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O Método Feldenkrais e a Consciência Corporal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE TEORIA DA ARTE E EXPRESSÃO ARTÍSTICA
DISCIPLINA: CONSCIÊNCIA CORPORAL
PROFESSORA: LETÍCIA DAMASCENO
O DESTINO DO VIAJANTE É ELE MESMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO FELDENKRAIS.
DURVAL CRISTOVÃO DE SANTANA JÚNIOR
JOÃO GUILHERME DE PAULA OLIVEIRA ALMEIDA
JOÃO FELICIANO NETO
HERMINIA FLÁVIA CAVALCANTI MENDES 
ALINE CÍNTIA RODRIGUES DOS SANTOS
RECIFE/2012
INTRODUÇÃO
Ciência e arte são conjugadas em seu método com o objetivo de transformar e aperfeiçoar constantemente as capacidades do praticante. O ucraniano/israelita Dr. Monshé Feldenkrais, que além de pesquisador do movimento, foi físico, engenheiro e matemático. Criou um método dirigido a qualquer pessoa que deseje se reconectar com suas habilidades psicomotoras, mas que tem sido especialmente utilizado por atletas e artistas cênicos, que através da sua abordagem particular ressignificam e complementam os seus treinamentos.
Na Palestina, aos 16 anos, Monshé teve seu primeiro contato com a arte marcial: o jiu-jitsu. Através da análise de fotografias de pessoas em perigo, elaborou um pequeno manual de defesa pessoal no qual sugeria aperfeiçoar os gestos espontâneos de ataque e defesa, ao invés de exercitar-se em posturas predeterminadas. Seu interesse pelas artes marciais foi tanto, que se tornou judoca e foi um dos responsáveis pela implantação do judô na Europa. 
	Numa partida de futebol lesou o joelho, na época os médicos foram bastante céticos quanto às suas possibilidades de vir a andar facilmente e principalmente voltar a praticar esportes. Através da auto-observação e organização do movimento recuperou sua agilidade, essa experiência além de atrair interessados com o mesmo problema, rendeu uma publicação: “Body and Mature Behavior”.
	Consciência pelo movimento e Integração Funcional são as técnicas com as quais denomina seu trabalho de grupo e individual. Tornou-se mundialmente conhecido, trabalhou e conviveu com inúmeros profissionais, cientistas, artistas, pesquisadores, bem como todos aqueles que se interessavam por suas descobertas e sistematizações no campo do desenvolvimento humano. Nosso trabalho se propõe a apresentar e discutir os principais conceitos presentes nas obras de Monshé Feldenkrais.
 
	A Educação Somática é um enorme guarda-chuva que abriga inúmeras técnicas, tais como: Feldenkrais, Alexander, Antiginástica, Eutonia, Ginástica Holística, Continuum, Body Mind Centering, Bartenieff, Pilates, dentre outras. Esse campo teórico-prático tem como eixo de pesquisa e atuação o movimento do corpo no espaço como uma via de transformação de desequilíbrios: mecânico, fisiológico, neurológico, cognitivo e/ou afetivo de uma pessoa.
	Muito hábil, procura criar um clima mágico com suas piadas e casos para mobilizar, transformar, possibilitar ao praticante um encontro consigo mesmo, através de sensações e percepções. 
	“Eu quero que vocês aprendam, mas não sejam ensinados” Ensinar deve ser entendido como determinar ou impor uma estrutura, as lições deveriam levar o individuo a sentir e a experimentar o que é correto para ele, que não deve maltratar o seu corpo indo além dos limites, os exercícios devem ser executados de maneira fácil, confortável e satisfatória. Nesse tipo de prática a força e o empenho demasiado são inapropriados. Ou como nos diz a pesquisadora da UNICAMP Melina Scialom: “Os objetivos do trabalho somático não são realizar treinamentos musculares, mas sim conduzir a descobertas de caminhos e possibilidades de percurso, levando os indivíduos a encontrar organizações somáticas mais eficazes”.[1: FELDENKRAIS, Moshe. Vida e Movimento. São Paulo: Summus, 1988. P. 22][2: SCIALOM, Melina. Warwick Long: articulando Feldenkrais nas artes cênicas.]
	É evidente sua preocupação pedagógica, a aprendizagem (a capacidade de aprender do ser humano) é uma questão recorrente em suas obras, “Não existe nada que distingue uma pessoa da outra, a não ser a aprendizagem adquirida” Socialmente a aprendizagem é o fator mais importante, o que faz a diferença entre os seres humanos é o que eles sabem fazer e principalmente como eles sabem fazer, quase tudo é apreendido. Para tudo que fazemos é importante saber fazer pelo menos de duas maneiras diferentes, do contrário não teremos livre escolha, a aprendizagem importante é a que nos permite fazer o que já sabemos de uma forma nova, quanto mais maneiras de fazer possuirmos maior será nossa liberdade de escolha. Aprendizagem significa ter pelo menos uma outra maneira de fazer a mesma coisa.[3: FELDENKRAIS, Moshe. Vida e Movimento. São Paulo: Summus, 1988. P. 28]
 Nossa auto-imagem geralmente é mais limitada que o nosso potencial, ela é quem guia nossos atos e três fatores a condicionam: hereditariedade (herança biológica imutável), educação (influenciado por conceitos e reações comuns a cada grupo de indivíduos) e a auto-educação que é amplamente determinada pela educação, esse é o elemento mais ativo do nosso desenvolvimento, de todos os fatores envolvidos na nossa aprendizagem somente a auto-educação estaria sob o nosso poder.
	A sociedade está preocupada com a manutenção da letargia, do sono profundo. Todos devem ser domesticados. Padrões de comportamento e valores são instalados no indivíduo, desejos são fabricados, as individualidades são sufocadas pela uniformidade das massas. A sociedade pune duramente os espíritos que não se conformam. Qualquer desejo espontâneo ou impulso pode ser ameaçador, é preciso se ajustar a máscara, reforça-la e reafirmá-la sempre para que a sociedade o reconheça, para que seja um homem bem sucedido. Diz-nos Moshé: “A maior parte das pessoas vive suficientemente ativa e satisfatoriamente atrás das máscaras, a ponto de sufocar mais ou menos sem dor, qualquer vazio que sinta, quando quer que pare e ouça o próprio coração”.
		Sempre através das palavras as ações são guiadas, é uma forma de desconstruir os padrões posturais, os caminhos que já foram cristalizados pelo automatismo em que nosso corpo se entregou, o aluno conduz sua prática através de uma livre interpretação das indicações. 
Outra atividade que num dado momento da prática acompanha as indicações orais é a que Feldenkrais chamou de “interação funcional”, nesse trabalho o indivíduo é tocado, há uma comunicação entre o profissional e o aluno através do toque que cria conforto e dá segurança. Dessa forma o aluno abre mão de suas resistências e se abre para novas informações e sensações. O toque não é invasivo, utilizando uma expressão utilizada por Warwick Long para definir o trabalho feito nas suas aulas, o toque seria “discreto e profundo” e levaria ao entendimento das formas e condutas mais orgânicas e eficientes. 
Essa ideia se liga a compreensão que ele tem sobre a função, que seria qualquer ação habitual que se executa, como andar, deitar, sentar, contorcer-se etc. Atuou diretamente sobre elas, promovendo alterações significativas, eliminando tensões desnecessárias, possibilitando a compreensão do corpo como um todo.
Através da observação interna alcançaremos o autoconhecimento, “uma boa aprendizagem é a que soa como uma descoberta do próprio aprendiz”. Neste caminho o destino do viajante é ele mesmo.[4: FELDENKRAIS, Moshe. Vida e Movimento. São Paulo: Summus, 1988. P.20]
Os exercícios devem ser executados com vagareza suficiente para permitir que o córtex motor, a parte o cérebro que organiza a ação, capte o movimento. Devem ser feitos com cuidado e atenção, são repetidos inúmeras vezes para que os automatismos sejam limpos do cérebro. Dessa forma será possível perceber as sutis diferenças, a maioria das pessoas não são capazes de distinguir as pequenas diferenças, para isso é preciso aumentar nossa sensibilidade e o segredo estaria em diminuir o esforço, pois quando o estímulo é enorme a sensibilidade se torna muito pequena, quando estímulo é muito grande só poderemos perceber as diferenças que são maiores do que ele. Por isso a maioria dos trabalhos é realizadono solo, para que não se tenha nada a fazer, os músculos não estão sendo usados e as pequenas diferenças se tornam mais perceptíveis. Nesta situação é mais fácil perceber que o movimento pode ser feito de uma maneira melhor, pois o que importa não é o que se faz, mas o como se faz, Shakespeare é um gênio não pela engenhosidade de suas histórias que não deixa nada a dever a nenhuma novela mexicana, o que grandioso nele é a “forma”, é o como ele escreveu aquelas histórias que muitas vezes até já existiam na tradição, a grande novidade é a sua maneira de contar. 
Detalharemos nas linhas subsequentes o conceito de auto-imagem, fundamental para compreensão do pensamento de Feldenkrais.
Cada indivíduo se relaciona com o mundo de forma diferente de acordo com sua auto-imagem, para que possamos mudar nosso modo de ação é preciso modificar a imagem própria que nos habita. Nossa auto-imagem compreende quatro componentes, elemento: movimento, sensação, sentimento e pensamento. Quando algum desses elementos da ação desaparece a existência fica comprometida. 
A vida é movimento e a nossa auto-imagem não é estática, mas gradualmente as mudanças são absorvidas e se tornam hábitos Para muitos indivíduos a adolescência é o período de congelamento dessa auto-imagem, as máscaras já estão solidificadas, somente poucos indivíduos são capazes de continuar a desenvolver as suas habilidades. A auto-imagem não é imutável, é o resultado da própria experiência e para modifica-la é preciso valorizar-se como indivíduo. Nosso corpo é carregado de ancestralidade, é preciso respeitar os seus limites, estabelecer uma maior intimidade com nós mesmo e tomar outra postura com relação ao mundo. “Tudo o que fazemos está de acordo com os limites da nossa auto-imagem, e que esta não é mais que um diminuto setor da imagem ideal”.[5: FELDENKRAIS, MOSHE. Consciência pelo Movimento. São Paulo: Summus, 1977. P. 39]
 Completa Moshé :“A maior parte das pessoas não consegue o uso de mais que uma pequena fração de sua habilidade potencial.” É difícil acessar pela consciência nosso corpo inteiro, mas esse ideal não é não é impossível, nós podemos muito mais do que imaginamos. [6: Idem. P.34]
CONCLUSÃO
	O método pode ser uma ferramenta poderosa para o trabalho do ator, pois possibilita uma nova relação com o corpo, estimula micro-percepções que proporcionam grandes diferenças. O ator deve ser capaz de oferecer inúmeras respostas psicomotoras a qualquer situação, o método proporciona uma abertura de possibilidades para ação, e sendo a ação física a alma da personagem, essa abertura se torna uma ferramenta valiosa para criação. Além de possibilitar ao ator um melhor equilíbrio do tônus e uma distribuição mais precisa da energia, evitando desgastes desnecessários, fazendo com que o movimento seja executado da melhor maneira possível.
	Os exercícios de Feldenkrais exigem uma dose incomum de disponibilidade e força de vontade para realizá-los, o que pode não ser tão atraente ao nosso tempo tão cheio de emergências, como disse Warwick: “o trabalho de Feldenkrais é como alguém que observa a grama de um jardim crescer ou mesmo a tinta de uma parede secar” esse movimento interno “discreto e profundo” demanda um tempo, não perceberemos as milhares de variações que estão contidas num movimento se o tempo da nossa pesquisa não for ralentado. Acreditamos que qualidades como maciez, leveza e precisão são sempre bem vindas e imprescindíveis ao trabalho do ator e se o método proporciona essas descobertas não podemos ignorá-lo.
BIBLIOGRAFIA
FELDENKRAIS, Moshe. Consciência pelo Movimento. Trad. Daisy A. C. de Souza. São Paulo: Summus, 1977.
_______________.Vida em Movimento. São Paulo: Summus, 1988.
SCIALOM, Melina. Warwick Long: articulando Feldenkrais nas artes cênicas. 2009. SCIALOM, Melina. Warwick Long: articulando Feldenkrais nas artes cênicas. 2009.

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