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RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL III 1º Bim

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RESUMO 
 
 
Elaborado por Rodrigo Cunha Ribas 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este singelo resumo foi elaborado pelo acadêmico de Direito Rodrigo 
Cunha Ribas, sendo fruto das anotações em sala de aula feitas pelo 
mesmo. Assim, a leitura deste trabalho não é garantia de bom resultado 
na prova, tendo o intuito de apenas indicar ao aluno o conteúdo 
ministrado pelo Prof. Luís Gustavo de Andrade durante o 1º bimestre de 
2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2013 
 
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ÍNDICE 
 
 
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 
 
4. ESTADO DE DEFESA (art. 136 da CF) 
5. ESTADO DE SÍTIO (art. 137 da CF) 
7. COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS 
8. FORÇAS ARMADAS (arts. 142 e 143 da CF) 
8. SEGURANÇA PÚBLICA (art. 144) 
 
ORDEM FINANCEIRA 
 
9. FINANÇAS PÚBLICAS 
10. RECEITA PÚBLICA 
11. DESPESAS PÚBLICAS 
12. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF (LC 101/2000) 
14. FASES DE REALIZAÇÃO DA DESPESA 
15. PAGAMENTO DAS CONDENAÇÕES JUDICIAIS – 
PRECATÓRIOS 
15. COMO FUNCIONA? 
20. LEIS ORÇAMENTÁRIAS (art. 165 da CF) 
21. PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO 
 
ORDEM ECONÔMICA 
 
26. PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA (art. 170 da CF) 
29. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
 
ORDEM SOCIAL 
 
33. SEGURIDADE SOCIAL (SEGURO SOCIAL) 
34. PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL (art. 194 da CF) 
35. CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL (art. 195 da CF) 
 
 
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DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES 
DEMOCRÁTICAS 
 
Sabe-se que no Estado Absolutista todo o poder se concentrava nas 
mãos do Rei, o qual não tinha que prestar contas a ninguém. 
 Porém, com a Revolução Francesa (1789), esse cenário mudou. Nesse 
evento historio os burgueses tomaram o poder e criaram a concepção de 
Estado de Direito. Este modelo adotou a teoria da tripartição de poderes 
(Montesquieu), com o célebre “freios e contrapesos”. 
 Surge então uma premissa básica, onde o particular pode fazer tudo o 
que a Lei não lhe proíba, enquanto que o público só pode fazer o que a Lei 
expressamente lhe autorize. 
 Essa concepção de Estado de Direito mostrou-se insuficiente após os 
absurdos causados pela Segunda Guerra Mundial, visto que Hitler cometeu 
todos os seus atos bárbaros dentro dos limites do Direito. O Führer 
desrespeitou todos os direitos fundamentais, sob a justificativa de que havia 
ameaças estrangeiras e que com isso, alguns direitos fundamentais teriam que 
ser suprimidos em favor do bem comum. 
 Dessa forma, surge o Estado Democrático de Direito, onde além de o 
Estado ter o seu poder limitado pela Lei, deveria também garantir os direitos 
sociais. É neste contexto que as constituições começam a adotar o livro 
“Defesa de Estado”, no qual há a previsão de medidas extraordinárias a serem 
outorgadas ao Chefe de Estado nos momentos de crise institucional ou guerra. 
 Para que tais medidas sejam usadas, devem estar presentes dois 
requisitos: 
1) necessidade; a crise tem que ser de tamanha gravidade, a ponto de 
justificar essa exceção; 
2) temporariedade: a restrição tem que ocorrer por um curto espaço de 
tempo. Restabelecida a ordem, volta-se à normalidade. 
 
 Frise-se que, no ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição não 
pode ser emendada na vigência de Estado de Defesa ou Estado de Sítio. 
 
 
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ESTADO DE DEFESA (art. 136 da CF) 
 
 Trata-se de uma forma mais branda de Estado de Exceção, onde há um 
número menor de restrições a direitos fundamentais. 
 Para que seja decretado Estado de Defesa, alguns requisitos devem se 
fazer presentes: 
1) a paz pública ou a ordem social devem estar ameaçadas por calamidade 
decorrente de fenômeno natural; nunca foi decretado no Brasil, por essa 
razão a doutrina trabalha apenas com casos hipotéticos, como o que o 
ocorreu no estado americano de New Orleans, após os estragos 
causados pelo Furacão Katrina, em 2005; 
2) ausência de autoridade constituída, ou seja, as próprias autoridades não 
dão conta de resolver os problemas decorrentes da crise. Em Santa 
Catarina (2008), por exemplo, não se decretou Estado de Defesa, pois o 
Poder Público local estava conseguindo resolver os problemas causados 
por aquela tragédia. 
 
1. CARACTERÍSTICAS 
 É decretado unicamente pelo Presidente. Todavia, antes de tal 
declaração, o Chefe do Executivo precisa ouvir os Conselhos da República e 
da Defesa Nacional, apesar de a opinião desses órgãos não ser vinculante. 
 Posteriormente à declaração, o Presidente deve, dentro de 24 horas, 
submeter o ato à aprovação do Congresso Nacional, por maioria absoluta 
(primeiro número inteiro depois da metade de membros do parlamento). Caso 
este não aprove a declaração, cessa imediatamente o Estado de Defesa. 
O Congresso fiscaliza concomitantemente as atividades do Presidente 
no decorrer do Estado de Defesa, por meio de uma comissão formada por 
cinco membros. Ao final deste, o Chefe do Executivo tem que justificar suas 
ações naquele período, por meio de um relatório. No caso de abuso, o 
Presidente responderá a um processo de Impeachment. 
 Frise-se que o Estado de Defesa se aplica a uma determinada 
localidade, ou seja, é local. 
 
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 O Estado de Defesa pode ser decretado por 30 dias, sendo prorrogável 
uma vez por mais 30 dias. Todavia, pode ser revogado antes de completarem 
os 30 dias, caso a ordem já tenha sido restabelecida. Caso os 60 dias não 
sejam suficientes, poderá ser convertido em Estado de Sítio. 
 Ressalte-se que a decretação pode ser questionada apenas em seus 
aspectos formais, como se o Estado de Exceção foi decretado pelo Chefe do 
Executivo, porém, não se pode questionar o mérito da declaração. 
 
2. RESTRIÇÕES 
 No Estado de Defesa o Presidente da República pode decretar a prisão 
de qualquer cidadão que tenha cometido algum crime contra o Estado, mesmo 
sem mandado judicial ou flagrante. Observe-se que no “estado normal” essas 
são as duas únicas hipóteses em que se pode prender um cidadão, logo, o 
Chefe do Executivo normalmente não prende ninguém. Assim, no Estado de 
Defesa o Presidente exerce uma função atípica do Poder Executivo. Desta 
forma, são restritos os direitos previstos no art. 5º, XLI da CF. 
 Restringe-se também o direito à vida privada, honra e imagem (art. 5º, X 
da CF); à inviolabilidade do domicílio (art. 5º, XI da CF); ao sigilo de 
correspondência e das comunicações telegráficas e telefônicas (art. 5º, XII da 
CF); e à reunião (art. 5º, XVI da CF). 
 
ESTADO DE SÍTIO (art. 137 da CF) 
 
 Aplica-se quando (i) o Estado de Defesa for ineficaz, (ii) nos casos de 
comoção grave ou de repercussão nacional (guerra civil , por exemplo), (iii) ou 
em casos de guerra e/ou ameaça estrangeira armada. As duas primeiras 
hipóteses se referem ao disposto no inciso I do art. 137 da CF, enquanto que a 
terceira hipótese se refere ao inciso II do mesmo artigo. 
Neste Estado, outorgam-se mais poderes extraordinários ao Chefe do 
Executivo. 
Frise-se que há certas diferenças entre o Estado de Sítio previsto no 
inciso I do art. 137 da CF e aquele disposto no inciso II do referido artigo. 
 
 
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1. CARACTERÍSTICAS 
 Também é decretado pelo Presidente – antes da devida oitiva dos 
Conselhos. Todavia, neste caso, deve haver a prévia autorização (aprovação) 
do Congresso, por maioria absoluta. O Congresso fiscaliza concomitantemente, 
assim como no Estado de Defesa. Também deve ser enviado relatório ao final 
do Estado de Exceção, estando o Chefe do Executivo sujeito a Impeachment 
em caso de abuso. Sua aplicação se dá em âmbito nacional. 
 Nos casos do inciso I, o Estado de Sítiodura por 30 dias, sendo 
prorrogável por mais 30 dias a cada vez. Por outro lado, nos casos do inciso II, 
o Estado de Exceção dura por tempo indeterminado, ou seja, deixa de existir o 
requisito da temporariedade. 
 No Estado de Sítio, o Juiz só pode analisar a questão formal da 
decretação, jamais o mérito, assim como se dá no Estado de Defesa. Ou seja, 
pode-se questionar se o Presidente ouviu os Conselhos antes da declaração, 
por exemplo, porém não pode questionar a necessidade do decreto. 
 
2. RESTRIÇÕES 
 
2.1. RESTRIÇÕES NOS CASOS DO INCISO I 
 Restringem-se os mesmo direitos que são restritos no Estado de Defesa, 
além de também haver restrição ao direito de acesso à informação (art. 5º, XIV 
da CF), à liberdade de expressão – censura (art. 220 da CF) e à liberdade de 
locomoção (art. 5º, XV). 
 
2.2 RESTRIÇÕES NOS CASOS DO INCISO II 
 Segundo a primeira corrente (majoritária), a qual é representada por 
Gilmar Mendes, são restritos todos os direitos fundamentais previstos nos 
casos do inciso I, juntamente, com a restrição do direito à vida (caput do art. 5º 
da CF), visto que a exceção para este direito costuma se dar e casos de 
guerra. Nenhum outro direito fundamental deve ser restrito além destes, porque 
os direitos fundamentais devem ser interpretados e aplicados de forma 
extensiva. 
 
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 Por outro lado, para a segunda corrente (minoritária), representada por 
Alexandre de Moraes, podem-se restringir todos os direitos fundamentais, visto 
que o direito à vida - que é o maior de todos os direitos – é restrito neste caso. 
 
COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS 
 
1. CONSELHO DA REPÚBLICA (arts. 89 e 90 da CF) 
 É órgão superior de consulta do Presidente, sendo composto pelas 
seguintes pessoas: 
- Vice-Presidente da República; 
- Presidente da Câmara dos Deputados; 
- Presidente do Senado Federal; 
- Lideres da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; 
- Ministro da Justiça; 
- Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 cinco anos de idade. 
 
2. CONSELHO DA DEFESA NACIONAL (art. 91 da CF) 
 É órgão de consulta do Presidente nos assuntos relacionados com a 
soberania nacional e a defesa do Estado Democrático, sendo composto pelos 
seguintes membros: 
- Vice-Presidente da República; 
- Presidente da Câmara dos Deputados; 
- Presidente do Senado Federal; 
- Ministro da Justiça; 
- Ministro de Estado e da Defesa; 
- Ministro das Relações Exteriores; 
- Ministro do Planejamento; 
- Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. 
 
 
 
 
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FORÇAS ARMADAS (arts. 142 e 143 da CF) 
 
Seus membros são denominados militares. É constituída pelas três 
armas: Aeronáutica, Exército e Marinha. Cada uma das armas tem um 
comandante específico, o qual detém status de Ministro de Estado. 
 Às punições impostas aos militares não cabe habeas corpus. 
 São-lhes vedadas a sindicalização e a filiação a partido político. Podem, 
porém, candidatar-se sem se filiar a qualquer partido. Também são proibidos 
de fazer greve. 
 O militar que tomar posse em cargo público permanente será transferido 
à reserva. A exceção se dá nos casos de cargo público temporário, com 
duração máxima de dois anos. 
 
SEGURANÇA PÚBLICA (art. 144) 
 
 Tem como finalidade a preservação da ordem pública, da incolumidade 
das pessoas e do patrimônio. No Brasil, os serviços de segurança pública são 
prestados privativamente pela polícia. 
 A polícia divide-se em ostensiva (preventiva) e investigativa (judiciária). 
A primeira anda propositalmente fardada e tem a função de prevenir delitos e 
de garantir a ordem pública. Por outro lado, a polícia judiciária exerce o papel 
de colher os elementos de autoria e materialidade do crime, a fim de 
responsabilizar o infrator. 
 Também é feita a divisão quanto ao âmbito de atuação: polícia federal 
(União) e polícia estadual (Estados federados). 
A primeira sempre será chamada de polícia federal, independente de ser 
ostensiva ou investigativa. A polícia federal tem as funções preventivas e 
judiciárias no que tange aos bens, serviços e interesses da União; tendo 
inclusive as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. 
Importante ressaltar que há também a polícia rodoviária federal, que se destina 
ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais, bem como a polícia 
ferroviária federal, a qual se destina ao patrulhamento ostensivo das ferrovias 
federais. 
 
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Já no âmbito estadual a polícia judiciária é chamada de civil, enquanto 
que a preventiva é chamada de militar. Frise-se que nos estados a polícia 
militar também é representada pelo corpo de bombeiros, a quem incumbe a 
execução de atividades de defesa civil. 
 Quanto à guarda municipal, esta tem a função constitucional de proteger 
os bens, serviços e instalações municipais. Todavia, atualmente os guardas 
têm exercido também o papel de polícia ostensiva, o que tem se mostrado útil 
face à carência presente no âmbito da segurança pública. 
 
ORDEM FINANCEIRA 
 
FINANÇAS PÚBLICAS 
 
Trata de como o administrador público usa o dinheiro público, 
abrangendo o direito tributário, o qual estuda a relação do contribuinte com o 
Estado. 
As finanças públicas constituem a atividade econômica do Estado 
responsável pela arrecadação da receita, pela realização de despesa pública e 
pela administração da dívida pública através do controle da economia pelo 
fluxo da moeda. Frise-se que o controle da economia é estudado pelas 
Ciências Econômicas, enquanto que as receitas, despesas e dívidas são 
estudadas pelo Direito, onde a doutrina costuma denominar esse ramo como 
direito financeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RECEITA PÚBLICA 
 
1. QUANTO À PERIODICIDADE 
 
1.1. RECEITA ORDINÁRIA 
 Trata-se da receita constante, tudo o que entra nos cofres públicos, onde 
todo ano é certo que entrará dinheiro de dada fonte. É o exemplo dos tributos, 
que representam a receita ordinária por excelência. 
 
1.2. RECEITA EXTRAORDINÁRIA 
 É a receita eventual, onde às vezes entrará dinheiro daquela fonte. 
Portanto, o administrador público não pode contar com essa fonte, não 
podendo se programar com ela. É o exemplo da herança vacante e dos 
impostos extraordinários nos casos de guerra, os quais são revertidos em favor 
da União. 
 
2. QUANTO À ORIGEM 
 
2.1 ORIGINÁRIA 
 É a receita que se origina do exercício de atividade econômica pelo 
próprio Estado, é o chamado Estado empresário. Em suma, são representadas 
pelas empresas de economia mista, como a Petrobrás, a Copel S/A e o Banco 
do Brasil S/A. Frise-se que no final do exercício financeiro, a maior parte do 
lucro dessas empresas fica com o Estado. 
 
2.2. DERIVADA 
 Remete à receita obtida através da atividade econômica exercida pelo 
particular, onde o Estado retira para si uma parte do lucro obtido pelo setor 
privado. É o exemplo dos tributos, como o ICMS. 
 Acentue-se que uma mesma receita pode comportar duas 
classificações, como a multa, por exemplo, que é extraordinária e derivada 
simultaneamente. 
 
 
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3. QUANTO À NATUREZA 
 
3.1. DE CAPITAL 
 Trata-se de uma receita “forçada”, ou seja, que normalmente não é 
possível ser obtida; de modo que o Estado cria uma situação para receber esse 
dinheiro. São os exemplos dos títulos de dívida pública, (papéis que o governo 
lança à venda e resgata-os em cinco anos, com correção monetária e juros 
superiores ao do mercado, a fim de atrair compradores), empréstimos dos 
municípios junto ao Estado e da alienação de bem público, o qual em regra não 
poderia ser vendido,mas quando é excepcionalmente alienado, só pode ser 
feito mediante previsão legal. 
 
3.2. CORRENTE 
 São correntes todas as receitas ordinárias do Estado, seja originária ou 
derivada. Corresponde à verba que o administrador público poderá gastar. Em 
suma, é toda receita que não for de capital. 
 
DESPESAS PÚBLICAS 
 
1. DESPESA CORRENTE 
 Trata-se das despesas constantes do Estado, aquelas destinas à 
manutenção do funcionamento do mesmo. É o exemplo do pagamento do 
funcionalismo público, dos gastos com manutenção dos bens públicos, das 
despesas com serviços públicos etc. 
 
2. DESPESA DE CAPITAL 
 É a despesa esporádica do Estado, aquela não existe todo ano, que é 
destinada à ampliação da administração pública. É o exemplo da verba 
destinada à construção de uma nova escola, daquela direcionada à aquisição 
de novos carros para a frota etc. 
 
 
 
 
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF (LC 101/2000) 
 
 Traz a premissa de que o administrador público, para gastar dinheiro, 
tem que ser legalmente autorizado. Remete ao princípio da legalidade, onde o 
privado pode fazer tudo o que a lei não lhe proíba, enquanto que o público só 
pode fazer o que a lei expressamente lhe autorize. 
 Faz-se o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) em até 31 de agosto, 
com vistas a entrar em vigor até 1º de janeiro do ano seguinte. Para fazer esse 
projeto, o administrador público deve levar em conta o que foi arrecadado e o 
que foi gasto no mês em referência e nos onze meses anteriores, ou seja, o 
governante faz uma projeção de receita/despesa. Em suma, o administrador 
público faz uma espécie de planilha de conta corrente, como a que segue 
abaixo: 
 
CLASSIFICAÇÃO RECEITA DESPESA 
CORRENTE TRIBUTOS= R$ 2 MILHÕES FUNC. PÚBLICO= R$ 2 MILHÕES 
SERV. PÚBLICOS= R$ 1 MILHÃO 
DE CAPITAL NENHUMA RECEITA OBRA PÚBLICA= R$ 1 MILHÃO 
TOTAL R$ 2 MILHÕES R$ 4 MILHÕES 
RESULTADO DÉFICIT DE 2 MILHÕES 
 
1. MEIOS DE SE TRABALHAR COM O DÉFICIT 
 Conforme se verifica na tabela acima, as contas estão negativas. Antes 
da LRF, quando se verificavam situações como esta, aumentavam-se os 
tributos a fim de ampliar a receita. Porém, esse tipo de medida gerava o 
chamado “efeito cascata”. Disto, surge a premissa de que não se podem 
aumentar os tributos quando se está gastando mais do que se arrecada. Desta 
forma, a solução é cortar despesas. 
Primeiro, cortam-se as despesas de capital. Outra questão, é que em 
caso de déficit não se deve forçar receitas de capital, afinal, no outro ano o 
déficit também continuará existindo, e não haverá mais aquele bem; tal 
premissa serve para evitar a venda de todo o patrimônio público quando as 
contas estiverem deficitárias. Assim, é vedada a alienação de bem público para 
 
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saldar despesa corrente. Em suma, só se pode forçar uma receita de capital 
para saldar uma despesa de capital. 
A Emenda Constitucional 19/1998 (Reforma Administrativa) impõe os 
limites de gasto com o funcionalismo público. A União não pode gastar mais de 
50% da receita corrente com funcionalismo. Os estados e os municípios não 
podem gastar mais de 60% de suas receitas correntes com funcionários. 
 
2. CARGOS PÚBLICOS 
 A administração pública é dividida em direta e indireta. A administração 
pública direta é representada pela União, estados, Distrito Federal, municípios. 
Já a administração pública indireta remete às autarquias (INSS, Anatel, ANAC, 
Banco Central etc.), às fundações públicas, às sociedades de economia mista 
(Petrobrás, Copel, Banco do Brasil, URBS etc.) e às empresas públicas (CEF, 
Correios etc.). 
 As pessoas jurídicas de direito público são representadas por toda a 
administração pública direta, somadas às autarquias. Por outro lado, existem 
as estatais – pessoas jurídicas da administração pública com natureza de 
direito privado –, que são representadas pelas sociedades de economia mista e 
pelas empresas públicas. Ressalte-se que há fundações que são pessoas 
jurídicas de direito público e aquelas que são pessoas jurídicas de direito 
privado. 
 Desta forma, o funcionalismo público se divide da seguinte maneira: 
1) servidor público; é o chamado estatutário, que possui estabilidade após 
três anos de estágio probatório; são servidores públicos aqueles que 
trabalham na administração pública direta, autarquias e fundações de 
direito público, tendo sido admitidos através de concurso público; 
2) empregado público; é o chamado celetista, que não possui estabilidade; 
são aqueles que trabalham nas empresas de economia mista e 
empresas públicas, sendo que também são admitidos por meio de 
concurso público; 
3) cargos de comissão ou funções de confiança; geralmente são 
representados pelos que ajudaram na campanha eleitoral e demais 
 
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apadrinhados políticos, sendo admitidos por livre nomeação – sem 
concurso público - e sendo também livremente exonerados. 
 
3. MEDIDAS TOMADAS EM CASOS DE DEFICIT 
 Quando o administrador público precisar cortar despesas para equilibrar 
as contas, ele deverá tomar algumas medidas, na seguinte ordem: 
1) cortar no mínimo 20% das despesas com cargos de comissão; 
2) cortar os servidores não-estáveis, que são os empregados públicos e os 
servidores que não atingiram os três anos de estágio probatório; 
3) exonerar os servidores estáveis. 
 
Estas medidas foram instituídas pela EC 19/1998, a qual se pautou pela 
concepção de Estado gerencial, onde se adotou o princípio da eficiência 
(maximizar resultados com o mínimo de custos), de modo que a referida 
emenda relativizou a estabilidade dos servidores públicos. 
 
FASES DE REALIZAÇÃO DA DESPESA 
 
 A LRF dá algumas diretrizes que devem ser seguidas pelo administrador 
público para se gastar a verba pública. 
 1ª Fase: previsão legal. Com base no princípio da legalidade, o 
administrador público só pode gastar dinheiro com expressa previsão legal. 
 2ª Fase: empenho. Trata-se da reserva feita nos cofres públicos de 
determinado valor para um fim específico. Por exemplo: previu-se R$ 4 milhões 
de receita, R$ 3 milhões foram empenhados, logo, o governante só terá R$ 1 
milhão para gastar. 
 3ª Fase: liquidação. É a verificação do direito do contratado a receber 
determinado recurso público. Por exemplo: verificou-se que a empresa cumpriu 
com sua obrigação, ao passo que a mesma está a apta a receber o dinheiro 
que lhe é devido. 
 4ª Fase: pagamento. 
 Em suma, as fases de realização da despesa podem ser representadas 
pelo seguinte esquema: 
 
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LEI – EMPENHO – LIQUIDAÇÃO – PAGAMENTO 
 
 
PAGAMENTO DAS CONDENAÇÕES JUDICIAIS – PRECATÓRIOS 
 
Conforme dispõe o art. 100 da CF, as condenações judiciais sofridas 
pela administração pública devem ser pagas por meio de precatório. Tal 
premissa se impõe devido ao princípio da legalidade. 
O particular, quando condenado judicialmente, responde com seu 
patrimônio, através da penhora dos seus bens. Já o ente público, responde 
através dos precatórios, visto que os bens públicos são impenhoráveis. Deste 
modo, os motivos para que o Estado pague suas condenações de forma 
diferente que os privados são os seguintes: 
1) impenhorabilidade dos bens públicos; 
2) para se gastar dinheiro público é preciso de previsão legal, ao passo que 
a Lei precisa expressamente autorizar o pagamento de dada 
condenação judicial. 
 
Precatório é uma ordem do Poder Judiciário para que o chefe do Poder 
Executivo inclua na Lei Orçamentária a previsão de pagamento de uma 
determinada condenação judicial sofrida. 
Frise-se que somente os órgãos da administração pública direta e as 
autarquias pagamsuas condenações judiciais por meio de precatório. Já as 
pessoas jurídicas de direito privado (empresas públicas e sociedades de 
economia mista) respondem com seu próprio patrimônio. A exceção para essa 
regra são os Correios, os quais, segundo a Jurisprudência, pagam suas 
condenações judiciais através de precatório. 
 
COMO FUNCIONA? 
 
 O juiz expede um ofício requisitório ao Tribunal responsável (TJs, TRTs 
ou TRFs – só estes expedem o referido ofício), onde se formará o precatório. 
 
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 Os precatórios formados até o dia 1º de julho têm que ser pagos até o 
final do exercício financeiro seguinte. Cumpre ressaltar que o exercício 
financeiro compreende o período que se estende de 1º de janeiro a 31 de 
dezembro. Desta forma, se um precatório for apresentado no dia 25 de maio de 
2013, por exemplo, o mesmo deverá ser pago até 31 de dezembro de 2014. 
Por outro lado, se o precatório for apresentado em 25 de agosto de 2013, 
poderá ser pago até 31 de dezembro de 2015. Isso se dá porque só entram no 
projeto de lei orçamentária as despesas apresentadas até 1º de julho. As 
despesas que forem apresentadas depois desta data são incluídas somente no 
próximo no projeto de lei orçamentária. 
 A partir do momento que o precatório é incluído no orçamento (projeto 
de lei orçamentária) ele entra numa fila, pois, em regra, não se pode pagar um 
precatório mais antigo depois de um mais recente. 
 
1. FILAS PRIORITÁRIAS 
Existem precatórios que possuem preferência – os alimentícios. Estes 
vão para uma fila separada, que é a chamada de fila do alimentício. Vão para 
esta fila os precatórios de natureza alimentar, que compreende aquelas 
condenações inerentes à subsistência da pessoa. É o exemplo das 
indenizações por morte, dos honorários advocatícios, das condenações de 
caráter remuneratório etc. Ressalte-se que o rol de o que é considerado 
alimentício, exposto no art. 100 da CF, é apenas exemplificativo. 
 A Emenda Constitucional 62/2009 criou um caso em que há uma maior 
prioridade. Criou-se uma fila ainda mais rápida, onde são colocados os 
precatórios alimentícios devidos àqueles que também são idosos (acima de 60 
anos de idade) e/ou portadores de doença grave (já existente antes da 
formação do precatório). Então, se a pessoa for idosa e/ou portadora de 
doença grave, mas seu precatório não for alimentício, ela espera na fila normal. 
 Todavia, não é pago todo o valor com essa prioridade; paga-se com 
prioridade o equivalente a 3 vezes da condenação de pequeno valor. Essa é a 
única possibilidade de fracionamento de precatório. 
 
 
 
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2. CONDENAÇÃO DE PEQUENO VALOR 
É aquela que dispensa pagamento através de precatório, ou seja, já é 
prevista na lei orçamentária. As condenações de pequeno valor devem ser 
pagas em até 60 dias, por Requisição de Pequeno Valor (RPV). 
Cada um dos entes da federação estabelece em lei o que considera 
condenação de pequeno valor. Contudo, não se pode criar lei definindo a 
condenação de pequeno valor abaixo do maior benefício pago pelo Regime 
Geral de Previdência. Assim, se o maior salário (benefício) que o INSS puder 
pagar for o equivalente a R$ 4,5 mil, o ente federado não poderá estabelecer 
como condenação de pequeno valor, R$ 4 mil. 
Caso o ente federado deixe de fazer essa lei, considera-se condenação 
de pequeno valor no âmbito da União o equivalente a 60 salários mínimos, no 
âmbito dos estados 40 salários mínimos e no dos municípios 30 salários 
mínimos. Atualmente, o Estado do Paraná considera como pequeno valor em 
média R$ 9 mil, o Município de Curitiba R$ 8 mil e o INSS R$ 5,3 mil. 
Portanto, suponha-se que o Estado do Paraná tenha sido condenado a 
pagar R$ 30 mil em indenização morte, a um senhor de 65 anos de idade. Qual 
será o valor que esse senhor receberá com preferência? Note-se, o Paraná 
considera como pequeno valor R$ 9 mil, ao passo que deve ser pago com 
preferência o equivalente a 3 vezes o valor dessa quantia, ou seja, R$ 27 mil; 
logo, o senhor (credor) receberá R$ 27 mil reais com preferência, restando R$ 
3 mil como remanescente, o qual ele receberá na ordem cronológica em que 
estava na fila do alimentício. 
 
3. LITISCONSÓRCIO 
 Pluralidade de partes. Assim, se várias pessoas ajuizarem uma ação 
contra o Estado e forem vencedoras na mesma, soma-se o valor total da 
condenação ou computa-se individualmente? Individualmente. Tal pergunta se 
faz necessária em virtude dos pagamentos por RPV. Imagine-se que João, 
Maria e José ajuizaram, em litisconsórcio, uma ação contra o Estado do 
Paraná, e este é condenado a pagar R$ 5 mil a cada um dos três autores; note-
se que se fosse considerado o total da condenação (R$ 15 mil), o valor 
passaria do teto para pagamento via RPV (R$ 9 mil). 
 
18 
 
 
4. CESSÃO DE PRECATÓRIOS 
 Pode-se vender o precatório, o que é feito com a finalidade de não ter 
que esperar tanto tempo para receber o valor de uma condenação judicial. Por 
exemplo: João era credor de um precatório de R$ 100 mil, porém, está 
precisando de dinheiro, então resolve vendê-lo a Pedro, por R$ 80 mil, o qual 
compra o referido precatório, pois dali alguns anos obterá um lucro de no 
mínimo R$ 20 mil. 
 Para que a cessão tenha validade perante terceiros, faz-se necessário 
comunicar o devedor do precatório (Estado), protocolando-se uma petição no 
Tribunal responsável e outra no órgão devedor. Esse requisito se faz 
necessário para evitar que o credor antigo receba o valor em vez daquele que 
comprara o precatório. 
 
5. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS 
 Nos termos da Súmula n. 17 do STJ não incidem juros enquanto o 
pagamento do precatório não estiver atrasado. Assim, se o precatório foi 
apresentado em março de 2013, só incidirá juros a partir de 1º de janeiro de 
2015, pois antes disso o devedor (Estado) estará dentro do seu prazo para 
pagamento, logo, não há mora. 
 Quanto à correção monetária, a mesma começa a incidir desde a 
formação do precatório. Corrigia-se pelo índice da poupança. 
 Este mês (março/2013) o STF decidiu que é inconstitucional a correção 
monetária através do índice da poupança (ADI 4357), visto que o valor da 
condenação seria “corroído pela moeda”, afinal, os precatórios costumam 
demorar muito para ser pagos. Contudo, o Supremo ainda não decidiu qual 
índice passará a ser adotado. 
 Na mesma decisão, o STF entendeu como inconstitucional o prazo de 
15 anos para pagamento de precatório, o qual foi estabelecido pela EC 
62/2009. Desta forma, a Suprema Corte, determinou que os precatórios fossem 
pagos dentro do exercício financeiro previsto, ou seja, dentro do prazo. Frise-se 
que na prática a União vem pagando os precatórios dentro do prazo. 
 
 
19 
 
6. SEQUESTRO DE VALORES DOS COFRES PÚBLICOS 
 Em algumas situações o Judiciário pode determinar o sequestro de 
determinado valor junto aos cofres públicos. 
A primeira hipótese se dá quando houver uma preterição na ordem de 
pagamento, ou seja, quando alguém, que estava atrás na fila, toma a vez de 
uma pessoa que devia receber antes o valor correspondente ao seu precatório. 
Em suma ocorre quando um sujeito “fura” a fila dos precatórios – geralmente 
por influência –, prejudicando os demais que estavam a sua frente. Caso isso 
ocorra, o presidente do tribunal responsável pela formação do precatório 
determina o sequestro de valores. 
 A outra hipótese de sequestro de valores se dá quando o administrador 
público aplica o dinheiro em pontos menos importantes, deixando de pagar os 
precatórios com isso. Porém, essa hipótese levanta críticas quanto ao 
problema de o Judiciário se envolver na esfera do Executivo, dizendo comoeste deve administrar o dinheiro público. 
O sequestro de valores também pode se dar em caso de demora 
excessiva. Mas o que pode ser considerado demora excessiva? Como 
enunciado acima, a Emenda Constitucional n.º 62 instituiu como prazo máximo 
para pagamento dos precatórios o prazo de 15 anos. Assim, dentro de 15 anos 
o ente da Federação estará dentro do prazo esperado, desde que o mesmo 
tenha aderido o Regime Especial de Pagamento de Precatório. Obviamente, a 
grande maioria aderiu ao referido regime, sendo que em todo o país apenas 16 
municípios ainda não aderiram a ele. 
Para participar do Regime, a União exige que os municípios depositem 
de 1% a 1,5% e os estados federados de 1,5% a 2% da receita líquida numa 
conta, a qual é administrada pelo tribunal responsável, onde só se usa 50% 
desse depósito para pagamento dos precatórios em ordem cronológica, sendo 
que a outra metade do valor depositado pode ser utilizado pelo administrador 
público no “leilão do precatório”. Desta forma, 50% do valor depositado nessa 
conta ficam vinculados ao tribunal responsável, enquanto que a outra metade 
fica à disposição do administrador público. 
O Estado divulga o leilão de precatórios numa dada faixa de valor, 
assim, quem aceitar receber menos pelo seu precatório recebe na hora, em 
 
20 
 
dinheiro, caso contrário, espera 15 anos para receber. Pelas razões expostas 
neste tópico, a EC 62/2009 ficou conhecida como a “Emenda do calote”. 
Todavia, na já mencionada decisão (ADI 4357), o STF declarou a 
inconstitucionalidade dos leilões de precatórios. 
 
7. HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO 
 Cumpre ressaltar que a Constituição prevê, nos artigos 34, 35 e 36, os 
casos de intervenção de um ente da Federação em outro. 
Caso o ente da Federação não esteja pagando os precatórios, pode 
haver intervenção federal ou estadual, pois o STF entende que o não 
pagamento dos precatórios caracteriza o descumprimento de ordem judicial, 
que é uma das hipóteses de intervenção previstas na Constituição (art. 34, VI e 
art. 35, IV). Logo, fica autorizada a intervenção de um ente da Federação em 
outro nesse caso, salvo se o não pagamento se der em razão de insuficiência 
de recursos. O problema é que o ente federativo pode muito bem alegar tal 
insuficiência para eximir-se do pagamento de suas condenações judiciais. 
A última vez que houve uma intervenção no estado do Paraná foi em 
2008, quando o Governador, Roberto Requião, interviu na cidade de 
Paranaguá por falta de pagamento de precatório. 
 
LEIS ORÇAMENTÁRIAS (art. 165 da CF) 
 
 Cada uma das espécies de leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) está 
em vigor, concomitantemente, em todos os entes da Federação, sendo que 
cada uma delas trabalha em função da outra. Assim, a LDO e a LOA trabalham 
a fim de cumprir o previsto no PPA. 
 
1. PLANO PLURIANUAL (PPA) 
 Dispõe sobre as diretrizes, os objetivos e as metas da administração 
pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as 
relativas aos programas de duração continuada. Em outras palavras, o PPA 
estabelece, de forma regionalizada, as metas de investimentos em programas 
de duração continuada – programas de investimentos a longo prazo (4 anos) –, 
 
21 
 
dizendo quais investimentos o administrador público pretende fazer pelos 
próximos 4 anos, ou seja, estabelece a política pública de investimentos 
(macro). 
 O PPA entra em vigor no 2º ano do mandato do Chefe do Executivo até 
o 1º ano do mandato seguinte. Desta forma, sua vigência é de 4 anos, diferente 
das outras duas espécies de leis orçamentárias (LDO e LOA), as quais vigem 
por 1 ano. 
 
2. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) 
 Trata das metas e prioridades da administração pública, incluindo as 
despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, além de orientar 
a elaboração da lei orçamentária anual, dispor sobre as alterações na 
legislação tributária e estabelecer a política de aplicação das agências 
financeiras oficiais de fomento. Em suma, é a lei que estabelece as metas de 
arrecadação para o exercício financeiro seguinte, determinando aonde é 
preciso aumentar as receitas, bem como aonde é preciso diminuir as despesas, 
ou seja, determina como conseguir o dinheiro necessário para cumprir as 
metas previstas no PPA. Como afirmado acima, sua vigência é de um ano. 
 
3. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) 
 É a mais específica das leis orçamentárias. Esta Lei compreende três 
seções: orçamento fiscal, orçamento de investimento das empresas públicas e 
orçamento da Seguridade Social. Tem que se coadunar com a previsão de 
receita e a fixação de despesa. Os gastos previstos na LOA têm que estar de 
acordo com a LDO, a qual deve estar de acordo com o PPA. Em suma, a LOA 
determina quanto será gasto e no quê, ou seja, impõe como administrador 
público deve gastar o dinheiro. Sua vigência é de um ano. 
 
PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO 
 
1. PROCESSO LEGISLATIVO COMUM 
 Em regra, o processo legislativo é composto das seguintes etapas: 
 
22 
 
1) iniciativa; alguém apresenta uma proposta de criação de uma norma; há 
a iniciativa concorrente, a privativa e a popular; em regra, apresenta-se o 
projeto na Câmara dos Deputados; 
2) discussão; fase em que o projeto é debatido nas comissões e nos 
plenários das Casas Legislativas, podendo ser formuladas emendas ao 
projeto; em regra, antes de chegar à Casa Iniciadora, que geralmente é 
a Câmara dos Deputados, o projeto tem que ser encaminhado à 
Comissão de Constituição e Justiça; 
3) votação; deve ser feita com o quorum estabelecido especificamente para 
a proposição a ser debatida, sendo que se não for exigido um quorum 
especial, o projeto será aprovado por maioria simples; 
4) sanção ou veto; após aprovado o projeto no Congresso, o mesmo é 
encaminhado ao Chefe do Executivo, para que este dê sua anuência a 
proposição (sanção), ou a rejeite, de forma total (veto total) ou parcial 
(veto parcial); caso em quinze dias o Presidente da República não se 
manifeste, haverá a sanção tácita do projeto; caso o projeto seja vetado, 
o mesmo será encaminhado ao Congresso, o qual poderá manter ou 
rejeitar o veto; caso este seja mantido, o projeto é tido como rejeitado e 
arquivado, ao passo que o projeto não poderá ser apresentado na 
mesma sessão legislativa; frise-se que nem todos os projetos se 
submetem à sanção ou veto presidencial, os projetos de emenda à 
Constituição, por exemplo, não são enviados ao Presidente da 
República; 
5) promulgação; atesta a existência da nova “lei”; em regra, é feita pelo 
Chefe do Executivo; 
6) publicação; torna de conhecimento geral a existência de novo ato 
normativo, sendo relevante para fixar o momento da vigência da “lei”. 
 
Cumpre ressaltar que uma legislatura dura quatro anos, sendo composta 
por 4 sessões legislativas, as quais, por sua vez, são compostas por 2 períodos 
legislativos. 
 
 
 
23 
 
2. PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO 
 Tem um trâmite específico, sendo subsidiariamente aplicado o processo 
legislativo comum. Em razão da celeridade, os projetos de leis orçamentárias 
se submetem a uma aprovação mais rápida. Assim, eis as etapas do processo 
legislativo orçamentário: 
1) iniciativa privativa do Chefe do Executivo; 
2) o projeto não tem que passar por várias comissões como ocorre no 
processo legislativo comum; vai direto para uma Comissão Mista 
Permanente Orçamentária, a qual é composta por 21 senadores e 63 
deputados federais; esta Comissão elabora um parecer geral, sobre a 
constitucionalidade do projeto, bem como sobre sua adequação as 
demais leis orçamentárias; 
3) o projeto vai para votaçãono Plenário do Congresso, numa sessão 
conjunta das duas Casas; 
4) o Congresso pode aprovar, emendar ou rejeitar o projeto; caso sejam 
feitas emendas, o projeto de lei orçamentária é encaminhado à 
Comissão Mista para que esta analise as alterações propostas; após, 
volta para o Plenário; 
5) aprovado, o projeto seguirá o trâmite do processo legislativo comum, ou 
seja, é encaminhado para a sanção ou veto – o qual é improvável – 
presidencial; após, é promulgada e publicada a nova lei. 
 
 Frise-se que a doutrina majoritária entende que o projeto de lei 
orçamentária não pode ser rejeitado, pois neste caso ele viria a ser arquivado, 
ao passo que só poderia vir a ser reapresentado na próxima sessão legislativa, 
ou seja, só no próximo ano. Sem lei orçamentária, o Executivo não pode usar o 
dinheiro público, e sem dinheiro não há como governar. Já Alexandre de 
Moraes entende que o Congresso pode até rejeitar o projeto, porém, será 
presumida a vigência da lei orçamentária em vigor. 
 
 
 
 
 
24 
 
3. PRAZOS PARA A PROVAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA 
 
3.1. PLANO PLURIANUAL (PPA) 
 O Executivo tem que apresentar o projeto até 31 de agosto, sendo que o 
Congresso terá até 22 de dezembro para aprovar a Lei. 
Estes prazos são estabelecidos pelo art. 35, § 2º, I do ADCT. Tal artigo 
dispõe que o PPA deve ser encaminhado até quatro meses antes do 
encerramento do primeiro exercício financeiro (31/08) e devolvido para sanção 
até o encerramento da sessão legislativa (22/12). 
Note-se que o exercício financeiro compreende o período de 1º de 
janeiro a 31 de dezembro, logo, quatro meses antes do encerramento do 
exercício financeiro pode ser entendido como 31 de agosto. Também é 
importante salientar que a sessão legislativa encerra em 22 de dezembro, ao 
passo que o PPA tem que ser encaminhado para a sanção presidencial até 
esta data. 
 
3.2. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) 
 O Presidente da República tem que apresentar o projeto até 15 de abril 
e o Legislativo tem que encaminhar o mesmo para sanção até 17 de julho. 
 O art. 35, § 2º, II do ADCT estabelece que o projeto da LDO seja 
encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício 
financeiro (15/04) e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro 
período da sessão legislativa (17/07). 
Ressalte-se que oito meses e meio antes do encerramento do exercício 
financeiro equivale a 15 de abril, enquanto que o primeiro período da sessão 
legislativa encerra em 17 de julho. 
Por óbvio, a LDO deve ser aprovada antes que a LOA, visto que é 
aquela que estabelece o quanto de dinheiro o administrador público poderá 
gastar. Assim, o Presidente só incluirá despesas – na LOA – que estiverem de 
acordo com a PPA e com a LDO, ou seja, esta precisa ser aprovada antes. 
 
 
 
 
25 
 
3.3. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) 
 O Chefe do Executivo tem que apresentar o projeto até 31 de agosto e o 
Congresso tem que aprová-lo até 31 de dezembro. 
 O art. 35, § 2º, III do ADCT dispõe que o projeto da LOA deverá ser 
encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro 
e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. 
 Note-se que os prazos para a aprovação da LOA são iguais aos do PPA. 
 
4. DATAS IMPORTANTES: 
a) início do primeiro período da sessão legislativa (início da sessão 
legislativa) – 02 de fevereiro; 
b) fim do primeiro período da sessão legislativa (recesso parlamentar) – 17 
de julho; 
c) início do segundo período da sessão legislativa – 31 de julho; 
d) fim do segundo período da sessão legislativa (fim da sessão legislativa) 
– 22 de dezembro; 
e) início do exercício financeiro – 1º de janeiro; 
f) fim do exercício financeiro – 31 de dezembro. 
 
ORDEM ECONÔMICA 
 O liberalismo econômico defendia a abstenção do Estado em relação à 
economia, alegando que esta tem suas próprias regras. Porém, o excesso do 
liberalismo gerou sua ruína, a qual se deu na “queda da bolsa”, em 1929. 
 Chegou-se a conclusão de que o Estado precisaria intervir na economia, 
ao passo que se adotou uma política intervencionista. Não obstante isso, a 
Constituição brasileira é tipicamente liberal, com um intervencionismo pontual, 
ou seja, a intervenção estatal na economia se dá excepcionalmente. 
 Há dois tipos de intervenção: a direta e a indireta. A primeira é uma 
intervenção normativa (regulatória), onde o Estado dita as regras, o que pode e 
o que não pode ser feito no que diz respeito à economia. Esta forma de 
intervenção é representada, no Brasil, pelas agências reguladoras (autarquias), 
como a Anatel. 
 
26 
 
 Já a intervenção direta ocorre no chamado “Estado empresário”, onde o 
Estado cria uma empresa e a lança no mercado para exercer uma dada 
atividade econômica. Desta forma, indiretamente o Estado irá intervir na 
economia, visto que esta empresa poderá ditar preços menores, “obrigando” 
sua concorrência a seguir o exemplo. Um exemplo disso pôde ser notado na 
criação da Caixa Econômica Federal (empresa pública), a qual surgiu para 
conceder empréstimos e financiamentos imobiliários para a população de baixa 
renda. Todavia, constantemente, a CEF acabava por influenciar na taxa de 
juros, visto que a sua era mais baixa, o que “obrigava” os outros bancos a 
baixarem os juros. 
 
PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA (art. 170 da CF) 
 
1. PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA 
 Trata-se da liberdade de exercício da atividade econômica ou 
profissional. Ou seja, qualquer indivíduo é livre para iniciar um 
empreendimento, bem como para escolher sua profissão. 
 Todavia, a Lei pode interferir na livre iniciativa, desde que haja razões 
para tal interferência por parte do Poder Público. É o exemplo da exigência de 
que as empresas que fabricam fogos de artifício consultem o Governo antes de 
iniciar seu empreendimento. Outro exemplo é o Exame de Ordem, onde 
supostamente há um interesse público em saber se o bacharel em Direito está 
apto para exercer a advocacia. 
 
2. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA 
 Tal princípio dispõe que o empresário, quando exerce uma determinada 
atividade econômica, tem que contribuir para o desenvolvimento da sociedade. 
Para explicar o que seria essa função social da empresa existem três 
vertentes: 
a) negativa; defendida por Fábio Konder Comparato; para que a empresa 
cumpra sua função social basta que ela cumpra a lei, ou seja, não 
precisa fazer nada além de cumprir a lei; é a vertente mais aceita pela 
doutrina, bem como pela jurisprudência; 
 
27 
 
b) positiva; defendida por José Affonso Dallegrave Neto; para que a 
empresa cumpra sua função social não basta que ela cumpra a lei – ela 
tem que ir além; o empresário só atende a função social se praticar 
assistencialismo social, se garantir a participação nos lucros da empresa 
(PL) aos seus funcionários, se promover eventos esportivos etc.; é a 
vertente que mais se coaduna com o walfare state; 
c) 3ª vertente; defendida por Fábio Tokars; não existe uma função social da 
empresa; alega que a vertente positiva, apesar de nobre, é utópica, e a 
vertente negativa não existe porque o empresário é obrigado a cumprir a 
lei pelo princípio da legalidade em vez de ter que fazê-lo pelo princípio 
da função social da empresa; o referido doutrinador alega que este 
princípio surge com o intuito de justificar a fraca atuação do Estado em 
várias áreas importantes. 
 
3. PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA 
 Dispõe que o Estado deve punir os agentes econômicos que pratiquem 
atos atentatórios contra a livre concorrência, visto que esta é benéfica ao 
consumidor. 
 Em 2011 foi promulgada a Lei Antitruste(Lei 12.529 de 30 de novembro 
de 2011), a qual prevê punições às empresas que praticarem truste. 
 Truste é a fusão (incorporação de empresas) de empresas, que tem 
como intuito dominar o mercado. A participação majoritária de determinada 
empresa num dado segmento produtivo reduz a concorrência, o que prejudica 
diretamente o consumidor. 
 Há dois tipos de truste: 
a) truste vertical; há a fusão de empresas de diferentes segmentos 
produtivos de um mesmo mercado; é o exemplo da empresa de um 
dado mercado que compra a empresa que faz matéria-prima, a 
responsável pelo transporte, a fabricante, ou seja, adquiri grande parte 
das empresas que permitem a fabricação de determinado produto 
levado ao consumidor; 
 
28 
 
b) truste horizontal; é a fusão de empresas de um mesmo segmento 
produtivo; há a reunião formal de empresas, aonde uma empresa vai 
comprando outra. 
 
 Frise-se que o truste não se confunde com o cartel, o qual se trata de 
uma reunião informal de empresas, onde estas têm o intuito de dominar os 
preços. As empresas que praticam o cartel combinam os preços. 
 
4. CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE) 
 Trata-se de um tribunal administrativo que tem a função de julgar os atos 
atentatórios à livre concorrência. As punições por ele impostas são 
determinadas pela Lei 12.529/2011. 
 Um exemplo da atuação do CADE se deu há 10 anos atrás, quando a 
empresa TBA, que à época era a única que distribuía os produtos da Microsoft 
no Brasil, teve seu monopólio “quebrado” pelo referido Tribunal administrativo. 
 Uma das atribuições do CADE é “quebrar” os monopólios. Assim, 
quando há um domínio relevante de um dado mercado por uma empresa há a 
presunção relativa de violação à livre concorrência. Considera-se dominante de 
um mercado a empresa que domina mais de 20% do mesmo. Logo, quando 
uma fusão trará como consequência o domínio de mercado nesse percentual 
presume-se violada a livre concorrência daquele segmento. Porém, não há 
violação da livre concorrência quando o domínio de mercado (em mais de 20%) 
se der em razão de outros fatores – como a competência e/ou êxito do 
empresário – que não a fusão de empresas, ou seja, o crescimento natural da 
empresa não constitui violação à livre concorrência. 
 Como mencionado acima, a presunção da violação do referido princípio 
é relativa, ou seja, admite prova em contrário. Presume-se que determinada 
fusão irá prejudicar o mercado quando a mesma acarretar no domínio de um 
dado seguimento. Todavia, a empresa pode comprovar, junto ao CADE, que tal 
fusão não prejudicará a livre concorrência. Um exemplo disso pôde ser visto na 
fusão entre Skol, Antártica e Brahma, que deu origem à AmBev. Àquela época 
a Coca-Cola ajuizou uma representação junto ao CADE afirmando que tal 
fusão violaria a livre concorrência. Entretanto, a presunção relativa foi 
 
29 
 
desconstituída, pois a AmBev provou que o domínio daquele mercado era 
exercido pela Coca-Cola, logo, era necessário autorizar a referida fusão para 
que fosse possível concorrer – no mercado de bebidas em geral – com a 
poderosa multinacional das bebidas. 
 Ocorrendo a coisa julgado junto ao CADE, a decisão tomada por este 
Tribunal está sujeita à discussão perante o Judiciário. Um exemplo disso foi 
quando houve a fusão entre a Nestlé e a Garoto. O CADE determinou que a 
Kraft (dona da Nestlé) vendesse a Garoto em até 6 meses. Ocorre que o 
Judiciário deferiu uma liminar autorizando a empresa alemã a manter a fusão. 
 Ressalte-se que o CADE pode agir de ofício, ou seja, diferentemente do 
Judiciário, não precisa ser provocado para atuar. 
 Importante salientar que as decisões do CADE tendem a analisar a 
concorrência de um ponto de vista internacional, o que tem gerado críticas, de 
que o referido Tribunal tem tomado decisões mais políticas do que técnicas. É 
o exemplo da fusão entre a Sadia e a Perdigão, onde se alegou que no 
mercado de alimentos há uma presença muito grande de multinacionais, logo, 
para fortalecer o mercado interno, fazia-se necessário autorizar a referida 
fusão. 
 
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
 
 Num sistema liberal é direito de todos acumularem bens. Todavia, numa 
Constituição típica do walfare state, como a brasileira, é coerente que se exija 
do proprietário o cumprimento de uma função social do seu imóvel, sob pena 
de perder a propriedade do mesmo. Desta forma, permite-se o acumulo de 
bens, mas se impõe uma restrição a essa faculdade, qual seja, o cumprimento 
da função social do imóvel. 
 Caso o proprietário não dê uma função social ao seu imóvel estará 
dando causa à perda da propriedade, estando sujeito a uma das duas sanções 
previstas: desapropriação sancionatória ou usucapião. 
 Porém, há situações em que o sujeito perderá a propriedade do seu 
imóvel sem ter dado causa a tal perda, neste caso haverá a desapropriação, 
 
30 
 
mas esta não se dará em caráter sancionatório. Isto ocorre porque o interesse 
público prevalece sobre o interesse particular. 
 Assim, um proprietário pode perder seu imóvel pela prevalência do 
interesse público em face do interesse privado, ou em razão do 
descumprimento da função social da propriedade. 
 
1. PERDA DA PROPRIEDADE POR APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO 
 Há situações em que um imóvel poderá ser desapropriado mesmo que 
seu proprietário esteja dando-lhe uma função social. Um exemplo disso pode 
ser visto em obras que se faz necessário a desapropriação de alguns imóveis 
para que se possa concluir um determinado empreendimento público. Frise-se 
que qualquer ente federativo pode dar cabo a este tipo de desapropriação. 
 Nesse caso, o proprietário deve ser previamente indenizado, e em 
dinheiro, visto que ele não deu causa à desapropriação. 
 
2. DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA URBANÍSTICA 
 Quem a promove é o município. Dá-se quando o proprietário de um 
imóvel urbano não dá uma função social ao mesmo. Para que seja feita essa 
forma de desapropriação o município tem que tomar algumas medidas: 
1) notificar o proprietário para que o mesmo dê uma destinação social ao 
seu imóvel, a qual varia de acordo com o plano diretor do município, que 
diz ao que pode ser construído em determinada área; 
2) caso não seja cumprida a notificação, o município procederá o aumento 
progressivo do IPTU, por 5 anos; 
3) caso, mesmo com o aumento no imposto, o proprietário não dê uma 
função social ao seu imóvel, o município promoverá uma ação de 
desapropriação urbana; 
4) obtendo êxito na referida ação, o imóvel desapropriado passará a 
incorporar o patrimônio público municipal; 
5) o antigo proprietário será pago de forma justa, mas não prévia, ou seja, 
receberá em títulos da dívida pública, os quais são resgatáveis em até 
 
31 
 
10 anos, que é a forma utilizada pelo Estado para sancionar aquele que 
não cumpriu a função social da propriedade. 
 
3. DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA RURAL OU RURALÍSTICA 
 Quem a promove é a União. Dá-se quando um determinado imóvel rural 
é improdutivo, ou seja, a função social do imóvel rural é cumprida quando este 
é produtivo. Para que se proceda a referida desapropriação, devem ser 
tomadas algumas medidas: 
1) notificar o proprietário do imóvel rural – através do INCRA –, para que 
este torne seu imóvel produtivo; 
2) descumprida a notificação, a União ajuíza a ação de desapropriação de 
imóvel rural; 
3) obtendo êxito na mencionada ação, a União terá que destinar o imóvel 
desapropriado a programas da Reforma Agrária; 
4) o antigo proprietário receberá em títulos da dívida agrária (TDA), os 
quais são resgatáveis em até 20 anos, sendo que a Uniãonão pode 
resgatá-los antes do segundo ano; a exceção se dá quando o imóvel 
rural desapropriado possuir benfeitorias úteis e/ou necessárias 
(imprescindíveis), as quais são indenizadas em dinheiro. 
 
4. DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA 
 O art. 243 da CF dispõe que ”as glebas de qualquer região do País onde 
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente 
expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para 
o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer 
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. 
Assim, se for localizada uma plantação de maconha numa dada fazenda, a 
mesma será desapropriada, sem nenhuma indenização ao seu proprietário e 
sem prejuízo de outras sanções, como um eventual processo criminal. 
 
 
 
 
 
32 
 
5. USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL DE IMÓVEL URBANO 
 Trata-se da perda de um imóvel urbano para outro particular. Em suma, 
o usucapião é a prescrição aquisitiva da propriedade – a perda da propriedade 
pelo decurso do tempo. 
 O proprietário perde sua propriedade em favor de quem estiver na posse 
da mesma, por não estar cumprindo a função social, logo, perde-a para quem 
vinha cumprindo a referida função. Para que se configure o usucapião 
constitucional alguns requisitos devem ser cumpridos: 
1) o sujeito tem que estar em posse do imóvel por 5 anos contínuos, 
ininterruptos e sem oposição por parte do proprietário; este pode 
comprovar sua oposição, a qual interrompe a prescrição, através de 
uma notificação; frise-se que o ônus da prova é do proprietário; a 
aquisição da propriedade é automática, cabendo ao juiz somente 
declarar a prescrição aquisitiva; 
2) o imóvel não pode ter mais que 250 m²; o que não significa que um 
imóvel com medidas superiores a esta não possa ser objeto de 
usucapião; se for maior do que a referida medida, se submeterá ao 
usucapião descrito no Código Civil, onde o prazo para configurar a 
prescrição aquisitiva é maior do que o previsto para o usucapião 
constitucional; 
3) o sujeito não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural; o que 
tem por finalidade evitar a profissão de “grilheiro”, visto que o prazo para 
configurar o usucapião constitucional é relativamente curto, diferente dos 
casos previstos no Código Civil; 
4) o possuidor tem que utilizar o imóvel para fins de moradia própria ou de 
sua família. 
 
6. USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL RURAL 
 Para configurar a prescrição aquisitiva de um imóvel rural alguns 
requisitos devem ser preenchidos: 
1) o indivíduo tem que estar em posse do imóvel por 5 anos contínuos, 
ininterruptos e sem oposição por parte do proprietário; 
2) o imóvel não pode ter mais que 50 hectares; 
 
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3) o indivíduo não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural; 
4) o sujeito tem utilizar o imóvel para fins de moradia própria ou de sua 
família, bem como torná-lo produtivo; 
 
 Como comprovar, quando você paga a um “chacreiro” para cuidar de 
sua propriedade – dar uma função social a ela –, que você não abandonou o 
imóvel? Fazendo um contrato de comodato, que diferente do aluguel, trata-se 
do empréstimo gratuito de um imóvel. Assim, a ideia do empréstimo é 
comprovar o cumprimento da função social do imóvel. 
 Por fim, faz-se necessário responder uma pergunta: e se um sujeito 
invadir um imóvel abandonado que pertence à prefeitura, esta perderá o seu 
imóvel através do usucapião constitucional? Não. Sabe-se que os bens 
públicos são impenhoráveis, inalienáveis e imprescritíveis, logo, não pode 
haver prescrição aquisitiva de bem público. 
 
ORDEM SOCIAL 
 
 Disciplina os direitos sociais descritos no art. 6º da Constituição. 
 
SEGURIDADE SOCIAL (SEGURO SOCIAL) 
 
 Trata-se de uma garantia estatal contra eventos sociais adversos. 
Assim, o sujeito contribui (paga) para o Estado para que no caso de um 
eventual acidente que ele venha a sofrer, o qual o impossibilite para o trabalho, 
o ente estatal lhe pague uma aposentadoria (permanente) ou um auxílio-
doença (provisório). 
 A seguridade social é administrada pelo Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS), e é dividida em três institutos: previdência, assistência e saúde. 
 A previdência exige contraprestação do cidadão, ou seja, é preciso 
pagar o INSS para poder usufruir dela. 
 A assistência se dá através dos benefícios assistenciais de ajuda e 
socorro, os quais prescindem de contraprestação. O destinatário recebe um 
benefício de socorro e de ajuda, no valor de um salário mínimo. 
 
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 A saúde é representada pelo fato de que o Sistema Único de Saúde 
(SUS) recebe dinheiro da Seguridade Social. Isso não significa que todo o 
dinheiro que o SUS recebe é oriundo da Seguridade, mas tão somente uma 
parte dos seus recursos advém dela. 
 
PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL (art. 194 da CF) 
 
1. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE OU SOLIDARISMO 
 Remete à ideia de que todos têm que contribuir para com a Seguridade 
Social, ainda que isso não se dê na mesma proporção. 
 Frise-se que aquele que contribuiu muito para a Seguridade pode 
usufruir menos do que aquele que praticamente não contribuiu para a mesma. 
Assim, o sujeito que contribuiu a vida inteira para o INSS e vem a falecer um 
mês depois de se aposentar, sem deixar nenhum herdeiro, vai usufruir apenas 
um mês de tudo o que contribui. Por outro lado, pode haver a situação em que 
o indivíduo contribuiu apenas um mês para o INSS e logo depois sofre um 
acidente, ficando inválido para o trabalho, passando a receber uma 
aposentadoria por invalidez; neste caso ele irá usufruir uma vida inteira mesmo 
tendo contribuído por apenas um mês. Note-se que não há nenhuma garantia 
de proporcionalidade no que diz respeito à contribuição para a Seguridade 
Social. 
 
2. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE 
 Os benefícios da Seguridade devem ser os mais amplos possíveis, 
abrangendo o maior número possível de pessoas, até mesmo aquelas que 
nunca contribuíram para ela. É o exemplo do benefício assistencial do idoso, 
onde o senhor que nunca contribuiu para o INSS passa a receber uma espécie 
de ajuda do Governo. 
 
3. PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE OU DISTRIBUTIVIDADE 
 Este princípio é destinado ao Legislador, o qual deve selecionar a 
parcela da população que mais necessita da Seguridade, e criar benefícios a 
fim de suprir as necessidades desta camada da população. É o exemplo do 
 
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auxílio-reclusão, que é o benefício concedido à família do preso – pobre – que 
trabalhava antes de ir para a prisão. 
 
4. PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE 
 Dispõe que os benefícios concedidos pela Seguridade Social não podem 
ser reduzidos. Este princípio se refere à irredutibilidade nominal (formal), que é 
aquela que remete à questão numérica do benefício, ou seja, se um 
determinado sujeito recebia R$ 800,00 de aposentadoria em 2012, em 2013 
seu benefício não poderá ser inferior a este valor. 
 Há também a irredutibilidade real (material), que é aquela que leva em 
conta a desvalorização da moeda – a inflação. 
 
 
CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL (art. 195 da CF) 
 
 Diz respeito aos obrigados a contribuir com a Seguridade Social. São 
eles: 
a) o empregador, a empresa; note-se que o próprio empregador obtém 
vantagem desta contribuição, pois, imagine-se um bom funcionário que 
se acidenta; neste caso é o INSS que pagará o benefício ao acidentado, 
não o empresário; a empresa tem que contribuir sobre a folha de 
salários, sobre os demais serviços a ela prestados por pessoa física, 
sobre a receita ou o faturamento e sobre o lucro obtido; 
b) o trabalhador, oqual tem que pagar o INSS; os aposentados não 
contribuem para a Seguridade Social; 
c) incide contribuição sobre a receita de concursos de prognósticos; são 
representados pela Loteria Federal, onde a Mega-Sena, por exemplo, 
tem 6% de sua receita destinada à Seguridade Social; 
d) os importadores de bens e serviços; os quais contribuem para a 
Seguridade através do PIS/PASEP-Importação e da COFINS- 
Importação.

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