Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Prof. Dr. Flávio Buratti 
UNIDADE I
Parasitologia Clínica 
 A motivação pela qual esta disciplina e este curso são extremamente válidos e fundamentais 
consiste em diversos aspectos. Doenças parasitárias estão presentes em todos os cantos do 
mundo, mas, infelizmente, os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento são os que 
apresentam as maiores incidências. Muitos poderão argumentar acerca da posição 
geográfica e argumentar que são países, em sua maioria, de regiões tropicais ou 
subtropicais, o que favoreceria a procriação de vetores ou mesmo dos parasitas. 
Para refletir
 Outros levarão em consideração o descaso das autoridades que são omissas em medidas 
preventivas, informativas ou mesmo de erradicação dos possíveis culpados dessas 
endemias. Ainda poderia ser argumentado acerca da falta de responsabilidade, informação e 
prevenção da própria população, o que favorece que essas doenças continuem a estar 
presentes no nosso dia a dia. 
 Mas ao final das aulas, gostaria que tivesse ficado claro que a culpa não é de um fator 
isolado, e sim da somatória de inúmeros fatores, às vezes maiores que esses que acabei 
de listar. 
Para refletir
 Por isso da importância de profissionais que transmitam esse conhecimento, 
como vocês. 
 A possibilidade de informar, prevenir e orientar os potenciais hospedeiros, assim como 
conscientizar sobre os riscos que estão envolvidos em contágios com qualquer uma dessas 
doenças listadas. Somente assim podemos minimizar os impactos causados por essas 
endemias na população local ou mesmo brasileiras. 
Para refletir
 Não podemos esquecer que as doenças apresentadas não são recentes, estão perpetuadas 
e algumas já controladas por meio de medidas paliativas, prevenção ou mesmo tratamento. 
Mas a necessidade de desenvolvimento de novas drogas para algumas delas ainda, 
infelizmente, acomete milhares de pessoas e ainda causa inúmeras mortes. O papel de uma 
pessoa conscientizada é contribuir com a prevenção e, assim, melhorar a qualidade de vida 
das populações de risco ou mesmo minimizar as consequências de uma infecção como 
essa. 
Para refletir
 As medidas preventivas e de tratamento estão evoluindo, o que faz com que você, 
aluno, esteja em constante manutenção de seu conhecimento, necessitando 
pesquisar, ir atrás, buscar conhecimento sobre as pesquisas de ponta para que 
futuramente seja possível seu uso em grande escala. 
Para refletir
 Cite algumas medidas profiláticas importantes para a prevenção de infecção parasitária. 
Interatividade
 Cite algumas medidas profiláticas importantes para a prevenção de infecção parasitária.
 Lavar as mãos
 Andar calçado
 Estar bem nutrido
 Saneamento básico e despejo de resíduos adequados 
 Educação sanitária, dentre outras 
Resposta
 A Parasitologia é a ciência que estuda o parasitismo. O parasitismo ocorre quando um 
organismo (parasita) vive em associação com outro organismo (hospedeiro), do qual retira os 
meios para sua sobrevivência, causando prejuízos – ou seja, doenças – ao hospedeiro 
durante esse processo.
 As pesquisas em Parasitologia têm como objetivos identificar os processos de 
desenvolvimento de epidemias parasitárias e criar métodos de profilaxia de doenças 
causadas pelos parasitas (tanto em seres humanos quanto em animais).
 Esses organismos podem ser animais, vegetais, fungos, 
protozoários, bactérias ou vírus. Portanto, para definir o 
campo da Parasitologia, o foco não é determinado tipo de 
organismo ou ambiente, mas a constatação de um 
comportamento parasitário em animais e 
desenvolver tratamentos.
 Parasito heteroxênico: é o que possui hospedeiro definitivo e intermediário, ou seja, efetua 
o ciclo obrigatoriamente em dois hospedeiros. Ex.: S. mansoni.
 Parasito monoxênico: é o que possui apenas o hospedeiro definitivo, ou seja, efetua o ciclo 
em um hospedeiro. Ex.: E. vermicularis.
 Parasito oportunista: quando um parasito vive em estado de latência ou de resistência 
dentro de um hospedeiro, mas havendo uma oportunidade (deficiência do sistema imune, por 
exemplo), ele se reproduz intensamente. Ex.: Toxoplasma gondi.
Parasitologia Clínica – Bases gerais e resposta imune 
 Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de 
atividade sexual ou na fase adulta.
 Hospedeiro intermediário: é aquele que apresenta o parasito em fase larvária.
 Profilaxia: prevenção.
Parasitologia – Conceitos básicos
Termos essenciais
 Nomenclatura binária: gênero e espécie; gênero deve ser escrito com a primeira letra 
maiúscula e a espécie deve ser escrita com a primeira letra minúscula; essas palavras 
devem ser escritas sempre grifadas ou em itálico. 
 Ex.: Ascaris lumbricoides ou Ascaris lumbricoides.
 Terminação das palavras indicadoras de doenças parasitárias: ÍASE (KASSAI et al.,1988).
Nomenclatura zoológica
Ação dos parasitos sobre o hospedeiro
 Ação espoliativa: absorção
 Ação tóxica: produção de metabólitos: reações alérgicas
 Ação mecânica: obstrução 
 Ação traumática: formas larvárias de helmintos
 Ação alérgica: penetração da pele por cercárias
 Anóxia: consumo de oxigênio/diminuição do aporte de hemoglobina 
Parasitologia – Conceitos básicos
 São organismos unicelulares eucariotas (isto é, formados por uma única célula, que contém 
diversas organelas vitais e especializadas, apresentando um núcleo diferenciado rodeado 
por uma membrana), representados por amebas, tripanossomas, leishmanias, plasmódios 
e toxoplasmas.
 Possuem geralmente forma biológica.
 Trofozoítos: formas ativas do protozoário, que se alimentam e se reproduzem.
 Cistos: formas de resistência ou transmissão de diversos protozoários, geralmente oriundas 
da transformação do próprio trofozoíto.
 Oocistos: formas de resistência ou transmissão.
Protozoários
 São organismos pluricelulares (isto é, com muitas células), conhecidos como vermes, 
representados por tênias, lombrigas etc.
 Forma biológica:
 Ovo: forma resultante da fecundação sexuada.
 Larva: forma usualmente originada de um ovo, que evoluirá para a fase adulta, podendo 
ser infectante.
 Adulto: fase reprodutiva do helminto.
Helmintos
 Descreva como ocorre uma ação alérgica a exemplo do que ocorre na esquistossomose.
Interatividade
 Descreva como ocorre uma ação alérgica a exemplo do que ocorre na esquistossomose.
Na esquistossomose, a cercária, ao penetrar a pele do indivíduo, provoca uma reação 
inflamatória local, em razão da penetração ativa da forma evolutiva, que acaba por acarretar 
processo alérgico local (urticariforme) bastante intenso. A forma alérgica também pode ocorrer 
em parasitoses intestinais, sobretudo pela proliferação de parasitas na mucosa intestinal 
do indivíduo.
Resposta
 O primeiro aspecto a se considerar é a localização dos parasitas no organismo. Formas 
evolutivas desses patógenos estão localizadas em diferentes ambientes, como o intestino, o 
sangue, a pele, o sistema nervoso central, as fibras musculares e a mucosa vaginal. Essa 
localização diferencial resulta em interação com compartimentos imunes específicos como o 
baço, os linfonodos, a pele, as mucosas etc. Além disso, as diferentes formas evolutivas de 
um mesmo parasita podem interagir com mais de um compartimento do 
sistema imunológico.
 Parasitas apresentam mecanismos de escape do sistema imunológico, cujos principais 
exemplos são descritos a seguir.
 As espécies de Plasmodium, agente etiológico da malária, 
habitam o interior das células hospedeiras (hepatócitos e 
hemácias) e, dessa maneira, conseguem evadir o 
sistema imunológico.
Bases imunológicas 
 As espécies de Plasmodium e de Trypanosoma, além de se esconderem no interior das 
células, apresentam variações nas sequências peptídicas dos antígenos que são alvos do 
sistema imunológico. Esse processo é denominado variação antigênica e obriga o sistema 
imunológico a reconhecer oparasita mais de uma vez.
Bases imunológicas 
 O Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose, e as espécies de Leishmania, causadoras 
da leishmaniose, conseguem invadir macrófagos sem desencadear a liberação de Eros e se 
reproduzir no interior dessas células.
 Diversas espécies de helmintos secretam moléculas semelhantes ao interferon IFN-y. Essas 
moléculas contrabalanceiam os efeitos benéficos da IL-4 secretada pelas células do sistema 
imunológico, o que favorece a permanência do parasita.
 Os nematelmintos apresentam um envoltório espesso capaz 
de resistir aos elementos agressivos liberados 
pelos leucócitos.
 Os esquistossomos produzem enzimas que neutralizam a 
ação de elementos tóxicos pelos leucócitos.
Bases imunológicas 
 Coprologia ou escatologia é um ramo da biologia e da medicina que estuda as fezes. Mais 
especificamente, trata-se do estudo das fezes humanas com objetivo de auxiliar 
no diagnóstico e no prognóstico de doenças do sistema digestivo (renomeado 
“sistema digestório”.
Coprologia 
 A coprologia parasitária põe em evidência e identifica parasitas que vivem no tubo digestivo 
do homem (ou animais), ou aqueles para os quais as fezes constituem o veículo normal das 
suas formas de disseminação no meio exterior.
 A exatidão do exame parasitológico depende de uma estreita colaboração entre o médico 
assistente e o analista.
Coprologia
 Cada parasita necessita de uma técnica específica que lhe é adaptada. Torna-se 
necessário fornecer ao analista os elementos de orientação para a escolha do método, 
tais como:
 Origem geográfica do doente
 Principais sinais clínicos
 Resultados de exames anteriormente efetuados
 Terapêutica em curso ou recentemente efetuada
Aspectos importantes num exame parasitológico de fezes
 Exame macroscópico
 Aspecto microscópico de digestão
 Presença e abundância de certos elementos
 Presença de parasitas 
Coprologia
Coprologia 
Síndromes coprológicas
 Intestinos delgado e grosso possuem funções fundamentais no processo digestivo, assim 
como captação de nutrientes (intestino delgado) e recuperação de água e eletrólitos (intestino 
grosso).
 Diferentes causas podem provocar alterações nessas funções, acarretando uma síndrome 
coprológica, assim como: enterocolites (virais, bacterianas e parasitárias), síndromes de má 
absorção, tumores dos intestinos delgado e grosso, entre outros.
 Isso pode acarretar na presença de sangue oculto e gordura 
(esteatorreia) nas fezes, detectados por exames laboratoriais.
 Coprologia funcional: provas de digestibilidade micro e macroscópica e 
provas bioquímicas.
 Macroscópica: quantidade, cor, odor e forma das fezes; presença de sangue, muco e 
resíduos alimentares, como a gordura.
 Microscópica: sangue, muco e resíduos alimentares melhores avaliados por corantes, fibras 
musculares, tecido conjuntivo, celulose, leucócitos, hemácias, amido, gordura e cristais.
 Provas bioquímicas: presença de pigmentos biliares, 
proteínas íntegras ou não, dosagem de amônia e ácidos e 
pesquisa de sangue oculto e gorduras.
Coprologia 
 A coleta
 Dieta adequada durante 3 dias (carne, leite, batata, feijão e manteiga). As fezes deverão ser 
coletadas no dia seguinte ao final da dieta;
 Quantidade de amostra corresponde ao material de uma evacuação normal; 
 Evitar contaminação de urina; 
 Não utilizar laxantes. 
 Em casos de constipação, utilizar um supositório de glicerina 
e realizar a dieta indicada por 5 dias.
Coprologia 
Coprologia 
Fonte: autoria própria
Coprologia 
Fonte: autoria própria
Coprologia – Resíduos alimentares 
AMIDO CRU AMIDO AMORFO AMIDO INCLUÍDO 
Fonte: acervo pessoal
Coprologia – Resíduos alimentares 
FIBRA VEGETAL
VASO VEGETAL
CELULOSE
Fonte: acervo pessoal
Coprologia – Resíduos alimentares 
ESPORO VEGETAL
PELO VEGETAL
CRISTAL DE CAROTENO
Fonte: acervo pessoal
Coprologia – Resíduos alimentares 
CRISTAL DE 
CHARCOT-LEYDEN
CRISTAL DE COLESTEROL
Fonte: acervo pessoal
FIBRA MUSCULAR MAL 
DIGERIDA
FIBRA MUSCULAR EM 
DIGESTÃO
FIBRA MUSCULAR 
EM DIGESTÃO 
AVANÇADA
Fonte: acervo pessoal
 Qual a importância de se conhecer e reconhecer os diferentes tipos de resíduos 
alimentares?
Interatividade
 Qual a importância de se conhecer e reconhecer os diferentes tipos de resíduos 
alimentares?
Justifica-se sobretudo em razão dos inúmeros quadros de infecções e/ou doenças de origem 
alimentar sem a presença de agente etiológico associado, como exemplos: intolerância a 
glúten, lactose, Ca de colón, diverticulite, entre outros. 
Resposta
 O diagnóstico das infecções parasitárias é um procedimento importante para caracterizar o 
hospedeiro como paciente. A identificação dos parasitas e a sua correlação com a 
sintomatologia apresentada orientam o clínico a realizar o tratamento adequado. 
 Para um correto diagnóstico das doenças parasitárias, deve-se considerar a coleta das 
amostras, o envio dessas amostras ao laboratório e os meios (técnicas) de 
avaliação laboratorial.
 Amostras como fezes, sangue, raspado de pele fornecem o material necessário para a 
identificação dos estágios da maioria dos parasitas; porém algumas formas imaturas de 
parasitas e infecções latentes e ocultas podem não ser facilmente identificadas por técnicas 
convencionais. 
Diagnóstico de doenças parasitárias
 Na interpretação do resultado, nem sempre o achado de um parasita determina uma 
infecção ou doença clínica significativa. 
 A simples presença de um parasita em seu hospedeiro não deve ser considerada evidência 
clara de que ele é o agente etiológico de uma doença que possa eventualmente existir. Os 
exames devem ser utilizados, como qualquer outra técnica laboratorial, para complementar, 
e não substituir observações clínicas.
Diagnóstico de doenças parasitárias
Para efeito diagnóstico, podemos encontrar nas amostras biológicas: 
 parasito inteiro
 fragmentos do parasito
 ovos do parasito
 larvas do parasito
 cistos do parasito
Diagnóstico de doenças parasitárias
 A escolha do melhor método a ser empregado no diagnóstico de uma infecção parasitária 
deve considerar alguns fatores, como: a suspeita diagnóstica, as facilidades das técnicas 
disponíveis, o custo e a eficiência na detecção da infecção. 
 Os exames de fezes são indicados para a maioria dos parasitas intestinais.
 Há técnicas que detectam com maior eficácia ovos pesados.
 Há técnicas que detectam com maior eficácia ovos leves.
 Técnicas específicas de colorações.
 Técnicas sanguíneas.
 Técnicas sorológicas e moleculares.
A escolha do método diagnóstico
Exame macroscópico: detectar vermes adultos ou partes de vermes.
 Ex.: tamisação: que é indicado para a pesquisa de proglótides de Taenia spp.
Exame microscópico: 
 Método de Faust
 Método de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz ou método de sedimentação
 Método de Willis
 Método de Rugai ou Baerman modificado por Moraes
 Método de Hall ou Método de Graham ou fita gomada ou swab anal
 Método de Stoll
 Método Kato-Katz
 Exame direto a fresco
 Exame parasitológico sanguíneo
Métodos ou técnicas de exames parasitológicos
Parasitas patogênicos:
Protozoários:
 Giardia lamblia;
 Entamoeba histolytica;
 Dientamoeba fragilis;
 Cryptosporidium sp.;
 Isospora sp.;
 Cyclospora sp.;
 Microsporidia.
Os parasitas intestinais mais frequentes 
Protozoários 
CISTO DE 
ENTAMOEBA COLI
TROFOZOITO DE 
TRICHOMONAS VAGINALIS
CISTO DE BLASTOCYSTIS 
HOMINIS
Fonte: acervo pessoal
 Helmintos:
-Strongyloides stercoralis;
-Ascaris lumbricoides;
-Enterobius vermicularis;
-Ancilostomídeos
-Trichiuris trichiura;
-Diphyllobothrium latum;
-Taenia sp.;
-Hymenolepis sp.;
-Schistosoma mansoni.
Os parasitas intestinais mais frequentes 
Helmintos
CERCÁRIA DE 
SCHISTOSSOMA 
MANSONI
ASCARIS LUMBRICOIDES -
FÊMEAS
TAENIA SP (ADULTA)
Fonte: acervo pessoal
ATÉ A PRÓXIMA!

Mais conteúdos dessa disciplina