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JOSÉ ELMANO SILVA T30 
NEUROANATOMIA CAPÍTULO 10: Vascularização do 
Sistema Nervoso Central 
e Barreiras Encefálicas 
 
 
VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
• O sistema nervoso é formado de estruturas nobres e 
altamente especializadas que exigem, para seu 
metabolismo, um suprimento permanente e elevado de 
glicose e oxigénio, o que requer um fluxo sanguíneo 
contínuo e intenso. 
 
• A parada da circulação cerebral por mais de dez 
segundos leva o indivíduo à perda da consciência. Após 
cerca de cinco minutos, começam a aparecer lesões 
irreversíveis, pois a maioria das células nervosas não se 
regeneram. 
 
• Áreas diferentes do sistema nervoso central são lesadas 
em tempos diferentes, tendo em vista que as áreas 
filogeneticamente mais recentes, como o neocórtex 
cerebral, são as que primeiro se alteram. A área lesada 
em último lugar é o centro respiratório situado no bulbo. 
 
• Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) hemorrágicos 
ou oclusivos, também denominados isquêmicos 
(tromboses e embolias) interrompem a circulação de 
determinadas áreas encefálicas, causando necrose do 
tecido nervoso, e são acompanhados de alterações 
motoras, sensoriais ou psíquicas, que podem ser 
características para a área e a artéria lesada. 
 
• Há poucas anastomoses entre artérias e arteríolas, o que 
torna cada região bastante dependente da circulação de 
determinada artéria. 
 
• Cabe lembrar que no sistema nervoso central não existe 
circulação linfática. Por outro lado, há circulação 
liquórica, que, entretanto, não corresponde, quer 
anatômica quer funcionalmente, à circulação linfática. 
 
 
VASCULARIZAÇÃO DO ENCÉFALO 
 
FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL 
 
• Embora o encéfalo represente apenas 2% da massa 
corporal, ele consome 20% do oxigénio disponível e 
recebe 15% do fluxo sanguíneo, refletindo a alta taxa 
metabólica do tecido nervoso. 
 
• O fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é diretamente 
proporcional à diferença entre a pressão arterial (PA) e a 
pressão venosa (PV), e inversamente proporcional à 
resistência cerebrovascular (RCV). 
 
• Como a pressão venosa cerebral varia muito pouco, a 
fórmula pode ser simplificada: FSC = PA/RCV. 
 
• A resistência cerebrovascular depende sobretudo dos 
seguintes fatores: 
 
• Pressão intracraniana: cujo aumento, decorrente de 
condições diversas, eleva a resistência cerebrovascular. 
 
• Condição da parede vascular: que pode estar alterada 
em certos processos patológicos, como as 
arterioscleroses, que aumentam consideravelmente a 
resistência cerebrovascular. 
 
• Viscosidade do sangue. 
 
• Calibre dos vasos cerebrais: regulado por fatores 
nervosos e humorais, como o CO2, por possuir ação 
vasodilatadora nos vasos cerebrais. 
 
• Verificou-se que o fluxo sanguíneo é maior nas áreas 
mais ricas em sinapses, de tal modo que, na substância 
cinzenta, ele é maior do que na branca, o que 
obviamente está relacionado com a maior atividade 
metabólica da substância cinzenta. 
 
• Medindo-se o fluxo sanguíneo na área visual do córtex 
de um animal, verifica-se que ele aumenta 
consideravelmente quando o animal é colocado diante 
de um foco luminoso, o que determina a chegada de 
impulsos nervosos no córtex visual, com aumento do 
metabolismo dos neurônios. 
 
• O aumento da demanda nas regiões ativadas é 
proporcionado por ajustes locais realizados pelas 
próprias arteríolas, uma vez que não seria possível 
aumentar a pressão arterial e o fluxo cerebral, por risco 
de lesão do tecido nervoso. 
 
• A atividade celular causa liberação de CO2 e este 
aumenta o calibre vascular e o fluxo sanguíneo local em 
áreas cerebrais submetidas a maior solicitação funcional. 
 
• O aumento do fluxo regional em resposta ao aumento da 
atividade neuronal é também mediado pela liberação de 
óxido nítrico pelos neurônios que, por ser um gás, se 
difunde com rapidez, atuando sobre o calibre dos vasos. 
 
 
 
 
 
VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL DO ENCÉFALO 
 
• O encéfalo é irrigado pelas artérias carótidas internas e 
vertebrais, originadas no pescoço, onde não dão nenhum 
ramo importante, sendo, pois, especializadas para a 
irrigação do encéfalo. 
 
• Na base do crânio, estas artérias formam um polígono 
anastomótico, o polígono de Willis, de onde saem as 
principais artérias para a vascularização cerebral. 
 
• A túnica média das artérias cerebrais tem menos fibras 
musculares, e a túnica elástica interna é mais espessa e 
tortuosa que a de artérias de outras áreas. 
 
• Esse espessamento da túnica elástica interna constitui 
um dos dispositivos anatômicos que protegem o tecido 
nervoso, amortecendo o choque da onda sistólica 
responsável pela pulsação das artérias. 
 
• Também contribui para amortecer o choque da onda 
sistólica a tortuosidade que apresentam as artérias 
carótidas internas e as artérias vertebrais ao penetrar no 
crânio, bem como as artérias que saem do polígono de 
Willis. 
 
• Há uma quase independência entre as circulações 
arteriais intracraniana e extracraniana. As poucas 
anastomoses existentes são, na maioria das vezes, 
incapazes de manter uma circulação colateral útil em 
caso de obstrução no território da carótida interna. 
 
 
ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA 
 
• Ramo de bifurcação da carótida comum, a artéria 
carótida interna, após trajeto mais ou menos longo no 
pescoço, penetra na cavidade craniana pelo canal 
carotídeo do osso temporal, atravessa o seio cavernoso, 
no interior do qual descreve, em plano vertical, uma 
dupla curva, formando um S, o sifão carotídeo, que 
aparece muito bem nas arteriografias da carótida. 
 
• Em seguida, perfura a dura-máter e a aracnoide e, no 
início do sulco lateral, divide-se em seus dois ramos 
terminais: 
 
❖ Artérias cerebral média. 
 
❖ Artéria cerebral anterior. 
 
• Além de seus dois ramos terminais, a artéria carótida 
interna dá os seguintes ramos mais importantes: 
 
❖ Artéria oftálmica: emerge da carótida quando esta 
atravessa a dura-máter, logo abaixo do processo 
clinoide anterior. Irriga o bulbo ocular e formações 
anexas. 
 
❖ Artéria comunicante posterior: anastomosa-se 
com a artéria cerebral posterior, ramo da basilar, 
contribuindo para a formação do polígono de Willis. 
 
❖ Artéria corióidea anterior: dirige-se para trás, ao 
longo do trato óptico, penetra no corno inferior do 
ventrículo lateral, irrigando os plexos corioides e 
parte da cápsula interna, os núcleos da base e o 
diencéfalo. 
 
❖ Artérias cerebrais anteriores e médias: se 
subdividem em ramos menores superficiais e 
profundos, rumo a estruturas internas. 
 
 
ARTÉRIAS VERTEBRAL E BASILAR 
 
• As artérias vertebrais direita e esquerda destacam-se 
das artérias subclávias correspondentes, sobem no 
pescoço dentro dos forames transversos das vértebras 
cervicais, perfuram a membrana atlantoccipital, a dura-
máter e a aracnoide, penetrando no crânio pelo forame 
magno. 
 
• Percorrem, a seguir, a face ventral do bulbo e, 
aproximadamente no nível do sulco bulbo-pontino, 
fundem-se para constituir um tronco único, a artéria 
basilar. 
 
• As artérias vertebrais dão origem às duas artérias 
espinhais posteriores e à artéria espinhal anterior 
que vascularizam a medula. 
 
• Originam ainda as artérias cerebelares inferiores 
posteriores, que irrigam a porção inferior e posterior do 
cerebelo. 
 
• A artéria basilar percorre geralmente o sulco basilar da 
ponte e termina anteriormente, bifurcando-se para formar 
as artérias cerebrais posteriores direita e esquerda. 
 
• Neste trajeto, a artéria basilar emite os seguintes ramos 
mais importantes: 
 
❖ Artéria cerebelar superior: nasce da basilar, logo 
atrás das cerebrais posteriores, distribuindo-se ao 
mesencéfalo e à parte superior do cerebelo. 
 
❖ Artéria cerebelar inferior anterior: distribui-se à 
parte anterior da face inferior do cerebelo. 
 
❖ Artériado labirinto: penetra no meato acústico 
interno junto com os nervos facial e vestibulococlear, 
vascularizando estruturas do ouvido interno. 
 
❖ Ramos pontinos. 
 
 
O CÍRCULO ARTERIAL DO CÉREBRO 
 
O círculo arterial do cérebro, ou polígono de Willis, é uma 
anastomose arterial de forma poligonal e está situado na base 
do cérebro, onde circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo, 
relacionando-se ainda com a fossa interpeduncular. 
 
É formado pelas porções proximais das artérias cerebrais 
anterior, média e posterior, pela artéria comunicante anterior 
e pelas artérias comunicantes posteriores, direita e esquerda. 
 
A artéria comunicante anterior: é pequena e anastomosa 
as duas artérias cerebrais anteriores adiante do quiasma 
óptico. 
 
As artérias comunicantes posteriores: unem, de cada 
lado, as carótidas internas com as cerebrais posteriores 
correspondentes. 
 
❖ Deste modo, elas anastomosam o sistema carotídeo 
interno ao sistema vertebral. 
 
❖ Entretanto, esta anastomose é apenas potencial 
pois, em condições normais, não há passagem 
significativa de sangue do sistema vertebral para o 
carotídeo interno ou vice-versa. 
 
❖ Do mesmo modo, praticamente não existe troca de 
sangue entre as metades esquerda e direita do 
círculo arterial. 
 
• O círculo arterial do cérebro permite a manutenção de 
fluxo sanguíneo adequado em todo o cérebro, em casos 
de obstrução de uma (ou mais) das quatro artérias que o 
irrigam. 
 
• É fácil entender que a obstrução, por exemplo, da 
carótida direita, determina queda de pressão em seu 
território, o que faz com que o sangue flua para aí através 
da artéria comunicante anterior e da artéria comunicante 
posterior direita. 
 
• Entretanto, o círculo arterial do cérebro é sede de muitas 
variações, que tornam imprevisível o seu comportamento 
diante de um determinado quadro de obstrução vascular. 
 
• Ademais, o estabelecimento de uma circulação colateral 
adequada depende de vários fatores, tais como a rapidez 
com que se instala o processo obstrutivo e o estado da 
parede arterial, o qual, por sua vez, depende da idade do 
paciente. 
 
• As artérias cerebrais anterior, média e posterior dão 
ramos corticais e ramos centrais. 
 
❖ Os ramos corticais: destinam-se à vascularização 
do córtex e substância branca subjacente. 
 
❖ Os ramos centrais: emergem do círculo arterial do 
cérebro, ou seja, da porção proximal de cada uma 
das artérias cerebrais e das artérias comunicantes. 
Eles penetram perpendicularmente na base do 
cérebro e vascularizam o diencéfalo, os núcleos da 
base e a cápsula interna. 
 
• Quando se retira a pia-máter, permanecem os orifícios 
de penetração destes ramos centrais, o que rendeu às 
áreas onde eles penetram a denominação de substância 
perfurada, anterior e posterior. 
 
• São especialmente importantes, e recebem a 
denominação de artérias estriadas, os ramos centrais 
que se destacam da artéria cerebral média e penetram 
na substância perfurada anterior, vascularizando a maior 
parte do corpo estriado e da cápsula interna. 
 
• Tendo em vista que pela cápsula interna passam quase 
todas as fibras de projeção do córtex, pode-se entender 
que lesões destas artérias são particularmente graves. 
 
 
 
TERRITÓRIO CORTICAL DAS TRÊS ARTÉRIAS 
CEREBRAIS 
 
Ao contrário dos ramos profundos, os ramos corticais das 
artérias cerebrais possuem anastomoses, ao menos em seu 
trajeto na superfície do cérebro. 
 
Entretanto, estas anastomoses são em geral insuficientes 
para a manutenção de circulação colateral adequada em 
casos de obstrução de uma destas artérias ou de seus ramos 
mais calibrosos. 
 
Resultam, pois, nestes casos, lesões de áreas mais ou 
menos extensas do córtex cerebral, comum quadro 
sintomatológico característico das síndromes das artérias 
cerebrais anterior, média e posterior. 
 
O estudo minucioso destas síndromes exige conhecimento 
dos territórios corticais irrigados pelas três artérias cerebrais, 
o que será feito a seguir. 
 
Artéria cerebral anterior: 
 
❖ Ramo de bifurcação da carótida interna, dirige-se 
para diante e para cima, curva-se em torno do joelho 
do corpo caloso e ramifica-se na face medial de 
cada hemisfério, desde o lobo frontal até o sulco 
parietoccipital. 
 
❖ Distribui-se também à parte mais alta da face 
dorsolateral de cada hemisfério, onde se limita com 
o território da artéria cerebral média. 
 
❖ A obstrução de uma das artérias cerebrais 
anteriores causa paralisia e diminuição da 
sensibilidade no membro inferior do lado oposto, 
decorrente da lesão de partes das áreas corticais 
motora e sensitiva, que correspondem à perna e se 
localizam na porção alta dos giros pré e pós-central 
(lóbulo paracentral). 
 
• Artéria cerebral média: 
 
❖ Ramo principal da carótida interna, a artéria cerebral 
média percorre o sulco lateral em toda a sua 
extensão, distribuindo ramos que vascularizam a 
maior parte da face dorsolateral de cada hemisfério. 
 
❖ Este território compreende áreas corticais 
importantes, como a área motora, a área 
somestésica e o centro da palavra falada. 
 
❖ Obstruções da artéria cerebral média, quando não 
são fatais, determinam sintomatologia muito rica, 
com paralisia e diminuição da sensibilidade do lado 
oposto do corpo (exceto no membro inferior), 
podendo haver ainda graves distúrbios da 
linguagem. 
 
❖ O quadro é especialmente grave se a obstrução 
atingir também ramos profundos da artéria cerebral 
média (artérias estriadas) que vascularizam os 
núcleos da base e a cápsula interna. 
 
• Artéria cerebral posterior: 
 
❖ Ramo de bifurcação da artéria basilar, a artéria 
cerebral posterior dirige-se para trás, contorna o 
pedúnculo cerebral e, percorre a face inferior do lobo 
temporal, ganha o lobo occipital. 
 
❖ A artéria cerebral posterior irriga, pois, a área visual 
situada nos lábios do sulco calcarino e sua 
obstrução causa cegueira em uma parte do campo 
visual. 
 
 
VASCULARIZAÇÃO VENOSA DO ENCÉFALO 
 
• As veias do encéfalo, de modo geral, não acompanham 
as artérias, sendo maiores e mais calibrosas do que elas. 
 
• Drenam para os seios da dura-máter, de onde o sangue 
converge para as veias jugulares internas, as quais 
recebem praticamente todo o sangue venoso encefálico. 
 
• Os seios da dura-máter ligam-se também às veias 
extracranianas por meio de pequenas veias emissárias 
que passam através de pequenos forames no crânio. 
 
• As paredes das veias encefálicas são muito finas e 
praticamente desprovidas de musculatura. 
 
• A circulação venosa se faz sobretudo sob a ação de três 
forças: 
 
❖ Aspiração da cavidade torácica, determinada pelas 
pressões subatmosféricas da cavidade torácica, 
mais evidente no início da inspiração. 
 
❖ Força da gravidade, notando-se que o retomo 
sanguíneo do encéfalo se faz a favor da gravidade, 
o que toma desnecessária a existência de válvulas 
nas veias cerebrais. 
 
❖ Pulsação das artérias, cuja eficácia é aumentada 
pelo fato de que se faz em uma cavidade fechada. 
Este fator é mais eficiente no seio cavernoso, cujo 
sangue recebe diretamente a força expansiva da 
carótida interna, que o atravessa. 
 
❖ O leito venoso do encéfalo é muito maior que o 
arterial; consequentemente, a circulação venosa é 
muito mais lenta. 
 
❖ A pressão venosa no encéfalo é muito baixa e varia 
muito pouco em razão da grande capacidade de 
distensão das veias e seios. 
 
 
SISTEMA VENOSO SUPERFICIAL 
 
• É constituído por veias que drenam o córtex e a 
substância branca subjacente, anastomosam-se 
amplamente na superfície do cérebro, onde formam 
grandes troncos venosos, as veias cerebrais 
superficiais, que desembocam nos seios da dura-máter. 
 
❖ As veias cerebrais superficiais superiores: 
provêm da face medial e da metade superior da face 
dorsolateral de cada hemisfério, desembocandono 
seio sagital superior. 
 
❖ As veias cerebrais superficiais inferiores: provêm 
da metade inferior da face dorsolateral de cada 
hemisfério e de sua face inferior, terminando nos 
seios da base (petroso superior e cavernoso) e no 
seio transverso. 
 
➢ A principal veia superficial inferior é a veia 
cerebral média superficial, que percorre o sulco 
lateral e termina, em geral, no seio cavernoso. 
 
 
SISTEMA VENOSO PROFUNDO 
 
• Compreende veias que drenam o sangue de regiões 
situadas profundamente no cérebro, tais como: corpo 
estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do 
centro branco medular do cérebro. 
 
• A mais importante veia deste sistema é a veia cerebral 
magna ou veia de Galeno, para a qual converge quase 
todo o sangue do sistema venoso profundo do cérebro. 
 
• A veia cerebral magna é um curto tronco venoso ímpar e 
mediano, formado pela confluência das veias cerebrais 
internas, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, 
desembocando no seio reto. 
 
 
 
 
 
ANGIOGRAFIA CEREBRAL 
• Injetando-se contraste nas artérias vertebral ou carótida 
interna e tirando-se uma sequência de radiografias, é 
possível visualizar em tempos sucessivos as artérias, 
veias e seios do encéfalo. 
 
• Esta técnica é usada para diagnóstico e localização de 
processos patológicos que acometem os vasos 
cerebrais, tais como aneurismas, tromboses, embolias, 
lesões traumáticas etc. 
 
• Atualmente utiliza-se de preferência a angiografia por 
Ressonância Magnética, cuja vantagem é não usar 
contraste nem necessitar de punção arterial, sendo, 
portanto, um método não invasivo. 
VASCULARIZAÇÃO DA MEDULA 
 
• A medula espinhal é irrigada pelas artérias espinhais 
anterior e posteriores, ramos da artéria vertebral, e pelas 
artérias radiculares, que penetram na medula com as 
raízes dos nervos espinhais. 
 
• A artéria espinhal anterior é um tronco único formado 
pela confluência de dois curtos ramos recorrentes que 
emergem das artérias vertebrais direita e esquerda. 
 
❖ Dispõe-se superficialmente na medula, ao longo da 
fissura mediana anterior até o cone medular. Emite 
as artérias sulcais, que se destacam 
perpendicularmente e penetram no tecido nervoso 
pelo fundo da fissura mediana anterior. 
 
❖ As artérias espinhais anteriores vascularizam as 
colunas e os funículos anterior e lateral da medula. 
 
• As artérias espinhais posteriores direita e esquerda 
emergem das artérias vertebrais correspondentes, 
dirigem-se dorsalmente, contornando o bulbo e, em 
seguida, percorrem longitudinalmente a medula, 
medialmente aos filamentos radiculares das raízes 
dorsais dos nervos espinhais. 
 
❖ As artérias espinhais posteriores vascularizam a 
coluna e o funículo posterior da medula. 
 
• As artérias radiculares derivam dos ramos espinhais 
das artérias segmentares do pescoço e do tronco 
(tireóidea inferior, intercostais, lombares e sacrais). 
 
❖ Estes ramos penetram nos forames intervertebrais 
com os nervos espinhais e dão origem às artérias 
radiculares anterior e posterior, que ganham a 
medula com as correspondentes raízes dos nervos 
espinhais. 
 
❖ As artérias radiculares anteriores anastomosam-se 
com a espinhal anterior, e as artérias radiculares 
posteriores com as artérias espinhais posteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARREIRAS ENCEFÁLICAS 
 
• Barreiras encefálicas são dispositivos que impedem ou 
dificultam a passagem de substâncias entre o sangue e 
o tecido nervoso (barreira hematoencefálica) ou entre o 
sangue e o liquor (barreira hematoliquórica). 
 
• A injeção de toxina tetânica no liquor, por exemplo, dá 
sintomas mais graves do que quando uma dose dez 
vezes maior é injetada no sangue. 
 
• A importância fisiológica e clínica destas barreiras é 
muito grande, uma vez que elas regulam a passagem, 
para o tecido nervoso, não só de substâncias a serem 
utilizadas pelos neurônios, mas também de 
medicamentos e substâncias tóxicas. 
 
 
LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA DA BARREIRA 
HEMATOENCEFÁLICA 
 
• A barreira hematoencefálica está no capilar do sistema 
nervoso central. Este é formado pelo endotélio e por uma 
membrana basal muito fina. 
 
• Por fora, os pés vasculares dos astrócitos formam uma 
camada quase completa em torno do capilar. Todos 
estes três elementos (endotélio, membrana basal e 
astrócito) já foram considerados como sede da barreira 
hematoencefálica. 
 
• Entretanto, sabe-se hoje que ela está no endotélio, como 
foi demonstrado com a utilização da proteína peroxidase. 
 
• Verificou-se que, ao contrário dos capilares das demais 
áreas do corpo, os quais deixam passar livremente a 
peroxidase, os capilares cerebrais a retêm, impedindo 
sua passagem mesmo para o espaço entre o endotélio e 
a membrana basal. 
 
• Os endotélios dos capilares encefálicos apresentam três 
características que os diferenciam dos endotélios dos 
demais capilares e que se relacionam com o fenômeno 
de barreira: 
 
❖ As células endoteliais são unidas por junções 
oclusivas que impedem a penetração de 
macromoléculas. 
 
❖ Não existem fenestrações, que são pequenas áreas 
em que o endotélio se reduz a uma fina membrana 
muito permeável. 
 
❖ São raras as vesículas pinocitóticas. Nos demais 
endotélios elas são frequentes e importantes no 
transporte de macromoléculas. 
LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA DA BARREIRA 
HEMATOLIQUÓRICA 
 
• A barreira hematoliquórica localiza-se nos plexos 
corioides. Seus capilares, no entanto, não participam do 
fenômeno. 
 
• Assim, quando se injeta peroxidase em um animal, ela 
atravessa os capilares fenestrados dos plexos corioides, 
mas é barrada no nível da superfície do epitélio 
ependimário voltada para a cavidade ventricular. 
 
• O epitélio ependimário que reveste os plexos corioides, 
ao contrário dos demais epitélios ependimários, possui 
junções oclusivas que unem as células próximo à 
superfície ventricular e impedem a passagem de 
macromoléculas, constituindo a base anatômica da 
barreira hematoliquórica. 
 
 
FUNÇÕES DA BARREIRAS 
 
• A principal função das barreiras é impedir a passagem 
de agentes tóxicos para o sistema nervoso central, 
como venenos, toxinas, bilirrubina etc. 
 
• Impedem também a passagem de neurotransmissores 
encontrados no sangue, como adrenalina. 
 
❖ A adrenalina é lançada em grande quantidade na 
circulação em certas situações emocionais e poderia 
alterar o funcionamento do cérebro se não fosse 
barrada. 
 
• Portanto, essas barreiras constituem um mecanismo de 
proteção do encéfalo contra agentes que poderiam lesá-
lo ou alterar seu funcionamento. 
 
• A palavra barreira pode indicar que ela tem apenas o 
papel de impedir a entrada de substâncias, quando 
possui também a função de permitir a entrada de 
substâncias importantes para o funcionamento das 
células do tecido nervoso, como glicose e aminoácidos. 
 
• Assim, a barreira funciona como um portão que barra 
a entrada de algumas substâncias e permite a entrada 
de outras. 
 
• Diferentemente do que ocorre nos endotélios dos 
capilares em geral, os endotélios dos capilares da 
barreira hematoencefálica utilizam-se de mecanismos 
especiais para passagem de glicose e aminoácidos 
através do citoplasma. 
 
• Esta passagem depende de moléculas transportadoras 
que são específicas para glicose e grupos de 
aminoácidos. 
 
• Há evidência de que a barreira hematoliquórica também 
funciona como portão, utilizando essencialmente os 
mesmos mecanismos da barreira hematoencefálica para 
transporte de substâncias. 
 
 
FATORES DE VARIAÇÃO DA PERMEABILIDADE DA 
BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA 
 
• A permeabilidade da barreira hematoencefálica não é a 
mesma em todas as áreas. Por exemplo, certas 
substâncias penetram facilmente no núcleo caudado e 
no hipocampo, mas têm dificuldade de penetrar no resto 
do encéfalo. 
 
• Isto mostra que certos agentes farmacológicos,quando 
injetados no sangue, não agem em determinadas áreas 
do sistema nervoso porque não as atingem, podendo, 
entretanto, agir em outras áreas vizinhas. 
 
• No feto e no recém-nascido, a barreira hematoencefálica 
é mais fraca, ou seja, deixa passar maior número de 
substâncias até que os capilares percam completamente 
as fenestrações. 
 
• Com efeito, uma determinada concentração sanguínea 
de bilirrubina, que no adulto não atravessa a barreira 
hematoencefálica, no recém-nascido pode atravessá-la, 
passando ao tecido nervoso, sobre o qual tem ação 
tóxica. 
 
❖ Aparece, assim, um quadro de icterícia com 
manifestações neurológicas que os pediatras 
conhecem como Kemicterus. 
 
• Vários processos patológicos, como certas infecções e 
traumatismos, podem levar à “ruptura”, mais ou menos 
completa, da barreira hematoencefálica que deixa passar 
substâncias que normalmente não passariam. 
 
 
ÓRGÃOS ClRCUNVENTRICULARES 
 
• Em algumas áreas do cérebro, a barreira 
hematoencefálica não existe. Nestas áreas, os 
endotélios são fenestrados e desprovidos de junções 
oclusivas. 
 
• Eles se distribuem em volta do III e IV ventrículos e por 
isso são denominados órgãos circunventriculares. 
 
• Do ponto de vista funcional, os órgãos 
circunventriculares podem ser receptores de sinais 
químicos do sangue ou relacionados direta ou 
indiretamente com a secreção de hormônios. 
 
• A glândula pineal localiza-se no epitálamo, secreta o 
hormônio melatonina. 
 
• A eminência média pertence ao hipotálamo e está 
envolvida no transporte de hormônios do hipotálamo 
para a adeno-hipófise. 
 
• A neuro-hipófise é local de liberação de hormônios 
hipotalâmicos. 
 
• O órgão subfornicial é uma pequena estrutura neuronal 
situada no forame de Monro, abaixo do fórnix. 
 
❖ Seus neurônios são sensíveis a baixas 
concentrações de angiotensina II, hormônio 
peptídico que regula o volume de sangue circulante 
(volemia). 
 
❖ As informações obtidas pelos neurônios do órgão 
subfornicial são levadas a áreas do hipotálamo que 
regulam a volemia. Entre estas está o centro da 
sede no hipotálamo lateral que, sob estímulo dos 
neurônios subfomiciais, aumenta a sede. 
 
• O órgão vascular da lâmina terminal está situado 
nesta lâmina no hipotálamo, próximo da parte anterior e 
ventral do III ventrículo. 
 
❖ Seus neurônios são sensíveis ao aumento da 
pressão osmótica do sangue, desencadeando a 
sede e estimulando a secreção de hormônios 
antidiuréticos pelo hipotálamo. 
 
• A área postrema fica localizada na parte mais caudal do 
assoalho do IV ventrículo. 
 
❖ Esta área é sensível a sinais químicos veiculados no 
sangue, como o hormônio colecistocinina, secretado 
pelo trato gastrointestinal. 
 
❖ A informação obtida é repassada ao hipotálamo para 
regulação da atividade gastrointestinal ou ao centro 
do vômito que, em função da informação recebida, 
pode desencadear o reflexo do vômito.

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