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Cirurgia oral I 
Princípios de exodontia 
Agnes Nascimento | @agnes.odonto 
Introdução 
A exodontia é o procedimento que deve ser utilizado quando 
todos os outros recursos reabilitadores não forem possíveis 
Quando o dente representa um risco de infecção que pode 
levar o paciente à óbito; quando o dente não tem mais 
utilidade na cavidade oral por não ter mais sustentação 
periodontal; quando o paciente não tem espaço nas arcadas 
para o tratamento ortodôntico – principais pontos para a 
exodontia 
Indicações 
Cárie extensa 
Necrose pulpar 
Indicações ortodônticas e protéticas 
Dentes mal posicionados 
Doença periodontal 
Dentes fraturados 
Dentes supranumerários 
Dentes inclusos 
Fraturas maxilares 
Radioterapia (antes de o paciente se submeter à radioterapia, 
pois durante o tratamento ele não pode fazer) 
Questões financeiras 
Raízes e fragmentos dentais 
Contraindicações 
Desordens sistêmicas não compensadas 
Diabetes melilitus descompensada 
Hipertensão arterial descompensada 
Discrasias sanguíneas severas 
Insuficiência renal 
Insuficiência hepática 
Infarto há menos de 6 meses 
Pacientes que fazem uso de drogas antirreabsortivas 
 
Locais 
Radioterapia da cabeça e pescoço 
Dentes associados a lesões malignas 
Pericoronarite severa 
Diagnóstico 
O diagnóstico para a decisão de uma exodontia deve ser feita 
através de um exame clínico criterioso e exames de imagem 
Avaliando a complexidade 
É essencial que sejam feitas radiografias adequadas de todo 
dente a ser extraído 
 Doença periodontal 
Um dente com perda óssea devido à doença periodontal, é 
um dente que clinicamente possui uma mobilidade acentuada 
Observa-se o espaço do ligamento periodontal alargado 
Dente fácil de ser extraído 
 
 Dente retido 
Na imagem abaixo observa-se um elemento decíduo que está 
retido sem o respectivo dente permanente 
Essa é uma situação que dificulta a extração, pois os dentes 
vizinhos estão impactando a remoção desse dente 
 
Outra situação de dificuldade nesse caso são as raízes 
divergentes 
 Restaurações extensas 
Dentes com restaurações extensas possuem menor 
resistência 
Durante a extração, o dente pode ser fraturado 
 
 Destruição coronária extensa 
Dentes com destruições coronárias extensas são mais difíceis 
de serem extraídos, pois são dentes mais fragilizados 
Assim, durante a extração, é um dente que pode sofrer 
fratura 
 
 Proximidade com estruturas 
- Seio maxilar 
Dentes maxilares muito próximos ao seio maxilar devem ser 
extraídos de maneira muito delicada para que não haja a 
fratura do osso e, consequentemente, uma comunicação 
bucosinusal 
 
- Forame mentual 
Durante a confecção de retalhos em região de molares 
inferiores, deve-se tomar cuidado com a localização do forame 
mentual para que os feixes nervosos do nervo mentual não 
sejam expostos 
- Canal mandibular 
Dentes próximos ao canal mandibular precisam de muita 
atenção para que não haja nenhum tipo de lesão ao nervo 
alveolar inferior 
 
 Densidade óssea 
Quando radiograficamente observa-se que o osso ao redor 
do dente é muito compacto, espera-se que haja uma maior 
resistência durante a exodontia 
 Configuração das raízes 
A morfologia e a quantidade de raízes (anomalias ou não) 
podem dificultar a extração do elemento dentário 
- Raízes supranumerárias 
 
- Raízes amplamente divergentes 
 
 Hipercementose 
A hipercementose aumenta a dificuldade dessas extrações, 
pois as raízes são maiores no ápice do que na região cervical 
 
 Cárie cervical\radicular 
Cáries radiculares tornam a extração mais difícil porque a 
fratura do dente é provável 
 
 Dentes tratados endodonticamente 
Dentes tratados endodonticamente possuem uma esclerose 
óssea marginal, fazendo com que o osso tenha uma menor 
expansibilidade 
A menor expansibilidade óssea associada a uma estrutura 
dentária frágil pode levar a fratura do dente durante a 
extração 
Deve-se saber diferenciar condições patológicas de estruturas 
anatômicos normais – exemplo: diferenciar o forame mentual 
de lesões periapicais 
Posicionamento adequado 
A adequada posição do paciente e do cirurgião são 
indispensáveis para a realização da exodontia com 
tranquilidade e segurança, bem como a iluminação do campo 
cirúrgico e a seleção adequada do material utilizado 
Posição do paciente 
A posição do paciente é sempre em decúbito dorsal inclinado 
 Cirurgia em maxila 
Cadeira mais elevada, angulação de 60º em relação ao solo 
(A) 
 Cirurgia em mandíbula 
Cadeira mais baixa, plano oclusal paralelo ao solo (B) 
 
Posição do cirurgião 
O cirurgião pode ficar em pé ou sentado 
Normalmente, para cirurgias em maxila, o cirurgião posiciona-
se à frente do paciente, enquanto que para cirurgias em 
mandíbula, posiciona-se atrás do paciente 
Além disso, a empunhadura do instrumental utilizado também 
pode variar de acordo com a posição da cirurgia 
 
Princípios mecânicos 
Para que os elementos dentários sejam extraídos é necessário 
que seja feita uma transmissão de carga mecânica, que faça 
com que o dente expanda a tábua óssea e as fibras do 
ligamento periodontal sejam rompidos, gerando um espaço 
que possibilitará a saída do elemento dentário 
Princípios mecânicos dos elevadores 
Movimentos que podem ser utilizados durante o emprego dos 
elevadores – eles podem ser empregados simultaneamente 
quando necessário 
 Alavanca 
O mecanismo de alavanca possibilita transmitir uma força 
modesta aplicando um pequeno movimento contra uma 
grande resistência 
O instrumento é inserido em um ponto do dente a fim de 
elevar o mesmo 
 
 Cunha 
A cunha se torna útil em diferentes formas para exodontia 
A técnica é baseada na colocação da parte ativa da alavanca 
entre a raiz do dente e o osso exercendo força no sentido 
apical 
Esse tipo de movimento deve ser evitado, por exemplo, em 
regiões de extensão do seio maxilar 
 
 Roda e eixo 
Os elevadores podem ser posicionados e girados levantando 
a raiz do dente para fora do alvéolo 
 
Princípios mecânicos dos fórceps 
O fórceps é adaptado no colo anatômico do dente, invadindo 
o sulco gengival após sindesmotomia. 
Primeiro se adapta o fórceps na lingual ou palatina, e em 
seguida na vestibular 
 Movimento apical 
O primeiro movimento a ser realizado é o apical 
O fórceps deve ser posicionado no longo eixo do dente e 
exercido uma pressão apical 
Quanto mais apical o eixo de rotação, menor o risco de fratura 
 Movimento vestibular e lingual (lateralidade) 
Permite o rompimento das fibras do ligamento periodontal 
promovendo a luxação 
Com exceção dos molares inferiores, deve ser aplicada mais 
força na tábua óssea vestibular, pois a cortical óssea vestibular 
é mais delgada 
 Movimento de rotação 
Consiste em rotacionar o elemento em seu longo eixo 
Este movimento só pode ser realizado em dentes 
unirradiculares sem dilacerações 
 Movimento de tração 
Consiste na remoção do dente do alvéolo por meio da tração 
dental 
O movimento deve ser leve e delicado 
Dentes multirradiculares: movimento apical – lateralidade – 
tração 
Dentes unirradiculares: movimento apical – lateralidade –
rotação – tração 
Sempre deve-se fazer uma projeção de maior força para 
vestibular do que para palatina\lingual, com exceção dos 
molares inferiores 
Principais fórceps e suas indicações 
Todo fórceps é formado por 3 partes – cabo, eixo e ponta 
ativa; o que vai ser alterado é o a parte ativa e o cabo 
 
 Maxila 
Incisivos - Fórceps 1 ou 150 
Caninos e pré molares - Fórceps 150 
Molares - Fórceps 18 L (lado esquerdo) 18 R (lado direito) 
 Mandíbula 
Incisivos, caninos e pré molares - Fórceps 151 
Molares - Fórceps 16 ou 17 
Resto radiculares (superior e inferior) - Fórceps 69 
Técnicas exodônticas 
Tem-se as técnicas aberta e fechada 
A técnica fechada é aquela que não é necessária a confecção 
de retalho para a extração do elemento dentário, já a técnica 
aberta lançamão de alguma técnica de retalho, e isso pode 
ser decidido quando o cirurgião acredita que força excessiva 
seria necessária para remover o dente, quando uma 
quantidade substancial da coroa está ausente ou coberta por 
tecido, quando uma coroa frágil está presente, quando há falha 
da técnica fechada, osso muito dento (idosos, bruxismo) e 
raízes divergentes 
Requisitos comuns às técnicas 
Acesso e visualização adequada do campo operatório 
Uma via desimpedida para a remoção do elemento dentário 
O uso de força controlada para luxar e remover o dente 
Mecânica envolvida 
Expandir as paredes do osso alveolar 
Fornecer as vias desimpedidas as raízes 
Rompimento das fibras periodontais 
Etapas da extração fechada 
Após as etapas de (1.) Posicionamento do paciente, (2.) 
Antissepsia intra e extraoral, (3.) Aposição dos campos, (4.) 
Anestesia: 
1. Liberação dos tecidos moles aderidos a porção cervical dos 
dentes 
- O primeiro passo na remoção pela técnica de extração 
fechada é soltar o tecido mole ao redor do dente com um 
instrumental afiado 
2. Luxação do dente com elevadores dentários 
- A luxação do dente começa com um elevador, normalmente 
o reto 
- A elevação deve ocorrer nas faces vestibulares mesial e 
distal da raiz. 
- Não se deve tentar elevação ao longo da vestibular do osso, 
pois pode ser facilmente fraturada, ou o cirurgião-dentista 
pode perder o controle e causar lesão nos tecidos moles 
3. Adaptação do fórceps ao dente 
- Ponta ativa adaptada à região mais cervical possível 
- Utilizar tamanho adequado para não afetar dentes próximos 
4. Luxação do dente com fórceps 
- Firmeza e proteção do arco oposto 
- Transmissão da carga de forma adequada 
5. Remoção do dente do alvéolo 
- Uma vez que o osso alveolar tenha sido suficientemente 
expandido e o dente luxado, pode ser usada uma força de 
tração leve, geralmente de direção vestibular 
6. curetagem (em caso de lesão periapical) 
- Se houver lesão periapical, deve-se fazer a curetagem para 
sua remoção 
7. Alveoloplastia 
- Após a cirurgia, deve-se verificar se há espículas ósseas e 
regulariza-las 
8. Irrigação 
9. Sutura 
Etapas da extração aberta 
1. Incisão do retalho 
2. Descolamento mucoperiosteal 
3. Osteotomia periférica (necessidade de confecção de ponto 
de apoio) 
4. Odontossecção (em caso de raízes divergentes) 
5. Luxação\exodontia com elevadores 
6. Retirada do dente com hemostática ou fórceps 
7. Curetagem (em caso de lesão periapical) 
8. Alveoloplastia 
9. Irrigação 
10. Sutura 
Cuidados pós-operatórios 
O paciente dever orientado a permanecer com uma gaze 
compressiva na ferida por pelo menos 30 minutos para 
prevenir sangramentos. Deve-se também evitar bochechos 
vigorosos nas primeiras 24 horas. É comum um pouco de 
sangramento nas primeiras horas, no entanto, em casos de 
sangramento importante o cirurgião-dentista deve ser 
comunicado 
A dieta deve ser líquida ou pastosa, deve-se evitar esforços 
mastigatórios, e optar nas primeiras 24 a 48 horas por 
alimentos gelados para ajudar na hemostasia e no conforto do 
paciente 
A higiene oral não pode ser descartada durante o pós-
operatório. A escovação deve ser feita com escovas de 
cerdas macias, e bochechos com solução de clorexidina a 
0,12% também podem ser utilizados duas vezes ao dia por 
sete dias a quinze dias 
O paciente pode ser orientando a realizar crioterapia com 
bolsas de gelo nas primeiras 48 horas várias vezes ao dia. No 
entanto é importante alertar para evitar o contato direto com 
gelo na pele e não permanecer por mais de 20 minutos 
ininterruptos 
Outras orientações: Evitar se abaixar e realizar esforços físicos 
intensos por 7 dias; dormir com a cabeça mais elevada; seguir 
à risca as orientações quanto a medicação prescrita; não 
fumar durante todo período de cicatrização 
A medicação deve ser prescrita de acordo com o trauma 
cirúrgico – técnica fechada (analgésico), técnica aberta 
(analgés + antiinf.), se houver infecção, prescrever antibiótico 
+ analgés. + antiinf.

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