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DISTÚRBIOS DO PERÍODO
NEONATAL
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Estratégia
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Prof. Helena Schentiger | Distúrbios do Período Neonatal 2PEDIATRIA
APRESENTAÇÃO:
PROF. HELENA
SCHETINGER
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Estratégia MED
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Olá, futuro Residente, tudo bem com você? Como estão os
estudos? Pronto para mais um desafio? Então, vamos seguir firmes,
porque, neste capítulo, falaremos de alguns distúrbios do período
neonatal, incluindo distúrbios metabólicos, hidroeletrolíticos,
asfixia perinatal, encefalopatia hipóxico-isquêmica e hemorragia
intracraniana. Sabemos que, em todas as provas de Residência,
há pelo menos uma questão que aborda o período neonatal e,
apesar desses tópicos não serem os mais prevalentes, são assuntos
negligenciados por muitos e que podem fazer a diferença para
sua aprovação! Então, uma dica: se você estiver em dia com os
estudos, leia o livro inteiro e faça os exercícios propostos. Se não
for esse seu caso, foque na hipoglicemia neonatal, que é, de longe,
o tópico mais cobrado!
Observe o gráfico abaixo, que mostra a distribuição de
temas do período neonatal nas provas de Residência de 2014 a
2020 analisadas por nós.
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Prof. Helena Schentiger | Distúrbios do Período Neonatal 3PEDIATRIA
Cardiopa�as congênitas
Cuidados gerais
Infecções congênitas
Reanimação neonatal
Exame �sico
Distúrbios respiratórios
Distúrbios hematológicos
Distúrbios metabólicos
Outros
QUESTÕES SOBRE O
PERÍODO NEONATAL
31%
6% 7%
5%
4%
14%
12%
29%
8%
20%
1%
Aqui, no Estratégia MED, montamos os capítulos baseados em engenharia reversa. Isto é, respondemos às questões de provas e
transferimos para você o conhecimento necessário para resolvê-las, salientando os pontos mais importantes e essenciais para alcançar o
sucesso no seu objetivo.
Você está pronto?
Então, vamos começar!
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 4
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
SUMÁRIO
1.0 DISTÚRBIOS METABÓLICOS 6
2.0 FATORES DE RISCO 6
2.1 PREMATURIDADE E BAIXO PESO 7
2.2 MÃES DIABÉTICAS 8
2.3 MÃES HIPERTENSAS 12
3.0 DISTÚRBIOS DA GLICOSE 13
3.1 HIPOGLICEMIA 13
3.1.1 DEFINIÇÃO 14
3.1.2 CAUSAS 16
3.1.3 SINAIS E SINTOMAS 17
3.1.4 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS 18
3.1.5 RASTREIO 19
3.1.6 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 19
3.1.7 CONDUTA 20
3.1.8 HIPOGLICEMIA REFRATÁRIA 25
3.2 HIPERGLICEMIA 25
4.0 DISTÚRBIOS DO CÁLCIO 26
4.1 HIPOCALCEMIA 26
4.1.1 DEFINIÇÃO 27
4.1.2 CAUSAS 27
4.1.3 QUADRO CLÍNICO 27
4.1.4 DIAGNÓSTICO 28
4.1.5 TRATAMENTO 29
4.2 HIPERCALCEMIA 29
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5Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
5.0 DOENÇA METABÓLICA ÓSSEA 30
6.0 OUTROS DISTÚRBIOS METABÓLICOS E HIDROELETROLÍTICOS 32
6.1 DISTÚRBIOS DO SÓDIO 33
6.2 DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO 34
6.3 DISTÚRBIOS DO MAGNÉSIO 35
6.4 DISTÚRBIOS DO FOSFATO 36
7.0 ASFIXIA PERINATAL E ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA 37
7.1 CAUSAS 37
7.2 DIAGNÓSTICO 37
7.3 FISIOPATOLOGIA 38
7.3.1 OUTRAS MANIFESTAÇÕES 39
7.4 TRATAMENTO 40
7.5 CRISES CONVULSIVAS DO RN 40
7.6 HIPOTERMIA TERAPÊUTICA 42
7.7 PROGNÓSTICO 43
8.0 HEMORRAGIA INTRACRANIANA PERIVENTRICULAR 46
9.0 LISTA DE QUESTÕES 48
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 49
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 6
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAPÍTULO
CAPÍTULO
1.0 DISTÚRBIOS METABÓLICOS
Distúrbios metabólicos são desequilíbrios no metabolismo que geram um conjunto de sinais e sintomas no organismo. Os distúrbios
hidroeletrolíticos são gerados por falta ou excesso de água e/ou eletrólitos.
O período neonatal é de grandes mudanças para o bebê. Dentro do útero, a mãe fornece ao feto a maior parte dos componentes
essenciais para manter seu metabolismo através da placenta. Ao nascer, o cordão umbilical é cortado, o fluxo sanguíneo cessa e o recém-nato
(RN), em questão de segundos, precisa sustentar seu próprio metabolismo.
A maior parte dos bebês passa por esse período sem problemas e sem intercorrências clínicas, entretanto, alguns deles não. É aí que
você entra, futuro Residente, para identificar e corrigir esses distúrbios precocemente, pois essa é a chave para prevenir complicações e até
o óbito dessas crianças.
Vamos começar identificando os fatores de risco maternos e perinatais.
2.0 FATORES DE RISCO
Em primeiro lugar, é importante saber que um bebê que nasceu:
• A termo;
• Com peso adequado;
• De mãe sem intercorrências gestacionais;
• Com boa vitalidade;
• Está sendo amamentado adequadamente em seio materno
Dificilmente apresentará algum distúrbio metabólico ou hidroeletrolítico. Ele pode ser levado para alojamento conjunto e apenas ser
observado clinicamente.
Acredite, isso é cobrado
em provas!
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7Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAI NA PROVA
(HOSPITAL ALVORADA/SP/2016) Um recém-nascido a termo, classificado como AIG, tem grande probabilidade de apresentar, nas primeiras
horas após o nascimento,
A) Hipoglicemia.
B) Hipocalcemia.
C) Hiperglicemia.
D) Nenhuma patologia.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa D.
RN nascido a termo, adequado para idade gestacional, o examinador não traz nenhuma intercorrência
gestacional sobre ele, sendo assim, não apresenta nenhum risco iminente de patologias.
(UEPA/PA/2015) RN a termo, AIG, nascido de parto normal, Apgar 8/9, sugando bem o seio materno, tem grande possibilidade de apresentar
nas primeiras horas de vida:
A) Hipoglicemia.
B) Hiperglicemia.
C) Hipocalcemia.
D) Hiponatremia.
E) Nenhum distúrbio hidroeletrolítico e metabólico.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa E.
Mais uma vez, bebês sem fatores de risco materno ou neonatais e que mamam adequadamente dificilmente
manifestam distúrbios metabólicos ou hidroeletrolíticos.
2.1 PREMATURIDADE E BAIXO PESO
A placenta é o principal meio de passagem de metabólitos
e eletrólitos para o feto, dois fatores são essenciais para que isso
ocorra:
1) Desenvolvimento adequado, sendo ele máximo no
terceiro trimestre de gestação;
2) Ausência de patologias.
Insuficiência ou afecções placentárias podem levar à falha
no transporte, assim como aumentar a chance da prematuridade
e do baixo peso ao nascer.
Isso explica por que esses bebês apresentarão menor
estoque de metabólitos e eletrólitos. Os pré-termos ainda
apresentam imaturidade nos seus sistemas, inclusive o hepático,
aumentando a chance de deficiências ao nascer e a necessidade de
acompanhamento clínico.
A decisão de acompanhar o RN em alojamento conjunto ou
UTI neonatal deve levar em conta a idade gestacional e o peso.
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Prof.vida. O
parto foi vaginal e com extração difícil. O RN nasceu hipotônico e em apneia, sendo necessária a intubação orotraqueal em sala de parto. A mãe
tem 27 anos de idade, era previamente hígida e não teve intercorrências no pré-natal. O RN permaneceu 5 dias em UTI e, atualmente, está na
Unidade de Cuidados Intermediários, recebendo ampicilina e amicacina para tratamento de sepse neonatal precoce presumida. Recebe dieta
por sonda nasogástrica devido à sucção débil e está em treinamento com a equipe de fonoaudiologia. Neste momento, apresenta quadro
súbito de movimentos ritmados de mãos e pés, com hipertonia, cianose, eversão do olhar e sialorreia. A equipe responsável pelo cuidado
instala monitorização contínua e inicia oferta de oxigênio a 100%. A glicemia capilar é de 72 mg/dL.
Com a manutenção do quadro apresentado, está indicada a prescrição imediata de:
A) Soro glicosado a 10% em bólus.
B) Dose de ataque de fenobarbital.
C) Reposição empírica com gluconato de cálcio.
D) Midazolam ou diazepam em bólus.
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42Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
7.6 HIPOTERMIA TERAPÊUTICA
A hipotermia terapêutica é o ato do resfriamento corporal ou da cabeça do RN para diminuir as sequelas da encefalopatia hipóxico-
isquêmica.
Mas não caia em pegadinha de examinador! Não é resfriando a sala de parto que conseguimos atingir nosso objetivo. A hipotermia
é CONTROLADA. O resfriamento é feito a partir de colchão ou capacete para hipotermia, “gelox” ou aparelhos de resfriamento, devendo
manter a temperatura entre 33 e 34oC.
Temperaturas menores que 32oC são menos eficientes e menores que 30oC promovem efeitos sistêmicos graves.
HIPOTERMIA TERAPÊUTICA: Resfriar entre 33°C e 34°C.
Ela deve ser iniciada em até 6 horas após o parto: quanto mais precoce, maior sua eficácia, e deve ser mantida por 72 horas. A
temperatura retal ou esofágica do RN deve ser mantida em 33,5oC.
COMENTÁRIOS
Correta a alternativa B.
Observe que temos fatores de risco para uma encefalopatia hipóxico-isquêmica: extração difícil e necessidade
de ventilação mecânica; associados a manifestações de disfunções neurológicas: sucção débil e crise
convulsiva. Como a glicemia está normal, a primeira coisa a se fazer é administrar fenobarbital. Midazonal não é primeira opção, diazepam
não é utilizado na neonatologia e, apesar da hipocalcemia poder causar os sinais descritos, não seria nossa prescrição imediata.
(UFPA 2021) Guido nasceu de parto normal, mas demorou para nascer. Não chorou ao nascer. Feito VPP com Sat.O2 até 80%, sendo intubado
na sala de parto, evoluindo com movimentos repetitivos de MMSS e piscamento. P= 2200 g. A terapêutica inicial mais indicada, nessa situação,
é o uso de
A) fenitoína.
B) tiopental.
C) topiramato.
D) fenobarbital.
E) benzodiazepínico.
COMENTÁRIOS
Correta a alternativa D.
O fenobarbital, na dose de 20 mg/kg, é a droga de escolha no período neonatal. A medicação pode ser
repetida, na dose de 5 a 10 mg/kg, em caso de crises persistentes, até o máximo de 40 mg/kg. A manutenção
é feita na dose de 3 a 4 mg/kg, por via endovenosa ou oral, dividida em duas tomadas diárias e iniciada após 12 horas da dose de ataque.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 43
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Atenção: não são todos os RNs que são elegíveis para tal procedimento. Eles devem preencher os seguintes critérios:
CRITÉRIOS DE HIPOTERMIA TERAPÊUTICA
> 35 semanas;
> 1800g de peso (2000g, a depender da literatura);
à reanimação, qual a terapia para as próximas horas?
A) Surfactante
B) Fototerapia dupla
C) Oxido nítrico
D) Hipotermia neuroprotetora
COMENTÁRIO:
Essa questão traz um RN, nascido a termo, mas que apresentou Apgar de 1, 3 e 5 nos primeiros 10 minutos. Ele apresenta um
critério para asfixia perinatal e, consequentemente, para encefalopatia hipóxico-isquêmica.
A hipotermia terapêutica é utilizada como adjuvante no tratamento de neonatos, com idade gestacional maior ou igual a 35 semanas,
diagnosticados com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI).
Correta a alternativa D. Os estudos têm demonstrado diminuição da mortalidade e da ocorrência de distúrbios neurológicos.
Incorreta a alternativa A: O surfactante deve ser considerado para RNs pré-termos, com manifestações de síndrome do desconforto
respiratório (Doença da Membrana Hialina).
Incorreta a alternativa B: A fototerapia é o tratamento para icterícia neonatal.
Incorreta a alternativa C: O óxido nítrico inalatório é um potente agente vasodilatador e deve ser utilizado em casos de hipertensão
pulmonar persistente (HPP) refratário à oxigenoterapia.
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46Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
8.0 HEMORRAGIA INTRACRANIANA PERIVENTRICULAR
CAPÍTULO
A hemorragia peri-intraventricular (HPIV) é a principal
lesão cerebral neonatal, principalmente em pré-termos.
A HPIV tem origem multifatorial. Ela origina-se de um
sangramento capilar na matriz germinativa cerebral, localizada na
zona subventricular. Essa é uma região fonte de neuroblastos e
glioblastos, que darão origem às células de sustentação cerebral.
Seus vasos são imaturos, frágeis, irregulares, com reduzida camada
muscular e sensíveis a flutuações do fluxo sanguíneo cerebral.
Nos pré-termos, essas flutuações são mais intensas devido à
imaturidade, variação de pressão arterial, manipulação da equipe
de saúde e distúrbios de coagulação.
No início, o quadro é geralmente assintomático, portanto
os pré-termos devem ser rastreados com exames de imagem,
principalmente a ultrassonografia transfontanela.
Depois de estabelecida, o quadro pode evoluir para lesão
permanente, portanto, mais que diagnosticar, é importante
prevenir. Esses são os principais meios:
CORTICOTERAPIA ANTENATAL: É a principal forma de
prevenção.Os mecanismos que levam o corticosteroide antenatal a
reduzir o risco de HPIV não estão completamente esclarecidos. Uma
das hipóteses baseia-se na aceleração da maturidade pulmonar,
com consequente diminuição dos distúrbios respiratórios, o que
promoveria maior estabilidade no fluxo sanguíneo cerebral. Além
disso, estudos sugerem que o corticosteroide estimula a maturação
da microvasculatura da matriz germinativa cerebral, tornando-a
mais resistente. O corticosteroide ainda facilita uma melhor
condição ao nascimento, evidenciada por escore de Apgar mais
elevado em comparação ao grupo de recém-nascidos não expostos
a esse fármaco. Tal achado tem, como consequência, uma redução
da necessidade de intervenções na assistência aos recém-nascidos
pré-termo em sala de parto, como intubação traqueal, massagem
cardíaca e uso de drogas para reanimação, que aumentam a chance
de HPIV.
SULFATO DE MAGNÉSIO: sua administração em toda
gestante com menos de 32 semanas em risco de TPP demonstrou
redução nas taxas de HPIV devido à proteção de lesão neuronal.
PREVENÇÃO DA PREMATURIDADE: evitar o parto prematuro
talvez seja a estratégia mais efetiva para neuroproteção neonatal.
REANIMAÇÃO EFETIVA: é fundamental para se prover
adequada condição respiratória ao pré-termo e evitar hipóxia
cerebral.
MANUTENÇÃO DE TEMPERATURA: a hipotermia e a
hipertermia estão associadas a maior vulnerabilidade à hemorragia
cerebral.
MANUSEIO MÍNIMO DO RN: com a finalidade de evitar
traumas que lesionem os frágeis capilares.
USO DE MEDICAMENTOS PARA O NEONATO: cafeína,
indometacina e eritropoietina.
NUTRIÇÃO NEUROTRÓFICA: intervenções nutricionais que
visam preservar e melhorar as funções cerebrais, em fases precoces
da vida, como manutenção do leite materno, complementação
com aminoácidos essenciais (taurina e glutamina), lipídios enterais,
suplementação de LC-Pufa, oligoelementos (zinco).
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 47
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAI NA PROVA
(UFRGS 2019) Em recém-nascido pré-termo, o uso de corticosteroide antenatal e o surfactante estão associados a:
A) diminuição da incidência de hemorragia peri-intraventricular.
B) diminuição da incidência de icterícia neonatal precoce.
C) diminuição da incidência de hipertensão arterial.
D) aumento da incidência de enterocolite necrosante.
E) aumento da incidência de infecção neonatal.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa A. Apesar de não estar completamente esclarecido, o corticoide antenatal reduz a chance de HPIV, porque
diminui a prematuridade, acelera a maturação pulmonar, estimula os vasos da matriz germinativa a serem
mais resistentes, melhora as condições de nascimento e diminui as intervenções pós-natais. O surfactante exógeno previne a síndrome do
desconforto respiratório, a necessidade de oxigenioterapia, o internamento em UTI e as intervenções pós-natais.
As demais alternativas não apresentam possibilidades de alterações com o uso dessas medicações.
(FMABC 2019) O nascimento prematuro pode levar a inúmeras intercorrências, entre elas as lesões cerebrais. Várias medidas podem ser
consideradas neuroprotetoras. Que alternativa se apresenta mais correta quanto a medidas preventivas à lesão em SNC?
A) Redução de nascimentos prematuros, clampeamento tardio de cordão, uso de cafeína.
B) Uso de corticoide na gestante em trabalho de parto prematuro, uso de bicarbonato para correção de acidose, manutenção de temperatura
corporal.
C) Evitar o uso de sulfato de magnésio na gestante abaixo de 32 semanas, manuseio mínimo, uso de nutrição neurotrófica.
D) Redução de nascimentos prematuros, clampeamento precoce de cordão e reanimação imediata, uso de eritropoietina.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa A: todas essas medidas diminuem o risco de HPIV.
Incorreta a alternativa B: o uso de bicarbonato é pouco indicado e não age como neuroproteção.
Incorreta a alternativa C: o sulfato de magnésio é indicado.
Incorreta a alternativa D: o clampeamento indicado é o tardio, não o precoce. m
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Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!
Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 48
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 49
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAPÍTULO
CAPÍTULO
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole, 2017.
2. KLIEGMAN, Robert M., MD; ST. GEME, Joseph, MD.Nelson Textbook of Pediatrics. 21. ed. Elsevier Import, 2019.
3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Diretrizes – Hipoglicemia no período neonatal. 2014.
4. BRASILINO, Carlos Estênio. Gigante, bebê nasce com 6,27 kg: “Nasceu fortinho”, diz a mãe. Metropoles.com. Disponível em: https://www.
metropoles.com/brasil/gigante-bebe-nasce-com-627-kg-nasceu-fortinho-diz-a-mae. Acesso em: 18 maio 2020.
5. JARDIM, Cinthia. Mais um! Bebê gigante nasce com mais de 6 kg de parto normal. Pais & Filhos. Disponível em: https://paisefilhos.uol.com.
br/bebe/mais-um-bebe-gigante-nasce-com-mais-de-6-kg-de-parto-normal/. Acesso em: 18 maio 2020.
6. SIQUEIRA, Filipe. Bebê gigante de quase 7 kg deixa até médicos assustados. R7.com. Disponível em: https://noticias.r7.com/hora-7/fotos/
bebe-gigante-de-quase-7-kg-deixa-ate-medicos-assustados-01012019#!/foto/1. Acesso em: 18 maio 2020.
7. MARGOTTO, Paulo. Hiperglicemia Neonatal. 2018.
8. BARDAL, Nathália. Distúrbios do cálcio no Recém-Nascido. Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF, 2011.
9. CLOHERTY, John P. et al. Manual de Neonatologia. 7. ed. São Paulo: Editora Guanabara Koogan, 2015.
10. Documento científico "Hipoglicemia neonatal". Sociedade Brasileira de Pediatria 2022.
11. Documento científico "Monitoramento do recém-nascido com asfixia perinatal". Sociedade Brasileira de Pediatria 2020.
12. Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria 5a edição.
13. “Neuroproteção no recém-nascido pré-termo." Rita C. Silveira/ Renato S. Procianoy. SECAD/ARTMED
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final deste capítulo, meu caro Estrategista! O
que você achou?
Sei que apresentamos muitos detalhes, mas tenha em mente
que glicose e cálcio são os grandes temas. O restante geralmente é
trazido como diagnóstico diferencial nas provas de acesso direto.
Tenho certeza de que você vai tirar de letra esse assunto.
Ficou alguma dúvida? Estou à disposição nas redes sociais e
em nosso fórum de dúvidas, não hesite em me procurar.
Estou ao seu lado nesta caminhada, ansiosa para
comemorarmos juntos sua aprovação!
Um grande abraço!
Helena
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https://paisefilhos.uol.com.br/bebe/mais-um-bebe-gigante-nasce-com-mais-de-6-kg-de-parto-normal/
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 50
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
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1.0 DISTÚRBIOS METABÓLICOS
2.0 FATORES DE RISCO
2.1 PREMATURIDADE E BAIXO PESO
2.2 MÃES DIABÉTICAS
2.3 MÃES HIPERTENSAS
3.0 DISTÚRBIOS DA GLICOSE
3.1 HIPOGLICEMIA
3.1.1 Definição
3.1.2 Causas
3.1.3 Sinais e Sintomas
3.1.4 Métodos Diagnósticos
3.1.5 Rastreio
3.1.6 Diagnósticos Diferenciais
3.1.7 Conduta
3.1.8 Hipoglicemia Refratária
3.2 HIPERGLICEMIA
4.0 DISTÚRBIOS DO CÁLCIO
4.1 HIPOCALCEMIA
4.1.1 Definição
4.1.2 Causas
4.1.3 Quadro Clínico
4.1.4 DIAGNÓSTICO
4.1.5 TRATAMENTO
4.2 HIPERCALCEMIA
5.0 DOENÇA METABÓLICA ÓSSEA
6.0 OUTROS DISTÚRBIOS METABÓLICOS E HIDROELETROLÍTICOS
6.1 DISTÚRBIOS DO SÓDIO
6.2 DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO
6.3 DISTÚRBIOS DO MAGNÉSIO
6.4 DISTÚRBIOS DO FOSFATO
7.0 ASFIXIA PERINATAL E ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA
7.1 CAUSAS
7.2 DIAGNÓSTICO
7.3 FISIOPATOLOGIA
7.3.1 Outras manifestações
7.4 TRATAMENTO
7.5 CRISES CONVULSIVAS DO RN
7.6 HIPOTERMIA TERAPÊUTICA
7.7 PROGNÓSTICO
8.0 HEMORRAGIA INTRACRANIANA PERIVENTRICULAR
9.0 lista de questões
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAISHelena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 8
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
O principal distúrbio encontrado nessas crianças é a hipoglicemia, seguido da hipocalcemia.
Porém, bebês internados em UTI neonatal ainda podem apresentar hiperglicemia por estresse, infecção ou qualquer distúrbio
metabólico iatrogênico, por excesso ou deficiência na infusão parenteral ou na dieta oral. Prematuros extremos, sépticos ou submetidos a
procedimentos cirúrgicos são os mais afetados.
PREMATUROS/BAIXO PESO HIPOGLICEMIA E HIPOCALCEMIA
2.2 MÃES DIABÉTICAS
O segundo fator de risco importante é ser filho de mãe diabética (FMD). Atente-se: os examinadores adoram esse tema!
#queridinhodabanca
As mães diabéticas, principalmente as mal controladas,
tendem a apresentar mais complicações fetais, como abortos,
óbitos fetais ou patologia neonatais.
◊ DISTÚRBIOS DA GLICOSE
O principal distúrbio é a hipoglicemia neonatal, devido à
hiperinsulinemia fetal.
Vamos pensar, o excesso de glicose é transmitido para o feto
via placenta. Ele responde produzindo insulina, ficando em estado
hiperinsulinêmico constante. Ao nascer, a transmissão de glicose
cessa, mas o estado hiperinsulinêmico permanece, provocando
hipoglicemia reflexa neonatal.
Mas, não é só isso! Outras manifestações são bastante comuns:
• Macrossomia/RNs grandes para idade gestacional (GIG): no período fetal, a glicose age como fator de estímulo ao crescimento e
desenvolvimento dos órgãos. A hiperglicemia, então, pode levar ao crescimento excessivo.
• Tocotraumatismos: RNs grandes podem sofrer tocotraumatismo por dificuldade na extração na hora do parto.
Lembre-se:
RNs com menos de 1.800 gramas ou 34 semanas devem ser encaminhados à UTI neonatal.
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9Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Fonte: arquivo pessoal.
Aqueles bebês que vemos nas notícias nascendo com quatro, cinco quilos provavelmente são filhos de
mães diabéticas mal controladas.
• Malformações - o crescimento excessivo e desenfreado
também pode ser teratogênico e levar a malformações:
» Cardíacas: defeito do septo atrioventricular, hipertrofia
septal, miocardiopatia hipertrófica, transposição dos grandes
vasos.
» Musculoesqueléticas: agenesia sacral, síndrome da regressão
caudal, sirenomelia ("cauda de sereia").
» Sistema nervoso central: anencefalia, holoprosencefalia,
mielomeningocele.
Fonte: Metrópoles
• Policitemia: elevação no número de hemácias por um aumento no metabolismo e consumo de oxigênio. Consequentemente, há
maior chance de hiperbilirrubinemia indireta e icterícia.
• Hipóxia crônica: pelo maior consumo de oxigênio.
• Distúrbios respiratórios: síndrome da angústia respiratória do neonato pelo atraso na produção de surfactante, taquipneia
transitória e hipertensão pulmonar persistente por edema pulmonar.
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS
• Hipocalcemia: é o segundo distúrbio mais frequente dos bebês nascidos de mães diabéticas. O mecanismo ainda permanece
controverso; a literatura acredita que ela acontece secundária a um provável mecanismo de hiperparatireoidismo relativo na
mãe diabética, que leva ao hipoparatireoidismo reflexo no bebê.
• Hipomagnesemia: anda junto com a hipocalcemia, provavelmente pelo mesmo mecanismo.
• Prematuridade: principalmente por fatores secundários, como antecipação do parto por insuficiência placentária, hipóxia
crônica e sofrimento fetal. Há um risco importante de óbito fetal, o que leva muitas vezes os obstetras a realizarem o parto antes
de 37 semanas.
• Restrição de crescimento intrauterino: em contrapartida à macrossomia, os fetos podem sofrer restrição de crescimento por
insuficiência placentária secundária a alterações bruscas da glicemia.m
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 10
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
FILHOS DE
MÃES DIABÉTICAS
Distúrbios
de paratireóide
Hipomagnesemia
neonatal
Hipocalcemia
neonatal
Hipoglicemia
neonatal
Macrossomia
Tocotraumatismos
Policitemia
Hiperbilirrubinemia
indireta
Sofrimento
fetal
Icterícia
neonatal
Prematuridade
Hipóxia crônica
Aumento
no metabolismo e
consumo de oxigênio
Distúrbios
respiratórios
Síndrome do
desconforto
respiratório
Taquipneia
transitória
Hipertensão
pulmonar
persistente
Cardíacas
Neurológicas
Musculoesqueléticas
Malformações
Congênitas
Hiperglicemia e hiperinsulinemia fetal
CAI NA PROVA
(UFRGS 2020) Recém-nascido apresentou, na primeira hora de vida, tremores, letargia e hipotonia. A mãe havia realizado 9 consultas pré-
natais, com exames sorológicos negativos, e fazia uso de insulina por diabetes melito gestacional. O rastreamento vaginal realizado no pré-
natal foi positivo para Streptococcus, tendo a mãe recebido profilaxia adequada. Assinale a alternativa que contempla o diagnóstico mais
provável e a respectiva conduta para o recém-nascido.
A) Hipercalcemia por hipoparatireoidismo neonatal transitório; Solicitar dosagem de cálcio e de paratormônio séricos.
B) Hiperglicemia decorrente do diabetes materno; Realizar glicemia capilar e solicitar glicemia sérica.
C) Hipoglicemia por concentrações elevadas de insulina plasmática; Realizar glicemia capilar.
D) Hipoglicemia devido à pouca reserva de glicogênio; Solicitar glicemia e glucagon séricos.
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11Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa C: O neonato filho de mãe diabética tem grande chance de hipoglicemia devido a um estado de hiperinsulinemia.
É mandatório avaliá-lo com glicemia capilar.
Incorreta a alternativa A: os filhos de mães diabéticas são propensos a hipo, não a hipercalcemia.
Incorreta a alternativa B: os filhos de mães diabéticas evoluem com hipo, não com hiperglicemia.
Incorreta a alternativa D: a pouca reserva de glicogênio é uma importante causa de hipoglicemia em prematuros, neonatos de baixo peso e
pós-insuficiência placentária.
(PUC/RS/2019) Obstetra solicita a presença de pediatra na sala de parto para o atendimento de um recém-nascido de gestante de 37
semanas com diabete melito tipo 1, mal controlada no pré-natal. O parto foi vaginal e a ruptura das membranas amnióticas ocorreu na hora
do nascimento. Qual das alternativas a seguir indica as alterações que podem comprometer esse recém-nascido?
A) Tocotraumatismo, hiperglicemia, hipocalcemia, e hiperbilirrubinemia.
B) Malformações congênitas, hipoglicemia, hipocalcemia e hiperbilirrubinemia.
C) Tocotraumatismo, hiperglicemia, hiperbilirrubinemia e hipoatividade.
D) Malformações congênitas, hipoglicemia, hipercalcemia e desconforto respiratório.
COMENTÁRIO:
Filhos de mães diabéticas, principalmente as que não são controladas, estão suscetíveis a complicações fetais e neonatais, como
malformações congênitas, macrossomia, tocotraumatismos, hipoglicemia, hiperinsulinemia, policitemia, hiperbilirrubinemia, desconforto
respiratório e hipocalcemia. Hiperglicemia e hipercalcemia não são características.
Correta a alternativa B.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 12
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAI NA PROVA
(HOSPITAL SÃO JOSE DE CRICIUMA/SC/2017) Para quais achados: clínicos, laboratoriais ou estruturais; deve estar preparado o neonatologista
para avaliar em um recém nascido filho de mãe com pré-eclâmpsia e em um filho de mãe diabética, respectivamente?
A) Neutropenia, hiperglicemia.
B) Plaquetopenia, hipoinsulinemia;
C) Plaquetose,defeito do septo átrio-ventricular;
D) Neutropenia, hipertrofia de septo ventricular.
E) NDA.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa D. Os filhos de mães hipertensas podem apresentar neutropenia e plaquetopenia ao nascer, já os de mãe
diabética, hipoglicemia, hiperinsulinemia e malformações congênitas, principalmente cardíacas.
Esses são os principais fatores de risco, mas não os únicos. Ao longo do capítulo, você conhecerá outros. Fique ligado!
2.3 MÃES HIPERTENSAS
A primeira coisa que devemos saber sobre mães hipertensas
é que, muitas vezes, elas apresentam insuficiência placentária e os
bebês podem ter restrição de crescimento intrauterino, nascer
prematuros ou com baixo peso. Com isso, são predispostos a
vários distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos, principalmente
se internados em UTI neonatal, como vimos no tópico anterior.
Eles também são mais propensos a distúrbios hematológicos,
como neutropenia e plaquetopenia, por provável mecanismo de
inibição da medula óssea, o que eleva a chance de infecções e
sepse neonatal.
Já o uso de sulfato de magnésio, utilizado para conter um
quadro de eclâmpsia materna, pode levar à hipermagnesemia
neonatal. Fonte: Shutterstock
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 13
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAPÍTULO
3.0 DISTÚRBIOS DA GLICOSE
Atenção !!!
3.1 HIPOGLICEMIA
A hipoglicemia é o distúrbio metabólico mais comum entre os neonatos, portanto o mais cobrado em provas de Residência Médica.
Das questões propostas neste capítulo, 70% abrangem a hipoglicemia. Então, preste muita atenção e venha comigo!
◊ MANUTENÇÃO DA GLICEMIA NEONATAL
Durante o período gestacional, a glicose atravessa a barreira placentária e a maior parte dela é armazenada como glicogênio no fígado
do feto. O que resta está presente no soro. Ao nascimento, a concentração de glicose sérica do neonato é de aproximadamente 70% da
materna, e cai rapidamente nas primeiras horas de vida.
Para evitar a hipoglicemia e promover
a manutenção dos níveis de glicose, há dois
caminhos. O primeiro é o aumento do glucagon
e da epinefrina, causados pelo estresse do
nascimento, que leva a uma maior mobilização
de glicogênio hepático e queda da insulina.
O segundo é a amamentação precoce, que
fornece glicose suficiente para manter os níveis
por aproximadamente quatro horas.
O glicogênio é a principal fonte
energética do neonato e sua reserva hepática
é maior que a dos adultos. Porém, devido ao
alto gasto, ela pode esgotar-se rapidamente.
Lembre-se de que o cérebro dos bebês se
desenvolve em altíssima velocidade, maior do
que em crianças mais velhas.
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14Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Na ausência da glicose e do glicogênio, o RN responde à hipoglicemia com outros mecanismos, como oxidação de ácidos graxos
mitocondriais e, principalmente, da cetogênese, exceto nos pré-termos, que têm deficiência desses mecanismos.
CAI NA PROVA
(MEDICINA ABC/SP/2019) Com relação à hipoglicemia neonatal, a alternativa mais correta é:
A) Durante o período neonatal, o fígado tem 3 vezes mais glicogênio do que no adulto, funcionando como fonte de energia.
B) Ao nascimento, a concentração de glicose sérica no RN é em torno de 40% da glicemia materna, caindo rapidamente na primeira hora.
C) A necessidade de glicose nos RN é menor do que nas crianças maiores, devido ao baixo consumo cerebral.
D) Os RN pré-termo apresentam uma resposta exagerada na liberação de corpos cetônicos e ácidos graxos livres quando da hipoglicemia.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa A: a reserva hepática de glicogênio é a principal fonte de energia do neonato, sendo superior à dos adultos.
3.1.1 DEFINIÇÃO
A definição de hipoglicemia é o tópico mais controverso na literatura; os autores têm dificuldades para
definir qual é o limite tolerado e que medida utilizar para definir a conduta. Aqui, trago para vocês os valores
glicêmicos desejáveis de acordo com as duas principais fontes: a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério
da Saúde.
FONTE VALORES DESEJÁVEIS DE GLICEMIA
Sociedade
Brasileira de Pediatria
Até 48h de vida: 50mg/dL
Até 72 horas de vida: 60mg/dL
Após 72h de vida: 70mg/dL
MINISTÉRIO DA SAÚDE 40 a 45 mg/dL
Incorreta a alternativa B: a glicose é cerca de 70% da glicemia materna.
Incorreta a alternativa C: os neonatos têm consumo cerebral maior do que as crianças maiores.
Incorreta a alternativa D: os pré-termos apresentam falha na cetogênese.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 15
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAI NA PROVA
(UNAERP 2021) Recém-nascido (RN) de termo, sexo feminino, IG = 36 semanas e 5 dias, com 2.050 g de peso de nascimento, parto normal,
APGAR: 8 e 9 no 1º e 5º minutos, respectivamente, sem intercorrências. Submetido a controles de glicemia, apresenta, com 2 horas de vida,
glicemia plasmática de 48 mg/dL, sem sintomas. Em aleitamento materno. A conduta frente à glicemia encontrada é
A) administrar soro glicosado a 10%, 2 mL/kg em “bólus”.
B) administrar 10 mL de leite humano pasteurizado ou fórmula láctea para termo, já que o RN é assintomático.
C) administrar soro de manutenção com velocidade de infusão de glicose de 6 mg/kg/min.
D) estimular o aleitamento materno e a manutenção dos controles de glicemia.
E) administrar 2 mL\kg de SG a 10% em “bólus” e instalar soro com uma velocidade de infusão de glicose de 6 mg\kg\min.
Observe como isso pode ser cobrado:
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa D. O neonato está assintomático e com glicemia de 48mg/dL, considerada normal.
(UFSC/SC/2020) Um recém-nascido, de mãe diabética, com 3 horas de vida, mostra-se ativo, com boa sucção no seio materno, eupneico,
pletórico. A mãe refere ainda não ter leite, apenas colostro. O resultado da glicemia foi 50. A conduta mais apropriada é:
A) infusão venosa rápida de solução de glicose a 10%.
B) manter aleitamento materno e controle dos níveis de glicose.
C) manter controle dos níveis de glicose e prescrever medicação para acelerar a apojadura.
D) oferecer solução glicosada por via oral e manter aleitamento materno e controle dos níveis de glicose
E) manter controle dos níveis de glicose e oferecer complementação com fórmula infantil a cada 3 horas até que a mãe tenha leite.
COMENTÁRIO:
O RN filho de mãe diabética está em risco de fazer hipoglicemia, porém, com a medida de 50mg/dL, ele não apresenta hipoglicemia e
não necessita de tratamento, apenas controle glicêmico regular.
Correta a alternativa B.
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16Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
3.1.2 CAUSAS
Vimos anteriormente que liberação de glucagon, epinefrina e amamentação são fatores protetores da hipoglicemia. Então, o que causa
esse distúrbio?
Dois pontos já foram abordados neste capítulo e são as principais causas de hipoglicemia:
① RNs prematuros e/ou de baixo peso ao nascer. Eles apresentam imaturidade dos sistemas, como o hepático, além de deficit no
armazenamento de glicogênio e falha no mecanismo contrarregulador da cetogênese;
② Filhos de mães diabéticas por hiperinsulinemia.
Mas não paramos por aí! Podemos ter:
1. Outras causas de hiperinsulinismo, como tumores produtores de insulina e síndrome de Beckwith-Wiedemann (macroglossia,
onfalocele, gigantismo fetal e hipoglicemia neonatal);
2. Diminuição de fonte de substrato para gliconeogênese pelo aumento da demandaenergética como sepse, hemorragia
intracraniana, policitemia, instabilidade térmica, jejum e asfixia perinatal;
3. Diminuição da ingesta de glicose por dificuldade na amamentação;
4. Deficiências enzimáticas envolvidas no armazenamento de glicogênio, como a Doença de Cori (hipoglicemia, hepatomegalia,
déficit de crescimento) ou a acidemia metilmalônica (erro inato do metabolismo).
5. Deficiências hormonais, como ACTH no hipopituitarismo e cortisol na hiperplasia adrenal congênita.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 17
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAI NA PROVA
(EINSTEIN/SP/2018) As causas de hipoglicemia neonatal devidas aos estoques inadequados de glicogênio e inadequadas fontes de substrato
para gliconeogênese são observadas em:
A) Filho de mãe diabética e pequeno para a idade gestacional.
B) Erros inatos do metabolismo e policitemia.
C) Prematuridade e sepse neonatal.
D) Hiperinsulinismo e hipopituitarismo.
E) Hiperplasia adrenal congênita e asfixia perinatal.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa C. A hipoglicemia neonatal por baixo estoque de glicogênio é vista em prematuros e RNs pequenos para a
idade gestacional. A diminuição na fonte de substrato é característica do aumento na demanda energética,
3.1.3 SINAIS E SINTOMAS
Os sinais e sintomas da hipoglicemia não são específicos e podem ocorrer em outros distúrbios. Os mais frequentes são:
• Tremores de extremidades;
• Sonolência e hipoatividade ou irritabilidade;
• Dificuldade para mamar;
• Letargia;
• Apneia ou dispneia;
• Hipotermia;
• Cianose;
• Crises convulsivas;
• Coma;
• Óbito.
» Reflexo de Moro exacerbado. Apesar de alguns autores relacionarem essa manifestação com hipocalcemia, tanto a SBP como a AAP
a relacionam também com a hipoglicemia.
Tome nota!
A hipoglicemia é uma das principais
causas de crises convulsivas nos RNs!
Vamos para uma questão difícil!
como na sepse, hemorragia intracraniana, policitemia, instabilidade térmica, jejum e asfixia perinatal.
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18Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Fonte: Shutterstock
CAI NA PROVA
(IAMSPE 2021) A hipoglicemia neonatal é caracterizada pelos seguintes sinais e sintomas:
A) tremores e hipertonia.
B) tremores e convulsões.
C) choro forte e sucção débil.
D) taquipneia e hipertonia.
E) hipertermia e letargia.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa B. Tremores e convulsões são manifestações da hipoglicemia sintomática.
Incorreta a alternativa A: A hipotonia, não a hipertonia, relaciona-se com a hipoglicemia.
Incorreta a alternativa C: Choro forte não é manifestação de hipoglicemia.
Incorreta a alternativa D: Taquipneia pode ocorrer, porém o mais comum é ocorrer apneia, bradipneia e dispneia. A hipertonia não está
relacionada à hipoglicemia.
Incorreta a alternativa E: A hipotermia pode estar relacionada à hipoglicemia, não à hipertermia.
3.1.4 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
Como vimos, a hipoglicemia pode levar a crises convulsivas, coma e óbito, por isso bebês sintomáticos devem sempre ter sua glicemia
dosada; os assintomáticos com fatores de risco devem ser rastreados.
A glicemia capilar medida por glicosímetro (dextro/dextrostix) é, aproximadamente, 10 a 15% inferior à glicemia plasmática. Esse é
o método inicial para detecção da hipoglicemia, por ser rápido e amplamente disponível. Falsos-positivos podem ocorrer em extremidades
frias, cianóticas ou logo após a desinfecção com álcool. É recomendado que todo bebê que apresente hipoglicemia por esse método tenha
sua glicemia plasmática coletada.
SINTOMÁTICOS
ASSINTOMÁTICOS COM
FATORES DE RISCO
Uma glicemia capilar dentro dos limites da normalidade
afasta a possibilidade de hipoglicemia e leva-nos a pensar em
outros diagnósticos.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 19
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Os bebês com fatores de risco necessitam ser rastreados mesmo quando assintomáticos.
Aqui, utilizamos o protocolo de rastreio da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ela recomenda que:
• RNs prematuros e pequenos para a idade gestacional sejam avaliados com 3, 6, 12, 24 e 48 horas de vida.
• RNs filhos de mães diabéticas e grandes para idade gestacional sejam avaliados com 1,2,4,8 e 12 horas de vida.
A triagem deve continuar de acordo com os resultados obtidos.
Atenção aqui!
#ficaadica
O tópico mais presente em provas tem sido "filhos de mães diabéticas", então,
vamos firmar esse conhecimento.
RASTREIO DE FILHOS DE MÃES DIABÉTICAS PELA SBP:
1, 2, 3, 6, 12 HORAS DE VIDA.
3.1.5 RASTREIO
3.1.6 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
O principal diagnóstico diferencial é a hipocalcemia, principalmente pelo fato de os mesmos fatores de risco causarem os dois
distúrbios e terem sinais e sintomas semelhantes. Demais distúrbios serão vistos ao longo do capítulo.
Outras causas de crise convulsiva também devem ser consideradas em neonatos sintomáticos.
Na prática, todos os RNs sintomáticos devem ter sua glicemia dosada. Caso ela esteja dentro dos limites da
normalidade, considerar outras causas.
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20Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
3.1.7 CONDUTA
A conduta também apresenta divergência entre as principais fontes: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Agora, é consenso que a hipoglicemia neonatal deve sempre ser corrigida de imediato; não devemos esperar exames laboratoriais para definir
a conduta.
O tratamento pode ser por via oral ou endovenosa.
1. SBP
• SINTOMÁTICOS COM GLICEMIA MENOR DE 40 mg/dL: tratamento sempre por via endovenosa.
• ASSINTOMÁTICOS COM FATORES DE RISCO: até 24 horas de vida, iniciar tratamento via oral, reavaliar e tratar
endovenoso se persistir glicemia baixa.
RNs com menos de 4 horas de vida: se glicemiadentro de meia hora a uma hora por meio do glicosímetro. O uso de fórmula infantil é considerado exceção, nunca é a primeira escolha.
GEL DE DEXTROSE: O gel de dextrose 40% (200 mg/kg de glicose) massageado na mucosa oral, combinado com a
amamentação, tem trazido bons resultados nas primeiras 48 horas de vida de neonatos hipoglicêmicos assintomáticos.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 21
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Vamos conhecer a questão!
CAI NA PROVA
(CERMAM/AM/2019 *ADAPTADA*) Recém-nascido a termo, filho de mãe com diabetes gestacional, com peso de nascimento de 4350 g.
Exame físico com 1 hora de vida: neurológico normal; com capacidade de sucção ativa. Exames laboratoriais: glicemia capilar = 20 mg/dl;
hematócrito = 55%. Após coletar sangue para dosagem de glicose, a melhor conduta é:
A) Infusão rápida de glicose intravenosa a 10% e repetir a dosagem de glicose.
B) Colocar o recém-nascido para aleitamento materno e repetir glicemia capilar.
C) Aguardar o resultado para a decisão de como proceder.
D) Administrar fórmula láctea por sonda gástrica e repetir a glicemia capilar
COMENTÁRIO:
O tratamento inicial para um RN, com menos de 4 horas de vida, assintomático, é feito com alimentação oral e leite materno. A glicemia
deve ser repetida em uma hora.
Alternativa correta: B.
TRATAMENTO POR VIA ENDOVENOSA
Atenção!!!
HIPOGLICEMIA SINTOMÁTICA
SEMPRE TRATAR POR VIA ENDOVENOSA!
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 22
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Deve ser realizado em duas etapas:
① Bolus de glicose 10% na dosagem de 2 mL/kg, seguido de
② Infusão contínua de glicose na dosagem de 6 a 8 mg/kg/min.
As instituições podem denominar essa dosagem de velocidade infusão contínua (VIG) ou taxa de infusão contínua (TIG).
A glicemia deve ser avaliada a cada 20 a 30 minutos, após o início da infusão, e de hora em hora, até a melhora clínica.
Você já deve saber que pediatras levam sempre uma calculadora para o plantão, certo? Então, vamos testar seu conhecimento em
matemática?
CAI NA PROVA
(USP 2021) Recém-nascido do sexo masculino, nascido de termo (37 semanas e 4 dias), pequeno para a idade gestacional, com peso de
nascimento de 2000 g, é filho de mãe tabagista, sem outras comorbidades. Com 12 horas de vida, o paciente apresentou controle de glicemia
capilar de 32 mg/dL. Optado por realizar push de glicose e deixar soro contínuo com velocidade de infusão de glicose (VIG) de 5 mg/kg/min.
Assinale a alternativa que contém a prescrição correta desse soro contínuo:
A) Soro glicosado a 5% - 72 mL endovenoso contínuo em 24 horas.
B) Soro glicosado a 10% - 240 mL endovenoso contínuo em 24 horas.
C) Soro glicosado a 10% - 144 mL endovenoso contínuo em 24 horas.
D) Soro glicosado a 5% - 200 mL endovenoso contínuo em 24 horas.
COMENTÁRIO:
Temos, aqui, um neonato a termo, com baixo peso ao nascer, que apresentou hipoglicemia. Ele foi, então, tratado com um push de
glicose e mantido com soro contínuo com VIG de 5mg/kg/min. O examinador quer saber a prescrição do soro contínuo.
Nossa VIG é de 5 mg/kg/min. Se o RN tem 2 kg, ele está recebendo 10 mg/min. Como queremos calcular para 24 horas e sabemos que,
nesse período, temos 1.440 minutos, vamos para a regra de três.
10mg ------- 1 minuto
Xmg --------- 1.440 minutos
X =14.400mg de glicose em 24 horas.
Até aqui, tudo certo?
Agora, o soro glicosado a 10% apresenta 100 mg/mL de glicose. Se precisamos de 14.400mg, vamos para mais uma regra de três.
100mg -------- 1 mL
14.400mg ----- x mL
X = 144 mL
Resultado final: precisamos de 144 mL de soro glicosado 10% nas próximas 24 horas.
Alternativa correta: C.
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23Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Resumindo a conduta:
ASSINTOMÁTICAS COM FATOR DE RISCO
Até 4h de vida
glicoseIII - A glicemia de 57mg/dL não é indicativo de hipoglicemia, portanto há necessidade de pesquisar outras causas dos tremores do RN, como
outros distúrbios metabólicos ou crises convulsivas. Incorreta.
Alternativa correta: B.
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25Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
3.2 HIPERGLICEMIA
A hiperglicemia é um distúrbio metabólico menos comum
nos neonatos que a hipoglicemia e pouco cobrado em provas. A
Sociedade Brasileira de Pediatria adota o nível de 126 mg/dL.
As causas mais comuns são: iatrogenia, uso de medicamentos
como metilxantinas (cafeína, teofilina), anticonvulsivantes
(fenitoína), corticoides e diazóxido, sepse, estresse neonatal e
asfixia perinatal.
Geralmente, é assintomática e descoberta em exames
3.1.8 HIPOGLICEMIA REFRATÁRIA
Hipoglicemia refratária não é um tópico comum de prova,
então, você precisa saber que as principais causas de hipoglicemia
neonatal são transitórias e resolvidas em até 72 horas. RNs que
não mantêm uma glicemia maior que 45 mg/dL após 24 horas
de infusão venosa de glicose com VIG de 8 mg/kg/min devem ser
rastreados com exames laboratoriais, sendo que a principal causa é
a hipoglicemia hiperinsulinêmica.
A conduta imediata é aumentar a taxa de infusão da glicose
acima de 8mg/kg/min, e a definitiva depende da causa base. Pode
ser necessário o uso de hidrocortisona, glucagon ou diazóxido, um
inibidor da secreção de insulina.
CAI NA PROVA
(CEPOA/RJ/ 2019) A respeito da hiperglicemia do recém-nascido, é CORRETO afirmar:
A) deve-se reduzir a infusão de glicose o mais rapidamente possível para 4 mg/kg/minuto
B) níveis de glicose superiores a 150mg/dl aumentam a osmolaridade sérica sem risco aos RN prematuros
C) o uso precoce de aminoácidos na alimentação parenteral reduz a incidência de hiperglicemia
D) a definição de hiperglicemia no RN é de concentração de glicose superior a 170mg/dL
E) o uso de teofilina no tratamento da apneia do prematuro diminui a incidência de hiperglicemia
COMENTÁRIO:
Incorreta a alternativa A: a diminuição da glicose deve ser lenta devido ao risco de causar hipoglicemia reflexa.
Incorreta a alternativa B: o aumento da osmolaridade sérica pode causar hemorragia intracraniana.
Correta a alternativa C: os aminoácidos da alimentação estimulam a secreção de insulina.
Incorreta a alternativa D: a Sociedade Brasileira de Pediatria define hiperglicemia como glicose acima de 126mg/dL.
Incorreta a alternativa E: as metilxantinas, entre elas a teofilina, aumentam o risco de hiperglicemia.
e rastreios de rotina. Valores maiores que 450 mg/dL estão
associados à hemorragia intracraniana, pelo estado hiperosmolar
e rápido deslocamento de água do intra para o extracelular.
A conduta depende da causa base do distúrbio. Na
presença de glicemia maior que 180 ou 250 mg/dL (a depender
da literatura), ou em RNs sintomáticos, devemos fazer a infusão de
insulina terapêutica.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 26
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAPÍTULO
4.0 DISTÚRBIOS DO CÁLCIO
4.1 HIPOCALCEMIA
Depois da hipoglicemia, é o distúrbio mais comum no
período neonatal. A hipocalcemia foi responsável por 16% das
questões do capítulo.
◊ Entendendo o metabolismo do cálcio:
Esse tópico será visto com detalhes no capítulo da
endocrinologia. Aqui, vamos sintetizá-lo para que você consiga
entender de onde vem o distúrbio.
O cálcio é essencial para a manutenção do metabolismo e é
regulado pelo paratormônio e pelo calcitriol.
Apesar de, durante o período gestacional, principalmente no
terceiro trimestre, ocorrer uma boa passagem dele pela placenta,
seus níveis tendem a declinar durante a primeira semana de vida.
Com essa queda, aumentam os níveis de paratormônio (PTH)
pela paratireoide, que mobiliza o cálcio e o fósforo dos ossos e a
reabsorção no túbulo renal. Associado ao início da ingesta de leite
materno, os níveis dos minerais tendem a normalizar-se.
A exposição solar também auxilia na manutenção, ao
sintetizar a vitamina D, precursora do calcitriol (1,25[OH
2]
D), que
aumenta a absorção intestinal e a mobilização óssea do cálcio e do
fosfato.
Em contrapartida, temos a calcitonina, produzida pelas
células T da tireoide, que, frente ao excesso de cálcio sérico ou em
situações de estresse, retira-o da circulação e deposita-o na matriz
óssea.
Existem três frações do cálcio no sangue: o cálcio ionizado, o cálcio ligado a proteínas séricas (principalmente a albumina) e o cálcio em
complexos com ânions séricos, sobretudo fosfatos, citrato e sulfatos. O cálcio ionizado é a única forma biologicamente disponível, por isso sua
dosagem é essencial em crianças enfermas.
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27Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
4.1.1 DEFINIÇÃO
Em neonatos a termo, a hipocalcemia é definida como concentração sérica de cálcio menor que 8mg/dL ou de cálcio ionizado menor
que 4mg/dL. Em prematuros, cálcio sérico menor que 7mg/dL.
HIPOCALCEMIA NEONATAL TERMOS: Casem intercorrências durante o trabalho de parto e nascimento, é submetida a controles de glicemia capilar
pelo risco de hipoglicemia. Na vigésima terceira hora de vida, estando em aleitamento materno exclusivo, a criança apresenta tremores e a
glicemia capilar é de 55 mg%. Neste caso é correto afirmar que:
A) O valor da glicemia está no limite para definição de hipoglicemia, devendo-se administrar fórmula láctea 20 mL e repetir a glicemia
capilar após 1 hora, que deverá elevar-se em pelo menos 10 mg%.
B) O valor da glicemia é normal para essa hora de vida e deve-se investigar a possibilidade de hipocalcemia ou outras causas para o sinal
observado.
C) O valor da glicemia é baixo e deve-se colher glicemia, cálcio e magnésio e iniciar oferta de fórmula láctea 20 ml e repetir a glicemia capilar
após 1 hora.
D) O valor da glicemia é baixo e como está com sinais deve-se administrar glicose na dose de 2 ml/kg de glicose a 10%, seguida de manutenção
com velocidade de infusão de glicose (VIG) de 4mg/kg/min, com controle após 30 minutos.
E) A glicemia capilar não é um bom método para controle da glicemia no recém-nascido.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa B. A questão traz um bebê de baixo peso com tremores de extremidades. Então, primeiro definimos se o
RN possui hipoglicemia. A glicemia aferida está maior que 45mg/dL, sendo assim, não há hipoglicemia;
(UFAL/AL/2018 ADAPTADA) Assinale verdadeiro ou falso em relação aos distúrbios metabólicos no período neonatal?
A) A hipocalcemia neonatal precoce apresenta-se, na maioria das vezes, sintomática
B) Asfixia perinatal não é o fator de risco para hipocalcemia
devemos procurar outras causas, como hipocalcemia, outros distúrbios metabólicos ou crises convulsivas. A alternativa correta só pode
ser a letra B.
Observe como os sinais são parecidos com os de hipoglicemia! Então, todo RN
sintomático deve ser primeiro triado para hipoglicemia e, se normal, para hipocalcemia.
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29Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
COMENTÁRIO:
Falsa a alternativa A. A hipocalcemia é assintomática na maioria dos casos.
Falsa a alternativa B. Asfixia perinatal leva a estresse, aumento no cortisol e catecolaminas que estimulam a calcitonina.
(PUC SOROCABA/SP/2015) Recém-nascido de parto cesárea, filho de mãe diabética controlada durante a gestação nasce com 38 semanas
de gestação com índice de Apgar de 8 e 9 e peso de 4000 g. Feito controle de glicemia capilar (Dextrostix) de 25 mg/dL inicial e nos seguintes
apresentou controles de 60 e 70 mg/dL após o início da oferta de glicose e amamentação. Com 36 horas de vida inicia quadro de irritabilidade,
espasmos e tremores de extremidades. Qual a provável causa para estes sinais?
A) Hipernatremia.
B) Hipocalemia.
C) Hipofosfatemia.
D) Hipocalcemia.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa D. Temos aqui um RN que, com 36 horas de vida, estava sintomático. O limite para glicemia é de 45mg/dL,
então ele, com 60 e 70mg/dl, não está hipoglicêmico. Sobra a hipocalcemia, segundo distúrbio mais comum
4.1.5 TRATAMENTO
A suplementação na forma de gluconato de cálcio 5 a 8ml/kg/dia através de xarope via oral ou endovenosa é indicada para RNs
assintomáticos ou sintomáticos, porém estáveis.
Para RNs instáveis, a terapêutica deve ser endovenosa rápida, de 5 a 10 minutos, e pode ser repetida de acordo com a dosagem sérica.
É importante monitorar o ritmo cardíaco, pois ele pode causar arritmias.
4.2 HIPERCALCEMIA
A hipercalcemia é menos comum que a hipocalcemia e
é cobrada, principalmente, como diagnóstico diferencial. Ela é
definida como concentração de cálcio sérico > 11 mg/dL ou cálcio
iônico > 5 mg/dL.
As causas são: iatrogenia, hiperparatireoidismo congênito,
acidose tubular renal, hipervitaminose D materna, uso de diurético
tiazídico.
Mas, principalmente, pode ser causada por iatrogenia por
em filhos de mães diabéticas.
excesso de infusão venosa ou na dieta.
Geralmente, é assintomática e descoberta em rastreio de
rotina.
O tratamento visa aumentar a excreção urinária de cálcio
por meio da reidratação venosa, com soro fisiológico 0,9% ou pelo
uso de diuréticos.
Podem ser necessárias: a restrição da ingesta de cálcio e de
vitamina D e a redução da exposição solar.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 30
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CAPÍTULO
5.0 DOENÇA METABÓLICA ÓSSEA
A doença metabólica óssea, também chamada de osteopenia
da prematuridade, é o distúrbio de mineralização óssea que
acomete os neonatos com muito baixo peso ao nascer (menores
de 1.500g)
Encontramos uma questão apenas nas provas de acesso
direto dos últimos anos, então vamos resumir o que você precisa
saber para resolver uma possível questão.
O RN de muito baixo peso geralmente é prematuro e
apresenta baixos estoques de cálcio e fósforo ao nascimento. A
hipocalcemia e a hipofosfatemia estimulam a produção de calcitriol,
de 1,25(OH) vitamina D e do paratormônio, fatores que mobilizam
cálcio ósseo e levam à osteopenia.
Além da prematuridade, a insuficiência desses minerais na
dieta, o uso prolongado de nutrição parenteral, medicamentos
como diuréticos e corticoides, deficiência de vitamina D materna,
baixa ingesta, insuficiência renal ou uso crônico de fenitoína e
fenobarbital também contribuem para essa condição.
A osteopenia inicia já ao nascer, porém manifesta-se
geralmente após a 6ª semana de vida. Os sinais clínicos incluem
disfunção respiratória, hipotonia, déficit de crescimento,
alargamento de fontanelas e suturas cranianas, fraturas patológicas
e sinais de raquitismo.
O diagnóstico é feito pela baixa dosagem de fósforo e aumento da fosfatase alcalina (maior que 800UI). Radiografias podem ser
necessárias para avaliar a mineralização óssea, assim como densitometria óssea.
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31Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
CAI NA PROVA
(SANTA CASA DE SÃO PAULO/2018) A doença metabólica óssea da prematuridade é um problema que requer muita atenção no seguimento
ambulatorial. No que se refere a esse assunto, assinale a alternativa CORRETA:
A) A fosfatase alcalina entre 400 a 800 UI levanta forte suspeita de osteopenia.
B) Na osteopenia da prematuridade, o PTH está diminuído.
C) A dosagem de 1,25 di-hidroxivitamina D está aumentada e a de 25-hidroxivitamina D está diminuída.
D) O leite materno apresenta quantidades adequadas de cálcio e fósforo para o RN de muito baixo peso ao nascimento.
COMENTÁRIO:
Meu caro Estrategista, o examinador aqui pegou um rodapé de página, pois a dosagem de vitamina D não é fator diagnóstico para
a doença. Apesar de termos uma deficiência da fonte de vitamina D (25-OH) na maioria desses RNs, a 1,25 (OH) vitamina D é ativada pela
falta dos minerais e está aumentada nesses casos.
Correta a alternativa C. Na dúvida, analise as outras alternativas para encontrar a resposta.
A alimentação enteral precoce é o principal fator de prevenção da doença. O leite humano precisa ser enriquecido com minerais para
suprir a necessidade de cálcio e fósforo. Também podemos utilizar fórmulas para prematuros e suplementação de vitamina D.
Vamos conhecer a única questão dos últimos anos.
Incorreta a alternativa A. A fosfatase alcalina deve estar maior que 800UI.
Incorreta a alternativa B. O paratormônio é liberado em resposta à falta de cálcio e fósforo séricos.
Incorreta a alternativa D. O leite materno não é suficiente e precisa ser enriquecido com cálcio e fósforo para RNs de muito baixo peso.
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Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023 32
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
Fonte: Shutterstock.
CAPÍTULO
6.0 OUTROS DISTÚRBIOS METABÓLICOS E
HIDROELETROLÍTICOS
Nesse tópico, apresento os distúrbios menos comuns no
período neonatal e, consequentemente, menos frequentes nas
questões de neonatologia, que costumam trazê-los apenas como
diagnóstico diferencial. São eles: distúrbios do sódio, potássio,
magnésio e fosfato. Eles serão vistos com mais detalhes em capítulos
próprios da endocrinologia e da nefrologia. Aqui, vamos ater-nos
às características específicas do período neonatal, para que você
consiga conhecer e diferenciar esses distúrbios com tranquilidade.
É importante lembrar que o principal fator de risco é o
internamento em UTI neonatal e todas as causas que levam a isso.
Acorde !!!
Ainda temos alguns tópicos para ver!
Fique atento às tabelas a seguir!m
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33Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
6.1 DISTÚRBIOS DO SÓDIO
HIPONATREMIA HIPERNATREMIA
DOSAGEM DO SÓDIO Menor que 135mg/dL Maior que 145-150mg/dL
CAUSAS
Deficiência de sódio ou excesso
de água
• Iatrogênicas pela infusão
exagerada de água sem
eletrólitos
• Infusão de solução hipotônica
na mãe
• Uso de inibidores da enzima
angiotensina pela mãe
• Nefropatias
• Perdas gastrointestinais, como
vômitos, diarreias ou uso de
sondas orogástricas
Excesso de sódio ou deficiência
de água
• Iatrogênicas, pelo excesso de
infusão de sódio ou por restrição
hídrica
• Perda de água por incubadoras
não umidificadas
• Sudorese e hipertermia
SINAIS E SINTOMAS Desidratação, vômito e coma
Irritabilidade, perda de peso, febre,
hiperreflexia e convulsões
TRATAMENTO
Depende da causa
• Restrição hídrica
• Solução hipertônica de sódio 3%
na emergência
Correção da causa base
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PEDIATRIA Distúrbios do Período Neonatal
6.2 DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO
HIPOCALEMIA HIPERCALEMIA
DOSAGEM DO POTÁSSIO Menor que 3,5mEq/L Maior que 6mEq/L
CAUSAS
• Baixa oferta de potássio
endovenoso ou na dieta
• Uso de diuréticos
• Perda de eletrólitos pela sonda
gástrica
• Hemorragias
• Insuficiência renal
• Hiperplasia adrenal congênita
• Iatrogenia pela infusão em
excesso
SINAIS E SINTOMAS Letargia, íleo paralítico e arritmias Arritmias
TRATAMENTO
• Aumento da oferta de potássio
por via oral
• Reposição endovenosa na
emergência
Visa à prevenção de arritmias
• Gluconato de cálcio 10%
• Insulina + Glicose
• Diuréticos
• Beta-agonistas
• Resina de troca
• Diminuir oferta de potássio
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35Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | 2023
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6.3 DISTÚRBIOS DO MAGNÉSIO
HIPOMAGNESEMIA HIPERMAGNESEMIA
DOSAGEM DO MAGNÉSIO
Menor que 1,6mg/dL
Geralmente está associada à
hipocalcemia neonatal
Maior que 2,8mEq/L
CAUSAS
• Prematuridade
• Retardo de crescimento
intrauterino
• Filhos de mães diabéticas
• Oferta inadequada de soluções
nutricionais parenterais
• Uso de diuréticos
• Síndromes de má absorção
intestinal
• Pós-exsanguineotransfusão
Iatrogenia
Uso de sulfato de magnésio para
eclâmpsia materna
SINAIS E SINTOMAS
Assintomático na maioria das
vezes. Podem ocorrer tremores
de extremidades, irritabilidade,
hipertonia e convulsões
Letargia, hipotonia, apneia,
hiporreflexia, sucção deficiente e
retardo na eliminação de mecônio
TRATAMENTO
• Suplementação via oral
• Infusão endovenosa de sulfato
de magnésio 50% na emergência
Retirada da fonte de magnésio
exógena ou gluconato de cálcio
10% endovenoso como antagonista
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6.4 DISTÚRBIOS DO FOSFATO
HIPOFOSFATEMIA HIPERFOSFATEMIA
DOSAGEM DO FÓSFORO Menor que 1mg/dL Maior que 9mg/dL
CAUSAS
• Jejum
• Desnutrição
• Estados catabólicos agudos
• Necrose tecidual
• Hipoparatireoidismo
• Insuficiência renal
• Iatrogenia
SINAIS E SINTOMAS
Geralmente assintomática
• Fraqueza muscular, apatia,
distúrbios respiratórios e coma
na fase aguda
• A hipofosfatemia crônica pode
cursar com encefalopatia e
distúrbios da mineralização
óssea
• As características clínicas agudas
podem ser tetania, irritabilidade,
vômitos e diarreia
• O estado crônico pode causar
• calcificações teciduais
TRATAMENTO Suplementação por via oral
• Diminuição da fonte de fosfato
• Uso de quelantes, como o
carbonato de cálcio
• Casos graves agudos devem ser
tratados com diálise
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CAPÍTULO
7.0 ASFIXIA PERINATAL E ENCEFALOPATIA
HIPÓXICO-ISQUÊMICA
A asfixia perinatal é decorrente da falta de oxigênio para distribuição tecidual. A encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) é a consequência
neurológica de uma asfixia prolongada e sua principal complicação.
7.1 CAUSAS
• Maternas: parada cardíaca materna, hemorragias, hipotensão, ruptura uterina, doença hipertensiva, infecções, diabetes, uso
de drogas (cocaína).
• Placentárias e de cordão umbilical: descolamento prematuro de placenta, infarto placentário, rotura, prolapso, nó verdadeiro e
compressão de cordão.
• Fetais: restrição de crescimento intrauterino, anormalidade de vasos umbilicais.
• Pós-natais: distúrbios respiratórios do RN, sepse, anemia, cardiomiopatia, hidropsia, choque circulatório.
7.2 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da asfixia perinatal ainda é controverso
e critérios únicos não são aceitos, é preciso ter uma união de
evidências associada a disfunção orgânica multissistêmica e
encefalopatia moderada a grave.
São consideradas evidências de asfixia perinatal:
• Gasometria arterial de cordão ou primeira hora de vida
com pHmanifestações neurológicas e de disfunção multissistêmica decorrentes da hipoperfusão tecidual
B) Acidemia metabólica (pH