitam e mantem um relacionamento 
15 
 
sexual socialmente aprovado gerando dessa relação pelo menos um filho. Dentre os novos 
arranjos de família surgem o modelo Monoparental, constituída por apenas um dos pais seja 
do lado materno ou paterno; inclui-se também a legitimação da Família homoafetiva, 
constituída por configuração de vínculos de afeto entre pessoas de mesmo sexo; definida por 
Carmut e Faquim (2014), como uma dissociação entre sexualidade e procriação, podendo 
usufruir das várias possibilidades de experienciar a parentalidade. Uma dessas possibilidades 
ocorre por meio da reconstituição, quando um dos parceiros traz os filhos do casamento 
anterior, destacando ainda, outra possibilidade através da adoção, e também por meio da co-
parentalidade em que a criança é gerada por um dos membros do casal com uma parceria 
biológica integrando esse filho no núcleo parental possibilitado pelo pai ou mãe homoafetivo. 
Inclui-se também nesse novo perfil, o modelo de Família recomposta que são as 
famílias reconstituídas após o divórcio, considerando a flexibilidade na nossa legislação civil 
que consente essa nova forma de recasamento e cujo fenômeno está muito em evidência. Isso 
segundo Girão, Nogueira e Targino (2012, p. 42), 
 
Significa dizer que o núcleo conjugal pode dar lugar à outra formação seja com a 
morte de um dos cônjuges, dando origem as famílias monoparentais, seja com a 
separação, onde ambos podem refazer sua vida com outro indivíduo constituindo 
famílias reconstituídas, ou por intermédio dos filhos, que podem originar outra 
organização familiar: homoafetiva, nuclear, dando sequência ao ciclo vital da 
família. 
 
 
Essa possibilidade emergiu como forma de reconquistar laços afetivos de intimidade, 
reciprocidade e companheirismo, segundo o entendimento de Carmut e Faquim (2014). 
Os modelos apresentados se diferem e se estabilizam de conformidade com os padrões 
vigentes de cada sociedade como forma de se adequar às novas mudanças, e isso introduz 
uma nova mentalidade no que se refere às crianças e o seu papel, que no decorrer da história 
passou por processos de pluralização tantos nos aspectos sociais, econômicos, culturais e 
políticos. Sarmento (2004) narra a trajetória das crianças durante sua evolução, ressaltando 
que ela tinha um papel de utilidade durante o período medieval. Aos sete anos já estava 
inserida no grupo dos adultos e era participante ativa na economia da família absorvendo a 
responsabilidade profissional dos pais, e exercendo uma função esperada pela sociedade. 
Dando segmento, Galano (2006) traduz a família moderna como uma família que se 
opõe à sociedade patriarcal, procurando legalizar o casamento direcionado pelos sentimentos 
e emoções. Ainda segundo ela, a revolução sexual leva à união pelo desejo e reivindica o 
prazer. Dentro desse contexto, existe uma disciplina menos rígida, destacando se um novo 
16 
 
mundo onde se oportuniza aos jovens condições para sua independência, existe uma 
autonomia expansionista através do trabalho longe da interferência paterna. 
Associado a isso, as novas configurações ganham força com a regulamentação do 
divórcio é o que relata Cerveny (2002), a separação da união não acaba com a família, mas 
produz uma transformação, ou seja, há uma alteração nessa estrutura com a dissolução do 
casamento, embora a família, enquanto organização se mantenha. Essas novas formas de se 
relacionar foram incorporadas na sociedade atual acrescentando uma nova prática cultural, 
com isso, surge também à família canguru, quando filhos adultos retornam ao lar ou 
permanecem nele, mesmo adquirindo autonomia financeira. 
Com a queda da taxa de fecundidade facilitada através dos meios contraceptivos, 
agregado com o aumento no nível de instrução da população feminina, estes fatores vêm 
contribuindo gradativamente com a inserção da mulher no mercadode trabalho e dentro desse 
novo contexto o papel da mulher se altera de tal forma que se torna impensável um retrocesso 
ao passado, porém Galano (2006) constata uma situação ambígua, na medida em que veio a 
emancipação das mulheres na conquista dessa independência, ao mesmo tempo aflora uma 
situação ambígua, pois aliada a essa emancipação, está também atrelada à exploração, pois 
realizavam as mesmas funções, tinham uma carga horária maior, não recebiam o mesmo 
tratamento e também não desfrutava das mesmas condições de trabalho, mas é nesse período 
que o indivíduo descobre livremente seu novo estilo de vida, novos papéis sociais são 
incorporados e o espaço da família torna-se um espaço privado. 
Registra-se ainda pela autora, a perda da hegemonia da igreja católica com o advento 
protestante e o homem ocupa um lugar central. Uma nova mudança de mentalidade se 
estabelece, e é recriado o espaço familiar onde os aposentos tem uma atividade específica, 
dando um novo sentido à intimidade. 
A despeito dessa pluralização, buscamos retratar as relações que se estabelecem na 
sociedade atual através dos vínculos desenvolvidos por intermédio da família, seja tradicional 
ou inserida nesse novo modelo. De acordo, com Amazonas et al, (2003), ela é a pioneira no 
processo de socialização e é nela que se constrói o primeiro ambiente de interação, atuando 
como mediadora principal dos padrões, referência e influências culturais. Dentro dessa linha 
de entendimento, a família é responsável para garantir a continuidade e bem estar dos seus 
membros de forma coletiva, zelando pela assistência e o bem estar da criança assegurando sua 
proteção. 
Dentro dessa contextualização da família, observamos uma sociedade mutante com 
inúmeras vivências, mas que continua sendo um sistema de relações que muda no tempo, 
17 
 
porém se consolida através das gerações. Esse breve panorama apresentado a respeito da 
família patriarcal através de sua historicidade, nos remete a vários outros conceitos e modelos 
de família, mas é pertinente assimilar que a vivência da criança acontece dentro desse âmbito, 
o que nos permite vislumbrar que essa vivência é responsável pelo desenvolvimento dela 
desde a sua formação, conforme descreve Assis e Luca (2009, p.4). 
 
Considerando-se que desde o nascimento o comportamento do indivíduo é modelado 
pelo comportamento dos familiares mais próximos, especialmente dos pais, a 
relação familiar corresponde a um dos fatores que determina os processos de 
conduta da criança, que, por sua vez, pode influenciar na formação da personalidade. 
 
 
Kamers (2006) traduz a família como a matriz simbólica essencial à constituição do 
indivíduo postulando que é através dela que são transmitidos os interditos necessários à 
cultura, considerando-a, uma instituição universal cuja responsabilidade retém as bases 
sociais isso, independe de sua configuração fenomenológica. 
Shaffer (2005/2008) retrata as visões da infância nos dias modernos traçando o perfil 
das atitudes relacionadas às crianças durante os séculos XVII e XVIII cujas mudanças 
aconteceram a partir da compreensão de líderes religiosos da época, que passaram a enxergar 
as crianças como seres inocentes e frágeis de forma que as mesmas deveriam ser resguardadas 
dos comportamentos de selvageria e descuido por parte dos adultos, e enfatiza que a escola 
seria o lugar que possibilitaria a realização desse objetivo. 
Ariès (1962) proferido por Shaffer (2005/2008) menciona que as crianças apesar de 
consideradas como propriedade da família, os pais agora eram impulsionados a não mais 
abusar dos filhos e educá-los na base do afeto e entusiasmo. 
Meira e Centa (2008, p. 216) consideram que: 
 
Refletir sobre família, portanto, é adentrar no mundo da realidade, do imaginário, do 
sonho e da utopia. É relembrar o passado, viver o presente, e pensar no futuro, é 
entender como o ontem interfere no hoje e como este direciona o amanhã. É ver que 
a família perpassa a temporalidade, escrevendo a sua história. 
 
 
Meditando sobre a família neste contexto pré-moderno, moderno e pós-moderno 
visualiza-se sua especificidade de conformidade com cada conjuntura, onde se observa 
conquistas, progressos e mudanças, influenciando e sendo influenciada, sem perder de vista 
sua relevância no exercício de sua função. 
 
 
 
18 
 
2.2 DEFINIÇÕES DE FAMÍLIA 
 
A família hoje pode ser definida com base em vários correntes de pensamentos 
podemos conceituar a família dentro de uma perspectiva Psicológica, Sociológica, 
Antropológica, através da sua historicidade ou até mesmo dentro de um contexto jurídico, 
como bem define Biasoli-Alves (1997, p.33). 
 
As diferentes áreas do conhecimento mostram que são inúmeros ângulos pelos quais 
se pode olhar a família. Trazendo cada um deles uma contribuição diversa para a sua 
compreensão. Pode-se pensá-la do ponto de vista psicológico, como se pode analisá-
la sob o prisma social, cultural ou segundo a evolução histórica em determinadas 
sociedades e mesmo a partir das leis que regem a sua formação e dissolução. 
 
 
Para a Psicologia, segundo Carnut e Faquim (2014), a família é uma união de pessoas 
que vivem em uma composição de hierarquia convivendo através de uma ligação afetiva 
resistente, nela se inclui uma relação de cuidado entre os membros adultos e por meio deles, e 
para com as crianças e idosos que surgem dentro desse contexto. Pode ser também percebida 
como um círculo de indivíduos, que livremente escolhe conviver afetivamente, assumindo 
compromisso mútuo de respeito entre as faixas etárias. Analisando essa perspectiva, se 
compreende que a proposta acolhe a família como uma unidade coerente dentro de uma 
relação interpessoal, originada de forma impositiva ou não, e que se ressalta uma relação de 
hierarquia e cuidado entre seus componentes. 
Há uma modificação no conceito de família que se altera de conformidade com o tipo 
de sociedade na medida em que sofre as novas influências sociais. Dentro do contexto 
sociológico, Carnut e Faquim (2014, p.63) definem a família como: 
 
Um grupo que apresenta organizações estruturadas para preencher as contingências 
básicas da vida biológica e social. Trata-se de uma unidade social básica, ou seja, o 
grupamento humano mais simples que existe, por isso a família é a instituição básica 
da sociedade. 
 
 
 Ainda dentro da visão sociológica, entendida pelos pesquisadores acima citados, 
concebe-se que a família incorpora o caráter de unidade primária e sem ela não seria possível 
uma ligação interpessoal com os demais membros da mesma espécie, impossibilitando assim 
a coletividade entre os indivíduos. 
A família é a gênese do ser humano e este por sua vez, aprende a repetir todo 
repertório incorporado nela para sua sobrevivência e perpetuação. Conceituada por Dessen e 
19 
 
Polônia (2007, p.22) “Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a família 
constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão 
imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado grupo social”. Esta também 
é a posição do Professor e mestre em Sociologia Paulo Silvino Ribeiro (2015), que pondera 
que, se a família é à base do processo de socialização dos indivíduos, é imprescindível que 
sua estrutura esteja alicerçada dentro de um contexto de harmonia, respeito e lealdade entre 
seus membros, considerando a relevância e influência que ela exerce na vida de cada um 
deles. Ele continua tratando do tema refletindo na família enquanto grupo, buscando 
compreendê-la como um fenômeno social em meios às transformações sofridas dentro da 
sociedade; 
 
Considerando-se que a vidasocial é algo fundamental à existência e sobrevivência 
dos seres humanos enquanto indivíduos, é na família que se dá início ao processo de 
socialização, educação e formação para o mundo. Os grupos familiares 
caracterizam-se por vínculos biológicos, mas sua constituição ao longo da história 
em todos os agrupamentos humanos não se limitou apenas ao aspecto da procriação 
e preservação da espécie, mas tornou-se um fenômeno social 
(RIBEIRO, 2015, p.1). 
 
 
 É possível conceituar a família como uma instituição responsável pelo processo de 
desenvolvimento físico, intelectual, moral, emocional e social do indivíduo, atuando 
positivamente ou negativamente no crescimento deste. Como contexto de desenvolvimento 
humano, Dessen e Polônia (2007, p. 22) afirma que, “a família presente em todas as 
sociedades, é um dos primeiros ambientes de socialização do indivíduo atuando como 
mediadora principal dos padrões, modelos e influências culturais”. Nessa linha de 
compreensão, Almeida (2003) incorpora também os processos tecnológicos no seio familiar, 
que possibilitadas pelo uso, ocorrem transformações inovadoras em sua estrutura, em sua 
organização e nos padrões, se estendendo aos membros de forma a facilitar a troca de 
conhecimentos e as formas de interação no cotidiano delas. Apesar de tantas mudanças a 
família resiste e continua no exercício de suas atribuições comportando os novos papéis de 
seus integrantes que tendo os hábitos modificados, continua a exercer essa afinidade 
construída no decorrer da história. 
Stratton (2003) apud Dessen e Polonia (2007), refere-se que a definição de família e 
essa nova configuração surgiu para reafirmar as relações que se organizam na sociedade 
contemporânea. Não é mais possível configurar uma família ideal, considerando as 
combinações e as múltiplas formas de interação que permeiam os indivíduos, o que é 
destacado por Setton (2002, p.111), 
20 
 
Como um fenômeno universal, é possível afirmar que a família é uma instituição 
que evolui conforme as conjunturas socioculturais. Não é um agente social passivo. 
Sua história recente revela um poder de adaptação e uma constante resistência em 
face das mudanças em cada período 
 
 
Também percebido como um sistema social, a família tem a grande incumbência de 
transmitir os valores, crenças, e os significados presentes na sociedade, tendo ainda grande 
contribuição no comportamento dos indivíduos, especificamente na vida das crianças, que por 
intermédio dessa influência, passa a compreender o mundo e construir suas relações sociais. 
 Dentro desse contexto, Dessen e Polonia (2007), definem a família como a base de 
aquisição do conhecimento humano, com definições culturais peculiares que originam 
modelos de semelhança interpessoal e de constituição particular e coletiva. 
Os acontecimentos experienciado dentro da família possibilitam a construção de 
repertórios “Essas vivências integram a experiência coletiva e individual que organiza, 
interfere e a torna uma unidade dinâmica, estruturando as formas de subjetivação e interação 
social” (DESSEN; POLONIA, 2007, p.22). 
 Por ser concebida como a primeira instituição dentro da sociedade responsável pela 
formação de cidadãos conscientes e capazes para a convivência social, tanto no aspecto 
educacional, interpessoal e profissional, a família tem essa função a partir da concepção, em 
virtude da proteção e educação que será transmitida através dela. Durante o período de 
desenvolvimento é essencial estabelecer vínculos para a preparação dessa convivência social e 
profissional. 
Podemos assim definir que a principal função da família é acolher o indivíduo 
preparando-o como cidadão capaz de atuar na sociedade e interagir dentro dela 
compreendendo seus muitos papéis, é o que afirmam Girão, Nogueira e Targino (2012, p. 43). 
 
A família é um agente transmissor de valores que são produto de relações sociais 
desenvolvidos no seu cotidiano, nesse sentido, ela possui um papel importante ao 
desempenhar suas funções sociais. Assim, é dever da família inserir seus filhos no 
convívio social, para que estes se reconhecem como cidadãos dotados de deveres e 
direitos. 
 
 
Corroborando com esse pensamento Lobo (2004) analisa que sempre se atribuiu à 
família, no decorrer da história, funções diversificadas podendo destacar dentro dessa 
constante evolução a vida religiosa, política, econômica e procracional. É importante definir a 
família como a base da sociedade atual, atuando como unidade em que todo indivíduo esteja 
inserido para formação do caráter e construção do seu eu social. 
21 
 
Almeida (2007) traduz a ideia de função social como um instrumento originado da 
própria origem do termo, função que deriva do latim, cujo significado remete a cumprir algo, 
preencher uma tarefa, ou seja, exercer uma finalidade, fazer funcionar. Seguindo esse 
raciocínio, destacamos a posição de Smith e Strick (2001) que afirmam ser a confiança social 
responsável pelo êxito escolar e que uma grande parte das crianças tem suas habilidades 
sociais formadas a partir dos comportamentos que são copiados à sua volta, portanto, é dentro 
da família que esse comportamento vai sendo ajustado, de forma a moldar a noção do que é 
certo e do que é errado, reforçando esse entendimento as autoras afirmam que: 
 
Não existe dúvida, porém, de que o desenvolvimento social e emocional é 
igualmente importante para o sucesso e o bem estar de um indivíduo. Também, não 
restam dúvidas de que a influência mais poderosa sobre o crescimento social e 
emocional de uma pessoa jovem é a família (SMITH; STRICK, 2001, p. 191). 
 
 
Pratta e Santos (2007), ressaltam que as normas e os valores que interiorizamos dentro 
da família se conservam em toda nossa trajetória se estendendo durante a fase adulta servindo 
de base nas tomadas de decisões e na adoção de comportamento durante todo percurso. Sendo 
assim a família tem como finalidade estabelecer os elos entre as gerações mais jovens e as 
futuras, promovendo a adequação dos indivíduos às exigências estabelecidas pela sociedade 
que fixa padrões e normas. 
 Durante todo percurso histórico mesmo sofrendo influências do meio, a família deve 
preservar a sua função como educadora, papel que não deve em hipótese alguma ser 
negligenciado. Nesse exercício constante de perpassar os valores, costumes e conhecimentos a 
família deve se equipar para dá continuidade nesse processo, de forma a contribuir na 
produção de indivíduos que se adequem dentro de uma sociedade, ainda que mutável, mas 
que continua ao longo dos tempos padronizando normas que precisam ser respeitadas 
conscientemente ou obrigatoriamente, ressaltando que o indivíduo que é preparado para 
interagir com seu meio social, desenvolve sua autonomia e consegue facilmente conviver com 
as constantes transformações. 
Não é possível pensar no bem estar da criança, sem pensar em família. Pensar em 
família é refletir sobre a complexidade de fatores que envolvem o mundo familiar observando 
sua realidade, buscando compreender seu modo de viver no mundo. “A família é o espaço de 
inclusão e acolhimento da criança, no qual ela deve receber amor, afeto, proteção e segurança, 
cabendo à família a função socializadora da criança” (MEIRA; CENTA, 2008, p.161). 
22 
 
Conceituando a família dentro de uma perspectiva social podemos defini-la como um 
conjunto de pessoas em permanente interação, destacando seu importante papel na vida do 
individuo desde a infância até a fase adulta, mesmo que ao longo da história tenha sofrido 
modificações e continue recebendo novas influências, mas,permanece sendo uma instituição 
organizada e compreendida como o cenário de segurança e acolhimento o que serve de eixo 
para sua valorização como a base de todo desenvolvimento humano. 
Não se concebe perceber o bem estar da criança dissociada da família, discorrer a 
família é analisar uma gama de variáveis que a compreendem. 
Com base no que já foi explorado sobre a temática da família pode-se compreendê-la 
como um instrumento de norte para a adequação do indivíduo na sociedade, pois nela 
centraliza as possibilidades de socializá-lo gerando as identificações futuras uma vez que ela é 
promotora de referenciais e paradigmas na formação de cada cidadão. É importante que a 
família não perca de vista o papel essencial que desempenha na vida das crianças e o quanto 
essa influência é responsável pelo desenvolvimento de aptidões ao longo de seu crescimento 
social e emocional. 
 
3 MODELOS DE PAIS E A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 
 Shaffer (2005/2008) refere-se ao desenvolvimento como “continuidades sistemáticas e 
mudanças no indivíduo que ocorrem desde a concepção [...] até a morte” (p. 2). Ainda 
segundo ele, o desenvolvimento compreende dois processos: maturação e a aprendizagem, o 
primeiro corresponde ao desenvolvimento biológico do indivíduo através do código genético 
cujo material hereditário é repassado dos pais aos filhos na concepção e através desse 
processo o ser humano tem a capacidade de andar, de pronunciar as primeiras palavras, atingir 
a maturidade sexual e chegar ao envelhecimento seguido da morte. 
No que tange a aprendizagem como o segundo processo do desenvolvimento, o autor 
citado acima, descreve como “um processo pelo qual nossas experiências produzem 
mudanças relativamente permanentes em nossos sentimentos, pensamentos e 
comportamentos” (p. 2). 
Ele exemplifica que muito embora certo grau de maturação física seja essencial para 
que a criança tenha a capacidade de exercer algumas atividades, existe a necessidade de uma 
cuidadosa instrução para que elas adquiram as habilidades necessárias, e muitas dessas 
habilidades não são meramente decorrentes de um grande plano da natureza e que o sentir, o 
23 
 
pensar, a forma de se comportar e novos repertórios, são agregados a partir da observação e 
interação com os pais, professores, e outros personagens respeitáveis em nossas vidas 
somados a experimentação de eventos, o que se traduz em “resposta às ações e reações das 
pessoas que nos cercam” (p. 3). 
A aprendizagem por ser um processo multifatorial, é imprescindível considerar alguns 
aspectos que corroboram para que a criança evolua nesse campo, diante dessa diversidade 
destaca-se a atuação da família que é o primeiro grupo de interação do ser humano. 
 De acordo com Sousa (2012, p.5), 
 
A primeira vivência do ser humano acontece em família, independentemente de sua 
vontade ou da constituição desta. É a família que lhe dá nome e sobrenome, que 
determina sua estratificação social, que lhe concede o biótipo específico de sua raça, 
e que o faz sentir, ou não, membro aceito pela mesma. Portanto, a família é o 
primeiro espaço para a formação psíquica, moral, social e espiritual da criança. 
 
 
Tendo por base a família como agente social onde a criança inicia sua primeira 
interação, pode se destacar que é nos cuidadores que elas se refletem no decorrer dos anos, e 
dentro desse sistema familiar advém às condições necessárias ao desenvolvimento da 
aprendizagem da criança que será facilitado pelos pais ou cuidadores. 
Conforme Belsky (2010, p. 234) “Já sabemos o que os pais de modo geral precisam 
fazer: é imprescindível promover um apego seguro e ser sensível às necessidades especiais de 
tratamento de cada criança”. Volling e Elins, (1998) apud Dessen e Polonia, (2007) citam as 
figuras parentais como grandes influenciadores dos filhos na construção dos vínculos afetivos, 
da autoestima e do autoconceito e, ainda, estabelecem modelos de semelhanças que são 
transmitidos para outras interações sociais, por exemplo, “pais punitivos e coercitivos podem 
provocar em seus filhos comportamentos de insegurança, dificuldades de estabelecer e manter 
vínculos com outras crianças, além de problemas de risco social na escola e na vida adulta” 
(p. 4). 
Smith e Strick (2001) reforça a necessidade do afeto e da aceitação, e assegura que as 
crianças desprovidas de um teto, de uma segurança ou de um lar estabilizado tem mais 
dificuldade em conquistar essa aceitação, em detrimento das crianças que estão usufruindo 
desses componentes. 
Com base no que já foi explorado, Belsky, (2010) lança uma discussão oportuna onde 
se pressupõe que o ambiente familiar é o fator crucial na determinação do destino das crianças 
e traça um questionamento ilustrando a figura de alguns pais surpreendentes, e que, no 
24 
 
entanto têm crianças com problemas assombrosos, bem como crianças bem sucedidas na fase 
adulta advindos de situações de iminente perigo, e remete a discussão para crianças resilientes 
que são crianças com capacidade de recuperação frente a sérios traumas vivenciados na 
infância e afirma: “O fato de que os vínculos afetivos são importantes demonstra que o triunfo 
sobre as probabilidades requer uma criação adequada”. “As crianças não podem ser bem 
sucedidas se não tiverem ao menos um adulto amoroso em suas vidas” (p. 238). 
É importante o reconhecimento pelos pais do papel decisivo que exercem nas crianças 
para que seja possibilitado o desenvolvimento de sua competência para a vida e 
aprendizagem. É primordial que a família acredite na capacidade dos filhos, essa postura 
reflete na forma como eles se percebem. 
 
3.1 ESTILOS PARENTAIS 
 A função da família como mediadora primeira encarregada pelo acolhimento da 
criança desde o nascimento cujos cuidados são essenciais no que se refere à alimentação, 
higienização, a transmissão de afeto entre outros, é por intermédio dela “que se concentram as 
possibilidades de constituição de pessoas enquanto sujeitos e cidadãos [...] principal doadora 
de identidade e responsável pela produção de comportamentos” (AMAZONAS, et al 2003, p. 
11). 
Segundo Smith e Strick, (2001), alguns atributos pessoais caracterizados em 
indivíduos excepcionalmente flexíveis, fazem a diferença entre pessoas medianas e notáveis. 
Essa competência social segundo as autoras, também tem um impacto sobre o nível de 
conforto com o qual o indivíduo funciona no mundo real. A habilidade para começar e 
sustentar relacionamentos é imprescindível para uma boa qualidade de vida, e é um suporte 
essencial na construção da autoestima. 
 
Não existe dúvida, porém, de que o desenvolvimento social e emocional é 
igualmente importante para o sucesso e o bem estar de um indivíduo. Também não 
restam dúvidas de que a influência mais poderosa sobre o crescimento social e 
emocional de uma pessoa jovem é a família (SMITH ; STRICK, 2001, p. 191). 
 
 
A família também tem a responsabilidade de transmitir as regras e os limites para que 
haja a adequação das crianças dentro de um sistema de normas, mas é necessário habilidade 
na forma de repassar essas regras ponderando os impactos que elas podem causar na criança, 
de acordo com Smith e Strick (2001), a capacidade em discernir entre o que é certo ou errado 
25 
 
ocorre por intermédio de estágios e a interpretação incorreta de algumas situações envolvendo 
a criança, pode equivocar os pais na leitura que fazem dela convencendo-se de que ela pode 
ser má, quando, na realidade está externalizando um comportamento inocente. 
Conforme as autoras, de acordo com os especialistas, crianças com menos de dois 
anos não tem um senso real de certo ouerrado, o que parece ser inofensivo aos olhos delas 
são praticados pela incapacidade de entender o que são regras, exemplificando que uma 
punição pelo toque na genitália, ou a quebra de um objeto, se torna um ato de crueldade, o que 
nesse caso poderia ser corrigido distraindo a criança de um determinado comportamento que 
não seja apreciado pelos pais. 
 Belsky (2010) nos apresenta quatro estilos parentais (pais democráticos e 
competentes, pais autoritários, pais permissivos, e pais rejeitadores) estabelecidos por 
Diana Baumrind na década de 1970, que faz um enquadramento de estilos parentais se 
baseando na forma de como os pais se alinham dentro dessas dimensões. 
 Os pais democráticos e competentes tendem a se destacar na atenção e na fixação de 
regras. Muito embora transmitam uma relação de liberdade e muito amor, apresentam padrões 
de condutas consistentes para os filhos estabelecendo horários para dormir, estudar, executar 
tarefas em casa, no entanto, são abertos ao diálogo quando é preciso uma negociação com os 
filhos. Esse modelo se sobressai porque acreditam em uma educação com base no diálogo, 
compreendendo que as regras não tem precedência sobre as necessidades humanas. 
Os pais autoritários também considerados inflexíveis cujo lema é “obedecer às regras 
acima de tudo” não negociam horários estabelecidos. Eles geralmente amam os filhos com 
intensidade, mas seus estilos se apresentam com muita rigidez. 
 Pais permissivos amam incondicionalmente, porém negligenciam o cumprimento de 
horários partindo do entendimento que as necessidades das crianças têm predominância. 
 Pais rejeitadores/negligentes se destacam por ser um modelo negativo, não oferecem 
estrutura nem sentimentos afetivos de amor. Essa educação não cria vínculos emocionais com 
os filhos que são literalmente entregues ao descaso para tomarem conta de si mesmo. 
 Smith e Strick (2001), também designam três modelos de pais adotados de práticas de 
criação, o primeiro é denominado de pais rígidos, cujas regras são fixadas no autoritarismo 
onde são exigidos padrões extremos e pouca tolerância ao descumprimento. Esses padrões são 
reforçados através de ameaças ou punição, sem oportunizar escolhas às crianças. Os pais 
rígidos tendem a inspirar medo e ressentimento nos filhos o que podem convergir em 
retraimento, desconfiança e descontentamento. 
26 
 
 O segundo modelo está inserido os pais permissivos que apesar de carinhosos e ternos, 
não põe limites. Esses pais aceitam a impulsividade dos filhos e as regras raramente são 
obedecidas dando liberdade às crianças, mas negligenciando-as em outras áreas. As crianças 
educadas por pais permissivos gera falta de estrutura e referenciais de modelos efetivos, o que 
gera comportamentos irresponsáveis, desorganizados e instáveis. Mannarino, (2008, p. 32) 
reforça esse entendimento afirmando que “se os pais não derem limites desde cedo aos filhos, 
logo eles encontram um espaço e exercitam este comportamento”. 
 O terceiro modelo abrange pais esclarecidos, esse padrão apresenta firmeza para 
obediência, porém, existe uma disposição em esclarecer as razões das regras e há uma 
voluntariedade na escuta à criança. Esse modelo fixam regras e não eliminam a punição, mas 
também na medida com que punem os erros, reconhecem e recompensam o bom 
comportamento o que contribui para a valorização e independência das crianças. Esse modelo 
é o mais aceitável, pesquisas indicam que pais esclarecidos, inspiram nos filhos confiança e 
respeito tornando-os mais responsáveis, autoconfiantes, cooperativos e criativos. 
 A comunicação entre pais e filhos com base no diálogo e na relação de reciprocidade é 
essencial para agregar os valores e as regras sociais, o que corrobora na formação do caráter 
tanto quanto no processo de aprendizagem, condição que não pode ser perdido de vista em 
virtude de favorecer o crescimento pessoal bem como, o crescimento profissional. 
É o que afirma Melo (2000, p. 6): 
 
Independente da evolução social e das modificações no modelo de família, esta 
ainda é e sempre será o ente responsável pela formação da personalidade e do 
caráter da criança. Por isso, é a família que deverá fornecer as bases educacionais e 
todo o apoio necessário à escola para que a criança tenha um pleno desenvolvimento 
escolar, social e de caráter. 
 
 
Schultz e Schultz (2011) relatam em um livro publicado no ano de 1928 pelo 
Psicólogo behaviorista John B. Watson, intitulado Psychological care of the infant and child, 
cujo conteúdo apresenta uma crítica severa na forma de se educar as crianças naquele 
contexto, acusando os pais de incompetentes e que muitos deles deveriam ser processados por 
assassinato psicológico, o livro continha conselhos rígidos, abalizados na forma behaviorista 
de educar crianças. O sistema de educação infantil proposto por Watson era um sistema 
regulador e não permissivo inserido numa visão estritamente ambientalista onde segundo ele, 
na forma behaviorista de educar os filhos, os pais nunca devem: 
 
27 
 
Abraçar e beijar, jamais as deixem sentar no colo. Quando estritamente necessário, 
beijem, mas apenas uma vez na testa ao lhes dar boa noite. Pela manhã, 
cumprimentem-nas com um aperto de mão. Afaguem lhes a cabeça, caso realizem 
muito bem uma tarefa extremamente difícil [...] vocês perceberão como é fácil serem 
perfeitamente objetivos com os filhos e ao mesmo tempo gentis. Vocês se sentirão 
totalmente envergonhados da forma sentimental e insípida de como os estavam 
tratando. (WATSON, 1928, p. 81-82, apud SCHULTZ; SCHULTZ, 2011, p. 262). 
 
 
 Os autores relatam que o livro se popularizou influenciando as práticas americanas no 
que tange a educação infantil incluindo a educação de seus filhos, norteada por essas 
orientações. Seu filho James, relembra o pai como um homem impossibilitado de evidenciar 
afeto com ele e seu irmão e descreve Watson como um homem “insensível, emocionalmente 
reservado, incapaz de expressar e lidar com qualquer sentimento ou emoção própria [...] 
nunca fomos beijados ou carregados no colo quando crianças; [...] era totalmente proibido na 
família” (p. 262). É ainda trazido pelos autores que Rosalie, a esposa de Watson, ao escrever 
um artigo para uma revista cujo título trazia “I am the mother of a behaviorist’s sons” (“Sou 
mãe dos filhos de um behaviorista”), afirmava reverenciar a proposta da ciência behaviorista, 
mas, discordava publicamente dos métodos de educação infantil proposto por ele, e 
desabafou: 
 
Desejo secretamente que em razões de afeto (das crianças) demonstrem certa 
fraqueza quando crescerem, que sejam capazes de ter lágrimas nos olhos diante de 
uma poesia ou de um drama da vida e sintam palpitações de paixão [...] Gosto de ser 
alegre e jovial e de rir bastante (SCHULTZ; SCHULTZ, 2011, p. 263). 
 
 
 Garcia (2002) afirma que na Abordagem Centrada na Pessoa, envolvendo tanto o 
processo avaliativo quanto o psicoterápico, é imprescindível a participação dos pais, a criança 
não deve ser contemplada como única no mundo, mas deve ser visualizada como um ser de 
relações, ela exemplifica que a função de um terapeuta está fundamentalmente vinculada com 
a comunicação em parceria com os pais e cuidadores, essa comunicação estabelecida entre os 
pais e a criança em conjunto com o profissional torna-se primordial para o crescimento e 
desenvolvimento da criança. 
 Refletindo na citação acima não se concebe a criança como um ser passivo, autômato, 
mas que tem necessidade de se relacionar, de criar vínculos e esse processo inclui a presença 
ativa dos pais mediante qualquer circunstância que a envolve, a autora exemplifica a pessoa 
do terapeuta, mas que pode ser representada pelade um professor bem como de outras figuras 
que fazem parte do contexto social da criança. 
28 
 
As autoras Smith e Strick (2001) e Belsky (2010) referem-se aos pais democráticos 
como o modelo que mais privilegia o diálogo e a negociação, esses pais respeitam a fala dos 
filhos e estão vigilantes as suas demandas respeitando as etapas de evolução da criança. O 
modelo democrático exerce uma autoridade fundamentada no diálogo, e através da 
negociação. Em atenção a isso Assis e Luca (2009, p. 6) alertam que: “Filhos de pais 
democráticos tendem a ter níveis altos de autocontrole e autoestima, melhor capacidade de 
enfrentar novas situações e persistência em suas tarefas. Geralmente são interativos, 
independentes e carinhosos”. 
Compreende-se então que os pais que possuem um estilo democrático são mais 
acessíveis a uma relação de estreitamento com os filhos, pois na medida em que os apoiam, 
também fixam regras, o que torna a relação respeitável e harmoniosa, esse ambiente propicia 
o surgimento de uma aprendizagem substancial e aprofundada. 
Ríos-González (1994) apud Wagner et. al (2005) elencam três diferentes formas de 
comunicação destacando a comunicação aberta, profunda e afetiva, 
 
Nas famílias onde os membros podem manifestar seus sentimentos e 
questionamentos sem sentirem-se ameaçados, provavelmente existe uma 
comunicação aberta, profunda, responsável e afetiva Nesse sentido, quanto menor 
for o nível de desacordo entre pais e adolescentes, melhor se dará o desenvolvimento 
das relações familiares (p. 277). 
 
 
Considerando as famílias cuja dinâmica são rígidas, a dificuldade na comunicação 
envolvendo pais e filhos tendem a ser maior, provocando a desconfiança dos filhos em relação 
aos pais devido à falta de habilidade para identificar as mudanças que ocorrem com eles. No 
que se refere à comunicação fechada, pode se identificar o excesso de autoridade dos pais 
dentro de uma relação à base de ordens e ameaças onde não há um espaço para manifestação 
dos sentimentos e dissipação de dúvidas pelos filhos. Os autores citados por Wagner et al 
(2005) conclui que as famílias que mantém uma comunicação superficial e fechada “os 
membros se relacionam superficialmente e conversam apenas sobre assuntos que fazem parte 
do cotidiano da família, num caráter convencional” (p. 277). 
Moreno (2004, p. 227), exemplificando o estilo parental democrático afirma que esse 
modelo “está associado com bons níveis de competência social [...] são essas crianças que 
mostram um desenvolvimento de conceitos morais mais avançados, que manifestam mais 
conduta pró-social [...] e que evidenciam autoestima mais positiva”. 
29 
 
A crítica a esse enquadramento de pais democráticos de Baumrind, apesar de oferecer 
um modo correto de educar os filhos dá lugar a um questionamento que impulsionou uma 
pesquisa dentro de famílias para classificarem seu estilo parental e dos respectivos cônjuges, 
considerando, que as crianças não são expostas a um único estilo parental, nesse caso, como 
as abordagens poderiam se contrabalancear caso um deles tivessem estilo diferente, o fato é 
que não se sabe, no entanto, o diferencial está na valorização do que a outra pessoa traz para a 
família, ou, no mínimo concordar em discordar, mas o que se pode afirmar é que as brigas no 
que tange as disciplinas envenenam a vida familiar (BESLKY, 2010). 
 
3.2 INTERAÇÕES AFETIVAS. 
 O afeto se configura como um elemento agregador inserido na família. Através dos 
vínculos afetivos presente nas relações, as capacidades humanas tendem a ter um melhor 
desenvolvimento. É salutar os pais educar e criar os filhos sem abster-se da atenção necessária 
para a formação da personalidade é o que afirma Chalita (2001). 
Biaggio (2011, p. 290) afirma ser, “a ligação afetiva responsável pela formação das 
primeiras relações entre mãe e o bebê, protótipos de todas as relações sociais futuras”. 
A afetividade estimula o desenvolvimento afetivo da criança tendo em vista o grau de 
satisfação gerado nela a partir dessa relação. A criança que tem essa ligação afetiva com os 
pais se apresenta com muita intensidade nas relações, ela é responsável nas tomadas de 
decisões quando surgem situações em que é necessário fazer uma escolha. Conforme Fabrino 
(2012), o afeto permeia a vivência do ser humano desde sua gênese e se estende até a sua vida 
adulta. 
A partir do afeto as relações são definidas no âmbito familiar, nas relações sociais de 
amizade, e influenciam na tomada de decisões. Na hora de optar entre o que é importante ou 
prioridade, a criança que convive em um lar afetivo livremente escolhe o que é prioridade, ela 
é precisa no desenvolvimento de estratégias quando se faz necessário escolher em situações 
de dúvidas, ao mesmo tempo em que também transfere essa relação de afeto tanto para as 
pessoas que a cercam, quanto para os animais, entre estes, até os que não tão domesticáveis. 
O lar familiar que está envolvido numa esfera de afetividade possibilita a autonomia 
da criança a lidar com algumas situações que requeira ação criativa por parte dela para a 
resolução do problema sem a perda do seu equilíbrio, o que é bem compreendido por Dessen 
e Polônia (2007, p. 24), 
 
30 
 
Os laços afetivos formados dentro da família, particularmente entre pais e filhos, 
podem ser aspectos desencadeadores de um desenvolvimento saudável e de padrões 
de interação positivos que possibilitam o ajustamento do indivíduo aos diferentes 
ambientes de que participa. Por exemplo, o apoio parental, em nível cognitivo, 
emocional e social, permite à criança desenvolver repertórios saudáveis para 
enfrentar as situações cotidianas. 
 
 
 A afetividade assegura o desempenho da criança desde a execução dos trabalhos mais 
simples aos mais complexos, ela consegue vislumbrar as impossibilidades dentro de uma 
ótica possível, de forma que traduz as dificuldades em situações inovadoras e consegue 
soluções imediatas para o que almeja alcançar. Os laços afetivos garantem o reforço 
psicológico e social entre os membros familiares, possibilitando o enfrentamento do estresse 
gerado por situações do cotidiano (OLIVEIRA; BASTOS, 2000). 
 Maslow postulava o amor como um dos pré-requisitos para a autorrealização na 
infância nos dois primeiros anos de vida. “Se a criança for segura e confiante nesse período, 
assim o será na vida adulta, sem o amor, a estabilidade e o respeito por parte dos pais será 
difícil o indivíduo na vida adulta atingir a autorrealização” (MASLOW, 1970, apud, 
SCHULTZ; SCHULTZ, 2011, p. 415). 
 Krueger (2011) cita a afetividade dentro da perspectiva Piagetiana como um dos 
elementos básicos do desenvolvimento, e que esta abarca sentimentos, valores, emoções entre 
outros. 
Com base nesse apanhando identificamos que a família exerce um impacto 
significativo e tem grande influência no comportamento dos indivíduos, principalmente nas 
crianças, que assimilam as múltiplas formas de existir, de encarar o mundo e 
consequentemente, será responsável em estabelecer as relações com seus pares reproduzindo 
todo comportamento socialmente, construído dentro do espaço familiar, o que é bem 
traduzido por Dessen e Polonia (2007, p. 2), 
 
É por meio das interações familiares que se concretizam as transformações nas 
sociedades que, por sua vez, influenciarão as relações familiares futuras, 
caracterizando-se por um processo de influências bidirecionais, entre os membros 
familiares e os diferentes ambientes que compõem os sistemas sociais, dentre eles a 
escola, constituem fator preponderante para o desenvolvimento da pessoa. 
 
 
 Moreno (2004) destaca um princípio chave da teoria do apego, ressaltando que a 
relaçãosegura da criança estabelecida com a mãe ou cuidador é transferida para a relação de 
outros apegos que a criança estabelece, considerando que o apego seguro facilita a exploração 
do ambiente, compreendendo o ambiente social, e posteriormente às interações com os pares, 
31 
 
salientando que as crianças transferem para essas relações o estilo de conduta desenvolvido 
com os responsáveis de apego iniciais. Considera ainda, que nessa relação de apego seguro, 
há uma transferência da reciprocidade, da compreensão e da empatia e através dessas 
relações, há uma internalização de ideia sobre si mesmo, uma autoestima, uma capacidade de 
iniciativa e de entusiasmo que depois são muito apreciadas pelos pares. 
 
 
4 ABORDAGENS TEÓRICAS DA APRENDIZAGEM, CONSIDERANDO A 
PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL E HUMANISTA 
 
A aprendizagem dentro do contexto da Psicologia tem como objetivo investigar as 
mudanças que incidem no indivíduo por meio da interação deste com o mundo, objetiva-se 
nesse capítulo, compreender esse processo a partir da apropriação de conhecimentos 
adquiridos pela criança que são transmitidos socialmente através da experiência humana 
inserido em seu contexto social, essas incontáveis interações se iniciam a partir do nascimento 
e vai se estendendo durante todo percurso de forma a habilitá-la para conviver em sociedade. 
Compreendendo que a aprendizagem é construída a partir das relações com o 
ambiente, tendo como referencial a família cuja responsabilidade começa na fase inicial da 
vida da criança, pretende-se então conceituar aprendizagem para obter uma melhor 
compreensão de como ela se processa no indivíduo, e como a família em parceria com a 
criança pode contribuir para que ela ocorra de forma responsável, dinâmica e eficiente através 
de um ambiente de cuidados que proporcione condições necessárias para que seja uma 
aprendizagem com excelência de forma a estimular a criança, e assim favorecer essa 
construção de conhecimentos. 
Os suportes teóricos utilizados foram extraídos da teoria de alguns pesquisadores que 
se posicionaram acerca desse complexo processo de aprendizagem envolvendo a criança, 
entre eles destaca-se a contribuição de Watson, Skinner, Bandura e Rogers que deram grande 
contribuição para os processos de desenvolvimento e aprendizagem humanos, abrangendo 
mecanismos indispensáveis para que a criança tenha uma aprendizagem satisfatória durante 
seu desenvolvimento. 
 Para abordar a temática aprendizagem, é necessário recorrer às diversas linhas de 
pensamento que explicam de maneira peculiar esse fenômeno, antes, porém, vamos recorrer à 
definição de Davis e Oliveira (1994, p. 20) que compreendem a aprendizagem como: 
 
32 
 
O processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da 
experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a criança 
aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos, especialmente com os 
adultos e com outras crianças mais experientes. 
 
 
Para Mehlecke (2000) a aprendizagem que é um processo pelo qual se adquire 
conhecimentos por meio do estudo, da vivência, da instrução, da experiência entre outros, ela 
pode ser considerada como um método em que o homem se apropria do conhecimento 
produzido pela sociedade de modo que, em qualquer lugar em que ele esteja inserido, pode se 
dar um processo ativo de modo a produzir transformações no indivíduo, essa confiança social 
confirma o êxito escolar, pois as crianças com boas desenvolturas interpessoais interagem 
positivamente com os professores e com seus colegas de sala. Esses alunos estão mais 
predispostos a apresentar suas conquistas, e, quando enfrentam problemas, tendem a pedir 
ajuda (SMITH ; STRICK, 2001). 
De acordo com Bock (2006) para a Psicologia não é simples conceituar aprendizagem 
considerando as diversas possibilidades que ela apresenta. Dando continuidade, a autora 
citada afirma que: [...] “a Psicologia transforma a aprendizagem em um processo a ser 
investigado” (p. 114). Em nosso dia a dia somos influenciados por duas vertentes de 
pensamentos, uma delas consiste em “destino traçado” de forma a não exercer tanta influência 
sobre nosso desenvolvimento ou nascemos como uma “folha em branco” onde toda 
aprendizagem seria algo adquirido ao longo da vida. 
Davis e Oliveira (1994) alertam para a necessidade de se entender esse complexo 
processo no sentido de reconhecer a natureza social da aprendizagem, visto que as formas de 
refletir e as informações viventes numa sociedade são apropriados pela criança. As autoras 
reforçam que a criança recebe ajuda direta do adulto bem como de outra criança mais 
experiente, no sentido de ser orientada e de como proceder através de gestos e instruções 
verbais em situações interativas, segundo as autoras, essa “interação entre adultos e crianças, 
e entre crianças, portanto, é fundamental na aprendizagem” (p. 22). 
Para Vigotsky (1991) a aprendizagem sempre compreende relações entre os 
indivíduos, e a relação que o indivíduo tem com o mundo está sempre mediada pelo outro. Na 
opinião de Bandura, descrita por Schultz e Schultz (2011), a aprendizagem ocorre através da 
observação do comportamento, ou seja, por meio de modelos, a partir da observação se 
fundamenta os próprios padrões. 
Igna (2011) aborda relatos de professoras se referindo a família como responsável pelo 
desenvolvimento integral (e normal) das crianças, compreendendo a noção de que elas 
33 
 
carecem e devem ser compreendidas em sua totalidade, uma vez que era atribuída à família, à 
função de estimular e promover o desenvolvimento físico, e emocional, de seus filhos. Ela 
relata que, “ao associar família com desenvolvimento infantil, e este último com 
aprendizagem, às professoras posicionavam a família como sendo responsável pelo fracasso 
escolar dos filhos” (IGNA, 2011 p. 25). 
Diante dessa explanação, buscamos a luz das teorias comportamental e humanista, as 
explicações sobre a aprendizagem e a influência da família durante esse processo que se inicia 
na infância. Objetiva-se tratar dessa relação, aprendizagem da criança em conjunto com a 
família, buscando através da Teoria Humanista de Carl Rogers o referencial teórico para 
subsidiar a monografia no decorrer de sua construção, sem perder de vista as contribuições 
que as demais teorias deram durante toda história da Psicologia, salientado que em todas as 
teorias se faz necessário à figura de um adulto para que esse processo ocorra, sem os quais, 
seria impossível que a criança tivesse condições de fazer esse percurso sozinha. 
 É necessário que a família disponibilize os recursos essenciais para que a criança 
possa absorver o conhecimento e tenha autonomia para crescer e apreender novos 
conhecimentos, e nessa trajetória a criança seja possibilitada externalizar todo seu potencial 
sem impedimentos, de uma forma livre e responsável, acolhida por um ambiente favorável, 
estimulante, e afetivo. 
 
4.1 PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL 
 
 De conformidade com Goulart (2010, p. 26), “essa perspectiva parte do princípio de 
que o ambiente e as experiências são fatores determinantes do comportamento humano”. 
Bock (2002) fazendo alusão as Teorias da Aprendizagem onde se encontra um número 
significativo de teorias, reúne-as em duas categorias denominadas teoria do 
condicionamento e as teorias cognitivistas. Correspondendo ao primeiro grupo, estão 
inseridas as teorias que compreendem a aprendizagem através das consequências 
comportamentais cujas condições ambientais são forças propulsoras da aprendizagem 
podendo ser definida como “a conexão entre o estímulo e a resposta. Completada a 
aprendizagem, estímulo e resposta estão de tal modo unidos,

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