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O evangelho de SÃO LUCAS , CADERNOS DE ESTUDO BIBLICO O evangelho de SÃO LUCAS Com introdução, comentários e notas de Scott Hahn e Curtis Mitch e questões para estudo de Dennis Walters Tradução de Alessandra Lass ECCLESIAE O evangelho de São Lucas: Cadernos de estudo bíblico 1• edição-março de 2015-CEDET Título original: Catholic Study Bible: 1he Gospel of Luke -© Ignatius Press. Os direitos desta edição pertencem ao CEDET - Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico Rua Ângelo Vicentin, 70 CEP: 13084-060 - Campinas -SP Telefone: 19-3249-0580 e-mail: livros@cedet.com.br Editor: Diogo Chiuso Editor-assistente: Thomaz Perroni Tradução: Alessandra Lass Revisão: Thomaz Perroni Editoração & Capa: Renan Santos Comelho Editorial· Adelice Godoy César Kyn d'Ávila Diogo Chiuso Silvio Grimaldo de Camargo � ECCLESIAE - www.ecdesiae.com.br Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fococópfa, gravação ou qualquer meio. ÍNDICE INTRODUÇÃO A ESTE ESTUDO • 7 Inspiração e inerrância bíblica • 8 Auto ridade bíblica • 9 Os sen tidos da Sagrada Escritura • 10 Critérios para a in terp retação da Bíblia • l 3 Usando este estudo • l 5 Colocando tudo em perspectiva • l 7 Uma nota final • l 7 INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE LUCAS • l 9 Auto ria • 19 Data• 19 Destinatários • 20 Estrutura • 20 Temática • 2 l ESQUEMA DO EVANGELHO DE LUCAS • 23 O EVANGELHO DE LUCAS • 2 5 Estudo da palavra: Recebeu • 3 3 Mapa: O re i n o de He rodes no nasc imento de Jesus • 34 Ensaio sobre u m tópico: Maria , a Arca da Aliança • 3 5 Ensaio sobre um tóp ico: O censo de Quir ino • 41 Quadro: As paráb o l as de Jesus • 68 Estudo da palavra: Êxodo • 7 4 Mapa: A peregr in ação dos j udeus da Gal i l é i a a Jerusalém • 78 Estudo da palavra: Crianc inhas • lo 2 Ensaio sobre um tópico: Jesus , o Fi lho do Homem • 102 Mapa: A viagem fi na l p ara Jerusa lém • 108 Estudo da palavra: Memória • l 2 l QUESTÕES PARA ESTUDO • l 3 O INTRODUÇÃO A ESTE ESTUDO vocÊ ESTÁ SE APROXIMANDO da "palavra de Deus". Esse é o título mais freqüente mente atribuído à Bíblia pelos cristãos e é uma expressão rica em significado. Esse é também o título atribuído à segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Deus Filho - Jesus Cristo, que se encarnou para a nossa salvação "e é chamado pelo nome de Palavra de Deus" (Ap 19, 13; cf. Jo l, 14).1 A palavra de Deus é a Sagrada Escritura. A Palavra de Deus é Jesus. Essa associa ção sutil entre a palavra escrita de Deus e sua Palavra eterna é intencional e presente na tradição da Igreja desde a primeira geração de cristãos. "Toda a Escritura divina é um único livro, e este livro é Cristo, 'já que toda Escritura divina fala de Cristo, e toda Escritura divina se cumpre em Cristo'2" (CIC 134). Isto não significa que a Escritura é divina da mesma maneira que Jesus é divino. Ela é, antes, divinamente inspirada e, como tal, é única na história da literatura universal, assim como a En carnação da Palavra eterna é única na história da humanidade. Podemos dizer ainda que a palavra inspirada assemelha-se à Palavra encarnada em muitos e importantes aspectos. Jesus Cristo é a Palavra de Deus encarnada; em sua humanidade, Ele é como nós em todas as coisas, exceto no pecado. A Bíblia, enquanto obra escrita pelo homem, é como qualquer outro livro, exceto pelo fato de não conter erros. Tanto Cristo quanto a Sagrada Escritura nos são dados "para nossa salvação" ,3 diz o Concílio Vaticano II, e ambos nos fornecem a revelação definitiva de Deus. Portanto, nós não podemos conceber um sem o outro - a Bíblia sem Je sus, ou Jesus sem a Bíblia. Um é a chave interpretativa do outro. É por que Cristo é o sujeito e o assunto de toda a Escritura que São Jerônimo afirma que "ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo"4 (CIC 133). Ao aproximarmo-nos da Bíblia, então, nós nos aproximamos de Jesus, a Palavra de Deus; e para que o encontremos de fato, devemos abordá-lo através de um estudo devoto e piedoso da palavra inspirada de Deus, a Sagrada Escritura. Jo l, 14: "E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade". A tradução brasileira dos textos bíblicos utilizada ao longo de todo este estudo é a da Bíblia da CNBB (NE). 2 Hugo de São Vítor, De arca Noe, 2, 8: PL 176, 642; cf. ibid., 2, 9: PL 176, 642-643. 3 Dei Verbum, 11. 4 Dei Verbum, 25; cf. S. Jerônimo, Commentarii in luziam, Prologus: CCL 73, 1 (PL 24, 17). 7 Cadernos de estudo bíblico INSPIRAÇÃO E INERRÂNCIA BÍBLICA5 A Igreja Católica faz afirmações admiráveis em relação à Bíblia. É essencial para nós, se quisermos ler a Escritura e aplicá-la à nossa vida do modo como a Igreja pre tende que o façamos, que reconheçamos essas afirmações e as admitamos. Não basta que simplesmente concordemos, acenando positivamente com a cabeça, quando lemos as palavras "inspiradà', "única" ou "inerrante". É preciso que saibamos o que a Igreja quer dizer com esses termos e, depois, nos é necessário tornar pessoal essa compreensão. Afinal de contas, a forma como cremos na Bíblia influenciará inevita velmente o modo como vamos lê-la. E o modo como lemos a Bíblia, por sua vez, é o que determina o que nós "tiramos" de suas páginas sagradas. Esses princípios são válidos independentemente do que estamos lendo - uma reportagem de jornal, um aviso de "procura-se", uma propaganda, um cheque, uma prescrição médica, uma nota de despejo .. . O modo como lemos essas coisas (ou até, se as lemos ou não) depende muito de nossas noções pré-conceituadas a respeito da autoridade e confiabilidade de suas fontes - e também do potencial que têm de afetar diretamente nossa vida. Em alguns casos, a má interpretação da autoridade de um documento pode levar a conseqüências terríveis; noutros casos, pode nos im pedir de desfrutar certas recompensas das quais temos o direito. No caso da Bíblia, tanto as conseqüências quanto as recompensas envolvidas têm valor definitivo. O que quer dizer a Igreja, então, ao endossar as palavras de São Paulo - "Toda Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3, 16)? Uma vez que, nessa passagem, o termo "inspiradà' pode ser entendido como "soprada por Deus", segue-se então que Deus soprou sua palavra na Escritura assim como você e eu sopramos ar quando falamos. 5 Na linguagem cotidiana, o termo "errante" costuma significar "andar a esmo", "andar sem rumo" ou "vaguear"; "inerrante", nesse sentido, se diria de algo que "anda com prop6sito", "com destino cerro". No entanto, o termo "inerrância" é empregado aqui no sentido estrito de "sem erros", mesmo - e assim também "inerrante" quer dizer "que não erra". Poder-se ia dizer "infalível", porém o autor faz uma clara distinção entre esses dois termos - "inerrante" e "infalível" - quando diz, mais à frente, que "o mistério da inerrância bíblica é de âmbito ainda mais abrangente que o de sua infalibilidade". A distinção esclarece que o autor está se referindo à escrita da Bíblia como inerrante, enquanto que se refere à interpretação do que foi escrito como infalível- dois adjetivos distintos para duas etapas distintas da relação com o texto sagrado: a escrita e a interpretação da escrita. Ambas são feitas pelo proprio Espírito Santo e, portanto, não podem falsear. - Na Carta Encíclica Divino Aj/lante Spiritu, de setembro de 1943, o Papa Pio XII diz da doutrina da inerrância bíblica: •O primeiro e maior cuidado de Leão XIII foi expor a doutrina relativa à verdade dos Livros Sagrados e defendê-la dos ataques contrários. Por isso em graves termos declarou que não há erro absolutamente nenhum quando o hagiógrafo, /alando de coisas foicas, se atém ao que aparece aos sentidos; como escreveu o Angélico [Sto. Tomás de Aquino], exprimindo-se ou de modo metafórico, ou segundo o modo comum de falar usadonaqueles tempos e usado ainda hoje em muitos casos na conversação ordinária mesmo pe/,os maiores sábios'. De fato, 'não era intenção dos escritores sagrados, ou melhor, do Espírito Santo que por eles falava - são palavras de Sto. Agostinho -, ensinar aos homens essas coisas - isto é, a íntima constituição do mundo visível - que nada importam para a salvação'. {..] Nem pode ser taxado de erro o escritor sagrado, se aos copistas escaparam algumas inexatidões na transcrição dos códices' ou se é incerto o verdadeiro sentido de algum passo'. Enfim, é abs(Jlutamente vedado 'coarctar a inspiração unicamente a algumas partes da Sagrada Escritura ou conceder que o próprio escritor sagrado errou; pois que a divina inspiração 'de sua natureza não só exclui todo erro, mas exclui-o e repele-o com a mesma necessidade com que Deus, suma verdade, não pode ser autor de nenhum erro. Esta é a fé antiga e constante da Igreja" (NE). 8 O evangelho de São Lucas Isso significa que Deus é o autor primordial da Bíblia. Certamente Ele se serviu tam bém de autores humanos para essa tarefa, mas não é que Ele simplesmente os assistiu enquanto escreviam, ou então aprovou posteriormente aquilo que tinham escrito. Deus Espírito Santo é essencialmente o autor da Escritura, enquanto que os escritores humanos o são instrumentalmente. Esses autores humanos escreveram francamente tudo aquilo - e somente aquilo - que Deus queria: é a palavra de Deus nas exatas palavras de Deus. Esse milagre da dupla-autoria se estende a toda a Escritura e a cada uma de suas partes, de modo que tudo o que os seus autores humanos afirmam, Deus também afirma através de suas palavras. O princípio da inerrância bíblica decorre logicamente do princípio de sua divina autoria. Afinal de contas, Deus não mente, e nem erra. Sendo a Bíblia divinamente inspirada, nela não pode haver erro algum quanto àquilo que seus autores, tanto o divino quanto os humanos, afirmam ser verdadeiro. Isso quer dizer que o mistério da inerrância bíblica é de âmbito ainda mais abrangente que o de sua infalibilidade - a saber, o de que é garantido que a Igreja sempre nos ensinará a verdade em tudo aquilo que disser respeito à fé e à moral. É claro que o manto da inerrância sempre cobrirá também o campo das questões de fé e moral, mas ele se estende para mais longe ainda, no sentido de nos assegurar de que todos os fatos e eventos da histó ria de nossa salvação estão apresentados de modo exato na Escritura. A inerrância bíblica é a nossa garantia de que as palavras e os feitos de Deus narrados na Bíblia são verdadeiros e lá estão unificados, declarando numa só voz as maravilhas de seu amor salvífico. A garantia da inerrância bíblica não quer dizer, no entanto, que a Bíblia é uma enciclopédia universal, que serve a todos os propósitos e cobre todos os campos de estudo. A Bíblia não é, por exemplo, um compêndio das ciências empíricas - e não deve ser tratada como tal. Quando os autores bíblicos relatam fatos de ordem natural, podemos ter a certeza de que estão falando de modo puramente descritivo e "fenomenológico", de acordo com a maneira como as coisas se apresentaram aos seus sentidos. AUTORIDADE BÍBLICA Implícito nessas doutrinas6 está o desejo de Deus de se fazer conhecido por todo o mundo e de estabelecer uma relação de amor com cada homem; mulher e criança que Ele criou. Deus nos deu a Escritura não apenas para nos informar ou nos moti var; mais do que tudo, Ele quer nos salvar. É este o principal propósito que perpassa cada página da Bíblia - e cada palavra sua, na verdade. 6 As doutrinas da inspiração, da inerrância e da dupla-autoria da Bíblia (NE). 9 Cadernos de estudo bíblico No intuito de se revelar, Deus usa aquilo que os teólogos chamam de "acomoda ção". Às vezes Ele se inclina para se comunicar conosco por "condescendêncià' - ou seja, Ele fala à maneira dos homens, como se Ele tivesse as mesmas paixões e fraque zas que nós temos (por exemplo, quando Deus diz que "se arrependeu" de ter feito o homem sobre a terra, em Gn 6, 6). Noutras vezes, Ele se comunica conosco por "elevação" - ou seja, dotando as palavras humanas de um poder divino (por exem plo, através dos profetas). Os inúmeros exemplos de acomodação divina na Bíblia são a expressão do modo sábio e paternal de proceder de Deus. Com efeito, um pai sensitivo fala com seus filhos tanto por condescendência, usando um palavreado in fantil, ou por elevação, trazendo o entendimento do filho a um nível mais maduro. A palavra de Deus é, portanto, salvífica, paternal e pessoal. Justamente porque fala diretamente conosco, nós nunca devemos ser indiferentes ao seu conteúdo; afinal de contas, a palavra de Deus é, ao mesmo tempo, objeto, causa e sustento da nossa fé. Ela é, na verdade, um teste para a nossa fé, uma vez que nós só vemos na Escritura aquilo que nossa fé nos faz ver. Se nosso modo de crer é o mesmo da Igreja, vemos na Escritura a revelação salvífica e inerrante de Deus, feita por Ele mesmo. Se cremos de modo distinto, vemos um livro totalmente distinto. Esse teste é válido e aplicável não só aos fiéis leigos, como também aos teólogos da Igreja e até aos seus membros da mais alta hierarquia - inclusive para o seu Ma gistério. Recentemente, o Concílio Vaticano II enfatizou que a Escritura deve ser "como que a alma da sagrada teologià'. 7 O Papa Emérito Bento XVI, ainda enquan to Cardeal Ratzinger, ecoou esse ensinamento com as próprias palavras, insistindo que "os teólogos normativos são os autores da Sagrada Escriturà' (grifo nosso). Ele nos lembra que a Escritura e o ensinamento dogmático da Igreja estão entrelaçados de forma tão firme ao ponto de serem inseparáveis: "O dogma é, por definição, nada mais que a interpretação da Escriturà'. Os dogmas já definidos de nossa fé, portan to, guardam em si a interpretação infalível da Igreja daquilo que está na Escritura, e a teologia é uma reflexão posterior sobre eles. OS SENTIDOS DA SAGRADA ESCRITURA Como a Bíblia é, ao mesmo tempo, de autoria divina e humana, é necessário, para lê-la coerentemente, que dominemos um tipo de leitura distinto daquele ao qual estamos acostumados. Primeiramente, temos que lê-la de acordo com seu sen tido literal, ou seja, do mesmo modo como lemos qualquer outro escrito humano. Neste estágio inicial, devemos nos empenhar na descoberta do significado originário que tinham as palavras e expressões usadas pelos escritores bíblicos à época em que primeiramente foram escritas e recebidas por seus contemporâneos. Isso quer dizer, 7 Dei Verbum, 24. 10 O evangelho de São Lucas entre outras coisas, que não devemos interpretar tudo que lemos "literalmente", como se a Escritura nunca falasse de forma figurada ou simbólica {porque freqüen temente fala!). Pelo contrário: a lemos de acordo com as regras de escrita que go vernam seus diferentes gêneros literários, que variam dependendo do que estamos lendo - se é uma narrativa, um poema, uma carta, uma parábola ou uma visão apocalíptica. A Igreja nos exorta a ler os livros sagrados dessa maneira a fim de nos fazer compreender, com segurança, o que os autores bíblicos estavam se esforçando para explicar ao povo de Deus a cada texto. O sentido literal, no entanto, não é o único da Escritura; nós interpretamos suas sagradas páginas também de acordo com seus sentidos espirituais. Dessa for ma, buscamos compreender o que o Espírito Santo está tentando nos dizer para além daquilo que afirmaram conscientemente os escritores humanos. Enquanto que o sentido literal da Escritura descreve realidades históricas - fatos, ensinamen tos, eventos-, os sentidos espirituais desvelam os profundos mistérios abrigados através das realidades históricas. Os sentidos espirituais são para o literal o que a alma é a para o corpo. Você é capaz de distingui-los; porém, se tentar separá-los, a conseqüência imediata é fatal. São Paulo foi o primeiro a insistir nisso e já alertava para as conseqüências: "Deus[.. . ] nos tornou capazes de sermos ministros de uma aliança nova, não aliança da letra, mas do espírito; pois a letra mata, e o Espírito é que dá a vida" (2Co 3, 5-6). A tradição católica reconhece três sentidos espirituais que se erguem sobre o alicer ce do sentido literal da Escritura {cf. CIC 115): Alegórico. O primeiro é o alegórico, que revela o significado espiritual e profético da história da Bíblia. As interpretações alegóricas expõem como as personagens, os eventos e as leis da Escritura podem apontar para além deles mesmos, em direção ou a grandes mistérios ainda por vir (como no caso do Antigo Testamento) , ou aos frutos de mistérios já revelados (como no Novo Testamento). Os cristãos freqüentemente lêem o Antigo Testamento dessa forma para descobrir de que modo o mistério da Nova Aliança do Cristo já estava contido no da Antiga - e também de que modo a Antiga Aliança foi manifestada plena e finalmente na Nova. A compreensão alegórica é também latente no Novo Testamento, especialmente no relato da vida e da obra de Jesus nos evangelhos. Sendo Cristo a cabeça da Igreja e a fonte de sua vida espiritual, tudo aquilo que foi reali zado por Ele enquanto viveu no mundo antecipa aquilo que Ele continua realizando em seus membros através da Graça. O sentido alegórico fortalece a virtude da fé. Moral. O segundo sentido espiritual da Escritura é o moral, ou tropológico, que revela como as ações do povo de Deus, no Antigo Testamento, e a vida de Jesus, no Novo, nos incitam a criar hábitos virtuosos em nossa própria vida. Nesse sentido, da Escritura se II Cadernos de estudo bíblico tiram alertas contra vícios e pecados, assim como nela se encontra a inspiração para se perseguir a pureza e a santidade. O sentido moral fortalece a virtude da caridade. Anagógico. O terceiro sentido espiritual é o anagógico, que ascende-nos à glória celes te: mostra-nos como um incontável número de eventos contidos na Bíblia prefiguram nossa união final com Deus na eternidade; revela-nos como as coisas visíveis na terra são imagens das coisas invisíveis do céu. O sentido anagógico leva-nos a contemplar nosso destino e, portanto, é próprio para o fortalecimento da virtude da esperança. Junto do sentido literal, esses sentidos espirituais extraem a totalidade daquilo que Deus quer nos dizer através de sua Palavra e, portanto, abarcam o que a antiga tradição chamava de "sentido total" da Sagrada Escritura. Tudo isso significa que os feitos e eventos narrados na Bíblia são dotados de um sentido que vai além do que é imediatamente aparente ao leitor. Em essência, esse sentido é Jesus Cristo e a salvação que, morrendo, Ele nos concedeu. Isso é correto sobretudo nos livros do Novo Testamento, que explicitamente proclamam Jesus; porém é também verdadeiro para o Antigo Testamento, que fala de Jesus de um modo mais camuflado e simbólico. Os autores humanos do Antigo Testamento nos revelaram tudo que lhes era possível revelar, mas eles não podiam, à distância em que estavam, ver claramente que forma tomariam os eventos futuros. Só o Espírito Santo, autor divino da Bíblia, podia predizer a obra salvífica do Cristo (e assim o fez), da primeira página do livro do Gênesis adiante. O Novo Testamento, portanto, não aboliu o Antigo. Ao contrário, o Novo cum priu o Antigo e, assim o fazendo, levantou o véu que mantinha escondida a face da noiva do Senhor. Uma vez removido o véu, vemos de súbito o mundo da.Antiga Aliança cheio de esplendor. Água, fogo, nuvens, jardins, árvores, montanhas, pom bas, cordeiros - todas essas coisas são detalhes memoráveis na história e na poesia do povo de Israel. Mas agora, vistas à luz de Jesus Cristo, são muito mais que isso. Para o cristão que sabe ver, a água simboliza o poder salvífico do batismo; o fogo é o Espírito Santo; o cordeiro imaculado, o próprio Cristo crucificado; Jerusalém, a cidade da glória celestial. Essa leitura espiritual da Escritura não é novidade alguma. De fato, logo os pri meiros 'cristãos já liam a Bíblia dessa maneira. São Paulo descreve Adão como sendo uin "tipo" t}ue prefigurava Jesus Cristo (Rm 5, 14).8 Um "tipo" é algo, ou alguém, ou um lugar ou um evento - reais - do Antigo Testamento que prenuncia algo maior 8 Rm 5,' 14: "Ora, a morte reinou de Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não haviam pecado, cometendo uma trarisgressão igual à de Adão, o qual éfigura daquele que devia vir" (grifo adicionado). As traduções deste trecho {não só as brasileiras) preferem o termo figura à palavra tipo, que aparece em algumas traduções inglesas. O termo latino encontrado na Vulgata é forma. Aqui, mantém-se o termo tipo pela associação imediara que se fàz com o conceito de tipologia (NE). I2 O evangelho de São Lucas do Novo Testamento. É desse termo que vem a palavra "tipologià', referente ao es tudo de como o Antigo Testamento prefigura Cristo (CIC 128-130). Em outro tre cho, São Paulo retira significados mais profundos da história dos filhos de Abraão, declarando: "Isto foi dito em alegorià' (Gl 4, 24).9 Ele não está sugerindo que esses eventos distantes nunca aconteceram de fato; ele está dizendo que os eventos não só aconteceram mesmo como também significam algo maior ainda por vir. O Novo Testamento, depois, descreve o Tabernáculo da antiga Israel como sendo a "imitação e sombra das realidades celestes" (Hb 8, 5) e a Lei Mosaica como "uma sombra dos bens futuros" (Hb 10, 1). São Pedro, por sua vez, nota que Noé e sua família foram "salvos por meio da águà' que, de certo modo, "representavà' o sacra mento do Batismo, "que agora salva vocês" (lPd 3, 20-10). É interessante saber que a palavra grega que aí foi traduzida para "representavà' é originalmente um termo que denota o cumprimento ou contrapartida de um antigo "tipo". Não é preciso, no entanto, que busquemos justificar a leitura espiritual da Bíblia considerando apenas os discípulos. Afinal de contas, o próprio Jesus lia o Antigo Testamento assim. Ele se referia a Jonas (Mt 12, 39), a Salomão (Mt 12, 42), ao Templo Oo 2, 19) e à serpente de bronze Oo 3, 14) como "sinais" que apontavam para ele mesmo. Vemos no evangelho de Lucas, quando Cristo conversa com os discípulos no caminho para Emaús, que "começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele" (Lc 24, 27). Foi precisamente essa interpretação espiri tual do Antigo Testamento que causou um profundo impacto nesses viajantes, antes tão desencorajados, e deixou seus corações "ardendo" dentro deles (Lc 24, 32). CRITÉRIOS PARA A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA Nós também devemos aprender a discernir o "sentido total" da Escritura e o modo como nele estão incluídos o sentido literal e os espirituais. Contudo, isso não significa que devemos "exagerar na interpretação", buscando significados na Bíblia que não estão de fato nela. A exegese espiritual não é um vôo irrestrito da imagina ção. Pelo contrário, é uma ciência sagrada que procede de acordo com certos prin cípios e permanece sob a responsabilidade da sagrada tradição, o Magistério, e da ampla comunidade de intérpretes bíblicos (tanto os vivos quanto os mortos). Na busca do sentido total de um texto, sempre devemos evitar a forte tendência de "espiritualizá-lo demais", de modo que a verdade literal da Bíblia seja minimizada ou 9 GI 4, 24: "Simbolicamente i!;so quer dizer o seguinte: as duas mulheres representam as duas alianças [ ... )" (grifo adicionado). No�ente há divergências terminológicas: as traduções ora utilizam o termo simbolicamente, ora o termo alegoria. O termo latino encontrado na Vulgata é allegoriam. A tradução brasileira aqui escolhida, especificamente para este caso, é a da Bíblia de Jerusalém, São Paulo: Paulus, 2002; assim, mantém-se o termo alegoria no sentido de concordar com a uniformidade terminológica do restante da introdução (NE). 1 3 Cadernos de estudo bíblico até negada.Santo Tomás de Aquino, muito ciente desse problema, asseverou: "Todos os sentidos da Sagrada Escritura devem estar fundados no literal" (cf. CIC 116).10 Por outro lado, jamais devemos confinar o significado de um texto em seu sentido literal, indicado pelo seu autor humano, como se o divino Autor não intencionasse que aquela passagem fosse lida à luz da vinda do Cristo. Felizmente, a Igreja nos deu diretrizes de estudo da Sagrada Escritura. O caráter único e a autoria divina da Bíblia nos clamam a lê-la "com o espírito". 11 O Concílio Vaticano II delineou de forma prática esse conselho direcionando-nos a ler a Escri tura de acordo com três critérios específicos: 1 . Devemos "prestar muita atenção 'ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira" (CIC 1 12) ; 2. Devemos "ler a Escritura dentro 'da Tradição viva da Igreja inteirà" (CIC 1 1 3) ; 3 . Devemos "estar atento[s] 'à analogia da fé"' (CIC 1 14; cf. Rm 1 2, 6). Esses critérios nos protegem de muitos perigos que iludem alguns leitores da Bíblia, do mais novo estudante ao mais prestigiado erudito. Ler a Escritura fora de contexto é uma tremenda armadilha, provavelmente a mais difícil de escapar. Num desenho animado memorável dos anos 50, um jovem garoto, debruçado sobre as páginas da Bíblia, dizia à sua irmã: "Não me perturbe agora; estou tentando achar um versículo da Escritura que fundamente meus preconceitos". Não há dúvida de que um texto bíblico, privado de seu contexto original, pode ser manipulado a dizer algo completamente diferente daquilo que seu autor realmente intencionava. Os critérios da Igreja nos guiam justamente porque definem em que consistem os "contextos" autênticos de cada passagem bíblica. O primeiro critério dirige-nos ao contexto literário de cada verso, no que se inclui não apenas as palavras e pará grafos que o compõem e o circundam, mas também todo o corpo de escritos do autor bíblico em questão e, ainda, toda a extensão dos escritos da Bíblia. O contexto literário completo de qualquer parte da Escritura inclui todo e qualquer texto desde o Gênesis até o Apocalipse - já que a Bíblia é um livro unificado, não uma coleção de livros separados. Quando a Igreja canonizou o livro do Apocalipse, por exemplo, ela reconheceu que ele seria incompreensível se lido separadamente do contexto mais amplo de toda a Bíblia. O segundo critério posiciona firmemente a Bíblia no contexto de uma comuni dade que valoriza sua "tradição vivà'. Tal comunidade é o Povo de Deus através dos séculos. Os cristãos viveram sua fé por bem mais que um milênio antes da invenção da imprensa. Por séculos, só alguns fiéis possuíam cópias dos evangelhos e, aliás, só 10 Sto. Tomás de Aquino, Summa Theo/ogica l, l, 10, ad 1. 1 1 Dei Verbum, 12. 14 O evangelho de São Lucas poucas pessoas sabiam ler. Ainda assim, eles absorveram o evangelho - através dos sermões dos bispos e clérigos, através de oração e meditação, através da arte cristã, através das celebrações litúrgicas e através da tradição oral. Essas eram as expressões de uma "tradição vivà', de uma cultura de viva fé que se estende da antiga Israel à Igreja contemporânea. Para os primeiros cristãos, o evangelho não podia ser enten dido à parte dessa tradição. Assim também é conosco. A reverência pela tradição da Igreja é o que nos protege de qualquer tipo de provincianismo cultural ou cro nológico, como alguns modismos acadêmicos que surgem, arrebatam uma geração inteira de intérpretes e logo são rejeitados pela próxima geração. O terceiro critério coloca a Escritura dentro do quadro da fé. Se cremos que a Escritura é divinamente inspirada, temos de crer também que ela é internamente consistente e coerente com todas as doutrinas nas quais os cristãos crêem. É impor tante relembrar que os dogmas da Igreja (como o da Presença Real, o do papado, o da Imaculada Conceição} não foram adicionados à Escritura; eles são, de fato, a interpretação infalível da. Escritura feita pela Igreja. USANDO ESTE ESTUDO Este estudo foi projetado para conduzir o leitor pela Escritura dentro das di retrizes da Igreja - fidelidade ao cânon, à tradição e ao credo. Os princípios in terpretativos usados pela Igreja, portanto, é que deram forma unificada às partes componentes deste livro, de modo a fazer com que o estudo do leitor seja eficaz e recompensador tanto quanto possível. Introduções. Nós fizemos uma introdução ao texto bíblico que, na forma de ensaio, abarca as questões sobre sua autoria, a data de sua composição, seus objetivos e propó sitos originais e seus temas mais recorrentes. Esse conjunto de informações históricas ajuda o leitor a compreender e a se aproximar do texto nos seus próprios termos. Comentários. Os comentários feitos em toda página ajudam o estudante a ler a Escritu ra com conhecimento. De forma alguma eles esgotam os significados do texto sagrado, mas sempre providenciam um material informativo básico que auxilia o leitor a encon trar o sentido do que lê. Freqüentemente, esses comentários servem para deixar explícito aquilo que os escritores sagrados tomavam por implícito. Eles também trazem um gran de número de informações históricas, culturais, geográficas e teológicas pertinentes à narrativa inspirada - informações que podem ajudar o leitor a suprimir a distância entre o mundo bíblico e o seu próprio. Notas e refe�cias. Junto do texto bíblico e de seus comentários, em cada página são listadas numerosas notas que fazem referência a outras passagens da Escritura relaciona das àquela que o leitor está estudando. Essas notas de acompanhamento são essenciais Cadernos de estudo bíblico para todo e qualquer estudo sério. São também um ótimo meio de se ver como o con teúdo da Escritura "se encaixa'' numa unidade providencial. Junto às notas e referências bíblicas, os comentários também apontam a determinados parágrafos do Catecismo da Igreja Católica (CIC) . Eles não são "provas doutrinais" e sim um auxílio para que a inter pretação da Bíblia por parte do estudante esteja de acordo com o pensamento da Igreja. Os parágrafos do Catecismo mencionados ou tratam diretamente de algum texto bíblico ou tratam, então, de um tema mais amplo da doutrina que lança uma luz essencial ao texto bíblico relacionado. Ensaios sobre tópicos, Estudos de palavras e Quadros. Esses recursos trazem ao leitor um entendimento mais profundo a respeito de determinados detalhes. Os emaios sobre tópicos abordam grandes temas no sentido de explicá-los de modo mais minucioso e teológico do que o que se usa nos comentários gerais, relacionando-os com freqüência às doutrinas da Igreja. Os comentários, inclusive, são ocasionalmente complementados de um estudo de palavras que coloca o leitor em contato com as antigas linguagens da Escritura. Isso deveria ajudar o estudante a apreciar e a entender melhor a terminologia que foi inspirada e que percorre todos os textos sagrados. Também neste livro estão in cluídos vários quadros que resumem muitas informações bíblicas "num piscar de olhos" . Ícone - Os seguintes ícones, intercalados ao longo dos comentários, correspondem cada qual a um dos três critérios de interpretação bíblica promulgados pela Igreja. Pequenas bolas pretas ( · ) indicam a que passagem (ou a que passagens) cada ícone se aplica. ITI Os comentários marcados pelo ícone do livro relacionam-se ao primeiro critério � interpretativo, o do "conteúdo e unidade" da Escritura, a fim de que se torne ex plícito o modo como determinada passagem do Antigo Testamento ilumina os· mistérios do Novo. Muitas das informações contidas nesses comentários explicam o contexto ori ginal das citações e indicam a maneira e o motivo pelo qual aquele trecho tem ligação direta com Cristo e com a Igreja. Por esses comentários, o leitor é capaz de desenvolver sua sensibilidade à beleza e à unidade do plano salvífico de Deus, que perpassa ainbos os Testamentos. 1111'1 Os comentários marcados pelo ícone da pomba . relacionam- .se ao segundo critério .. interpretativo e examinam as passagens em questão à luz .da "tradição vivà' da Igreja. Como o mesmo Espírito Santo foi quem inspirou os sentidos espirituais da Escri tura e é quem guia agora o Magistério que a interpreta, as informações contidas nesses comentários seguem essas duas vias da interpretação. Por um lado, referem-se aos ensi namentos doutrinais da Igreja da maneira como são apresentados por vários papas e concílios ecumênicos; por outro lado, eles expõem (e parafraseiam) as intttrpiet�ções espirituais de vários Padres Antigos, Doutores da Igreja e santos. 16 O evangelho de São Lucas l!li1 Os comentários marcados pelo ícone das chaves relacionam-se ao terceiro critério � interpretativo, o da "analogia da fé" . Neles é possível decifrar como um mistério da fé "desvendà' e explica outro. Esse tipo de comparação entre alguns pontos da fé cristã evidencia a coerência e unidade dos dogmas definidos, ou seja, da interpretação infalível da Escritura feita pela Igreja. COLOCANDO TUDO EM PERSPECTIVA Talvez tenhamos deixado por último o mais importante aspecto de todo este estudo: a vida interior individual do leitor. O que tiramos ou deixamos de tirar da Bíblia depende muito do modo como a abordamos. Se não mantivermos uma vida de oração consistente e disciplinada, jamais teremos a reverência, a profunda humil dade ou a graça necessária para ver a Escritura como ela de fato é. Você está se aproximando da "palavra de Deus". Mas, por milhares de anos - des de muito antes de tecer-lhe no ventre de sua mãe -, a Palavra de Deus se aproxima de você. UMA NOTA FINAL O livro que tem nas mãos é apenas uma pequena parte de um trabalho muito maior que ainda está em andamento. Guias de estudo como este estão sendo prepa rados para todos os livros da Bíblia e serão publicados gradualmente, à medida que forem sendo finalizados. Nosso maior objetivo é publicar um grande estudo bíblico que, num único volume, inclua o texto completo da Escritura junto de todos os comentários, quadros, notas, mapas e os outros recursos encontrados nas páginas seguintes. Enquanto isso não acontece, cada livro será publicado individualmente, na esperança de que o povo de Deus possa já se beneficiar deste trabalho antes mes mo que esteja completo. Aqui incluímos ainda uma longa lista de questões de estudo, ao final, para deixar este formato o mais útil possível, não apenas para o estudo individual, mas também para discussões em grupo. As questões foram projetadas para fazer o estudante tanto compreender quanto meditar a Bíblia, aplicando-a à própria vida. Rogamos a Deus para que faça bom uso dos seus e dos nossos esforços para renovar a face da terra! 17 INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE LUCAS AUTORIA Os manuscritos primitivos do terceiro evangelho são intitulados "Segundo Lucas" (do grego Kata Loukan). Esta rubrica serve como um sinal da tradição apostólica, pois os primeiros cristãos atribuíram por unanimidade a obra a Lucas, um médico gentio que andava na companhia do apóstolo Paulo (2Tm 4,11; Fm 24). Vários Padres da Igreja, como Ireneu (180 d.C.), Tertuliano (200 d.C.) e Clemente de Ale xandria (200 d.C.), afirmaram a autoria do terceiro evangelho a Lucas, e uma lista anônima de livros do Novo Testamento, chamados de Fragmentos Muratorianos (c. 170 a.C.), também associam o nome dele. Não há, portanto, razão para duvidar da autoria do evangelho de Lucas, uma vez que a tradição é praticamente indiscutível no início do cristianismo. O próprio Lucas é único entre os autores do Novo Testamento. Primeiro, porque ele é o único autor gentio a compor um livro do Novo Testamento. Todos os outros eram de origem israelita. Paúlo sugere sua identidade pagã quando enumera "Lucas, o querido médico" entre seus companheiros incircuncisos (Cl 4, 14). Ademais, Lucas é o único evangelista a escrever uma seqüência. Além deste evangelho, ele escreveu os Atos dos Apóstolos como a segunda parte de uma obra de dois volumes. O livro dos Atos começa no ponto em que a narrativa do evangelho de Lucas termina, mostrando como a atuação do Espírito Santo na vida de Jesus agora opera na comunidade viva do corpo místico de Cristo, a Igreja. DATA Os estudiosos não sabem ao certo quando o evangelho de Lucas foi escrito. Al guns defendem uma data do início dos anos 60, enquanto outros preferem uma data posterior, nos anos 80. Ao supor a autoria de Lucas, o peso da evidência pende para a data mais antiga. Isso se deve, em parte, à estreita ligação entre o evangelho de Lucas e à sua seqüência, os Atos dos Apóstolos (At 1,1). 1 . O livro dos Atos termina abruptamente com a prisão domiciliar de Paulo em Roma por volta de 62 d.C., sem qualquer indício quanto ao resultado do seu julgamento ou suas atividades subseqüentes. 2 . Embora nos Atos Lucas muitas vezes nos chame a atenção sobre a relação do cristia nismo com o Império Romano, ele não diz nada sobre a perseguição romana aos cristãos em meados dos anos 60, nem menciona que Pedro e Paulo - os protagonistas dos Atos 19 Cadernos de estudo bíblico - foram martirizados nesta época. 3. Nem o evangelho nem o livro dos Atos nos informa sobre a completa destruição de Jerusalém pelo exército romano no ano 70 d.C. No seu conjunto, o silêncio de Lucas sobre essas questões importantes é um forte indício de que tanto seu evangelho quanto o livro de Atos foram escrito no início dos anos 60, antes de qualquer um desses eventos ter se realizado. DESTINATÁRIOS Lucas dirige seu evangelho a "Teófilo" (1, 3), possivelmente um oficial romano que concordou em financiar a publicação da obra. Se é assim, a intenção de Lucas pode ter sido que seu evangelho fosse distribuído e lido de forma mais ampla por meio do patrocínio de Teófilo. Seu público-alvo provavelmente incluía cristãos gen tios em todo o mundo mediterrâneo, bem como israelitas e samaritanos que viviam entre eles na Diáspora. Em prol dos leitores gentios, Lucas omite, por vezes, palavras semitas, ou simplesmente as substitui por seus equivalentes gregos, para tornar o seu enredo mais legível para os crentes não familiarizados com o aramaico. Lucas é também muito aprimorado no uso do Antigo Testamento. Embora poucas citações diretas apareçam no evangelho, alusões e ecos do Antigo Testamento abundam. Isto torna mais provável, então, que Lucas estivesse dirigindo a sua mensagem não só para o mundo gentio, mas também para os leitores há muito familiarizados com as Escrituras de Israel. ESTRUTURA O evangelho de Lucas é muito bem escrito e logicamente organizado. Ele nos dá um "estudo cuidadoso" (1, 3) de todo o âmbito da vida terrena de Jesus, desde o anúncio do seu nascimento até sua ascensão aos céus. A estrutura do evangelho é simples e geralmente segue uma linha semelhante a Mateus e Marcos. Depois de abrir com um Prólogo clássico (1, 1-4), Lucas começa sua história com a Narrativa da Infância (1, 5-2: 52) o nascimento de Jesus e seu precursor, João Batista. Estes episódios estão cheios de alegria e esperança de que Jesus vai trazer o cumprimento de todas as promessas das Escrituras. A maior parte da seção central do evangelho é dedicada à vida pública de Jesus. Após várias Preparações (3, 1-4, 13) para o mi nistério, Jesus começa a pregar e ensinar pelo seu Minist�rio Galileu (4, 14 e 9, 50), e, em seguida, embarca em uma longa Viagem a jerusalém (9, 51-19, 27), a cidade oride o plano redentor de Deus está destinado a se revelar; Finalmente Jesus entra na Cidade Santa em uma procissão régia no início das Narrativas da Semana da Paixão (19, 28-23, 56). É durante esta semana final e fatal que Jesus é traído, preso e crucificado pelos líderes de Jerusalém, em colaboração com as autoridades romanas. Finalmente, o evangelho culmina com a Ressurreição e Ascensão (24, 1-53) de Jesus como o vencedor do pecado e da morte. 20 O evangelho de São Lucas TEMÁTICA Embora Lucas demonstre interesse em muitas facetas davida e da missão de Je sus, o único tema que se eleva acima de todos os outros é a mensagem universal da salvação. Pois Lucas enfatiza em todo o seu evangelho que Cristo veio para reunir todos os povos e nações na família de Deus. 1 . A salvação de Israel. Lucas primeiro ancora seu evangelho nas tradições do Antigo Testamento, que retrata Jesus como o Salvador do povo de Deus da Antiga Aliança. Ele nos mostra, entre outras coisas, que Jesus veio para iniciar a restauração de Israel predita pelos profetas (Is 1 1 , 1 0- 1 2; 49, 6; Ez 39, 25-29) . Assim, ele retrata Jesus como o Messias real que vem na linhagem e legado do Rei Davi para congregar as tribos dispersas de Israel, reunindo-as em seu reino ( 1 , 33, 68, 22, 28-30) . Este tema está por trás de inúmeras referências do evangelho a "Israel" ( 1 , 54, 68, 80; 2, 32; 24, 2 1 ) e a compreensão positiva que lança sobre o s descendentes dos israelitas do norte, os samaritanos ( 1 0, 33; 1 7, 1 6, At 8, 1 4) . 2. Salvação das Nações. O perdão que Jesus estende a Israel atinge também os gentios, fazendo com que a família da Nova Aliança tenha âmbito internacional. Simeão cha ma Jesus de "uma luz para iluminar as nações" (2, 32) , enquanto João Batista usa as palavras de Isaías para anunciar que "todo homem" pode agora buscar a salvação em Cristo (3, 6) . Especialmente as notas finais do evangelho ressoam este tema em que Jesus diz aos apóstolos que o perdão deve ser levado de Jerusalém "a todas as nações" (24, 47) . 3 . A salvação dos humildes. A mensagem de Jesus a Israel e às nações é também para os exclu�dos, os pobres, e o mal-afamado. Lucas preserva uma série de declarações vigo rosas sobre a preocupação de Deus com os humildes e oprimidos ( 1 , 52-53; 4, 1 8 ; 6, 20-26, 14, 7- 1 1 ) . De modo particular as mulheres são apresentadas favoravelmente ao longo deste evangelho, apesar da sua outrora baixa posição social na antiguidade. O retrato que Lucas faz da Virgem Maria é simplesmente inigualável no Novo Testamen to por sua beleza e sensibilidade ( 1 , 26-56; 2, 1 9 , 5 1 ) . Outras mulheres também de sempenham papéis importantes na história: Isabel ( 1 , 39-45) , Ana (2, 36-38) , a viúva de Naim (7, 1 1 - 1 7) , a mulher pecadora (7, 36-50) , Maria Madalena (8 , 2) , Joana (8, 3) , Susana (8, 3 ) , Maria e Marta de Betânia ( 1 0, 38-42) , e a mulher com um espírito de enfermidade ( 1 3 , 1 O - 1 7) . As mulheres também figuram nas parábolas de Jesus da Moeda Perdida ( 1 5 , 8- 1 0) e do Juiz Injusto ( 1 8, 1 -8) . Outras características marcantes incluem contribuições únicas de Lucas à tra dição evangélica. Pois apenas Lucas narra as parábolas do Bom Samaritano (1 O, 25-37) e do Filho Pródigo (15, 11-32). Só Lucas nos fala da Anunciação de Gabriel a Maria (1, 26 38), a experiência da infância de Jesus no Templo (2, 41-51), e os detalhes de sua ascensão à glória (24, 50-53). E só Lucas conservou alguns dos mais belos hinos da Igreja, como o Magnificat de Maria (1, 46-55), o Benedictus de Za- 2 1 Cadernos de estudo bíblico carias (1, 68-79), o Nunc Dimittis de Simeão (2, 29-35), e o Glória cantado pelos anjos na noite de Natal (2, 14). Não há dúvidas de que Lucas nos legou uma obra-prima artística e espiritual. O seu segundo volume, os Atos dos Apóstolos, pode ser considerado da mesma forma. Juntos, esses escritos dão testemunho claro e convincente da grandeza de Jesus Cris to, que continua a sua missão de salvar o mundo por meio da Igreja. 22 ESQUEMA DO EVANGELHO DE LUCAS I. Prefácio II. Narrativa da Infância (1, 5 - 2, 52) 1. Anúncio do nascimento de João e Jesus (1, 5-38) 2. A visitação (1, 39-56) 3. Nascimento de João Batista (1, 57-80) 4. Nascimento e apresentação de Jesus (2, 1-40) 5. Encontro de Jesus no Templo (2, 41-52) III. Preparação para o ministério (3, 1 - 4, 13) 1. Ministério de João Batista (3, 1-20) 2. Batismo e genealogia de Jesus (3, 21-38) 3. Tentação de Jesus (4, 1-13) lY. Ministério galileu (4, 14 - 9, 50) 1. Rejeição em Nazaré (4, 14- 30} 2. Cura aos doentes e o chamado dos discípulos ( 4, 31 - 6, 16) 3. Sermão da Montanha (6, 17-49) 4. Jesus como profeta da cura e dos ensinamentos (7, 1 -9, 27) 5. A Transfiguração (9, 28-36) 6. Lições sobre fé e humildade (9, 37-50) V. Viagem a Jerusalém (9, 51 - 19, 27) 1. Primeira à segunda referência a Jerusalém (9, 51- 13, 21) 2. Segunda à terceira referência a Jerusalém (13, 22- 17, 10) 3. Terceira à quarta referência a Jerusalém (17, 11 - 18, 30) 4. Quarta à quinta referência a Jerusalém (18, 31 -19, 27) VI. Narrativas da Semana da Paixão (19, 28 - 23, 56) 1. Quando Jesus entra em Jerusalém e ensina (19, 28 - 20, 47) 2. O Sermão de Jesus no Monte das Oliveiras (21, 1-38) 3. Celebração da Páscoa (22, 1-38) 4. Agonia e prisão de Jesus (22, 39-53) 5. Julgamentos de Jesus (22, 54 - 23, 25) 6. Crucificação e sepultamento de Jesus (23, 26-56) VII. Ressurreição e Ascensão (24,1-53) 1. O túmulo vazio (24, 1-12) 2. Aparições após a Ressurreição (24, 13-49) 3. Ascensão aos céus (24, 50-53) O EVANGELHO DE ,,.,, SAO LUCAS 1 Dedicatória a Teófilo .:_ 1Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se passaram entre nós. 2Elas começaram do que nos foi transmitido por aqueles. que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra. 3 Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever para você uma narração bem ordenada, excelentíssimo Teófilo. 4Desse modo, você poderá verificar a solidez dos ensinamentos que recebeu. 1, 2: !Jo l, I; Ac 1, 2 1 ; Hb 2, 3. · 1, 3: At 1 , 1 . 0 l, 4: Jo 20, 3 1 . COMENTÁRIOS 1 , 1-4: Lucas começa com um prólogo e uma dedicatória pessoal. Estilisticamente, ele segue um formato convencional que foi usado como prefácio de obras históricas no mundo helenístico. Desse modo, Lucas delimita o registro da história não como uma coleção obsoleta de fatos e números, mas como uma apresentação evangelística da vida e da missão de Jesus. 1, 2: "nos foi transmitido" - Lucas é pro vavelmente um cristão da segunda geração. Sua obra é em grande parte devida ao relato de testemunhas ocu/,ares e ministros do evangelho na Igreja primitiva. Três pontos seguem-se dis- to: ( 1 ) Lucas é um historiador meticuloso que examinou fontes relevantes para a obtenção de informações precisas; (2) ele transmite não opiniões privadas, mas as tradições apostólicas; e (3) ele escreve para fortalecer a fé dos cristãos. 1, 3: "excelentíssimo Teófilo" - Outrora desconhecido em fontes antigas. Ele talvez seja uma figura ilustre ou alto funcionário do governo romano. A designação formal, exce lentíssimo, aparece em outros lugares como um título honorífico (At 23, 26; 24, 2; 26, 25) . Uma dedicatória semelhante serve de prefácio à segunda obra de Lucas, o livro dos Atos (At 1 , 1 ) . O anúncio do nascimento de S,ão)oáo Batista - 5No tempo de Herodes, rei da Judéia, .havia um sacerdote chamado Zacarias. Era.do grupo. de Abias. Sua esposa se chamava Isabel, e era descendente de Aarão. 60s dois eram justos diante de Deus: obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois· já eram de itlade avançada. ªCerta ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo, pois era a vez do seu grupo realizar as cerimônias. 9Conforme o costume do serviço sacerdotal, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 1ºNa hora do incenso, toda a assembléia do povo escava rezando no lado de fora. 11Então apareceu a Zacarias um anjo do Senhor. Estava de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e cheio de medo: 13Mas o anjo disse: "Não tenha medo, Zaçarias! Deus oµviu o seu pedido, e a sua esposa Isabel vai ter um Filho, e você lhe dará o nome de João. 14Voqê ficará alegre e feliz, e inuica gente . se alegrarácdm o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Ele não beberá vinho; nem·líebida fermentada e, desde o ventre matemo ficará cheio do Espírito Santo. Cadernos de estudo bíblico 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17Caminhará à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto." 18Então Zacarias perguntou ao anjo: "Como vou saber se isso é verdade? Sou veJho, e minha mulher-é de idade avançada". 190 anjo respondeu: "Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e ele me mandou dar esta boa notícia para você. 20Eis que você vai ficar mudo, e não poderá falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque você não acreditou nas minhas palavras, que se cumprirão no tempo certo." 210 povo ficou esperando Zacarias, e estava admirado com a sua demora no Santuário. 22Quando saiu, não podia falar, e eles compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava com sinais, e continuava mudo. 23Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa. 24Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e se escondeu durante cinco meses. 25Ela dizia: "Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!" . 1, 5 : Mt 2, ! ; 1 Cr 24, 1 0; 2 Cr 31 , 2. • 1, 9 : Ex 30, 7. • 1, 11 : Lc 2, 9; At 5. 1 9. • 1, 13: Lc ! , 30 , 60. 1, 15 : Nm 6, 3; Lc 7, 33. 1, 17: Mt l i , 14; 17, 13; MI 4, 5 . · 1, 18: Lc !, 34. • 1, 19: Dn 8, 16; 9, 2 1 ; Mt 1 8, 10. · 1, 25: Gn 30, 23; Is 4, 1 . 1, 5 - 2, 52: A narrativa da infância no evangelho de Lucas reconta os nascimentos de João Batista e de Jesus. Estilicarnente, ele faz uma transição do formato clássico do seu prólogo ( 1 , 1 -4) para um estilo bíblico de es crita usado no Antigo Testamento grego. Para Lucas, o Antigo Testamento é um livro inaca bado cujas notas finais ressoam expectativas e promessas não cumpridas. Assim, ele tece nu merosas alusões ao Antigo Testamento em sua narrativa, o que implica que a história contada agora por ele é uma continuação da revelação bíblica e, na verdade, o seu esperado ápice. 1, 5: "No tempo de" - Lucas situa a sua narrativa no âmbito mais amplo da história do mundo (2, 1 -2, 3, 1 -2) . "Herodes": Herodes, o Grande, que foi nomeado rei da Palestina pelo senado romano em 40 a.C. e reinou em Jerusalém a partir de 37 a.C. até sua morte em 4 ou 1 a.C. Ver co mentário em Mt 2, 1 . "Zacarias": Um nome hebraico que signi fica "Javé se lembrou" . "Grupo de Abias": o sacerdócio levítico de Israel era composto por 24 grupos de sa- cerdotes ( 1 Cr 24, 7- 1 9) . Cada grupo servia no Templo de Jerusalém duas semanas dife rentes a cada ano, e o oitavo grupo era repre sentado por Abias na escala sacerdotal. "Isabel": A forma grega do nome hebrai co que significa "juramento do meu Deus" . Por ser filha de Aarão, era levita ( 1 Cr 6, 1 -3) . ITI � 1 , 6: "justos diante de Deus" IJU .. - Zacarias e Isabel viviam em fiel observância à Antiga Aliança (Dt 6,25; Is 48, 1 8) . Ver o Estudo da Palavra: Justiça em Mt 3 . • Lucas coloca o casal em uma corrente de personagens justas do Antigo Testamento: Noé (Gn 6, 9) , Abraão (Gn 1 5 , 6) , Finéias (SI 1 06, 30-3 1 ) , Davi (2 Sam 22, 2 1 -25) , e outros tinham dado o exemplo de devoção semelhante ao Senhor. • Místicamente, 12 Zacarias e Isabel represen tam o sacerdócio e a Lei da Antiga Aliança. Ambos eram justos, corno o sacerdócio era santo e a Lei era boa; mas juntos eram inca pazes de gerar filhos para Deus ou produzir a graça de Cristo. O casal significa, assim, o 12 São Beda, ln Lucam 26 envelhecimento da Antiga Aliança na espera das bênçãos da Nova. lJJ 1, 7: "estéril" - Era por vezes consi derado um sinal da desaprovação de Deus (Gn 30, 2) , enquanto que um útero fe cundo era visto como uma bênção divina (Dt 7, 1 4; Sl 1 28, 3-4) . • Isabel, juntamente com Sara (Gn 1 1 , 30), Rebeca (Gn 25 , 2 1 ) , Raquel (Gn 29, 3 1 ) , a mãe de Sansão Oz 1 3 , 2) , e Ana ( 1 Sm l , 2) , sofreu a esterilidade até que Deus milagrosamente a abençoou com um filho. O nascimento de João está, as sim, em conformidade com Isaac, Jacó, José, Sansão, e Samuel, que eram todos representantes da Aliança em Israel. 1, 9: "Santuário" - O Templo de Jerusa lém é muitas vezes o foco do ensino e da ação de Jesus em Lucas (2, 27, 37, 46; 4, 9; 1 9, 45; 20, 1 ; 2 1 ,37; 23, 45 ; 24, 53) . 1 , 10: "hora do incenso" - Também chamada de "hora de oração" (At 3, 1 ) . Os sacerdotes queimavam incenso duas vezes por dia no templo, nos sacrifícios matutinos e vespertinos (Ex 30, 7-8) . A liturgia vespertina acontecia perto das três horas enquanto mul tidões rezavam no Templo. Como a maioria dos sacerdotes recebeu a honra de queimar o incenso apenas uma vez na vida, este foi o momento culminante do ministério de Za carias. Ele iria oferecer orações e incenso no segundo aposento mais sagrado do templo, o Lugar Santo, e então sair para abençoar o povo ( 1 , 2 1 ; Nm 6, 22-27) . Ver comentário sobre Lc l , 5 . 1 , 10: "anjo do Senhor" - Os anjos de sempenham papéis importantes na história da salvação. (1) Os anjos estão intimamente ligados à adoração. Uma vez que o templo era O evangelho de São Lucas um modelo terrestre do santuário celestial de Deus (Hb 8, 1 -5) , os israelitas acreditavam que os sacerdotes oficiavam na Terra, assim como os anjos no céu (Is 6, 1 -6; Ap 8, 2-6; 1 5 , 5-8) . O próprio templo foi decorado com imagens de anjos, tais como querubins (Ex 25, 1 8-22; l Rs 6, 23-36) . (2) Os anjos profe rem a notícia da concepção e do nascimento, como acontece com Ismael (Gn 1 6, 1 1 ) , Isaac (Gn 1 8, 1 0) , e de Sansão Oz 1 3 , 3-5) . (3) Os anjos aparecem muitas vezes em Lucas ( l , 26; 2, 9, 1 3; 22, 43, 24, 4) (CIC 332, 336) . 1 , 13: "não tenha medo" - Palavras de re afirmação reminiscentes das visões do Antigo Testamento (Gn 1 5 , 1 ; Dn 1 0, 1 2, 1 9) . "seu pedido": Zacarias orou não apenas pelo povo, mas pelas terríveis circunstâncias dele e de sua esposa, já que eram idosos e ain da sem filhos. "João": um nome hebraico que significa "Javé mostrou favor" . lJJ 1 , 15: "não beberá vinho, nem bebi da fermentada" - Uma alusão a Nm 6, 3 , que indica que João vai ser consagrado ao Senhor como nazireu. Ele, portanto, abs ter-se-á de bebidas intoxicantes, de cortar o cabelo, e todo o contato com os mortos (Nm 6, 1 - 1 2) . Em termos práticos, os nazireus vi viam uma forma primitiva de vida religiosa e eram o equivalente a monges e monjas da Antiga Aliança. Eles eram sacerdotes ou lei gos, e a consagração do seu serviço podia ser temporária ou permanente. • A consagração de João lembra a de Sansão Oz 13 , 4 7) e Samuel ( 1 Sm 1 , 1 1 ) . Como estes nazireus, João terá um papel de destaque no plano de Deus para Israel. lJJ "cheio do Espírito Santo": Para pre parar Israel ao Senhor (Lc l , 1 7) , o 27 Cadernos de estudo bíblico Senhor em primeiro lugar prepara João com sua graça. Ele e a Virgem Maria foram santi ficados antes do nascimento (CIC 7 1 7) . Ver comentário sobre Lc 1 ,28. • A consagração de João lembra o chamado de Jeremias desde o ventre de sua mãe Or 1 , 5) . se em ambas as extremidades da profecia bí blica: tendo predito a vinda do Messias no Antigo Testamento, ele agora profere a men� sagem da sua chegada em Jesus (Lc 1 , 26-38) e em João como o seu precursor { l , 1 3- 1 7) . ITI 1 , 25: "humilhação" - Deus remo � veu o fardo da frustração de Isabel. ITI 1 , 17: "o espírito e o poder de Elias" Embora anteriormente desonrada diante dos � - Uma alusão a Ml 3, 1 e 4, 5-6. homens, ela agora é abençoada com uma cri • Malaquias anunciou a vinda do Senhor para Israel. Os preparativospara sua chegada se riam concluídos por um mensageiro como Elias, que pregaria o arrependimento, res tauraria as tribos de Israel, e trabalharia para curar famílias desestruturadas (Eclo 48, 1 1 0; Mt 1 1 , 1 3- 1 5 ; CIC 523, 7 1 8-20) . "converter" - Uma imagem bíblica para arrependimento moral e espiritual. Ver o Es tudo da Palavra: Arrependimento em Me l , 4. "um povo bem disposto" - Mais tarde, Lucas examina o significado do papel de João pela ótica de Is 40. Ver comentário sobre Lc 3, 4-6. 1, 18: "Como vou saber se isso é ver dade?" - Ao contrário de Maria no episódio seguinte ( 1 , 45) , Zacarias é prejudicado pela dúvida e não recebe a boa notícia com fé. Deus determina sua mudez como um sinal temporário de disciplina ( 1 ,20) . ITI 1 , 19: "Gabriel" - Um nome hebrai � co que significa "Deus é poderoso." A tradição judaica e cristã o identifica como um arcanjo. Como Rafael, ele é um dos sete anjos que estão na presença de Deus (Tb 1 2, 1 5 ; Ap 8 , 2) . • No Antigo Testamento, Gabriel interpreta visões (Dn 8, 1 5- 1 6) e explica a Daniel acon tecimentos que vão acompanhar a vinda do Messias (Dn 9, 2 1 -27) . Gabriel, assim, situa- ança. Ver comentário sobre Lc 1 , 7. • Isabel ecoa as palavras exultantes de Raquel, que deu à luz José, após anos de esterilidade (Gn 30,23) . 1 , 26: "sexto mês" - Refere-se ao progres so da gravidez de Isabel ( 1 , 24, 36) . Nazaré: Uma pequena aldeia da Galiléia, no norte da Palestina. Para muitos, era uma cidade de pouca ou nenhuma importância Qo 1 , 46) . 1 , 28: ''Alegre-se" - Ou ''Ave" . Coroa o tema da ale gria e regozijo que pontua a Narrativa da In fância no evangelho de Lucas ( 1 , 1 4, 44, 47, 58; 2, 1 0, 20) . • O chamado a alegrar-se ecoa passagens do Antigo Testamento que tratam da filha de Sião. Nos profetas isso se refere à Mãe Jeru salém, cujos filhos fiéis se regozijarão na era messiânica, porque Deus escolheu habitar no meio deles 01 2, 23-24; Sf 3 , 1 4- 1 7; Zc 9, 9) . Maria, escolhida para ser a virgem mãe do Messias, é saudada com a mesma convocação porque ela é a personificação da fidelidade de Israel e a destinatária mais privilegiada das bênçãos messiânicas de Javé. "cheia de graça": Este é o único exemplo bíblico em que um anjo se dirige a alguém por um título, em vez de um nome pessoal. Duas O evangelho de São Lucas O anúncio do nascimento de Jesus - 26No sexto mês; o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. 27Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 280 anjo entrou onde ela escava, e disse: "Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!" 290uvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 300 anjo disse: "Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 3 1Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32Ele será grande, e será chamado Filho do Aldssirno. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim." 34Maria perguntou ao anjo: "Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?" 350 anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com $ua sombra. por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 360lhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37Para Deus nada é impossível." 38Maria disse: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavrà'. E o anjo a deixou. 1, 25: Gn 30, 23; Is 4, 1 . • l, 30: Lc 1 . 13 . • l, 31 : Lc 2, 2 1 ; Mr 1 , 2 1 . 1, 33: Mr 28, 1 8 ; Dn 2, 44 . • l, 34: Lc 1 , 1 8 . • l, 35 : Mr 1 , 2 0 . • l , 37: Gn 1 8 , 14 . considerações ajudam a esclarecer o que isso significa. ( 1 ) A expressão "cheia de graça" está enraizada na tradição católica e segue o curso da tradução de São Jerônimo desse versículo na Vulgata Latina. Embora fundamentalmen te precisa, falta-lhe um pouco da profundida de do original grego. Lucas poderia tê-la des crito com as palavras "cheia de graça'' (grego: pleres charitos.) como fez com Estevão em At 6, 8; aqui, no entanto, ele usa uma expressão diferente (grego: kecharitomene. ) , que é ainda mais reveladora do que a versão tradicional. Ela indica que Deus já "agraciou" Maria an tes desse momento, fazendo-a um recipiente que "foi" e "agora é" cheio da vida divina. (2) traduções alternativas como "privilegiada" ou "altamente favorecidà' são possíveis, mas in suficientes. Por causa do papel inigualável que Maria acolhe neste momento decisivo da his tória da salvação, a melhor tradução é a mais exaltada. Pois Deus dotou Maria com uma abundância de graça a fim de prepará-la à vo cação da maternidade divina e fazer dela um excelente exemplo da santidade cristã (CIC 490-93, 722) . 29 • A declaração de Gabriel indica a Imaculada Conceição de Maria. De acordo com a "Jnef fabilis Deus" de Papa Pio IX em 1 854, a nar rativa da Anunciação no evangelho de Lucas é um importante indicador da santidade ao longo da vida de Maria. Deus é o seu "Salva dor" ( 1 , 47) da maneira mais perfeita possí vel: ele santificou Maria na primeira instância de sua concepção e a preservou totalmente do pecado e até mesmo da inclinação ao pecado que nós experimentamos. Fra Angelico - A Anunciação • 14 3 7-46 Museu Nacional de São Marcos, Florença, Itália Cadernos de estudo bíblico 1, 31 : "Jesus" - Um nome hebraico que significa "Javé salvà' (CIC 430) . Ver comen tário sobre Mt l , 2 1 . 1 , 32-33: Jesus é o Messias esperado da dinastia de Davi (2 Sam 7, 12- 1 6, Sl 89, 26- 29; 1 32, 1 1 ; Is 9, 6-7) . Seguindo o costume judaico, a paternidade adotiva de José era equivalente à paternidade natural em matéria sucessória. José confere, assim, os privilégios de um descendente de Davi a Jesus ( 1 , 27) , ao passo que Deus Pai unge-o como rei (Me 1 6, 1 9; CIC 437) . ITI 1 , 33: "os descendenteS,de Jacó" - LJU isto é, o reino de Israel. • Desde o século VIII a.C. , as tribos do nor te de Israel foram espalhadas entre os gentios (2 Rs 1 7, 2 1 -23) , e desde o século VI a.C., muitas das tribos do sul de Judá e Benjamin tinham também vivido no exílio durante a antiguidade (2 Rs 25, 8- 1 1 ) . Os profetas la mentaram essa desintegração tribal do povo de Deus, mas anunciaram uma futura reu nião dos descendentes de Jacó sob o Messi as davídico (Is 1 1 , 1 2; Ez 37, 1 5-24; Os 1 , 1 0- 1 1 ; Am 9 , 9- 1 2) . Jesus, diz Gabriel, é este governante davídico ungido que vai voltar a reunir as tribos de Israel, juntamente com to das as nações, em seu glorioso reino (Mt 28, 1 8-20; At 1 5 , 1 5 - 1 8; Rrn 1 1 , 25-27) (CCC 709- 1 0) . Ver comentário sobre Lc 4,43. � 1 , 34: "como vai acontecer isso?" - .. Ou, melhor, "Como vai ser isso . . . ?" . Maria não está questionando a capacidade de Deus para lhe dar um filho, mas questiona como esse plano vai se desdobrar. A pergunta dela, diferente da pergunta de Zacarias (Lc l , 1 8) procede da fé e busca entender a ação de Deus, e não duvidar dela. "Não vivo com nenhum homem'': O anúncio de que Maria iria conceber fez com que ela perguntasse como Deus iria aben çoá-la com um filho e ainda assim preservar sua virgindade. O texto não diz "Eu não vivi com nenhum homem", mas "Eu não vivo com nenhum homem'' , ou seja, "Eu não te nho relações sexuais" . A pergunta de Maria expressa sua intenção em manter o estado virginal mesmo dentro do matrimônio. Caso contrário suas palavras seriam inexplicáveis. Pois nada no anúncio do anjo de que teria um filho haveria de surpreendê-la a menos que ti vesse a intenção de renunciai: às relações sexu ais ordinárias até mesmo como uma mulher casada. Ver comentáriosobre Mt 1 , 1 8 . • De acordo com alguns Padres da Igreja, como São Gregório de Nissa e Santo Agosti nho, Maria já tinha feito um voto de virgin dade por toda a vida. Ver comentários sobre Mt l , 25 e 1 2, 46. ITI ri,lg 1, 35: "cobrirá com sua som LJU rQ bra" - A concepção de Jesus no ventre de Maria será totalmente sobrena tural, ou seja, o resultado da obra criadora de Deus no seu interior (Mt 1 , 1 8-25; CIC 497, 723) . • A expressão usada pelo anjo é a mesma utili zada na versão grega do Ex 40,35 para descrever como o Senhor "cobriu com sua sombra'' o Ta bernáculo, fazendo dele sua morada em Israel. • Gabriel menciona o Espírito Santo, o Altíssi mo, e o Filho de Deus, oferecendo a Maria um vislumbre da Trindade. ITI 1, 37: "nada é impossível" - A reafir LJU mação de Gabriel ilumina a totalida de de Lc 1 . Ele insiste que Deus pode superar todos os obstáculos à maternidade, incluindo a infertilidade de Isabel e a virgindade de Ma ria (CIC 269, 273) . 3 0 O evangelho de São Lucas Maria visita Isabel; o clntico de louvor de Maria - 39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. 40Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito exclamou: "Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44Logo que a sua .saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu." 46Entáo Maria disse: "Minha alma proclama a grandeza do Senhor, 47meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão, 49porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo, 50e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração. 5 1Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, 52derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; 53aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias. 54Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre". 56Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa. 1, 42: Lc 1 1 . 27-28. • l, 46-55: 1 Sam 2,1-10. • 1, 47: 1Trn 2, 3; Tt 2,IO; Ju 25. • l, 55: Mie ?, 20; Gn 17,7; 18 , 18; 22, 17. • A declaração carrega conotações do Anti go Testamento, especialmente Gn 1 8 , 14 e Jr 32, 17 . 1 , 38: "faça-se em mim" - Maria livre e ativamente abraça o convite de Deus para carregar o Messias no seu ventre. A expressão grega denota mais que a mera aceitação pas siva, indica que ela quer ou deseja realizar a vontade de Deus em sua vida. Ao contrário de Zacarias, ela acolhe as palavras do anjo sem a restrição da dúvida (CIC 148, 494, 26 17). Ver comentário sobre Lc l , 1 8. lJJ 1, 41: "agitou no seu ventre" - A ex periência de Isabel é semelhante a de Rebeca em Gn 25. • Tanto Lucas como o Antigo Testamento gre go usam o mesmo verbo (grego: skirtao) para descrever infantes que pulam ou se agitam no útero. Como a experiência de Rebeca sinalizou a preeminência de Jacó sobre seu irmão mais velho Esaú (Gn 25, 22-23) , assim a experiência análoga de Isabel era um sinal de que Jesus seria maior que o seu primo mais velho João (3, 1 6; Jo 3, 27 -30) IT1 1 , 42: "você é bendita" - Isabel aben � çoa Maria com palavras outrora ditas a Jael e Judite no Antigo Testamento Oz 5, 24-27; Jud 1 3, 1 8). • Essas mulheres foram abençoadas por sua fé heróica e sua coragem de repelir exércitos ini migos hostis a Israel. A vitória foi assegurada quando Jael e Judite assassinaram os coman dantes militares com um golpe mortal na cabe ça. Maria vai seguir os seus passos, mas, no caso dela, tanto o inimigo destruído como a vitória obtida será maior, pois ela dará à luz o Salvador que esmaga sob os pés a cabeça do pecado, da morte e do diabo (Gn 3, 1 5 ; 1 Jo 3, 8; CIC 64, 489) . � 1 , 43: "mãe do meu Senhor" - Este .. título revela os mistérios duplos da di vindade de Jesus e da maternidade divina de Maria (CIC 449, 495). Nota-se que todas as ocorrências da palavra Senhor no contexto imediato ( 1 , 45) e adjacente se refere a Deus ( 1 , 28, 32, 38, 46, 58, 68). • A Maternidade divina de Maria foi o primeiro dogma mariano anunciado pela Igreja. O Con cílio Ecumênico de Éfeso (43 1 d.C.) definiu a Cadernos de estudo bíblico O nascimento de São João Batista - 57Terminou para Isabel o tempo de gravidez, e ela de� à luz um filho. 580s vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela. 59No oitavo diá, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe, po rém, disse: "Não! Ele vai se chamar João." 610s outros disseram: "Você não tem nenhum parente com esse nome!" 62Entáo fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63Zacarias pediu uma rabuinha, e escreveu: "O· nome dele é João." E todos ficaram admirados. 64No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. 66E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que será que esse menino vai ser?" De fato, a mão do Senhor estava com ele. l, 59: Lv 12, 3; Gn 17, 12. · 1, 63: Lc 1 , 1 3. singular relação de Maria com Cristo e hon rou-a com o órulo de "Mãe de Deus" (grego: Theotokos) . Isso foi reafirmado em 1 964 no Concílio Vaticano II. 1 3 ITI 1 , 46-55: O Magnificat {latim para LJU "engrandece") é um hino de louvor e um recital de fidelidade à Aliança de Deus. Maria exalta a humildade ( 1 , 48) e se alegra com as bênçãos de Deus sobre os humildes ( 1 , 47, 52-53) . A canção também introduz o tema da "misericórdià' de Deus ( 1 , 50, 54) , que transborda no episódio seguinte ( 1 , 58, 72, 78; CIC 2097, 26 1 9) . • O Magnificat é imbuído de temas e imagens do Antigo Testamento. Ele se assemelha a Can- 1 3 Lumen Gentium, 53 çáo de Ana em 1 Sm 2, 1 - 1 0, enquanto outras passagens esclarecem os acontecimentos (SI 89, 1 0, 1 3; 98, 3; 1 1 1 , 9; Eclo 33, 1 2; Hab 3, 1 8) . 1, 59: "circuncidar" - Pais judeus costu mam dar nome a seus filhos do sexo mascu lino no dia de sua circuncisão, o oitavo dia após o nascimento (2, 2 1 ) . Estes eram acon tecimentos de grande importância, que sina lizavam o início da participação da criança na Aliança em Israel (Gn 1 7, 9- 1 4; Lv 12 , 3) . 1 , 64: "sua língua se soltou" - Após nove meses de silêncio, Zacarias experimenta uma dramática recuperação ( 1 , 20) . Ele não tem mais dúvidas, mas aceita com alegria a chega da da criança ( 1 , 68-79) . 1 , 68-79: O Benedictus (Latim para "ben- A Profecia de Zacarias - 670 pai Zacarias cheio �o Espírito Santo, profetiwu dizendo: .68"Ben_diéo seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo. 69Fez aparecer uma força de salvação na casa de Davi, seu servo; 70conforme tinha anunciado 'desde outrora pela boca de seus santos profetas. 71É a salvação que nos livra de nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam. 72El� realizou a misericórdia que teve com nossos pais, recordando sua sanra aliança, 73e p juramento que fez ao nosso pai Abraão. 74Para conceder nos que, livres do medo e arrancados das mãos dos inimigos, 75nós o sirvamos com santidade e justiça, em sua presença, todos os nossos dias. 76E a você, menino, chamarão profeta do Altíssimo, porque irá à frente do Senhor; para preparar-lhe os caminhos, 77 anunciando ao seu povo a salvação, o perdão dos pecados. 78Graças ao misericordioso coraçãodo nosso Deus, o sol que nasce do alto nos visitará, 79para iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte; para guiar nossos passos no caminho da paz". 800 menino ia crescencl,o, e ficando forte de espírito. João viveu. no desJ::rto,. até o dia em que se manifesto� a Israel. l, 76: Lc 7, 26; MI 4, 5. • l, 77: Me 1 , 4. • l, 78: MI 4, 2: Ef5, 14. • l, 79: ls 9, 2; Mc 4, 16. • 1, 80: Lc 2, 40; 2, 52. dito") louva a Deus por sua fidelidade a Israel e sua orquestração cuidadosa da história da salvação. No ponto culminante desse plano está Jesus, cuja vinda cumpre os juramentos da aliança de Deus ( 1 ) para estabelecer o tro no de Davi para sempre (2 Sm 7, 1 2- 1 6; SI 89, 1 -4, 26-37) , e (2) para abençoar todas as nações através da descendência de Abraão (Gn 22, 16- 1 8; CIC 422, 706) . 1 , 69: "uma força" - Um símbolo da for ça (Sl 18 , 2; Eclo 47, 1 1 ; Mq 4, 1 3) . Zacarias o aplica a Jesus como o Ungido do Senhor (SI 1 32, 1 7; cf. Ez 29, 2 1 ) . Ver comentário sobre Lc 1 , 32-33. 1, 72: "recordando sua santa aliança" - O juramento da aliança de Deus com Abraão (Gn 22, 1 6- 1 8) se aproxima do seu cumpri mento no papel preparatório dos pais de João. Até mesmo seus nomes simbolizam que Deus se lembra (Zacarias) do seu juramento (Isabel) e irá cumpri-lo em breve através da missão de João e Jesus. Ver comentário sobre Lc 1 , 5 . 1, 76: "profeta do Altíssimo" - A voca ção de João está intimamente ligada a Jesus, mas seus títulos os distinguem: João é o pro feta do Altíssimo, ao passo que Jesus é o Filho do Altíssimo ( 1 , 32) . ltl 1, 78: "o sol" - Também traduzido como "a aurorà', ou simplesmente "o " nascente . • À luz do Amigo Testamento, as palavras de Zacarias podem ser vistas de diferentes ângulos. ( 1 ) O "nascente" é usado para des crever idiomaticamente o nascer do sol ao amanhecer ou as estrelas à noite. Vários tex tos recorrem a essa noção para descrever o Messias como uma luz ou estrela (Nm 24, 1 7; ls 9 , 2 ; MI 4 , 2) . (2) O "nascente" tam bém se vincula com Jr 23, 5 e Zc 3, 8; 6, 1 2 3 3 O evangelho de São Lucas do Antigo Testamento grego. Nesses textos, a mesma expressão descreve o Messias como um ramo que surge ou brota da linhagem real de Davi . Uma vez que Zacarias mencio na Davi ( 1 , 69) e a luz do Messias ( 1 , 79) neste contexto, ambas as conotações são possíveis. Ver comentário sobre Mt 2, 23. ESTUDO DA PALAVRA: RECEBEU 1 1 (MT 3 , 15) Katecheo (grego): significa "instruir" ou "ensi nar oralmente", e é base da palavra "catequese" na língua ponuguesa. O verbo é usado oito ve zes no Novo Testamento. Ele é freqüentemente associado com a transmissão primitiva do evan gelho, quando os apóstolos e seus companheiros instruíam os crentes verbalmente. Lucas escreve o seu evangelho a um ceno Teófilo, que já havia sido catequizado desse modo, a fim de confirmar e aprofundar sua compreensão da vida e dos ensi namentos de Jesus (Lc 1, 4). Apolo também havia aprendido os rudimentos da doutrina cristã por instrução oral (Ar 18,25). Paulo emprega esse ter mo anos antes, quando incentiva os jovens cris tãos a apoiar financeiramente os seus catequistas locais (Gl 6, 6), e quando salienta que o ensino inteligível na fé é mais proveitoso para o povo de Deus do que o discurso ininteligível das línguas carismáticas (lCor 14, 19). 14 A versão em inglês traduz Katecheo como informed, enquanto que a versão em português usa a palavra "recebeu" . Ambas se referem aos ensinamentos que foram transmitidos - NT. Cadernos de estudo bíblico MAPA: O REINO OE HERODES NO NASCIMENTO OE JESUS 3 4 O evangelho de São Lucas ENSAI O S OB RE UM TÓPICO: MARIA, A ARCA DA ALIANÇA O evangelho de Lucas nos diz mais sobre a Mãe de Jesus que qualquer outro livro do Novo Testamento. A maior parte da informação está condensada nos primeiros dois capítulos, em que Lucas encadeia algu mas das mais belas tradições que temos sobre a vida e missão de Maria. Quanto mais profundo mergulhamos na narrativa de Lucas, mais apreciamos o modo que Lucas nos conta a história de Maria. Um exemplo disso encontra-se na his tória da Visitação. Num ponto, ele nos conta sobre um exultante encontro entre duas grávidas; num outro, recorda histórias memoráveis contadas no Antigo Testamento sobre a Arca da Aliança. Ao aludir a essas tradições primitivas, Lu cas expande consideravelmente a visão do leitor atento. Ele nos leva a ver Maria como a Arca da Nova Aliança de Deus e sugere que a Sagrada Arca da Antiga Aliança meramente prefigura uma Arca ainda mais maravilhosa que há de vir: a Mãe do divino Messias. Uma tradição que Lucas se baseia está em 2 Sm. Ele intencionalmente apon ta a semelhança sutil, mas significante, entre a Visitação de Maria a Isabel, e os esforços de Davi para trazer a Arca da Aliança a Jerusalém, narrado em 2 Sm 6. Quando Lucas nos diz que Maria "dirigiu-se às pressas" para a região monta nhosa da Judéia para visitar sua parenta (Lc 1 , 39) , ele nos recorda como Davi "dirigiu-se às pressas" para a mesma região séculos antes a fim de transportar a Arca (2 Sm 6, 2) . Com a chegada de Maria, Isabel é tocada pelo mesmo sen timento de reverência e indignidade perante Maria (Lc 1 , 43) que Davi sentiu diante da Arca da Aliança (2 Sam 6, 9) . A semelhança continua quando o júbilo em torno desse grande encontro faz com que o infante João se agite de alegria no ventre (Lc l , 41) , assim como Davi dançou rejubilante perante a Arca (2 Sm 6, 1 6) . Finalmente, Lucas acrescenta que Maria ficou na "casa de Zacarias" por "três meses" (Lc 1 , 40, 56) , recordando que a Arca da Aliança permaneceu temporariamente na "casa de Obed-Edom'' por um período de "três meses" (2 Sam 6, 1 1) . Tomadas em conjunto, essas semelhanças nos mostram que Maria agora assume um papel na história da salvação que foi outrora dese�penhado pela Arca da Aliança. Como esse baú de ouro, ela é l!m vaso sagrado onde a presença do Senhor habita intimamente com o seu povo. Lucas também se baseia em uma segunda tradição do Livro das Crônicas. Dessa vez ele leva para sua história uma expressão altamente significativa ou trora ligada à Arca. O termo aparece em Lc l , 42 quando ISabel solta um grito exultante à chegada de Maria e seu Filho. Embora o verbo grego traduzido como "exclamou'' pareça suficientemente habitual, quase nunca é usado na bíblia. De fato, de todo o Novo Testamento, é encontrado apenas aqui. Sua presença no 3 5 Cadernos de estudo bíblico Antigo Testamento grego também é esparsa; aparece apenas cinco vezes . Por que isso é importante? Porque toda vez que essa expressão é usada no Antigo Testa mento, constitui parte das histórias em torno da Arca da Aliança. Em particular, refere-se aos sons melódicos produzidos por cantores e músicos levíticos quando glorificam o Senhor com o cântico. Isso descreve, portanto, a voz "exultante" dos instrumentos que foram tocados perante a Arca quando Davi a carregou em procissão para Jerusalém (1 Cr 1\ 28; 1 6, 4-5) e quando Salomão transferiu a Arca para sua morada definitiva no Templo (2 Cr. 5 , 1 3) . Referindo-se a esses episódios, Lucas vincula a mesma expressão com o grito melódico de outro des cendente levita, a anciã Isabel (Lc l , 5) . Ela também ergue sua voz em louvor litúrgico, não perante um baú de ouro, mas perante Maria. A marcante familia ridade de Lucas com essas histórias primitivas o permite eleger até mesmo uma única palavra para sussurrar aos seus leitores que essa jovem Mãe do Messias é a nova Arca da Aliança. Ao leitor que possui olhos para ver e ouvidos para ouvir, Lucas concedeu uma visão da Virgem Maria que se torna ainda mais gloriosa à medida que nos aprofundemos nas Escrituras. Nossa habilidade em ver Maria como ele viu depende em parte do nosso conhecimento do Antigo Testamento e em parte da nossa sensibilidade ao engenhoso uso que Lucas faz dele. Ao escolher suas palavrase frases cuidadosamente, ele é capaz de tecer várias vertentes da tradição bíblica em sua narrativa, acrescentando beleza e profundidade a sua j á elegante prosa. Não é de se admirar que as tradições litúrgicas e teológicas da igreja tantas vezes descrevem Maria como a Arca da Nova Aliança. Essa visão não é simples mente o fruto de especulação mística de uma era posterior. Já está incorporada à Narrativa da Infância no Evangelho de Lucas. O evangelho de São Lucas 2 O Nascimento de Jesus - 1Naqueles dias, o imperador Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento em todo o império. 2&se primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era .governador da Síria. 3Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. 4José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, até à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, 5para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto, 7 e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa. 2, l: Lc 3, l . . 2, 4: Lc 1 , 27 COMENTÁRIOS 2, 1 : "César Augusto" - O imperador romano de 27 a.C. a 14 d.C .. Era famoso por estabelecer a paz no império, a notável Pax Romana ("Paz Romanà') , e era aclamado como um "deus" e "salvador" por seus súditos. Lucas indica que o decreto de César foi parte do plano de Deus, uma vez que levou Maria e José a Belém para cumprir a profecia sobre o local do nascimento do Messias (Mq 5, 2; Me 3-6) . "Recenseamento": isco é, registrado por um censo. Na Judéia, a lei exigia que as fa mílias se registrassem em suas cidades natais ancestrais (2, 3-4) . 2, 4: "Belém" - Uma pequena aldeia da Judéia a cerca de noventa quilômetros ao sul de Nazaré. Era conhecida principalmente como a cidade natal do rei Davi e o local da sua unção real ( 1 Sm 1 6, 1 - 1 3) . Ver comentá rio sobre Me 2, 1 . lIJ � : 2, 7: "primogênito" - Um ..... termo legal relacionado com a posição social e os direitos do filho à herança (De 2 1 , 1 5- 1 7) . Isso não implica que Maria teve outros filhos depois de Jesus, mas que ela não teve nenhum antes dele (CIC 500) . Como Filho único, Jesus também é o Filho primogênito do Pai Qo 1 , 1 8 ; Cl 1 , 1 5) . Ver comentário sobre Me 1 2,46. "o enfaixou": Os recém-nascidos eram envoltos com eiras de pano para evitar o mo vimento dos seus braços e pernas . • A descrição de Lucas lembra o nascimento do Rei Salomão (Sb 7, 4-6) . "manjedoura'': Um cocho para os cava los, gado, etc. • Alegoricamente, 15 a definição do nascimento de Cristo nos aponta à Eucaristia. Já que pelo pecado o homem se torna como os animais , Cristo está no cocho em que os animais se alimentam, oferecendo-lhes não o feno, mas o seu próprio corpo como o pão que dá vida. Os Pastores e os anjos - 8Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. 9Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. 10Mas o anjo disse aos pastores: "Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Noticia, que será uma grande alegria para todo o povo: 1 1hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. 12lsto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura." 13De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deús; dizendo: 14"Glória a Deus no 1 1 5 3 7 São Cirilo de Alexandria, Catena dos Padres gregos. Cadernos de estudo bíblico mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados." 15Quando os anjos se afastaram, voltando para o céu, os pastores combinaram entre si: "Vamos a Belém, ver esse acontecimento que o Senhor nos revelou." 16Foram então, às pressas, e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, contaram o que o anjo lhes anunciara sobre o menino. 18E todos os que ouviam os pastores, ficaram maravilhados com aquilo que contavam. 19Maria, porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração. 200s pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido, conforme o anjo lhes tinha anunciado. 2, 9: Lc 1 . 1 1 ; At 5, 1 9. • 2, l l : Jo 4, 42; At 5, 3 1 ; Mr 16, 1 6; At 2, 36. 2, 12: !Sm 2, 34; 2Rs 19, 29; Is ?,14. · 2, 14: 1.c 19, 38; 3. 22. · 2, 19: Lc 2, 5 1 . lJJ 2, 8: "pastores" - Os judeus religiosos geralmente desaprovavam essa ocupação. • Tal como aconteceu com esses homens, Deus favoreceu inúmeros pastores no Anti go Testamento, incluindo Abel (Gn 4, 2-4) , Jacó (Gn 3 1 , 3- 1 3) , José (Gn 37, 2-9) , Moi sés (Ex 3. 1 -6) , Davi (1 Sm 16 . 1 1 - 1 3) , e Amós (Am 1 , 1 ) . 2, 9 : "a glória do Senhor" - A nuvem lu minosa e incandescente da presença de Deus (Ex 40, 35 ; Nm 9, 1 5- 1 7; CIC 697) . 2, 1 1 : "Salvador... Messias... Senhor" - Títulos que resumem o mistério de Jesus e sua missão. Como Salvador, Jesus resgata a humanidade do pecado; como Cristo, ele é o Messias esperado e o rei descendente de Davi ( 1 , 32-33; Jo l , 49) ; como Senhor, ele está sentado à direita de Deus e reina sobre todas as nações (At 2, 34-36; Fl 2, 1 1 ) . 2, 13 : "multidão de anjos" - Um exército inteiro de anjos de Deus (CIC 333) . "Cantavam louvores a Deus": Uma nota de júbilo que ressoa em todo o Evangelho de Lucas. (2, 20; 5 , 26; 7, 1 6; 1 3 , 13 ; 1 7, 1 5 ; 1 8 , 43; 24, 53.) 2, 14: "Glória a Deus" - um breve hino comumente conhecido pelo seu título em La tim, Gloria in Excelsis Deo. "Paz'': não a mera ausência de conflitos, mas uma paz enraizada na reconciliação com Deus. A concessão da paz por Jesus é destaque em Lucas (7, 50; 8, 48; 19 , 38 ; Jo 14, 27) . Ver comentário sobre Mt 5, 9. "Por ele amados": Palavras semelhantes ressurgem no batismo de Jesus em Lc 3, 22. Isso sugere uma ligação entre os dois episó dios: os batizados em Cristo são por ele ama dos e estão em paz com Deus (At 2, 38-4 1 ; Rm 5 , 1 ; Ef 2, 1 1 - 1 9, CIC 537) . 2 , 19: "Maria. • • em seu coração" - Maria contempla o nascimento e infância de Jesus, não à distância, mas como uma participante do mistério ( 1 , 35 , 43; 2, 5 1 ) . A perspectiva de Lucas sugere que Maria é a sua fonte de informações direta ou indireta, já que apenas ela poderia relatar esses detalhes escondidos da história. 2, 21 : "circuncidado" - Como João, Je sus recebe seu nome ao ser circuncidado ( 1 , 59-60) ; O acontecimento inicia sua total uni dade com o povo da Aliança de Deus, Israel (Gn 1 7, 9- 14; CIC 527) . Jesus é circuncidado e recebe o nome - 2 1Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo, antes de ser concebido. O evangelho de São Lucas Jesus é apresentado no Templo - 22Terminados os dias da purificação deles, conforme a Lei de Moisés, levaram o menino para Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor, 23conforme está escrito na Lei do Senhor: "Todo primogênito de sexo masculino será consagrado ao Senhor." 24Foram também para oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, conforme ordena a Lei do Senhor. 25Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Era j usto e piedoso. Esperava a consolação de Israel, e o espíri�o Santo estava com ele. 260 Espírito Santo tinha revelado a Simeão que ele não morreria sem primeiro ver o Messias prometido pelo Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus, para cumprirem as prescrições da Lei a respeito dele, 28Simeáo tomou o menino nos braços, e louvou a Deus, dizendo: 29"Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. 30Porque meus olhos viram a tua salvação, 3 1que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminaras nações e glória do teu povo, Israel." 330 pai e a mãe estavam maravilhados com o que se dizia do menino. 34Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: "Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Quanto a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações." 36Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Tinha-se casado bem jovem, e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficou viúva, e viveu assim até os oitenta e quatro anos. Nunca deixava o Templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. 38Ela chegou nesse instante, louvava a Deus, e falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 2, 22-24: Lv 12 , 2-8. • 2, 23: Ex 13 , 2-12 . • 2, 25: Lc 2, 38; 23, 5 1 . • 2, 30: Is 52, l O; Lc 3, 6. 2, 32: Is 42, 6; 49, 6; At 1 3 , 47; 26, 23. • 2, 36: At 2 1 , 9; Js 1 9,24; lTm 5, 9. 2, 22: "purificação" - O nascimento de um filho varão impossibilita uma mulher israelita de tocar qualquer objeto sa grado ou de se aproximar do Templo por qua renta dias e, após esse período, ela deve ofere cer o sacrifício em Jerusalém (Lv 1 2, 1 -8) . Estritamente falando, essas ofertas purifica vam as mulheres de impurezas legítimas e não tinha ligação alguma com falhas morais ou culpa. Maria aqui oferece o sacrifício do po bre: um par de rolas ou dois pombinhos (2, 24; Lv 1 2, 8) . • Vários Padres da Igreja sustentavam que Ma ria não tinha impureza legítima para expiar. Ela entretanto sujeitou-se à Lei Mosaica a fim de não escandalizar os outros. Sua submissão foi semelhante a de Jesus, que não tinha pecado mas recebeu o batismo de arrependimento de João (Mt 3, 1 3- 1 5) . lJJ 2, 23: "Todo primogênito do sexo masculino ... ao Senhor" - Uma pa ráfrase de Ex 13 , 2. Implica que Jesus é cansa- grado como sacerdote, ou que foi comprado dos Levitas por um preço de resgate de cin quenta gramas de prata (Nm 1 8 , 1 5- 16) . De qualquer maneira, Maria e José cumpriram a lei fielmente (2, 22, 24, 27) e completamente (2, 39) . "Consagrado ao Senhor": É o cumpri mento do anúncio do anjo ( 1 , 35) . • A apresentação de Jesus se assemelha à consa gração de Samuel no Antigo Testamento, que também foi feita por pais devotos ao Templo (1 Sm 1 , 24-27) . Já que Samuel foi oferecido a Deus para se tornar sacerdote ( l Sm l , 1 1 , 22) , Lucas talvez tenha deduzido o mesmo com a consagração de Jesus. lJJ 2, 25: "Consolação de Israel" - isto é, o período em que muitos acredita vam que Javé salvaria o seu povo das normas dos gentios (romanos) e restabeleceria o glo rioso reino de Davi em Jerusalém ( 1 , 7 1 ; 2, 38) . Essas expectativas estavam vinculadas à vinda do Messias (Me 1 1 , 1 0; At 1 , 6) . 3 9 Cadernos de estudo bíblico O retomo a Nazaré - 39Quando acabaram .de cumprir todas as coisas, conforme a Lei do Senhor, voltaram para Nazaré, sua cidade, que ficava na Galiléia. 400 menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele. 2, 40: Jz 13 , 24; 1 Sm 2, 26. • As palavras de Simeão invocam várias das pro messas de Isaías nessa direção. (Is 40, 1 ; 52, 9; 6 1 , 2-3) . Ver comentário sobre 1.c 4, 43 . LJJ 2, 29-32: O Nunc Dimittis de Simeão (latim para "agora despedes") exalta a Criança como a coroa das promessas da Alian ça de Deus. • O oráculo é uma mistura da profecia de Isaías cumprida em Jesus. Primeiro, Jesus personifica a salvação de Deus (2, 30) , recordando Is 40, 5 ; 46, 13 e 52, 9- 1 0. Ele é também uma luz para iluminar as nações, invocando Is 42, 6 e 49, 6. Como o Messias, Jesus é o representante da aliança que assume a vocação de Israel so bre si e completa a missão que foi deixada sem cumprimento na sua vinda, ou seja, derramar bênçãos sobre todas as nações. 2, 34: "queda e elevação" - O segundo oráculo de Simeão lança uma sombra sobre o futuro do Menino. Ele é o Messias que vai traçar uma linha em Israel , fazendo com que a nação se divida e tome uma posição favo rável ou contrária a ele (20, 1 7- 1 8 ; l Pd 2, 6-8; CIC 587) . Aqueles que o rejeitam se condenam a si mesmos, enquanto os que o seguem serão abençoados (6, 20-23 , 46-49) . 2, 35: "uma espada há de atravessar lhe a alma'' - Um vislumbre antecipado do Calvário, quando a rejeição de Jesus pelos pecadores será fortemente sofrida por sua Mãe. Unida à vocação de Maria está uma severa expectativa do sofrimento materno (CIC 6 1 8) . 2 , 36: "profetisa'' - Como Maria (Ex 1 5 , 20) , Débora Qz 4, 4) e Hulda (2Rs 22, 14) no Antigo Testamento, Ana é uma intérprete reconhecida da vontade de Deus para Israel. Outras profetisas do Novo Testamento apare cem em At 2 1 , 9. 2, 41: "libertação de Jerusalém'' - Ana aguarda libertação de Deus para Israel e a Ci dade Santa. Suas expectativas espelham a de Simeão. Ver comentário sobre Lc 2, 25. 2, 41-52: Apenas Lucas registra este epi sódio da infância de Jesus. Ele se afasta do resto da história, cercado por anos de silên cio em ambos os lados. Além disso, faz uma volta completa na Narrativa da Infância do evangelho de Lucas, de modo que sua histó ria começa e termina no Templo ( l , 9; 2, 46; CIC 53 1 -34) . 2, 41: "Páscoa'' - Esperava-se que varões judeus viajassem a Jerusalém para três festas todo ano: na festa da Páscoa, na festa das Se manas e na festa das Tendas (Dt 1 6, 1 6) . A participação anual de Maria e José ressalta a fidelidade que tinham à Lei de Deus. � 2, 46: " Três dias depois" - Um tem .. po de grande ansiedade para Maria e José. Pensando que Jesus estivesse com a ca ravana de peregrinos da Galiléia, eles deixa ram a cidade sem Jesus . "Escutando... fazendo perguntas": a instrução religiosa judaica muitas vezes en volvia levantar questões e discuti-las à luz das Escrituras . O conhecimento de Jesus meni no surpreendeu até os rabinos mais estuda dos (2, 47) . O evangelho de São Lucas O menino Jesus no Templo - 410s pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando o menino completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, voltaram, mas o menino Jesus ficÓu em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44Pensan do que o menino estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procura-lo enue parentes e conhecidos. 45Não o rendo encontrado, voltaram a Jerusalém à procura dele. 46Três dias depois, encontraram o menino no Templo. Estava sentado no meio dos doutores, escutando e fazendo perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com a inteligência de suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram emocionados. Sua mãe lhe disse: "Meu filho, por que você fez isso conosco? olhe que seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura." 49Jesus respondeu: "Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?" 50Mas eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer. 51Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles. E sua mãe conservava no coração todas essas coisas. 52E Jesus crescia em sabedoria, em estarura e graça, diante de Deus e dos homens. 2, 41: Dt 16, 1 -8; Ex 23, 1 5. • 2, 48: Mc 3, 3 1 -35. - 2, 51: Lc 2, 19. • 2, 52: Lc 1, 80; 2, 40. • Alegoricamente, 16 a descoberta de Jesus no Templo prefigura sua Ressurreição, quando Cristo, pela morte, terá três dias de ausência apenas para se encontrar novamente na car ne. A angústia após o seu sepultamento vai igualmente dar lugar à alegria e ao alívio em Sua ascensão. 2, 49: "Não sabiam'' - Jesus não re preende Maria e José como se tivessem feito algo errado, mas os instrui que o papel deles como pais deve estar subordinado à vontade do Seu Pai divino, Seus pais têm uma ftm ção importante a desempenhar em sua mis são, tal como indicado no episódioseguinte, em que Jesus se submete a sua liderança e os honra com a fiel obediência de um filho. 16 Santo Ambrósio, ln Lucam. "casa do meu Pai": Literalmente "no que é de meu Pai". Isso pode ser referência espe cífica ao Templo ou, de modo geral, a sua missão dada pelo Pai . ITI 2, 52: "Jesus crescia'' - O desenvol LJU vimento humano de Jesus era um processo da construção de caráter e aquisição de conhecimento experimental que acompa nhou o seu crescimento físico e psicológico (Pv 3, 3-4) . Ao final desses estágios de desen volvimento, a vida de Cristo como homem era um reflexo perfeito da sua filiação divina (CIC 472) . Ver comentário sobre Mt 24, 36. • A descrição de Lucas lembra o amadureci mento do jovem Samuel em 1 Sm 2, 26. ENSAIO S O B RE UM TÓPICO: O CENSO DE QUIRINO O s versículos iniciais de Lucas 2 tem por muito tempo desconcertado os intérpretes da bíblia.Apesar da intenção de Lucas de situar o nascimen to de Jesus na linha do tempo da história mundial, muitos estudiosos alegam que Lc 2, 1 -3 são os versículos mais historicamente inexatos no evan gelho. Dizem que César Augusto nunca ordenou um censo em todo o império (Lc 2, 1 ) e que o censo do governador romano da Síria, Quirino, não aconteceu Cadernos de estudo bíblico até 6 d.C., uma década inteira depois da data que muitos aceitam como o nas cimento de Jesus (6-4 a.C.) . Se o decreto de César é historicamente suspeito e o censo de Quirino é cronologicamente tardio para ter levado José e Maria a Belém, como Lucas pode .ligar esses acontecimentos a fim de preparar o terreno do primeiro Natal? Várias explicações disso têm sido propostas por estudiosos. Alguns pensam que Lucas fez confusão com os fatos. Outros sugerem que Lucas nos deu um es boço desses eventos iniciais sem a intenção de ser mais preciso sobre os detalhes cronológicos. Outros ainda precipitam-se à defesa de Lucas como historiador confiável, mas são forçados a reconstruir a história do período em modos que não são facilmente reconciliáveis com os dados históricos atualmente disponí veis. Felizmente, pesquisas recentes então começando a esclarecer melhor esta questão. Isso envolve uma reinterpretação de três peças essenciais do quebra-ca beça histórico: o ano da morte de Herodes, o Grande, a natureza do decreto de César e o papel de Quirino. 1. Uma maioria de estudiosos acredita que Herodes o Grande, o governante da Palestina, morreu na primavera de 4 a.C. , logo depois de um eclipse lunar em março daquele ano. Amplo consenso nesta data levou intérpre tes modernos a situar o nascimento de Jesus um ou dois anos antes, entre 6 e 4 a.C. - afinal Herodes ainda estava vivo no período da Natividade (Mt 2, 1- 1 8) . Objeções são agora levantadas contra essa visão. De fato, muitos estudiosos defendem a data para a morte de Herodes no início da primavera de 1 a.C. , logo depois de um eclipse lunar em janeiro daquele ano. Curiosamente, essa cronologia alternativa impulsionaria a data do nascimento de Cristo ao pleno acordo com o testemunho dos primeiros cristão_s. Ao calcular a Natividade de acordo com os anos do reinado de César Augusto, muitos Padres da Igreja, como Irineu, Clemente de Ale xandria, Tertuliano, Orígenes, Hipólito de Roma, Eusébio e Epifânio, estabeleceram uma data para o nascimento de Cristo entre 3 e 2 a.C.. Se acolhida, essa revisão cronológica leva a Natividade para mais perto do final do primeiro século a.C. e abre novas possibilidades para o entendi mento das circunstâncias descritas por Lucas. 2. O decreto de César tem sido um detalhe problemático na narrativa de Lucas (Lc 2, 2). Há evidência clara de que César Augusto iniciou os re gistros dos cidadãos romanos em diferentes momentos do exercício do seu cargo, mas não há indícios de que tenha ocorrido nos anos finais do primeiro século a.C. ou que tal censo tenha abrangido o império todo. Já que a maioria dos recenseamentos no mundo romano era feito para fins de tributação, ainda se argumenta que César nunca faria um censo 4 2 O evangelho de São Lucas na Palestina enquanto Herodes, o Grande, gov.ernava a região como rei e recolhia os impostos que a ele pertencia. Essas visões geralmente reconhe cidas são agora criticadas. O historiador judeu Josefo relata que durante os últimos anos do governo de Herodes, a Judéia foi obrigada a fazer um juramento de lealdade a César. Evidências arqueológicas confirmam que o mesmo tipo de juramento era feito em outras partes do império em torno de 3 a.C. IssÕ também pode significar que o recenseamento descrito em Lc 2, 1 envolveu um juramento de fidelidade ao imperador, não um censo feito para fins tributários. Posteriormente, um historiador cristão chamado Orósio (século quinto d.C.) disse explicitamente que César Augusto ordenou que todo indivíduo em todas as províncias ro manas fizesse um juramento público. Sua descrição do acontecimento sugere vivamente que este juramento foi obrigatório pouco antes de 2 a.C. , quando o povo romano aclamou César Augusto como o primeiro de todos os homens. Até mesmo César Augusto diz nos seus escritos pes soais que o mundo romano inteiro professou que ele era o "Pai" do im pério quando este título foi oficialmente concedido a ele em 2 a.C. Essas linhas convergentes de evidências tornam possível que o censo de Lucas 2 não tenha sido um recenseamento de habitantes para fins de tributação, mas um recenseamento público de súditos que expressavam sua lealdade ao imperador reinante. 3 . 3 . O papel de Quirino é talvez o detalhe mais difícil de interpretar na nar rativa de Lucas (Lc 2,2) . É bem conhecido que ele iniciou um recenseamento de tributação logo depois de ser nomeado embaixador da Síria no ano 6 d.C., em bora faltem evidências de que ele ocupou essa posição mais de uma vez ou que já tenha iniciado mais de um recenseamento. Como, então, Lucas pode associar Quirino a um censo que ocorreu muitos anos antes, quando Jesus nasceu? A pista mais útil pode ser encontrada nas próprias palavras de Lucas, A expressão grega que ele usa em Lc 2, 2 para a função de governador de Quirino é a descri ção exata que ele usa para a função governante de Pondos Pilatos em Lc 3, 1 . Já que Pilatos "governou" como um procurador regional e não foi o embaixador de uma província romana inteira (como Síria) , é possível que Lucas esteja se referindo a uma função administrativa adotada por Quirino que não tinha ne nhuma ligação com sua posição posterior de embaixador imperial. Essa possibi lidade é reforçada pelo Padre da Igreja Justino Mártir, que afirmou que Quirino foi um "procurador" na Judéia (não na Síria) no tempo do nascimento de Jesus. Isso também q.os permite recorrer .ao testemunho de outro escritor cristãà pri mitivo, Tertuliano, que disse que Saturnino (e não Quirino) era o embaixador 4 3 Cadernos de estudo bíblico oficial da Síria no tempo da Natividade. Pode ser que Quirino fosse um admi nistrador do recenseamento da Judéia (isto é, o registro do juramento em 3 a.C.) muitos anos antes de conduzir outro censo para tributações em 6 d.C. Embora haja lacunas nessa reconstrução, e muito permaneça incerto, a força cumulativa da evidência é significante. A morte de Herodes, o decreto de César e a posição governante de Quirino são todos fatores históricos que, quando re considerados, produzem um retrato mais coerente dos acontecimentos em torno da natividade. Isso significaria que Jesus nasceu entre 3 e 2 a.C., o recenseamen to de José e Maria foi um registro de lealdade a César, e a documentação desse juramento foi organizada e implementado na Judéia por Quitino anos antes de ter sido nomeado o governador oficial da Síria. Essa reconstrução não só alivia as tensões cronológicas em Lc 2, 1 -2, mas ajuda a confirmar a confiabilidade de Lucas como historiador, bem como a credibilidade da Igreja primitiva como um canal de tradições históricas. 3 O sermão de João Batista - 1Fazia quinze anos que Tibério eraimperador de Roma. Pôncio Pilatos era governador da Judéia; Herodes governava a Galiléia; seu irmão Filipe, a lturéia e a Tra conítide; e Lisânias, a Abilene. 2Anás e Caifás eram sumos sacerdotes. Foi nesse tempo que Deus enviou a sua palavra a João, filho de Zacarias, no deserto. ' 3E João percorria toda a região do rio Jordão, pregando um batismo de.conversão para o perdão dos pecados, 4conforme está escrito no livro do pro feta Isaías: "Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas. 5Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão aplainadas; as estradas curvas ficarão retas, e os caminhos esburacados serão nivelados. 6E todo homem verá a salvação de Deus." 7João Batista dizia às multidões que iam para ser batizadas por ele: "Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Façam coisas para provar que vocês se converteram, e não comecem a pensar: 'Abraão é nosso pai'. Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fuzer nascer filhos de Abraão. 90 machado já está posto na raiz das árvoreS. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada no fogo." 'ºAs multidões perguntavam a João: "O que é que devemos fazer?" 1 1 Ele respondia: "Que!Il tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. E quem tiver comida, faça a mesma coisa." 12Alguns cobradores de impostos também foram para ser batizados, e perguntaram: "Mestre, o que devemos fazer?" 13João respondeu: "Não cobrem nada além da taxa estabelecida." 14Alguns soldados também perguntaram: "E nós, o que devemos fazer?" Ele respondeu: "Não maltratem ninguém; não façam acu sações falsas, e fiquem contentes com o salário de vocês." 150 povo estava esperando o Messias. E todos perguntavam a si mesmos se João não seria o Messias. 16Por isso, João declarou a todos: "Eu batiw vocês com água. Mas vai chegar alguém mais forte do que eu, e eu não sou digno nem sequer de desamarrar a correia das sandálias dele. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. 17Ele terá na mão uma pá; vai limpar sua eira, e recolher o trigo no seu celeiro; mas a palha ele vai qm;imar no fogo que não se apaga." 18João anunciava a Boa Notícia ao povo de muitos outros modos. 19João repreendeu o governador Herodes, porque este se casara com Herod.íades, a mulher do irmão, e porque tinha feito muitas outras maldades. 20Herodes ainda fez o pior: mandou prender João. 3, l: L: 23, l; 9.7; 13 ,3 1 ; 23,7. • 3, 2: Jo 1 8, 1 3; At 4,6; Mt 26,3; Jo 1 1 ,49. • 3, 3-9: Mt 3 , 1 - 10; Me 1 , 1-5 ; Jo 1 ,6 e 23. • 3, 4-6: ls 40, 3-5. • 3, 6: L: 2, 30. • 3, 7: Mt 12 , 34; 23, 33. • 3, 8: Jo 8, 33. 39. • 3, 9: Mt 7, 9; Hb 6,7-8. • 3, l i : L: 6, 29. • 3, 15: At 13 , 25; Jo 1 , 1 9-22; 3, 16-18: Mt 3. 1 1 - 1 2; Me 1, 7-8; Jo 1, 26-27, 33; At 1 ,5 ; 1 1 , 1 6; 1 9.4. • 3, 19-20: Mt 14, 3-4; Me 6, 17- 18 . 44 COMENTÁRIOS 3, 1-2: Lucas situa o ministério de João Batista na cronologia dos acontecimentos mundiais, com a intenção de que os leitores o vejam à luz da história civil e religiosa. Ele se move de um amplo foco a um mais restrito ao considerar o imperador romano (Tibério) , governantes locais da Palestina (Pilatos, He rodes, Filipe, Lisânias) e líderes sacerdotais de Israel (Anás e Caifás) . 3 , 1 : "Tibério" - O imperador romano de 14 a 37 A.D. Seus quinze anos de ofício se dá entre 27 e 29 d.C. "Pondos Pilatos'': O procurador roma no que gvernou Judéia, Samaria e Iduméia de 26 a 36 d.C. "Herodes": Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande. Governou a Galiléia e Peréia de 4 ou 1 a.C. até 39 d.C., enquanto seu meio-irmão "Filipe" governou as regiões ao nordeste da Galiléia de 4 ou 1 a. C. até 34 A.D. Outrora desconhecido, "Lisânias" governou o território ao norte da Palestina chamado Abilene. 3, 2: "sumos sacerdotes" - Os sumos sa cerdotes de Israel ocupavam o cargo um de cada vez. Na época do Novo Testamento, as autoridades romanas nomeavam e destituíam esses sacerdotes à vontade. ''Anás": Seu ministério foi exercido de 6 d.C. até ser substituído em 1 5 d.C. Sua influência em Jerusalém resistiu por muito tempo após o seu mandato (Jo 1 8 , 1 3 . 24; At 4, 6) . "Caifás'': O genro de Anás que ministrou como sumo sacerdote de 1 8 a 36 d.C. ITI 3, 4-6: As palavras de Isaías anunciam � a restauração de Israel e do mundo (Is 40, 3-5) . João é a voz no deserto que clama a preparação de Israel para a vinda do Senhor. O evangelho de São Lucas Assim como as vias foram melhoradas por causa da procissão de antigos reis, João se pre para para a chegada de Jesus e para a salvação de todo homem. • Ao citar o capítulo que inicia a parte cen tral de Isaías (caps. 40-55) , Lucas sugere urna sinfonia inteira de promessas bíblicas a ser cumprida pelo Senhor. Ele irá resgatar os po bres e oprimidos (Is 4 1 , 1 7; 42, 7; 49, 1 3) , derramar o Espírito (44, 3) , restaurar Israel (43, 5-7; 48, 20; 49, 5 ) , chegar a Jerusalém corno Rei (40, 9- 1 0; 52, 7- 1 0) , destruir seus inimigos (4 1 , 1 1 - 1 3 ; 47, 1 - 1 5) e mostrar mi sericórdia a seus filhos (43 , 25 ; 44, 22; 55 , 7) . No cume disso está o Servo messiânico, cuja missão é abençoar as nações (42, 1 -4; 49, 1 -6) e expiar o pecado (50, 4-9; 52, 1 -53, 1 2) . Tudo isso é cumprido por Jesus (2 , 32; 22, 37; 24, 46; At 3 , 1 3) . 3 , 8 : "é nosso pai" - Israel traçou sua des cendência a Abraão (Gn 1 7, 3-5; Is 5 1 , 2) . No entanto, João adverte que a descendência raci al não garante o favor de Deus, já que os ver dadeiros filhos de Abraão são os que imitam sua fé perseverante (Jo 8, 39-40; Rm 4, 1 6) . 3, 10-14: João direciona sua mensagem a todas as pessoas e ocupações. A renovação espiritual determinada por ele implica, entre outras coisas, um retorno à justiça social (3, 1 1 , 14) , honestidade (3, 1 3) , e generosidade (3, 1 1 ) (CIC 2447) . Ver Estudo da Palavra: Penitência em Me l , 4. 3, 15: "João ... o Messias" - As multidões se perguntam se João é o Messias. Ele nega e fala que o Messias é "mais forte" que ele (3, 1 6; cf. Jo l , 20) . Ver comentário sobre Me 1 , 5 . 3 , 17: "uma pá'' - De acordo com a prá tica habitual, o grão era jogado ao ar com uma pá bifurcada. O vento soprava para longe o 4 5 Cadernos de estudo bíblico O batismo de Jesus - 21Todo o povo foi batizado. Jesus, depois de batizado, estava rezando. Então o céu se abriu, 22e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba. E do céu veio uma voz: "Tu és o meu Filho amado! Em ti encontro o meu agrado." 3, 21-22: Mc 3, 13- 17; Mc 1 , 9- l l ; Jo l , 29-34. • 3, 2l: Lc 5, 16; 6, 12; 9, 18; 9,28; 1 1 , l ; Mc 1 , 35. 3, 22: 51 2, 7; Is 42, l ; Lc 9, 35; At 10, 38; 2Pd 1 , 17. joio inútil, enquanto as sementes caíam à eira para ser recolhidas e armazenadas Deus irá se parar do mesmo modo os bons e os maus no Julgamento final (SI l , 4-6; Mt 13 , 24-30) . 3, 19: "João repreendeu'' - João denun ciou o pecado e convocou malfeitores a se reconciliarem com Deus. No caso de Herodes Antipas, João acusou-o de se casar ilegalmen te com Herodíades, esposa divorciada do seu irmão Filipe. Ver comentário sobre Me 6, 1 8 . fTI 3, 21-22: Lucas abrevia o batismo de � Jesus, enfatizando que o Espírito San to desceu sobre ele (4, 1 8) . Foi a fim de forta lecer Jesus para um "batismo" de sofrimento posterior ( 1 2, 50) . • Dois oráculos do Antigo Testamento res soam ao fundo. ( 1 ) Is 1 1 , 2 descreve o "Espí rito do SENHOR" repousando sobre o Mes sias davídico, possibilitando que ele julgue os fracos com "justiça" e vitoriosamente "mate o ímpio" (Is 1 1 , 4) . Isso se encaixa na descrição que Lucas faz de Jesus como um ministro dos pobres (4, 1 8 ; 6, 20) e um Rei Davídico ( 1 , 32-33) . (2) Is 42, 1 d a mesma forma descreve o "Espírito" repousando sobre o Servo do Se nhor, que irá ministrar às "nações" (Is 42, 6) e "abrir os olhos dos cegos" (Is 42, 7). Lucas também retrata Jesus como o Servo que traz a luz salvadora de Deus a todas as nações ( 1 , 32; 22, 37; 24, 47) (CIC 536, 1 286) . 3, 21 : "rezando" - Lucas com frequência retrata Jesus rezando durante momentos sig nificativos da sua vida (6, 12 ; 9, 1 8 , 28; 1 1 , 1 ; 22, 32, 4 1 ; 23, 46; CIC 2600) . 3, 22: "como pomba'' - Símbolo de paz e inocência (Gn 8 , 1 0- 1 1 ; Mt 1 0, 1 6; CIC 70 1 ) . Ver comentário sobre Me l , 1 0 . 3, 23-38: Há várias diferenças entre as genealogias de Jesus em Lucas (3, 23-38) e em Mateus (Mt 1 , 2- 1 6) que torna difícil A ascendência de Jesus - 23Jesus tinha cerca de trinta anos quando começou sua atividade pública. E, conforme se pensava, ele era filho de José, filho de Eli, 24filho de Matat, filho de Levi, filho de Melqui, filho de Janai, filho de José, 25filho de Matadas, filho de Arnós, filho de Naum, filho de Esli, filho de Nagai, 26filho de Maat, filho de Matadas, filho de Semein, filho de José, filho de Jodá, 27filho de Joanã, filho de Ressa, filho de Zorobabel, filho de Salatiel, filho de Neri, 28filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosã, filho de Almadã, filho de Her, 29filho de Jesus, filho de Eliezer, filho de Jorim, filho de Matar, filho de Levi, 30filho de Simeão, filho de Judá, filho de José, filho de Jonã, filho de Eliacim, 31filho de Meléia, filho de Mená, filho de Matará, filho de Narã, filho de Davi, 32filho de Jessé, filho de Obed, filho de Booz, filho de Salá, filho de Naasson, 33filho de Arninadab, filho de Admin, filho de Arni, filho de Esron, filho de Farés, filho de Judá, 34filho de Jacó, filho de Isaac, filho de Abraão, filho de Taré, filho de Nacor, 35filho de Seruc, filho de Ragau, filho de Faleg, filho de Éber, filho de Salá, 36filho de Cainã, filho de Arfaxad, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lamec, 37filho de Matusalém, filho de Henoc, filho de Jared, filho de Malaleel, filho de Cainã, 38filho de Enós, filho de Set, filho de Adão, filho de Deus. 3, 23-38: Me l , 1 - 17; Gn 5,3-32; 1 1 , 1 0-26; Rt 4, 1 8-22. 1 Cr 1 , 1 -4, 24-28; 2 , 1- 1 5. • 3, 23: Jo 8, 57; Lc l, 27. O evangelho de São Lucas harmonizá-las em cada detalhe. Duas coo- de Jesus da própria Maria. Ver comentários siderações devem ser observadas para colocar sobre Lc 2, 1 9 e Mt 1 , 2- 1 7. suas diferenças em perspectiva. ( 1 ) Mateus traça a linhagem de Jesus a partir de Abraão, o precursor de Israel (Mt 1 , 2) , enquanto Lucas traça a descendência até Adão, o pai da humanidade (3, 38) . Assim, enquanto Mateus ressalta a realeza de Jesus sobre Is rael, Lucas ressalta suas qualificações para ser o Salvador da humanidade como um todo. (2) As duas genealogias são substancialmente a mesma de Abraão a Davi, mas divergem significativamente nas gerações que vão de Davi a Jesus . É possível que Mateus regis tre a descendência do pai adotivo de Jesus, José, e Lucas registre a descendência de sua mãe biológica, Maria. Nesse caso, Mateus nos mostra a linhagem dinástica que passa de Davi a José pelo Rei Salomão (Mt l , 6) e Lucas nos mostra a linhagem davídica de modo mais geral, uma vez que passa de Davi a Maria por meio de Natã (3, 3 1 ) . Como na sua Narrativa da Infância, Lucas pode ter ob tido informação sobre as tradições familiares lJJ 3, 23: "trinta anos" - Apenas Lucas menciona a idade adulta de Jesus, que os judeus geralmente consideravam a idade da maturidade. • Ênfase anterior à missão reaJ de Jesus o vin cula a Davi ( 1 , 32; 2, 4) , que também tinha trinta anos quando foi ungido rei (2 Sm 5, 4) . 3, 31 : "filho de Davi" - A descendência davídica de Jesus o qualifica à realeza em Is rael, e o Pai o colocará no trono de Davi para sempre ( 1 , 32-33, 69; 1 8 , 38 ; 20, 4 1 -44) . Ver comentário sobre Lc 1 , 32-33. 3, 38: "filho de Deus" - A ligação final da genealogia indica a filiação de Adão na criação. À luz de afirmações semelhantes so bre Jesus ( 1 , 35 ; 3, 22) , Lucas expressa uma ligação entre os dois: Cristo é o novo Adão que regenera uma nova humanidade na vida e na graça de Deus (Rm 5 , 1 4; 1 Cor 1 5 , 45) . 47 Cadernos de estudo bíblico 4A tentação de Jesus - 1Repleto do Espírito Santo, Jesus voltou do rio Jordão, e era conduzido pelo Espírito através do deserto. 2Aí ele foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada nesses dias e, depois disso, sentiu fome. 3Então o diabo disse a Jesus: "Se tu és Filho de Deus, manda que essa pedra se torne pão." 4Jesus respondeu: "A Escritura diz: 'Não só de pão vive o homem'." 50 diabo levou Jesus para o alto. Mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo. 6E lhe disse: "Eu te darei todo o poder e riqueza desses reinos, porque tudo isso foi entregue a mim, e posso dá-lo a quem eu quiser. 7Portanto, se te ajoelhares diante de mim, tudo isso será teu." ªJesus respondeu: "A Escritura diz: 'Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirâ ." 9Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do Templo. E lhe disse: "Se tu és filho de Deus, joga-te daqui para baixo. 10Porque a Escritura diz: 'Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado'. 1 1 E mais ainda: 'Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em nenhudia pedrá." 12Mas Jesus respondeu: "A Escritura diz: 'Não tente o Senhor seu Deus'." 13Tendo esgotado todas as formas de tentação, o diabo se afastou de Jesus, para voltar no tempo oportuno. ' 4, 1-13: Mt 4, 1 - 1 1 ; Me 1 , 1 2- 1 3. • 4, 2: Dr 9, 9; lRs 1 9, 8. · 4, 4: Dr 8, 3. 0 4, 6: 1 Jo 5, 1 9. • 4, 8: Dt 6, 13 . 4, 10-11 : SI 91 , 1 1 - 12 . - 4, 12: Dt 6, 16. • 4, 13: Lc 9 22, 28. COMENTÁRIOS � 4, 1-13: A narrativa de Lucas sobre a .... tentação traça o curso do ministério de Jesus. A natureza da sua missão está em questão: Que tipo de Messias ele será? O di abo tenta desviar Jesus do caminho do sofri mento para o caminho do poder terreno (4, 6) e do sensacionalismo (4, 9- 1 0) . Seu esfor ço final para tentar Jesus os leva a Jerusalém (4, 9) , que antecipa a Semana Santa, e a der rota Satã pela cruz (Hb 2, 1 4- 1 5 ; 1 Jo 3, 8) (CIC 538-40, 2 1 1 9) . Ver comentário sobre Mt 4, 1 - 1 1 . • Alegoricamente, 1 7 Cristo vai ao deserto, para resgatar o homem do seu exílio no pecado. Desde a expulsão de Adão do Éden, o homem definhou no deserto da morte espiritual, ex tirpado do paraíso. Cristo busca o homem no deserto para libertá-lo das garras do diabo. ITI 4, 2: "quarenta d.ias" - A duração do IJU jejum de Jesus. • O número 40 é símbolo de provação e teste na bíblia. É vinculado com o dilúvio (Gn 7, 4, 1 7) , o jejum de Moisés no Monte Sinai (Ex 34, 28) , a viagem de Israel no deserto (Dt 8 , 2) , a exploração dos doze espiões em Canaã (Nm 14 , 34) , a opressão de Israel pelos filis teus (Lz 1 3 , 1 ) , o jejum de Elias (1 Rs 1 9, 8) , e a oportunidade de Nínive se arrepender na pregação de Jonas Qn 3 , 4) . 4, 13: "para voltar no tempo oportuno" - a derrota do diabo ainda está incompleta. Ele vai continuar lutando contra o Reino de Deus ( 1 1 , 1 7-22) e vai montar um ataque agressivo a Jesus no Getsemâni (22, 3; 39-53) . 4, 16: "Nazaré" - O lar da infância de Jesus (2, 5 1 ) . Ver comentário sobre Lc l , 26. "Sinagoga'': um local usado para o culto e a instrução sobre a bíblia. As cerimônias aos sábados eram estruturadas em torno da leitura e exposição da Lei de Moisés (At 1 5 , Jesus começa a pregar e a ensinar na Galiléia - 14Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. 15Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. 4, 14: Mr 4, 1 2; Me 1 , 14; Mr 9, 26. Lc 4, 37. - 4, 15: Mr 4, 23; 9, 35; 1 1 , 1 . 1 7 Santo Ambrósio, ln Lucam. O evangelho de São Lucas A rejeição de Jesus em Nazaré - 16Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. 17Deram-lhe o livrodo pro feta Isaías. Abrindo o livro, Jesus encontrou a passagem onde está escrito: 18"0 Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, 19e para proclamar um ano de graça do Senhor." 20Em seguida Jesus fechou o livro, o entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Então Jesus começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir." 22To dos aprovavam Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: "Este não é o filho de José?" 23Mas Jesus disse: "Sem dúvida vocês vão repetir para mim o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze tambem aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum." 24E acrescentou: "Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu lhes digo que havia muitas viúvas em Israel, no teinpo do profeta Elias, quando não vinha chuva do céu durante três anos e seis meses, e houve grande fome em toda a região. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, e sim a uma viúva estrangeira, que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu. Apesar disso, nenhum deles foi curado, a não ser o estrangeiro Naamã, que era sírio." 28Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se, e expulsaram Jesus da cidade. E o levaram até o alto do monte, sobre o qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício. 30Mas Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. 4, 16-30: Mt 13, 53-58; Me 6; 1 -6; At 13 , 14- 16. • 4, 18-19: Is 6 1 , 1 -2. • 4, 22: Jo 6, 42; 7, 1 5. • 4, 23: Me ! , 2 1 ; 2, ! ; Jo 4, 46. 4, 24: Jo 4, 44. 4, 25: !Rs 1 7, l, 1 8 - 16; 1 8, l ; Jas 5 , 17-1 8. • 4, 27: 2Rs 5 , 1 - 1 4. • 4, 29: At 7, 58; Nm 1 5 , 35. • 4, 30: Jo 8, 59; 1 0,39. 2 1 ) e dos profetas (4, 1 7; At 13 , 1 5) . Ver comentário sobre Mt 4, 23. l"'frl 4, 18-19: Uma referência a Is 6 1 , LJU 1 -2, com um excerto adicional de Is 58 , 6. Como muitos no Novo Testamento esperavam que o Messias libertasse Israel da dominação política dos Romanos, o povo equivocadamente pensou que essas passa gens prometiam a sua independência nacio nal (CIC 439) . • O oráculo de Isaías seleciona a linguagem de Lv 25 a respeito do ano do jubileu. Como parte da legislação econômica de Israel, um jubileu era celebrado a cada cinquenta anos. Assinalava a remissão das dívidas, a libertação dos escravos, e o retorno da propriedade an cestral aos proprietários originais . Isaías pro jeta essa celebração j ubilar no futuro quando Deus vier para libertar Israel da sua escravi dão (ídolos) e das dívidas (culpa) . Jesus segue o espírito de Isaías quando anuncia liberta ção do pecado, não da submissão política ou econômica (Rrn 6, 6) . Alhures em Lucas a palavra libertação (do grego aphesis) significa "perdão" ( 1 , 77; 3, 3; 24, 47) . 4, 18: "boa notícia aos pobres" - Cristo reserva muitas bênçãos para os humildes e fracos ( 1 , 52; 6, 20; 14, 1 2- 1 4; 1 6, 1 9-26; 1 8 , 1 -8; 1 9 , 8- 1 0; CIC 544, 2443) . 4, 24: "nenhum profeta é bem rece bido" - Jesus se coloca na companhia dos profetas do Antigo Testamento, muitos dos quais foram rejeitados e até mesmo mortos por irmãos israelistas ( 1 1 , 47; 1 3, 33-34; At 7, 52) . ltJ 4, 25-30: Jesus recorda a missão de Elias e Eliseu para explicar a sua. • Esses profetas viveram em tempos som brios, quando Deus olhou desfavoravelmen te para o reino do norte de Israel, e enviou bênção aos gentios no seu lugar. Elias foi en viado a uma viúva em Sidônia ( 1 Rs 1 7, 1 - 1 6) 49 Cadernos de estudo bíblico O homem com o espírito impuro - 31Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados. 32As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. 33Na sinagoga havia um homem possuído pelo espírito de um demônio mau, que gritou em alta voz: 34"0 que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!" 35Jesus o ameaçou, dizendo: "Cale-se, e saia dele!" Então o demônio jogou o homem no cháo, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. 360 espanto tomou conta de todos, e eles comentavam entre si: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos· maus com autoridade e poder, e eles saem." 37E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza. 4, 31-37: Me 1 , 28. · 4, 32: Me 7, 28; 1 3, 54; 22, 33; Me l l , 1 8; Jo 7, 46. • 4, 37: Lc 4, 14; 5, 1 5; Mt 9. 26. e Eliseu purificou um leproso sírio (2 Rs 5 , 1 - 1 4) . Jesus declarou que o "ano da graça do Senhor" (4, 1 9) será um tempo de bênçãos, mesmo fora de Israel. Isso vai de encontro às perspectivas judaicas que anteciparam ape nas a punição para nações dos gentios. 4, 29: "expulsaram Jesus da cidade" - A multidão provavelmente pretendia apedrejar Jesus como um falso mestre (Dt 1 3 , 1 O; At 7, 58) . 4, 31 : "Cafarnaum'' - A sede do minis tério galileu de Jesus (Mt 4, 14 ; Me 2, 1 ) . A cidade ficava na costa norte do Mar da Gali léia e prosperava na sua indústria pesqueira. 4, 36: "com autoridade e poder" - Mui tos exorcistas populares durante os tempos do Novo Testamento recitavam fórmulas mágicas e usavam raízes odoríferas para ex pulsar demônios (Sb 7, 20; Mt 1 2, 27; At 1 9, 1 3) . Jesus, no entanto, simplesmente profere uma palavra e o espírito sai . O exor cismo desempenhou um papel fundamental em sua campanha contra o reino de Satanás (4, 4 1 ; 8, 28-29; 9, 42; 1 1 , 1 4-20; CIC 5 50) . Cura na casa de Simão - 38Jesus saiu da sinagoga, e foi para a casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39lnclinando-se para ela, Jesus ameaçou a febre, e esta deixou a mulher. Então, no mesmo instante, ela se levantou, e começou a servi-los. 40Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levavam a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles, e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: "Tu és o Filho de Deus." Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias. 4, 38-41: Me 8, 14- 17; Me 1 . 29-34. 4, 38-39: A cura da sogra de Pedro ressal ta o poder da palavra de Jesus. Assim como ele derrota demônios ao repreendê-los, Jesus ameaça a doença da mulher. A recuperação imediata é evidenciada oela sua hosoitalidade. 4, 43: "Reino de Deus" - Um tema central nos Evan gelhos. É mencionado mais de trinta vezes em Lucas . Jesus prega nas Sinagogas da Judéia - 42Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que fosse embora. 43Mas Jesus disse: "Devo anunciar a �oa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado." 44E Jesus pregava nas sinagogas da Judéia. 4, 42-43: Me ! , 35-38. • 4, 44: Me 4, 23; Me 1 ,39; Mt 9, 35 . 5 0 • O reino de Deus é intimamente ligado com o antigo reino de Davi. Por séculos o império de Davi ficou em ruínas, existindo apenas nas mentes dos profetas que previram sua gloriosa restauração pelo Messias (Is 9, 6-7; Am 9, 1 1 ; Me 1 1 , 1 O; Ar 1 , 6) . Jesus agora vem como um herdeiro messiânico para ressuscitar de modo espiritual esse reino despedaçado, ao governar do seu trono à direita do Pai (Me 16, 1 9; At 2, 33-36) . Seu reino eterno na Jerusalém celes te cumpre, portanto, o juramento da Aliança de Deus para estabelecer o trono de Davi para sempre ( 1 , 32-33; SI 89, 3-4) . Como Davi, Cristo nomeia os ministros reais (apóstolos) para gerir os assuntos diários do reino (22, 28- 30; 2 Sm 8, 1 5- 1 8; 1 Rs 4, 1 -6) . Até mesmo oescopo internacional do Reino de Deus foi prefigurado no império davídico, que não ape nas governou as tribos de Israel, mas também estendeu seu domínio sobre outras nações (2 O evangelho de São Lucas Sm 8, 1 - 14 ; 1 Rs 4, 20-2 1 ) (CCC 543, 5 5 1 - 53) . Ver comentário sobre M t 1 6, 1 9 . • D e acordo com o Concílio Vaticano II , o reino de Deus está misteriosamente presente na Igreja, onde Cristo reina como rei e pasto reia seu povo pelo Magistério. 18 O reino irá alcançar sua completa perfeição no céu Oo 1 8 , 36; 2 Tm 4, 1 8 ; CIC 54 1 ) . 4, 44: "Judéia" - Por vezes indica toda a Palestina em Lucas, inclusive a Galiléia ( 1 , 5 ; 7, 1 7; 23 , 5 ) . 5 Jesus chama os primeiros discípulos - 1Certo dia, Jesus estava na margem do lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago; os pescadores haviam desembarcado, e lavavam as redes. 3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou- se e, da barca, ensinava as multidões. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: ''Avance para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca." 5Simão respondeu: "Mestre, tentamos a noite inteira, e não pescamos nada. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes." 6Assim fizeram, e apanharam tamanha quan tidade de peixes, que as redes se arrebentavam. 7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que fossem ajudá-los. Eles foram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8Ao ver isso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!" 9É que o espanto tinha tomado conta de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 1°11ago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Mas Jesus disse a Simão: "Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens." 1 1Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo, e seguiram a Jesus. 5, 1-11: Mc 4, 18-22; Me 1, 16-20;Jo 1, 4042; 2 1 , 1-19. • 5, 3: Mt 1 3, 1-2; Mc 4, 1. • 5, 5: lc 8, 24, 45; 9. 33. 49; 17, 13 . COMENTÁRIOS 5, 1 : "lago de Genesaré" - Também cha mado de Mar da Galiléia (Mt 4, 1 8) ou o Mar de Tiberíades Qo 6, 1 ) . nhar peixe algum. 5, 8: "sou um pecador" - As imperfei ções de Pedro parecem ampliadas a ele na pre sença da santidade divina (Gn 1 8, 27; Is 6, 5 ; CIC 208) . 5, 5: "em atenção à tua palavra" - Em bora exaustos de uma noite de pesca mal sucedida, Pedro coloca sua fé em Cristo, apesar das chances aparentes de não apa- 1 8 Lumen Gentium, 3 . Cadernos de estudo bíblico Jesus purifica um leproso - 12Aconteceu que Jesus estava numa cidade, e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, caiu a seus pés, e pediu: "Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar." 13Jesus esten deu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero, fique purificado." No mesmo instante a lepra o deixou. 14Je sus lhe ordenou que não dissesse nada a ninguém. E falou: "Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles." 1 5No entanto, a fuma de Jesus espalhava-se cada va. mais, e numerosas muládóes se reuniam para ouvi-lo e serem curadas de suas doenças. 16Mas Jesus se retirava para lugares desertos, a fim de ra.ar. 5, 12-16: M' 8, 1-4; Me 1 , 40-45; Lc 17, 1 1 - 19. • 5, 14: Lv 1 3, 49; 14,2-32. 5, 15: Lc 4, 14, 37; M, 9. 26. • 5, 16: Lc 3, 2 1 ; 6, 12; 9, 18, 28; 1 1 , 1 . 5, 10 : "Tiago e João" - Os filhos de Ze bedeu fruem de um relacionamento de proxi midade com Jesus (8, 5 1 ; 9, 28) . "Será pescador de homem": A profissão de Pedro indica sua futura missão, quando Cristo irá enviar os outros apóstolos e ele para anunciar o evangelho (Mt 28, 1 8-20; Jo 2 1 , 1 5- 1 7) . O próprio Pedro vai desempenhar um papel importante entre os doze (22, 3 1 ; At 1 , 1 5-20; 2 , 14-40; 1 5 , 7- 1 1 ) . 5 , 1 1 : "deixaram tudo" - O evangelho de Lucas ressalta que o discipulado cristão exige desapego das posses mundanas e uma dispo sição de se desfazer delas se necessário. (5, 28; 1 2, 33; 1 4, 33; 1 8, 22) . 5, 12: "lepra" - Uma doença de pele in fecciosa que era prejudicial em vários níveis. ( 1 ) Fisicamente, a doença podia ser dolorosa e por vezes fatal. (2) Socialmente, a Lei exi gia que os leprosos ficassem em quarentena fora da sociedade israelita (Lv 1 3, 45-46) . (3) Religiosamente, os leprosos eram impuros de modo ritual e portanto impossibilitados de participar das cerimônias de culto (Lv 13 , 3, 8) . O peso combinado desses fardos era extre mo, e nada seria mais bem-vindo que a cura e a purificação. 5, 13: "tocou nele" - Era impensável para um judeu tocar um leproso em quarentena. Jesus, no entanto, atravessa esse limite e re verte o resultado esperado: em vez de contrair impureza ritual, ele purifica o leproso do seu padecimento pelo simples ato de tocá-lo. Isso mostra que Jesus traz ao mundo uma nova forma de santidade que se sobrepõe mesmo à contaminação e às doenças. Ver comentário sobre Mt 8, 1 -9, 38. 5, 14: "que Moisés ordenou'' - A lei exi gia que os leprosos fossem examinados por sacerdotes levitas (Lv 1 4, 1 -9) . Uma vez que a cura fosse verificada, o ex-leproso oferecia um sacrifício de acordo com sua situação fi nanceira (Lv 14, 1 0-32) . Esse procedimento lhe restituía completamente a participação na aliança em Israel. Ver comentário sobre Me 1 , 44. 5 16 " . " J -, : se retirava - esus nao quer que as pessoam pensem que ele é sim- plesmente um taumaturgo. Ver comentário sobre Me l , 44. "rezar": A oração solitária é parte dos ensinamentos de Jesus (Mt 6, 5-6) e prática constante (9, 1 8 ; Me l , 35 ; CIC 2602) . Ver comentário sobre Lc 3, 2 1 . • Moralmente, 1 9 Cristo serve de modelo tanto à vida ativa como à contemplativa, uma vez que vemos no seu exemplo a dignidade do trabalho e o dever mais elevado de pôr o tra balho de lado pela oração. 19 São Gregório de Naziano. 5 2 O evangelho de São Lucas Jesus cura um paralítico - 17Certo dia, Jesus estava ensinando. Estavam aí, sentados, fariseus e doutores da Lei, vindos de todos os povoados da Galiléia, da Judéia e até de Jerusalém. E o poder do Senhor estava em Jesus, fazendo-o realizar curas. 18Chegaram, então, algumas pessoas levando; numa cama, um homem que estava paralítico; tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante de Jesus. 19Mas, por causa da multidão, não conseguiam introduzi-lo. Subiram então ao terraço e, através das telhas, desceram o homem com a cama, no meio, diante de Jesus. 20Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: "Homem, seus pecados estão perdoados." 210s doutores da Lei e os fatisellii começaram a pensar: "Quem é esse, que está falando blasfêmias? ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!" 22Mas Jesus percebeu o que eles estavam pensando. Tomou então a palavra, e disse: "Por que vocês pensam assim? 230 que é mais fácil? Dizer: 'Seus pecados estão perdoados'. Ou dizer: 'Levante se e ande'? 24Pois bem: para vocês ficarem sabendo que o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama, e volte para casa." 25No mesmo instante, o ho"mem se levantou diante deles, pegou a cama onde estava deitado, e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram admirados, e louvavam a Deus. Ficaram cheios de medo, e diziam: "Hoje vimos coisas estranhas." . 5, 17-26: Me 9, 1 -8; Me 2, l - 12; Jo 5, 1 -9. • 5, 17: Me 1 5, l ; Me 5,30; Lc 6, 1 9. • 5, 20: Lc 7, 48-49. 5, 17: "fariseus" - Membros de um mo vimento de renovação judeu na Palestina, rigorosos na sua obediência à lei e à preocu pação com a pureza legal. São muitas vezes os acusadores e inimigos de Jesus (5 , 30; 6, 2, 7; 1 1 , 37-54; 1 6, 1 4) . Ver Ensaio sobreum Tópico: Quem são os fariseus? em Me 2. "doutores da lei": também chamados de "escribas" (Mt 9, 3; Me 2, 6) . 5, 21 : "perdoar pecados" - O Templo e os sacerdotes de Jerusalém eram os canais ofi ciais de perdão na Antiga Aliança. Jesus desa fia esse sistema, oferecendo reconciliação com Deus por sua própria autoridade e em seus próprios termos. Isso é parte da sua missão de inaugurar a Nova Aliança O r 3 1 , 3 1 -34) . "só Deus": Uma doutrina implícita no Antigo Testamento (Sl 1 03 , 2-3; Is 43, 25) que sugere a divina autoridade de Jesus para remir pecados (Ef l , 7; lJo 1 , 7; CIC 1 44 1 ) . 5 , 24: "eu ordeno a você: Levante-se" - O ceticismo da multidão move Jesus a de monstrar sua autoridade. Como a doença é geralmente associada ao pecado, Jesus pode mostrar seu poder de perdoar por meio de uma cura física (Sl 1 07, 1 7; Is 33, 24) . O mi lagre exterior manifesta, assim, a purificação dentro da alma do homem. 5, 26: "louvavam a Deus" - Lucas fre quentemente nota essa reação às obras de Jesus (7, 1 6; 1 3 , 1 3 , 1 7 1 5 , 1 8 , 43 ; 23, 47) . 5, 27: "cobrador de impostos" - Uma profissão desprezada por muitos judeus. Ver comendrio sohre Me 2. 1 4 . Jesus chama Levi - 27Depois disso, Jesus saiu, e viu um cobrador de impostos chamado Levi, que estava na coletoria. Jesus disse para ele: "Siga-me." 28Levi deixou tudo, levantou-se, e seguiu a Jesus. 29Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 300s fariseus e seus doutores da Lei murmuravam, e diziam aos discípulos de Jesus: "Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com pecadores?" 31Jesus respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 32Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores para o arrependimento." 5, 27-32: Me 9, 9- 13 ; Me 2, 13-17. • 5, 30: Lc 1 5, 1 -2. • 5, 32: !Tm 1 , 1 5 . 5 3 Cadernos de estudo bíblico A questão do jejum- 33Eles disseram a Jesus: "Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com frequência e fazem orações, mas os teus discípulos comem e bebem." 34Mas Jesus disse: "Vocês acham que os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? 35Mas vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles; nesses dias eles vão jejuar." 36Jesus contou-lhes ainda uma parábola: "Ninguém tira retalho de roupa nova para remendar roupa velha; se não, vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combina com a roupa velha. 37Ninguém coloca vinho novo em barris velhos; porque, de fato, o vinho novo arrebenta os barris velhos, e se derrama, e os barris se perdem. 38Vinho novo deve ser colocado em barris novos. 39E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo, porque diz: o velho é melhor." 5, 33-38: Mc 9, l4-17; Mc 2, l8-22. · 5, 33: Lc 7, 1 8; l l , l ; Jo 3, 25-26. · 5, 35: Lc 9, 22; 1 7, 22. "Levi": Também chamado de "Mateus" (6, 1 5 ; Mt 9, 9) . 5, 31 : "médico" - Uma analogia fami liar usada pelos judeus e mestres helenísti cos. Para Jesus, isso explica seu ministério de estender a misericórdia aos excluídos (CIC 1 503) . "as que estão doentes": a mesa da comu nhão de Jesus escandalizava certos judeus, como os fariseus. Apreciar a companhia da queles considerados "impuros" implica que Deus abriu as portas da misericórdia para todos, tanto piedosos como pecadores. (Mt 5, 43-48; CIC 545, 588) . 5, 32: "não vim para chamar justos" - Jesus não veio para perpetuar os padrões de justiça do Antigo Testamento, que foram projetados para separar Israel dos pecados e impureza dos gentios (Lv 20, 26) . Jesus traz um novo padrão de justiça que derruba o muro que isola Israel das outras nações, ao estender os limites da família da aliança de Deus para todos os necessitados da miseri córdia, inclusive cobradores de impostos e pecadores. Ver comentário sobre Mt. 5 , 20. 5, 33: "seus discípulos comem e be bem'' - Jejuar na companhia de Jesus seria tão insultante quanto jejuar numa festa de casamento. No entanto, se torna importante após sua partida. (5 , 35 ; Mt 6, 1 6- 1 8) 5, 35: "o noivo" - Javé era o esposo divi no da Antiga Aliança de Israel (Is 54,5 ; Jr 3 , 20 ; Os 2, 1 4-20) . Jesus agora assume este pa pel do divino esposo da Igreja (Mt 25, 1 - 1 3; Ef 5 , 25 ; Ap 1 9, 7-9) . � 5, 36-39: Assim como roupa e vinho .. novos são incompatíveis com roupa e barris velhos, a Nova Aliança de Deus não pode coexistir com a Antiga. Ver comentário sobre Me 2, 2 1 -22. • Alegoricamente,20 os barris velhos significam os discípulos que mais facilmente se rompe riam em vez de armazenar os ensinamentos de Jesus. Apenas depois de Pentecostes se tor nam barris novos, capacitados pelo Santo Es pírito a armazenar em si mesmos uma grande plenitude e graça e verdade. 20 Santo Agostinho, De Quaest. Evang. 2, 1 8 . 54 O evangelho de São Lucas 6Ensinamento sobre o sábado - 'Num dia de sábado, Jesus estava passando por uns campos de trigo. Os discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: "Por que vocês estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?" 3Jesus respondeu: "Então vocês não leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam sentindo fome? 4Davi entrou na casa de Deus, pegou e comeu dos pães oferecidos a Deus, e ainda os deu a seus companheiros, no entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães." 5E Jesus acrescentou: "O Filho do Homem é senhor do sábado." 6, 1-5: Me 12, 1 -8; Mc 2, 23-28. • 6, 1: De 23, 25. 0 6, 2: Ex 20, 10; 23, 12; De 5, 14. · 6, 3: l Sm 21 , 1-6. • 6, 4: Lv 24, 9. COMENTÁRIOS 6, 1: "sábado" - Na Antiga Aliança, cada sétimo dia (sábado) era reservado ao culto e ao descanso; e nenhum homem, mulher, es cravo ou animal era autorizado a trabalhar (Gn 2, 3; Ex 20, 8- 1 1 ; Dt 5, 1 2- 1 5) . Nos tempos do Novo Testamento, a observação do sábado era muito enfatizada como um símbolo do relacionamento único de Israel com Deus. Os fariseus fizeram da observân cia do sábado uma referência de fidelidade judaica e acrescentaram uma série de precei tos que distinguiam entre o comportamento lícito e ilícito. Até mesmo a menor infração destas normas do sábado colocaria em dúvida o compromisso religioso aos olhos dos fari seus. Jesus, embora frequentemente acusado de desrespeitar o sábado, expressa em ações o verdadeiro significado do sábado, restaurando e dando descanso aos indivíduos que sofrem neste dia. 6, 2: "não é permitido" - Os fariseus equiparam arrancar os grão a colhê-los. Na visão deles. os discíoulos violaram os man- <lamentos de Deus de se abster de armazenar colheita (Ex 34, 2 1 ) . lIJ 6 , 3 : "vocês não leram" - A pergunta é intencionalmente sarcástica e seria tomada como um insulto pelos fariseus bem instruídos. "Davi e seus companheiros fizeram'': Je sus recorre a um precedente bíblico de 1 Sm 2 1 , 1 -6. • A exceção legal feita em uma ocasião ao Rei Davi e seus companheiros de comer os pães sagrados permite que Jesus e seus discípulos comam os grãos no sábado, dia santo. Em ambos os casos, as normas rigorosas da Torá foram autorizados a se curvar para atender a uma necessidade premente (fome) e para ser vir o rei ungido de Israel. (Davi e Jesus) 6, 4: "pão oferecido a Deus" - Doze pães eram restituídos semanalmente no Tem plo (Ex 25, 30) . Quando os novos pães eram postos no dia de sábado, os sacerdotes levitas O homem de mão seca - 6Em outro sábado, Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem com a mão direita seca. 70s doutores e os fariseus espiavam, para ver se Jesus iria curá-lo durante o sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8Mas Jesus sabia o que eles estavam pen sando, e disse ao homem da mão seca: "Levante-se, e fique no meio." Ele se levantou, e ficou depé.9 Jesus disse aos outros: "Eu pergunto a vocês: a Lei permite no sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?" '°Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: "Estenda a mão," O homem assim o fez, e sua mão ficou boa. 1 1Eles ficaram com muita raiva, e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus." 6, 6-ll: Me 12, 9-14; Mc 3, 1-6. 5 5 Cadernos de estudo bíblico Jesus escolhe os doze ap6stolos - 12Nesses dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. 13Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 1 5Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 6, 12-16: Mc 3. 1 3- 19; Mt 10, 24; At I. 13. • 6, 12: U: 3, 21 ; 5. 16; 9. 18, 28; 1 1 , 1 . comiam os antigos (Lv 24, 5-9) . Davi e seus companheiros foram autorizados a violar essa legislação levita e comer os pães reservados apenas aos sacerdotes ( 1 Sm 2 1 , 6) . 6, 5: "Filho do homem'' - Sugere a au toridade messiânica de Jesus. Ver Ensaio so bre um Tópico: jesus, o Filho do Homem, em Lc 1 7. 6, 9: "a lei permite" - Jesus desmascara seus adversários com uma pergunta: a Lei permite no sábado fazer o bem ou fazer o maP. A resposta implícita é óbvia (fazer o bem) e planejada para expor a malícia dos fariseus (6, 7) ; pois não importava o que Je sus fizesse, eles planejavam prejudicá-lo. No fim, são os fariseus que violam o sábado e caem na sua própria armadilha. � 6, 10: "sua mão ficou boa'' - Jesus .. considera o sábado como o dia mais apropriado para aliviar o fardo dos oprimidos • Alegoricamente,2 ' o homem aleijado expri me a humanidade corrupta e decaída. Sua mão está seca no pecado por que se estendeu para comer o fruto proibido no paraíso. Cris to agora chega com o perdão para restaurar ao homem sua saúde espiritual. 6, 12: "toda a noite" - Jesus ocupa-se de uma vigília de oração para preparar sua esco lha dos doze apóstolos pela manhã ( 6, 1 3) . Ver comentário sobre Lc 3, 2 1 . ltl 6, 13: "apóstolos" - Aqueles que irão pregar o evangelho e conduzir a Igre ja primitiva. Eles são emissários investidos da autoridade real e sacerdotal de Cristo (9, 1 -6; Mt 28, 16-20; CIC 765 , 1 577) ; Ver gráfico: Os Doze Apóstolos em Me 3 . • Como o s doze patriarcas de Israel (Gn 35 , 22-26) Jesus escolhe doze homens para ser as figuras patriarcais do novo reino de Israel, a Igreja (22, 28-30; Gl 6, 1 6; Ap 2 1 , 1 4) . 6, 17-49: O "Sermão da Montanha" de Lucas é semelhante ao mais longo de Mateus (Mt 5-7) . Ambos começam com as bem-a venturanças (6, 20-22; Mt 5 , 3- 1 0) ; ambos defendem o amor aos inimigos (6, 27-36; Mt 5, 43-48) ; e ambos terminam com a pa rábola dos dois construtores (6, 47-49; Mt Jesus ensina e cura - 17Jesus desceu da montanha com os doze apóstolos, e parou num lugar plano. Es tava aí numerosa multidão de seus discípulos com muita gente do povo de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Trro e Sidônia. 'ªForam para ouvir Jesus, e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormen�ados por espíritos maus, foram curados. 19Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque Uma força saía dele, e curava a todos. 21 São Beda, ln Lucam. 6, 17-19: Mt 5. 1 -2; 4, 24-25; Me 3. 7- 12. • 6, 19: Mc 3, 10; Mt 9, 2 1 ; 14, 36; U: 5. 17. O evangelho de São Lucas Bem-aventuranças e desventuras - 2ºLevantando os olhos para os discípulos, Jesus disse: "Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence. 21Felizes de vocês que agora têm fome, porque serão saciados. Felizes de vocês que agora choram, porque hão de rir. 22Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. 24Mas, ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação! 25 Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar! 26Ai de vocês, se todos os elogiam, porque era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas." 6, 20-23: Mr 5, 3-12. · 6, 22: l Pd 4, 14; Jo 9, 22; 1 6,2. 0 6, 24-26: Lc 1 0, 1 3- 1 5; l i , 38-52; 17, l ; 2 1 , 23; 22,22. • 6, 24: Lc 1 6, 25; Tg 5 , 1 -5; Mt 6,2. 7, 24-27) . O sermão resume os altos padrões morais da Nova Aliança. Ver comentário so bre 5, 1 . 6, 12: "Tiro e Sidônia'' - Duas cidades costeiras ao norte da Palestina, na Fenícia. O povo dessa área é predominantemente gen tio, um fato que ressalta a popularidade de Jesus fora de Israel (2, 3 1 -32) . 6, 20-26: As Bem-aventuranças (6, 20- 22) são opostas às maldições da aliança (6, 24-26; Dt 30, 1 9-20) . Jesus antevê a revi ravolta das condições dessa vida no paraíso onde os bem-aventurados podem esperam que o seu sofrimento presente abra o cami nho à paz futura, e o próspero pode esperar a maldição divina se a riqueza e notoriedade sufocaram seu amor a Deus. Ver comentári os sobre Mt 5, 3- 1 O . � 6, 20: "felizes de vocês" - Os filhos .. de Deus recebem sua benção por sua fé e adesão à Lei ( 1 1 , 28; SI 1 , 1 -2; Gl 3, 9) . Ver Estudo da Palavra: Bem-aventurado em Mt 5 , 3 . pode viver em pobreza de espmto (CIC 2444, 2546) . Ver comentário sobre Mt 5, 3 . • Moralmente,22 as Bem-aventuranças em Lu cas refletem as quatro virtudes cardeais. O pobre demonstra temperança ao afastar-se dos vãos e excessivos prazeres do mundo. Os que têm fome demonstram justiça quando com partilham o fardo dos humildes e dão àqueles que têm pouco. Os que choram exercitam pru dência quando lamentam a vaidade das coisas temporais e olham para o que é eterno. Aque les que os homens odeiam exercem a fortaleza porque perseveram quando perseguidos por causa da sua fé (CIC 1 805-9) . 6, 12: "ai de vocês" - Um grito de angús tia iminente usado pelos profetas de Israel (Is 5, 8-22; Am 6, 1 ; Hb 2, 6-20) . Jesus exprime o mesmo grito para alertar o desastre que es pera o mundano acomodado cuja prosperi dade e notoriedade o afastou de Deus e das exigências da sua Aliança. "Ricos": Os membros mais prósperos e prestigiosos da sociedade. Seu sucesso nessa vida pode tentá-los a descuidar da necessida de de Deus e da sua misericórdia. A riqueza mundana é, portanto, perigosa ( 1 4, 33; 1 8 , 24) porque pode levar ao egoísmo e à falsa sensação de segurança ( 1 Tm 6, 1 7- 1 9 ; Hb "Pobres": Talvez indique pobreza mate rial definida por condições econômicas ou sociais bem como pobreza espiritual definida pelo desapego interior. Nota-se, no entanto, que mesmo o materialmente pobre pode ser apegado ao pouco que possui, como o rico 22 Santo Ambrósio, ln Lucam. 5 7 Cadernos de estudo bíblico Amor aos inimigos - 27"Mas, eu digo a vocês que me escutam: amem os seus inimigos, e façam o bem aos que odeiam vocês. 28Desejem o bem aos que os amaldiçoam, e rezem por aqueles que caluniam vocês. 29Se alguém lhe dá um tapa numa face, ofereça também a outra; se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica. 30Dê a quem lhe pede e, se alguém tira o que é de você, não peça que devolva. 3 10 que vocês desejam que os outros lhes façam, também vocês devem fazer a eles. 32Se vocês amam somente aqueles que os amam, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam. 33Se vocês fazem o bem somente aos que lhes fazem o bem, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores fazem assim. 34E se vocês emprestam somente para aqueles de quem esperam re ceber, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores emprestam aos pecadores, para receberde volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amem os inimigos, façam o bem e emprestem, sem esperar coisa alguma em troca. Então, a recompensa de vocês será grande, e vocês serão filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus. 36Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso." 6, 27-30: Me 5, 39-44; Rm 12, 17; 1Cor 6, 7. · 6, 31: Me 7, 12. • 6, 32-36: Me 5, 44-48. • 6, 35: Me 5, 9. 1 3, 5 ; CIC 2547) . 6, 27: ''Amem os seus inimigos" - Um mandamento revolucionário. Sob a Antiga Aliança, o amor ao próximo significava amar a todos que pertencem à família da Aliança de Israel (LV 1 9, 1 8) ; Jesus amplia o alcance da caridade na Nova Aliança, ordenando um amor radical que alcança a todos, mesmo os nossos inimigos (Rm 1 2, 9-2 1 ; 1 Jo 4, 7- 1 1 ) . 6 , 29: "Se alguém lhe toma" - Uma ad vertência contra retaliação. Mesmo quando o manto (veste exterior) e a túnica (veste exterior) são roubadas, o cristão deve lutar contra o impulso de vingar-se pessoalmen te dos seus opressores ( 1 Cor 6, 1 -7) e estar disposto a desfazer-se dos seus pertences em face da perseguição (Hb 1 0, 32-34) . 6, 31 : "também vocês devem fazer a eles" - A "Regra de Ouro" sintetiza a lei moral da Nova Aliança e é um teste certeiro para distinguir a virtude do vício (Mt 7, 1 2) . Afirmações semelhantes são encontradas no Antigo Testamento (Tb 4, 1 5 ; Edo 3 1 , 1 5 ; CIC 1 970) . 6, 35: "filhos do Altíssimo" - De uma perspectiva hebraica, os pais reproduzem tra ços do caráter nos filhos que carregam a sua imagem (Gn 5, 3) . Jesus aplica a mesma ló gica à família de Deus; como o Pai é demen te e amoroso mesmo aos infiéis e indignos, assim seus filhos devem imitar sua bondade para com todos , sem discriminação. ITI 6, 36: "sejam misericordiosos" - IJU Misericórdia é a regra mais elevada Julgar os outros - 37"Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condena dos; perdoem, e serão perdoados. 38Dêem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês." 39Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre. 41 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? 42Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão." 6, 37-38: Me 7, 1-2; Rm 2, 1 . • 6, 38: Mc 4, 24; Ar 20,35. • 6, 39: Me 1 5, 14. • 6, 40: Me 10, 24-25; Jo 1 3, 1 6; 1 5,20. • 6, 41-42: Me 7, 3-5. O evangelho de São Lucas A árvore e seus frutos - 43"Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; 44porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. 450 homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio." 6, 43-45: Me 7, 1 8- 19; 12, 33-35; Tg 3, l l - 12. · 6, 45: Mc 7, 20. no Reino de Cristo ( 1 0, 36-37; Mt 9, 1 3 ; CIC 1 458) . • Jesus reformula o s ensinamentos de Lv 1 9, 2, substituindo o mandamento de imitar a santidade de Javé pelo mandamento de imi tar a sua misericórdia. A sutil diferença entre esses dois atributos divinos indica a diferen ça entre a Antiga e a Nova Aliança. A busca da santidade na antiga Israel exprimia que o povo de Deus tinha de separar-se de tudo ímpio, imundo e impuro, inclusive gentios e pecadores {Lv 1 5 , 3 1 ; 20, 26) . Jesus concede um novo foco à santidade, definindo-a como misericórdia que alcança os outros e não mais divide o povo em tribos segregadas ou impe de alguns de fazer parte da família de Deus (CIC 2842) . 6, 38: "nos braços de vocês" - Ao dobrar o manto sobre o cinto, uma bolsa era for mada para transportar os grãos do mercado. Quando grão era calcado e sacudido, garan tia-se ao comprador um montante integral e justo. A ilustração mostra como a genero sidade de Deus transborda em nosso favor. 6, 41: "no olho do seu innão" - E tolo corrigir outros por faltas leves quando nós mesmos estamos cercados de faltas maiores . A diferença de tamanho entre um cisco e uma trave torna ridícula tal prática. 6, 45: "O coração está cheio" - O co ração é o cerne da pessoa e a origem das decisões morais. A bondade ou maldade de nosso coração é revelada por meio da nossa vida e ações, assim como a árvore é conheci da pelo fruto que produz (Mt 7, 1 5-20; 12 , 33-37; 1 5 , 1 8-20) . 6, 47-49: A parábola do construtores diz respeito a preparação e a vida prática (Mt 7, 24-27; l Cor 3, 1 0- 1 5) . O construtor sábio (6, 48) ouve as palavras de Jesus e as põe em prática, investindo grande energia para cavar um alicerce estável para sua vida. O cons trutor tolo (6, 49) ouve as palavras de Jesus, mas falha em dar atenção aos seus apelos. O construtor sábio estará seguro no Julgamen to Final, enquanto o construtor tolo colherá as conseqüências trágicas dos seus pecados e atalhos. Ouvintes e praticantes - 46"Por que vocês me chamam: 'Senhor! Senhor!', e não fazem o que eu digo? 47\Tou mostrar a vocês com quem se parece todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática. 48É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a enxurrada bateu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. 49Aquele que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa sobre a terra, sem alicerce, a enxurrada bateu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa." 6, 46: Me ?, 2 1 . 0 6, 47-49: Me 7, 24-27;Tg !, 22-25. 5 9 Cadernos de estudo bíblico ?Jesus cura o servo do centurião - 1Depois que terminou de falar todas essas palavras ao povo que o escutava, Jesus entrou na cidade de Cafarnaum. 2Havia aí um oficial romano que tinha um empregado a quem estimava muito. O empregado estava doente, a ponto de morrer. 30 oficial ouviu falar de Jesus, e enviou alguns anciãos dos judeus, para pedir a Jesus que fosse salvar o empregado. 4Chegando onde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: "O oficial merece que lhe faças esse favor, 5porque ele estima o nosso povo, e até construiu uma sinagoga para nós." 6Entáo Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizer a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois eu não sou digno de que entres em minha casa; 7 nem sêquer me atrevi a ir pes soalmente ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu empregado ficará curado. 8Pois eu também estou sob a autoridade de oficiais superiores, e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem; e ao meu empregado: Faça isso, e ele o faz." 90uvindo isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia, e disse: "Eu declaro a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé." 100s mensageiros voltaram para a casá do oficial, e encontraram o empregado em perfeita saúde. 7, 1-10: Me 8,5-10, l3; Jo 4, 46-53. • 7, 5: Ar 10, 2. COMENTÁRIOS 7, 2: "Um oficial romano" - Um oficial romano no comando de cem soldados. Sua identidade não judaica é um importante pano de fundo a este episódio, e sua fé exemplar preliba a conversão de Cornélio, centurião gentio em At 1 0, 1 -48. 7, 6: "não sou digno" - O oficial romano demonstra humildade apesar do sentimento popular de que ele é "digno" de receber ajuda de Jesus (7, 4) . Ele também respeita sensibili dadesculturais, consciente de que os judeus são desencorajados a entrar nas casas dos gen tios (At 1 0, 28) . Ver comentário sobre Mt 8, 8. 7, 9: "nem mesmo em Israel" - a fé do oficial romano é surpreendente e prenuncia a aceitação dos gentios na Igreja da Nova Alian ça (24, 27; Mt 28, 1 9) . 7, 1 1 : "Naim'' - Um pequeno povoado da Galiléia, cerca de seis milhas ao sudeste de Nazaré. Não é mencionado alhures na Bíblia. � 7, 12: "eis que levavam" - Uma pro a.. cissão funerária que provavelmente envolvia os parentes e vizinhos do jovem bem como carpideiras e músicos contratados (Mt 9, 23; Me 5, 38) . "Uma viúva'': a mãe enlutada enfrenta grande dificuldade. Com a morte do seu filho único, ela é deixada sem família ou segurança Jesus ressuscita o filho da viúva em Naim - 1 1Em seguida, Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. 12Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva, Grande multidão da cidade ia com ela. 13Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: "Não chore!" 14Depois se aproximou, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Então Jesus disse: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!" 150 morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo." 17E a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza. 7, l l-17: Me 5, 2 1 -24, 35-43; Jo 1 1 , 1 -44; IRs 17, 17-24; 2Rs 4, 32-37. • 7, 13: L: 7, 19 ; 1 0 , 1 ; 1 1 , 39; 12, 42; 12, 1 5; 17, 5.Q; 1 8,6; 1 9,8; 22,6 1 ; 24,3 · 7, 16: L: 7, 39; 24, l9; Mc 2 l , l l ; Jo 6,14. 60 O evangelho de São Lucas Mensageiros de João Batista - 180s discípulos de João o puseram a par de todas essas coisas. Então João chamou dois de seus discípulos, 19e os mandou perguntar ao Senhor: "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?" 20Eles foram a Jesus, e disseram: "João Batista nos mandou a ti para perguntar: 'És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?'" 21Nessa mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de suas doenças, males e espíritos maus, e fez muitos cegos recuperar a vista. 22Depois respondeu: ''Voltem, e contem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os morros ressuscitam, e a Boa Notícia é anunciada aos pobres. 23E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!" 24Depois que os mensageiros de João partiram, Jesus começou a falar sobre João às multidões: "O que vocês foram ver no deseno? Um caruço agitado pelo vento? 250 que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Ora, os que se vestem com roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. 26Então, o que é que vocês foram ver? Um profeta? Eu lhes garanto que sim: alguém que é mais do que um profeta. 27É de João que a Escritura afirma: 'Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente: ele vai preparar teu caminho diante de ti" 28Eu digo a vocês: entre os nascidos de mulher ninguém é maior que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior que ele. 29Todo o povo, e até mesmo os cobradores de impostos deram ouvidos à pregação de João. Reconheceram a justiça de Deus, e receberam o batismo de João. 30Mas os fariseus e os doutores da Lei, rejeitando o batismo de João, tornaram inútil para si mesmos o projeto de Deus." 31"Com quem eu vou comparar os homens desta geração? Com quem se · parecem eles? 32São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: 'Tocamos flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram'. 33Pois veio João Batista, que não comia nem bebia, e vocês disseram: 'Ele tem um demônio!' 34Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vocês dizem: 'Ele é um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores!' 35Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos:" 7, 18-35: Mt 1 1 , 2- 1 9. • 7, 21: Mt 4, 23; Me 3,10. • 7, 22: Is 29, 18-19 ; 35,5-6; 6 1 , 1 ; l.c 4, 1 8- 19. - 7, 27: MI 3, I ; Me 1 ,2. 7, 29-30: Mt 21, 32; l.c 3 , 12. • 7, 33: l.c l, 1 5. - 7, 34: l.c 5, 29; 15, 1 -2; 7, 36-50. econômica. Sua subsistência dependeria da caridade de outros em Israel (Dt 26, 1 2) . • Místicamente, 23 a viúva significa a Madre Igreja , chorando por aqueles que estão mor tos no pecado e são levados para longe da se gurança dos seus portões. As multidões que apenas olham darão graças ao Senhor quando os pecadores ressurgirem da morte e forem devolvidos a sua Mãe. 7, 13: "o Senhor'' - Um dos muitos usos desse título de Jesus em Lucas ( 1 O, 1 ; 1 1 , 39 ; 1 2, 42; 1 3 , 1 5) . É usado repetidamente no Antigo Testamento grego para traduzir o nome pessoal de Deus, Javé.24 23 Santo Ambrósio, ln Lucam. 24 Em 2008, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, presidida pelo Cardeal Francis Arinze, enviou uma carta a todas 7, 14: "tocou no caixão" - Um gesto impressionante. Embora a Lei Mosaica ad vertisse que o contato com os mortos torna os Israelitas impuros por uma semana inteira (Nm 1 9, 1 1 - 1 9) , Jesus revoga a consequência esperada com sua poderosa palavra "levan te-se" . Ao trazer o morto de volta à vida, ele elimina a própria causa da violação da lei e, portanto, seus efeitos indesejáveis. Em outra as conferências episcopais para pedir que não se use o termo "Javé" nas liturgias, orações e cantos. A carta se referiu ao uso do nome "YHWH" , relacionado a Deus no Antigo Testamento e em português se lê "Javé " . Após comentar que o nome de Deus exige dos tradutores um grande respeito, o Cardeal explicou que a palavra "YHWH" é " uma expressão da infinita grandeza e majestade de Deus " , que se manteve " impronunciável" e por isso foi substituída na leitura das Sagradas Escrituras com o uso da palavra alternativa "Adona i " , que significa " Senhor" - NT. 6 1 Cadernos de estudo bíblico ocasião Jesus ressuscita a filha de Jairo (Lc 8, 40-56) e Lázaro Qo 1 1 , 1 7-27) como sinais da chegada do Messias (Lc 7, 22; CIC 994) . ITI 7, 16: "Um grande profeta'' - Uma IJU opinião popular dos seus contempo râneos a respeito de Jesus (24, 1 9; Mt 1 6, 1 4; 2 1 , 1 1 , 46; Jo 6, 14) ; • O s milagres de Jesus s e assemelham aos fei tos poderosos dos profetas Elias e Eliseu. ( 1 ) Em 1 Rs 1 7, 1 7-24, Elias ressuscita o filho da viúva de Sarepta. A expressão de Lucas "Jesus o entregou à sua mãe" (7, 1 5) é tirado dire tamente desse episódio. (2) Em 2 Rs 4, 32- 37, Eliseu também restaura a vida do filho de uma mulher sunamita. 7, 20: "esperar outro?" - João sabe que o Messias está para chegar (3, 1 6) , mas não tem certeza se Jesus se encaixa na descrição. Ele pode ter sido influenciado por opiniões populares de que o Messias seria rei em Jeru salém e conquistaria os romanos. Jesus não caminha nessa direção, e João naturalmente quer ter certeza. ITI 7, 22: ·� e ouviram" - Jesus IJU manifesta sua identidade por meio das suas obras. A recuperação dos cegos, dos paralíticos, dos leprosos, dos surdos e dos mor tos confirma que ele é o Messias (4, 1 8- 1 9; CIC 549) • Esses milagres recordam a profecia de Isaías sobre as maravilhas da era messiânica (Is 35 , 4-6; 6 1 , 1 ) . 7 , 24: "caniço agitado pelo vento" - Num ponto, Jesus fala da familiar planta caniço que crescia abundantemente no vale do Jordão; num outro, ele faz uma compara ção enigmática entre um caniço agitado pelo vento e a imagem que imediatamente se se- gue de um rei vivendo no luxo (7, 25) ; Essas idéias aparecem juntas em Herodes Antipas, o principal adversário de João Batista. Anti pas não foi apenas um tetrarca (governador) que residia nos palácios reais de Tiberíades, a sede de governo ao lado do mar da Galiléia, mas também celebrou a fundaçãode Tibe ríades pela cunhagem de moedas com o em blema de um caniço. O contraste sugerido pelas perguntas de Jesus é forte: João é um líder intransigente e até mesmo mais que um profeta, enquanto Antipas é um líder adap tável, cuja fraqueza de caráter faz dele menos que um rei . ITI 7, 27: "Eis que eu envio o meu IJU mensageiro" - Uma citação de MI 3 , 1 . João cumpre essa profecia como precursor do Messias (Me l , 2) . • Malaquias prevê o mensageiro que vai preparar Israel para a vinda do Senhor. Esse arauto se assemelha ao profeta Elias (MI 4, 5) . Ver comentário sobre Lc l , 1 7. 7, 28: "ninguém é maior" - João Batista era o profeta mais ilustre da era do Antigo Testamento ( 1 6, 1 6) ; Diferente dos que o antecederam, ele não notou as bênçãos da Nova Aliança apenas à distância, mas as re cebeu mesmo antes do seu nascimento ( 1 , 1 5 ; CIC 523, 7 1 9) . 7, 32: "como crianças" - Jesus compara a sua geração às crianças que se queixam in diferentes aos passatempos sugeridos por ou tros. Tanto a alegria ( Tocamos flauta) como a tristeza (cantamos música triste) da pregação de João eram convites ao Reino, embora am bos tenham sido recusados. 7, 35: "a sabedoria foi justificada'' - Os filhos de Deus reconhecem a sabedoria anunciada por Jesus e João e a recebe como 62 O evangelho de São Lucas Uma pecadora perdoada - 36Certo fariseu convidou Jesus para uma refeição em casa. Jesus entrou na casa do fariseu, e se pôs à mesa. 37 Apareceu então certa mulher, conhecida na cidade como pecadora. Ela, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume. 38A mulher se colocou por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés. Em seguida, os enxugava com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com perfume. 39Vendo isso, o fariseu que havia convidado Jesus ficou pensando: "Se esse homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, porque ela é pecadora." 4ºJesus disse então ao fariseu: "Simão, tenho uma coisa para dizer a voc.ê." Simão respondeu: "Fala, mestre." 41Certo credor tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas moedas de prata, e o outro lhe devia cinqüenta. 42Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?" 43Simão respondeu: ''.Acho que é aquele a quem ele perdoou mais." Jesus lhe disse: "Voc.ê julgou certo." 44Então Jesus voltou-se para a mulher e disse a Simão: "Está vendo esta mulher? Quando entrei em sua casa, voc.ê não me ofereceu água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. 45Você não me deu o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46Você não derramou óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47Por essa razão, eu declaro a você: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Aquele a quem foi perdoado pouco, demonstra pouco amor." 48E Jesus disse à mulher: "Seus pecados estão perdoados." 49Então os convidados começaram a pensar: "Quem é esse que até perdoa pecados?" 5ºMas Jesus disse à mulher: "Sua fé salvou você. Vá em paz!". 7, 36-50: Mt 26, 6-13 ; Me 14, 3-9; Jo 1 2, 1 -8. • 7, 36: Lc 1 1 , 37; 1 4, 1 . • 7, 39: Lc 7, 1 6; 24, 1 9; Mt 21 , l l ; Jo 6, 1 4. 7, 42: Mt 18 , 25. 7, 43: Lc 10, 28. · 7, 48: Mt 9, 2; Me 2,5; Lc 5, 20. · 7, 50: Mt 9, 22; Me 5,34; Lc 8,48. um convite para entrar no reino. Ver comen tário sobre Mt 1 1 , 1 9 . 7, 36: "certo fariseu'' - Jesus faz refeição com um fariseu três vezes em Lucas ( 1 1 , 37; 1 4, 1 ) . d e pedra. O uso abundante que a mulher faz do perfume é uma expressão da sua coragem e contrição, quando ela vai além das normas já extravagantes da hospitalidade oriental (7, 44-46; Gn 1 8 , 4-5) . Um episódio semelhan te ocorre em Betânia antes de Semana Santa. "pôs à mesa": Judeus daquele tempo habitualmente se reclinavam em estofados (Mt 26• 6- l3 ; Jo 1 2, 1 -8) . a pouca distância do chão para comer refei ções festivas e ritualísticas . Eles se inclinavam sobre uma almofada no seu lado esquerdo e comiam com a mão direita. Isso explica como a mulher se colocou aos pés de Jesus, embora estivesse atrás dele (7, 38) . 7, 37: "pecadora'' - O anfitrião e os con vidados conheciam a reputação da mulher, embora seus pecados não estejam especifica dos ao leitor (7, 39) . A própria reputação de Jesus em 7, 34 é confirmada, uma vez que faz amizade com os pecadores para estender a eles sua misericórdia (CIC 545) . "frasco de alabastro": um elegante frasco 7, 41 : "moedas de prata'' - Ou dená rio, que era uma moeda romana equivalen te ao salário diário de um trabalhador. O centro dessa parábola é a diferença conside rável entre quinhentos e cinqüenta salários diários. 7, 47: "ela demonstrou muito amor'' - Como ilustrado pela parábola (7, 4 1 -43), o amor da mulher foi a conseqüência do per dão, não a causa dele (CIC 27 1 2) . 7, 49: "até perdoa pecados?" - Jesus afir ma realizar o que apenas Deus pode fazer pe los pecadores. Ver comentário sobre Lc 5, 2 1 . Cadernos de estudo bíblico 8 Algumas mulheres acompanhavam Jesus - 1 Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. Os doze iam com ele, 2e também algu mas mulheres que haviam sido curadas de espíritos maus e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios; 3Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres, que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam. 8, 1-3: Lc 4, 1 5; Me 1 5,40-4 1 ; Mt 27, 55-56; Lc 23,49. COMENTÁRIOS 8, 1-3: A missão urgente de Jesus não dei- provisão e assistência financeira. Isso desafiava xava tempo algum para ele e seus discípulos o costume judeu, que desencorajava os ho se estabelecerem num negócio. Várias mulhe- mens a associar-se com mulheres em público res, portanto, os acompanhavam para oferecer Qo 4, 27) . A parábola do semeador - 4Ajuntou-se uma grande multidão, e de todas as cidades as pessoas iam até Jesus. Então ele contou esta parábola: 5"0 semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisadas e os passarinhos foram, e comeram tudo. 60utra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 70utra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos brotaram junto, e a sufocaram. 80utra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um." Dizendo isso, Jesus exclamou: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça''. 8, 4.a: Mt 1 3, l -9; Me 4, l-9. · 8, 8: Mt 1 1 , 1 5. 8, 4: "esta parábola'' - As parábolas re velam ou ocultam mistérios divinos. Aqui a mensagem de Jesus permanece oculta às multidões, embora seja explicada aos discí pulos (8, 9- 1 0) . Ver Estudo da Palavra: Pará bolas em Mt 1 3, 3 . 8, 5-8: A parábola do semeador. Jesus es boça quatro respostas diferentes para o evan gelho. Três cenários são infrutíferos, enquanto a terra boa é receptiva e produz uma grande colheita (8, 8) . Como o semeador, o ministé rio de Jesus se assemelha com os profetas do Antigo Testamento que encontrou oposição e descrença generalizada ( 1 3, 33-34; At 7, 5 1 - 53) . Ver comentário sobre Me 4 , 3-8. ITI 8, 10: "os mistérios" - Jesus explica IJU a parábola a seus discípulos em vez da multidão. Ele os está preparando para pa péis de liderança no Reino de Deus, a Igreja A explicação da parábola - 90s discípulos perguntaram a Jesus o significado dessa parábola. 1ºJesus res pondeu: "A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas, aos outros ele vem por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam." 1 1 "A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. 120s que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram; mas, depois chega o diabo, e tira a Palavra do coração deles, para quenão acreditem, nem se salvem. 130s que caíram sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolheram com alegria a Palavra. Mas eles não têm raiz: por um momento, acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 140 que caiu entre os espinhos são aqueles que ouvem, mas, continuando a caminhar, se afogam nas preocupações, na riqueza e nos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 150 que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo de coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança''. 8, 9-10: Mt 13, 1 0-13; Me 4, 10-12; Is 6,9-IO; Jr 5,2 1 ; Ez 12,2. · 8, 1 1-15: Mt 13, 18-23; Me 4, 13-20. • 8, 1 1: !Ts 2, 13; lPd l, 23. O evangelho de São Lucas A tampada não deve ser escondida - 16"Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que todos os que entram, vejam a luz. 17De fato, tudo o que está escondido, deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo, deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18Portanto, prestem atenção como vocês ouvem: para quem tem al��ma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter . 8, 16: Mc 4. 2 1 ; Mt 5, 1 5; Lc 1 1 ,33. • 8, 17: Mc 4, 22-23; Mt 1 0, 26-27; Lc 12,2-3; Ef5, 13 . • 8, 18: Mc 4, 24-25; Mt 13, 12; 25, 29; Lc 1 9, 26. (22, 28-30) . Ver comentário sobre Me 4, 1 1 . "Olhando não vejam'': Uma alusão a Is 6, 9- 1 0. • Isaías pronunciou o julgamento de Javé à Israel desobediente. Tinha efeito disciplina dor de fechar seus olhos e ouvidos à verdade e endurecer seus corações ao amor de Deus. Mesmo assim, Deus preservou uma "semente santa" (Is 6, 1 3) ou fiéis remanescentes que acreditavam nele. O próprio ministério de Jesus se alinha com o de Isaías (Jo 12 , 39-40) . ITI 8, 16-18: A parábola da lâmpada LJ.U explica a estratégia dos ensinamentos de Jesus, em que os mistérios do reino serão escondidos das multidões apenas tempora riamente. Com o surgimento da Igreja da Nova Aliança, eles finalmente irão tomar-se manifestos (8, 1 7; 1 2, 2-3) . • Moralmente, 25 Jesus encoraja a ousadia na pregação evangélica. Nenhum ministro do evangelho deve esconder a luz da verdade sob medos mundanos de perseguição. O fiel servo coloca a lâmpada de Cristo à vista de todos, exibindo sua verdade para o benefício de todos. 8, 18: "prestem atenção" - Jesus atribui grande responsabilidade a sua mensagem ( 1 2, 48) . As bênçãos da verdade de Deus devem ser estimadas e compartilhadas, pois quem as esquece ou ignora irá perdê-las . 8, 21 : "meus irmãos" - Não os filhos de Maria, mas provavelmente os primos de Je sus (CIC 500) . Ver comentário sobre Mt 1 2, 46. "ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática'': A família espiritual de Jesus com partilha da sua vida e segue o seu caminho (6, 35 ; 1 1 , 28; Jo 1 , 1 2; Rm 8, 29) . A mater nidade divina de Maria foi estabelecida nes se mesmo alicerce; ela abraçou a vontade de Deus ao longo da sua vida. Ver comentário sobre Lc l , 38. 8, 22-56: Três episódios que ressaltam o poder da palavra de Jesus. Ao seu comando, o vento e o furor das águas cessam (8, 24) , demônios são expulsos (8, 29) , e os mortos ressurgem para uma vida nova (8, 54) . ITI 8, 25: "Quem é esse homem'' - Os LJ.U discípulos se espantam diante do di vino poder de Jesus sobre a natureza 0 '26, A verdadeira linhagem de Jesus - 1 9 A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. 20Então anunciaram a Jesus: "Tua mãe e ceus irmãos estão aí fora, e querem te ver." 21Jesus respondeu: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática". 8, 19-21: Mt 12, 46-50; Mc 3, 3 1 -35. • 8, 21: Lc 1 1 , 28; Jo 1 5, 14. 25 Santo Agostinho, De Quaest. Evang 2, 12 . Cadernos de estudo bíblico Jesus acalma a tempestade no mar - 22Certo dia, Jesus entrou numa barca com seus discípulos, e disse: "Vamos para o outro lado do lago." E partiram. 23Enquanto navegavam, Jesus adormeceu. Nisso, um vento forte atingiu o lago: a barca se enchia de água, e eles corriam perigo. 240s discípulos se aproximaram e acordaram Jesus, dizendo: "Mestre, Mestre, estamos morrendo." Então Jesus se levantou e ameaçou o vento e o furor das águas. Estes pararam, e a calma voltou. 25Jesus disse aos discípulos: "Onde está a fé que vocês têm?" Tomados de medo, eles ficaram admirados, e diziam entre si: "Quem é esse homem que dá ordens até para os ventos e a água, e eles lhe obedecem?" 8, 22-25: Me 8, 23-27; Me 4, 35-4 1 ; 6, 47-52; Jo 6, 1 6-2 1 . · 8, 24: Lc 5, 5; 8, 45; 9, 33, 49; 17. 13 . 1 2; SI 89, 9 ; 1 07, 28-29) . Ver comentário sobre Mt 8, 23-27. • Alegoricamente,2 6 o sono de Jesus significa sua morte, uma ausência que gera medo no coração dos discípulos. Atingidos por ondas de dúvidas, eles são finalmente confortados quando Cristo acorda do túmulo para acabar com o diabo e tirá-lo do poder sobre a morte. 8, 26: "gerasenos" - A cidade de Gérasa se localizada ao leste do Rio Jordão e estava entre as dez cidades dos !!entios da Decáoole (Me 5, 1 -20) . Esse cenário não judeu é acen tuado pela presença dos porcos (8, 32) , ani mais que os israelitas não criariam ou come riam (Lv 1 1 , 7-8 ; Dt 14 , 8) . 8, 30: "Legião" - Um termo militar para os seis mil soldados romanos. Ele indica a presença esmagadora do mal no homem e a intensidade da guerra espiritual. A superiori dade de Jesus se torna clara quando simples mente suas palavras derrotam um exército inteiro das forças de Satanás ( 1 1 , 20) . Ver Jesus cura o possesso geraseno - 26Jesus e os discípulos desembarcaram na região dos gerasenos, que está diante da Galiléia. 27 Ao descer à terra, um homem da cidade foi ao encontro de Jesus. Ele era possuído por demônios, e há muito tempo não se vestia, nem morava em casa, mas nos túmulos. 28Vendo Jesus, o homem começou a gritar, caiu aos pés dele, e falou com voz forte: "Que há entre mim e ti, Jesus, filho do Deus Altíssimo? Eu te peço, não me atormentes!" 290 homem falou assim, porque Jesus tinha mandado que o espírito mau saísse dele. De fato, muitas vezes o espírito tinha tomado posse dele. Para protegê-lo, o prendiam com correntes e algemas; ele, porém, arrebentava as correntes, e o Demônio o levava para lugares desertos. 30Então Jesus lhe perguntou: "Qual é o seu nome?" Ele respondeu: "Meu nome é Legião." Pois muitos demônios tinham entrado nele. 310s demônios pediam que Jesus não os mandasse para o abismo. 32Havia aí perto uma numerosa manada de porcos, pastando na montariha. Os demônios pediram a Jesus que os deixasse entrar nos porcos. Jesus deixou. 330s demônios saíram do homem, e entraram nos porcos. E a manada atirou-se monte abaixo para dentro do lago, onde se afogou. 34Vendo o que havia acontecido, os homens que cuidavam dos porcos saíram correndo, e espalharam a notícia na cidade e nos campos. 35E as pessoas foram ver o que tinha acontecido. Foram até Jesus, e encontraram o homem, de quem os demônios tinham saído, sentado aos pés de Jesus; estava vestido e no seu perfeito juízo. E ficaram com medo. 360s que tinham presenciado o fato anunciaram a eles como o endemoninhado tinha sido salvo. 37E todo o povo da região dos gerasenos pediu que Jesus fosse embora, para longe deles, porque estavam tomados de grande medo. Jesus entrou na barca, e foi embora. 380 homem de quem os demônios tinham saído pedia para ficar com Jesus. Mas Jesus o despediu, dizendo: 39"Volte para sua casa, e conte tudo o que Deus fez por você." E ele foi embora, proclamando pela cidade inteira tudo o que Jesus havia feito em seu favor. 8, 26-39: Me 8, 28-34; Me 5, 1 -20. • 8, 28: Me 1 , 24; Jo 2, 4. 26 São Beda, ln Lucam 3 l . 6 6 O evangelho de São Lucas Uma menina volta à vida e uma mulher é curada - 40Ao voltar, Jesus foi recebido pela multidão, pois todos o esperavam. 41Nesse momento, chegou um homem chamadoJairo, chefe da sinagoga do lugar. Caiu aos pés de Jesus, e pediu com insistência que Jesus fosse à sua casa, 42porque ele tinha uma filha única, de doze anos, que estava morrendo. Enquanto Jesus caminhava, as multidões o apertavam. 43Em certo momento chegou uma mulher sofrendo de hemorragia há doze anos, e ninguém tinha conseguido curá-la. 44Ela foi por trás, e tocou na barra da roupa de Jesus. No mesmo instante a hemorragia parou. 45Então Jesus perguntou: "Quem foi que tocou em mim?" Todos negaram, e Pedro disse: "Mestre, as multidões te cercam e te apertam! 46Então Jesus disse: ''.Alguém me tocou, pois eu senti que uma força saiu de mim." 47 A mulher, vendo que tinha sido descoberta, foi tremendo, e caiu aos pés de Jesus. Contou diante de todos o motivo por que ela havia tocado em Jesus, e como tinha sido curada no mesmo instante. 48Jesus disse à mulher: "Minha filha, sua fé curou você. Vá em paz." 49Jesus ainda estava falando, quando um mensageiro da casa do chefe da sinagoga chegou, dizendo: "Sua filha morreu; não incomode mais o Mestre." 50Jesus ouviu a notícia, e disse a Jairo: "Não tenha medo; apenas tenha fé, e ela será salva." 5 1Quando chegou à casa, Jesus não deixou ninguém entrar com ele, a não ser Pedro, João e Tiago, junto com o pai e a mãe da menina. 52Todos choravam e batiam no peito por causa dela. Jesus disse: "Não chorem: ela não morreu. Está apenas dormindo." 530s presentes começaram a rombar de Jesus, pois sabiam que a menina já estava morta. 54No entanto, Jesus tomou a menina pela mão e a chamou, dizendo: "Menina, levante-se." 55 A menina voltou a respirar, levantou-se no mesmo instante, e Jesus mandou que lhe dessem de comer. 56Seus pais ficaram muito admirados. E Jesus lhes ordenou que não dissessem nada a ninguém sobre o que havia acontecido. 8, 40-56: Mt 9, 1 8-26; Me 5. 2 1 -43. · 8, 45: l.c 8, 24. · 8, 46: Lc 5, 17; 6, 19 . · 8, 48: Mt 9, 22; Lc 7, 50; 1 7, 1 9; 1 8, 42. · 8, 56: Mt 8, 4; Mc 3, 1 2; 7, 36; l.c 9, 2 1 . comentário sobre 4, 36. 8, 31: "o abismo" - o poço sombrio onde os demônio são confinados até o Julgamento Final (2 Pd 2, 4; Ap 9, 1 - 1 1 ; 20 , 1 -3) . 8, 35: "aos pés de Jesus" - A postura de um discípulo perante seu mestre (1 O, 39; At 22, 3) . 8, 39: ''Volte para sua casa" - Jesus re cusa a companhia permanente do homem, mas o envia para anunciar a graça de Deus. Ao sugerir a divindade de Cristo, o homem anuncia a misericórdia de Deus em termos do que Jesus havia feito por ele (Me 5, 1 9-20) . 8, 40-56: Três detalhes ligam essas histó rias miraculosas. ( 1 ) Ambas ressaltam o nú mero doze, que representa a idade da menina e a duração do sofrimento da mulher. (2) As duas beneficiárias dos milagres são mulheres. (3) Ambas mostram como Deus honra a fé genuína (8, 48, 50; CIC 26 1 6) . 8, 41: "chefe da sinagoga" - um líder ju deu ancião que presidia cerimônias aos sába dos e outras atividades semanais ( 1 3 , 1 4; At 1 3, 1 5) - Ver comentário sobre Mt 4, 23. 8, 43: "hemorragia" - Essa condição ex cluía a mulher da vida normal em Israel. De acordo com a lei, ela vivia em impureza per pétua e não podia ser tocada por ninguém (Lv 1 5 , 1 9-30) . Jesus primeiramente cura a sua enfermidade e então anuncia a sua recupera ção "diante de todos" (8, 46-48) para facilitar sua reintegração na sociedade judaica. 8, 44: "na barra da roupa" - A Lei Mo saica exigia que os Israelitas usassem bodas em suas vestes para recordá-los dos mandamentos de Deus (Nm 1 5 , 38-39; Dt 22, 12) . 8, 51 : "Pedro, João e Tiago" - Três dos discípulos mais próximos a Jesus (9, 28; Me 1 4, 33) . 8, 52: "ela não morreu" - A partida e o Cadernos de estudo bíblico retorno do espírito da menina (8, 5 5) sugere que Jesus fala metaforicamente. Ela está, de fato, morta, mas ele diz que está dormindo para enfatizar que a sua condição é apenas temporária e em breve será revertida. Ver co- mentário sobre Me 5 , 39. QUADRO : AS PARÁB O LAS DE JESUS Os construtores (Mt 7, 24-27); (Lc 6 , 47-49) O semeador (Me 13, 1-9) ; (Me 4, 1-9) ; (8, 4-8) O joio e o trigo (Me 13, 24-30) A semente de mostarda (Me 13, 31-32); (Me 4, 30-32); (Lc 13, 18-19) O fermento (Me 13, 33) O tesouro escondido (Me 13, 44) A pérola de grande valor (Me 13, 45-46) A rede de pesca (Me 13, 47-50) A lâmpada (Me 4, 21-23) ; (Lc 8, 16-18) A semente que germina (Me 4, 26-29) Os dois devedores (Lc 7, 41-43) O amigo à meia-noite (Lc 11, 5-13) O rico louco (Lc 12, 16-21) A figueira estéril (Lc 13, 6-9) A ovelha perdida (Me 18, 10-14) ; (Lc 15, 4-7) A moeda perdida (Lc 15, 8-10) O filho pródigo (Lc 15, 11-32) O devedor implacável (Me 18, 23-35) O administrador desonesto (Lc 16, 1-9) O juiz injusto (Lc 18, 1-8) O fariseu e o cobrador de impostos (Lc 18, 9-14) Os trabalhadores da vinha (Me 20, 1-16) Os dois filhos (Me 21, 28-32) Os agricultores perversos (Me 21, 33-46); (Me 12, 1-12); (Lc 20, 9-19) A festa de casamento (Me 22, 1-14) O grande banquete (Lc 14, 15-24) As virgens prudentes e imprudentes (Me 25, 1-13) Os talentos (Mt 25, 14-30) As moedas de prata (Lc 19, 11-27) 9 A missão dos doze - 1 Jesus convocou os Doze, e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios e para curar as doenças. 2E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar. 3E disse-lhes: "Não le vem nada para o caminho: nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas. 4Em qualquer casa onde vocês entrarem, fiquem aí, até vocês se retirarem do lugar. 5E todos aqueles que não os acolherem, vocês, ao sair da cidade, sacudam a poeira dos pés, como protesto contra eles." 60s discípulos partiram, e percorriam os povoados, anunciando a Boa Notícia, e fazendo curas em todos os lugares. 9, 1-6: Me !O, 1 , 5. 7-1 1 , 14; Mc 6, 7-12; lc 10, 4-1 1 . • 9, 5: At 13, 5 1 . COMENTÁRIOS 9, l: "lhes deu poder" - Jesus concede aos apóstolos sua própria autoridade espiritual para expulsar demônios (4, 35 , 4 1 ) , curar os doentes (4, 39; 5, 1 3 ; 7, 22; 8, 47) , e procla mar o reino de Deus (4, 43; 8, 1 ) . 9, 3: "Não levem nadà' - Confiando em Deus, os apóstolos devem depender de hospi talidade local para suas necessidades durante a missão ( 12, 22-24) . Isso os prepara para a liderança na Igreja, onde irão pregar o evan- 68 O evangelho de São Lucas A confusão de Herodes - 70 governador Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou sem saber o que pensar, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos; 8outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9Emão Herodes disse: "Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?''. E queria ver Jesus. 9, 7-9: Mt 14, l -2; Me 6, !4- 16; Lc 9, 1 9. · 9, 9: Lc 23,8. gelho por meio de uma vida de pobreza espi- do até o seu julgamento (23, 8- 1 2) . ritual ( 1 0, 7) . 9, 5: "sacudam a poeira'' - Um ato sim bólico de julgamento e maldição ( 1 0, 1 0- 1 2; At 1 3, 5 1 ) . Os que rejeitam o reino de Deus excluem-se das suas bênçãos. Ver comentário sobre Me 1 O, 14. 9, 7: "O governador Herodes" - Hero des Antipas, governador da Galiléia e da Pe réia de 4 ou 1 a.C. a 39 d.C. "João Batista tinha ressuscitado": Lucas não relata a execução de João, mas o menci ona pela última vez na prisão de Herodes (3, 20) . Seu martírio é narrado em Me 14, 1 - 1 2 e Me 6 , 14-29. 9, 9: "queria ver Jesus" - Circulavam-se rumores de que Jesus era um profeta ressusci tado, ou João Batista (9, 7) , ou Elias (9, 8) , ou outra figura do Antigo Testamento (9, 8) . O desejo de Herodes de ver Jesus não foi realiza- 9, 10-17: Além da ressurreição, a multi plicação dos pães é o único milagre relatado em todos os quatro Evangelhos (Mt 1 4, 1 3- 2 1 ; Me 6, 30-44; Jo 6, 1 - 1 3) . Isso retoma milagres anteriores do Antigo Testamento e prenuncia o milagre sacramental da Eucaris tia. Também se vincula com um tema mais amplo no Evangelhode Lucas, em que Jesus descreve o Reino de Deus como um grande banquete ( 1 3, 29-30; 1 4, 7- 14; 1 5-24) . Esse banquete messiânico é celebrado primeira mente na Última Ceia (22, 14-23) e mais tar de no céu (Ap 1 9, 7-9) . Ver comentário sobre Me 6, 35-44. 9, 10: "Betsaida'' - Uma vila de pescado res na costa norte do Mar da Galiléia. Era lo calizada no território de Herodes Filipe (3, 1 ) e era a cidade natal dos apóstolos Pedro, An dré, e Filipe Qo 1 , 44; 1 2, 2 1 ) . Jesus mais tarde amaldiçoou a cidade por rejeitá-lo ( 1 0, 1 3) . Alimento a cinco mil pessoas - 'ºOs apóstolos voltaram, e contaram a Jesus tudo o que haviam feito. Jesus os levou consigo, e se retirou para um lugar afastado na direção de uma cidade chamada Betsaida. "No entanto, as multidões souberam disso, e o seguiram. Je5us acolheu-as, e falava a elas sobre o Reino de Deus, e restituía a saúde a todos os que precisavam de cura. 12A tarde vinha chegando. bs doze apóstolos se aproximaram de Jesus, e disseram: "Despede a multidão. assim eles podem ir aos povoados e campos vizinhos para procurar alojamento e comida, porque estamos num lugar deserto." 13Mas Jesus disse: "Vocês é que têm de lhes dar de comer." Eles responderam: "Só temos cinco pães e dois peixes . . . a não ser que vamos comprar comida para toda esse gente!" 14De fato, estavam aí mais ou menos cinco mil homens. Mas Jesus disse aos discípulos: "Mandem o povo sentar-se em grupos de cinqüenta." 1 50s discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. 16Então Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou sobre eles a benção e os partiu, e ia dando aos discípulos a fim de que distribuíssem para a multidão. 17Todos comeram, ficaram satisfeitos, e ainda foram recolhidos doze cestos de pedaços que sobraram. 9, 10: Me 6, 30-3 1 ; Lc 1 0, l ?; Jo 1 , 44. • 9, 1 1-17: Mt 14, 1 3-2 1 ; Me 6, 32-44; Jo 6, 1 - 14; Me 8, 4-10. 9, 13: 2 Rs 4, 42-44 . • 9, 16: Lc 22, 1 9; 24, 30-3 1 ; AI. 2,42; 20, 1 1 ; 27,35. Cadernos de estudo bíblico A declaração de Pedro de que Jesus é o Cristo - 18Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou: "Quem dizem as multidões que eu sou?" 19Eles responderam: "Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que tu és al gum dos antigos profetas que ressuscitou." 2ºJesus perguntou: "E vocês, quem dizem que eu sou?" Pedro respondeu: "O Messias de Deus." 21Então Jesus proibiu severamente que eles contassem isso a alguém. 22E acrescentou: "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dià'. 9, 18-21: Me 1 6, 1 3-20; Me 8, 27-30; Jo 1 , 49; 1 1 , 27; 6, 66-69. • 9, 18: Lc 3, 2 1 ; 5. 1 6; 6, 12 ; 9,28; 1 1 , 1 . 9 , 19: Lc 9,9; M e 9,1 1 - 1 3. • 9 , 22: M e 1 6, 2 1 ; M e 8,3 1 ; Lc 9 , 43-45; 1 8, 3 1 -34; 1 7, 25. 9, 18: "Quem dizem as multidões" - De acordo com o versículo seguinte (9, 1 9) , as multidões associavam Jesus com os profetas de memória recente Qoão Batista) e distante (Eli as, ou um dos antigos profetas) . No entanto, as "pesquisas" estavam divididas, e a verdadeira identidade de Jesus permanecia um mistério para eles. 9, 20: "E vocês, quem dizem'' - Perante as opiniões conflitantes, Jesus leva a questão aos seus discípulos. O que a experiência deles sugeriu sobre sua identidade e missão? "O Messias de Deus": O Messias espe rado Qo 1 , 4 1 ) . Pedro foi iluminado pelo Pai (Me 1 6, 1 7) para ver em Jesus o Rei de Israel ( 1 , 32-33 ; Jo l , 49) e o filho único de Deus (9, 35 ; Jo 1 , 1 8) . Ver comentário sobre Me 1 6, 1 5 e Escudo da Palavra: Cristo em Me 14, 6 1 . 9, 2 1 : "proibiu severamente que eles con tassem isso a alguém'' - Espalhar que Jesus é o Messias seria talvez um convite à incompreen são e obscurecimento do sentido espiritual da sua missão. Ver comentário sobre Me l , 44. 9, 22: "O Filho do Homem deve sofrer" - o primeiro de vários anúncios da Paixão em Lucas (9, 44; 12, 50 ; 1 7, 25; 1 8, 3 1 -33) . Jesus aqui começa a esclarecer que sua missão não é terrena ou política, mas acarreta sofrimento e morte. Ver Ensaio Sobre um Tópico: jesus, o Filho do Homem, em Lc 1 7. 9, 23: "tome cada dia a sua cruz'' - O discipulado cristão é oneroso, envolve muito sacrifício e abnegação ( 1 4, 26, 33) . A perse verança é necessária para seguir o caminho de Cristo cada dia (CIC 1435) . Ver comen tário sobre Mt 1 0, 38 . 9, 26: '\rier na sua glória" - Jesus é apon tado como o divino Juiz do mundo (Mt 25 , 3 1 -46; 2 Cor 5 , 1 0) ; Os que tem coragem de identificar-se com ele serão salvos, enquanto os que se envergonham dele serão rejeitados na presença do Pai . (2 Tm 2, 1 1 - 1 3) . Ver co mentário sobre Me 8, 38 . 9, 27: "ter visto o Reino de Deus" - Je- Carregar a cruz - 23Depois Jesus disse a todos: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. 24Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25De fato, que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo? 26Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do Homem também se envergonhará dele quando vier na sua glória, na glória do Pai e dos santos anjos. 27Eu garanto a vocês: alguns aqui presentes não morrerão sem ter visto o Reino de Deus". 9, 23-27: Me 16, 24-28; Me 8, 34-9, 1 . • 9, 24-25: Me 1 0, 38-39; Lc 14, 27; 1 7,33; Jo 1 2,25. 9, 26: Me 1 0, 33; Lc 1 2,9; lJo 2, 28. • 9, 27: Lc 22, 1 8; Me 10,23; ITs 4, 1 5- 1 8; Jo 2 1 ,22. 70 O evangelho de São Lucas A Transfiguração - 280ito dias após dizer essas palavras, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30Nisso, dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31Apa receram na glória, e conversavam sobre o êxodo de Jesus, que iria acontecer em Jerusalém. 32Pedro e os companheiros dormiam profundamente. Quando acordaram, viram a glória de Jesus, e os dois homens que estavam com ele. 33E quando esses homens já iam se afastando, Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias." Pedro não sabia o que estava dizendo. 34Quando ainda estava falando, desceu uma nuvem, e os encobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo quando entraram na nuvem. 35Mas, da nuvem saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o que ele diz!" 36Quando a voz falou, Jesus estava sozinho. Os discípulos ficaram calados, e nesses dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto. 9, 28-36: Mt 17, 1 -8; Me 9, 2-8; 2Pd 1 , 1 7- 1 8. • 9, 28: Lc 8, 5 1 ; 3,2 1 ; 5, 1 6; 6 , 12 ; 9, 1 8; 1 l , l . · 9, 30: At 1 . 9- 1 1 . • 9, 32: Jo 1 , 14. 9, 33: Lc 5,5; 8,24,45; 9.49; 17, 13 . • 9, 35: Lc 3,22; Jo 12, 28-30. · 9, 36: Mt 17, 9; Me 9,9- 10. sus promete que seu reino irá chegar dentro do tempo de vida dos seus contemporâneos. Isso marca o nascimento da Igreja em geral (22, 28-30) e a destruição de Jerusalém em particular (2 1 , 3 1 -32) . A ruína da cidade (70 d.C.) irá marcar um momento decisivo na história da salvação que sinaliza o término da vigência da Antiga Aliança e o estabele cimento definitivo da Nova. Ver comentário sobre Lc 4, 43. .... 9, 28-36: A Transfiguração tem três .. graus de significado. (1) Cristo revela sua glória para compensar o impacto do pri meiro anúncio da sua Paixão (9, 22) . (2) A voz do Pai, o Filho escolhido, a nuvem do Espírito manifesta a presença da Santíssima Trindade. (3) Os profetas Moisés e Elias tes tificam que Jesus irá cumprir a Lei e as pro fecias do Antigo Testamento. Esse episódio se assemelha também com a manifestaçãode Javé a Moisés no Monte Sinai (CIC 5 54-56, 697) . Ver comentário sobre Mt 1 7, 1 -8 . • Aíegoricamente,27 Cristo convida três com panheiros às montanhas para expressar a sal vação da humanidade. Como a família hu mana deriva dos três filhos de Noé - Sem, 2 7 Santo Hilário, ln Matt. 1 7 Cam e Jafé - assim sua elevação à glória é representada por Pedro, Tiago e João subindo a montanha na divina presença. lJJ 9, 32: "viram a glória de Jesus" - Evidente pelas mudanças na aparên cia e nas roupas de Jesus (9, 29) . • A experiência de Pedro, Tiago e João se asse melha a dos Israelitas no Sinai que do mesmo modo testemunharam a "glória" de Deus e escutaram sua voz no Monte (Dt 5 , 24) . lJJ 9, 35: "meu Filho, o Escolhido" - Um dos vários anúncios da filiação divina de Jesus (3, 22; 4, 4 1 ; 8, 28) . • As palavras do Pai ecoam Is 42, 1 , em que o Servo do Senhor é fortalecido pelo Espírito a fim de levar conforto aos oprimidos e justiça a todas as nações (Is 42, 2-7) . A injunção fi nal, "Escutem o que ele diz!" , é tirada de Dt 1 8 , 1 5 , quando Moisés profetizou que outro profeta como ele surgiria em Israel um dia. Jesus se encaixa nessa descrição profética, e como seus ensinamentos são apoiados pela aprovação e autoridade do Pai, ele deve ser seguido como os Israelitas outrora seguiram seu líder Moisés (Ar 3, 22; 7, 37) . Ver comen tário sobre Lc 3, 2 1 -22. 7 1 Cadernos de estudo bíblico Jesus cura um menino endemoniado - 37No dia seguinte, quando desceram da montanha, uma grande multidão foi ao encontro deles. 38Um homem gritou do meio da multidão: "Mestre, eu te peço, vem yer o meu filho, pois é o meu único filho. 39Um espírito o ataca e, de repente, solta gritos e o sacode, e o faz espumar. 40Eu pecli aos teus discípulos o espírito, mas eles não conseguiram." 41Jesus disse: "Ó geração sem fé e pervertida! Até quando deverei ficar com vocês, e ter que suportá-los? Traga o menino aqui." 42Quando o menino estava se aproximando, o demônio o jogou no chão e o sacudiu. Então Jesus ordenou ao espírito mau, e curou o menino. Depois o entregou a seu pai. 43Todos ficaram admirados com a grandeza de Deus. · 9, 37-43: Mr 17, 14-18 ; Me 9, 14-27. lJJ 9, 41: "geração sem fé e pervertida" -Uma expressão tirada de Dt 32, 5, 20. • Esses versículos são parte do "Cântico de Moisés" em que Moisés profetizou as falhas futuras de Israel e acusou o povo com ante- cedência pela sua falta de fé (32, 1 -43) . Jesus direciona essas palavras a sua própria geração a fim de vinculá-las com os desobedientes a Deus através dos tempos. Ver comentário em Mt 1 2, 45 . Jesus anuncia novamente ·a sua morte - 430 povo estava admirado com tudo o que Jesus fazia. Então Jesus disse aos discípulos: 44 "Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens." 45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. Isso estava escondido a eles, para que não entendessem. E tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto. 9, 43-45: Mt 17, 22-23; Me 9, 30-32; I..c 9,22; 18 , 3 1 -34; 17, 25 . Verdadeira grandeza - 46Houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47Jesus sabia o que citavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si, 48e disse a eles: "Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois, aquele que é o menor entre vocês, esse é o maior". 9, 46-48: Mt 1 8, 1 -5 ; Me 9, 33-37 . . 9, 48: I..c 10, 16; Mt 1 0,40. 9, 48: "esse é o maior" - A grandeza no Reino de Deus é medida por um padrão de humildade e serviço aos outros. Competição por prestígio ou reconhecimento mundano está descartada. (22, 24-27; Me 1 0, 35-45). ITI 9, 5 1 : "ser levado para o céu" - � Uma referência a Ascensão de Jesus (At l , 2, 1 1 ) . • A tradição judaica acredica que tanto Moi sés como Elias foram assuntos ao céu e que ambos transmitiram uma parte do seu espíri to aos seus sucessores (De 34, 9; 2Rs 2, 9- 1 5) . Jesus do mesmo modo irá ascender na glória e derramar seu Espírito sobre seus seguidores (At 1 , 8-9) . Outro exorcista - 49João disse a Jesus: "Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lhe proibimos, porque .ele não anda conosco". 50Jesus lhe disse: "Não lhe proíbam. Pois, quem não está contra vocês, está a favor de vocês" . . 9, 49-50: Me 9, 38-40; I..c 1 1 ,23. • 9,49: I..c 5, 5; 8,24,45; 9.33; 1 7 , 1 3. 7 2 O evangelho de São Lucas Um povoado samaritano se recusa a receber Jesus - 51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém, 52e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho, e entraram num povoado de samaritanos, para conseguir alojamento para Jesus. 53Mas, os samaritanos não o receberam, porque Jesus dava a impressão de quem se dirigia para Jerusalém. 54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para acabar com eles? 55Jesus porém, voltou-se e os repreendeu. 56E partiram para outro povoado. 9, 51-56: Me 10, I; Lc 17, l l ; Jo 4, 40-42. · 9, 52: Mt IO, S; Jo 4,4. · 9, 54: Mc 3, 17; 2Rs 1 .9- 1 6. "tomou a firme decisão de partir": Jesus agora começa urna longa viagem a Jerusalém. Quando chegar, denunciará a cidade por rejei tar sua mensagem ( 13, 22, 33; 1 7, 1 1 ; 1 8, 3 1 ; 1 9, 1 1 , 28) . • Lucas descreve a resolução de Jesus em ter mos que recordam como Javé incumbiu os profetas Jeremias e Ezequiel de pregar contra Jerusalém por causa da sua corrupção O r 2 1 , 20; Ez 2 1 , 2) . 9, 52: "samaritanos" - O território sa maritano se encontra no centro da Palesti na, entre a Judéia (sul) e a Galiléia (norte) . Historicamente, judeus e samaritanos eram inimigos ferrenhos que faziam seus cultos em santuários rivais; os judeus em Jerusalém, e os samaritanos no Monte Gerizim Oo 4, 20) . Embora os samaritanos fossem descen dentes distantes das tribos do norte de Israel, os judeus os consideravam impuros porque seus ancestrais casaram-se com imigrantes estrangeiros e prestaram culto a deuses es- tranhos (2 Rs 1 7, 24) . Apesar de séculos de animosidade, Jesus demonstra misericórdia ao samaritano e até mesmo elogia alguns de les ( 1 0, 33; 1 7, 1 1 - 1 9 ; Jo 4, 39-42) . Muitos da Samaria abraçaram o evangelho na Igreja primitiva (At 8, 1 4) . lJJ 9, 54: "descer fogo do céu" - Os discípulos são cheios de zelo, mas lhes falta a misericórdia. Esse episódio talvez ilustre por que Tiago e João são chamados em outra ocasião de "filhos do trovão" (Me 3, 1 7) . • Os discípulos querem que Jesus siga o exemplo deixado por Elias, que clamou fogo do céu para consumir os mensageiros do rei da Samaria (2 Rs l , 9- 1 4) . 9 , 59: "sepultar meu pai" - Uma res ponsabilidade sagrada e extensão prática do mandamento de honrar os pais (Gn 50, 5 ; Ex 20 , 1 2; Lv 1 9, 3 ; Dt 5 , 1 6; Tb 4, 3-4) . O dever do discipulado cristão é ainda mais sagrado ( 1 4, 26) . Aspicintes a seguidores de Jesus -'- 57Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: "Eu te seguirei para onde quer que fores." 58Mas Jesus lhe respondeu: "As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça." 59Jesus disse a outro: "Siga-me." Esse respondeu: "Deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai." 60Jesus respondeu: "Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus." 610utro ainda lhe disse: "Eu te seguirei, Senhor, . mas debra primeiro que eu vá me despedir do pessoal de minha casa." 62Mas Jesus lhe respondeu: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus." 9, 57-60: Mt 8, 1 9-22. • 9, 61: !Rs 1 9, 20; FI 3, 13 . 7 3 Cadernos de estudo bíblico ITI 9, 62: "e olha para trás" - Postergar � o compromisso com o reino é a mes ma coisa que rejeitá-lo.• Jesus se mostra mais exigente que Elias, que permitiu a Eliseu despedir-se dos seus pais antes de segui-lo ( 1 Rs 1 9, 1 9-2 1 ) . t S rlJDO D A PALAVRA : ÊXODO (LC 9, .) 1 ) Exodos (grego) : "Um ir adiante" ou "êxodo". A palavra é usada três vezes no Novo Testamento e várias vezes no Antigo Testamento grego. Às vezes, refere-se ao êxodo histórico, quando o Senhor libertou os filhos de Israel da escravidão no Egito (Ex 19, 1; Hb 11, 22). Outras vezes se refere à morte fisica, quando as almas par tem dessa vida e vão para outra (Sb 7, 6; 2Pd 1,15). Essas sutilezas de significado se misturam quando Moisés e Elias conversam sobre o êxodo de Jesus na Transfiguração (Lc 9, 31). Por um lado, Jesus vai deixar essa vida quando morrer na Cruz; por outro lado, sua morte vai realizar um novo êxodo que liberta o mundo da escravi dão do pecado. Jerusalém é o destino escolhido para essa missão porque a resistência da cidade ao evangelho a tornou um novo "Egito", onde Jesus deve ir para libertar a familia humana da escravidão espiritual (Ap 11, 8) . 1 ºA missão dos setenta - 10 Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E lhes dizia: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: 'A paz esteja nesta casa!' 6Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o· trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: 'O Reino de Deus está próximo de vocês!' 10Mas quando vocês entrarem numa cidade, e não forem bem recebidos, saiam pelas ruas e digam: 1 1 'Até a poeira dessa cidade, que se grudou em nossos pés, nós sacudimos contra vocês. Apesar disso, saibam que o reino de Deus está próximo'. 12Eu lhes afumo: no dia do julgamento, Deus será mais tolerante com Sodoma do que com tal cidade. 10, 1: Lc 9, 1 -2, 5 1 -52; 7, 1 3. 10, 2: Mt 9, 37-38; }0 4, 35. • 10, 3-12: Mt 1 0, 7-1 6; Mc 6, 8-1 1 ; Lc 9.2-5; 22. 35-36. • 10, 5: 1 Sm 25, 6. 10, 7: 1 Cor 10, 27; 9,14; ITm 5, 1 8; Dt 24, 1 5 . • 10, 1 1 : At 13 , 5 1 . • 10, 12: Mt 1 1 , 24; Gn 1 9. 24-28; Jd 7. COMENTÁRIOS 10, 1 : "escolheu outros setenta" - Um episódio citado apenas em Lucas. É a segun da viagem missionária desde que Jesus en viou os doze a tarefas semelhantes (9, 1 -6) . • Jesus padroniza seu esforço missionário em Moisés, que incumbiu 70 anciãos de ser profetas em Israel (Nm 1 1 , 24-25) . Os 7 1 membros da corte judaica, o Sinédrio, já ha via se modelado de acordo com a estrutura de liderança de Moisés e os 70 anciãos. Até certo ponto, esse número alude a Gn 1 O, que descreve a origem das 70 nações do mundo primitivo, à exceção de Israel. O ministério dos 70 discípulos antecipa assim a missão da Igreja às nações (24, 47) . "dois a dois": Uma prática m1SS1onana refletida na Igreja primitiva (At 8, 1 4; 1 5 , 39-40) . 74 O evangelho de Sáo Lucas Desventura das cidades impenitentes - 13Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 1 5Ai de você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada no inferno, isso sim! 16Quem escuta vocês, escuta a mim, e quem rejeita vocês, rejeita a mim; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou". 10, 13-15: Mt 1 1 . 2 1 -23; Lc 6. 24-26. • 10, 16: Mt 1 0,40; 1 8.5; Me 9, 37; Lc 9,48; Jo 1 3,20; 12,48. 10, 2: ''A colheita" - Uma imagem do povo de Deus pronto para ser reunido no reino (Mt 9, 37; Jo 4, 35) . • Imagens semelhantes em I s 27 , 1 2- 1 3 retra tam a restauração de Israel do exílio como a colheita de uma safra de grãos. ITI 1 O, 4: "Não levem bolsa, nem saco LJ.U la, nem sandálias" - Os discípulos devem viajar sem sobrecargas. A hospitalida de tradicional orquestrada pela providência divina irá fornecer suas necessidades diárias . "não parem [ ... ] para cumprimentar ninguém'': A urgência da missão não permi te distração ou atrasos, especialmente por que as saudações habituais eram um tanto elaboradas . • Eliseu deu instruções semelhantes quando enviou seus servos a uma missão urgente (2 Rs 4, 29) . � 10, 7: "merece o seu salário" - Mi .. nistros do evangelho devem receber seu sustento da comunidade que crê. Isso per mite que busquem o trabalho apostólico com atenção indivisa ( 1 Cor 9, 14 ; 1 Tim 5, 1 8) . • De acordo com a tradição católica e o Direi to Canônico (222 § 1 ) , os cristãos são obri gados a contribuir com a Igreja segundo a sua renda. Essas ofertas amparam o clero, provê às necessidades do culto litúrgico, e equipa a Igreja para ministrar ao necessitado. (CIC 2043, 2 1 22) . 10, 1 1 : "sacudimos contra vocês" - um ato simbólico de julgamento. Ver comentá rio em Mt 1 0, 14 . 10, 13 : "Corazin . . . Betsaida'' - Duas ci dades da Galiléia que recusaram a mensagem de Jesus . "Tiro e Sidônia'': Duas cidades dos gen tios do norte da Palestina, na costa Mediter rânea. Diferente do povo da Galiléia, essas cidades não tiveram oportunidade direta de ouvir e acreditar em Jesus. 10, 15: "Cafamaum" - A residência de Jesus na Galiléia. O povo da cidade rejeitou Jesus apesar das amplas oportunidades de ver suas obras e responder a sua pregação. Ver comentário em Me 1 1 , 23. 10, 16: "Quem escuta vocês, escuta a mim" - Os mensageiros de Jesus carregam a sua autoridade onde quer que estejam. Re- O retomo dos setenta - 170s setenta e dois voltaram muito alegres, dizendo: "Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome." 18Jesus respondeu: "Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago. 19Vejam: eu dei a vocês o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo, e nada poderá fazer mal a vocês. 20Contudo, não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes, fiquem alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu". 10, 18: Ap 12 , 9; Jo 12 , 3 1 . • 10, 20: Ex 32, 32; SI 69. 28; Dn 12, I; Fl 4, 3; Hb 12. 23; Ap 3. 5; 13 , 8; 2 1 . 27. 7 5 Cadernos de estudo bíblico Jesus se rejubila e agradece o Pai - 21Nessa hora, Jesus se alegrou no Espírito Santo, e disse: "Eu te lou vo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece quem é o pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar." 23E Jesus voltou-se para os discípulos, e lhes disse em particular: "Felizes os olhos que vêem o que vocês vêem. 24Pois eu digo a vocês que muitos profetas quiseram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir". 10, 21-22: Me 1 1 , 25-27. • 10, 21: ICor l, 26-29. • 10, 22: Me 28, 1 8; Jo 3, 35; 1 3, 3; 1 0, 1 5; 17, 25. 10, 23-24: Me 1 3, 1 6- 17; Jo 8,56; Hb 1 1 , 1 3; I Pd l, 1 0- 12 . jeitá-los significa rejeitar tanto o Pai quanto o Filho Qo 1 2, 48-49; 1 3 , 20) . Jesus confe re uma parte ainda maior da sua autorida de real, sacerdotal e profética aos apóstolos antes de sua Ascensão (Me 28, 1 8-20) (CIC 87, 858) . 10, 18: "Eu vi Satanás cair" - O rápido avançodo reino de Deus pela pregação e mi nistério exorcista dos discípulos corresponde à queda e recuo do diabo ( 1 1 , 20; 1 3, 1 6; Ap 12 , 7-9) . 10, 20: "escritos no céu" - Os santos es tão inscritos no divino "livro da vida" (Cf Ex 32, 32; SI 69, 28; Dn 1 2, l ; Ap 3, 5 ) . Os discípulos devem, portanto, alegrar-se mais por causa da sua filiação na família divina que devido ao êxito das missões. &1.,1 10, 22: Jesus é o Filho divino de � Deus e, portanto, o herdeiro da au toridade e da posição do Pai (Me 28, 1 8 ; Jo 3, 35 ; 1 7, 2) . • O Pai, o Filho e o Espírito são iguais no ser, e nenhum deles possui mais da vida divina e do conhecimento que o outro. Já que o Filho não é menos perfeito que o Pai, ele é exclusi vamente qualificado a revelar a vida interior da Trindade ao mundo Oo l , 1 8 ; 1 4, 9 ; CIC 253, 2603) . A parábola do bom samaritano - 25Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus pergun tou: "Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?" 26Jesus lhe disse: "O que é que está escrito na Lei? Como você lê?" 27Ele então respondeu: "Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo." 28Jesus lhe disse: "Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!" 29Mas o especialista em leis, querendo· se justificar, disse a Jesus: "E quem é o meu próximo?" 30Jesus respondeu: "Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 3 'Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 320 · mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: 'Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais'." E Jesus perguntou: 36�Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?" 370 especialista em leis respondeu: "Aquele que praticou misericórdia para com de." Então Jesus lhe disse: "Vá, e faça a mesma coisà'. 10, 25-28: Me 22, 34-39; Me 1 2, 28-3 1 . • 10, 25: Me 1 0, 17; Me 19, 16; Lc 18 , 18 . • 10, 27: De 6, 5 ; Lv 19, 1 8; Rm 1 3, 9; GI 5, 14; Tg 2, 8. 10, 28: Lc 20, 39; Lv 1 8,5. • 10, 33: Lc 9, 5 1 -56; 17 , l l - 1 9; Jo 4, 4-42. O evangelho de São Lucas Jesus visita Marta e Maria - 38Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Mana, o recebeu em sua casa. 39Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. 40Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar me!" 410 Senhor, porém, respondeu: "Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; 42porém, urna só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada''. 10, 38-42: Jo 12, 1 -3; 1 1 , I-45. • 10, 41: Lc 7, 1 3. 10, 25: "especialista em leis" - um intér prete especialista da Lei Mosaica. 10, 27: "o Senhor [ ••• ] seu próximo" - Uma referência a Dt 6, 5 e Lv 1 9 , 1 8 , em que Jesus menciona os dois maiores mandamen tos do Antigo Testamento (Mt 22, 37-40; Me 1 2, 28-34) . l"PI .. 10, 30-37: A parábola do � .... bom samaritano apresenta uma lição teológica e moral. Moralmente, Jesus ensina que o amor ao próximo deve acompanhar nosso amor a Deus. Juntos, e não um sem o outro, são indispensáveis para viver na amizade com Deus. Teologicamen te, Jesus ilustra que a definição de santidade da Antiga Aliança é agora superada pela san tidade da Nova. O sacerdote e o levita aderem às leis israelitas de pureza, que os proibia de tocar qualquer cadáver que não fosse da sua família (Lv 2 1 , 1 -3) . Eles, portanto, escolhe ram preservar sua pureza conforme a lei e ig noraram o homem quase morto. O samarita no exemplifica esse novo padrão de santidade em que Deus não mais exige que seu povo se separe dos outros, mas os chama a estender a misericórdia a todos os necessitados e não excluir ninguém em razão de preconceito, gosto, ou mesmo impureza legítima definida pela Torá (CIC 1 825 , 2447) . Ver comentário em Lc 6, 36 . • A parábola recorda uma história semelhante destruído e capturado por um exército israe lita do norte. Em vez de levá-los como pri sioneiros, quatro homens da Samaria tiveram compaixão dos judeus. Entre suas obras de misericórdia, eles os "ungiram" , os colocaram sobre seus "burros" e os levaram pacificamen te a "Jericó" . • Alegoricamente, 28 a parábola significa a res tauração da humanidade por Cristo. Adão é o homem atacado por Satanás e suas legiões; ele é despojado de sua imortalidade e deixa do morto no pecado. O sacerdote e o levita representam a Antiga Aliança e sua inaptidão de restaurar a nova vida ao homem. Jesus Cristo vem como o Bom Samaritano para resgatar o homem da morte e levá-lo à hospe daria da Igreja para o alívio e a cura por meio dos sacramentos. 10, 30: "de Jerusalém para Jericó" - uma viagem de 1 7 milhas a leste que descia cerca de 3 .200 pés. Seus terrenos irregulares faziam do caminho uma área alvo de bandi dos e ladrões . 10, 35: "duas moedas de prata'' - Salário de cerca de dois dias de trabalho. Pagaria por muitos dias de hospedagem. 10, 38: "num povoado" - Betânia, onde morava Lázaro, perto de Jerusalém Oo 1 1 , 1 ) . 10, 39: "aos pés do Senhor" - Isto é, como um discípulo perante o seu senhor (8, 35 ; At 22, 3) . em 2Cr 28, 8- 1 5 , em que o povo de Judá foi 2 8 Santo Agostinho, De Quaest. Evang. 2, 19 . 77 Cadernos de estudo bíblico � 1 O, 42: "uma só coisa é necessária" .. - Marta estava preocupada com a hospitalidade, enquanto Maria deu total atenção ao convidado em si. Sua devoção si lenciosa mostrou maior reverência a Jesus que a labuta inquieta de Marta. • Misticamente,29 as duas mulheres expressam as duas dimensões da vida espiritual. Marta expressa a vida ativa quando trabalha diligen temente para honrar a Cristo por meio do seu trabalho. Maria exemplifica a vida contem plativa ao sentar-se atentamente para ouvir e aprender de Cristo. Ao mesmo tempo que ambas as atividades são essenciais para a vida cristã, a última é maior que a primeira. Pois no céu a vida ativa termina, enquanto que a vida contemplativa alcança sua perfeição. MAPA: A PHUGRI NA<_:Ao DOS JUDEUS DA GAi IÜIA A J E RUSAÜ'.i\I 29 São Gregório Magno, Mora/ia 2, 6 . O evangelho de São Lucas 1 1 A oração do Senhor - 'Um dia, Jesu� estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: "Senhor, ensiria- nos a rezar, como também João ensinou os dis cípulos dele." 2Jesus respondeu: "Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação". li, l: Me 1, 35; Lc 3, 2 1 ; 5, 16; 6, 12; 9, 18, 28; 5, 33; 7, 18. • l l, 2-4: Me 6, 9-13. • l l , 4: Me 1 1 , 25; Mt !8, 35. COMENTÁRIOS 1 1 , 2-4: Uma versão mais curta do Pai Ver comentário em Mt 6, 1 1 . Nosso de Mt 6, 9- 13 . Como um modelo de oração, nos leva primeiro a adorar a Deus como nosso Pai, e apenas então pedir a Ele nossas necessidades materiais e espirituais. Como nos chama à convivência diária com o Senhor, é um meio certo de aprofundar nos sa relação com ele e desenvolver confiança no seu cuidado paternal. A repetição da palavra nosso a tornauma oração de família para a Igreja (CIC 260 1 , 2765-66) . Ver comentário em Mt 6, 9 . 1 1 , 2: "santificado" - A santidade do nome de Deus deve ser reverenciada por to dos ( 1 , 49; Ez 36, 22-28; Jo 1 2, 28) . 1 1 , 3: "pão de amanhã" - Literalmente "pão de amanhâ' ou "pão supersubstancial". É comida completa: ao corpo, Deus nos dá as necessidades diárias, e à alma ele nos dá o "pão da vida" eucarístico Qo 6, 48) (CIC 2837) . 1 1 , 8: "amolação" - isto é, persistência. A parábola ( 1 1 , 5-8) defende a perseveran ça na oração, a fim de que os filhos de Deus aprendam a se aproximar dele repetidamente com preocupações cotidianas. Não que Deus precise ser informado das nossas necessidades, mas devemos perceber nossa total dependên cia dele para todas as coisas (CIC 26 1 3) . 1 1 , 13 : "o Espírito Santo" - O maior dom do Pai para nós é sua própria vida divi na Qo 14, 1 7) . Pelo Espírito, ele santifica seus filhos e distribui as graças da salvação con quistadas por Cristo (Rm 8, 14- 1 7; 1 Cor 14, 4- 1 1 ; Gl 5 , 22) . A plenitude do Espírito foi derramada no dia de Pentecostes (At 2, 1 -4; CIC 728, 2670-7 1 ) . 1 1 , 15 : "expulsa os demônios" - Jesus força seus oponentes a decidir sozinhos se ele é capacitado por Deus ou pelo demônio, não Perseverança na oração - 5Jesus acrescentou: "Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: 'Amigo, me empreste três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele'. 7Será que lá de dentro o outro responderia: 'Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?' 8Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita. 9Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 'ºPois, todo aquele de que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 1 1 Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 120u ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião? 13Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo aqueles que o pedirem". l i , 5-8: Lc 18, 1 -8. • l i , 9-13: Me 7. 7- 1 l . • l i , 9: Me 18, 19; 2 1 , 22; Me 1 1 , 24; Tg l, 5-8; lJo 5, 14, 1 5 ; Jo 17, 7; 16, 23-24. 79 Cadernos de estudo bíblico Jesus e Beuzebu - 14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15Mas alguns disseram: "É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios." 160utros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: "Todo reino dividido em grupos que lutam entre si será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 180ra, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de · vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 2 1Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa". l l, 14-23: Mt 12, 22-30; 10,25; Mc 3, 23-27. • l l, 14-15: Mt 9, 32-34. • 11, 16: Mt 12, 38 ; 16, l ; Mc 8, l l ; Jo 2, 18; 6,30. - 11 , 23: Lc 9, 50. deixando a eles opção de neutralidade. "Belzebu'': Um nome depreciativo para Satanás. É vinculado a um ídolo pagão cul tuado em Acaron (2Rs 1 , 2) . Ver comentário em Mt 1 0, 25 . lJJ 1 1 , 20: "dedo de Deus" - isto é , o Espírito Santo (Mt 1 2, 28; CIC 700) . • Jesus alude a Ex 8, 1 9 , quando os magos do faraó finalmente confessaram aue suas oró- prias ciências ocultas foram superadas pelo poder de Javé. Jesus da mesma forma exerce o poder divino que é muito superior ao de outros exorcistas do seu tempo ( 1 1 , 1 9) . Ver comentário em Lc 4, 36. 1 1 , 22: "um homem mais forte" - Uma referência a Jesus, que derrota Satanás e sa queia a casa dos pecadores mantidos em ca tiveiro ( 1 3, 1 6; Is 49, 24-25 ; Hb 2, 14- 1 5) . O retomo do espírito impuro - 24"Quando um espírito mau sai d e um homem, fica vagando em lugares desertos à procura de repouso, e não encontra. Então diz: 'Vou voltar para a casa de onde saí'. 25Quando ele chega, encontra a casa varrida e arrumada. 26Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos,,Piores do que ele. Eles entram, moram aí e, no fim, esse homem fica em condição pior do que antes . 1 1, 24-26: Mt 12, 43-45. 1 1 , 26: "no fim" - Os que se libertaram do demônio devem ser preenchidos com a bondade do reino de Deus. Beneficiar-se do seu ministério sem aceitar sua mensagem leva à ruína espiritual (2Pd 2, 20) . Ver comentário em Mt 1 2, 44-46. 1 1 , 28: "Mais felizes" - E melhor per tencer à família espiritual de Jesus que a sua família terrena. Sua mãe Maria é abençoada em ambos os casos, já que é mãe biológica de Cristo ( 1 , 42, 48) e o excelente exemplo de alguém que ouve e põe em prática a palavra Verdadeira bem-aventurança - 27Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e lhe disse: "Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram." 28Jesus respondeu: "Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática". 11 , 27: Lc l, 42; 23, 29. • l l, 28: Lc 8, 2 1 ; Jo 1 5 , 14. 8 0 O evangelho de São Lucas O sinal de Jonas - 29Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: "Esta geração é uma ge ração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30De fato, as sim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.'' 11 , 29-32: Mr 12, 39-42_ . l l , 29: Mr 16, 4; Me 8, 12; Lc 1 1 . 1 6; Jn 3, 4-5. • l l, 31: lRs 10, 1 - 1 0; 2Cr 9, 1 - 12 . • 11 , 32: Mt 12, 6. do Senhor ( 1 , 38-45) . 1 1 , 29-32: Tanto Jonas como Salomão ministrou aos gentios. Jonas aos assírios em Nínive (Jn 3) e Salomão à rainha de Sabá ( 1 Rs 1 0) . Juntos, eles prefiguraram Jesus, que irradiou o evangelho a todas as nações (24, 27; Mt 28, 1 9) . 1 1 , 33-36: Essa declaração faz uso de duas crenças tradicionais sobre os olhos. (1) Povos antigos, inclusive Israel, geralmente acreditavam que os olhos humanos eram uma fonte de luz que irradiava ao mundo e tornava a visão possível (SI 38, 1 O; Pv 1 5 , 30) . (2) A diferença entre um olho sadio e um doente era uma distinção metafórica en tre um espírito generoso e compassivo (Pv 22, 9) e um espírito egoísta e mesquinho (Dt 1 5 , 9; Eclo 14, 8- 1 0) . Nesse contexto, Jesus nos convida a um exame do interior das nossas vidas. A menos que seja preenchido com a luz que irradia dos olhos sadios em forma de generosidade, não é possível ser uma lâmpada que leve ourro� a enxergar e ingressar no reino ( 1 1 , 33; Mt 5 , 1 5- 1 6) . Ser preenchido com escuridão e assolado com os olhos doentes da ganância e do egoísmo é ficar forado reino e deixar os outros na escuridão também ( 1 1 , 52) . Essa ênfase do que está no interior da pessoa é intimamente ligado com o episódio seguinte, em que Jesus repreende os fariseus e doutores da lei por sua preocupação com as práticas exteriores da religião e sua negligência com a santidade interior ( 1 1 , 37-52) . Parecer exteriormente devotos, quando na verdade estão cheios de corrupção e impureza por dentro , os torna culpados de "hipocrisia" . ( 1 2, 1 ) 1 1 , 34: "doente" - Literalmente "mau" . Essa expressão é relacionada com vários ter mos gregos no contexto adjacente. Em 1 1 , 26 Jesus adverte sobre a entrada dos sete es píritos maus; em 1 1 , 29 ele chama seus con temporâneos de geração "má" ; e em 1 1 , 39 ele diz que os fariseus estão cheios de roubo e maldade (ou mal) . 1 1, 38: "não tinha lavado as mãos an- A luz. do corpo - 33"Ninguém acende uma lâmpada para coloçá-la em lugar escondido ou debaixo de uma vasilha, e sim para coloca-la no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. J4A lâmpada do corpo é o olho. Quando o olho é sadio, o corpo inteiro também fica iluminado. Mas, se ele está doente, o corpo tàmbérri fica . na e5curidáo. 35Portanto, veja bem se a luz que está em você não é es curidão. 36Se o seu corpo iriteiro é luminoso, não tendo nenhuma parte escura, ele ficará todo luminoso, como quando a lâmpada com o seu clarão ilumina você". 11 , 33: Mr 5, 1 5; Me 4, 2 1 ; Lc 8, 1 6. • 1 1, 34-35: Mr 6, 22-23. 8 1 Cadernos de estudo bíblico Jesus denuncia a hipocrisia dos judeus e mestres da lei - 37Enquanto Jesus falava, um fariseu o convidou para jantar em casa. Jesus entrou, e se pôs à mesa. 380 fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tinha lavado as mãos antes da refeição. 390 Senhor disse ao fariseu: "Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e maldade. 40Gente sem juízo! Aquele que fez o exterior, não fez também o interior? 41Antes, dêem em esmola o que vocês possuem, e tudo ficará puro para vocês. 42Mas, ai de vocês, fariseus, porque vocês pagam o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixam de lado a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo. 43Ai de vocês, fariseus, porque gostam do lugar de honra nas sinagogas, e de serem cumprimentados em praças públicas. 44Ai de vocês, porque são como túmulos que não se vêem, e os homens pisam sobre eles sem saber." 45Um especialista em leis tomou a palavra, e disse: "Mestre, falando assim insultas também a nós!" 46Jesus respondeu: ''.Ai de vocês também, especialistas em leis! Porque vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo. 47 Ai de vocês, porque constroem túmulos para os profetas; no entanto, foram os pais de vocês que os mataram. 48Com isso, vocês são testemunhas e aprovam as obras dos pais de vocês, pois eles mataram os profetas, e vocês constroem os túmulos. 49É por isso que a sabedoria de Deus disse: 'Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão, 50a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, 5 1desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário'. Sim, eu digo a vocês: pedirão contas disso a esta geração. 52Ai de vocês, especialistas em leis, porque vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar." 53Quando Jesus saiu daí, os doutores da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo ·sobre muitos pontos. 54Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca. 1 1 , 37: Lc 7, 36; 14, 1. • 11 , 38: Me 7, 1-5 . • 1 1, 39-41: Mt 23, 25-26. • 11 , 39: Lc 7. 13 . • 1 1 , 41: Te 1 , 1 5; Me 7, 1 9. 1 1 , 42: Mt 23, 23-24; Lv 27,30; Mq 6, 8. • 1 1, 43: Mt 23, 6-7; Me 12, 38-39; Lc 20, 46. • 1 1, 44: Mt 23, 27. 1 1 , 46: Me 23, 4. • 1 1 , 47-48: Mt 23, 29-32; At 7, 5 1 -53. • 1 1, 49-51: Mt 23, 34-36. • 1 1 , 49: I Cor 1 , 24; Cl 2,3. 11, 51: Gn 4, 8; 2Cr 24, 20-2 1 ; Zc 1 , 1 . • 1 1, 52: Mt 23, 13. • 1 1, 53-54: Me 12, 13 . tes" - Jesus desconsidera os costumes fari saicos de limpeza. Esses rituais de lavagem eram de natureza religiosa, não higiênica. Ver comentário em Me 7, 3 . 1 1 , 39: "limpam • . . por fora'' - O zelo religioso dos fariseus focava no exterior do corpo e geralmente falhava em penetrar o co ração . Ver Ensaio sobre um Tópico: Quem são os Fariseus? em Me 2. 1 1 , 42: ''Ai de vocês" - Um oráculo de julgamento. Ver comentário em Mt 23, 1 3 . ''vocês pagam o dízimo": Os fariseus dão a décima parte de tudo o que produzem ao Templo, mesmo a menor das ervas (Lv 27, 30; Dt 1 4, 22-27) . Infelizmente, a preocu pação deles com a menor das leis da Torá os desviam dos princípios mais importantes : a justiça e o amor de Deus ( 1 0, 25-28) . 1 1 , 44: "como túmulos" - Os judeus eram temporariamente contaminados pelo contato com os túmulos e cadáveres e por causa disso impedidos de prestar culto no Templo (Nm 1 9, 1 1 - 1 6) . Ironicamente, os fariseus também se tornaram fontes de con taminação, já que a influência da sua piedade estritamente cerimonial mantinha as pessoas longe do reino. 1 1 , 51 : ''Abel. • • 7.acarias" - O martírio de Abel é o primeiro registrado na bíblia (Gn 4, 8) , enquanto a morte de Zacarias séculos de pois não é mencionada no Antigo Testamen to. O ponto aqui é que a culpa de sangue acu mulada ao longo da era do Antigo Testamento vai se alastrar quando os líderes de Jerusalém conspirarem para executar o Messias. O evangelho de São Lucas 1 1 , 52: "chave da ciência'' - Especialistas importantes princípios espirituais da Antiga em leis mantinham as Escrituras trancadas, Aliança. tornando inacessível às multidões os mais 1 2 Uma advertência contra a hipocrisia - 1 Enquanto isso, milhares de pessoas se reuniram, de modo que uns pisavam nos outros-_ Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: "Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2Não há nada de escon dido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3Pelo contrário, tudo o que vocês tiverem feito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que vocês tiverem pronunciado em segredo, nos quartos, será proclamado sobre os telhados". · 12,1: Mt 16, 6; Me 8, 1 5. • 12, 2-3: Mt 10, 26-27; Me 4, 22; Lc 8, 17; Ef5, 13 . COMENTÁRIOS 12, 1: "hipocrisia'' - O vtc10 constan- especialmente quando falham em praticar o te dos fariseus. Como o Jennento permeia a que pregam (Mt 23, 1 -8) . Seus pecados serão massa, seus ensinamentos e exemplos influen- trazidos à "luz" ( 1 2, 3) no Julgamento Final ciam as multidões de maneira desastrosa, (CIC 678) . Quem se deve temer - 4"Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer. 5Vou mostrar a quem vocês devem temer: te nham medo daquele que, depois de ter matado, tem poder de jogá-los no inferno. Eu lhes digo: é a este que vocês devem temer. 6Não se vendem cinco pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 8Eu digo a vocês: todo aquele que der tes temunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9Mas, aquele que me renegar diante dos homens, será renegado diante dos anjos de Deus. 1°Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado. Mas, quem blasfemar contra o espírito Santo, não será perdoado. l lQuando introduzirem vocês diante das sina gogas, magistrados e autoridades, não fiquem preocupados como ou com que vocês se defenderão, ou o que dirão. 12Pois,nessa hora o Espírito Santo ensinará o que vocês devem dizer." 12, 4: Jo 1 5, 1 4- 15 . 12, 4-9: Mt 1 0, 28-33. • 12, 5: Hb 10, 3 1 . • 12, 7: Lc 2 1 , 18 ; At 27, 34; Mt 12 , 12 . • 12, 9: Me 8, 38; L: 9,26; 2Tm 2, 12. • 12, 10: Mt 12, 3 1 -32; Me 3, 28-29. • 12, 1 1-12: Mt 10, 1 9-20; Me 13 , 1 1 ; Lc 2 1 , 1 4- 1 5. 12, 4-5: "não tenham medo" - Já que a morte física é apenas é uma ameaça mode rada em relação à morte espiritual, Jesus nos chama a ter coragem em face da perseguição e nos preocuparmos mais com as tentações ao pecado. "inferno": Literalmente, "geenà' . Ver co mentário em Mt 1 0, 28 e Estudo da Palavra: Inferno em Me 9, 43. 12, 7: "os cabelos da cabeça de vocês" - nada está escondido a Deus (Sl 1 39 , 1 -6) e nenhum sofrimento passa despercebido por ele (2 1 , 1 8 ; At 27, 34) . Mártires cristãos po dem, portanto, além das aflições dessa vida, olhar para a vindicação e a eterna recompen sa de Deus (Ap 20, 4) . 12, 13: "herança" - Jesus é convidado a arbitrar uma disputa fraterna sobre uma he rança. Vendo que a fortuna da família estava causando divisões, ele responde com uma Cadernos de estudo bíblico A parábola do homem rico - 13Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo." 14Jesus respondeu: "Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?" '5Depois Jesus falou a todos: "Atenção! Tenham cuidado- com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens." 16E contou-lhes uma parábola: "A cerra de um homem rico deu uma grande colheita. 17E o homem pensou: 'O que vou fuzer? Não tenho onde guardar minha colheita'. 18Então resolveu: 'Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. l 9Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, álegre-se!' 20Mas Deus lhe disse: 'Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?' 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus". 12-15: ITm 6, 6- 10. • 12, 20: Me 12, 3 1 -32; Me 3, 28-29. parábola sobre o perigo das riquezas ( 1 2, com sua Lei . (SI 1 4, 1 ; Pr l , 7) . 1 6-2 1 ) . 12, 19: "coma e beba, alegre-se!" - isto é, se entregam aos prazeres e confortos terre nos (Tb 7, 9; Ecl 8, 1 5 ; Is 22, 1 3) . O homem louco acumula suas riquezas, faz delas a base de sua segurança, e então junta preguiça a sua ganância. A morte vai expor sua loucura ao retirar tudo o que ele possui (6, 24; 1 6, 1 3 ; 1 8 , 25) . 12, 20: "Louco!" - Uma repreensão seve ra para alguém despreocupado com Deus ou 12, 22-31 : "herança" - O cuidado de Deus com os corvos e os lírios reflete sua grande preocupação pelo homem. Sua provi dência infalível supre as nossas necessidades quando organizamos nossa vida segundo a sua vontade e priorizamos a busca pelo seu reino. Ver comentário em Mt 6, 28-30. 12, 33: "dêem o dinheiro em esmola" - A generosidade é uma expressão de pobreza espiritual (Mt 5 , 3) e nos ajuda a romper o nosso apego à riqueza mundana ( 1 4, 33; 1 6, Não vos preocupeis ...:. 22Então Jesus falou aos seus discípulos: "Por isso eu lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, coin o que vestir. 23Pois a vida vale mais do que a comida, e o corpo mais do que a roupa. 240bservem os corvos: eles não semeiam, nem colhem, não possuem celeiros ou armazéns. E, no entanto, Deus os alimenta. Vocês valem muito mais do que as aves. 25Quem de vocês pode crescer um centímetro à custa de se preocupar com isso? 26Portanto, se vo.cês não podem nem sequer fazer a menor coisa, por que se inquietam com o resto? 270bservem como os lírios crescem: eles não fiam, nem tecem. Porém, eu digo a vocês que nem mesmo o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 28Se Deus veste assim · a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, quanto mais ele fará por vocês, gente de pouca· fé! .29Quan.to a vocês, não fiquem procurando o . que vão comer e o que vão beber. Não fiquem inquietos. 30Porque são os pagãos deste mundo que procuram tudo isso. O Pai bem sabe que vocês têm necessidade dessas coisas. 31Portanto, busquem o Reino dele, e Deus dará � vocês essas coisas em acréscimo. 32Náo tenha medo, pequeno rebanho, porque o Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reirio. 33Vendam os seus bens e dêem o dinheiro em esmola. Façam bolsas que não'· envelhecem, um tesouro que não perde .o seu valor no céu: lá o ladrão não chega, nem a traça rói . . 34De fato·, onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração". 12, 22-31: Mt 6, 25-33. • 12, 24: Lc 12, 6-7. • 12, 27: IRs 1 0, 1 - 10. • 12, 30: Mt 6, 8. 12, 32:Jo 2 1 , 1 5- 17. • 12, 3�34: Me 6, 19-2 1 ; Lc 18, 22. O evangelho de São Lucas A necessidade da vigilância - 35"Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas. 36Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta. 37Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra! 39Mas, fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. 40Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem". 12, 35: Ef6, 14 Mr 25, 1 - 1 3; Me 13 , 33-37. • 12, 37:Jo 13 , 3-5; Mr 24, 42; Lc 2 1 , 36. 12, 39-40: Me 24, 43-44; lTs 5. 2; Ap 3, 3; 16, 1 5; 2 Pd 3 10. 9; 1 8 , 22) . a dividiam em três Uz 7, 1 9) . Essa parábola 12, 38: "à meia-noite ou às três da ma- parece seguir o cálculo judaico, em que os d.rugada" - Entre as 1 O da noite e 0 nascer servos ficam a postos para seu mestre ao lon do sol. Os romanos dividiam a noite em qua- go da noite (CIC 2849) . tro horas (Me 1 3 , 35 ) , enquanto os judeus 12, 41-48: Uma parábola sobre liderança O servo fiel e o infiel - 41Então Pedro disse a Jesus: "Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?" 42E o Senhor respondeu: "Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o senhor, ao chegar, encontra fazendo isso! 44Em verdade, eu digo a vocês: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Mas, se esse empregado pensar: 'Meu patrão está demorando', e se puser a surrar os criados e criadas, a comer, beber, e embriagar-se, 460 senhor desse empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista. O senhor o expulsará de casa, e o fará tomar parte do destino dos infiéis. 47Todavia aquele empregado que, mesmo conhecendo a vontade do seu senhor, não ficou preparado, nem agiu conforme a vontade dele, será chicoteado muitas vezes. 48Mas, o empregado que não sabia, e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido". 12, 42-46: Me 24, 45-41 . • 12, 42: Lc 7, 13. • 12, 47-4& Dr 25, 2-3; Nm 1 5, 29-20; Lc 8, 1 8; 19, 26. e responsabilidade. Os apóstolos são com parados a empregados incumbidos de vários deveres referentes ao reino de Deus ( 1 2, 32; 22, 29-30) . As nobres tarefas confiadas a eles devem ser cumpridas com diligência antes do retorno repentino de Cristo. 12, 49: "fogo" - Um símbolo da ( 1 ) pre sença e do amor de Deus (Dt 4, 24; At 2, 3) (2) do julgamento de Deus sobre os pecado res (Lv 1 0, 2; Mt 22, 7) , e (3) da purificação divina (3, 1 6; l Pd 1 , 7; CIC 696) . 12, 50:"um batismo" - uma imagem da Jesus, a causa de divisão - 49 "Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! 50Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra! 5 1Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão. 52Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas, e duas contra três. 53Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra". 12, 49: Lc 22, 1 5. • 12, 50: Me 10, 38-39;Jo 12, 27. • 12, 51-53: Mr 10, 34-36; Lc 21 , 26; Mq 7, 6. Cadernos de estudo bíblico Interpretação do tempo presente - 54Jesus também dizia às multidões: "Quando vocês vêem uma nuvem vinda do ocidente, vocês logo dizem que vem chuva; e assim acontece. 55Quando vocês sentem soprar o vento do sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece. 56Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente? 12, 54-56: Mt 1 6, 2-3. Paixão de Cristo, quando ele será imerso no sofrimento e na morte e então ressuscitará para uma vida nova (Me 1 O, 38; Rm 6, 4; CIC 536, 1 225) . 12, 53: "Ficarão divididos" - Fideli- dade a Jesus é ainda mais importante que a união familiar ( 1 4, 26) , e a paz é possível apenas se abraçarmos a fé. Ver comentário em Me 1 3 , 1 2 . Resolver o caso com o adversário - 57Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo? 58Quando, pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado, procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na cadeia. 59Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo". 12, 57-59: Mt 5. 25-26. 1 3 Arre pen d er ou perecer - 1Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios. 2Jesus res pondeu-lhes: "Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais peca dores do que todos os outros galileus? 3De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo. 4E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo". 13, 2: Jo 9, 1 -3. COMENTÁRIOS 13, 1-5: Jesus usa acontecimentos atuais de Siloé ( 1 3, 4) seja conhecido fora do Antigo para ensinar verdades espirituais. Embora Testamento, ambos os exemplos são usados nem o derramamento de sangue ordenado para ressaltar a urgência da penitência. Jesus por Pilatos ( 1 3, 1 ) , nem o incidente da torre até mesmo nega o que muitos no seu tempo A parábola da figueira estéril - 6Então Jesus contou esta parábola: "Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. 7Então disse ao agricultor: 'Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a, Ela só fica aí esgotando a terrà. 8Mas o agricultor respondeu: 'Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. 9Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás'" . 13, 6-9: Mt 2 1 , 1 8-20; Me 1 1 , 1 2- 14, 20-2 1 . • 13, 7 : Me 3 , 1 0; 7, 1 9; I.c 3, 9 . 8 6 O evangelho de São Lucas Cura da mulher encurvada - 1ºJesus estava ensinando numa sinagoga em dia de sábado. 1 1 Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. 12Vendo-a, Jesus dirigiu-se a ela, e disse: "Mulher, você está livre da sua doença." 13Jesus colocou as mãos sobre ela, e; imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus. 140 chefe da sinagoga ficou furioso, porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado. E tomando a palavra, começou a dizer à multidão: "Há seis dias para trabalhar. Venham, então, nesses dias e sejam curados, e não em dia de sábado." 150 Senhor lhe respondeu: "Hipócritas! Cada um de vocês não solta do curral o boi ou o jumento para dar- lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? 16Aqui está uma filha de Abraão que Satanás amarrou durante dezoito anos. Será que não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?" 17Essa resposta deixou confusos todos os inimigos de Jesus. E toda a multidão se alegrava com as maravilhas que Jesus fazia. 13, 14: Ex 20, 9-10; Lc 6, 6- 1 1 ; 14, 1 -6; Jo 5, 1 - 1 8. • 13, 15: Lc 7, 13 ; 14, 5 ; M' 12, 1 1 . • 13, 16: U: 19, 9. afirmaram, ou seja, que Deus permite apenas aos grandes pecadores sofrer mortes violentas Qó 3 1 , 2; Pr 1 O, 24) . Rejeitar, ou até mesmo negligenciar, o chamado de Cristo à penitên cia é expor-se à desgraça. (Hb 2, 3) . 13, 6-9: A figueira representa a Antiga Aliança de Israel Qr 8, 1 3 ; Os 9, 1 0) . Embo ra Deus não tenha encontrado frutos de ar rependimento, foi paciente e concedeu a eles amplos três anos para aceitar o Messias (Rom 2, 4; 2 Pd 3, 9) . A impenitência de Jerusalém mais tarde levaria o julgamento divino sobre a cidade ( 1 9, 4 1 -44; 20, 9- 1 9; 2 1 , 6) . Ver comentário em Me 1 1 , 1 3 . 13, 1 1 : "um espírito que a tomava doen te" - Por vezes já uma ligação estreita entre a opressão demoníaca e os sofrimentos físicos, o primeiro como causa invisível do segundo (4, 40-4 1 ; 8, 35 ; 9, 38-39) . 13, 16: "que Satanás amarrou'' - Se os hipócritas soltam até mesmo seus animais no sábado para alimentá-los, eles deveriam ter maior disposição para ver uma mulher liberta da da prisão demoníaca nesse dia (CIC 342) . Afinal, o sábado é para todos: bois, jumentos e as filhas de Israel (Dt 5, 14) . O significado mais profundo do sábado como um dia de descanso e alívio faz dele o dia mais adequado Parábola da semente de mostarda - 18E Jesus dizia: "A que é semelhante o Reino de Deus, e com o que eu poderia compará-lo? 19Ele é como a semente de mostarda que um homem pega e joga no seu jardim. A semente cresce, torna-se árvore, e as aves do céu fazem seus ninhos nos ramos delà'. 13, 1�19: Mt 13, 3 1 -32; Me 4, 30-32. para Jesus aliviar os fardos dos oprimidos (Me 2, 27) . Ver comentário em Lc 6, 1 . 13, 18-21 :As parábolas da semente de mos tarda ( 1 3 , 1 9) e do fermento ( 1 3, 2 1 ) descre- vem o crescimento do reino de Deus que co meça pequeno e desapercebido mas se expande para santificar o mundo inteiro (CIC 2660) . Ver comentários em Mt 1 3, 32 e 1 3 , 33 . A parábola do fermento - 2ºJesus disse ainda: "Com o que e u poderia comparar o Reino de Deus? 21Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farínha, até que tudo fique fermentado". 13, 20-21: Mt 1 3, 33. Cadernos de estudo bíblico A porta estreita - 22Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém. 23Alguém lhe perguntou: "Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?" Jesus respondeu: 24"Façam todo o esforço possível para entrar pela_ porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão. 25Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: 'Senhor, abre a porta para nós!' E ele responderá: 'Não sei de onde são vocês'. 26E vocês começarão a dizer: 'Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças!' 27Mas ele responderá: 'Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!' 28Então haverá aí choro e ranger de dentes, quando vocês virem Abraão, Isaac e Jacó junto com todos os profetas no reino de Deus, e vocês jogados fora. 29Muita gente virá do oriente edo ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 3-0Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos". 13, 22: Lc 9, 5 1 ; 1 7, 1 1 ; 1 8, 3 1 ; 1 9, 1 1 . • 13, 23-24: Mt 7, 1 3- 14; Jo 1 0, 7. • 13, 25: Mt 25, 1 0- 12. 13, 26-27: Mt 7, 2 1 -23; 25, 4 1 ; Lc 6, 46. • 13, 28-29: Mt 8, 1 1 - 12. • 13, 30: Mt 1 9; Me 10, 3 1 . 13, 24: "pela porta estreita'' - A salvação depende primeiramente da graça de Deus, e então da nossa cooperação e obediência (Ef 2, 8- 1 0; Fl 2, 1 2- 1 3) . Jesus aqui ressalta as dificuldades da vida espiritual; que poucos entrarão na glória de Deus enquanto a porta permanecer aberta (Mt 22, 1 4) . Ver comen tário em Mt 7, 1 3 . 13, 27: "Afastem-se de mim'' - Embora sejam herdeiros do reino, os impenitentes de Israel serão excluídos da bênção de Deus (Mt 2 1 , 43; Rom 2, 9) . 13, 28: "choro e ranger de dentes" - O sofrimento dos condenados. Ver comentário em Mt 8, 1 2. llJ 13, 29: "do oriente e do ocidente, do norte e do sul" - Cristo convida sua família dos confins da terra para celebrar com os patriarcas. • Jesus evoca as profecias do Antigo Tescamen to que recratam o Senhor reagrupando os fi lhos exilados de Israel a partir dos quatro pon tos cardeais (SI 1 07, 3; Is 1 1 , 12 ; 43 , 5-6) . O banquece de comemoração incluirá israelitas e gentios na única família de Deus (24, 47; Ap 5, 9) . Ver comentário em Lc l , 33. 13, 31: "Deves ir embora daqui" - Jesus estava provavelmente na Peréia, a região go vernada por Herodes Antipas imediatamente a leste do rio Jordão. A mistura de aversão e curiosidade em Herodes não foi satisfeita até o julgamento de Jesus (23, 8) . Ver comentá rio em Me 6, 14 . O lamento sobre Jerusalém - 31Nesse ·momento; alguns fariseus s e aproximaram, e disseram a Jesus: "Deves ir embora daqui, ·porque Herodes quer te matar." 32Jesus disse: "Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho. 33Entretanto preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém:" 34"Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis! 35Eis que a casa de vocês ficará abandonada. Eu lhes digo: vocês não me verão mais, até que chegue o tempo em que vocês mesmos dirão: Bendito aquele que vem em nome do Senhor". 88 13, 32: "essa raposa'' - Herodes era co nhecido por sua astúcia. "No terceiro dia'': O plano pré-determi nado do Pai possibilita que Jesus se livre do mal antes de cumprir sua missão (4, 29-30; Jo 7, 30; 1 0, 39) . 13, 34: "Jerusalém, Jerusalém'' - Jesus lamenta a impenitência consolidada da Ci dade Santa ( 1 9, 4 1 -44) . Como profeta ( 1 3, 33) , ele antecipa o mesmo sofrimento e mar tírio que se abateu sobre inúmeros outros an tes dele ( 1 1 , 49-5 1 ; Ap 1 8, 24; CIC 5 57-58) . Ver comentário em M t 23, 37. "Quantas vezes": O Evangelho de João indica que Jesus fez várias visitas a Jerusalém antes da Semana Santa (Jo 2, 1 3 ; 5, 1 ; 7, 1 0; 1 0, 22) . O evangelho de São Lucas 13, 35: "a casa de vocês ficará aban-lJJ donada'' - Jesus retirou sua presença e favor da Jerusalém terrena. • Jesus alude a Jr 12 , 7 e 22, 5, em que a casa abandonada representa o Templo e a cidade de Jerusalém. Como no tempo de Jeremias, o es vaziamento da cidade por Deus será seguida de violenta destruição ( 1 9, 4 1 -44; 2 1 , 6) . "Bendito aquele": uma citação de SI 1 1 8 , 26, mais tarde vinculada à chegada de Jesus em Jerusalém ( 1 9, 38) . 1 4Jesus cura um homem hidrópico no sábado - 1Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam. 2Havia um homem hidrópico diante de Jesus. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: ''A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" 4Mas eles ficaram em silêncio. En tão Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. 5Depois disse a eles: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" 6E eles não for . aro capazes de responder a isso. 14, 1: Lc 7, 36; 1 1 , 37; Mc 3, 2. • 14, 3: Mt 12, 10; Mc 3, 4; Lc 6, 9. • 14, 5: Mt 12, l i ; Lc 13, 1 5. COMENTÁRIOS 14, 1 : "Num dia de sábado" - Lucas nar ra cinco episódios em que Jesus cura no sába do (4, 3 1 -35, 38-39, 6, 6- 1 1 ; 13 , 1 0- 1 7) . Ver comentário em Lc 6, 1 . "o observavam'': Jesus era objeto constan te da vigilância dos seus inimigos ( 6, 7; 1 1 , 53-54) . 14, 2: "hidrópico" - Uma condição ca racterizado pelo inchaço do corpo causado por retenção de líquidos. 14, 1 O: '�á sentar-se no último lugar'' - Uma lição de humildade, em que a grandeza é medida pelo cuidado aos outros e uma estima modesta de si mesmo ( 1 8, 14; T g 4, 6; 1 Pd 5 , 6) . É vergonhoso presumir que a nossa posi ção, social ou outra, vai ganhar automatica mente o favor de Deus (Pr 25, 6-7) . 14, 14: '�ocê receberá a recompensa" - Deus olhará favoravelmente as obras de mise ricórdia no dia do Julgamento (6, 32-36; Mt 1 0, 42; 25 , 34-36) . "ressurreição dos justos": isto é, a ressur reição geral (Jo 5, 28-29; At 24, 1 4) . Cadernos de estudo bíblico Humildade e hospitalidade - 7Jesus notoÜ como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou a eles uma parábola: 8"Se alguém convida você para uma festa de casamento, não ocupe o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que você; 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha dizer a você: 'Dê o lugar para ele'. Então você ficará envergonhado e irá ocupar o último lugar. 10Pelo contrário, quando você for convidado, vá sentar-se no último lugar. Assim, quando chegar quem o convidou, ele dirá a você: �go, venha mais para cima'. E isso vai ser uma honra para você na presença de todos os convidados. 1 1De fato, quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado." 12Jesus disse também ao fariseu que o tinha convidado: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa. 13Pelo contrário, quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos. 14Entáo você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir. E você receberá a recompensa na ressurreição dos justos". 14, 8: Pv 25, 6-7; Lc l i , 43; 20, 46. • 14, li : Mt 23, 1 2; Lc 18 , 14; Mt 8, 4; 1 Pd 5, 6. • 14, 12: Tg 2, 2-4. 14, 13: Lc 14, 2 1 . lIJ &ln 14, 16: "grande banquete" � - Uma imagem das alegrias e bençãos da Nova Aliança. Israel foi por muito tempo convidada para essa festa pelos profe tas, mas muitos rejeitaram quando o Messias anunciou que a refeição escava pronta. O Pai, portanto, revisou a lista de convidados, cha mando os desprezados de Israel ( 14, 2 1 ) e os gentios ( 1 4, 23, cf Ac 1 3, 46; 28, 28) para par ticiparem do banquete no lugar dos antigos convidados. • As refeições festivas tinham grande signifi cado religiosos nos tempos bíblicos e geral mente simbolizavam a comunhão da aliança com Deus ou com outros (Gn 26, 28-3 1 ; 3 1 , 44-54; Ex 24, 9- 1 1 ; 2 Sam 3 , 20-2 1 ) . De acordo com Is 25 , 6-9, Deus preparava um grande banquete messiânico para celebrar a salvação de todos os filhos de Israel e das na ções ( 1 3 , 29) . • Jesus nos dá o pão do reino primeiramente na eucaristia (22, 1 9-20) e por fim na comu nhão que iremos ter com ele no céu (Ap 19 , 9) . 14, 17: "convidados" - Os convites eram habitualmente emitidos em dois períodos. O primeiro era emitido com muita antecedência da refeição, e o segundo quando tudo já esca va pronto (Esc 5 , 8; 6, 1 4) . A parábola do grande banquete - 150uvindo isso, um homem que estavaà mesa disse a Jesus: "Feliz aquele que come pão no Reino-de Deus!" 16Jesus respondeu: "Um homem deu grande banquete, e convidou muitas pessoas. 17Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: 'Venham, ·pois tudo está pronto'. 18Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: 'Comprei um .campo, ·e preciso ir vê-lo. Peço-lhe que aceite minhas desculpas'. 190utro disse: 'Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-lhe que aceite minhas desculpas'. 20Um tercéiro 'disse: '.Acabo de me casar e, por isso, não posso ir'. 210 empregado voltou, · e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado, e disse ao empregado, "Saia depressa pelas praças e ruas da cidade .. Traga para cá os pobres, os -aleijados, os cegos e os mancos'. 220 empregado disse: 'Senhor, o que mandaste fazer, foi feito, e ainda há lugar'. 230 patrão disse ao empregado: 'Saia pelas estradas e caminhos, e faça as pessoas virem aqui, para que a casa fique cheia. 24Pois eu digo a vocês: nenhwn daqueles que foram convidados vai provar do meu banquete"'. 14, 15: Ap 19, 9. • 14, 16-24: Mt 22, 1 - 1 9. • 14, 20: Dt 24, 5; 1 Cor 7, 33. • 14, 21: Lc 14, 1 3. 90 O evangelho de São Lucas O custo do discipulado - 25Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse: 26"Se alguém vem a mim, e não dá preferência mais a mim que ao seu pai, à sua mãe, à mulher, aos filhos, aos irmãos, às irmãs, e até mesmo à sua própria vida, esse não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, ·não pode ser meu discípulo. 28De fato, se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se .tem o suficiente para terminar? 29Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: 30'Esse-homem começou a construir e não foi capaz de acabar!' 310u ainda: Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo. 14, 26-27: Me 10, 37-8. • 14, 27: Me 1 6, 24; Me 8, 34; Lc 9, 23. • 14, 33: Lc 1 8, 29-30; FI 3, 7. 14, 26: "dá preferêndà' - Um termo idiomático que significa "amar menos" (Gn 29, 3 1 -33; MI l , 2-3) . Nem mesmo a sacra lidade da lealdade familiar deve sobrepor o nosso compromisso com Cristo, já que deve mos estar dispostos a abandonar até mesmo os relacionamentos próximos para segui-lo (Mt 1 0, 37; CIC 1 6 1 8 , 2544) . 14, 28: "calcular os gastos" - O discipu lado é um compromisso sério. Não se trata de sondar o terreno ou de evitar Deus (9, 62) . A entrega total a Cristo é necessária para concluir as tarefas da vida cristã. Ver comen tário em Mt 10 , 38 . 14, 34: "sal" - Usado para preservar e dar sabor à comida. Era amiúde impuro na anti guidade e às vezes podia perder sua eficácia. Em contraste, Jesus exige de nós fidelidade que permanece constante e não diminui com o passar do tempo ( 1 4, 26, 33) . Sobre o sal - 340 sal é bom. Mas se até o sal perde o sabor, com que o salgaremos? 35Não serve mais para nada: nem para a terra, nem para esterco. Por isso, é jogado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 14, 34-35: Me 5, 13 ; Me 9, 49-50; Me 1 1 , 1 5 . 9 1 Cadernos de estudo bíblico 1 5 A parábola da ovelha perdida - 1Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproxima vam de Jesus para o escutar. 2Mas os fàriseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: "Esse homem acolhe pecadores, e come com des!" 3Entáo Jesus contou-lhes esta parábola: 4"Se um de vocês tem cem ovdhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la? 5E quando a encontra, com muita alegria. a coloca nos ombros. 6Chegando em casa, reúne amigos e vizinhos, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a minha ovelha que estava perdidà. 7E eu lhes declaro: assim, haverá no céu mais alegria por um só peca dor que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão". COMENTÁRIOS 15, 2: "come com eles" - Já que a comu nhão na mesa é uma manifestação de amizade e consentimento, os fariseus estavam escanda lizados porque Jesus comia com homens de má reputação (5, 30) . As parábolas seguintes indicam que Deus não apenas acolhe os peca dores arrependidos; ele vai atrás deles ( 1 5 , 4; 8, 20; 1 9, 1 0; CIC 545, 1443) . fTI lS3'I 15, 3-7: A parábola da ove IJU a. lha perdida. Em uma cultura pastoral toda ovelha de um rebanho tem seu valor, e os pastores naturalmente se alegravam quando uma ovelha perdida era encontrada ( 1 5 , 6) . Jesus é o pastor que restaura a nossa amizade com Deus Qo 1 0, 1 - 1 0) . • Javé é retratado como pastor n o Antigo Tes tamento (SI 23, 1 ; Is 40, 1 1 ) , assim como o Messias (Mq 5 , 4; Zc 1 3 , 7) . Ezequiel junta essas duas tradições, prometendo que o pró prio Deus irá procurar o rebanho disperso do seu povo (Ez 34, 1 1 - 1 6) e mandar o Messias davídico para ser seu pastor (Ez 34, 1 1 - 1 6) . • Alegoricamente,30 Jesus é o pastor que res taura a ovelha perdida da humanidade. Co locá-la nos seus ombros significa que ele car rega a natureza do homem e o pesado fardo dos pecados. Parábola da moeda perdida - 8"Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontrar a moeda? 9Quando a en contra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdi do'. 10E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte" . 15, 8: "dez moedas de prata'' - Literal mente, "dez dracmas" . Cada um equivalia a um salário de um dia inteiro de trabalho. fTI 15, 1 1-32: A parábola do filho pró IJU digo revela a misericórdia sem limites de Deus. Embora os nossos pecados ofendam o Pai, ele está sempre disposto a nos mostrar compaixão e nos reintegrar à vida familiar. De muitos modos a parábola narra os contínuos esforços da vida espiritual, cuja conversão e o arrependimento são partes de um processo contínuo (CIC 1 439, 2839) . 30 • Por outro lado, a parábola narra o exílio e o retorno à casa de Israel. Após o reinado do São Gregório, o Grande, Hom. ln Evang. 2. 9 2 O evangelho de São Lucas Parábola do filho pródigo e seu irmão - 1 1Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos. 120 filho mais novo disse ao pai: 'Pai, me dá a parte da herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. '5Encão foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 160 rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17Encáo, caindo em si, disse: 'Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome . . . 18Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados'. 2ºEntáo se levantou, e foi ao encontro do pai. Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21Então o filho disse: 'Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho'. 22Mas o pai disse aos empregados: 'Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandáliasnos pés. 23Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto, e tomou a viver; estava perdido, e foi encontrado'. E começaram a festa. 250 filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Encão chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 270 criado respondeu: 'É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo'. 28Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Mas ele respondeu ao pai: 'Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!' 31 Então o pai lhe disse: 'Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado'' . 15, 1 1: Mt 2 1 , 28. • 15, 12: De 2 1 , 1 5- 17. • 15, 22: Gn 4 1 , 42; Zc 3, 4. • 15, 24: !Tm 5, 6; Ef2, l ; Lc 9, 60. Rei Salomão, Israel se divide em dois reinos, tornando-se como dois irmãos vivendo lado a lado no norte (Israel) e sul Qudá) da Palestina (1 Rs 1 2) . Durante o século oitavo a. C. , os as sírios levaram as tribos do norte de Israel para um lugar distante, onde abandonaram Deus e adoravam ídolos - um pecado que os profetas chamavam de prostituição ( 1 5 , 30; Jr 3, 6; Os 4, 1 5) . Na Nova Aliança, Deus recebe de volta seu filho exilado com misericórdia e restaura sua plena filiação (Ez 37, 2 1 -23; Os 1 1 , 1 -3, 1 1 ) . Isso se apresenta de modo especial em Jr 31 m 1 8-20, quando Efraim (norte de Israel) , após um período de exílio e desgraça, arrepen de-se dos seus pecados, envergonha-se dos seus erros, recorre a Deus por misericórdia. É im portante lembrar que na narrativa do Gênesis, Efraim era o sobrinho de Judá e o irmão mais novo da família tribal de Israel (Gn 48, 1 4) . Ver comentário em l , 33. 15, 12: "a parte da herança" - Era inco mum e até mesmo vergonhoso para um filho exigir sua herança antes da morte do seu pai (Eclo 33, 23) . Aqui o filho pródigo agrava a desonra do seu pai por esbanjar sua herança no pecado ( 1 5 , 1 3; Pr 28, 7) . 15, 15: "cuidar dos porcos" - Já que os judeus consideravam os porcos animais im puros (Lv 1 1 , 7) , apenas as condições mais desesperadas forçaria o filho a assumir essa posição ignominiosa. Ao trabalhar para um empregador gentio, esperar-se-ia que violasse o sábado também (Ex 20, 8- 1 1 ) . llJ 15, 20: "o abraçou'' - Literalmente, "caiu sobre seu pescoço". • As ações do pai recordam a misericórdia mostrada a Jacó (Gn 33, 4) e as alegrias da 9 3 Cadernos de estutk bíblico reunião familiar nas narrativas patriarcais (Gn 45 , 14 ; 46, 29) . 15, 22: "túnica. .. anel" - Símbolos de honra e autoridade (Gn 4 1 , 42; Est 3, 1 O; 1 Me 6, 1 5) . "sandálias": empregados domésticos nor malmente andavam descalços. O pai recusa isso para seu filho e, ao invés, o restaura como membro pleno da família. 15, 24: "estava morto ••• tomou a viver" - a passagem da aliança de maldição para a aliança de bênção. É uma restauração da mor te espiritual para a vida eterna Qo 5, 24; Rm 6, 1 3; Ef 2, 1 -5) . 15, 25: "filho mais velho" - As reclama ções do irmão mais velho expressam a amar gura dos fariseus ( 1 5 , 1 ) , que erroneamente viam a aceitação dos pecadores por Deus como uma violação da justiça da Aliança. O pai na parábola é inocente de tal culpa; ele simplesmente perdoa e ama o seu filho, que reconheceu seus erros e recorreu ao seu pai por misericórdia. 1 6Parábola do administrador desonesto - 1Jesus dizia aos discípulos: "Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. 2Entáo o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste comas da sua admi nistração, porque você não pode mais ser o meu administrador'. 3Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da admi nistração, tenha quem me receba na própria casà. 5E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' 6Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüen tà. 7Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua coma, e escreva oitentà ". 8E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz. 9"E eu lhes declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas. 10Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas pequenas, tam bém é injusto nas grandes. 1 1Por isso, se vocês não são fiéis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? 12E se não são fiéis no que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês? 13Nenhum empregado pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". 16, 8: 1Ts 5, 5; Ef5, 8; l.c 20, 34; Jo 12, 36. • 16, 9: l.c 12, 33; 18, 22. • 16, 10: Mt 25, 21 ; l.c 19, 17. • 16, 13: Mt 6, 24. COMENTÁRIOS � 16, 1-8: A parábola do administrador .. desonesto é sobre urgência e preven ção. Prestes a perder sua posição ( 1 6, 2) , o ad ministrador faz uso de uma situação premente para encontrar favor com os devedores do seu patrão e preparar o seu futuro ( 1 6, 4) . Os cris tãos devem tomar maior cuidado em prepa rar-se para vida no mundo que há de vir. • Misticamente,3 1 o administrador desones to expressa o mal, cujo domínio sobre esse mundo está se aproximando do fim. Tendo desperdiçado os bens do Senhor ao nos re mover da graça e da amizade divinas, ele ago ra trabalha ansiosamente a fim de fazer ami gos por meio do engano e promessas vazias 3 1 São Gaudênio, Sermo 1 8 . 94 O evangelho de São Lucas A Lei e o Reino de Deus - 140s fariseus, que são amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus. 15Então Jesus disse para eles: "Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus. 16A Lei e os profetas chegaram até João; daí para a frente o Reino de Deus é anunciado, e cada um se esforça para nele entrar, com violência. 17É mais fácil desaparecer o céu e a terra do que cair da Lei uma só vírgula. 18Todo homem que se divorcia da sua mulher, e se casa com outra, comete adultério; e quem se casa com mulher divorciada do seu marido, comete adultério" . 16, 15: !Sm 1 6, 7; Pv 2 1 , 2; Ae !, 24; Lc 10, 29. • 16, 16: Me 1 1 , 12-13 . • 16, 17: Me 5. 1 7- 1 8; Lc 2 1 , 33. 16, 18: Me 5, 3 1 -32; 1 9,9; Me 10, l l - 1 2; l Cor 7, 1 0- l l . de perdão. Enquanto seu ardor e previdência são dignos de imitação, suas táticas perversas e desonestas não o são. 16, 1: "administrador'' - Um emprega do importante que lidava com os negócios da propriedade do seu patrão. Como o filho pró digo ( 1 5 , 1 3) , esse empregado desperdiçou os bens do seu patrão. 16, 6: "Cem barris de óleo" - Cerca de oitocentos galões. O administrador reduz a dívida em cinquenta por cento. 16, 7: "Cem sacas de trigo" - A dívida é reduzida em vinte por cento. 16, 8: "com esperteza" - O patrão, embo ra enganado pela redução da dívida, elogiou o administrador por sua esperteza. Ele reconhe ceque os esforços de última hora do admi nistrador provou seu êxito em ganhar o favor dos devedores e tornar seu futuro financeiro mais seguro. A estratégia injusta do emprega do mostra que ele foi motivado por uma preo cupação inteiramente egoísta para seu próprio bem temporal. Jesus aponta o administrador como um exemplo e uma advertência. (1) Como um exemplo, o administrador mostra como empenhar cada esforço para fazer uso dos meios de preparar-se para o futuro. As sim como sua astúcia conquistou para ele uma vida confortável nas "casas" dos devedores do seu patrão ( 1 6, 4) , então os que creem são de safiados a fazer amigos por esmola, a fim de ser recebido nas "moradas eternas" ( 1 6, 9) . (2) Como uma advertência, entende-se que o ad ministrador caracteriza a atitude dos fariseus, que têm escutado Jesus desde 1 5 , 2 e que são acusados de ser "amigos do dinheiro" em 1 6, 14 . É implícito que os fariseus desprezam a Deus por sua devoção ao dinheiro injusto, ou seja, buscam não as riquezas eternas, mas a estima dos homens e os confortos temporais desse mundo ( 1 6, 1 3) . 16, 9 : "dinheiro injusto" - uma palavra em aramaico (mamom) que significa "rique zà' . A esmola nos torna amigos dos pobres por meio do dinheiro. Investir no reino de Deus significa nos despojar de riquezas para ajudar os necessitados (3, 1 1 ; 2 Cor 9, 6- 1 5 ; CIC 952) . 16, 16: ''A Lei e os profetas - uma refe rência abreviada ao Antigo Testamento (24, 44) . João Batista se encontra no eixo da his tória da salvação ao ser incluído na era do Antigo Testamento. Tanto ele como o as Es crituras do Antigo Testamento anunciam a vinda de Jesus (CIC 523) . "com violência'': refere-se a perseguição dos cristãos ou a disciplina ascética exem plificada por João. Ver comentário em Mt 1 1 , 1 2 . 16, 17: "uma só vírgula'' - Uma das cur tas extensões que distinguem cartas hebraicas de aparência semelhante (Mt 5, 1 8) . Jesus 9 5 Cadernos de estuda bíblico O homem rico e Lázaro - 19"Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber- lhe as feridas. 22Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24Então o rico gritou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me arormenta'. 25Mas Abraão respondeu: 'Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormen tado. 26Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós' . 270 rico insistiu: 'Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento'. 29Mas Abraão respondeu: 'Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!' 300 rico insistiu: 'Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter'. 31Mas Abraão lhe disse: . 'Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo 'que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos"'. 16, 20: Jo 1 1 , I-44; 1 2, 1, 9. • 16, 22: Jo 1 3. 23. • 16, 25: l.c 6, 24. • 16, 29: Jo 5. 45-47; At 1 5, 2 1 ; l.c 4, 1 7. • 16, 30: l.c 3, 8; 19, 9. não invalida nem esses pequenos detalhes do Antigo Testamento, muito menos a substân cia da lei . Ver comentário em Mt 5, 1 7. 16, 18: "Todo homem que se divorcia'' - Enquanto Moisés permitia o divórcio e um novo casamento na Antiga Aliança (Dt 24, 1 -4) , Jesus o proíbe inteiramente na Nova (Me 1 0, 1 1 - 1 2; 1 Cor 7, 1 0- 1 1 ; CIC 2382) . Ver Ensaio sobre um Tópico: Jesus sobre Ca samento e Divórcio em Mt 1 9 . 16, 19-31 : A história do homem rico e de Lazáro descreve a sorte dos ricos e dos po bres, primeiro nessa vida e depois na próxi ma. Por todos os seus confortos mundanos, a indiferença do rico para com o pobre mergu lhou-o em ruínas ( 1 6, 23) . Lazáro, não obs tante suas dificuldades terrenas, é levado para o lado de Abraão. Uma inversão semelhante da sorte é a base das bem-aventuranças e dos infortúnios em 6, 20-26 (Mt 25 , 3 1 -46; CIC 2463 , 283 1 ) . 16, 19: "Havia um homem'' - Palavras semelhantes são usadas no início das duas parábolas precedentes ( 1 5 , 1 1 ; 1 6, 1 ) e pode sugerir que essa história também seja uma parábola. Por outro lado, o homem pobre é pessoalmente identificado em 1 6, 20 (Lá zaro) , um traço que não é característico das parábolas . "púrpura e linho fino": vestuário caro geralmente associado à realeza Uz 8, 26; Est 8, 1 5) . 16, 22: "junto de Abraão" - ou seja, no colo ou na presença de Abraão, o patriarca de Israel (3, 8; Is 5 1 , 2) . Refere-se a um do mínio temporário dentro do Hades onde as almas justas da era da Antiga Aliança espera vam pacientemente Cristo abrir as portas do céu (Ef 4, 8- 1 0) . 16, 23: "inferno" - O submundo ou domínio dos mortos. Refere-se a um lugar de espera onde as almas falecidas dos ímpios são detidas até o Julgamento Final (Ap 20, 1 3) . Oposto à presença de Abraão, um lugar onde pecadores definham nas garras de tor mento (Lc 1 6, 24; Mt 1 1 , 23) . É separada da morada dos justos por um abismo intrans- O evangelho de São Lucas ponível e permanente que não permite o trá- 1 2, 6-7) . Outros sugerem que o homem rico fego entre eles (Lc 1 6, 26; CIC 633, 1 02 1 ) . continua sendo egoísta, pois percebe que a Ver comentário em Mt 1 6, 1 8 . condenação de toda a sua família apenas au- 16, 28: "Manda preveni-los" - A pri meira e única menção da preocupação do homem rico pelos outros. Seu pedido da ressurreição de Lázaro é negado, visto que a Escritura já deu advertências suficientes para impedir seus irmãos de negligenciarem os pobres (Lv 23, 22; Dt 1 5 , 9; Is 1 0, 1 -2; Am menearia sua miséria. 16, 31 : "a Moisés e aos profetas" - O Antigo Testamento todo (24, 27) . "um dos mortos ressuscite": Nem mes mo milagres podem beneficiar os que são indiferentes à Escritura. 1 7Alguns relatos de Jesus - 1Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam escân dalos, mas, ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. 3Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção deie. Se ele se arre pender, perdoe. 4Se ele pecar contra você sete va.es num só dia, e sete vexes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo." 50s apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" 60 Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amo reira: '.Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês. 7Se alguém de vocês tem um em pregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: 'Venha depressa para a mesà? 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ·'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber'? 9Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vocês: quando tiverem cumpri do tudo o que lhes mandarem fazer, digam: 'Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer'" . COMENTÁRIOS 17, 1-2: Me 1 8, 6-7; Me 9, 42; !Cor 8, 12. • 17, 3-4: Me 1 8, 1 5, 2 1 -22. • 17, 5-6: Me 17, 20; 2 1 , 2 1 ; Me 1 1 , 22-23. • 17, 5: l<: 7, 13 . 17, 8: l<: 1 2, 37; )o 13 , 3-5. 17, 2: "uma pedra de moinho" - Uma que a maldição deDeus cairá sobre quem grande pedra usada num moinho (Ap 1 8 , colocar uma pedra de tropeço perante a fé 2 1 ) . A severidade de tal punição corresponde dos seus pequeninos, ou seja, seus discípulos à severidade do escândalo do cristão e indica ( 1 0, 2 1 ; 1 2, 32; CIC 2284-87) . Jesus purifica dez leprosos - li Caminhando para Jerusalém, aconteceu que Jesus passava entre a Sa� maria e a Galiléia. 12Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos foram ao encontro dele. Pararam de longe, e gritaram: 13"Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!" 14Ao vê-los, Jesus disse: "Vão apresentar-se aos sacerdotes." Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. 16Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17Então Jesus lhe perguntou: "Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?" 19E disse a ele: "Levante-se e vá. Sua fé o salvou". 17, 1 1 : Lc 9, 5 1 ; 1 3, 22; 1 9, 1 1 . • 17, 12: Lv 1 3, 45-46. • 17, 13: Lc 5, 5; 8, 24, 45; 9, 33, 49. 17, 14: Lc 5, 14; Mt 8,4; Me 1, 44; Lv 14, 2-32. • 17, 19: Mt 9, 22; Me 5, 34; Lc 8,48; 1 8,42. 9 7 Cadernos de estudo bíblico Vinda do Reino de Deus - 2º0s fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: "O reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá dizer: 'Está aqui' ou: 'está ali', porque o Reino de Deus está no meio de vocês." 22Jesus disse aos discípulos: "Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver: 23Dirão a vocês: 'Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. 24Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem. 25 Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração. 26Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. 27Eles comiam, bebiam, se casavam e se davam em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então chegou o dilúvio, e fez com que todos morressem. 28Acontecerá como nos dias de Ló: comiam e bebiam, compravam, plantavam, e construíam. 29Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxofre do céu, e fez com que todos morressem. 300 mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado. 31Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em casa, e quem estiver nos campos não volte para trás. 32Lembrem-se da mulher de Ló. 33Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la. 34Eu digo a vocês: nessa noite, dois estarão numa cama. Uni será tomado, e o outro será deixado. 35Duas mulheres estarão moendo juntas. Uma será tomada, e a outra deixada. 36Dois homens estarão no campo. Um será levado, e o outro será deixado." 370s discípulos perguntaram: "Senhor, onde acontecerá isso?" Jesus respondeu: "Onde estiver o corpo, aí se reunirão os urubus". 17, 20: Lc 1 9, 2 1 ; 2 1 , 7; Ae 1 , 6. • 17, 22: Me 9, 1 5 ; Me 2, 20; Lc 5, 35. • 17, 23: Me 24, 23; Me 13 , 2 1 . • 17, 24: Me 24, 27; Ap 1, 7. 17, 25: Lc 9, 22. • 17, 26-27: Me 24, 37-39; Gn 6, 5-8; 7, 6-24. • 17,28-30: Gn 1 8, 20-33; 19, 24-25. • 17, 31: Me 24, 17-18; Me 13, 15- 16; Lc 2 1 , 2 1 . • 17, 32: Gn 19 , 26. • 17, 33: Me 10, 39; 1 6, 25; Me 8, 35; Lc 9,24; Jo 12 , 25. • 17, 34-35: Mt 24, 40-42. • 17, 37: Mt 24, 28. 17, 4: "sete vezes" - Uma solicitação de misericórdia sem limites (Tg 2, 1 3 ; CIC 2227) . Ver comentário em Mt 1 8 , 22. 17, 10: "empregados inúteis" - Discípu los não devem esperar congratulações pelos seus serviços . Seu trabalho é importante, mas não está além do chamado do dever cristão, e ninguém pode retribuir completamente a Deus por seus dons. 17, 12: "Pararam de longe" - Como os leprosos eram considerados impuros, eram excluídos do Templo e banido da sociedade Israelita (Lv 1 3, 45-46; Nm 5, 2-3) . Apenas quando se recuperavam e passavam pela ins peção levita, podiam ser reintegrados à vida da aliança de Israel. Ver comentário em Lc 5, 1 2. IIl 17, 18: "este estrangeiro" - Dos dez que foram curados, apenas o sama ritano exprimiu gratidão ( 1 7, 1 6) e fé ( 1 7, 1 9) . Ver comentário em Lc 9, 52. • As ações de Jesus recordam como Eliseu purificou um leproso estrangeiro enquanto vivia na Samaria (2 Rs 5, 1 - 1 4) . Por outro lado, ele inicia a adoção de estrangeiros na família da aliança de Deus como profetizado em Is 56, 3-8. 17, 21: "no meio de vocês" - Essa expres são provavelmente significa "entre vocês" ou "ao alcance de vocês" e é usado para ressaltar a proximidade do reino ( 1 0, 9; 2 1 , 3 1 ) . 17, 22-37: Jesus anuncia a vinda do reino de Deus nos dias do Filho do Homem. Duas considerações sugerem que ele alertava os dis cípulos sobre a queda de Jerusalém. ( 1 ) Muitas das declarações coletadas aqui aparecem no discurso no Monte das Oliveiras, que mais ex plicitamente se refere ao castigo que aguarda a cidade e o Templo (Mt 24-25; Me 1 3) . (2) A menção ao dia do Filho do Homem ( 1 7,22) repercute mais tarde em Lucas quando faz-se referência aos "dias" em que o Templo será destruído ( 2 1 , 6) . 17, 22: "vocês desejarão ver" - Os dis cípulos desejarão ver a vindicação de Jesus ao punir a cidade que o condenou a uma morte violenta. Contudo, eles não irão ver em pri meira mão, porque Jesus vai pedir-lhes que de socupem Jerusalém e fujam da Judéia antes do início do julgamento (2 1 , 20-2 1 ; Me 1 3, 14- 1 6) . Para ressaltar a importância da fuga sem hesitação, Jesus os recorda como Ló fugiu de O evangelho de São Lucas Sodoma antes da sua destruição, embora a sua própria mulher tenha morrido ao olhar para trás ( 1 7, 28-32; Gn 1 9 , 24-26) . 17, 34: "Um será tomado, e o outro será deixado" - Retrata o destino dos ímpios, que serão eliminados, e dos justos, que serão mi sericordiosamente poupados. Ver comentário em Mt 24, 40. 17, 37: "Onde estiver o corpo" - Uma imagem de Jerusalém cercada e sitiada ( 1 9, 43; 2 1 , 1 0) . Ver comentário em Mt 24, 28. 1 8 Parábola da viúva e do juiz injusto - 'Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. Ele dizia: 2''Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3Na mesma cidade havia uma viúva, que ia à procura do juiz, pedindo: 'Faça-me justiça contra o meu adversário!' 4Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim ele pensou: 'Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum; 5mas essa viúva já está me aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não fique me incomodando'." 6E o Senhor acrescentou: "Escutem o que está dizendo esse juiz injusto. 7E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? ªEu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa. Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?" . 18, l.S: Lc 1 1 , 5-8. • 18, 6: Lc 7, 1 3 . • 18, 7: Ap 6, 10; M e 24, 22; Rm 8 , 33; Cl 3 , 1 2 ; 2 Tm 2 , 10. COMENTÁRIOS 18, 1-14: Duas parábolas sobre a oração cristã. A primeira nos ensina que devemos rezar continuamente ( 1 8, 2-8) e a segunda que de vemos rezar com humildade, pedindo a Deus misericórdia ( 1 8, 9- 14; CIC 2098, 26 1 3) . 18, 3 : "urna viúvà' - As viúvas geralmente eram frágeis e vulneráveis na sociedade antiga, e muitas eram amparadas por israelitas (Dt 26, 1 2) . Tanto Jesus como Lucas demonstram um interesse compassivo na sua situação (2, 37; 4, 25-26; 7, 1 2; 20, 47; 2 1 , 3). 18, 5: "me incomodando" - A parábola encoraja a oração persistente ( 1 8, 1 ) . Como a viúva implorava por justiça, então nós deve mos perseverar na fé e na incansável petição a Deus por nossas necessidades (Rm 1 2, 1 2; lTs 5, 1 7) . 18,6: "juiz injusto" - Sua indiferença à angústia da viúva era uma violação da justiça (Dt 27, 1 9) . O desenrolar da parábola é, por tanto, uma vaga imagem da preocupação de Deus por nós. Se um juiz injusto e insensível fará justiça a uma viúva perseverante, o Pai virá ainda mais em auxílio dos seus filhos em ora ção Eclo 35, 1 2- 1 7) . 18, 1 1 : "O fariseu, de pé" - Uma postura orante habitual (Mt 6, 5; Me 1 1 , 25) . "Deus, eu te agradeço": Como o fariseu é orgulhoso, ele será "humilhado" ( 1 8 , 14) por presumir que a sua adesão às formas tradicio- 99 Cadernos de estudo bíblico Parábola do fariseu e do cobrador de impostos - 9Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: 'º"Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos. 1 10 fariseu, de pé, rezava assim no seu íntimo: 'Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos. 12Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda'. 130 cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: 'Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!' 14Eu declaro a vocês: este último volrou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha, será elevado" . 18, 11: Me 6, 5; Me 1 1 , 25. • 18, 12: Lc 5, 33; 1 1 , 42. • 18, 14: Me 18, 4; 23, 12; Lc 14, 1 1 ; 1 Pd 5, 6. nais de piedade é uma garantia automática da bênção divina ( 1 8, 1 2) . Ele infelizmente negli genciou a sua necessidade da misericórdia de Deus (CIC 5888) . Ver Ensaio sobre um Tópi co: Quem são os fariseus? em Me 2. 18, 13: "O cobrador de impostos" - Considerados pecadores e cidadãos de se gunda classe pelos fariseus . Ver comentário sobre Me 2, 14 . "Meu Deus, tem piedade de mim:" Uma oração de humildade e dependência de Deus. Ao contrário do fariseu, ele não desfila nenhu ma das suas credenciais diante de Deus e im plora apenas o perdão (SI 5 1 , 1 -4; Dn 9, 1 8 ; CIC 2559, 2839) . Jesus abençoa as criancinhas - 15Alguns levaram criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Vendo isso, os discípulos os repreendiam. 16Jesus, porém, chamou os discípulos, e disse: "Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o reino de Deus pertence a elas. 17Eu garanto a vocês: quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele". 18, 15-17: Me 19, 13-1 5; 18, 3; Me 1 0, 1 3- 16. 18, 16: "o reino de Deus pertence a elas" - Uma vez que o Batismo é a porta de entrada para o reino de Deus Qo 3 , 5)a Igreja primitiva naturalmente adminis trava o sacramento para crianças pequenas (At 2, 38-39; CIC 1 250-52) . • Após a era apostólica, a evidência clara da prática generalizada do batismo infantil surge no segundo e terceiro séculos A.D. , quando os primeiros Padres, como Orígenes, a rela ciona com a tradição apostólica. 32 O Concí lio de Trento ( 1 547) mais tarde confirmou e promoveu a prática. 33 32 Comm. Rom. 5, 9. 33 Sess. 7, can. 1 3 . 18, 20: "os mandamentos" - Jesus dá aos Dez Mandamentos um lugar central na vida cristã. Embora a legislação sacrifical e judicial da Antiga Aliança já tenha passado, as suas leis morais continuam a ser essenciais à nossa bus ca da vida eterna (Rm 1 3, 8- 1 0; lCor 7, 1 9) . Ver comentário sobre Me 10,27. 18, 22: "venda tudo" - Jesus expõe a maior fraqueza do homem rico: seu apego à riqueza terrena ( 1 8 , 23) . Como o seu coração está atado a suas posses, mesmo a perspectiva de obter a vida eterna não conquista seu afeto por ela. A menos que nos tornemos "pobres em espírito" (Mt 5, 3) , a riqueza vai ter o mes mo efeito desastroso sobre nós como tem sobre r oo O evangelho de São Lucas O jovem rico - 18Uma pessoa importante perguntou a Jesus: "Bom Mestre, o que devo fazer para re ceber em herança a vida eterna?" 19Jesus respondeu: "Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais. 2°Você conhece os mandamentos: não cometa adultério; não mate; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua mãe." 210 homem disse: "Desde jovem tenho observado todas essas coisas." 220uvindo isso, Jesus disse: "Falta ainda uma coisa para você fazer: venda tudo o que você possui, distribua o dinheiro aos pobres, e terá um tesouro no céu. Depois venha, e siga-me." 23QuandO " ouviu isso, o homem ficou triste, porque era muito rico. 24Vendo isso, Jesus disse: "Como é diRcil para os ricos entrar no Reino de Deus! 25De fato, é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus." 260s que ouviram isso, disseram: "Então, quem pode ser salvo?" 27Jesus disse: "As coisas impossíveis para os homens são possíveis para Deus". 28Então Pedro disse: "Vê: nós deixamos os nossos bens, e te seguimos." 29Jesus disse: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, mulher, irmãos, pais, filhos, por causa do Reino de Deus, 30não ficará sem receber muito mais durante esta vida e, no mundo futuro, vai receber a vida eterna"·. 18, 18-23: Me 19, 16-22; Me 10 , 1 7-22. • 18, 18: Lc 10, 25. • 18, 20: Ex 20, 1 2- 1 6; De 5. 1 6-20; Rm 1 3, 9; Tg 2, 1 1 . 18, 22: Lc 12, 33; Ae 2,45; 4, 32. • 18, 24-27: Me 1 9, 23-26; Me 10 , 23-27. • 18, 27: Gn 18 , 14 ; Jo 42, 2; Jr 32, 17 ; Lc 1 , 37. 18, 28-30: Me 1 9, 27-30; Me 1 0, 28-3 1 ; Lc 5, 1 - 1 1 . o homem rico. Nota-se que Zaqueu (Lc 1 9, 1 - 1 0) e José de Arimatéia (Mt 27, 57) também eram ricos, mas ambos preferiram os tesouros maiores do reino, correspondendo ao evange lho. Ver comentário em Mt 1 9, 24. 18, 29: "mulher, irmãos, pais" - Os dis- cípulos que renunciam aos bens terrenos pelo Senhor recebem bens celestiais em retomo (9, 57-62; 14, 26) . Esses sacrifícios mundanos são compensados ao extremo pelos dons eternos de Deus (9, 24; Fl 3, 8) . 18, 31-34: Jesus faz vários anúncios da Pai- Jesus anuncia sua Paixão e Ressurreição pela terceira vez - 31Jesus chamou à parte os Doze, e disse: "Vejam: estamos subindo para Jerusalém, e vai se cumprir tudo o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem. 32Pois ele será entregue aos pagãos, será caçoado, ultrajado e coberto de cuspidas. 33Eles vão torturá-lo e matá-lo, e no terceiro dia ele vai ressuscitar." 34Mas, eles não com preenderam nada disso. Essa palavra era obscura para eles, e não compreendiam o que Jesus dizia. 18, 31-34: Me 20, 17- 19; Me 10, 32-34; Lc 9, 22, 44-45; 1 7, 25. ������������ xão em Lucas (9, 22, 44; 1 2, 50; 1 3, 33; 1 7, 25) . Apenas aqui menciona o envolvimento dos pagãos (isto é, romanos) . 18, 31 : "pelos profetas" - A Paixão e Res- surreição de Jesus faziam parte do plano pre meditado de Deus (24, 25-27, 44; At 2, 14- 23; 3, 1 8, 24; 8, 32-35) . Jesus cura um cego em Jericó - 35Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 360uvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava aconte cendo. 37Disseram-lhe que Jesus Nazareno passava por ali. 38Então o cego gritou: "Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!" 39As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse quieto. Mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de mim!" 40Jesus parou, e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: 41"0 que quer que eu faça por você?" O cego respondeu: "Senhor, eu quero ver de novo." 42Jesus disse: "Veja. A sua fé curou você." 43No mesmo instante, o cego começou a ver e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo louvou a Deus. 18, 35-43: Mt 20, 29-34; Me 10, 46-52; Me 9, 27-31 ; Me 8, 22; Jo 9, 1-7. • 18, 42: Me 9, 22; Me 5. 34; 10, 52; Lc 7, 50; 8, 48; 17, 19. I O I Cadernos de estudo bíblico � 18, 35: "Jericó" - Cerca de dezesse .. te milhas ao nordeste de Jerusalém. A cidade foi reformada por Herodes, o Grande, a uma milha da cidade de Jericó do Anti go Testamento, desabitada no primeiro sécu lo Os 6, 26) . "Um cego": Marcos o chama de "Barti meu" (Me 10 , 46) . Ironicamente, esse men digo cego viu a identidade de Jesus de forma mais clara que as multidões que o repreen deu ( 1 8 , 39) . • Moralmente,34 a multidão significa os que creem e andam com Cristo e ainda assim, por vezes, impedem o nosso progresso na vida es piritual . Devemos nos esforçar, como o cego, para superar o desencorajamento externo e crescer pela força da nossa oração a Cristo. 18, 38: "filho de Davi" - Um título do Messias esperado para trazer a cura de Deus 34 Santo Agostinho, Senno 3 5 1 . à Israel (4, 1 8 ; I s 35 , 4-6; Mt 1 1 , 2-5) . Ele também seguiria os passos do Rei Salomão, o filho real de Davi, a quem a tradição judaica reverenciava como um grande curandeiro e exorcista (Sb 7, 20; Mt 1 2, 22-23) . ES ruDO DA PALAVRA: CRIANCINHAS (LC 1 8, 1 5) Brephos (grego) : um "recém-nascido" ou "bebê pequeno". O substap.tivo é usado oito ve:res no Novo Testamento. E ligado à importante ques tão: Quem é convidado para entrar no reino de Deus? Jesus chama para si apenas as crianças aci ma da idade da razão, ou todos os pequeninos - infantes e adolescentes de igual modo? O signi ficado desse termo em vários contextos do Novo Testamento não deixa margem para dúvidas. O próprio Lucas usa o termo para descrever Jesus recém-nascido deitado na manjedoura (Lc 2, 1 2, 16) e até mesmo João Batista como um bebê ainda no útero ( 1 , 4 1 , 44) . Em At 7, 19, se refere a crianças do sexo masculino de Israel logo após o nascimento, e Pedro usa a expressão metafo ricamente para descrever os novos cristãos que anseiam por leite espiritual ( l Pd 2, 2) . Juntas, essas referências certificam que Jesus chama até mesmo os recém-nascidos para tomar parte no seu reino celestial (Lc 1 8, 1 6) . ENSAIO S O B RE UM TÓ P I C O : J ESUS, O FILHO D O H OMEM D os títulos aplicados a Jesus nos Evangelhos, nenhum aparece com mais freqüência que "Filho do homem". Quase sempre Jesus pronuncia esse nome misterioso em suas conversas e ensinamentos, e geralmente vin cula-se a ele algumas das afirmações mais impressionantes das Escrituras. No entanto, mesmo com tanta familiaridade aos leitores da Bíblia, é relativamente difícil de entender. Isso não surpreende, uma vez que até mesmo os contempo râneos de Jesus ficaram intrigados com o uso do título e em certo ponto foram levados a perguntar: "Quem é esse Filho do Homem?" Oo 1 2, 34) . A questão não perdeu sua pungência ao longo dos séculos; continua a ressoar ainda hoje. Enquanto procuramos uma resposta, é importante notar que Jesus não foi o primeiro a usar a expressão. Na verdade, ela aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento. Em muitos contextos, funciona como uma expressão idiomática, que significa algo como "ser humano" ou "mero mortal" (Nm 23, 1 9; Jó 25 , 6; Sl 8, 4; �cio 1 7,30) , e pode ser aplicado a homens individuais como os profetas Ezequiel (Ez 2, 1 , 3) e Daniel (Dn 8 , 1 7) . Algumas vezes nos Evangelhos Jesus 1 0 2 O evangelho de São Lucas parece falar de si mesmo dessa forma, provavelmente para enfatizar sua total so lidariedade para com a humanidade. Neste sentido Jesus é o "Filho do Homem", porque ele possui um verdadeiro corpo humano Oo 6,53) e tem aptidão para as atividades humanas, como descansar (Mt 8,20), comer e beber (Lc 7,34) , sofrer (Me 8,3 1 ) , e até mesmo deitar-se em uma sepultura (Mt 1 2,40) . Mas existe algo a mais nessa expressão "Filho do homem" que, em certos contextos, se estende além das limitações meramente humanas. Por vezes Jesus se refere a si mesmo dessa maneira, e então passa a reivindicar todos os tipos de prerrogativas divinas para si mesmo. Como "Filho do Homem", ele tem a autoridade para perdoar pecados (Me 2, 1 0) , suspender o sábado (Me 2, 28) , e j ulgar os homens por seus atos Oo 5 , 27) , e ele mesmo afirma ser enviado do céu Oo 3, 3 1 ) . O que explica esse significado mais amplo? Jesus poderia esperar que seus discípulos concluíssem dessa simples expressão tão grandes reivindicações de autoridade divina? A resposta novamente nos leva para o Antigo Testamento, dessa vez para o livro de Daniel. Aqui o profeta consome um capítulo inteiro descrevendo uma visão grotesca de coisas futuras (Dn 7, 1 -28). No início Daniel vê quatro animais marchando para fora do mar, um com aparência mais feroz e poderosa que o outro. Essas bestas representam impérios pagãos notoriamente hostis a Israel. Eles instigam guerra contra o povo fiel de Deus, chamados de "santos do Altíssimo" (Dn 7,25), e depois a quarta e pior besta começa a esmagá-los sem piedade. De repente, a cena salta da terra ao céu, onde acontece um julgamento numa corte celestial, e o Senhor está sentado como um "ancião de dias" sobre o seu trono real (Dn 7, 9) . À sua presença chega uma figura gloriosa "como um filho de homem", entre as nuvens do céu (Dn 7, 13). A corte julga esse "filho de homem" como uma figura digna e lhe dá um reino incomparável em tamanho e prestígio a qualquer outro na história. Com a sua coroação, a corte também pronuncia uma sentença de condenação sobre o quarto animal, o despoja do seu poder, e passa o seu domínio para as mãos do "filho de homem" e os "santos" de Deus (Dn 7, 26-27). Aqui vemos um Filho do Homem que mais parece um Messias glorioso e divino que um mortal simples e insignificante. Ele é entronizado no céu, exerce autoridade sobre todas as nações, e a sua nomeação real sinaliza a dramática derrota dos inimigos de Deus. O resultado vitorioso desse sonho profético torna impossível pensar que Jesus adotasse para si um título como o "Filho do Ho mem" sem recordar seus seguidores dessa visão memorável. Na verdade, existem várias ocasiões nos Evangelhos que ele faz alusões inconfundíveis a isso (Mt 1 9, 28; 24, 30; 25 , 3 1 ) . Nesses casos, vemos Jesus ensinando seus discípulos através das Escrituras sobre o seu próprio reinado e a autoridade que lhe foi dada para 1 03 Cadernos de estudo bíblico triunfar sobre o mal. Mesmo no seu j ulgamento, Jesus pôde ficar face a face com seus acusadores e afirmar que'a sentença de morte que o espera não vai significar o seu extermínio. Pois ele é o "Filho do Homem", e o Pai irá em breve justificá lo, reergue-lo, colocá-lo em um trono real, e decretar a destruição de todos os seus inimigos (Mt 26, 64; Me 1 4, 62) . O "Filho do Homem" é uma expressão que nos diz muito sobre o Messias e sua missão. Suas raízes no Antigo Testamento mostram sua versatilidade e pleno significado, capaz de chamar a nossa atenção às coisas humanas e mortais e nos elevar para ver um rei glorioso sentado ao lado do Senhor. Quem, então, é este "Filho do homem"? É Jesus Cristo, que venceu o mal e agora está entronizado no céu, exercendo sua realeza universal sobre o mundo por meio da Igreja (Me 1 6, 1 9; At 7, 56; Ap 14, 1 4- 1 6) . 1 9 Jesus e Zaqueu - 1Jesus tinha entrado em Jericó, e estava atravessando a cidade. 2Havia aí um homem chamado Zaqueu: era chefe dos cobradores de impostos, e muito rico. 3Zaqueu desejava ver quem era Jesus, mas não o conseguia, por causa da multidão, pois ele era muito baixo. 4Então correu na frente, e subiu numa figueira para ver, pois Jesus devia passar por aí. 5Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima, e disse: "Desça depressa, Zaqueu, porque hoje preciso ficar em sua casa." 6Ele desceu rapidamente, e recebeu Jesus com alegria. 7Vendo isso, todos começaram a criticar, dizendo: "Ele foi se hospedar na casa de um pecador!" 8Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: "A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres; e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais." 9Jesus lhe disse: "Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. 10De fato, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido". 19, l: Me 1 0, 46. • 19,7: Lc 5, 29-30; 1 5, 1 -2. • 19, 8: Lc 7, 13; 3, 14; Ex 22, I; Lv 6, 5; Nm 5. 6-7. • 19, 9: Lc 3, 8; 13, 16; Rm 4, 16. COMENTÁRIOS 19, 1-10: Este é um episódio narrado so mente em Lucas. A história é marcada pela ironia, já que Zaqueu procurou com grande esforço ver Jesus ( 1 9, 3-4) , para depois desco brir que Jesus o estava procurando ( 1 9, 1 0) . Apesar da sua riqueza ( 1 9, 2) , Zaqueu abriu mão de parte dela e doou generosamente aos pobres ( 1 9, 8). 19, 2: "chefe dos cobradores de impos tos" - Possivelmente, o chefe de um distrito de tributação no comando de outros cobradores. Muitos cobradores de impostos eram suspeitos de desonestidade e desprezados como pecado res ( 1 9, 7) . Ver comentário sobre Me 2, 14. 19, 8: "quatro vezes mais" - O padrão mais rigoroso de restituição por roubo (Ex 22, 1 ; CIC 24 12) . 19, 9 : "filho de Abraão" - Israel traçou sua linhagem ao patriarca (Is 5 1 , 1 -2) . Zaqueu mostrou-se um legítimo descendente por seu arrependimento (3, 1 2- 1 3) e fé (Rm 4, 12) . Abraão é uma figura importante em Lucas ( 1 ,55 , 73; 13 , 16; 16, 22) . 19, 10: Lucas resume a missão de Jesus como o "Salvador" (2, 1 1 ; 5, 32; 9, 24; 1 5 , 3-32) . 19, 1 1 : "ia chegar logo" - Os discípulos 1 04 O evangelho de São Lucas A parábola das moedas de prata - 1 1Tendo eles ouvido isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo. 12Então Jesus disse: "Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei, e depois voltar. 13Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata para cada um, e disse: 'Negociem até que eu volte. 14Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: 'Não queremos que esse homem reine sobre nós'. 1 5Mas, o homem foi coroado rei, e voltou. Mandou chamar os empregados, aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quanto haviam lucrado. 160 primeiro chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais'. 170 homem disse: 'Muito bem, empregado bom. Como você foi .fiel em coisas pequenas, receba o governo de dez cidades'. 180 segundo chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais'. \90 homem disse também a este: 'Receba também você o governo de cinco cidades'. 20Chegou o outro empregado, e disse: 'Senhor, aqui estão as cem moedas que guardei num lenço. 21Pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Tomas o que não deste, e colhes o que não semeaste'. 220 homem disse: 'Empregado mau, eu julgo você pela sua própria boca. Você sabia que eu sou um homem severo, que tomo o que não dei, e colho o que não semeei. 23Então, por que você não depositou meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros'. 24Depois disse aos que estavam aí presentes: 'Tirem dele as cem moedas, e dêem para aquele que tem núl'. 250s presentes disseram: 'Senhor, esse já tem mil moedas!' 26Ele respondeu: 'Eu digo a vocês: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. 27E quanto a esses ininúgos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam aqui, e matem na minha frente"'. 19, 1 1 : Lc 9, 5 1 ; 13 , 22; 17, 1 1 ; 1 8, 3 1 ; 9, 27. • 19, 12-28: Me 25, 14-30. • 19, 12: Me 13, 34. 19, 17: Lc 1 6, 10. • 19, 26: Me 1 3 , 12; Me 4, 25; Lc 8, 18 . esperavam que a longa viagem de Jesus a Jeru salém culminasse em sua entronização e o esta belecimento de um reino terreno (At l , 6) . A parábola corrige este equívoco por duas razões. ( 1 ) Sugere que Jesus vai ser entronizado na Je rusalém celeste, e não na cidade terrena (At 2, 33-36) . (2) Mostra que Jesus vai estar ausente por um tempo até seu retorno para julgar seus inimigos e acertar as contas com os seus servos 19, 12-27: A parábola das moedas de Lu cas é semelhante à parábola dos talentos em Mt 25, 1 4-30. Ela tem vários níveis de signi ficado. ( 1 ) Historicamente, recorda como os governantes herodianos da Palestina muitas vezes viajavam a Roma para tentar obter a au toridade de governo. Arquelau, em particular, foi antes de César Augusto buscar o reino de seu falecido pai, Herodes, o Grande, em 1 ou 4 a.C. Como na parábola ( 1 9, 14) , os represen tantes judeus também viajaram a Roma para se opor ao pedido. (2) Moralmente, Jesus salienta a necessidade de diligência e responsabilidade. Ele espera que os discípulos cumpram seus de veres cristãos na sua ausência, alertando que o medo não será desculpa para a preguiça ou falta de produtividade ( 1 9, 20-24) . (3) Teolo gicamente, a parábola prevê a ascensão de Jesus ao Pai para recebem reino ( 19 , 1 2; Me 1 6, 1 9) e o retorno para julgar aqueles que rej�itam a sua autoridade real ( 1 9, 27) . Seu retorno está intimamente ligado ao julgamento de Israel e da queda de Jerusalém em 70 d.C., que é por si só uma prévia profética da sua segunda vinda gloriosa para julgar todas as nações no fim dos tempos. 19, 13: "cem moedas de pratà' - Literal mente, "dez minas" . Cada uma valia quase quatro salários mensais de um trabalhador. Aqui as moedas são distribuídas igualmente, enquanto a parábola de Mateus distribui os "talentos" desigualmente (Mt 25, 1 5) . 19, 27: "matem'' - Diz respeito a queda 1 0 5 Cadernos de estudo bíblico A entrada de Jesus em Jerusalém - 28Depois de diz.er essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém. 29Quando Jesus se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do chamado monte das Oliveiras, enviou dois discípulos, 30dizendo: "Vão até o povoado em frente. Quando vocês entrarem aí, vão encontrar, amarrado, um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrem o animal e o tragam. 31 Se alguém lhes perguntar: 'Por que vocês o estão desamarrando?' vocês responderão: 'Porque o Senhor precisa dele'." 320s discípulos foram, e encontraram as coisas como Jesus havia dito. 33Quando eles estavam desamarrando o jumentinho, os donos perguntaram: "Por que vocês estão desamarrando o jumentinho?" 340s discípulos responderam: "Porque o Senhor precisa dele." 35Então levaram o jumen tinho a Jesus. Colocaram os próprios mantos sobre o jumentinho e fizeram Jesus montar. 36Enquanto caminhavam, as pessoas estendiam os próprios mantos pelo caminho. 37Quando Jesus estava junto à descida do monte das Oliveiras, toda a multidão de discípulos começaram, alegres, a louvar a Deus em voz alta, por todos os milagres que tinham visto. 38E dizia: "Bendito seja aquele que vem como Rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto do céu." 39No meio da multidão, alguns fariseus disseram a Jesus: "Mestre, manda que teus discípulos se calem." 40Jesus respondeu: "Eu digo a vocês: se eles se calarem, as pedras gritarão". 19, 28: Me 10, 32. • 19, 29-38: Me 2 1 , 1 -9; Me 1 J , 1 -IO ; Jo 1 2, 12-18 . • 19, 32: Lc 22, 13. - 19, 34: Lc 7, 13 . 19, 36: 2 Rs 9, 13 . • 19, 38: SI 1 1 8, 26; Lc 13, 35; 2, 14 . • 19, 39-40: Me 21 , 1 5- 16; Hab 2, 1 1 . de Jerusalém em 70 d.C., quando a cidade tra çar uma maldição divina sobre si mesmo por rejeitar Jesus como seu rei messiânico ( 1 3, 34- 35; 19 , 4 1 -44; 2 1 , 20 24) . 19, 28: "subindo para Jerusalém'' - A longa viagem iniciada em 9, 5 1 finalmente ter mina quando Jesus chega ao seu destino esta belecido ( 1 3, 22, 33; 1 7, 1 1 ; 1 8 , 3 1 ; 1 9, 1 1 ) . 19, 28-40: A entrada triunfal de Jesus é en cenada como um cortejo real Oo 1 2, 1 2- 1 9) . Ver comentário sobre Mt 21 , 1 - 1 1 . 19, 29: "Betfagé ... Betânia'' - Duas al deias a dois quilômetros de Jerusalém Oo 1 1 , 1 8) . Ver comentário sobre Me 1 1 , 1 . "Oliveiras": O Monte das Oliveiras está em frente à cidade a leste. É aqui que Jesus e os discípulos se alojaram durante as noites da Semana Santa (2 1 , 37) . lJJ 19, 30: "um jumentinho" - Mateus também menciona uma "jumenta" (Mt 2 1 , 7) . O animal estava apto ao uso sagra do, já que ninguém tinha montado sobreele (Nm 1 9, 2; l Sm 6, 7) . • A procissão de Jesus na cidade cumpre a profecia real de Zacarias 9, 9. O jumentinho simboliza que Jesus vem em paz; caso con trário, ele estaria montado em um cavalo de guerra (Zc 9, 1 0; CIC 559) . 19, 38: "Bendito seja aquele que vem como Rei" - As multidões cantam o SI 1 1 8, 26, em cumprimento das palavras de Jesus em 13 , 35 . O Salmos de Aleluia ( 1 1 3- 1 1 8) eram regularmente cantado por peregrinos judeus aue viaiavam a Jerusalém oara as festas sae:ra- Jesus chora por Jerusalém - 41Jesus se aproximou, e quando viu a cidade, começou a chorar. 42E. disse: "Se também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos! 43Vão chegar dias em que os inimigos farão trincheiras contra você, a cercarão e apertarão de todos os lados. 44Eles esmagarão você e seus filhos, e não deixarão em você pedra sobre pedra. Porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la'' . 19, 41: Lc 13, 33-34. - 19, 43: Lc 2 1 . 2 1-24; 2 1 , 6; Is 29, 3; Jr 6, 6; & 4. 2. • 19, 44: l Pd 2, 12. 1 0 6 O evangelho de São Lucas Jesus chora por Jerusalém - 41Jesus se aproximou, e quando viu a cidade, começou a chorar. 42E disse: "Se também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos! 43Vão chegar dias em que os inimigos farão trincheiras contra você, a cercarão e ·apertarão de todos os lados. 44Eles esmagarão você e seus filhos, e não deixarão em você pedra sobre pedra. Porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la''. 19, 41: Lc 13, 33-34. • 19, 43: Lc 21 , 2 1-24; 2 1 , 6; Is 29, 3; Jr 6, 6; Ez 4, 2. • 19, 44: I Pd 2, 12. das da Páscoa, das Semanas e das Tendas. Ver comentário sobre Me 1 1 , 8- 10 . "Paz . . . glória'': Ecoa o hino angelical de 2, 14 . 19, 42-44: Jesus prevê o que ocorreu no ano 70 d.C., quando o exército romano sitiou Jerusalém e a destruiu (2 1 , 20) . Sua conquista será um sinal de que Deus condena a cidade rebelde. • Jesus reveste suas palavras solenes com a lin guagem e as imagens da profecia do Antigo Tes tamento (Is 29, 1 -3; Jr 6, 6; Ez 4, 1 -3) . Como Jerusalém reincidiu na ofensa, irá novamente sofrer a devastação que se abateu sobre a cidade em 586 a.C. com as invasões babilônicas. • Misticamente,35 Cristo continua a chorar pe los pecadores que, como Jerusalém, correm atrás do mal e se recusam a fazer as pazes com Deus. Seus pecados escondem dos seus olhos o julgamento que está por vir, caso contrário, chorariam por si mesmos. Quando o julga mento chegar, os demônios vão cercar a alma e o Senhor vai afligi-la com o seu terrível castigo. 19, 45-48: A dramática expulsão que Je sus faz aos comerciantes do Templo profetiza e representa a queda iminente do santuário (2 1 , 5-6) . Ele fica consternado pois a casa de oração de Deus (Is 56, 7) foi profanada como uma toca de ladrões (Jr 7, 1 1 ) . Ver co mentário sobre Mt 2 1 , 1 3 . Jesus purifica o templo - 45Jesus entrou no Templo, e começou a expulsar os que aí vendiam. 46E disse: "Está nas Escrituras: 'Minha casa será casa de oração'. No entanto, vocês fizeram dela uma toca de ladrões." 47Jesus ensinava todos os dias no Templo. Os chefes dos sacerdotes, os doutores da Lei e os notáveis do povo procuravam jeito de matá-lo. 48Mas não sabiam o que fazer, porque o povo todo ficava fascinado, quando ouvia Jesus falar. 19, 45-46: Mt 2 1 , 1 2- 13; Me 1 1 , 1 5- 17; Jo 2, 1 3- 17. o 19, 47-48: Me l i , 1 8; Lc 21 , 37; 22, 53. 35 São Gregório Magno, Hom in Evan. 39 . 1 07 Cadernos de estudo bíblico MAPA: A VIAGEM FINAL PARA JERUSALÉM . ' "' ) • ·�, �pofis • · ·- Mar Mediterrâneo \ \ ... \· l / · ·-... � ""' :·):·,.-" ··-- ·'""""" ? Localização certa e inquestionável \� \ 30 Km .. 2 ºA autoridade de Jesus questionada - 1Num desses dias, Jesus estava no Templo, ensi nando o povo e anunciando a Boa Notícia. Então os chefes dos sacerdotes, os doutores da . Lei e os anciãos apareceram, 2e disseram: "Dize-nos com que autoridade fazes tais coisas. Quem , foi que te deu essa autoridade?" 3Jesus respondeu: "Eu também vou fazer uma pergunta para vocês. Digam: 4o batismo de João vinha do céu ou dos homens?" 5Mas eles comentaram entre si: "Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: 'Por que vocês não acreditaram em João?" 6Se dizemos que vinha dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque está convencido de que João era um pro feta." 7Então eles responderam que não sabiam de onde vinha. 8E Jesus disse: "Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas". 20, l-8: Mt 21 , 2}-27; Me 1 1 , 27-33. • 20, 2: Jo 2, 1 8. • 20, 6: Mt 14, 5; Lc 7, 29. COMENTÁRIOS 20, 8: "com que autoridade" - Jesus re verte o jogo dos seus interrogadores para silen ciá-los. Se os líderes de Jerusalém rejeitarem a autoridade celestial de João, eles inevitavel- mente rejeitariam Jesus e sua missão divina (7, 29-34) . llJ 20, 9-16: A parábola dos agricultores perversos. Jesus pictoricamente recon- r o 8 O evangelho de São Lucas A parábola dos agricultores perversos - 9Então Jesus começou a contar ao povo esta parábola: "Um homem plantou uma vinha, arrendou-a para alguns agricultores, e partiu para uma longa viagem ao estrangeiro. 'ºNa época da colheita, mandou um empregado aos agricultores, para que lhe dessem uma parte dos frutos da vinha. Mas os agricultores bateram nele, e o mandaram de volta sem nada. 1 10 dono mandou outro empregado. Os agricultores bateram nele também, o insultaram, e o mandaram de volta sem nada. 1 20 dono mandou ainda um terceiro empregado. Os agricultores também o feriram e o jogaram para fora. 13Entáo o dono da vinha disse: 'O que farei? Vou mandar o meu filho querido. Talvez eles o respeitem'. 14Mas, ao vê-lo, os agricultores comentaram entre si: 'Esse é o herdeiro. Vamos matá lo, para ficarmos com a herança'. '5Entáo eles jogaram o filho fora da vinha e o mataram. Pois bem: o que é que o dono da vinha fará com esses agricultores? 16Ele virá, destruirá esses agricultores, e entregará a vinha a outros." Ouvindo isso, eles disseram: "Que isso não aconteça!" 17Jesus olhou atentamente para eles, e disse: "Que significa então esta passagem das Escrituras: 'A pedra que os construtores deixaram de lado, tornou-se a pedra mais importante'? 18Todo homem que cair sobre essa pedra, ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela cair, ficará esmagado". 20, 9-19: M< 2 1 , 33-46; Me 12, 1 - 12. • 20, 9: Is 5, 1 -7; M< 25, 14. • 20, 16: A< 13, 46; 1 8, 6; 28, 28. 20, 17: SI 1 1 8, 22-23; A< 4, 1 1 ; 1 Pd 2, 6-7. • 20, 18: Is 8, 14- 1 5. ta a história do Antigo Testamento que culmi na no Messias, o Filho querido de Deus (20, 1 3) . A parábola desafia os líderes de Israel, os agricultores (20, 9) , e os adverte das conseqüên cias à rejeição de Jesus (20, 1 5- 1 6) . • Israel é frequentemente retratada como a vinha do Senhor no Antigo Testamento (SI 80, 8; Is 5, 1 -7; Jr 2, 2 1 ; Os 1 0 , 1 ) . Ver co mentário sobre Me 1 2, 1 -9 . lIJ 20, 17-18: Jesus reúne três textos do Antigo Testamento que utilizam a imagem de uma pedra: Sl 1 1 8, 22, Is 8, 14- 1 5 , e Dn 2, 44-45. • O Salmo 1 1 8 descreve o Messias como uma pedra rejeitada pelos construtores de Israel , mas escolhido por Javé para ser a pedra fun damental de um novo templo. Isaías 8 des creve o Senhor como uma pedra de tropeço que vai confundir e destruir os pecadores de Israel, especialmente em Jerusalém. Daniel 2 narra uma visão na qual Deus destrói os impérios da terra com uma pedra, substituin do-os pelo seu reino messiânico. Usos seme lhantes desses textos são encontrados em Rm 9, 33 e I Pd 2, 6-8. Sobre os impostos - 19Então, nesse momento, os doutores da Lei e os chefes dos sacerdotes procu raram prender Jesus. Eles tinham entendido muito bem que Jesus havia contado essa parábola contra eles. Mas ficaram com medo da multidão. 200s doutoresda Lei e os chefes dos sacerdotes ficaram à espreita. Mandaram espiões, fingindo que eram justos, a fim de surpreender Jesus em alguma palavra. Desse modo eles poderiam entregá-lo ao poder e autoridade do governador. ' 2 10s espiões pergunta ram a Jesus: "Mestre, sabemos que falas e ensinas com retidão. Não levas em conta as aparências, mas ensinas de verdade o caminho de Deus. 22É lícito ou não é pagar o tributo a César?" 23Jesus, porém, percebeu a astúcia deles, e disse: 24"Mostrem-me a moeda. De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda?" Eles responderam: "De César." 25Então Jesus disse: "Pois dêem a César o que é de Cé sar, e a Deus o que é de Deus." 26E eles não puderam surpreender Jesus em nenhuma palavra diante do povo. Admirados com a resposta de Jesus, ficaram em silêncio. 20, 19: Lc 1 9, 47. • 20, 20-26: Me 22, 1 5-22; Me 12, 1 3- 17. • 20, 21: Jo 3, 2. - 20, 25: Rm 13, 7; Lc 23, 2. 1 09 Cadernos de estudo bíblico Sobre a ressurrei?o do homem - 270s saduceus afumam que não existe ressurreição. Alguns deles se aproximaram de Jesus, e lhe propuseram este caso: 28"Mesue, Moisés escreveu para nós: 'Se alguém morrer, e deixar a esposa sem filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de que possam ter filhos em nome do irmão que morreú. 290ra, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem ter filhos. 3°Também o segundo 31e o terceiro casaram-se com a viúva. E assim os sete. Todos morreram sem deixar filhos. 32Por fim, morreu também a mulher. 33E agora? Na ressurreição, de quem a mulher vai ser esposa? Todos os sete se casaram com ela!" 34Jesus respondeu: "Nesta vida, os homens e as mulheres se casam, 35mas os que Deus julgar dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, não se casarão mais, 36porque não podem mais morrer, pois serão como os anjos. E serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. 37E que os mortos ressuscitam, já Moisés indica na passagem da sarça, quando chama o Senhor de 'o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'. 38Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele." 39 Alguns doutores da Lei disseram a Jesus: "Foi uma boa resposta, Mesue." 40E ninguém mais tinha coragem de perguntar coisa nenhuma a Jesus. 20, 27-38: Mr 22, 23-33; Mr 1 2, 1 8-27. • 20, 27: Ar 4, 1 -2; 23, 6- 1 0. • 20, 28: Dr 25, 5 . 20, 37: Ex 3, 6. • 20, 39: Me 1 2, 28. • 20, 40: Me 12, 34; Mr 22, 46. 20, 20: "governador" - Pôncio Pilatos, o prefeito romano da Judéia. Ver comentário sobre Lc 23, l . 20, 22: "É lícito • • • ?" - Uma pergunta cap ciosa. Se Jesus ratifica o imposto, vai provocar a ira dos judeus que aspiram a independência nacional de Roma. Se ele denuncia o imposto, será denunciado aos romanos sob a acusação de sedição. Ver comentário sobre Me 1 2, 1 3 . 20, 24: "a moeda'' - Um "denário" que tem afigura (ou "imagem'') estampada do im perador romano, Tibério César (d.C. 14-37) . 20, 25: "a César [ • • • ] a Deus" - Jesus esca pa da armadilha dos seus interrogadores, usan do o exemplo de tributação romana para ilus trar um direito mais elevado. Como a imagem de César pertence a ele, ele deve recebê-la de volta (Rm 1 3, 1 -7; l Pd 2, 1 3- 17) . No entanto, é mais importante dar-se a si mesmo, estampa do com a "imagem" de Deus, de volta a Deus (Gn 1 , 27) . Ver comentário sobre Me 1 2, 1 6. lJJ 20, 27-40: Os saduceus desafiam Jesus sobre o seu ensinamento a respeito da vida após a morte. Eles estão convencidos de que a Lei Mosaica não diz nada sobre uma fu tura ressurreição (20, 27) e assim apresenta-lhe um dilema: Se Moisés permite a uma mulher se casar de novo cada vez que o marido morre (Dt 25, 5), isso não traz confusão na próxima vida? Como ela vai determinar seu esposo le gítimo, se há todos eles? Jesus lida com seus opositores em seus próprios termos: primeiro, ao negar que o casamento existe na próxima vida e, então, ao citar deliberadamente a Lei de Moisés contra eles. • O episódio da sarça ardente mostra que o Senhor se identificou com os patriarcas mui to tempo depois da morte deles (Ex 3, 6) . Se Abraão, Isaac e Jacó ainda estão com Deus, então a vida deve durar além da morte e uma ressurreição futura está implícita no Penta teuco. Ver Ensaio sobre um Tópico : Quem são os saduceus? em Me 1 2 . 20, 35: "vida futura'' - A instituição do casamento não existirá no céu. Ver comentário sobre Mt 22, 30. � 20, 36: "como os anjos - Como os ... anjos, os santos serão vestido de glória I I O O evangelho de São Lucas Sobre o Messias - 4 1Então Jesus disse a eles: "Como podem dizer que o Messias é filho de Davi? 42Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: 'O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se à minha direita, 43até que eu ponha seus inimigos como lugar onde você apóia os pés'. 44Portanto, Davi o chamou de Senhor. Como pode, então, o Messias ser filho dele?". 20, 41-44: Me 22, 41-45; Me 12, 35-37; SI 1 10; 1 . e imortalidade; mas, ao contrário dos anjos, acabarão por viver em corpos ressuscitados e não como espíritos sem corpos ( l Cor 1 5 , 35- 50) . Eles são, portanto, iguais em alguns aspec tos, mas não em todos. • A crença na ressurreição geral é central para a fé cristã. O Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano afirmam que nossos corpos físicos serão ressuscitados para a vida eterna. ITI 20, 41: "filho de Davi?" - A gran IJU deza de Davi era proverbial no Antigo Testamento. Ele era o rei ideal de Israel por quem todos os outros foram medidos. • Jesus usa o Antigo Testamento para desafiar a suposição equivocada de que até o Messias seria inferior a Davi. Pelo contrário, o pró prio Davi chama o Messias de seu "Senhor" em Salmos 1 1 0, 1 (20, 42; At 2, 34-36) . Ver comentário sobre Me 12 , 36. 20, 47: "condenação mais severa" - Jul gamento severo aguarda os doutores da lei que abusam de sua autoridade para explorar os in defesos. As viúvas eram particularmente vul neráveis as suas táticas. Ver comentário sobre 1 8, 3 . Jesus denuncia a hipocrisia dos escribas - 45Todos estavam escutando Jesus, e ele disse aos discípu los: 46"Tenham cuidado com os doutores da Lei. Eles fazem questão de andar com roupas compridas, e gostam de ser cumprimentados nas praças públicas. Gostam dos primeiros lugares nas sinagogas e dos postos de honra nos banquetes. 47No entanto, exploram as viúvas e roubam suas casas, e, para disfarçar, fazem longas orações. Por isso, eles vão receber condenação mais severá'. 20, 45-47: Me 12, 38-40; Mt 23, 6-7; Lc l i , 43; 14, 7-1 1 . 2 1 A oferta da viúva - 1Erguendo os oÍhos, Jesus viu pessoas ricas que depositavam ofertas no Tesouro do Templo. 2Viu também uma viúva pobre que depositou duas pequenas moedas. 3Então disse: "Eu garanto a vocês: essa viúva pobre depositou mais do que todos. 4Pois todos os outros depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva, na sua pobreza, depositou tudo o que possuía para viver". 21, 14 Me 12, 41-44. COMENTÁRIOS � 21, 2: "duas pequenas moedas" - Li .. teralmente, "duas leptas". Essas eram as moedas (dos judeus) menos valiosas em cir- culação. Dentro do recinto do templo, havia mais de uma dúzia de recipientes para diferen tes tipos de doações (CIC 2544) . I I I Cadernos de estudo bíblico O aviso sobre a destruição do templo - 5 Algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa. Então Jesus disse: 6"Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído." 7Eles perguntaram: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?" ªJesus respondeu: "Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: "sou eu" E ainda: 'O tempo já chegou'. Não sigam essa gente. 9Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, masnão será logo o fim". 21, 5-23: Mt 24, 1 - 19; Me 13 , 1 - 1 7. • 21, 6: Lc 19 , 43-44; Me 14, 58 ; 1 5, 29; Ar 6, 14. 21, 7: Lc 1 7, 20; At 1 , 6. • 21, 8: Lc 1 7, 23; Me 13 ,2 1 ; 1 Jo 2, 1 8. • Alegoricamente,36 a oferta da viúva significa a pureza da Igreja em concraste com a infiel Jerusalém, que dá a Deus apenas o que lhe sobra. A Igreja é a viúva cujo marido, Cristo, morreu por ela. Ela vive na pobreza de espí rito e doa devotamence ao tesouro do Senhor as duas moedas da caridade - o amor a Deus e ao próximo. 21, 5-36: O Sermão de Jesus no Monte das Oliveiras prediz a devastação de Jerusalém que está por vir, em urna linguagem que faz uso de diversas imagens e ternas do Antigo Testamen to (2 1 , 6, 24) . Suas palavras foram confirma das urna geração mais tarde, quando os roma nos destruíram a cidade e o Templo no ano 70 d.C. A catástrofe foi urna prévia histórica do fim do mundo, ao mostrar corno o juíw de Deus sobre Israel no final da era da Antiga Ali- ança prefigura o julgamento de todas as nações no final da Nova (CIC 585-86) . Ver Ensaio sobre um Tópico: Fim do Mundo? em Mt 24. 21 , 5: "pedras bonitas" - Herodes, o Grande, começou a reformar e ampliar o Tem plo de Jerusalém em 1 9 a.C. A estrutura era imensa, muitas das suas pedras mediam cerca de 40 metros de comprimemo. De acordo com Jesus, a sua aparência indestrutível é ape nas urna ilusão (2 1 , 6) . Ver comentário sobre Me 13 , 1 . 21, 8: "muitos virão" - A Palestina do primeiro século experimentou urna onda de fervor messiânico. Muitos alegaram ser um "Messias militar", que levaria Israel a derrotar os romanos (At 5, 33-39) . 21, 12: "perseguidos" - Os discípulos de vem identificar-se com Jesus sem medo, ape- Sinais e perseguições - 10E Jesus continuou: "Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. 1 1Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu. 12"Mas, antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome. 13lsso acontecerá para que vocês dêem testemunho. 14Portanto, tirem da cabeça a idéia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; 15porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês. 16E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. 17Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome. 18Mas não perderão um só fio de cabelo. 19É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!". 21, 10: 2 Cr 1 5, 6; Is 19 , 2. • 21, 12-17: Mt 1 0, 1 7-2 1 . • 21, 12: Ar 25, 24; Jo 1 6, 2. • 21, 13: FI 1, 1 2. • 21, 14-15: Lc 12, 1 1 - 12. 21, 16: Lc 1 2, 52-53. • 21, 17: Mt 10, 22; Jo 1 5, 1 8-25. 21, 18: Lc 12, 7; Mt 10,30; At 27, 34; 1 Sm 14, 45. • 21, 19: Mt 10, 22; Ap 2,7. 36 São Beda, ln Marcum. 1 1 2 O evangelho de São Lucas O aviso da destruição de Jerusalém - 20 "Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. 2 1Entáo, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escri turas. 23Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. 24Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se complete". 21, 20-22: Lc 19, 41-44; 23, 28-3 1 ; 17, 3 1 . • 21, 23: Lc 23, 29. • 21, 24: Rm l l, 25; Is 63, 1 8; Dn 8, 13; Ap 1 1 , 2. sar da oposição (Me 8, 38; Jo 16, 2-4, 33) . A perseguição proporcionará oportunidades para proclamar o evangelho. Lucas narra vários des ses episódios em que os crentes são trancados em prisões (At 4, 3; 5, 1 8 ; 8, 3; 1 2, 4; 16, 23) e levados perante reis e governadores (At 25, 23-26, 32) . 21 , 15: "palavras de sabedoria" - Ao contrário dos oradores profissionais que en saiam seus discursos antes de proferi-los, os discípulos só devem se preparar para ser fiéis. Cristo lhes dará as palavras pelo Espírito Santo (Mt 1 0, 20; Me 13 , 1 1 ) . Estêvão foi um exem plo disso por seu poderoso testemunho em Jerusalém (At 6, 9- 1 0) , assim como os outros cristãos primitivos (Atos 4, 8- 14; 26, 24-32) . 21, 16: "pais, irmãos, parentes" - Jesus exige fidelidade heróica que pode prejudicar o relacionamento entre os membros da família ( 14, 26) . Se martirizados ou perseguidos, os fiéis vão "ganhar" suas vidas (2 1 , 1 9) ao entre gá-las por Cristo (9, 24) . 21, 20: "Jerusalém cercada'' - Jesus an tevê o cerco e a destruição de Jerusalém que ocorreu no ano 70 d.C. Alguns estudiosos in ferem a partir desse versículo e de 1 9, 42-45 que Lucas deve ter escrito seu Evangelho de pois da catástrofe de 70 d.C. A alegação é que o texto de Lucas nessas passagens refletem o conhecimento do evento como parte do passa do. Duas considerações lançam dúvidas sobre a validade dessa interpretação. (1) A linguagem do discurso de Jesus em Lucas inspira-se for temente no texto e nas imagens dos oráculos de julgamento destinadas a Jerusalém no An tigo Testamento. Jesus formulou suas próprias profecias dessa forma para alertar os fiéis que Jerusalém seria devastada por suas iniqüidades no primeiro século d.C., tal como tinha sido no século VI a.C. Qr 6, 6-8; 52, 4; Ez 4, 1 -3) . Dizer que Lucas seja dependente dos relatórios reais do evento é minimizar o caráter profético do discurso de Jesus e sua distinta plausibilida de bíblica. (2) Não há nada de especial sobre a descrição de Lucas indicando que ele tenha conhecido os detalhes da queda de Jerusalém. Embora as tropas romanas cercaram e destruí ram a capital, as operações militares descritas por Lucas eram comuns no mundo antigo para derrubar cidades muradas. Ver Introdu ção: Data e comentário sobre Mt 24, 1 5 . lJJ 21 , 22: "esses dias são de vingança" - Deus enviará maldições da aliança sobre Jerusalém por rejeitar seu Messias (Dn 9, 25-27) . • Essa expressão é usada no Antigo Testa mento grego para um tempo de julgamento divino que cai sobre Israel ao abandonar o Senhor pela idolatria e iniquidade (Dt 32, 35; Os 9 , 7) . l l 3 Cadernos de estudo bíblico A vinda do Filho do Homem - 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. 260s homens desmaiarão de medo e an siedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados. 27Entáo eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. 28Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima". 21, 2S-27: Me 24, 29-30; Me 13, 24-26. • 21, 25: Ap 6, 12-13; Is 13, lO; JI 2, 10; So 1, 1 5 . • 21, 27: l..c 9, 27; Dn 7, 13- 14. • 21, 28: !..e 18, 7-8. ITI 21 , 24: Jesus descreve as atrocidades a � Jerusalém adiantadamente, indicando que as nações estrangeiras vão desempenhar um papel estratégico na administração da pu nição de Deus (Ap 1 1 , 2) . • Ele extrai várias passagens do Antigo Testa mento que descrevem a destruição de Jerusa lém no passado e as reaplica à sua devastação no futuro próximo (70 d.C.) . Vítimas mortas pela espada recordam Jr 2 1 , 7 e Ez 39, 23; a cidade pisada evoca Is 63, 1 8 , Dn 8 , 1 3 , e 1 Me 3, 45 ; e os tempos dos pagãos se referem ao uso que Deus faz dos exércitos estrangei ros para castigar Israel, como em Dt 28 , 49 e Zc 14 , 1 -2 . ITI 21 , 25: "sol... lua. .• estrelas" - Per � turbações celestiais figuram em muitasprofecias do Antigo Testamento que retratam a destruição dos reinos pagãos pelo Senhor (Is 13 , 9- 1 0; Ez 32, 7; Jl 2, 1 0, 3 1 ) . Ver comentá rio sobre Me 1 3, 24-25 . "Barulho do mar": Uma imagem das nações estrangeiras enfurecidas e prontas para a batalha. • Isaías usa essas imagens para a nação que Deus suscita a fim de punir a rebelde Israel (Is 5, 30) . Também retrata a ira de Deus a devastar seus inimigos (Sb 5 ,22) . 21 , 27: "Filho do Homem'' - Jesus vai punir Jerusalém com o julgamento divino, enquanto leva a "redenção" aos seus discípulos fiéis (2 1 , 28) . Ver Ensaio sobre um Tópico: je sus, o Filho do Homem, em Lc 17. 21 , 29-31 : A curta parábola da figueira defende a oração constante e a prontidão ( 1 2, 35-40; 22, 40, 46) . Os discípulos devem estar alerta em todos os momentos, para que não cessem sua busca da santidade (2 1 , 36) . As tribulações são inevitáveis antes do dramático início do julgamento divino e a vinda do seu reino (At 14, 22; CIC 261 2) . Ver comentário sobre Me 1 3, 35 . 21 , 32: "esta geração" - Jesus insiste que o julgamento de Deus cairá sobre Jerusalém enquanto seus contemporâneos ainda vivem (70 d.C.) . ITI 21 , 33: "O céu e a terra'' - Nem mes � mo o universo estável vai durar mais que as palavras de Jesus. . A lição da figueira - 29E Jesus contou uma parábola: "Olhem a figueira e todas as árvores. 30Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. 31Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto. 32Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. 330 céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. 1 1 4 O evangelho de São Lucas Exortação à vigilância - 34Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. 35Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra. 36Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem." 37De dia, Jesus ensinava no Templo. Ao anoitecer, ele saía, e passava a noite no chamado monte das Oliveiras. 38De manhã cedo, todo o povo ia ao Templo para ouvi-lo 21, 34: Lc 12. 45; Mc 4. 19; 1 Ts 5, 6-7. • 21, 36: Me 13, 33. · 21, 37: Lc 19, 47; Me 1 1 , 19. • O Antigo Testamento realça também a perma nência da Palavra de Deus, em contraste com a impermanência da criação (SI 1 02, 25-27; Is 40, 8; 5 1 , 6) . Ver comentário sobre Me 24, 35 . 21, 36: "ficarem de pé" - ou seja, resistir a tentação e apresentar-se ao Juiz divino com confiança (Ef 6, 13 ; lJo 2, 28) . 2 2A conspiração para matar Jesus - 'Estava próxima a festa dos Ázimos, que se chamava Páscoa. 20s chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei procuravam maneira de acabar com Jesus, pois tinham medo do povo. 3Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos Doze. 4Então ele saiu, e foi tratar com os chefes dos sacerdotes e com os oficiais da guarda do Templo, sobre a maneira de entregar Jesus. 5Eles ficaram alegres, e combinaram dar-lhe dinheiro. 6Judas concordou, e começou a procurar uma boa oportunidade para entregar Jesus, sem que o povo ficasse sabendo. 22, 1-2: Mc 26, 2-5; Me 14. 1 -2; Jo 1 1 . 47-53. • 22, 3-6: Me 26, 14- 16; 14, I0-1 l ; Jo 13, 2. COMENTÁRIOS 22, 1: "a festa" - A festa dos Pães Ázi mos e da Páscoa ocorriam em conjunto na primavera (Lv 23, 4-8; Ez 45 , 2 1 ) , quando milhares viajavam a Jerusalém para celebrar o festival como uma nação (Dt 1 6, 1 -8) . A Páscoa comemorava a libertação de Israel do Egito e prelibava uma redenção ainda maior no futuro (Ex 12) . A festa era celebrada com uma refeição sagrada de cordeiro, vinho, ervas e pão. A festa dos Ázimos, que começava no mesmo dia que a Páscoa prorrogada por mais seis dias, era um período em que nenhum fer mento (símbolo do pecado, 1 Cor 5, 8) podia ser consumido entre os israelitas. Ver Ensaio sobre um Tópico: Quando Jesus celebrou a Úl tima Ceia? em Jo 1 3 . 22, 3: "Satanás entrou em Judas" - O próprio diabo orquestrou o plano contra Je sus (Jo 1 3 , 27) . Desde 4, 1 3 , ele aguardava A preparação da Páscoa - 7Chegou o dia dos Ázimos, em que se matavam os cordeiros para a Páscoa. 8Jesus mandou Pedro e João, dizendo: "Vão, e preparem tudo para comermos a Páscoa." 9Eles per guntaram: "Onde queres que a preparemos?" 'ºJesus respondeu: "Quando vocês entrarem na cidade, um homem carregando um jarro de água virá ao encontro de vocês. Sigam a ele até a casa onde ele entrar, 1 1e digam ao dono da casa: "O Mestre manda dizer: 'Onde é a sala em que eu e os meus dis cípulos vamos comer a Páscoa?' 12Então ele mostrará para vocês, no andar de cima, uma sala grande, arrumada com almofadas. Preparem tudo aí." 1 30s discípulos foram, e encontraram tudo como Jesus havia dito. E prepararam a Páscoa. 22, 7-13: Mc 26, 17- 19; Me 14, 12- 16. • 22, 7: F.x 1 2, 18-20; De 1 6, 5-8. - 22, 8: At 3, l; Lc 19, 29. 1 1 5 Cadernos de estudo bíblico Jesus institui a Eucaristia - 14Quando chegou a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos. 15E disse: "Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer. 16Pois eu lhes digo: nunca mais a co merei, até que ela se realize no Reino de Deus." 17Então Jesus pegou o cálice, agradeceu a Deus, e disse: "Tomem isto, e repartam entre vocês; 18pois eu lhes digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus." 19A seguir, Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, o partiu e distribuiu a eles, dizendo: "Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim." 20Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova aliança do meu sangue, que é derramado por vocês. 2 1Mas vejam: a mão do homem que me atraiçoa está se servindo comigo, nesta mesa. 22Sim, o Filho do Homem vai morrer, conforme Deus determinou, mas ai daquele homem que o está traindo!" 23Então os apóstolos começaram a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer tal coisa. 22, 14: Me 26, 20; Me 14, 17 ; Jo 13 , 1 7. · 22, 15: Lc 1 2, 49-50. · 22, 16: Lc 14, 1 5 . - 22, 17: Me 26, 27; Me 14 , 23; 1 Cor 1 0, 1 6. • 22, 18: Me 26, 29; Me 14, 25. · 22, 19: Me 26, 26; Me 14, 22; !Cor 1 0, 16; 1 1 , 23-26; Lc 9, 1 6. - 22, 21-23: Me 26, 2 1 -24; Me 14, 1 8-2 1 ; SI 4 1 , 9; Jo 13, 2 1 -30. uma "oportunidade" (22, 6) para atacar, e o momento chega quando o frágil compromis so de Judas com Jesus é finalmente rompido (22, 48) . 22, 4: "oficiais da guarda'' - Levitas que serviam como polícia do Templo em Jerusalém (At 22, 52; 4, l ; 5, 24-26) . 22, 10: "na cidade" - Jerusalém. "homem . . • jarro de água'': uma visão in comum. Tirar e transportar água era normal mente uma tarefa de mulher Oo 4, 7) . 22, 14-23: A Última Ceia, quando Jesus se reuniu com os seus apóstolos para transformar a Páscoa da Antiga Aliança em banquete sacri fical da Nova Aliança. Como a Páscoa lembra a libertação de Israel do Egito, a Eucaristia co memora e realiza nossa libertação do cativeiro do pecado. Jesus reconfigura esta festa antiga, colocando-se no centro de seu significado: ele é o verdadeiro cordeiro oferecido pelo pecado e dado como alimento para a família de Deus Oo 1 :29; l Cor 5: 6-8; CIC 1 1 5 1 , 1 340) . 22, 17: "pegou o cálice" - A refeição da Páscoa (Seder) era estruturada em torno de quatro cálices de vinho. Aqui Jesus toma o primeiro ou o segundo cálice; estava santifi cando a festa (cálice um) ou ele e os discípulos tinham acabado de cantar o Salmo 1 1 3- 1 14 (cálice dois) . O cálice eucarístico que Jesus consagra em 22, 20 era provavelmente o cálice três, o "cálice da bênção'', bebido após a refei ção principal ( l Cor 1 0, 1 6) . � 22, 19: "agradeceu'' - A tradução do a. verbo gregoeucharisteo, da qual o sa cramento da Eucaristia toma o seu nome (CIC 1 359- 1 360) . "o partiu": Os primeiros cristãos associa vam intimamente a Eucaristia com esse gesto, chamando-a de "partir do pão" (24, 35; At 2, 42; 20, 7) . "Isto é o meu corpo": Uma vez que Jesus consagra o pão ázimo, ele não é mais um sím bolo da Páscoa da Antiga Aliança (Dt 16, 3), mas a essência da Páscoa da Nova Aliança: o próprio Cristo (CIC 1 365) . "Façam isto": Os apóstolos e seus sucesso res devem imitar as ações de Jesus. Nota-se que apenas "os Doze" estavam com ele na Última Ceia (Mt 26, 20; Me 14, 1 7) . De acordo com a tradição judaica, a festa era celebrada por fa mílias ou fraternidades de 1 O a 20 pessoas. • De acordo com o Concílio de Trento em I I 6 O evangelho de São Lucas A disputa sobre a grandeza - 24Entre eles houve também uma discussão sobre qual deles deveria ser considerado o maior. 25Jesus, porém, disse: "Os reis das nações têm poder sobre elas, e os que sobre elas exercem autoridade, são chamados benfeitores. 26Mas entre vocês não deverá ser assim. Pelo contrário, o maior entre vocês seja como o mais novo; e quem governa, seja como aquele que serve. 27 Afinal, quem é o maior: aquele que está sentado à mesa, ou aquele que está servindo? Não é aquele que está sentado à mesa? Eu, porém, estou no meio de vocês como quem está servindo. 28Vocês ficaram comigo em minhas provações. 29Por isso, assim como o meu Pai confiou o Reino a mim, eu também confio o Reino a vocês. 30E vocês hão de comer e beber à minha mesa no meu Reino, e sentar-se em tronos para julgar as doze tribos de Israel". 22, 24: Lc 9, 46; Me 14, 22; 1 Cor 10, 16; 1 1 , 23-26; Lc 9, 16. • 22, 25-27: Mt 20, 25-28; Me 10, 42-45; Jo 13, 3-16. • 22, 26: Lc 9, 48. 22, 28-30: Mt 19, 28. • 22, 28: Lc 4, 13; Hb 2, 18; 4, 15. • 22, 29: Me 14, 24; Hb 9, 20. • 22, 30: Me I O, 37, Ap 3, 2 1 ; 20, 4. 1 562,37 as palavras de Jesus "Façam isto em ' Os pastores do povo de Deus devem imitar a memória de mim" estão relacionadas com Cristo na sua humildade e preocupação abne a ordenação dos apóstolos ao sacerdócio da gada por aqueles sob seus cuidados (Jo 13 , 1 2- Nova Aliança. Os sacerdotes perpetuam esse 1 5 ; CIC 894) . memorial através da celebração contínua da Eucaristia, onde o sacrifício de Cristo está definitivamente presente, mas oculto por trás dos sinais visíveis do pão e do vinho (CIC 6 1 1 , 1 337) . Ver Estudo da Palavra: Memória em Lc 22, 1 9 . ITI 22, 20: "é derramado" - É parte da IJU linguagem cultua! do Antigo Testa mento, em que o sangue dos sacrifícios de ani mais era derramado ao pé do altar para fazer expiação (Ex 29, 1 2; Lv 4, 7, 1 8) . É também ligada aos mártires, que derramaram o seu san gue perante Deus (Mt 23, 35; At 22, 20) . "nova aliança'': Uma expressão que, nos Evangelhos, é usada apenas durante a Última Ceia. As epístolas fazem uso com mais freqü ência (Rm 1 1 , 27; 2Cor 3, 6; Hb 8, 6) . 22, 25: "benfeitores" - Um título de honra reivindicado por vários governantes do mundo helênico. 22, 26: "aquele que serve" - Os discípu los não devem confundir a honra e o reconhe cimento mundano com a grandeza espiritual. 37 Sess. 22, cap. 1 . ITI 22, 29: "o Reino" - Jesus confere au � toridade real aos apóstolos e lhes con fia a Igreja na terra ( 1 2, 32) . • Jesus alude à visão profética de Daniel 7, na qual Deus dá um reino mundial ao Filho do homem, que por sua vez o concede aos santos (Dn 7, 1 8 , 22, 27) . No contexto, esses eventos coincidem com a entronização celes te do Filho do Homem (Dn 7, 1 3- 1 4) . O desenvolvimento histórico dessa profecia co meça com a ascensão de Jesus e o nascimento da Igreja (Me 14 , 62; 1 6, 1 9 ; At 7, 56) . ITI 22, 30: "tronos" - Lugares de honra � real. Como o novo rei davídico, Jesus dá aos seus apóstolos uma participação no seu reino que lhes permita exercer a sua autoridade real sobre o povo de Deus ( 1 , 32-33; Mt 1 9, 28) . Ver comentário em Mt 16, 1 9. • O papel dos apóstolos é descrito em termos que lembram como os oficiais do rei Davi go vernaram Israel dos tronos em Jerusalém (SI 1 22, 3-5 ; Is 22, 20-23) . 22, 31-32: Jesus apresenta um interesse es- I I ? Cadernos de estudo bíblico O aviso da negação de Pedro - 3'"Simão, Simão! Olhe que Satanás pediu permissão para peneirar vocês como trigo. 32Eu, porém, rezei por você, para que a sua fé não desfaleça. E você, quando tiver voltado para mim, fortaleça os seus irmãos". 33Mas Simão falou: "Senhor, contigo estou pronto para ir até mesmo para a prisão e para a morte!" 34Jesus, porém, respondeu: "Pedro, eu lhe digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes você negará que me conhece". 22, 3l: Jo 1, 6-12. • 22, 32:Jo 17, 1 5; 2 1 , 1 5- 17. • 22, 33-34: Me 26, 33-35; Me 14, 29-3 l ; Jo 13, 37-38. pecial por Pedro, tanto aqui como em outros dro a recuperar o equilíbrio após seu tropeço, momentos. Pois, embora Satanás vá testar a fé fazendo dele uma fonte de estabilidade para os de todos os discípulos, Jesus reza por Simão outros (CIC 552, 64 1 ) . Ver comentário sobre em particular. Desta forma, Cristo ajuda Pe- Jo 2 1 , 1 5- 17. Bolsa, sacola e espada - 35Jesus perguntou aos apóstolos: "Quando eu enviei vocês sem bolsa, sem sacola, sem sandálias, faltou alguma coisa para vocês?" Eles responderam: "Nada." 36Jesus continuou: ''Agora, porém, quem tiver bolsa, deve pegá-la, como também uma sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma. 37Porque eu lhes declaro: é preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura: 'Ele foi incluído entre os fora da lei". E o que foi dito a meu respeito, vai realizar-se." 38Eles disseram: "Senhor, aqui estão duas espadas." Jesus respondeu: "É o bastante!". 22, 35: Lc 10, 4; Me 10, 9. • 22, 36: Lc 22, 49-50. • 22, 37: Is 53. 12. ITI 22, 37: "incluído entre os fora da � lei" - Jesus vê a sua Paixão pela lente da profecia do Antigo Testamento. • Em particular, ele extrai o trecho da visão de Isaías do Servo Sofredor (Is 53, 1 2) . A figura representa o Messias rejeitado, que é despreza do (53, 3), transpassado (53, 5) , e ferido de morte (53, 8) . Ele é até mesmo contado entre os pecadores, mas é inocente e se oferece como sacrifício pelos pecados dos outros (53, 1 0- 1 2) . O Novo Testamento muitas vezes retrata Jesus como esse Servo Sofredor (Mt 8, 1 7; At 8, 32- 35; 1 Pd 2, 24-25 ; CIC 60 1 , 7 1 3) . 22, 38: "É o bastante!" - Uma expres são de frustração. Embora Jesus tenha falado de espadas metaforicamente em 22, 36 para alertar sobre a batalha espiritual que há de vir, alguns dos discípulos tomaram suas palavras li teralmente. Jesus vai esclarecer seu significado em um episódio posterior, quando repreende Pedro por defendê-lo violentamente com uma espada (22, 49-5 1 ) . 22, 39: "como de costume" - Jesus regu larmente se hospedava fora de Jerusalém du rante a noite (2 1 , 37) . Jesus ora no Monte das Oliveiras - 39Jesus saiu e, como de costume, foi para o monte das Oliveiras. Os discípulos o acompanharam. 4ºChegando ao lugar, Jesus disse para eles: "Rezem para não caírem na tentação." 41Então, afastou-se uns trinta metros e, de joelhos, começou a rezar: 42"Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua!" 43 Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. 44Tomado de angústia, Jesus rezava com mais insistência. Seu suor se tornou como gotas de sangue, que caíam no chão. 45Levantando-se da oração, Jesus foi para junto dos discípulos, e os encontrou dormindo, vencidos pela tristeza. 46E perguntou-lhes: "Por que vocês estão dormindo? Levantem-se e rezem, para não caírem na tentação" . 22, 39: Me 26, 30; Me 14, 26;Jo 18, 1. • 22, 40-46: Me 26, 36-46; Me 14, 32-42; Hb 5, 7-8. · 22, 40: Lc 1 1 , 4. • 22, 42: Me 10, 38; Jo 18, 1 1 ; 5, 30. r r 8 O evangelho de São Lucas A traição e a prisão de Jesus - 47Enquanto Jesus ainda falava, chegou uma multidão.Na frente vinha o chamado Judas, um dos Doze. Ele se aproximou de Jesus, e o saudou com um beijo. 48Jesus disse: "Ju das, com um beijo você trai o Filho do Homem?" 49Vendo o que ia acontecer, os que estavam com Jesus disseram: "Senhor, vamos atacar com a espada?" soE um deles feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. si Mas Jesus ordenou: "Parem com isso!" E tocando a orelha do homem, o curou. s2Depois Jesus disse aos chefes dos sacerdotes, aos oficiais da guarda do Templo e aos anciãos, que tinham ido para prendê-lo: "Vocês saíram com espadas e paus, como se eu fosse um bandido? s3Todos os dias eu estava com vocês no Templo, e nunca puseram a mão em mim. Mas esta é a hora de vocês e do poder das trevas". 22, 47-53: Me 26, 47-56; Me 14 , 43-49;Jo 18, 3-1 1 . • 22, 49: lc 22, 38 . • 22, 53: lc 19, 47. 22, 40: "ao lugar" - O jardim do Gec sêmani, a leste de Jerusalém (Me 26, 36; Jo 1 8 , 1 ) . 22, 42: "este cálice" - Uma imagem do sofrimento amargo (Is 5 1 , 1 7; Ez 23, 33) . Ver comentário em Me 20, 22. " � f: inh d " J -nao se aça a m a vonta e : esus nao oferece resistência a sua missão designada Qo 4, 34; 6, 38) . O Pai responde a essa oração não removendo a paixão, mas fortalecendo o Filho para suportá-la (Hb 5, 7-9; CIC 2824, 2849) . • Como homem, Jesus recua diante da pers pectiva do sofrimento. Sua angústia é inten sificada pela sua clarividência, sabendo que ele vai sentir dor em seu corpo e suportar o peso terrível dos pecados do homem na cruz. Mesmo assim, Jesus é obediente até a morte (Fl 2, 8) . 22, 43: "um anjo" - Um detalhe somente em Lucas. Anjos estavam igualmente presentes na tentação de Jesus no deserto (Me 4, 1 1 ; Me 1 , 1 3) . Ver comentário sobre Lc 1 , 1 1 . &l.!1 22, 44: "gotas de sangue" - O so � fomento extremo da alma de Jesus se manifesta por meio do seu corpo. • Apesar de Cristo ser uma pessoa divina, a natureza humana que ele assumiu lhe dá toda a capacidade para sofrer e morrer como um homem (Hb 2, 1 4- 1 5) . 22, 48: "com um beijo . . . ?" - Judas dis torce um símbolo de carinho para um de traição. Era parte da sua trama previamente combinada identificar Jesus para os soldados (Me 26, 48) . 22, 50: "um deles" - Simão Pedro Qo 1 8, 1 0) . Jesus tanto repreende como retifica seu Pedro nega Jesus - 54Eles prenderam e levaram Jesus, e o conduziram à casa do sumo sacerdote. Pedro seguia Jesus de longe. 55 Acenderam uma fogueira no meio do pátio, e sentaram-se ao redor. Pedro sen tou-se no meio deles. 560ra, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo. Encarou-o bem, e disse: "Este aqui também estava com Jesus!" 57Mas Pedro negou: "Mulher, eu nem o conheço." 58Pouco depois, outro viu Pedro, e disse: "Você também é um deles." Mas Pedro respondeu: "Homem, não sou, não." 59Passou mais ou menos uma hora, e outro insistia: "De fato este aqui também estava com Jesus, por que é galileu." 60Mas Pedro respondeu: "Homem, não sei do que você está falando!" Nesse momento, enquanto Pedro ainda falava, um galo cantou. 61Então o Senhor se voltou, e olhou para Pedro., E Pedro se lembrou de que o Senhor lhe havia dito: "Hoje, antes que o galo cante, você me negará três vezes." 62Então Pedro saiu para fora, e chorou amargamente. 22, 54-55: Me 26, 57-58; Me 14, 53-54; Jo 18, 12-16. • 22, 56-62: Me 26, 69-75; Me 14, 66-72;Jo 18, 16- 18, 25-27. • 22, 61: lc 7, 13; 22, 34. I I 9 Cadernos de estudo bíblico O escárnio e o espancamento de Jesus - 630s guardas caçoavam de Jesus e o espancavam. 64Cobriam-lhe o rosto, e diziam: "Faze uma profecia! Quem foi que te bateu?" 65E o insultavam de muitos outros modos. 22, 63-65: Me 26, 67-68; Me 14, 65; Jo 18, 22-24. erro (Lc 22, 5 1 ) . 22, 53: "poder das trevas" - O tempo determinado do ataque final de Satanás a Je sus (4, 1 3) . Paulo usa a mesma linguagem (em grego) para descrever o domínio do diabo em Cl 1 , 1 3 . Ver comentário sobre Lc 22, 3. 22, 54: "casa do sumo sacerdote" - Sua residência oficial em Jerusalém Qo 1 8, 28) . Uma vez que a corte judaica normalmente se encontrava em um edifício perto do Templo, a reunião aqui é incomum e sugere que eles consideraram o caso da grande repercussão de Jesus uma situação de emergência. Mateus e Marcos retratam os interrogatórios noturnos de Jesus como um julgamento formal (Mt 26, 57-68; Me 14, 53-65) . 22, 61 : "olhou para Pedro" - O olhar de Jesus provoca vergonha em Pedro por sua co vardia. O choro amargo do apóstolo (22, 62) marca o início de sua restauração (22, 32; CIC 1429) . Ver comentário em Mt 26, 74. 22, 66: "em conselho" - O Sinédrio, que regia os assuntos internos do judaísmo. Era composto por autoridades religiosas de Je rusalém e dirigido pelo sumo sacerdote. Ver comentário sobre Me 14 , 55 . lIJ 22, 67: "Se eu disser" - Jesus detecta malícia em seus acusadores e respon de a eles parafraseando a resposta de Jeremias ao rei Sedecias Qr 38 , 1 5) . • Todo o contexto deste episódio do Antigo Testamento ocorre em paralelo com o julga mento de Jesus : Jeremias foi acusado como um falso profeta por anunciar o destino de Jerusalém, maltratado pelos altos funcioná rios que buscavam a sua morte, e julgado pelo governante da Judéia ar 38 : 2- 1 4) . 22, 69: "de agora em diante" - Jesus an tevê o veredicto do Sinédrio sendo derruba do no tribunal de Deus. Ele usa SI 1 1 O, 1 e Dn 7, 1 3 para prever sua entronização à direita do Pai e sua vindicação como o régio Filho do Homem. Ver comentário em Mt 26, 64. 22, 70: "Vocês estão dizendo que eu sou" - A ambiguidade da resposta de Jesus é mais aparente que real, já que Marcos deixa claro que Jesus aceitou o título de Messias e Filho de Deus (Me 14 , 62) . O Sinédrio ouviu isso claramente, e julgou que a sua resposta cruzava a linha de "blasfêmia" (Mt 26, 65) . Já que apenas os romanos podiam Jesus perante o conselho - 66Ao amanhecer, os anciãos do povo, os chefes dos sacerdotes e os douto res da Lei se reuniram em conselho, e levaram Jesus para o Sinédrio. 67E começaram: "Se tu és o Mes sias, dize-nos!" Jesus respondeu: "Se eu disser, vocês não acreditarão, 68e, se eu lhes fizer perguntas, não me responderão. 69Mas de agora em diante, o Filho do Homem estará sentado à direita do Deus Todo-poderoso." 70Então todos perguntaram: "Tu és, portanto, o Filho de Deus?" Jesus respondeu: "Vocês estão dizendo que eu sou." 7 1Eles disseram: "Que necessidade temos ainda de testemunho? Nós mesmos ouvimos de sua própria boca!" . 22,66: Mt 26, 57; Me 14 , 53; Lc 22, 54. · 22, 67-71: Me 26, 63-06; Me 14 , 6 1-64; Jo 18, 19-2 1 . • 22, 70: Lc 23, 3 ; Mt 27, 1 1 . 1 20 administrar a pena capital na Palestina do Novo Testamento (Jo 1 8 , 3 1 ) , as autoridades judaicas apresenta Jesus a eles como um "rei" e rival de César (23 , 2; CIC 596) . O evangelho de São Lucas ESTUDO DA PALAVRA: MEMÓRIA (LC 22, 1 9) Anamnesis (grego) : uma "lembrançà' ou "me morial". A palavra é usada quatro vezes no, Novo Testamento, três vezes em ligação com a Ultima Ceia. No Antigo Testamento grego, o termo é associado a memoriais litúrgicos. Em um dos casos, o incenso é colocado com o pão ofereci do a Deus no Templo como uma oferenda de memorial (Lv 24, 7) ; em outro, as trombetas são sopradas no momento do sacrifkio para re cordar Israel sobre o Senhor (Nm 10 , 10) . No Novo Testamento, o termo descreve como os sacrifícios de animais da Antiga Aliança apenas lembrava Israel dos seus pecados, !lias eram in capazes de apagá-los (Hb 10, 3). E só sacrifício de Cristo na Cruz que perdoa nossos pecados com eficácia. A sua oferta sacerdotal é então perpetuada ao longo da história, sendo trazida ao presente cada vez que a liturgia eucarística é celebrada. Ao contrário do Antigo Testamento, esse "memorial" litúrgico não só nos faz lembrar da morte redentora de Cristo, mas a reapresenta diante de nós de uma forma sacramental (Lc 22, 1 9; 1 Cor 1 1 , 24-26;CIC 1 34 1 , 1 362) . 2 3Jesus perante Pilatos - 'Em seguida, toda a assembléia se levantou, e levaram Jesus a Pi latos. 2Começaram a acusação, dizendo: ''Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar tributo ao imperador, e afirmando ser ele mesmo o Messias, o Rei." 3Pilatos interrogou a Jesus: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus respondeu, declarando: "É você quem está dizendo isso!" 4Então Pilatos disse aos chefes dos sacerdotes e à multidão: "Não encontro nesse homem nenhum motivo de condenação." 5Eles, porém, insistiam: "Ele está provocando revolta entre o povo, com seu ensinamento. Começou na Galiléia, passou por toda a Judéia, e agora chegou aqui". 23, l: Me 27, 1 -2; Me 1 5. l ; Jo 18, 28. • 23, 2: Lc 20, 25. • 23, 3: Me 27. 1 1 - 1 2; Me 1 5 . 2-3; Jo 1 8, 29-38; Lc 22, 70. • 23, 4: Lc 23, 14; 22, 4 1 ; Me 27, 24; Jo 19, 4, 6; Ae 13, 28. COMENTÁRIOS 23, 1: "Pilatos" - Pôncio Pilatos, o pre feito romano da Judeia entre 26 a 36 d.C. Embora insensível para com os judeus em geral, permanece convencido da inocência de Jesus durante todo o julgamento (Jo 18 , 38 ; 1 9 , 4) . Somente ele tem autoridade para emitir e executar uma pena capital na Judéia (Jo 1 9 , 1 0; At 1 3 , 28) . 23, 2: "subversão entre o nosso povo" - As autoridades de Jerusalém retratam Jesus como uma ameaça à paz romana na Palesti- na (23 , 5 ) . A acusação era de interesse óbvio para Pilatos . "proibindo ... tributo": Uma acusação falsa. Jesus permite a prática, mas salienta que os nossos deveres para com Deus são maiores (20, 1 9-26) . 23, 3: "rei dos judeus?" - Jesus hesita em adotar o título porque Pilatos está pen sando em termos puramente políticos (Jo 6, 1 5) . O reino de Jesus é celestial, não terreno, o que deixa Pilatos sem motivos legítimos 1 2 1 Cadernos de estudo bíblico Jesus perante Herodes - 6Quando ouviu isso, Pilatos perguntou se Jesus era galileu. 7 Ao saber que Jesus estava sob a jurisdição de Herodes, Pilatos o mandou a este, pois também Herodes estava em Jerusalém nesses dias. 8Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois já ouvira falar a respeito dele, e há muito tempo desejava ve-lo. Esperava ver Jesus fazendo algum milagre. 9Herodes o interrogou com muitas perguntas. Jesus, porém, não respondeu nada. 10Entretanto, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei estavam presentes, e faziam violentas acusações contra Jesus. " Herodes e seus solda dos trataram Jesus com desprezo, caçoaram dele, e o vestiram com uma roupa brilhante. E o man daram de volta a Pilatos. 12Nesse dia, Herodes e Pilatos ficaram amigos, pois antes eram inimigos. 23, 8: Lc 9, 9; Ae 4, 27-28. • 23, 9: Me 1 5. 5. • 23, li : Me 1 5, 17-19 ;Jo 19, 2-3. para acusá-lo de desafiar a autoridade roma na (Jo 1 8 , 36) . 23, 4: "Não encontro • . . motivo de con denação." - A narrativa de Lucas enfatiza repetidamente a inocência de Jesus (23 , 1 5 , 22, 4 1 , 47) . 23, 7: "Herodes" - Herodes Antipas, go vernador da Galiléia de 4 ou 1 a.C. até 39 A.D. Pilatos manda Jesus a Herodes por de ferência e algum desinteresse, uma vez que os julgamentos causavam comoção na Galiléia (23 , 5) . Só Lucas menciona o interrogatório de Jesus perante Herodes (23, 8- 1 2) . 23, 1 1 : "roupa brilhante" - Herodes zomba das acusações de realeza (23 , 2) , sem saber da dignidade real de Jesus ( 1 , 32-33) . 23, 12: "Herodes e Pilatos" - Uma ali ança maléfica (At 4, 25-28; 1 Cor 2, 8) . Ver comentário sobre Me 27, 1 . 23, 23: "a gritaria deles aumentava'' - A multidão em Jerusalém coage Pilatos a exe cutar Jesus . Ao questionar a própria lealdade do governador a César, ameaçam denunciá lo ao imperador caso ele recusasse o seu pe dido insistente (Jo 1 9 , 1 2) . 23, 26: "Simão, da cidade de Cirene" - A lei romana concedia aos soldados na Pa lestina o direito de forçar os civis ao serviço temporário (Me 5, 4 1 ) . "carregar a cruz atrás de Jesus": Simbólo do discipulado fiel (Lc 9, 23; 14 , 27) . 23, 26-31 : Jesus adverte as mulheres de Jesus condenado à morte - 13Então Pilatos convocou os chefes dos sacerdotes, os chefes e o povo, e lhes disse: 14"Vocês trouxeram este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Eu já o interroguei diante de vocês, e não encontrei nele nenhum dos crimes de que vocês o estão acusando. 1 5Herodes também não encontrou, pois mandou Jesus de volta para nós. Como podem ver, ele não fez nada para merecer a morte. 16Portanto, vou castigá-lo, e depois o soltarei." 170ra, em cada festa de Páscoa, Pilatos devia soltar um prisioneiro para eles. 18Toda a multidão começou a gritar: "Mate esse homem! Solte-nos Barrabás!" 19Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade, e por homicídio. 20Pilatos queria libertar Jesus, e falou outra vez à multidão. 2 1Mas eles gritavam: "Crucifique! Crucifique!" 22E Pilatos falou pela terceira vez: "Mas que mal fez esse homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo, e depois o soltarei." 23Mas eles continuaram a gritar com toda a força, pedindo que Jesus fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava cada vez mais. 24Então Pilatos pronunciou a sentença: que fosse feito o que eles pediam. 25Soltou o homem que eles queriam, aquele que tinha sido preso por revolta e homicídio, e entregou Jesus à vontade deles. · 23, 14: Lc 23, 4; 22, 4 1 . • 23, 16: Lc 23, 22; Jo 1 9, 12-14. • 23, 18-23: Me 27, 20-23; Me 1 5, 1 1 -14; Ae 3, 1 3-14; Jo 18 , 38-40; 19 , 1 4- 1 5. • 23, 23-25: Me 27, 26; Me 1 5 , 1 5. 1 22 O evangelho de São Lucas A crucificação de Jesus - 26Enquanto levavam Jesus para ser crucificado, pegaram certo Simão, da cidade de Ciren:e, que voltava do campo, e o forçaram a carregar a cruz atrás de Jesus. 27Uma grande multidão do povo o seguia. E mulheres batiam no peito, e choravam por Jesus. 28Jesus, porém, voltou-se, e disse: "Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim! Chorem por vocês mesmas e por seus filhos! 29Porque dias virão, em que se dirá: 'Felizes das mulheres que nunca tiveram filhos, dos ventres que nunca deram a luz e dos seios que nunca amamentaram.' 30Então começarão a pedir às montanhas: 'Caiam em cima de nós!' E às colinas: 'Escondam-nos!' 3 1Porque, se assim fazem com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?" 32Levavam também outros dois criminosos, junto com ele, para ·serem mortos. 33Quando chegaram ao chamado "lugar da Caveirà', aí crucificaram Jesus e os criminosos, um à sua direita e outro à sua esquerda. 34E Jesus dizia: "Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que estão fazendo!" Depois repartiram a roupa de Jesus, fazendo sorteio. 350 povo permanecia aí, olhando. Os chefes, porém, wmbavam de Jesus, dizendo: "A outros ele salvou. que .salve a si mesmo, se é de fato o Messias de Deus, o Escolhido!" 360s soldados também caçoavam dele. Aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, 37e diziam: "Se tu és o rei dos judeus, salva a ti mesmo!" 38Acima dele havia um letreiro: "Este é o Rei dos j udeus." 39Um dos criminosos crucificados o instiltava, dizendo: "Não és tu o Messias? Salva a ti mesmo e a nós também!" 40Mas o outro o repreendeu, dizendo: "Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação? 41Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal." 42E acrescentou: "Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino." 43Jesus respondeu: "Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no Paraíso". 23, 26: Mt 27, 32; Me 1 5, 2 l ; Jo 19, 1 7. • 23, 28-31: Lc 2 1 , 23-24; 1 9, 4 1 -44. • 23, 33-39: Mt 27, 33-44; Me 1 5, 22-32; Jo 1 9, 1 7-24. 23, 34: At 7, 60; Sl 22, 18 . • 23, 35: Lc 4, 23. • 23, 36: Me 1 5, 23; Sl 69,2 1 . • 23, 41: Lc 23, 4; 1 4, 22. • 23, 43: 2 Cor 12, 3; Ap 2, 7. Jerusalém que outra tragédia está indo para sua cidade. Ela logo seria destruída pelo cerco, guerra e incêndio em 70 d.C. Mesmo a es terilidade vai parecer uma bênção nestes dias terríveis. Ver comentário em Lc2 1 , 5-36. lII 23, 30: "Caiam em cima de nós! ... Escondam-nos!" - Expressões de agonia e desespero extraídas de Os 1 O, 8. • Em seu contexto original, Oséias procla mou a condenação no reino do norte de Is rael (Samaria) por abandonar o Senhor em favor dos ídolos. Já que os israelitas ignora ram os avisos do profeta, foram esmagados pelos assírios no século VIII a.C. . Jesus redi reciona esse oráculo de Samaria a Jerusalém, que também vai sentir o gosto amargo da guerra e da devastação por sua impenitência prolongada (Ap 6, 1 6) . como a árvore verde, úmida e imprópria para fazer fogueira, ainda há tempo de se arrepen der e acolher o Messias . A rebelião persisten te, porém, irá tornar Jerusalém seca e apta para ser queimada. • Jesus faz alusão a condenação de Ezequiel de Jerusalém, no século VI a.C. , expressando que, mais uma vez, a cidade rebelde vai se tornar lenha para as chamas do juízo divino (Ez 1 5 , 1 -8 ; 20, 47) . Ao dirigir isso às fiéis "filhas de Jerusalém" (Lc 23, 28) , pode ser que esteja identificando com as "filhas" justas da cidade que vai escapar da catástrofe pela misericórdia de Deus e tornar-se uma fonte de consolo para os outros (Ez 1 4, 22) . 23, 33: "da Caveira" - Um tradução do aramaico "Gólgotà' (Me 1 5 , 22) . "crucificaram'': Os romanos reservavam lII 23, 31 : "a árvore" _ Um símbolo de a crucificação para insurrecionistas e outros al d d e criminosos desprezíveis. Pregadas às vigas de Jerus ém. Enquanto a ci a e ror 1 2 3 Cadernos de estudo bíblico A morte de Jesus - 44Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a região até às três horas da tarde, 45pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio. 46Então Jesus deu um forte grito: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito." Dizendo isso, expirou. 470 oficial do exército viu o que tinha acontecido, e glorificou a Deus, dizendo: "De fato! Esse homem era justo!" 48E todas as multidões que estavam aí, e que tinham vindo para assistir, viram o que havia acontecido, e voltaram para casa, batendo no peito. 49Todos os conhecidos de JesllS, assim como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram à d.istârtcia, olhándo essas coisas. 23,44-49: Mr 27, 45-56; Me 1 5, 33-41 ; Jo 19, 25-30. • 23,45: Ex 26, 3 1 -35; Hb 9, 8; 10, 19. • 23, 46: 51 3 1 , 5. • 23, 49: Lc 8, 1-3; 23, 55-56; 24, 10. madeira, as vítimas sofriam mortes excru ciantes pela perda gradual de sangue e asfi xia. Ironicamente, o que parecia ser a derrota total de Jesus tornou-se o sinal de sua vitória e o instrumento de salvação para o mundo ( 1 Cor 2 , 2 ; 1 P d 2 , 24) . ITI 23, 34: "Pai, perdoa-lhes!" - Jesus LJU mostra misericórdia para com seus algozes ( 1 Pd 2, 23) , ao constatar que estão pecando na ignorância (Atos 3, 1 7; l Cor 2, 8) . Estêvão do mesmo modo orou por seus inimigos antes de morrer (At 7, 60; CIC 597, 2635) . • "Repartiram a roupa'': Os algozes ha bitualmente despojava a vítima de quaisquer pertences restantes. • A Paixão de Jesus é semelhante ao mecanis mo de SI 22, que narra a rejeição e a vindica ção final do sofredor justo. A divisão do ves tuário ecoa o SI 22, 1 8 , a crucificação lembra o SI 22, 1 6, e o escárnio da multidão evoca o SI 22, 6-7. De acordo com Mt 27, 46 e Me 1 5 , 34, Jesus recitou a primeira linha de SI 22 na cruz. Ver comentário sobre Mt 27, 46. 23, 38: "um letreiro" - De acordo com a prática romana, os criminosos exibiam um sinal inscrito com as acusações apresentadas contra eles. O letreiro de Jesus foi escrito em três línguas (Jo 1 9 , 20) . 23, 42: "lembra-te de mim'' - O ladrão arrependido talvez tenha zombado de Jesus anteriormente (Me 1 5 , 32) . Sua conversão na hora final é manifesta por sua percepção: ele não vê a morte de Jesus como o seu de saparecimento, mas aguarda com expectativa a vinda do seu reino. A promessa do "Paraí so" (Lc 23, 43) é generosamente despropor cional ao simples pedido do homem (CIC 1 02 1 ) . Ver o Estudo da Palavra: Paraíso em 2Cor 1 2, 3. 23, 44: "meio-dia. • . três horas da tarde" - Do meio-dia até as três da tarde, quando o horário mais luminoso do dia foi envolto pelo "poder das trevas" (22, 53) . Ver comen tário em Mt 27, 45 . 23, 45: "cortina'' - Um dos dois véus que separavam a presença de Deus do seu povo no Templo de Jerusalém. Essa cortina ser rasgada no momento da crucificação indica que o sofrimento de Jesus é um ato sacrifi cal e sacerdotal que abre para nós um novo e vivo caminho para o santuário do céu (Hb 1 0, 1 9-22) . Ver comentário sobre Me 1 5 , 38. ITI 23, 46: "Pai, em tuas mãos" - Je UU sus está em plena posse de si mesmo quando confia até a sua morte aos cuidados do Pai. Sua crucificação é, portanto, um sa crifício voluntário, não um trágico acidente fora do seu controle (Jo 1 0, 1 7- 1 8; Ef 5, 2) . • Jesus faz de SI 3 1 , 5 o seu próprio grito. O 1 24 O evangelho de São Lucas O sepultamento de Jesus - 50Havia um homem bom e justo, chamado José. Era membro do Con selho, 51 mas não tinha aprovado a decisão, nem a ação dos outros membros. Ele era de Arimatéia, cidade da Judéia, e esperava a vinda do reino de Deus. 52José foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. 53Desceu o corpo da cruz, o enrolou num lençol, e o colocou num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. 54Era o dia da preparação da Páscoa, e o sábado já estava come çando. 55 As mulheres, que tinham ido com Jesus desde a Galiléia, foram com José para ver o túmulo, e como o corpo de Jesus tinha sido colocado. 56Depois voltaram para casa, e prepararam perfumes e bálsamos. E no sábado elas descansaram, conforme ordenava a lei. 23, 50-56: Mr 27, 57-61 ; Me 1 5, 42-47; Jo 19, 38-42; Ar 1 3, 29. • 23, 56: Me 1 6, l; Ex 12, 16; 20, 10. salmo todo se move da lamentação ao louvor, expressando tanto a agonia como a confian ça de um sofredor inocente. É porque o so fredor confia na bondade do Senhor que ele antecipa a sua libertação e vindicação final. 23, 47: "oficial do exército" - Um co mandante de cem soldados romanos. "justo": Ou "inocente" . O centurião também professa que Jesus era o Filho de Deus (Mt 27, 54; Me 1 5 ,39) . 23, 51 : "esperava a vinda do reino" - José de Arimatéia arriscou sua reputação de honra como membro da corte judaica, o Sinédrio. Abstendo-se do consentimento, ele se afastou do veredicto contra Jesus (22, 7 1 ) e agora prepara seu sepultamento. Ele é cha mado alhures de "discípulo" (Mt 27, 57; Jo 1 9 , 38) . 23, 53: "túmulo escavado na rocha'' - Posse de José de Arimatéia (Mt 27, 60) . Esses túmulos lembravam pequenas cavernas, com prateleiras semelhantes a bancos nas paredes, e podiam ser usados para enterrar famílias inteiras . Uma grande pedra foi colocada na porta para selar a entrada. (Me 1 6, 4) . 23, 54: "dia da preparação" - Sexta-fei ra. Como o descanso do sábado começava ao anoitecer, Jesus foi sepultado rapidamente em um túmulo perto da cidade Oo 1 9, 42) . 23, 56: "perfumes e bálsamos" - O pou co tempo entre a morte de Jesus e o início do sábado permitiu alguma preparação do corpo, mas não os procedimentos habituais completos Oo 1 9, 39) . As mulheres retorna ram para terminar no domingo que não foi concluído na sexta-feira (Lc 24, 1 ) . 1 2 5 Cadernos de estudo bíblico 2 4A Ressurreição de Jesus - 1No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. 2Encontraram a pedra do túmulo removida. 3Mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus, 4e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens, com roupas brilhantes, pararam perto delas. 5Cheias de medo, elas olhavam para o chão. No entanto, os dois homens disseram: "Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? 6Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se de como ele falou, quando ainda estava na Galiléia:7'0 Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado, e ressuscitar no terceiro dia'." 8Entáo as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. 9Voltaram do túmulo, e anunciaram tudo isso aos Onze, bem como a todos os outros. 10Eram Maria Madalena, Joana, e Maria; mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos. 1 1Contudo, os apóstolos acharam que eram tolices o que as mulheres contavam e não acreditaram nelas. 12Pedro, porém, levantou-se e correu para o túmulo. Inclinou-se, e viu apenas os lençóis de linho. Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido. 24, l-9: Mt 28, l; Mc 16, l-7; Jo 20, l; 1 1 - 1 3. • 24, 6: l.c 9, 22; 1 3, 32-33. • 24, 10: Me 16, l; l.c 8, l -3; Jo 20, 2. COMENTÁRIOS 24, 1 -53: A ressurreição de Jesus coroa a história de todos os quatro Evangelhos (Mt 28, 1 - 1 0; Me 1 6, 1 -8; Jo 20, 1 - 1 8) . Em Lu cas, o desaparecimento de Jesus do túmulo é apenas a evidência inicial da sua ressurreição. Ele logo aparece aos seus discípulos (24, 3 1 , 36) , come na presença deles (24, 42) , e os convida a tocar em seu corpo ressuscitado (24, 39) . Existem algumas das "muitas provas" que comprovam o milagre da Páscoa (At l , 3; CIC 640-44) . 24, 1 : "primeiro dia'' - Domingo. O dia de sábado (Sabbath) é o último dia da sema na judaica (Gn 2, 1 -3) . Os primeiros cristãos chamavam o domingo de "dia do Senhor", para comemorar a ressurreição de Cristo e celebrar a Eucaristia (ver At 20, 7; Ap l , 1 0; CIC 1 1 66, 2 1 74) . 24, 4: "dois homens" - São anjos, de acordo com 24, 23 (Mt 28, 2; At l , 1 0) . 24, 10: "Maria Madalena'' - A primeira pessoa conhecida a ver Jesus ressuscitado (Me 1 6, 9; Jo 20, 1 1 - 1 8) . Ela havia sido discípula há tempos. (Lc 8, 2) . 24, 12: "Pedro .. . levantou-se" - Simão corre para o túmulo vazio, acompanhado pelo apóstolo João Qo 20, 3-9) . Sua verifi cação confirma a notícia do desaparecimento de Jesus . 24, 13: "Emaús" - Uma vila da Judéia de localização incerta ( 1 Me 9, 50) 24, 18: "Cléofas" - Provavelmente o mesmo "Cléofas" de Jo 1 9 , 25 . A tradição cristã primitiva o identifica como o irmão de José, o pai adotivo de Jesus (3 , 23) , e o pai de Simão / Simeão, o segundo bispo de Jerusalém.38 ITl 24, 19: "poderoso em ação e pala � vras" - Moisés é descrito nestes ter mos em At 7, 22. Isso expressa que Jesus é o profeta prometido semelhante a Moisés anunciado em Deuteronômio 1 8 , 1 5 (At 3, 22-23; 7, 37) . Jesus foi muitas vezes consi derado um profeta por seus contemporâneos (Lc 7, 1 6; Mt 1 6, 1 4; 2 1 , 46; Jo 6, 1 4) . Ver comentário sobre Lc 9, 35 . 3 8 Eusébio, História Eclesiástica 3, 1 1 e 4 , 22. 1 26 O evangelho de São Lucas O caminho de Emaús - 13Nesse mesmo dia, dois discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam a respeito de tudo o que tinha acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles. 160s discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: "O que é que vocês andam conversando pelo caminho?" Eles pararam, com o rosto triste. 1 8Um deles, chamado Cléofas, disse: "Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aí aconteceu nesses últimos dias?" 19Jesus perguntou: "O que foi?" Os discípulos responderam: "O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo. 20Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo, 23e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus." 25Então Jesus disse a eles: "Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?" 27Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando." Então Jesus entrou para ficar com eles. 30Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles. 31Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: "Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?" 33Na mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze, reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: "Realmente, o Senhor ressuscitou, e apareceu a Simão!" 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão. 24, 16: Jo 20, 1 4; 2 1 . 4. • 24, 19: Mr 2 1 , l i ; L: 7, 16; 13 , 33; Ar 3, 22. • 24, 24:Jo 20, 3- 1 0. • 24, 27: Lc 24, 44-45; Ar 28, 23; 1 Pd I, 1 1 . • 24, 28: Me 6, 48 . • 24, 30: Lc 9, 1 6; 22, 19. • 24, 34: ! Cor 1 5 , 5. 24, 21 : "libertador de Israel" - Os via- 8, 32-33) , e a ressurreição (Mt 1 2, 40 ; At 2, jantes desanimados esperavam que Jesus fos se reinar como rei em Jerusalém e salvar sua nação da opressão romana ( 1 9 , 1 1 ; Me 1 1 , 1 O; At 1 , 6) . Suas expectativas não estão em sintonia com o plano de Deus para libertar Israel do pecado e da morte, e não da subju gação política (Mt 1 , 2 1 ; Jo l , 29; CIC 439) . Ver comentário sobre Lc 4, 1 8- 1 9 . 24, 27: "todas as passagens da Escritu ri' - Jesus dá uma visão geral da história da salvação a partir do Antigo Testamento. Sua vida inteira foi predeterminada na Escritura, inclusive o seu nascimento (Mt 1 , 23; 2, 6) , o ministério (4, 1 8- 1 9) , a morte (20, 1 7; At 24-28; CIC 60 1 , 652) . ri.li 24, 30: "tomou ... abençoou ... par � tiu ... deu" - A seqüência de ações que lembram o relato da Última Ceia (22, 1 9 ; Mt 26, 26) . Aqui os discípulos encon tram com Cristo de uma forma espiritual, discernindo sua presença na refeição (24, 35 ) . Ver comentário sobre Mt 14 , 1 3-2 1 . • A estrutura do episódio de Emaús reflete a estrutura da liturgia eucarística, em que Jesus se dá à Igreja na palavra e nos sacramentos, na proclamação da Escritura (24, 27) e no Pão da Vida eucarístico (24, 30, 35 ; CIC 1 346- 1 347) . 1 27 Cadernos de estudo bíblico Jesus aparece aos seus discípulos - 3�Ainda estavam falando, quando Jesus apareceu no meio deles, e disse: "A paz esteja com vocês." 37Espantados e cheios de medo, pensavam estar vendo um espírito. 38Então Jesus disse: '.'Por que vocês estão perturbados, e por que o coração de vocês está cheio de dúvidas? 39Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem-me e vejam: um espírito não tem carne e ossos, como vocês podem ver que eu tenho." 40E dizendo isso, Jesus mostrou as mãos e os pés. 4 1E como eles ainda não estivessem acreditando, por causa da alegria e porque estavam espantados, Jesus disse: "Vocês têm aqui alguma coisa para comer?" 42Eles okreceram a Jesus um pedaço de peixe grelhado. 43Jesus pegou o peixe, e o comeu diante deles. «Jesus disse: "São estas as palavras que eu lhes falei, quando ainda estava com vocês: é preciso que se cumpram tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos." 45Entáo Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras. 46E continuou:''.Assim está escrito: 'O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém'. 48E vocês são testemunhas disso: 49Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto". 24, 36-43: Jo 20, 1 9-20, 27; Jo 2 1 , 5; 9- 13 ; 1 Cor 1 5, 5; At 10, 40-4 1 . • 24, 39: lJo l, 1 . • 24, 44: L: 24, 26-27; At 28, 23. 24, 46: Os 6, 2; 1 Cor 1 5, 3-4. • 24, 47: At !, 4-8; Mt 28, 1 9. • 24, 49: At 2, 14; Jo 14, 26 20, 2 1 -23. 24, 35: "partiu o pão" - Entre os judeus era um gesto cerimonial que iniciava a ce lebração de uma refeição comum. Entre os cristãos era usado como uma descrição da liturgia eucarística (At 2, 42; 20, 7; CCC 1 329) . 24, 39: "minhas mãos e meus pés" - As marcas dos pregos demonstram que o corpo ressuscitado de Jesus é o mesmo corpo que foi crucificado apenas alguns dias antes (CIC 645) . A evidência da sua ressurreição se torna incontestável a partir do seu desaparecimento (túmulo vazio) , das suas várias aparições (24, 34; 1 Cor 1 5 , 4-8) , e agora de um exame direto das suas feridas Qo 20, 27) . • Analogamente,39 o corpo ressuscitado de Je sus prefigura os corpos ressuscitados dos san tos. Ao nos convencer da sua própria ressur reição, também nos assegura a natureza física da nossa própria ressurreição no último dia. • O corpo ressuscitado de Jesus é verdadeira mente físico, mas não mais terreno, já que a 39 Santo Ambrósio, ln Lucam. sua humanidade é agora incorruptível e do tada de condições espirituais . Ele reina para sempre em um corpo humano que pode pas sar por portas trancadas Oo 20: 1 9) , desapa recer à vontade (Lc 24, 3 1 ) , e não está mais sujeito às limitações de tempo, espaço, e leis da natureza (CIC 646, 659) . Ver comentário sobre 1 Cor 1 5 , 42-44 . 24, 44: "Moisés . . . Profetas . . . Salmos" - Reflete uma divisão clássica do Antigo Testa mento em três partes . A terceira divisão é por vezes chamada de "escritos" , ou os "outros livros" , como no prólogo do livro do Ecle siástico. 24, 46: "'O Messias sofrerá'' - Um mistério predito no An tigo Testamento (At 3 , 1 8 ; 1 7, 3) . • A zombaria e rejeição a Jesus recordam os SI 3 1 , 69, 1 1 8 , e Is 50, 6. Sua agonia e crucifica ção são retratadas no Salmo 22 e 53 . "no terceiro dia'': Uma ênfase nas pre dições do próprio Jesus (9, 22; 1 8 , 33; 24, 6-7) . • Os acontecimentos do Antigo Testamento 1 2 8 O evangelho de São Lucas A ascensão de Jesus - 50Entáo Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até Betânia. Aí, ergueu as mãos e os abençoou. 5 1Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu. 52Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria. 53E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus. 24, Sl: Ar l , 9-1 1 . • 24, 52-53:At I, 12- 14. são muito variados . (1) Isaac ficou por crês dias sob uma sentença de morte, até que Deus interveio para dar-lhe de volca vivo a Abraão no terceiro dia (Gn 22, 4, 1 3) . Essa foi uma prévia histórica da ressurreição de Jesus para uma nova vida depois de obede cer seu Pai até a morte (Hb 1 1 , 1 7- 1 9) . (2) A experiência de Jonas ao sair da baleia de pois de crês dias em seu estômago prefigura a saída de Cristo do cúmulo depois de crês dias na cerra On 1 , 1 7; Me 1 2 ,40) . (3) Oséias retrata a restauração de Israel do exílio como uma ressurreição no terceiro dia (Os 6, 2) . Já que o Messias representa Israel no sentido mais amplo, englobando canto a sua vocação como seu destino, a própria ressurreição de Cristo inicia a ressurreição de Israel do esta do de morte espiritual (Rm 1 1 , 1 5 , 25-27) . (4) De maneira mais geral, o cerna dos "crês dias" está ligado a um prelúdio da libertação divina (Ex 1 0, 2 1 -23) e um período de pre paração antes de encontrar o Senhor (Ex 1 9 , 1 0- 1 1 ; CIC 702, 1 094) . • Alegoricamente40, Cristo ficou duas noites no cúmulo para resgatar o homem da dupla morte do pecado; porquanto as almas mor rem espiritualmente por causa do pecado, e os corpos morrem fisicamente como uma punição ao pecado. Vitorioso no terceiro dia, 40 São Beda, Homilias 2, 1 0 . Cristo agora ressuscita as nossas almas para a vida nova na graça e, posteriormente, ressus citará os nossos corpos na glória. 24, 47: "perdão" - A Igreja distribui as bênçãos da Nova Aliança por meio da prega ção do evangelho e da administração dos sa cramentos (Mt 28, 1 9-20; Jo 20, 23; At 2,38) . A salvação agora se estende além de Israel para abranger todas as nações (At 1 , 8; CIC 98 1 , 1 1 22) . 24, 49: "prometeu'' - isto é, o Espírito Santo (Gl 3 , 14; Ef 1 , 1 3) . O derramamento do Espírito de Deus foi prometido no Antigo Testamento (Is 44, 3; Ez 36, 26; Joel 2, 28-29) . 24, 50: "Betânia'' - Uma vila a duas mi lhas a leste de Jerusalém (Jo 1 1 , 1 8) . 24, 51 : "levado para o céu'' - A Ascensão de Jesus é o único episódio que também é ci tado no segundo livro de Lucas, os Atos dos Apóstolos. Aqui nenhuma menção é feita dos "40 dias" entre o Domingo de Páscoa e o dia da ascensão (At 1 , 3, 9) . O acontecimen to culmina com a entronização real de Jesus à direita do Pai (Me 1 6: 1 9; Atos 2: 32-35 ; CIC 659-64) . 24, 53: Lucas começa e encerra seu evan gelho no templo de Jerusalém ( 1 , 9) . 1 29 QUESTÕES PARA ESTUDO CAPÍTULO I Para compreender 1 . (cf. l , 1 5) No Antigo Testamento, qual é o significado da profecia de Gabriel de que João Batista "não beberá vinho, nem bebida fermentadà' ? Que outras personagens tinham o mesmo compromisso de João? 2 . (cf. 1 , 28) Que reflexões nos ajudam a entender o significado do título "cheia de graçà' que Gabriel dá a Maria? Por que o grego é mais revelador que a in terpretação tradicional dada por São Jerônimo? Por que a tradução "agraciada" seria inadequada? 3 . (cf. 1 , 35) Por que a expressão "cobrirá com sua sombrà' usada pelo anjo é significativa? Qual passagem do Antigo Testamento usa essa expressão? Nessa passagem, o que foi coberto com a sombra? 4. (cf. Ensaio sobre um TOpico: Maria, Arca da Aliança) Como Lucas recorre às tradições de II Samuel e aos livros das Crônicas para retratar Maria como a Arca da Aliança? Para meditar 1 . (cf. l , 4) Em que medida você está informado sobre sua fé católica? O que você tem feito atualmente para aprendê-la de forma mais plena? 2 . (cf. l , 1 8 , 34) Compare essas duas passagens. São diferentes de que maneira? Como a formulação das perguntas revela que Zacarias hesita e Maria acredita? Se Gabriel tivesse aparecido a você, como você teria feito a pergunta? 3 . (cf. 1 , 25 ) De que modo a expectativa de uma mulher judia sobre a vinda do Messias poderia influenciar o seu desejo de ter filhos? Como a atitude de Isabel em relação a sua esterilidade é também uma característica da psicologia femi nina? Como o cristão deve considerar a gravidez? 4. (cf. Ensaio sobre um TOpico: Maria, Arca da Aliança) Em que aspectos é apro priado comparar Maria à Arca da Aliança? Você conhece quaisquer outras 1 3 0 O evangelho de São Lucas passagens do Novo Testamento em que ela seja comparada com a Arca? Por que essa comparação é importante aos cristãos atuais? CAPÍTULO 2 Para compreender 1 . (cf. Ensaio sobre um Tópico: O Censo de Quirino) Como um olhar mais atento à narrativa da infância no evangelho de Lucas apoiam a competência de Lucas como historiador e da Igreja primitiva como um canal de tradições históricas? 2 . (cf. 2, 7 ) Qual era o significado legal do termo "primogênito" na sociedade antiga? O que o Catecismo da Igreja Católica (ver 499-507) diz sobre Jesus ter nascido da Virgem Maria? 3. (cf. 2, 1 4) Qual é o significado da palavra "paz" no hino dos anjos? 4. (cf. 2, 29-32) Como o Nunc Dimittis de Simeão evoca