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PRÁTICA DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS 
Dra. Marina Savordelli Versolato 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 
 
 
1 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Introdução: 
A disciplina Práticas de Ensino na Educação de Jovens e Adultos tem como objetivo 
proporcionar aos licenciandos uma compreensão ampla, crítica e sensível sobre os 
desafios e as possibilidades do ensino voltado a jovens, adultos e idosos que não tiveram 
acesso ou permanência na escola em idade regular. Ao longo do curso, serão exploradas 
as especificidades desse campo educacional, considerando suas dimensões históricas, 
sociais, culturais e pedagógicas. 
 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é, por essência, uma modalidade marcada 
por trajetórias interrompidas, direitos negados e potências acumuladas. Por isso, exige do 
educador práticas que respeitem e valorizem os saberes trazidos pelos sujeitos, ao mesmo 
tempo em que possibilitem novas aprendizagens por meio de metodologias ativas, 
dialógicas e inclusivas. Nesse sentido, esta disciplina busca não apenas oferecer subsídios 
teóricos, mas também favorecer a construção de práticas pedagógicas comprometidas com 
a transformação social. 
 
Com base em fundamentos da Pedagogia, no legado de Paulo Freire e em 
abordagens contemporâneas da educação inclusiva, tecnológica e significativa, o percurso 
formativo será desenvolvido de forma reflexiva e aplicada. Espera-se que, ao final do 
semestre, os(as) estudantes estejam aptos(as) a planejar, adaptar e aplicar estratégias 
pedagógicas eficazes, éticas e contextualizadas, contribuindo para uma educação que 
reconhece e respeita a diversidade dos sujeitos da EJA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. INTRODUÇÂO À EDUCAÇÂO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) 
 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que se constitui 
como política pública e como direito social, historicamente vinculada à luta pela 
democratização da educação e pela superação das desigualdades sociais no Brasil. O 
direito à educação para todos é garantido pela Constituição Federal de 1988, mas sua 
efetivação para jovens e adultos que não frequentaram a escola na idade adequada ainda 
representa um grande desafio. A EJA, nesse sentido, surge como uma resposta às lacunas 
deixadas pelo sistema educacional e à exclusão histórica de grandes parcelas da 
população. 
 
Desde os períodos coloniais até os dias atuais, o acesso à escolarização no Brasil 
esteve relacionado à condição social, étnico-racial, de gênero e territorial. Durante séculos, 
a educação formal esteve restrita às elites, enquanto as populações negras, indígenas, 
pobres e marginalizadas foram sistematicamente excluídas. Foi somente ao longo do 
século XX, especialmente com o fortalecimento dos movimentos populares, que a 
alfabetização de adultos ganhou visibilidade como instrumento de transformação social. 
 
 
Figura 1 - O Educador Paulo Freire fonte: https://expresso.estadao.com.br/naperifa/entenda-paulo-freire-e-sua-
importancia-para-a-educacao/ 
 
 
3 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Um marco histórico importante é a atuação de Paulo Freire (2010), a partir da década 
de 1960, com sua proposta de alfabetização crítica e dialógica. O método Freiriano não 
visava apenas o ensino da leitura e da escrita, mas sobretudo a consciência crítica da 
realidade social dos educandos. Para Freire (2010), alfabetizar era um ato político: era dar 
voz àqueles que foram silenciados pela história. 
 
A EJA passou a integrar a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 
Lei nº 9.394/1996) como modalidade própria, com características e finalidades específicas, 
reafirmando o compromisso do Estado com a oferta de educação adequada à população 
jovem, adulta e idosa que não teve acesso ou continuidade nos estudos. A partir disso, a 
modalidade passou a ser organizada em etapas equivalentes ao Ensino Fundamental e 
Médio, com propostas pedagógicas adaptadas às experiências de vida e ao tempo 
disponível dos educandos. 
 
 
Figura 2 - fonte: https://www.seduc.ce.gov.br/educacao-de-jovens-e-adultos-eja/ 
 
Apesar dos avanços legais e normativos, a EJA ainda enfrenta muitos obstáculos 
para se consolidar como política pública efetiva. A descontinuidade de programas 
governamentais, a escassez de recursos, o número reduzido de turmas e a falta de 
valorização docente são alguns dos entraves que marcam sua trajetória. Ainda assim, a 
 
 
4 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
EJA se mantém viva nas práticas pedagógicas comprometidas com a inclusão e na 
resistência de educadores(as) e sujeitos que acreditam no poder transformador da 
educação ao longo da vida. 
 
1.1. Características do público Jovem e Adulto na Educação 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende um público com trajetórias marcadas 
por múltiplas formas de exclusão social, educacional, econômica e simbólica. Essa 
população é extremamente diversa em termos de idade, raça, gênero, vivências culturais, 
experiências de trabalho, vínculos familiares, religião e história escolar. Trata-se de sujeitos 
com marcas de vida distintas, que muitas vezes convivem com sentimentos ambíguos em 
relação à escola: desejo de aprender, mas também medo de não conseguir; vontade de 
recomeçar, mas também lembranças de fracassos anteriores. 
 
 
Figura 3 – fonte: 
https://sjb.rj.gov.br/site/noticia/eja_oferece_nova_oportunidade_para_concluir_a_educacao_basica/13482 
 
É fundamental que o(a) educador(a) da EJA conheça e reconheça essa diversidade 
como ponto de partida para a ação pedagógica. A aprendizagem de jovens, adultos e 
idosos ocorre em tempos e modos distintos dos alunos da educação básica regular. Não 
se trata de “recuperar conteúdos” nem de “acelerar processos”, mas de criar práticas 
pedagógicas que façam sentido para quem vive, diariamente, os desafios da sobrevivência, 
do trabalho e das responsabilidades familiares. 
 
 
https://sjb.rj.gov.br/site/noticia/eja_oferece_nova_oportunidade_para_concluir_a_educacao_basica/13482
 
 
5 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.2. Diversidade de perfis: 
O público da EJA é composto por sujeitos em diferentes estágios da vida e com 
distintas motivações para retornar à escola. Podemos encontrar: 
 
 Jovens entre 15 e 29 anos, que foram expulsos do sistema educacional pela 
repetência, pela defasagem idade-série, pela falta de sentido nas aulas ou pela 
necessidade de trabalhar precocemente. 
 Adultos entre 30 e 59 anos, que decidiram voltar a estudar em busca de 
melhores oportunidades de trabalho, de autoestima ou de um sonho antigo. 
 Idosos com mais de 60 anos, que chegam à EJA muitas vezes movidos pelo 
desejo de ler, escrever, votar com consciência, ajudar netos com tarefas 
escolares ou realizar um projeto pessoal. 
 
Há também educandos em situação de rua, migrantes e refugiados, trabalhadores 
do campo, moradores de comunidades periféricas, pessoas privadas de liberdade, 
mulheres que abandonaram a escola para cuidar dos filhos, pessoas com deficiência e 
pessoas que sofreram preconceitos de diversas ordens ao longo de sua trajetória escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Fonte: https://www.ibertioga.mg.gov.br/pesquisa-para-formacao-de-turmas-de-educacao-de-jovens-e-
adultos-eja-para-2022/ 
 
Essa complexidade exige do(a) educador(a) uma escuta sensível, planejamento 
flexível e metodologias que dialoguem com os interesses, os conhecimentos prévios e as 
condições reais de vida desses sujeitos. 
 
 
 
6 Prática de Ensino na Educação de Jovens e AdultosSanta Cecília - Educação a Distância 
A escolha das palavras deve ser feita a partir da escuta atenta aos educandos: seus 
temas de interesse, vocabulário cotidiano, desafios e desejos. O uso de palavras geradoras, 
portanto, torna o processo de alfabetização mais envolvente, participativo e emancipador. 
 
9.4. Ambiente Alfabetizador: 
O ambiente alfabetizador é o espaço — físico, simbólico e afetivo — em que o 
processo de alfabetização acontece. Na EJA, esse ambiente precisa ser acolhedor, 
estimulante e respeitoso, especialmente porque muitos educandos chegam com medos, 
bloqueios e traumas relacionados à escola. Um ambiente alfabetizador não se resume à 
sala de aula organizada com cartazes e letras no quadro; ele envolve atitudes, relações e 
propostas pedagógicas. 
 
 
Figura 31 - fonte: https://mst.org.br/2023/06/22/a-partir-da-eja-mst-ja-alfabetizou-mais-de-100-mil-pessoas-no-pais/ 
 
É fundamental que o educando sinta-se parte da comunidade de aprendizagem, 
perceba que pode errar, perguntar, tentar de novo, e que seu tempo de aprender será 
respeitado. O ambiente alfabetizador também se constrói com a presença de diferentes 
gêneros textuais, acesso a livros, revistas, dicionários, imagens, tecnologias, produção 
coletiva de textos, rodas de leitura e escrita. 
 
https://mst.org.br/2023/06/22/a-partir-da-eja-mst-ja-alfabetizou-mais-de-100-mil-pessoas-no-pais/
 
 
54 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Mais do que um espaço físico, o ambiente alfabetizador é uma postura pedagógica, 
que valoriza a escuta, o diálogo e a construção conjunta do conhecimento. 
 
 
Figura 32 - fonte: https://www.frm.org.br/conteudo/educacao-basica/artigo/eja-e-os-desafios-para-incluir-quem-teve-o-
direito-educacao-negado 
 
 
 
Alfabetizar jovens e adultos é, antes de tudo, um ato de reconhecimento e de 
esperança — é oferecer, por meio da palavra escrita, a possibilidade de 
reescrever a própria história com dignidade, consciência e liberdade. 
 
 
 
 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 30 jan. 2025. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
15 jun. 2025. 
 
 
 
 
55 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jun. 
2025. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	1. INTRODUÇÂO À EDUCAÇÂO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
	1.1. Características do público Jovem e Adulto na Educação
	1.2. Diversidade de perfis:
	1.3. Saberes e experiências como ponto de partida
	1.4. Demandas específicas de aprendizagem
	1.5. Desafios emocionais e simbólicos
	1.6. A motivação como motor da aprendizagem
	2. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	2.1 Teorias da Aprendizagem Aplicadas à EJA
	2.2 Métodos de Ensino Eficazes para Adultos
	2.3 Estratégias Motivacionais e de Engajamento:
	3. PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	3.1. Paulo Freire e seu método:
	3.2 Palavra geradora, situação limite e falas significativas:
	3.3 Projetos significativos:
	4. PLANEJAMENTO DE AULAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.
	4.1. Elaboração de objetivos educacionais específicos:
	4.2. Estruturação de aulas considerando a diversidade de conhecimentos prévios
	4.3 Adaptação de materiais didáticos para a realidade da EJA:
	5. TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS .
	5.1. Uso de tecnologias no ensino para jovens e adultos:
	5.2. Ferramentas digitais para promover a participação e o aprendizado:
	5.3. Inclusão digital na EJA:
	6. EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	6.1. Princípios da educação inclusiva aplicados à EJA
	6.2. Adaptação do ambiente e do material para atender às necessidades de todos os educandos
	6.3. Experiências práticas de inclusão na EJA:
	7. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	7.1 Sequências didáticas na EJA:
	7.2. Estudo de casos e atividades práticas:
	7.3. Participação ativa dos educandos na construção do conhecimento
	8. AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
	8.1. Estratégias de avaliação formativa e somativa
	8.2. Adaptação de instrumentos de avaliação para a realidade da EJA:
	8.3. Importância da avaliação para o desenvolvimento dos educandos(as):
	9. ALFABETIZAÇÂO E LETRAMENTO NA EJA
	9.1 Alfabetização e Letramento na Educação de Jovens e Adultos:
	9.2. Atividade Significativa:
	9.3. Palavra Geradora:
	9.4. Ambiente Alfabetizador:Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.3. Saberes e experiências como ponto de partida 
Os jovens e adultos que chegam à EJA não estão “em branco”. Eles trazem consigo 
saberes acumulados em suas experiências de vida, de trabalho, de relações sociais e 
culturais. Muitos aprenderam a “ler o mundo” muito antes de aprender a ler as letras. 
 
Figura 5 - Fonte: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202407/pacto-eja-redes-tem-ate-31-7-para-aderir 
 
Por isso, ensinar na EJA é também reconhecer que o conhecimento não está apenas 
nos livros, mas na vivência cotidiana dos educandos: na feira, na roça, na fábrica, na 
construção civil, no cuidado com os filhos, nas músicas que cantam, nos ditados que 
repetem, nas decisões que tomam. Esses saberes, quando valorizados, tornam-se matéria-
prima para uma pedagogia significativa, que respeita a história de cada um e promove 
aprendizagem real. 
https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202407/pacto-eja-redes-tem-ate-31-7-para-aderir
 
 
7 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - fonte: https://bahiapravoce.com.br/entrevista-com-leonardo-campos-educacao-em-espacos-nao-
escolares/ 
 
1.4. Demandas específicas de aprendizagem 
Do ponto de vista cognitivo e afetivo, os sujeitos da EJA apresentam demandas 
específicas. Alguns adultos têm receio de aprender, sentem-se inseguros com os livros, 
têm dificuldades de concentração, ou carregam experiências traumáticas com a escola. 
Outros têm enorme entusiasmo, mas não dominam habilidades básicas de leitura, escrita 
e raciocínio lógico. 
 
Além disso, os tempos de aprendizagem variam bastante. Por isso, o planejamento 
pedagógico na EJA precisa considerar: 
 
 O respeito aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem; 
 O uso de linguagem acessível e conteúdos contextualizados; 
 A valorização da cultura oral e do diálogo como estratégia de ensino; 
 A flexibilização dos materiais e das estratégias de avaliação; 
 A criação de um ambiente acolhedor, onde o erro seja visto como parte do 
processo. 
 
https://bahiapravoce.com.br/entrevista-com-leonardo-campos-educacao-em-espacos-nao-escolares/
https://bahiapravoce.com.br/entrevista-com-leonardo-campos-educacao-em-espacos-nao-escolares/
 
 
8 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Outro aspecto relevante é a relação tempo-vida-estudo. Muitos estudantes da EJA 
têm jornadas duplas ou triplas de trabalho, cuidados com a casa e a família, e dificuldade 
para comparecer às aulas com regularidade. Isso exige do educador(a) uma prática 
solidária, que combine exigência pedagógica com empatia e compreensão da realidade 
social dos educandos. 
 
1.5. Desafios emocionais e simbólicos 
Frequentemente, os educandos da EJA carregam cicatrizes emocionais causadas 
por processos de exclusão escolar e social. A vergonha, o medo de errar, o sentimento de 
inferioridade diante da cultura letrada, tudo isso pode impedir o avanço no processo 
educativo se não for acolhido com cuidado. 
 
Por isso, mais do que ensinar conteúdos, é necessário construir vínculos de 
confiança. A afetividade na relação pedagógica, a construção de um espaço seguro e 
respeitoso e a valorização da identidade dos educandos são elementos essenciais para a 
permanência e o sucesso escolar. 
 
1.6. A motivação como motor da aprendizagem 
Ao contrário do que se pensa, o público da EJA costuma ser altamente motivado. 
Muitos estudantes, mesmo com todas as dificuldades, insistem em permanecer na escola 
porque veem nela uma chance real de mudança. A educação, nesse contexto, é desejo, é 
projeto, é esperança. 
 
Cabe ao(à) educador(a) manter viva essa motivação, por meio de uma pedagogia 
do compromisso, que promova o protagonismo dos educandos(as), que envolva suas 
histórias, que gere sentido, que não infantilize, nem banalize sua presença na escola. É 
muito importante o cuidado para não propor atividades que infantilize os educandos e que 
seja fora de contexto da sua realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
9 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
(...) "Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se 
libertam em comunhão." 
— Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido, 1987, p. 47. 
 
 
 
 
 “A educação é permanente na razão, de um lado, da finitude do ser humano, 
de outro, da consciência que ele tem de sua finitude. Mais ainda, pelo fato de 
não apenas saber que vivia, mas saber que sabia e, assim, saber que podia 
saber mais...” (Freire, 1993, p.12) 
 
 
 
 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2024. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2024. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
19 jan. 2024. 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 
2024. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
2. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade com características 
específicas que exigem fundamentos teóricos, metodológicos e éticos próprios. Mais do 
que uma adaptação da educação infantil ou juvenil, a EJA requer uma abordagem 
pedagógica que compreenda o adulto como sujeito do conhecimento, reconheça sua 
história de vida e valorize sua experiência como ponto de partida para a aprendizagem. 
Para isso, é essencial que o(a) educador(a) conheça teorias da aprendizagem adequadas 
à faixa etária, métodos de ensino eficazes e estratégias motivacionais que promovam o 
engajamento contínuo dos educandos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 - fonte:https://www.cee.ce.gov.br/2020/01/09/alfabetizacao-mesmo-tardia-e-aliada-da-cidadania-da-
dignidade-e-da-saude/ 
 
2.1 Teorias da Aprendizagem Aplicadas à EJA 
Diversas teorias da aprendizagem podem embasar a prática pedagógica na EJA, 
desde que adaptadas à realidade e às necessidades dos educandos. Dentre elas, 
destacam-se: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
a) Teoria Sociocultural (Vygotsky): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 - Lev Vygotski Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo-
social 
Segundo Vygotsky, a aprendizagem se dá por meio da interação social e da 
mediação cultural. A linguagem, os signos e as relações com os outros são centrais no 
desenvolvimento cognitivo. Na EJA, isso significa que o conhecimento deve ser construído 
coletivamente, a partir do diálogo, da troca de saberes e do reconhecimento da cultura dos 
educandos. 
 
b) Aprendizagem Significativa (Ausubel): 
 
Figura 9 - Ausubel fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/262/david-ausubel-e-a-aprendizagem-significativa 
 
Ausubel propõe que o novo conhecimento só é plenamente aprendido quando se 
conecta a conhecimentos prévios. No caso da EJA, é fundamental partir do que o educando 
https://novaescola.org.br/conteudo/262/david-ausubel-e-a-aprendizagem-significativa
 
 
12 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educaçãoa Distância 
já sabe — mesmo que seja saber não escolarizado — e dar sentido às novas informações. 
A aprendizagem deixa de ser mecânica e passa a ter valor pessoal e funcional. 
 
c) Teoria Humanista (Carl Rogers) 
 
 
Figura 10 - Carl Rogers Fonte: https://humana.social/teoria-geral-de-carl-rogers/ 
 
Essa abordagem destaca o papel da afetividade, da liberdade e da autonomia no 
processo de aprender. Em um ambiente onde o aluno é respeitado e encorajado, ele se 
torna mais participativo e confiante. Na EJA, a valorização do educando como sujeito 
integral é essencial, sobretudo quando ele chega à sala de aula carregando histórias de 
exclusão escolar. 
 
d) Andragogia (Knowles): 
https://humana.social/teoria-geral-de-carl-rogers/
 
 
13 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 11 - Fonte: https://www.andragogiabrasil.com.br/malcolm-knowles 
 
A andragogia é o estudo das estratégias específicas de ensino para adultos. Knowles 
argumenta que adultos aprendem melhor quando reconhecem a relevância do conteúdo, 
quando têm autonomia sobre seu processo de aprendizagem e quando conseguem aplicar 
o que aprendem em suas vidas práticas. O planejamento na EJA, portanto, deve ser 
centrado na resolução de problemas concretos e no diálogo com a realidade dos 
estudantes. 
 
2.2 Métodos de Ensino Eficazes para Adultos 
Ensinar adultos requer metodologias ativas, dialógicas e contextuais. É importante 
lembrar que, na EJA, muitos alunos já passaram por experiências de fracasso escolar. Por 
isso, é necessário romper com práticas transmissivas e infantilizantes. 
https://www.andragogiabrasil.com.br/malcolm-knowles
 
 
14 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 12 - fonte:https://pronatec2025.com.br/eja-2025/ 
 
Entre os métodos mais eficazes, destacam-se: 
a) Método Dialógico: Inspirado na pedagogia de Paulo Freire(2016), esse método 
valoriza a escuta, o diálogo e o conhecimento do educando. A aula não é uma 
palestra unidirecional, mas uma construção coletiva em que todos têm voz e vez. 
A problematização da realidade é ponto de partida para o desenvolvimento de 
conteúdos escolares. 
 
b) Aprendizagem baseada em projetos: Projetos interdisciplinares que dialogam 
com temas do cotidiano, como saúde, trabalho, direitos, alimentação e 
mobilidade, ajudam a dar sentido à aprendizagem. O projeto possibilita a 
investigação, a cooperação e a aplicação prática dos saberes. 
 
c) Estudo de casos e situações-problema: Propor situações reais para análise 
permite que os educandos mobilizem conhecimentos prévios, reflitam 
criticamente e aprendam de forma aplicada. Esse método estimula a 
participação, a argumentação e o raciocínio lógico. 
 
d) Oficinas e atividades práticas: Aulas que envolvem produção de textos, 
criação de cartazes, construção de gráficos, manipulação de objetos, visitas 
 
 
15 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
técnicas, entrevistas ou confecção de jornais escolares contribuem para o 
desenvolvimento de múltiplas competências e para a valorização da expressão 
individual e coletiva. 
 
e) Uso de recursos tecnológicos acessíveis: Ferramentas como vídeos, áudios, 
celulares e aplicativos podem potencializar o ensino, desde que utilizados com 
propósito pedagógico claro. Na EJA, é importante garantir que a tecnologia seja 
usada de forma inclusiva e crítica, e não como obstáculo. 
 
2.3 Estratégias Motivacionais e de Engajamento: 
Um dos grandes desafios da EJA é manter o aluno motivado e vinculado ao processo 
educativo, especialmente considerando sua jornada de trabalho, suas responsabilidades 
familiares e as marcas emocionais de exclusão vividas. A motivação, no entanto, não é um 
dado individual — ela se constrói a partir do pertencimento, do acolhimento e da percepção 
de que o que se aprende tem valor. 
 
Algumas estratégias eficazes de motivação e engajamento incluem: 
a) Criação de vínculos afetivos e acolhimento: 
 A primeira condição para o engajamento é o vínculo. O ambiente precisa ser 
acolhedor, respeitoso e livre de julgamentos. O educando precisa sentir-se 
parte da turma, valorizado em sua trajetória e respeitado em suas dificuldades. 
 
b) Reconhecimento dos saberes dos alunos(as): 
 Ao reconhecer e valorizar os conhecimentos prévios dos educandos — mesmo 
os não escolarizados — o educador contribui para a autoestima e para a 
construção de um processo de ensino mais horizontal. Isso também ajuda a 
combater a sensação de fracasso e a resistência ao erro. 
 
c) Valorização da conquista e do esforço: 
 Celebrar pequenas conquistas, dar devolutivas positivas e reconhecer avanços 
individuais são atitudes fundamentais para manter os alunos envolvidos e 
confiantes. A progressão deve ser acompanhada por instrumentos avaliativos 
que considerem o ponto de partida e o percurso do educando. 
 
 
16 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
d) Trabalhar com temas geradores e conteúdos relevantes: 
 Quando o conteúdo tem relação direta com a vida do aluno — seus direitos, 
suas lutas, seus sonhos — o aprendizado faz mais sentido e se torna mais 
motivador. Temas como saúde, moradia, trabalho, transporte, alimentação, 
família, gênero e identidade devem estar presentes no currículo. 
 
e) Participação ativa dos educandos(as) no planejamento: 
Permitir que os educandos opinem sobre o que e como querem aprender é uma 
forma de envolvê-los como sujeitos do processo educativo. Além disso, essa 
prática fortalece a autonomia, a responsabilidade e o senso de pertencimento. 
 
 
 
 
 
(...) “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para 
a sua própria produção ou a sua construção.” 
— Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática 
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 47. 
 
 
 
 
 Um dos grandes desafios da EJA é manter os educandos motivados e 
vinculados ao processo educativo, especialmente considerando sua jornada de 
trabalho, suas responsabilidades familiares e as marcas emocionais de 
exclusão vividas. 
 
 
 
 
 
 
 
 FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2024. 
 
 
 
17 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2024. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
19 jan. 2024. 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 
2024. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
Paulo Freire é um dos principais pensadores da educação no Brasil e no mundo, e 
sua obra tem profunda influência sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para ele, 
educar não era apenas transmitir conhecimentos, mas transformar consciências. A EJA, 
nesse sentido, é um território privilegiado para a pedagogia freireana, pois reúne sujeitos 
com trajetórias marcadas por desigualdades e exclusões, mas também por resistências,saberes e sonhos. 
 
 
Figura 13 - fonte: 
https://www.google.com/imgres?q=paulo%20freire%20frases&imgurl=https%3A%2F%2Flookaside.fbsbx.com%2Flookas
ide%2Fcrawler%2Fmedia%2F%3Fmedia_id%3D2463143763955509&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com
%2FFundacaoRobertoMarinho%2Fposts%2Fcome%25C3% 
 
3.1. Paulo Freire e seu método: 
A proposta de Paulo Freire rompe com a ideia tradicional de que o educador ensina 
e o educando apenas aprende. Sua pedagogia é dialógica, crítica, participativa. Parte da 
realidade concreta dos educandos, respeita sua história de vida, valoriza os saberes 
populares e propõe a educação como um ato político, que visa à transformação social. 
 
Seu método de alfabetização, desenvolvido nos anos 1960, foi revolucionário para a 
época. Em apenas 45 dias, foi possível alfabetizar trabalhadores rurais em Angicos (RN), 
com base em palavras do cotidiano e no diálogo com a realidade. A proposta provocou 
https://www.google.com/imgres?q=paulo%20freire%20frases&imgurl=https%3A%2F%2Flookaside.fbsbx.com%2Flookaside%2Fcrawler%2Fmedia%2F%3Fmedia_id%3D2463143763955509&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FFundacaoRobertoMarinho%2Fposts%2Fcome%25C3%25
https://www.google.com/imgres?q=paulo%20freire%20frases&imgurl=https%3A%2F%2Flookaside.fbsbx.com%2Flookaside%2Fcrawler%2Fmedia%2F%3Fmedia_id%3D2463143763955509&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FFundacaoRobertoMarinho%2Fposts%2Fcome%25C3%25
https://www.google.com/imgres?q=paulo%20freire%20frases&imgurl=https%3A%2F%2Flookaside.fbsbx.com%2Flookaside%2Fcrawler%2Fmedia%2F%3Fmedia_id%3D2463143763955509&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FFundacaoRobertoMarinho%2Fposts%2Fcome%25C3%25
 
 
19 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
entusiasmo, mas também foi considerada subversiva pelo regime militar, que acabou 
exilando Freire. 
 
O legado do método freireano, no entanto, permanece vivo. Ele inspira 
educadores(as) da EJA a não tratarem os educandos como vazios a serem preenchidos, 
mas como sujeitos históricos, capazes de refletir, decidir, agir e transformar o mundo. 
 
3.2 Palavra geradora, situação limite e falas significativas: 
Três conceitos fundamentais estruturam a pedagogia freireana e são especialmente 
aplicáveis à EJA: 
 
a) Palavra Geradora: 
É uma palavra significativa para o grupo, extraída da vida cotidiana dos educandos. 
Por exemplo: “trabalho”, “roça”, “casa”, “filho”, “luta”. Essas palavras não são escolhidas 
aleatoriamente, mas a partir de um levantamento do vocabulário familiar ao grupo. A partir 
delas, é possível trabalhar a estrutura da língua — sílabas, fonemas, famílias silábicas — 
e também promover debates sobre os significados sociais, culturais e políticos que elas 
carregam. 
 
b) Situação Limite: 
São as condições concretas e opressoras da realidade que impedem o sujeito de se 
realizar plenamente. Na EJA, isso pode ser a pobreza, a falta de acesso à saúde, a 
exploração no trabalho, o racismo, o machismo, o preconceito. Reconhecer essas situações 
é o primeiro passo para superá-las — o que Freire chama de “inédito viável”: aquilo que 
ainda não é, mas pode vir a ser. 
 
c) Falas Significativas: 
As falas dos educandos são fonte de conhecimento. O educador precisa escutá-las 
com atenção, interpretá-las com sensibilidade e transformá-las em conteúdo pedagógico. 
Uma fala simples como “não tive tempo de estudar porque trabalho desde criança” pode se 
tornar ponto de partida para discutir infância, trabalho, direitos, educação, desigualdades e 
história. 
 
 
 
20 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Esses elementos não se aplicam apenas à alfabetização, mas a toda a prática 
pedagógica na EJA. São caminhos para construir uma aprendizagem viva, crítica e 
transformadora. 
 
3.3 Projetos significativos: 
Os projetos significativos são uma das formas mais potentes de concretizar a 
pedagogia freireana na EJA. Eles partem da realidade dos educandos, envolvem diferentes 
áreas do conhecimento e culminam em uma produção coletiva que transforma o olhar sobre 
si mesmos e sobre o mundo. 
 
 
Figura 14 – Fonte: https://cepafre.blogspot.com/2021/05/paulo-freire-grande-educador-do-mundo.html 
 
Um projeto pode surgir, por exemplo, da pergunta: “O que queremos mudar em 
nosso bairro?” A partir daí, o grupo pode pesquisar sobre direitos sociais, mobilidade 
urbana, saneamento, meio ambiente, história local, e produzir cartas, vídeos, gráficos, 
murais, apresentações. Os projetos significativos: 
 
 Valorizam a escuta dos educandos; 
 Integram leitura, escrita, oralidade e análise crítica; 
 Desenvolvem múltiplas habilidades; 
 Estimulam o trabalho em grupo; 
 Favorecem a construção de vínculos; 
 Tornam a escola um espaço de protagonismo. 
 
Como Paulo Freire dizia, a educação não transforma o mundo diretamente, mas 
transforma as pessoas — e são as pessoas que transformam o mundo. Projetos 
https://cepafre.blogspot.com/2021/05/paulo-freire-grande-educador-do-mundo.html
 
 
21 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
significativos na EJA são sementes de transformação, por isso são tão relevantes nos 
processos educativos da EJA. 
 
 
Figura 15 - fonte: https://gabrielalealufsb.blogspot.com/2014/12/paulo-freire-pedagogia-da-autonomia.html 
 
 
 
 Um dos grandes desafios da EJA é manter os educandos motivados e 
vinculados ao processo educativo, especialmente considerando sua jornada de 
trabalho, suas responsabilidades familiares e as marcas emocionais de 
exclusão vividas. 
 
 
 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
https://gabrielalealufsb.blogspot.com/2014/12/paulo-freire-pedagogia-da-autonomia.html
 
 
22 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
19 jan. 2024. 
 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 
2024. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
4. PLANEJAMENTO DE AULAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS. 
 
O planejamento de aulas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um processo 
que exige sensibilidade, escuta e compromisso com a realidade concreta dos educandos. 
Não se trata apenas de organizar conteúdos e atividades, mas de criar situações 
pedagógicas significativas, que respeitem os saberes de quem já viveu muito, mesmo 
que tenha frequentado pouco a escola. O planejamento na EJA deve promover 
aprendizagens reais, ligadas ao cotidiano, aos direitos e aos sonhos dos sujeitos que voltam 
a estudar após trajetórias marcadas, muitas vezes, pela exclusão. 
 
Figura 16 fonte: https://pt.linkedin.com/posts/jbraganeto_educa%C3%A7%C3%A3o-sentido-paulofreire-activity-
6986002886321139712-p3v7 
 
 
 
https://pt.linkedin.com/posts/jbraganeto_educa%C3%A7%C3%A3o-sentido-paulofreire-activity-6986002886321139712-p3v7
https://pt.linkedin.com/posts/jbraganeto_educa%C3%A7%C3%A3o-sentido-paulofreire-activity-6986002886321139712-p3v724 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.1. Elaboração de objetivos educacionais específicos: 
Todo planejamento pedagógico precisa começar pela definição clara dos objetivos 
educacionais. Na EJA, esses objetivos devem ir além da simples transmissão de 
conteúdos formais — eles devem ter sentido prático e formativo, dialogando com as 
vivências, os interesses e os projetos de vida dos educandos. 
 
Ao escrever os objetivos, o(a) educador(a) deve perguntar-se: 
 O que desejo que os educandos compreendam, desenvolvam ou produzam ao 
final dessa aula? 
 De que forma esse conteúdo pode contribuir para sua autonomia, cidadania ou 
inserção social? 
 Como relacionar esse objetivo à realidade concreta do grupo? 
 
Os objetivos precisam ser específicos, realistas e contextualizados. Por exemplo: 
 Reconhecer e utilizar medidas de tempo no cotidiano (para um grupo que 
trabalha com horários de ônibus, escalas de trabalho, consultas médicas etc.); 
 Produzir um bilhete simples, respeitando os elementos da linguagem escrita 
(para educandos que desejam se comunicar por escrito com familiares ou 
colegas de trabalho); 
 Compreender os direitos trabalhistas básicos a partir da leitura de trechos da 
CLT (para adultos empregados em condições precárias). 
 
Objetivos como esses orientam a escolha de conteúdo, metodologias e formas de 
avaliação, tornando o planejamento mais focado e significativo. 
 
4.2. Estruturação de aulas considerando a diversidade de conhecimentos prévios 
Na EJA, os educandos chegam com diferentes níveis de escolarização, distintas 
experiências de vida e variadas relações com o saber. Alguns dominam a leitura e a escrita; 
outros estão em processo de alfabetização. Alguns têm fluência verbal, mas dificuldade 
com a norma escrita; outros têm facilidade com números, mas medo de textos. Há também 
quem traga saberes técnicos, culturais, religiosos, políticos — adquiridos no trabalho, na 
militância, na vida comunitária. 
 
 
25 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 17 fonte: https://frases.soescola.com/15-frases-de-paulo-freire/#google_vignette 
 
Por isso, o planejamento de aulas na EJA não pode ser homogêneo. Ele deve 
considerar: 
 Os conhecimentos prévios dos educandos como ponto de partida; 
 A construção coletiva do conhecimento, por meio do diálogo e da escuta; 
 A flexibilidade nas propostas, com atividades que possam ser feitas em 
diferentes níveis de complexidade; 
 O respeito ao ritmo de aprendizagem de cada educando; 
 A valorização das múltiplas formas de saber e de se expressar. 
 
O educador não precisa ter todas as respostas prontas — seu papel é mediar, 
provocar, orientar e valorizar o que cada educando já sabe, ajudando-o a ampliar 
seus conhecimentos de forma crítica e consciente. 
 
 
 
26 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.3 Adaptação de materiais didáticos para a realidade da EJA: 
Muitos materiais didáticos disponíveis no mercado não atendem às especificidades 
da EJA. Livros com linguagem infantilizada, temas descontextualizados ou excesso de 
exercícios mecânicos podem afastar o educando do processo de aprendizagem. Por isso, 
adaptar os materiais é uma tarefa fundamental. 
 
A adaptação pode ocorrer de diversas formas: 
 Escolhendo textos que dialoguem com a vida real: notícias de jornal, letras 
de música, receitas, bulas, cartazes, histórias orais, documentos, mapas, 
propagandas, entre outros. 
 Reescrevendo enunciados para torná-los mais acessíveis e claros, sem perder 
o conteúdo pedagógico. 
 Utilizando recursos visuais que favoreçam a compreensão: imagens, 
esquemas, gráficos, vídeos curtos. 
 Criando materiais próprios, a partir de palavras geradoras, temas do cotidiano 
ou interesses do grupo. 
 Promovendo atividades práticas, como montar um orçamento familiar, 
planejar uma compra no supermercado, elaborar uma carta, construir um gráfico 
com base em uma pesquisa feita pela turma. 
 
Essas adaptações tornam o conteúdo mais próximo da realidade dos educandos, 
respeitando sua trajetória e ampliando suas possibilidades de leitura de mundo. 
 
Além disso, sempre que possível, o(a) educador(a) deve envolver o grupo na 
produção dos próprios materiais — o que fortalece a autonomia, a autoria e o vínculo com 
o processo educativo. 
 
 
 
Um dos grandes desafios da EJA é manter os educandos motivados e 
vinculados ao processo educativo, especialmente considerando sua jornada de 
trabalho, suas responsabilidades familiares e as marcas emocionais de 
exclusão vividas. 
 
 
 
 
 
27 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jun. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jun. 2025. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
20 jun. 2025. 
 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 
2025. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS . 
 
O uso de tecnologias na Educação de Jovens e Adultos (EJA) deve partir de um 
princípio fundamental: as tecnologias não substituem o educador nem garantem, por si só, 
a aprendizagem. Porém, quando utilizadas de forma crítica, criativa e acessível, elas podem 
enriquecer as práticas pedagógicas, ampliar o repertório cultural dos educandos e fortalecer 
vínculos com o conhecimento e com o mundo digital. 
 
 
Figura 18 - fonte: arquivo pessoal da professora 
 
5.1. Uso de tecnologias no ensino para jovens e adultos: 
Na EJA, as tecnologias devem ser pensadas a partir da realidade concreta dos 
educandos. Muitos deles não tiveram acesso regular à escola, tampouco à internet ou a 
dispositivos digitais em seu percurso de vida. Outros, apesar de estarem conectados, não 
dominam plenamente as ferramentas ou o vocabulário digital. Há também educandos com 
 
 
29 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
experiência com redes sociais, mas que não compreendem os usos pedagógicos possíveis 
dessas ferramentas. 
 
Figura 19 fonte: arquivo pessoal da professora 
 
Diante dessa diversidade, o papel do(a) educador(a) é incluir, não excluir. Isso 
significa promover o acesso às tecnologias, mas também criar espaços de letramento digital 
— ensinando desde o uso básico do teclado e do navegador até o pensamento crítico sobre 
o que se consome e compartilha online. 
 
As tecnologias podem ser utilizadas para: 
 Apresentar conteúdos de forma mais dinâmica (vídeos, áudios, apresentações, 
mapas interativos); 
 Registrar produções dos educandos (fotos, textos, áudios, vídeos) 
 Estimular a expressão oral e escrita; 
 Facilitar o acesso a informações atualizadas; 
 Favorecer a autonomia no processo de pesquisa e estudo; 
 Promover o diálogo com diferentes linguagens e culturas. 
 
 
 
 
 
 
30 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5.2.Ferramentas digitais para promover a participação e o aprendizado: 
Existem diversas ferramentas digitais que, se utilizadas de forma acessível e 
planejada, podem potencializar o engajamento dos educandos da EJA. A seguir, algumas 
sugestões: 
 
 WhatsApp: Pode ser usado para enviar mensagens, áudios explicativos, 
atividades curtas, vídeos e fotos. É acessível à maioria dos educandos e permite 
trocas em tempo real. 
 YouTube: Vídeos educativos, entrevistas, músicas e documentários podem ser 
utilizados como ponto de partida para discussões, análises e produção de textos. 
 Google Apresentações e Google Docs: Quando há possibilidade de acesso à 
internet, esses recursos permitem a escrita colaborativa, construção de cartazes 
digitais e organização de ideias. 
 Padlet e Jamboard: Murais interativos que possibilitam a construção coletiva de 
textos, mapas mentais, imagens e ideias. Úteis para atividades em grupo ou 
registros de projetos. 
 Gravadores de áudio e vídeo do celular: Permitem que os educandos criem seus 
próprios conteúdos — relatos orais, entrevistas, leituras de textos, apresentação 
de ideias. 
 Aplicativos de alfabetização e letramento: Como o "ProLetrar", "Alfa e Beto", ou 
outros jogos educativos que ajudam no reconhecimento de letras, palavras e 
frases, de forma lúdica. 
 
Mais importante do que a ferramenta é o sentido pedagógico de seu uso. Toda 
tecnologia precisa estar a serviço do conhecimento, da expressão e da participação dos 
educandos, e não da repetição mecânica ou da exposição passiva. 
 
5.3. Inclusão digital na EJA: 
Falar de tecnologias na EJA é, necessariamente, falar de inclusão digital. Muitos 
educandos da EJA vivem em contextos de vulnerabilidade social, sem acesso a internet de 
qualidade, com celulares compartilhados ou sem familiaridade com computadores. Ignorar 
essas condições é reproduzir desigualdades. 
Por outro lado, a escola pode e deve ser um espaço de iniciação e formação digital. 
 
 
 
31 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Promover a inclusão digital é permitir que o educando: 
 Aprenda a utilizar tecnologias para fins pedagógicos e de cidadania; 
 Desenvolva autonomia para pesquisar, acessar serviços, emitir documentos, 
participar de processos sociais e políticos; 
 Reforce sua autoestima e protagonismo no mundo contemporâneo. 
 
A inclusão digital na EJA passa por ações como: 
 Realizar oficinas básicas de informática e uso de celular; 
 Utilizar as tecnologias que os educandos já conhecem como ponto de partida; 
 Incentivar o uso responsável e crítico das redes sociais; 
 Criar ambientes digitais que respeitem o ritmo e os conhecimentos dos 
educandos; 
 Garantir acessibilidade — incluindo recursos para pessoas com deficiência 
visual, auditiva ou dificuldades motoras. 
 
Em síntese, as tecnologias na EJA devem ser vistas como ferramentas de 
emancipação, não como barreiras. Quando utilizadas com intencionalidade pedagógica e 
compromisso com a inclusão, elas contribuem para a construção de uma educação mais 
crítica, plural e conectada com o mundo em que vivemos. 
 
 
Figura 20 - Fonte: https://gabrielalealufsb.blogspot.com/2014/12/paulo-freire-pedagogia-da-autonomia.html 
 
 
 
https://gabrielalealufsb.blogspot.com/2014/12/paulo-freire-pedagogia-da-autonomia.html
 
 
32 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 Um dos grandes desafios da EJA é manter os educandos motivados e 
vinculados ao processo educativo, especialmente considerando sua jornada de 
trabalho, suas responsabilidades familiares e as marcas emocionais de 
exclusão vividas. 
 
 
 
 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
19 jan. 2024. 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 
2024. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é, por natureza, um espaço de diversidade. 
Nela, encontramos sujeitos com diferentes histórias de vida, faixas etárias, origens sociais, 
experiências educacionais interrompidas, saberes populares e trajetórias marcadas por 
desigualdades. Quando pensamos em Educação Inclusiva na EJA, estamos falando 
sobre garantir o direito à aprendizagem a todas e todos, especialmente àqueles que 
historicamente estiveram à margem: pessoas com deficiência, transtornos do 
neurodesenvolvimento, dificuldades de aprendizagem, pessoas em situação de rua, 
migrantes, indígenas, quilombolas, egressos do sistema prisional, entre outros. 
 
 
Figura 21 - Pessoas com deficiência ao longo da História 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.1. Princípios da educação inclusiva aplicados à EJA 
 
 
Figura 22 – Educação Especial em uma perspectiva transversal é o principio da Educação Inclusiva, e perpassa 
todas as etapas e modalidades de ensino, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA) 
 
A educação inclusiva é regida por princípios fundamentais, que se aplicam de 
maneira específica e potente na EJA: 
 
 Acolhimento das diferenças como parte da normalidade humana; 
 Valorização dos saberes e das formas de expressão de cada educando; 
 Eliminação de barreiras — físicas, pedagógicas, comunicacionais e 
atitudinais; 
 Flexibilização dos currículos e metodologias, respeitando os tempos e 
modos de aprendizagem; 
 Participação ativa dos educandos nos processos de ensino e 
aprendizagem. 
 
Esses princípios estão em consonância com a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 
13.146/2015), com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva (MEC, 2008), e com as Diretrizes Operacionais para a EJA 
 
 
35 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
(CNE/CEB, Resolução nº 1/2000). Todos esses documentos apontam para o compromisso 
ético e legal com uma escola que acolhe, respeita e educa todos os sujeitos, sem exceções. 
 
Na prática, isso significa não apenas "permitir a entrada" de pessoas com deficiência 
na sala de aula da EJA, mas reconhecer seus direitos, escutar suas vozes e construir 
com elas percursos possíveis de aprendizagem e cidadania. 
 
6.2. Adaptação do ambiente e do material para atender às necessidades de todos 
os educandos 
Para que a inclusão se concretize, é fundamental que o ambiente educacional e os 
materiais utilizados sejam acessíveis e responsivos às necessidades reais dos 
educandos. Algumas estratégias incluem: 
 
 Ambiente físico acessível: rampas, banheiros adaptados, mobiliário adequado, 
boa iluminação e sinalização. 
 Materiais didáticos acessíveis: uso de recursos ampliados, textos em braile, 
audiolivros, imagens com contraste, vídeos com legendas e/ou Libras. 
 Adaptações pedagógicas: propostas que considerem os diferentes tempos e 
formas de aprender, com foco na participação e no desenvolvimento, e não 
apenas na performance tradicional. 
Tecnologias assistivas: softwares de leitura de tela, teclados adaptados, 
pranchas de comunicação alternativa, entre outros recursos que ampliem a 
autonomia dos educandos. 
 Atitudes inclusivas: o compromisso do(a) educador(a) em aprender com o 
outro, superar preconceitos e promover um ambiente de respeito mútuo e 
pertencimento. 
 
É importante lembrar que a adaptação não é um favor, mas um direito garantido 
por lei e um dever ético de toda instituição educacional. E, muitas vezes, adaptações 
simples podem fazer uma grande diferença — como reorganizar a disposição das carteiras, 
utilizar diferentes formas de explicar um conteúdo ou aceitar diferentes modos de 
expressão. 
 
 
 
36 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.3. Experiências práticas de inclusão na EJA: 
Diversas experiências em escolas, centros de educação de jovens e adultos e 
instituições públicas mostram que a inclusão é possível e transformadora. A seguir, 
alguns exemplos reais de práticas inclusivas na EJA: 
 
 Uso de Libras em sala de aula: com a presença de intérpretes ou educadores 
bilíngues, educandos surdos puderam participar ativamente das aulas, 
compartilhar experiências e produzir textos em português escrito com apoio 
visual e contextualizado. 
 Educação com apoio do Sistema Braille e audiolivros: educandos com 
deficiência visual participaram de projetos de leitura, produção de poesias e 
debates políticos utilizando materiais acessíveis e dispositivos como regletes, 
sorobãs e leitores de tela. 
 Criação de grupos de estudo colaborativo: educandos com deficiência 
intelectual foram incluídos em atividades em duplas ou trios, com divisão de 
tarefas conforme os pontos fortes de cada participante, promovendo cooperação 
e respeito mútuo. 
 Projetos com foco em acessibilidade digital: educandos com e sem 
deficiência participaram juntos da construção de blogs, vídeos legendados e 
áudios, produzindo conteúdo sobre os direitos da pessoa com deficiência e 
discutindo o capacitismo. 
 Rodas de conversa sobre preconceito e diversidade: a inclusão também 
passa pelo diálogo e pela formação de consciência crítica. Temas como racismo, 
LGBTfobia, misoginia e capacitismo foram debatidos com respeito e 
profundidade, a partir de vivências trazidas pelos próprios educandos. 
 
Essas experiências mostram que a educação inclusiva na EJA não é uma utopia, 
mas uma construção cotidiana, possível e urgente. Ela exige formação continuada, 
compromisso institucional, planejamento coletivo e, acima de tudo, escuta atenta aos 
sujeitos que aprendem e ensinam na EJA todos os dias. 
 
 
 
 
 
 
 
37 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 A Educação de Jovens e Adultos e a Educação Inclusiva compartilham um 
princípio comum: a valorização da dignidade humana e do direito de todos à 
aprendizagem. Quando esses dois campos se encontram, o potencial 
transformador da educação se amplia. Incluir, na EJA, é reconhecer que cada 
educando traz consigo uma história, uma identidade e um saber legítimo, e 
que o papel da escola é criar caminhos para que todos e todas possam 
aprender com respeito, escuta e equidade. A inclusão, portanto, não é apenas 
uma diretriz legal — é uma prática ética, política e pedagógica que fortalece a 
EJA como um espaço de resistência, reparação e esperança. 
 
 
 
 A articulação entre a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Inclusiva nos 
convida a pensar uma escola verdadeiramente democrática, que acolhe a 
diversidade como riqueza e promove o direito à aprendizagem em todas as 
suas formas. Reconhecer os sujeitos da EJA como protagonistas de saberes e 
trajetórias únicas é também reconhecer que a inclusão não se limita à 
presença física na sala de aula, mas exige práticas pedagógicas sensíveis, 
acessíveis e significativas. Ao unir os princípios da inclusão com os 
fundamentos da EJA, construímos um espaço educativo que repara 
desigualdades históricas e reafirma a educação como um direito de todos — 
em qualquer tempo da vida. 
 
 
 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 30 jan. 2025. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
15 jun. 2025. 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
 
 
38 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jun. 
2025. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS 
As práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) devem considerar 
que os educandos chegam à sala de aula com trajetórias de vida diversas, saberes 
construídos fora da escola e, muitas vezes, experiências marcadas pela interrupção ou 
negação do direito à educação. Nesse contexto, é fundamental desenvolver propostas 
pedagógicas que valorizem essas vivências, promovam o protagonismo dos educandos e 
estabeleçam relações significativas entre o conteúdo escolar e a realidade cotidiana. 
 
 
Figura 23 Educandos da EJA fonte: arquivo pessoal da professora 
 
7.1 Sequências didáticas na EJA: 
A utilização de sequências didáticas é uma estratégia importante para organizar o 
trabalho pedagógico de forma coerente e significativa. Uma sequência bem planejada 
permite o desenvolvimento gradual de habilidades e competências, articulando leitura, 
escrita, oralidade e reflexão crítica. 
 
 
 
40 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Na EJA, as sequências devem partir de temas geradores ou situações do cotidiano 
dos educandos — como saúde, trabalho, moradia, transporte, relações familiares, direitos 
sociais — e articular diferentes áreas do conhecimento. Por exemplo: 
 
 Uma sequência sobre consumo e orçamento doméstico pode envolver 
matemática (operações básicas, porcentagem), língua portuguesa (leitura e 
produção de textos), ciências (hábitos alimentares) e geografia (custo de vida 
em diferentes regiões). 
 Uma sequência sobre identidade e trajetória de vida pode estimular a produção 
de autobiografias, entrevistas com colegas, pesquisas sobre a história do bairro, 
entre outras atividades. 
 
O importante é que o conteúdo escolar esteja conectado com a vida real dos 
educandos, despertando interesse, envolvimento e sentido no processo de aprendizagem. 
 
7.2. Estudo de casos e atividades práticas: 
Os estudos de caso e as atividades práticas são estratégias eficazes para envolver 
os educandos da EJA, pois partem de situações concretas e favorecem o pensamento 
crítico, a troca de experiências e a aplicação do conhecimento em contextos reais. 
 
Exemplos de atividades práticas e estudos de caso: 
 Analisar uma notícia de jornal e debater seus impactos sociais; 
 Resolver problemas de matemática a partir de uma lista de compras ou cálculo 
de tarifas; 
 Estudar o funcionamento de um serviço público (como o SUS ou o transporte 
coletivo); 
 Planejar uma campanha de conscientização sobre saúde ou meio ambiente 
 Produzirtextos para circular na comunidade — cartas, panfletos, avisos, 
receitas, poesias. 
 
Essas atividades fortalecem o vínculo entre escola e realidade, entre teoria e prática, 
entre conhecimento formal e saberes populares. Considerando que são serviços e recursos 
que podem facilitar a autonomia dos educandos são extremamente importantes para sua 
vida em sociedade. 
 
 
41 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7.3. Participação ativa dos educandos na construção do conhecimento 
Na EJA, não basta transmitir conteúdos — é preciso criar espaços de escuta, diálogo 
e construção coletiva do saber. 
 
 
Figura 24 fonte: https://www.pensador.com/frase/MjEyMjc1NQ/ 
 
A pedagogia de Paulo Freire (2018) nos ensina que o educando é sujeito do 
processo educativo, e não objeto passivo de ensino. Por isso, as práticas pedagógicas 
devem estimular: 
 A autonomia dos educandos para pesquisar, argumentar, questionar e propor 
soluções; 
 A valorização da experiência de vida como ponto de partida para o aprendizado; 
 A co-construção de projetos em que os temas sejam escolhidos em diálogo com 
o grupo; 
 A formação de vínculos de confiança entre educadores e educandos, 
favorecendo a permanência e o envolvimento no processo educativo. 
 
A participação ativa fortalece o pertencimento, a autoestima e o compromisso dos 
educandos com a própria trajetória escolar. A EJA, quando pensada como espaço de 
construção coletiva, torna-se um lugar de transformação pessoal, comunitária e social. 
 
 
42 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 25 - fonte:https://www.psicanaliseclinica.com/frases-de-paulo-freire-sobre-educacao/ 
 
Para Paulo Freire (2018), a participação ativa dos educandos no processo de 
aprendizagem é um princípio essencial da prática educativa libertadora. Ele defendia que 
ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam em 
comunhão, mediatizados pelo mundo. Essa perspectiva rompe com a ideia tradicional 
de um educador que "ensina" e um educando que apenas "recebe", propondo uma 
educação baseada no diálogo, na escuta mútua e na construção coletiva do 
conhecimento. 
 
Na EJA, a valorização da participação ativa significa reconhecer os educandos como 
sujeitos históricos, detentores de saberes que devem ser levados em consideração no 
planejamento e no desenvolvimento das atividades pedagógicas. Envolver os educandos 
nas decisões da sala de aula, permitir que escolham temas, expressem suas opiniões e 
construam projetos em grupo são formas concretas de efetivar essa concepção de 
educação democrática. 
 
 
43 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A escuta sensível, o respeito ao tempo de cada um e o compromisso com a realidade 
vivida são elementos fundamentais para criar um ambiente onde os educandos participem 
com liberdade, responsabilidade e sentido. 
 
 
 
"A participação é o caminho para a libertação. Quanto mais o educando se 
engaja na realidade, mais ele se compromete com sua transformação." 
(FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, 
p. 69) 
 
 
 
 Nota-se importância da Libras na vida das pessoas surdas, pode-se perceber 
que a sua utilização é um meio de garantir a preservação da identidade surda, 
bem como contribui para a valorização e reconhecimento da cultura surda 
(espaço-visual) que, por muito tempo, sofreu com a cultura oral-ouvinte 
dominante. 
 
 
 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 30 jan. 2025. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
15 jun. 2025. 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jun. 
2025. 
 
 
 
 
 
 
44 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) 
 
Objetivo: 
Refletir sobre as possibilidades e desafios nos processos de avaliações na Educação 
de Jovens e Adultos. 
 
Introdução: 
A avaliação na Educação de Jovens e Adultos (EJA) precisa ser repensada a partir 
de uma concepção democrática, dialógica e inclusiva. Diferente de um modelo tradicional 
centrado na memorização e na punição, a avaliação na EJA deve cumprir um papel 
formativo, isto é, contribuir para o crescimento dos educandos e para a melhoria 
contínua das práticas pedagógicas. 
 
A diversidade de trajetórias de vida, saberes e ritmos de aprendizagem dos 
educandos da EJA exige uma avaliação sensível, que reconheça os avanços reais, por 
menores que pareçam, e que valorize o processo, não apenas os resultados finais. Avaliar, 
nesse contexto, é acompanhar, escutar, dialogar, acolher, ajustar caminhos e 
promover a autonomia. 
 
8.1. Estratégias de avaliação formativa e somativa 
A avaliação formativa tem como objetivo acompanhar a aprendizagem ao longo do 
percurso. Ela se baseia na observação contínua, no diálogo e na devolutiva construtiva, 
permitindo ao educador e ao educando identificarem juntos os avanços e as dificuldades. 
 
Algumas estratégias são: 
 Portfólios individuais ou coletivos; 
 Roda de conversa e autoavaliação; 
 Produções orais, escritas, visuais ou digitais; 
 Anotações do educador sobre a participação e o engajamento; 
 Diários de bordo e registros reflexivos. 
 
Já a avaliação somativa pode ocorrer ao final de uma sequência didática ou projeto, 
com o objetivo de verificar os conhecimentos construídos. Ela pode incluir: 
 Produções escritas (cartazes, textos, gráficos, apresentações); 
 
 
45 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Projetos temáticos; 
 Produção de vídeos ou podcasts; 
 Atividades práticas contextualizadas. 
 
Importante destacar que a avaliação somativa na EJA não deve reproduzir provas 
conteudistas e descontextualizadas, mas sim permitir que os educandos mostrem, de 
maneira significativa, o que aprenderam. 
 
8.2. Adaptação de instrumentos de avaliação para a realidade da EJA: 
Avaliar educandos da EJA utilizando instrumentos pensados para crianças ou 
adolescentes não respeita suas especificidades. Por isso, é essencial adaptar os 
instrumentos de avaliação, considerando: 
 A linguagem acessível e clara dos enunciados; 
 O respeito à diversidade cultural e de escolarização; 
 O uso de temas do cotidiano e experiências de vida como ponto de partida; 
 A oferta de diferentes formas de expressão (oral, escrita, visual, digital); 
 O apoio individualizado para quem apresenta dificuldades na leitura e escrita; 
 A valorização da autoria, da criatividade e do esforço. 
 
A avaliação na EJA deve ser coerente com os objetivos educacionais e 
significativa para os educandos. Um bom instrumento avaliativo é aquele que os educandos 
compreendem, reconhecem como relevante e se sentem motivados a realizar. 
 
8.3. Importância da avaliação para o desenvolvimento dos educandos(as): 
Mais do que medir resultados, a avaliação na EJA deve potencializar o 
desenvolvimento dos educandos enquanto sujeitos críticos, criativos e ativos. 
Quando feita com escuta, sensibilidade e justiça, ela contribuipara fortalecer a autoestima, 
promover o pertencimento e incentivar o desejo de aprender. 
 
 
46 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 26 Fonte:https://kdfrases.com/frase/111130#google_vignette 
 
Paulo Freire (1996) nos lembra que a avaliação não pode ser um ato autoritário, mas 
sim um momento de compromisso com a formação plena do outro: 
 
“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se 
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, pesquisando. 
Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago.” 
(FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 
São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 32) 
 
 
 
 
A avaliação na EJA, portanto, precisa ser também uma forma de pesquisa — 
um processo contínuo de olhar, escutar, compreender e agir com 
intencionalidade pedagógica e ética. 
 
 
 
 
47 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 27- fonte: https://www.frases.inf.br/citacoes-de-paulo-freire-as-melhores-frases/ 
 
 
 
 Em uma perspectiva Freiriana, ou seja, de acordo com os princípios e ideias 
de Paulo Freire, a avaliação na Educação de Jovens e Adultos deve ser um ato 
dialógico, ético e comprometido com a autonomia dos educandos. Avaliar não 
é classificar nem excluir, mas reconhecer processos, escutar trajetórias, 
valorizar conquistas e criar oportunidades de avanço real. Quando 
fundamentada no respeito, na escuta e na valorização do saber construído 
coletivamente, a avaliação se torna parte essencial do processo educativo 
libertador que Paulo Freire defendia — uma prática que não separa ensinar de 
aprender, nem educador de educando, e que aposta na potência de cada 
sujeito como agente de sua própria formação. aproprie de forma sólida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
FEITOSA, Lindivalda Sales de Souza. EJA: ensino aos (in)visíveis e (r)existentes. 
1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jan. 2025. 
 
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos: o que revelam as pesquisas. 
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2011. E-book. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 30 jan. 2025. 
 
ZITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire e a educação. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 
2013. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 
15 jun. 2025. 
 
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires 
de. Conceitos de educação em Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 19 jun. 
2025. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9. ALFABETIZAÇÂO E LETRAMENTO NA EJA 
 
Objetivo: 
Conhecer e refletir sobre as possibilidades e desafios no processo de alfabetização 
na Educação de Jovens e Adultos. 
 
Introdução: 
 A alfabetização de jovens e adultos é um dos maiores desafios — e também uma 
das mais potentes oportunidades — no campo da educação. Ao contrário do que ocorre na 
infância, o processo de alfabetizar pessoas adultas exige sensibilidade para reconhecer as 
vivências, os saberes já construídos e, muitas vezes, as marcas de uma trajetória 
interrompida ou negada pela escola. 
 
Nesta aula, vamos refletir sobre as possibilidades e desafios da alfabetização 
na EJA, compreendendo que esse processo não se limita ao domínio mecânico da leitura 
e da escrita, mas envolve a formação de sujeitos críticos, capazes de ler o mundo e 
transformá-lo. A partir da perspectiva de Paulo Freire, estudaremos três elementos 
centrais para uma prática alfabetizadora significativa: as atividades significativas, que 
partem da realidade concreta dos educandos; a palavra geradora, como ferramenta para 
articular linguagem e consciência crítica; e o ambiente alfabetizador, que deve acolher, 
estimular e respeitar o tempo de cada sujeito. 
 
Alfabetizar na EJA é mais do que ensinar letras — é reconhecer histórias, criar 
vínculos, construir sentidos e reafirmar o direito à educação em qualquer etapa da vida. 
 
9.1 Alfabetização e Letramento na Educação de Jovens e Adultos: 
A alfabetização e o letramento na Educação de Jovens e Adultos (EJA) são 
processos profundamente marcados pelas trajetórias de vida dos educandos. Muitas vezes, 
esses sujeitos trazem experiências de exclusão escolar, interrupções na aprendizagem 
formal e sentimento de frustração em relação ao próprio percurso educacional. 
 
 
 
50 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 28- fonte: https://www.pensador.com/frase/ODU2NzU0/ 
 
Por isso, a prática pedagógica deve ir além da simples decodificação de letras e 
palavras, buscando oferecer sentido e pertencimento. Alfabetizar jovens e adultos é, 
sobretudo, reconhecer saberes, reconstruir vínculos com a linguagem escrita e promover a 
leitura crítica do mundo. 
 
9.2. Atividade Significativa: 
As atividades propostas na EJA precisam ter significado concreto para os 
educandos. Atividade significativa é aquela que dialoga com a realidade, com os interesses 
e com os objetivos de vida de cada sujeito. Um cartaz de oferta de emprego, um bilhete 
para o(a) filho(a), uma receita de bolo, um formulário médico, um aviso de ponto de ônibus: 
tudo pode ser ponto de partida para o trabalho com leitura e escrita, desde que faça parte 
do cotidiano dos educandos. 
https://www.pensador.com/frase/ODU2NzU0/
 
 
51 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 29 - fonte: https://pgl.gal/paulo-freire-o-grande-pedagogo-do-brasil-cinco-documentarios-sobre-a-sua-vida-
e-obra/ 
 
Esse tipo de atividade valoriza o conhecimento prévio e a experiência acumulada ao 
longo da vida. Além disso, fortalece a autoestima, mostra que aprender é possível e cria 
pontes entre o mundo vivido e o mundo escolar. Atividades descontextualizadas ou com 
tom infantilizado, por outro lado, desmotivam e reforçam a ideia de fracasso escolar. Na 
EJA, o educando precisa se reconhecer nos materiais e nas propostas — só assim a 
aprendizagem se torna real e relevante. 
 
9.3. Palavra Geradora: 
A palavra geradora é um dos pilares do método de alfabetização desenvolvido por 
Paulo Freire. Trata-se de uma palavra extraída do universo cultural dos educandos, 
carregada de significado, que serve como ponto de partida para o trabalho com a linguagem 
e com a leitura do mundo. Ao ser desmembrada em sílabas e fonemas, a palavra geradora 
ajuda a desenvolver habilidades técnicas da alfabetização; ao mesmo tempo, abre espaço 
para debates, reflexões e construção de consciência crítica. 
https://pgl.gal/paulo-freire-o-grande-pedagogo-do-brasil-cinco-documentarios-sobre-a-sua-vida-e-obra/
https://pgl.gal/paulo-freire-o-grande-pedagogo-do-brasil-cinco-documentarios-sobre-a-sua-vida-e-obra/
 
 
52 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Figura 30 - fonte: https://www.pedagogiacriativa.com.br/2019/09/a-pedagogia-de-paulo-freire.html 
 
Por exemplo, a palavra "trabalho" pode gerar discussões sobre jornada, direitos, 
desigualdade, desemprego. A palavra "casa" pode mobilizar memórias afetivas, reflexões 
sobre moradia, território, identidade. Assim, o educando não apenas aprende a ler e 
escrever, mas também aprende a pensar sobre sua própria realidade, a partir da 
linguagem. 
 
 
53 Prática de Ensino na Educação de Jovens e Adultos 
Universidade

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