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Livro2_versão2.indd 1 14/08/12 01:05 ©Ministério da Saúde Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. Pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov/bvs. Tiragem: 1a Edição - 2012 - 5.000 exemplares Elaboração, distribuição, informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Esplanada dos Ministérios, bloco G, sala 725 CEP: 70058-900, Brasília - DF Telefones: (61) 3315 2858 / 3315 3848 - Fax: (061) 3315 2862 E-mails: sgtes@saude.gov.br / deges@saude.gov.br Homepage: www.saude.gov.br/sgtes Coordenação: Maria Auxiliadora Córdova Christófaro Mônica Sampaio de Carvalho Mozart Julio Tabosa Sales Autores: Fátima Regina Gomes Pinto Letícia Maria Correia Katz Revisão técnica: Catarina de Oliveira Neves Coordenação editorial: Léa Simone Carvalho Mario Correia da Silva Impresso no Brasil / Printed in Brazil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Sandra Infurna, CRB nº 7 – 4607) P659 Pinto, Fátima Regina Gomes Caderno de referência 2: citopatologia não ginecológica / Fátima Regina Gomes Pinto, Letícia Maria Correia Katz Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: CEPESC, 2012. 86p. (Coleção Cadernos de Referência; 2) ISBN 978-85-324-0034-5 1. Citopatologia. 2. Educação em Saúde. 3. Ensino Profissional. 4. Ensino Técnico. I. Título. II. Katz, Letícia Maria Correia. III. Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde. CDU 576.385:37 Projeto gráfico, diagramação, capa e arte-final: Breno Santos Pessoa de Luna Dino Vinícius Ferreira de Araujo Apoio técnico: Maria Aparecida Timo Brito Maria Ivanildes Resende de Oliveira Ilustração: Antonio Carlos Acioli da Silva Junior Normalização e revisão editorial: Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva (CEPESC) Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524 – 7º andar – Bl. D Maracanã – Rio de Janeiro – RJ www.cepesc.org.br cepesc@ims.uerj.br/ cepesc@cepesc.org.br (21) 2569-1143/ 2234-7457 Títulos para indexação: Em inglês: Notebook Reference 2: no gynecological cytopathology Em espanhol: Cuaderno de Referencia 2: no ginecológica citopatología Livro2_versão2.indd 2 14/08/12 01:05 Lista de abreviaturas e siglas BAAR BBS DEGES DNA DQ EA ETSUS HCl HE HIV IgA LBA ml mm MMG MS PAAF PAS pH Profaps RNA rpm SGTES SUS μ Bacilos álcool-ácido resistentes Solução salina balanceada de Hank Departamento de Gestão da Saúde Ácido desoxirribonucleico Diff-Quick Corante composto por eosina, verde-luz ou brilhante e pardo de Bismarck Escola Técnica do SUS Ácido clorídrico Hematoxilina - Eosina Vírus da imunodeficiência humana Imunoglobulina A Lavados Broncoalveolares Mililitro Milímetro Método de May-Grüenwald-Giemsa Ministério da Saúde Punção aspirativa por agulha filha Ácido Periódico de Schiff Potencial Hidrogeniônico Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio Para a Saúde Ácido ribonucleico Rotações por minuto Secretaria de Gestão da Educação na Saúde Sistema Único de Saúde Micra Livro2_versão2.indd 3 14/08/12 01:05 Livro2_versão2.indd 4 14/08/12 01:05 SUMÁRIO Apresentação............................................................................................................................... 1 Técnicas de coleta em citopatologia geral............................................................................. 2 Processamento técnico e laboratorial dos espécimes citológicos......................................... 3 Padrões citopatológicos gerais em condições benignas e malignas...................................... 4 Padrões citopatológicos em órgãos específicos...................................................................... Referências.................................................................................................................................. Apêndice..................................................................................................................................... 7 9 21 43 53 81 83 Livro2_versão2.indd 5 14/08/12 01:05 Livro2_versão2.indd 6 14/08/12 01:05 7 Apresentação A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde (MS), por meio da Coordenação-Geral de Ações Técnicas em Educação na Saúde do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES), desenvolve políticas e programas com o propósito finalístico de ordenar recursos humanos para a saúde, como determina o Art. 200 da Constituição Federal, e, nesta perspectiva: • Atender ao que dispõe a Lei Nº 8080/90, especificamente no seu Art. 6º; • Contribuir para a adequada formação, alocação, qualificação dos profissionais e valorização e democratização das relações do trabalho; • Ampliar as oportunidades de formação profissional e de qualificação técnica para trabalhadores do nível médio, tendo como propósito a qualidade das Redes de Atenção à Saúde do SUS; • Consolidar, nos planos político, pedagógico e administrativo, as Escolas Técnicas do SUS (ETSUS). A efetividade, o atendimento oportuno e a qualidade dos serviços de saúde guardam intrínseca relação com a formação e a qualificação profissional. Portanto, é imprescindível que os acordos e respectivos contratos de colaboração entre os entes federativos, objetivando a organização da rede de atenção à saúde, assegurem recursos para o cumprimento e efetivação dos processos de formação e de qualificação técnica para o grupo de trabalhadores. Profissionais estes que formam o maior segmento da força de trabalho da área da saúde, os técnicos de nível médio. A efetivação dos objetivos do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (PROFAPS) implica a definição de diretrizes e prioridades para a área de formação profissional e de qualificação técnica com foco nos trabalhadores de nível médio do SUS. Entre essas prioridades está a formação do Técnico em Citopatologia. Para tanto, foi definido plano de trabalho cuja execução resultou no estabelecimento das “Diretrizes e Orientações para a Formação”, fundamentadas nas diretrizes e princípios das políticas nacionais da educação e da saúde, publicadas em 2011. Nessa linha, a SGTES/DEGES investiu na aquisição e produção de recursos e material didático específico para os cursos de formação profissional técnica, prioritários no PROFAPS e que estão sendo desenvolvidos pelas ETSUS. Para o curso técnico em citopatologia, a Coordenação-Geral de Ações Técnicas em Educação na Saúde, junto com as ETSUS e especialistas da área, definiu e coordenou o processo de elaboração e produção de material didático específico, o que traduz a relevância da formação profissional técnica de nível médio na política nacional de saúde. Este atlas (impresso e digital) é um desses recursos. Organizado tendo como referência as diretrizes para a formação do técnico em citopatologia, seguramente, é base tanto para a elaboração e definição do projeto político-pedagógico como para o desenvolvimento do curso. A produção de material bibliográfico para o Curso Técnico em Citopatologia inclui: • Atlas de Citopatologia Ginecológica (versão impressa e digital) • Caderno de Referência 1: Citopatologia Ginecológica • Caderno de Referência 2: Citopatologia Não Ginecológica • Cadernode Referência 3: Técnicas de Histopatologia Livro2_versão2.indd 7 14/08/12 01:05 8 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Apoiar o desenvolvimento do curso é o objetivo específico, contudo tem-se como propósito consolidar e ampliar a articulação das Escolas Técnicas com as Redes de Atenção à Saúde do SUS e, a partir dessa base, consolidar as Escolas como rede de excelência na formação profissional e na qualificação técnica do nível médio na área da saúde. Nessa perspectiva, fundamentada nos princípios das políticas de saúde, de educação e da regulação do trabalho, o SUS desenvolve a ordenação dos recursos humanos para a saúde. Livro2_versão2.indd 8 14/08/12 01:05 9 1 Técnicas de coleta em citopatologia geral Livro2_versão2.indd 9 14/08/12 01:05 Livro2_versão2.indd 10 14/08/12 01:05 11 Historicamente, o primeiro relato da utilização do exame citológico foi no ano de 1838, por Johannes Müller, que descreveu a imagem microscópica de células malignas obtidas por raspado superficial de tumores excisados cirurgicamente. Posteriormente, o patologista francês Lebert avaliou citologicamente espécimes provenientes de efusões, secreções traqueobrônquicas e urina. Mas foi no início do século XX, precisamente no ano de 1920, que houve um avanço importante no diagnóstico citológico com a utilização da citologia esfoliativa e aspirativa pelos patologistas Aurel Babes, George Papanicolaou e James Ewing. Na década de 1930, o exame citológico passou a ser utilizado no diagnóstico de tumores dos vários sítios anatômicos. Neste período, Ewing e seus colaboradores popularizaram o uso da agulha fina para o diagnóstico de lesões superficiais e profundas, difundindo ainda mais o uso da citologia geral. Reconhecidamente, a avaliação citológica apresenta uma série de vantagens quando comparada a outros métodos diagnósticos como, por exemplo, a biópsia. É um procedimento com menor grau de invasão, dispensa o uso de anestesia na maioria das vezes, possui menores taxas de complicações, durante e após a coleta, e fornece resultados rápidos e de baixo custo. No entanto, temos que levar em consideração a possibilidade de maior número de resultados inconclusivos em amostras escassas ou com artefatos, má interpretação diagnóstica pela ausência da arquitetura tecidual, dificuldade de acesso a certos órgãos e na obtenção de espécimes representativos em algumas lesões, além de obscurecimento dos elementos celulares pela presença de sangue. A quantidade e qualidade do material citológico são fatores determinantes na precisão diagnóstica e estão diretamente relacionados ao uso de técnicas adequadas de amostragem e ao processamento apropriado dos espécimes. Podemos dividir os espécimes citopatológicos em dois grandes grupos, dependendo da técnica empregada na coleta das amostras: • Obtidos através da punção aspirativa com agulha fina (PAAF) ou por capilaridade. • Obtidos a partir da raspagem de uma lesão ou de células que descamam naturalmente – compreendem os imprints, raspados, escovados, lavados e também as análises de escarro, urina, secreção mamilar e líquidos cavitários. 1.1 Punção É um método simples, rápido e seguro que confere boa precisão diagnóstica. Pode ser realizado ambulatorialmente. Complicações como sangramento, hematomas, processos inflamatórios e pneumotórax, são raras. Algumas etapas preliminares e cuidados específicos são necessários na realização do procedimento, como o preparo físico e psicológico do paciente, a antissepsia do local a ser puncionado e um pequeno curativo oclusivo após a punção. É indicado o uso de anestésico na punção de órgãos profundos. Contraindicações para punção • Presença de distúrbios de coagulação. • Tosse (nos casos de punção de tireoide ou transtorácica). • Cisto hidático (fígado). • Tumor do corpo carotídeo (pelo risco de hemorragia). • Uso de anticoagulantes. 11 1 Técnicas de Coleta em Citopatologia Geral • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 11 14/08/12 01:05 12 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1.1.1 Punção aspirativa com agulha fi na (PAAF) Introduzida em 1926 por Martin e Ellis nos Estados Unidos da América (EUA), só ganhou popularidade no início dos anos 1950, quando patologistas suecos passaram a usar agulhas de menor calibre. Atualmente utilizado em larga escala em vários países, consiste na obtenção de amostras de nódulos ou tumores de qualquer topografi a, seja de órgãos superfi ciais, como mama, tireoide, linfonodos e glândulas salivares principalmente, seja de órgãos profundos, como pulmão, fígado, pâncreas e retroperitônio. Nesses últimos, são guiados por métodos de imagem como ultrassonografi a ou tomografi a computadorizada. As agulhas empregadas na coleta dos espécimes são de pequeno calibre, entre 0,5 mm e 0,7 mm. Entretanto, em caso de material espesso ou purulento, podem ser utilizadas agulhas de 0,8 mm. Comumente as agulhas para aplicação de insulina, de 0,45 mm, são utilizadas para puncionar nódulos mais superfi ciais. Outros equipamentos, como seringa plástica descartável de 10 ml ou 20 ml, luvas cirúrgicas, gaze estéril, solução de álcool iodado para antissepsia, lâminas de vidro para microscopia com extremidade fosca e fi xador integram o restante do material necessário para realizar o procedimento. Alguns autores recomendam o uso da pistola (porta-seringa), enquanto outros a dispensam. 12 Figura 1 - Porta–seringa. Instrumento utilizado para apoiar o conjunto de seringa e agulha. Para a realização da PAAF, devemos colocar o paciente em posição adequada, identifi car a lesão por palpação, fazer a antissepsia local, acoplar a agulha à seringa e fi xar a lesão entre o dedo indicador e o médio. Em seguida, proceder à punção de acordo com a técnica descrita na fi gura abaixo. Figura 2 - Posicionamento do paciente para a realização da PAAF de nódulo da tireoide. Livro2_versão2.indd 12 14/08/12 01:05 13 Figura 3 - Técnica da PAAF. a - Manter o êmbolo na posição zero, introduzir a agulha na lesão perpendi- cularmente à superfície da pele; b - Promover forte pressão negativa no interior da seringa, deslocando o êmbolo para estabelecer vácuo, mantendo-o; c - Efetuar movimentos de “vai e vem” com a agulha na lesão, em diversas di- reções e profundidades, mantendo a pressão negativa, até aparecer material no início da seringa; d - Soltar o êmbolo da seringa, desfa- zendo a pressão negativa, ainda com a agulha na lesão; e - Retirar a agulha da lesão e compri- mir o local com uma gaze; f - Retirar a agulha da seringa com o êmbolo na posição zero; g - Puxar o êmbolo da seringa, fazendo vácuo; h - Acoplar a agulha na seringa para em seguida, empurrando o êmbolo, depo- sitar o material na lâmina e preparar o esfregaço, fixando-o em seguida. 1 Técnicas de Coleta em Citopatologia Geral • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Materiais líquidos, puncionados de nódulos císticos, necessitam de centrifugação prévia a fim de utilizar o sobrenadante na confecção do esfregaço. Em tais casos, as amostras são encaminhadas ao laboratório em recipiente limpo ou na própria seringa (sem a agulha, fechada com a tampa desta e vedada com esparadrapo), mantendo-as em geladeira se não puderem ser encaminhadas imediatamente. Não é preciso fixação prévia do material nem o uso de anticoagulante. Nos espécimes predominantemente celulares dos nódulos sólidos, remover a agulha da seringa e puxar o êmbolo para trás, a fim de permitir a entrada de ar na seringa. Acoplar novamente a agulha e, com o orifício do bisel tocando levemente a superfície de uma lâmina, empurrar o êmbolo da seringa a fim de depositar uma gota do material, com 2 mm a 3 mm de diâmetro,diretamente sobre a lâmina para a preparação dos esfregaços. A técnica de confecção dos esfregaços varia de acordo com o tipo de amostra obtida e com a familiaridade do profissional por determinado método. Em se tratando de material hemorrágico e semissólido, utilizar a extremidade de outra lâmina inclinada em 45º para estender o espécime delicadamente, em movimento único, rápido e uniforme, semelhante ao que é feito no esfregaço para hematologia. Para espécimes excessivamente fluidos, inclinar a lâmina para baixo e remover, com papel absorvente, o excesso de líquido que se deslocou por gravidade, utilizando a parte mais consistente que restou na lâmina para confeccionar o esfregaço. Quando a amostra for constituída por coloide ou outro tipo de substância semelhante, deve-se comprimi-la entre duas lâminas, puxando-as horizontalmente em direções opostas, suavemente. Quando o material for colhido no próprio laboratório, após confecção dos esfregaços (em torno de seis por punção), deve-se lavar a agulha e a seringa com 10 ml de solução salina, colocar o lavado em um tubo limpo devidamente identificado e centrifugá-lo a fim de obter esfregaços adicionais com o material sedimentado. a b c d e f g h Livro2_versão2.indd 13 14/08/12 01:05 14 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • b c d e 1.1.2 Punção por capilaridade Considerada uma variante da metodologia original, dispensa o uso da seringa na coleta dos es- pécimes. Parte do princípio de que o mais importante na obtenção do material é o efeito do corte e o deslocamento do tecido com a ponta da agulha e não a pressão negativa causada pela sucção da seringa. Inicialmente utilizada em 1986 pelo francês Zajdela na coleta de material do tecido ocular, teve seu uso estendido para outros órgãos em virtude de ser um método menos traumático, de mais fácil aplicação e que confere excelente celularidade às amostras. Os materiais necessários para este procedimento são os mesmos empregados na PAAF. a Figura 4 - Confecção dos esfregaços. a - O material a ser examinado deverá ser colocado no centro da lâmina. b - Utilizar outra lâmina na mão direita, inclinada em 45º, para fazer o esfregaço. c; d; e - Deslizar o material suavemente até a extremidade da lâmina de modo a obter um esfregaço homogêneo e fi no, no centro da lâmina. Técnica • Localizar e fi xar o nódulo. • Fazer a assepsia do local a ser puncionado. • Introduzir a agulha na lesão e efetuar movimentos rápidos e repetidos de “vai e vem”, em várias direções. • Remover a agulha da lesão ao perceber a presença de material no bisel. • Acoplar a agulha com o material coletado a uma seringa descartável de 10 ml, com o êmbolo já deslocado, e eliminar pequenas quantidades da amostra em várias lâminas. Confeccionar os esfre- gaços e fi xar de maneira idêntica à técnica anterior. Livro2_versão2.indd 14 14/08/12 01:05 1515 1 Técnicas de Coleta em Citopatologia Geral • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 5 - Punção por capilaridade. 1.2 Imprints Os materiais citológicos são obtidos a partir de amostras de biópsia, da superfície de corte de um órgão ou de lesões úmidas. A técnica consiste na remoção de células superficiais através do contato ou toque direto da lâmina sobre o material que se quer examinar. Esta técnica oferece informações diagnósticas complementares nos estudos das lesões da mama, de órgãos do aparelho digestivo, pele, medula óssea etc. Os imprints são de grande valia no exame intraoperatório como método auxiliar da congelação, podendo, inclusive, substituí-la quando o material é escasso ou quando se pretende evitar as alterações artefatuais decorrentes do processo de congelamento do tecido. Também são utilizados em salas de necropsia para confirmação diagnóstica rápida de suspeitas levantadas na macroscopia. O esfregaço é preparado pressionando-se o material direta e suavemente sobre uma lâmina limpa por duas ou três vezes, em vários locais, devendo ser imediatamente fixado para evitar o dessecamento. Para retirar o excesso de sangue e fluido do material, deve-se previamente secar a superfície de corte com uma toalha de papel ou gaze. Esta técnica possui algumas limitações, uma delas é a obtenção de amostras com escassa celularidade quando realizada em tumores de textura fibrosa, como os fibromas, fibrossarcomas e inflamações cicatriciais. Além disso, quando realizada em lesões ulceradas, a amostra pode conter restos celulares, bactérias e células inflamatórias, que poderão ocultar a etiologia da lesão ou mascarar processos tumorais. Nesses casos, se houver alguma área sólida, recomenda-se a utilização concomitante de outros métodos, como a citologia aspirativa ou o raspado superficial da lesão, para aumentar o número de células esfoliadas. 1. 3 Raspados Obtemos raspados de superfícies cutâneas ou mucosas, como pele, boca, uretra, canal anal etc., utilizando-se lâminas de bisturi, swabs, espátulas ou escovas apropriadas. É recomendável não lavar a lesão previamente nem usar medicações tópicas, para não prejudicar a qualidade das amostras. Rotineiramente, Pele Agulha Nódulo Livro2_versão2.indd 15 14/08/12 01:05 16 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 16 são feitas duas a três raspagens da lesão ou da área que se pretende examinar, de forma suave para evitar sangramentos. O material colhido deve ser uniforme e suavemente estendido sobre uma lâmina de vidro limpa, em uma fina camada, e imediatamente fixado em álcool a 95% ou com spray fixador. Em caso de lesões vesiculares, estas devem ser rompidas com uma pequena incisão fazendo a raspagem de suas margens, pois o material existente na base, por ser mal preservado, dificulta o diagnóstico. Em lesões não ulceradas ou não vesiculares, aconselha-se aplicar previamente uma compressa de solução fisiológica por alguns minutos, a fim de propiciar maior descamação e melhor preservação celular. 1.4 Escovados Através de aparelhos endoscópicos que possibilitam a visualização direta da lesão a ser estudada, os escovados permitem adquirir espécimes brônquicos, esofágicos, gástricos e intestinais, principalmente. Muitas vezes, este método é mais eficaz em detectar neoplasias malignas do que a biopsia brônquica, por exemplo. Nesse caso, aplica-se uma escova na superfície da lesão endobrônquica, através do broncoscópio de fibra óptica, espalhando o material colhido numa lâmina para a confecção dos esfregaços ou coloca-se em um meio líquido de coleta para a realização de cell block. O procedimento pode ser feito ambulatorialmente sob sedação leve e com anestesia tópica. O paciente deve estar em jejum de pelo menos quatro a seis horas e com acesso venoso periférico. Uma pequena escova é introduzida juntamente com a sonda de um fibroscópio pela cavidade oral, nasal ou anal, dependendo da localização do tumor, e suavemente deslizada por cima da lesão para efetuar a raspagem. Posteriormente, a escova é retraída para o interior da sonda e retirada junto com esta. Recomenda-se efetuar o escovado antes de biopsiar a lesão, para evitar amostras hemorrágicas. O material escovado deve ser transferido rolando-se a escova sobre uma lâmina de vidro limpa, espalhando-o uniformemente e fixando-o imediatamente em álcool a 95% ou spray, visando preservar os detalhes da morfologia celular. Após a realização dos escovados aconselha-se fazer, ainda, um lavado da escova, agitando-a em solução salina a fim de se examinar também o sedimento centrifugado. 1.5 Lavados Consistem na instilação de solução salina tamponada na área da lesão, preferencialmente sob visão endoscópica direta, seguida da aspiração do material. Em geral, são realizados ambulatorialmente, mediante sedação leve. Os lavados são acondicionados em recipientes limposcom a indicação do local da coleta. Quando provenientes de diferentes localizações anatômicas, devem ser colocados em frascos distintos. Para evitar sua deterioração, o material deve ser enviado imediatamente ao laboratório para processamento ou ser devidamente preservado segundo o tipo de lavado. 1.5.1 Lavado brônquico Método alternativo e mais comum do que o aspirado, consiste em “lavar” a mucosa com a instilação de 3 ml a 10 ml de solução salina e, em seguida, aspirar o líquido que deverá ser centrifugado, utilizando- se o concentrado para fazer esfregaços e cell blocks. Armazenar o material aspirado em geladeira até no máximo 24 horas após a coleta, sem usar anticoagulante ou fixador. Na impossibilidade de processamento laboratorial imediato, preservar o material adicionando quantidade idêntica de etanol a 50% (ou 70%) ou Carbowax (a 2% em álcool a 50%). 1.5.2 Lavados broncoalveolares (LBA) Permitem que as vias aéreas distais sejam “lavadas” com várias alíquotas de solução salina estéril. A primeira alíquota é mais representativa de material das vias aéreas mais largas e as seguintes representam Livro2_versão2.indd 16 14/08/12 01:05 1717 1 Técnicas de Coleta em Citopatologia Geral • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • material do compartimento alveolar. Os lavados broncoalveolares devem ser refrigerados (entre 4º C a 8º C) por no máximo duas horas, evitando-se o congelamento. É um método particularmente útil para o diagnóstico das infecções oportunistas nos pacientes imunocomprometidos. O Pneumocystis carinii, historicamente, foi o patógeno pulmonar mais identificado por este método nos pacientes infectados pelo HIV. O LBA também é utilizado para o diagnóstico de malignidade com uma sensibilidade de 35% a 70%, principalmente nos tumores difusos ou multifocais. 1.5.3 - Lavados esofágicos Comumente são realizados durante o exame de endoscopia digestiva alta. Após a coleta, colocar o material em etanol a 50% ou 70% ou em solução de Carbowax, na proporção de 1:1. Recomenda-se jejum de oito horas antes da obtenção dos espécimes. 1.5.4 - Lavados gástricos São obtidos de áreas suspeitas da mucosa gástrica sob visão endoscópica direta. Os pacientes devem fazer jejum prévio de 12 horas. Para a preservação celular, adicionar igual volume de etanol a 95%, colocando os recipientes contendo o material embalado no gelo e os enviando de imediato ao processamento. 1.5.5 Lavados peritoneais Devem ser colocados em recipientes heparinizados (três unidades de heparina por mililitro da capacidade volumétrica do recipiente coletor) e refrigerados a 4º C até a confecção do esfregaço. Havendo demora no processamento, acrescentar etanol a 50% em partes iguais. Nos lavados hemorrágicos, alguns autores recomendam a adição de anticoagulantes como citrato de sódio a 3,8% (1 ml para cada 5 ml de líquido ) ou heparina (cinco a dez unidades para 10 ml de líquido). 1.6 Líquidos cavitários A análise citológica de material proveniente de líquidos pleurais, pericárdicos ou ascíticos é útil na investigação de neoplasias malignas, primárias ou metastáticas, e também no diagnóstico de patologias benignas, infecciosas ou não. A coleta não precisa ser realizada em ambiente hospitalar, mas em local limpo e reservado para pequenos procedimentos. Com o paciente adequadamente posicionado, fazer a antissepsia do local a ser puncionado e anestesiar os diversos planos até atingir a cavidade. Com uma seringa de 20 ml, retirar o líquido para exame, colocá-lo em recipiente limpo e enviá-lo ao laboratório tão logo seja possível ou mantê-lo na geladeira até a entrega. Volumes inferiores a 2 ml ou superiores a 500 ml são considerados inadequados para análise. Os espécimes são geralmente processados a fresco, sem a adição de anticoagulantes. Ocasional- mente, nos líquidos hemorrágicos, recomenda-se o uso de citrato de sódio a 3,8% ou de heparina. Caso o processamento laboratorial só possa ser iniciado mais de 12 horas após a coleta, alguns autores sugerem adicionar etanol a 50% para melhor preservação do material. É de extrema importância a elaboração de cell blocks como técnica complementar no estudo dos fluidos, pois possibilita a obtenção de amostras adicionais permanentes que poderão ser utilizadas para realização de colorações especiais. Livro2_versão2.indd 17 14/08/12 01:05 18 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 18 Figura 6 - Amostras de líquidos cavitários. a - Tubos de coleta. b - Tubo de ensaio. a a b Figura 7 – Lâminas com mate- rial já centrifugado, pronto para o processamento laboratorial. 1.7 Materiais obtidos espontaneamente 1.7.1 Escarro Foi um dos espécimes mais utilizados para o diagnóstico citológico das lesões do trato respiratório, devido à relativa facilidade para sua obtenção e por provocar pouco desconforto ao paciente. Com o advento da broncoscopia e da punção aspirativa por agulha fina (PAAF), seu uso tem declinado. Seus componentes são constituídos por uma mistura de elementos celulares e não celulares. A adequacidade da amostra é estabelecida pela presença de células cilíndricas ciliadas e de numerosos macrófagos alveolares, indicativos de que o trato respiratório inferior foi representado. Amostras múltiplas, colhidas em dias consecutivos, aumentam a sensibilidade (de 42% com amostra única para 91% com cinco amostras), que também varia com a localização do tumor maligno, sendo de 46% a 77% para lesões centrais e de apenas 31% a 47% para as lesões periféricas. A especificidade do método é alta, variando de 96% a 99%. Através da citologia esfoliativa é possível diagnosticar tumores centrais da árvore brônquica e, menos frequentemente, tumores periféricos menores ou até mesmo detectar lesões precursoras do carcinoma escamoso. O escarro obtido após broncoscopia aumenta a acuidade diagnóstica. A coleta deve ser realizada de preferência pela manhã, quando o paciente o acordar, em jejum matinal, após rigorosa higiene bucal (escovação dos dentes e da língua), geralmente em três dias conse- cutivos. No intuito de obter material de origem pulmonar, o paciente é orientado a tossir várias vezes, Livro2_versão2.indd 18 14/08/12 01:05 1919 1 Técnicas de Coleta em Citopatologia Geral • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • eliminando a secreção diretamente em um recipiente de boca larga, seco e limpo. Caso haja dificuldade em conseguir escarro espontâneo, pode-se fazer nebulização simples ou inalação com indutores da tosse. O material deve ser levado imediatamente ao laboratório ou conservado na geladeira por no máximo 12 horas. Os esfregaços devem ser preparados a partir de áreas que contêm fragmentos teciduais, sangue ou ambos, e devem ser imediatamente fixados em etanol a 95%. Quando a preparação imediata não é pos- sível, deve-se fazer uma pré-fixação do escarro na diluição de 1:1 com etanol a 50% ou 70%, ou utilizar solução de polietilenoglicol a 2% (Carbowax) em etanol a 50%. Uma vez utilizado o polietilenoglicol, este deverá ser removido em banho de álcool, antes da coloração. 1.7.2 Urina Com este espécime é possível detectar lesões pré-cancerosas e patologias da pelve renal, bexiga, ureter e uretra. Antes da coleta o paciente deve esvaziar a bexiga (a primeira urina da manhã não é adequada para o exame) e fazer uma hidratação bebendo um copo de água a cada 30 minutos, durante o perído de uma hora e meia a duas horas. Colher a próxima urina espontânea da manhã diretamente no recipiente coletor, de preferência no laboratório que irá processar o material, após asseio da genitália com água e sabão. Para promover a mobilização de urina no interior da bexiga e facilitar a descamação celular, alguns autores aconselham 15 minutos de exercícios físicos (correr, pular) antes da coleta.Volumes entre 25 e 100 ml de urina espontânea ou cateterizada são suficientes e o processamento deve ser imediato ou realizado em até seis horas após a coleta. Durante esse período, manter a urina refrigerada ou preservada em etanol a 50% (em partes iguais) ou a 70% (na proporção de duas partes de urina para uma de álcool). 1.7.3 Secreção mamária Objetivando auxiliar o diagnóstico de infecções agudas, papiloma ductal, dilatação cística ductal e, mais raramente, o diagnóstico de neoplasias, a avaliação citológica de descargas papilares é geralmente utilizada em pacientes que não apresentam massas palpáveis nem anormalidades na mamografia e naquelas com secreção sanguinolenta. Para coletar o material, comprimir delicadamente a área subareolar e o mamilo entre os dedos polegar e indicador. Sem pressionar, colocar a secreção diretamente na lâmina, próxima à extremidade fosca, estendendo o material com o auxílio de outra lâmina. Fixar imediatamente em álcool a 95% ou deixar secando ao ar. Livro2_versão2.indd 19 14/08/12 01:05 Livro2_versão2.indd 20 14/08/12 01:05 21 2 Processamento técnico e laboratorial dos espécimes citológicos: adequabilidade das amostras Livro2_versão2.indd 21 14/08/12 01:05 Livro2_versão2.indd 22 14/08/12 01:05 23 A qualidade do diagnóstico citológico depende de vários fatores operacionais, sobretudo da ade- quabilidade, tanto da coleta quanto dos esfregaços quanto do processamento laboratorial dos espécimes. Os materiais encaminhados ao laboratório são obtidos pelo médico assistente durante o exame clínico e geralmente chegam como esfregaços fixados ou a fresco. Após o registro de entrada do material, se já devidamente fixados, os esfregaços podem ser corados. Espécimes mucoides ou líquidos, normalmente a fresco, necessitam de etapas complementares antes da coloração: se líquidos, submetê-los à centrifu- gação, confeccionar os esfregaços a partir do sedimento e fixar em seguida; se mucoides, precisam ser pré-tratados ou homogeneizados antes da centrifugação, fixando-os após secar ao ar. Alguns procedimentos específicos descritos abaixo são necessários para a obtenção de material citológico de qualidade, diretamente relacionados com a adequabilidade da amostra. 2.1 Pré-fixação Técnica que garante a preservação de espécimes líquidos (do trato urinário, gastrointestinal ou res- piratório, sobretudo escarro) por dias ou mesmo meses, se necessário, mantendo a morfologia celular até a confecção do esfregaço. Esta técnica possui algumas desvantagens, tais como: a coagulação de proteínas, a condensação da cromatina, menor adesão celular e limitação ao uso de certas técnicas de coloração. As soluções mais comumente utilizadas para este fim são: etanol a 50%, o fixador de Saccomano ou os pre- parados comerciais específicos. Dentre eles, o etanol a 50% é o melhor e deve ser adicionado à coleção líquida em partes iguais, misturando-se bem. Com exceção do escarro, concentrações maiores não são recomendadas, especialmen- te em materiais ricos em proteínas, porque endurecem a amostra impossibilitando a confecção do esfrega- ço. Para a preservação de escarro, excepcionalmente, utiliza-se o etanol a 70%. O fixador de Saccomano, inicialmente utilizado na pré-fixação de escarro, teve seu uso estendido para a preservação de líquidos durante a citocentrifugação, pois evita o colapso celular causado pelo ressecamento do material quando seco ao ar. É constituído de etanol a 50% com aproximadamente 2% de polietilenoglicol (Carbowax). O Carbowax é sólido à temperatura ambiente mas pode ser mantido em solução estoque se adicionarmos 500 ml de etanol a 50% a 500 ml de Carbowax derretido. Para obter um litro de fixador de Saccomano, misturar 434 ml de água destilada, 526 ml de etanol a 95% e 40 ml de solução estoque. Recomenda-se adicionar quatro gotas do fixador aos fluidos corporais e duas gotas para amostras de urina. Uma vez que o fixador de Saccomano contém polietilenoglicol, este deve ser removido com um banho de álcool antes da coloração, para que o material se mantenha adequado à avaliação citológica. 2.2 Centrifugação O processamento de líquidos de qualquer espécie começa com a centrifugação, visando concentrar os elementos celulares no sedimento que se forma no fundo do tubo da centrífuga. A centrifugação pode ser feita com a centrífuga convencional ou com a citocentrífuga, dependendo do tipo de material, ambas com regulagem de tempo e velocidade de rotação (cronômetro e tacômetro, respectivamente). A quantida- de do sedimento obtido após a centrifugação inicial decide a próxima etapa do processamento: sedimentos escassos ou invisíveis deverão ser citocentrifugados, enquanto que os de maior volume fornecem material propício para a confecção dos esfregaços ou dos cell blocks. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 23 14/08/12 01:05 24 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2.2.1 Centrifugação convencional Utiliza um aparelho constituído basicamente por um eixo central de grande velocidade, uma ca- beça fixa e tubos coletores. Fixar imediatamente algumas lâminas em etanol a 95% e deixar outras secarem ao ar, corando-as pelo método de Papanicolaou ou pelo Diff-Quick, respectivamente. Coloração rápida pelo azul de toluidi- na pode ser utilizada nas situações que necessitem de um diagnóstico citológico imediato, em esfregaços não fixados. Utilizar sedimentos remanescentes ou qualquer fragmento formado para fazer cell block. Em se tratando de amostras hemorrágicas, podemos torná-las adequadas usando o método da Saponina, enzima capaz de lisar seletivamente as hemácias. No entanto, o sucesso do método depende da adequada duração de sua ação, pois poderá haver destruição de todas as células do espécime. Deve-se considerar, também, que este método propicia o crescimento rápido de fungos, podendo inviabilizar o exame da amostra. Técnica Método da Saponina • Centrifugar o espécime a 2000 rpm por dez minutos. • Decantar o sobrenadante e adicionar 25 ml de BBS ao botão celular, misturando no agitador. • Acrescentar solução de Hank até atingir o volume de 45 ml e misturar. • Juntar 2 ml de saponina a 1%, misturando por inversão e deixar agir por um minuto. • Adicionar 3 ml de gluconato de cálcio a 3% e misturar por inversão. • Centrifugar a 2000 rpm por dez minutos e preparar os esfregaços diretamente ou por citocentrifu- gação. Para preparar a solução de saponina a 1 %, dissolve-se 1 g de saponina e 0,2 g de sal ácido sódio p-hidroxibenzoico em 100 ml de água destilada, filtrando depois em papel de filtro de 8 micrômetros. A solução de gluconato de cálcio, usada para interromper a ação da saponina, é obtida misturando-se 3 g de gluconato de cálcio e 0,02 g de sal ácido sódio p-hidroxibenzoico em 100 ml de água destilada, finalizando com filtração em membrana de filtro. • Registrar o volume do líquido e suas características macroscópicas (cor, transparência, viscosidade, presença de grumos etc.). Caso apresente coágulo ou grumo, removê-lo para processamento em cell block. • Colocar 5 ml a 15 ml de líquido, a fresco, no tubo da centrífuga e tampar. • Misturar o espécime agitando suavemente o tubo em movimentos circulares. • Balancear a centrífuga colocando os tubos com igual quantidade de líquidos um em frente ao outro e centrifugar o material entre 1.500 rpm a 2.000 rpm por cinco a dez minutos. • Desprezar o sobrenadante invertendo o tubo coletor em papel toalha ou retirá-lo com uma pipeta, evitando qualquer líquido residual no sedimento. • Alguns autores aconselham adicionar 10 ml de solução salina balanceada de Hank (BBS) ao sedimento e repetir a centrifugação. • Colher o sedimento com uma alça de platina ou aspirar compipeta, colocá-lo sobre lâminas de vidro previamente identificadas e preparar os esfregaços. Livro2_versão2.indd 24 14/08/12 01:05 25 2.2.2 Citocentrifugação Recomendada no processamento de líquor, aspirados de lesões císticas, lavados das agulhas utilizadas em PAAF e em outros espécimes líquidos de pequeno volume ou que produzam escasso sedimento na centrifugação convencional. A citocentrifugação tem a vantagem de processar rapidamente porções líquidas de apenas 0,5 ml ou menos, além de promover excelente recuperação celular e conferir maior rapidez e facilidade na interpretação citológica. Amostras com sedimento espesso devem ser cuidadosamente diluídas antes do processamento, a fim de produzir material em monocamada e evitar esfregaços inadequados com superposição celular. Técnica • Centrifugar inicialmente o material pelo método convencional e decantar o sobrenadante. • Encaixar a lâmina e o papel de filtro no suporte da lâmina e colocar na centrífuga previamente balanceada. • Pipetar uma gota ou 0,5 ml do sedimento e colocar no coletor, adicionando duas a três gotas do fixador de Saccomano. • Centrifugar a 1.000 rpm (ou a 1.500 rpm, dependendo do fabricante) por cinco a seis minutos, removendo as unidades com lâmina e papel de filtro logo após. • Levantar cuidadosamente o papel de filtro para separá-lo da lâmina, evitando contato com o sedimento. Antes de descartar o papel de filtro, ele deve ser inspecionado, pois algumas vezes apresenta sobrenadante aderido que pode ser processado a fim de fornecer informações adicionais. • Fixar a lâmina imediatamente em álcool ou spray. É recomendável usar spray fixador, deixando-a secar por 10 a 15 minutos antes de mergulhar em álcool a 95%. Para evitar a perda e facilitar a aderência celular em líquidos aquosos como amostras de urina e líquor, recomenda-se usar lâminas albuminizadas ou acrescentar duas a três gotas de albumina ao líquido antes da centrifugação. Outra opção é utilizar lâminas foscas ou pré-tratadas com o adesivo Poli-D-lisina. Figura 8 - Citocentrífuga. Tubos acoplados com as lâminas. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 25 14/08/12 01:06 26 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2. 3 Cell blocks (ou blocos celulares) Técnica complementar no estudo dos fluidos, algumas vezes também aplicada a materiais pastosos, é um dos métodos mais antigos utilizados no preparo de materiais para exame microscópico. Permite reconhecer o padrão histológico das doenças através da visualização da arquitetura tecidual, além de fornecer amostras adicionais para colorações especiais, possibilitando a realização de múltiplos cortes do material. Escarro, efusões, sedimento urinário e material do trato gastrointestinal são particularmente propícios para esta técnica, que também pode ser usada para materiais residuais ou para qualquer fragmento tecidual porventura obtido durante o procedimento citológico. Após a centrifugação do material, colocar o sedimento no líquido fixador por determinado período, dependendo do tipo de fixador empregado e da quantidade da amostra. Centrifugar por dois minutos, retirar o material e envolvê-lo em papel de filtro, seguindo as mesmas etapas de preparação das biopsias convencionais. O fixador mais utilizado na preparação dos cell blocks é a solução de Bouin (750 ml de ácido pícrico aquoso saturado a 1,2%, 250 ml de solução de formaldeído a 37-40% e 50 ml de ácido acético glacial). No entanto, também podem ser utilizadas a formalina tamponada a 10% (100 ml de solução de formaldeído a 37-40% e 900 ml de água corrente) ou a solução álcool-formaldeído-ácido acético (85 ml de etanol absoluto, 10 ml de formaldeído e 5 ml de ácido acético). Os blocos celulares podem ser processados pelos métodos do ágar, sedimento fixado e plasma-trombina. Figura 10 - Cell Block. a - Após centrifugação e fixação do material, faz-se o corte. b - As metades são separadas. c; d - As metades são colocadas num cassete para processamento idêntico ao da biopsia. Figura 9 - Lâmina no fixador. a b c d Livro2_versão2.indd 26 14/08/12 01:06 27 2.3.1 Método do ágar Este método produz preparados de ótima qualidade originando um gel coeso do sedimento inteiro que permite o processamento como se fora tecido. É o método de escolha para sedimentos de lavados gástricos e esofágicos, mas também pode ser empregado em efusões e nos lavados do sistema respiratório. Utiliza como reagentes a formalina rosa a 10% (preparada com a adição de eosina ao formol a 10% até que fique rosa ou vermelho claro) e o ágar-formalina (mistura de 2 g de ágar em 50 ml de formalina rosa 10%), que são misturados, levados à ebulição e, depois de frios, armazenados em geladeira. Técnica • Misturar quatro a cinco gotas de ágar-formalina em solução (aquecer em banho-maria a solução estocada na geladeira, à temperatura de 60º C) ao restante do sedimento do tubo. • Colocar o tubo com a mistura na geladeira para solidificar o ágar por cerca de 30 min. Para agilizar o processo, recomenda-se colocar o tubo em becker com água gelada (previamente guardado na geladeira). • Depois de solidificado o bloco, deslocá-lo suavemente do fundo do tubo com a ajuda da alça de platina e colocar em papel de filtro cortando-o em tamanho apropriado ao processamento histológico. • Colocar todo o material em um cassete histológico, fixar em formalina a 10% e enviar para o processamento histológico habitual. 2.3.2 Método do sedimento fixado Tem como reagente o formol a 10% que endurece o sedimento, permitindo que a amostra seja encaminhada ao processamento histológico de rotina. Técnica • Adicionar formalina a 10% ao sedimento ou aos fragmentos teciduais formados após centrifugação e deixar descansar por, no mínimo, duas horas. Caso necessário, centrifugar novamente essa mistura por dez minutos antes de colocá-la em repouso, desprezando o sobrenadante. • Remover cuidadosamente do interior do tubo o sedimento endurecido. • Envolver a amostra em papel de filtro e colocar no cassete histológico, encaminhando para o pro- cessamento histológico de rotina. 2.3.3 Método do plasma-trombina Aplicado a lavados brônquicos e pélvicos, fluidos serosos e espécimes aspirados, usa a ação coagulante do plasma e da trombina para obter amostras coesas de células dos sedimentos. Não é recomendada para espécimes gástricos por conta das enzimas contidas nesses materiais. Técnica • Adicionar de duas a três gotas de plasma ao sedimento remanescente (não fixado) do tubo da centrífuga, misturando bem. O plasma (obtido em banco de sangue) deve ser estocado no freezer, podendo ficar na geladeira enquanto estiver sendo usado. • Em seguida, acrescentar duas a três gotas de solução de trombina (5.000 unidades de pó de trombina em 5 ml de solução salina isotônica) e misturar bem. • Aguardar alguns segundos enquanto ocorre a coagulação da mistura (cerca de 30 a 60 segundos). • Depois de formado o coágulo, adicionar lentamente a formalina rosa a 10% e deixar descansar por, no mínimo, 30 minutos. Coágulos grandes devem ser cortados em pedaços menores antes de serem fixados. • Com uma espátula, remover o coágulo do tubo, envolvê-lo com lenço de papel e colocá-lo no cassete e encaminhá-lo para o processamento histológico. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 27 14/08/12 01:06 28 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2.4 Confecção dos esfregaços O cuidado no preparo dos esfregaços citológicos é primordial na obtenção de materiais adequados para uma interpretação citopatológica segura. Existem vários métodos de confeccionaresfregaços uniformes e finos, ideais para a análise microscópica. As lâminas devem ser previamente limpas e desengorduradas com gaze umedecida em álcool e devidamente identificadas na parte fosca. Dependendo da familiaridade do profissional com a técnica escolhida e com o tipo de amostra em questão, deve-se optar por uma das modalidades abaixo na preparação dos esfregaços: 2.4.1 Método do deslizamento (T. Löwhagen) Utilizado para qualquer tipo de espécime. Coloca-se uma gota do material próximo à extremidade fosca, deslizando-se levemente em direção à extremidade contrária com auxílio de outra lâmina. 2.4.2 Método do esmagamento Indicado para espécimes mucoides como escarro, lavados gástricos etc. Uma pequena quantidade do material é colocada no meio da lâmina e, com a ajuda de outra lâmina, pressiona-se o material, deslizando-o sobre a superfície da primeira, em direções opostas. 2.4.3 Método de alça de platina (bacteriológica) Aplicado para líquidos serosos. Após a centrifugação do material, decantar o sobrenadante e remover uma ou duas gotas da camada superior do sedimento. Em seguida, transferir para lâminas já rotuladas usando a alça de platina para espalhar o material longitudinalmente e entrecruzar em formato de “espinha de peixe”. 2.4.4 Método de pressão Usado para urina e fluidos aspirados. Depois de centrifugar o espécime, colocar duas a três gotas do sedimento numa lâmina utilizando uma pipeta ou alça de platina e, pressionando uma segunda lâmina sobre a primeira, separá-las em movimento único e rápido. Os esfregaços com distorção celular (por excessiva compressão mecânica no momento da distribuição da amostra ou por dessecamento do material), distribuídos irregularmente em várias direções (circular, “vai e vem”, “ziguezague” etc.) ou apresentando áreas espessas, tornam o espécime insatisfatório para a avaliação. 2.5 Fixação das amostras Confecionados os esfregaços, a fixação tem finalidade de preservar as características citomorfoló- gicas e reter certos elementos citoquímicos, aumentando a capacidade celular de absorver os corantes. Características do fixador ideal • Penetrar rapidamente nas células. • Minimizar a retração e a distorção celular, substituindo a água das células. • Manter a morfologia celular. • Inativar as enzimas autolíticas. • Ter afinidades específicas para as diversas estruturas celulares. • Tornar as membranas citoplasmáticas permeáveis aos corantes. • Facilitar a aderência das células na lâmina de vidro. • Ser compatível com o método de coloração pretendido. • Ser bactericida. • Ser reprodutível. • Permitir registro celular permanente. Livro2_versão2.indd 28 14/08/12 01:06 29 A fixação pode ser feita a seco ou através de substâncias fixadoras aplicadas imediatamente após a confecção do esfregaço. Assim, classificamos as técnicas de fixação em: úmida, de cobertura, mista ou a seco. 2.5.1 Fixação úmida Recomendada para todo tipo de espécime citológico, consiste na imersão imediata do esfregaço ainda úmido na solução fixadora, aí permanecendo até o processamento laboratorial. As células não sofrem ressecamento e com isso evitam-se artefatos celulares, como o aumento da eosinofilia citoplasmática, do tamanho nuclear e o borramento da cromatina, que poderiam induzir a erros diagnósticos ou até mesmo tornar a amostra inadequada. O fixador mais utilizado atualmente é o etanol a 95%, em virtude da sua eficiência, baixo custo e ausência de toxidade. Outra vantagem que ele oferece é a de poder ser reaproveitado, bastando filtrá- lo adequadamente antes de um novo uso para minimizar a contaminação do material com resíduos celulares. Outros álcoois, como o isopropanol ou propanol a 80% e o metanol a 100%, também podem ser empregados como fixadores em citologia. A solução de álcool-éter em partes iguais, preconizada por Papanicolaou, quase não é mais utilizada nos dias de hoje, pois o éter é altamente volátil e inflamável. O álcool desnatura as proteínas e os ácidos nucleicos das células, tornando-os insolúveis e estáveis. É também um agente desidratante que causa retração celular e define melhor o detalhe nuclear das preparações citológicas. O tempo de permanência da amostra no fixador varia entre 10 e 30 minutos, podendo nele continuar por, no máximo, uma ou duas semanas. Se for necessário um tempo mais prolongado, as lâminas devem ser estocadas no refrigerador, a fim de garantir melhor preservação celular e diminuir o risco de evaporação. O recipiente contendo o fixador, geralmente de plástico ou vidro, deve ter boca larga, vedação satisfatória (de rosca, de preferência) e tamanho suficiente para garantir que o esfregaço fique totalmente submerso na solução. Quando várias lâminas são colocadas no mesmo frasco, deve-se colocar um clipe de metal na extremidade fosca de cada uma delas para evitar a transferência de material de umas para as outras e prevenir a aderência entre elas. Figura 11 - Fixação úmida em álcool a 95%. Se, por acaso, ocorrer defeito na fixação e o material ressecar, as células escamosas poderão ser recuperadas antes da coloração reidratando-as em solução de glicerina e água destilada em partes iguais por, no mínimo, uma hora. A seguir, mergulham-se as lâminas em dois banhos de álcool a 95% deixando- -as fixar por dez minutos para, então, encaminhá-las à coloração. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 29 14/08/12 01:06 30 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2.5.2 Fixação de cobertura Utiliza agentes que, além de fixar as células, formam uma espécie de filme protetor sobre o esfregaço facilitando o transporte das amostras citológicas. Os esfregaços podem ser acondicionados em caixas de papelão ou de madeira e, por dispensar o uso de recipientes com soluções fixadoras líquidas, sujeitos a quebras e vazamentos, viabilizam o envio dos espécimes para laboratórios distantes e favorecem o emprego deste método para o escrutínio em massa. No entanto, fixadores de cobertura não são recomendados para esfregaços advindos de materiais líquidos. Também não se deve utilizar sprays fixadores em materiais hemorrágicos, sob pena de inviabilizar o exame da amostra. Geralmente esses fixadores contêm polímeros de polietilenoglicol e álcool etílico e podem ser preparados no próprio laboratório ou adquiridos comercialmente sob a forma de spray. O Carbowax 4000, um dos mais utilizados, permite que os esfregaços sejam armazenados por até uma semana sem causar distorções celulares. Para manipulá-lo no laboratório, amolecer 5 g de polietilenoglicol (Carbowax composto) em estufa a 56º C, adicionar 95 ml de etanol a 95%, agitando para facilitar a dissolução, e deixar descansar por várias horas à temperatura ambiente. Colocar em pequenos recipientes com conta- gotas para uso oportuno. Eventualmente, utiliza-se fixadores de cabelos (laquê), pois estes contêm alta concentração alcoólica e um mínimo de lanolina ou óleo, embora a maioria dos autores não recomende essa prática. O fixador deve ser aplicado sobre o esfregaço úmido, imediatamente após sua confecção, dei- xando-se a lâmina secar por 10 a 15 minutos sobre uma superfície horizontal para só depois enviá-la ao laboratório. Quando se usa o Carbowax líquido, cinco a seis gotas sobre o esfregaço são suficientes. Com o fixador spray, manter uma distância de 25 a 30 cm entre a lâmina e o bico do tubo para garantir uma fixação ideal, dirigindo o jato de forma suave e contínua em direção ao esfregaço. Figura 12 - Material des- secado por defeito de fixa- ção. 200x. Livro2_versão2.indd 30 14/08/12 01:06 31 A permanência do fixador sobre o esfregaço é causa de inadequação da amostra. Assim sendo, antes de iniciar a coloração é fundamental remover opolietilenoglicol para permitir a penetração apropriada dos corantes, especialmente a hematoxilina e o EA. Com essa finalidade, as amostras são submetidas a dois banhos sucessivos, de cinco a dez minutos cada, em etanol a 95%. 2.5.3 Fixação mista Associa a fixação úmida com subsequente exposição ao ar e é recomendada para o envio de es- fregaços a laboratórios distantes. Após a confecção dos esfregaços, colocar imediatamente as lâminas em fixador líquido, de preferência o etanol a 95%, retirando-as depois de, pelo menos, 15 minutos. Deixar secar ao ar e em seguida acondicioná-las apropriadamente para o transporte até o laboratório. Recomenda- -se utilizar o método de Ayre e Dakin (1946), que consiste em pingar uma a duas gotas de glicerina sobre os esfregaços retirados do álcool, cobrir com uma lâmina ou lamínula (de 24x60 mm) e envolver em papel manteiga para o transporte. Ao chegar no laboratório, o esfregaço deve ser novamente colocado em etanol a 95% antes da coloração. 2.5.4 Fixação a seco Também conhecida como fixação a fresco, geralmente é utilizada para colorações hematológicas, como Diff-Quick ou Panótico, e para Giemsa. Os esfregaços devem ser secos o mais rapidamente possível, à temperatura ambiente ou realizando-se movimentos ao ar para acelerar a secagem. Só colocar os esfregaços em recipientes para transporte depois de completamente secos. 2.5.5 Fixação de esfregaços hemorrágicos A fim de evitar que o excesso de sangue obscureça os elementos celulares e dificulte ou impeça a interpretação diagnóstica, pode-se lançar mão de uma das seguintes opções: • Colocar a lâmina em etanol a 50 ou 70%, desidratando depois em etanol a 95%. • Colocar a lâmina em etanol a 95% por cinco minutos, depois em solução de ureia (120 g de ureia em pó dissolvida em 1 litro de água destilada) por 20 a 30 minutos e, por fim, em etanol a 95%. • Colocar a lâmina durante três a cindo minutos em uma solução de etanol a 95% (500 ml) com uma gota de ácido hidroclorídico e depois mergulhá-la em etanol a 95%. Figura 13- A fixação deverá ser feita com o material ainda úmido, observando a distân- cia entre a lâmina e o bico do spray. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 31 14/08/12 01:06 32 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Colocar uma gota de ácido acético glacial em 100 ml de etanol a 95% e mergulhar a lâmina na mistura. • Colocar os esfregaços hemorrágicos no fixador de Carnoy (60 ml de metanol a 95%, 30 ml de clorofórmio e 10 ml de ácido acético glacial) por três a cinco minutos, até que o sedimento se torne menos vermelho. Depois transferir as amostras para etanol a 95%. O fixador de Carnoy deve ser preparado no momento do uso e descartado logo após. Ao empregar esta técnica não se esquecer de reduzir o tempo de permanência na hematoxilina a fim de evitar que os núcleos se tornem hipercorados, pois geralmente a retração nuclear é mais intensa que a causada pelo etanol a 95%. • Pode-se utilizar o fixador de Carnoy modificado (solução com sete partes de etanol a 95% para meia parte de ácido acético glacial) seguido de etanol a 95%. Esfregaços hemorrágicos provenientes de espécimes líquidos, secos ao ar, podem ser reidratados mergulhando-os em solução salina por 30 minutos. Em seguida, fixar em etanol a 95% e corar pelo Papanicolaou. 2.5.6 Fixação rápida das amostras obtidas por PAAF Os esfregaços devem ser mergulhados imediatamente em solução de álcool-formaldeído (160 ml de formol 10% em 720 ml de etanol absoluto), permanecendo submersos durante 30 segundos a um mi- nuto. Em seguida, podem ser corados pelo método da Hematoxilina-Eosina (HE) rápido (citado adiante). Este fixador evita a perda de material durante o processamento e os aspectos citomorfológicos são simila- res àqueles normalmente observados nos espécimes fixados em etanol. 2.6 Técnicas de coloração Atualmente existe uma variedade de técnicas de coloração que podem ser utilizadas em citologia, tanto para o processamento de rotina como para situações especiais como na imunocitoquímica. Para a rotina citológica, a coloração pelo método de Papanicolaou é universalmente recomendada. Figura 14 - Espécime hemorrágico e com arte- fatos de dessecamento. 100x. Livro2_versão2.indd 32 14/08/12 01:06 33 2.6.1 Coloração de Papanicolaou É constituída por um corante nuclear natural, a hematoxilina, e dois corantes citoplasmáticos: o orange G6 e o EA (composto por eosina, verde luz ou brilhante e pardo de Bismarck). Essas substâncias estão disponíveis comercialmente, mas também podem ser preparadas no laboratório. Com relação ao EA, de todas as fórmulas existentes no mercado, o EA-65 é preferível para os esfregaços não ginecoló- gicos. Os corantes de Papanicolaou proporcionam excelente demonstração dos detalhes morfológicos do núcleo, promovem boa transparência citoplasmática e permitem a diferenciação dos tipos celulares. Uma ampla variedade de modificações da técnica original preconizada por Papanicolaou já foi publicada por diversos autores e muitos laboratórios fazem suas próprias adaptações. O mais importante, no entanto, é eleger o tempo de permanência do esfregaço na hematoxilina e no EA, além da padronização rigorosa das etapas do processo visando alcançar resultados reprodutíveis. O método de Papanicolaou pode ser aplicado de forma progressiva ou regressiva. A forma progres- siva, como o próprio nome diz, cora o núcleo progressivamente até a intensidade desejada, eliminando a necessidade de descoloração posterior. É mais empregada em citopatologia não ginecológica, utilizando uma das seguintes hematoxilinas: Mayer, Delafieild´s, Gill-Baker-Mayer ou Gill. Uma vez que dispensa o banho de água, é usualmente recomendada para esfregaços que não aderem bem às lâminas. A forma regressiva geralmente utiliza a hematoxilina de Harris que cora intensamente o núcleo, removendo-se o excesso com ácido clorídrico diluído. Alguns serviços utilizam a técnica de Papanicolaou modificada descrita a seguir, aliando baixo custo e maior rapidez na preparação das amostras. Técnica Água destilada Hematoxilina Água corrente Carbonato de lítio Água corrente Etanol absoluto Etanol absoluto Orange Etanol absoluto Etanol absoluto EA Etanol absoluto Etanol absoluto Xilol Lavar 1 min e 30s Lavar 15s Lavar 1 banho 1 banho 1 mergulho rápido 1 banho 1 banho 3 min 1 banho 1 banho 15 a 30 min 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 33 14/08/12 01:06 34 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 15 – Aparência das células com a coloração de Papanicolaou. 200x. Na técnica de Papanicolaou, os banhos após os corantes são realizados no solvente de cada um deles. Assim, depois da hematoxilina, que é aquosa, as lâminas são lavadas em água e após o orange G e o EA, corantes alcoólicos, são lavadas em álcool. A água utilizada depois da hematoxilina tem a função de remover o corante que não foi ligado ao núcleo, ação complementada com a aplicação de ácido clorí- drico (diferenciação). Como o citoplasma das células fica totalmente descorado, as lâminas passam pelo orange G e pelo EA a fim de corá-los, respectivamente, em laranja intenso e brilhante e em rosa, verde ou azul. A porção dos corantes que não se ligou ao citoplasma é removida pelos banhos de álcool que se seguem. Os últimos banhos em álcool absoluto eliminam totalmente a água dos esfregaços (desidratação), preparando-os para o clareamento com xilol, responsável por tornar as células transparentes. • Tipo de fixador usado. • Fórmula dos corantes. • Duração dos banhos nos corantes. • Característicasda água corrente usada. • Qualidade da preparação das amostras pelo clínico. • O pH do espécime. Fatores que influenciam na reação de coloração Núcleos pálidos são vistos em espécimes dessecados, com restos de fixadores de cobertura, que passaram tempo excessivo no ácido clorídrico (ou na água) ou que não permaneceram o tempo suficiente na hematoxilina. Fixação em álcool com concentração superior a indicada, tempo prolongado nos coran- tes ou uso de corantes muito concentrados ou novos podem deixar os núcleos fortemente corados dando uma falsa ideia de hipercromasia. Se a hematoxilina não é filtrada diariamente, depósitos do corante sobre o esfregaço podem dificultar a leitura. Quando a bateria de coloração é checada diariamente fazendo-se as correções necessárias, muitos problemas podem ser minimizados. Aconselha-se trocar os corantes depois da coloração de aproximada- mente duas mil lâminas ou após um período de seis a oito semanas. Os álcoois devem ser trocados quando mudarem de cor e o xilol ao tornar-se leitoso. Livro2_versão2.indd 34 14/08/12 01:06 35 2.6.2 Coloração pela hematoxilina-eosina (HE) Geralmente utilizada na coloração de cell blocks e de esfregaços de amostras obtidas por PAAF, cora o citoplasma em rosa e o núcleo em azul, à semelhança do que se observa nos esfregaços histológi- cos. Apesar de conter corantes comuns aos dois métodos, o citoplasma não fica tão transparente e o núcleo não é tão bem definido quanto na coloração de Papanicolaou. Técnica Lavar em água destilada Hematoxilina de Harris Lavar em água corrente Ácido-álcool (1,5 ml de HCI concentrado em 650 ml de etanol a 70%) Lavar em água corrente Solução de Carbonato de Lítio Lavar em água corrente Etanol a 50% Eosina Água corrente Etanol a 95% Etanol a 95% Etanol absoluto Etanol absoluto Xilol Xilol Xilol Montagem 15 mergulhos 2 min 1 min 2 a 3 mergulhos 30s 1 min 15 mergulhos 15 mergulhos 20s 1 min 15 mergulhos 15 mergulhos 15 mergulhos 1 min 15 mergulhos 15 mergulhos 5 a 10 min Figura 16 – Os núcleos tornam-se pálidos quando o tempo no banho de hematoxili- na é insuficiente. 200x. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 35 14/08/12 01:06 36 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2.6.3 Coloração rápida com Hematoxilina Eosina (HE) Especialmente destinada às preparações obtidas por PAAF, visa aferir a celularidade da amostra após a coleta ou fornecer diagnóstico imediato. Os esfregaços devem estar fixados em solução de álcool- -formaldeído. Técnica Hematoxilina de Harris Água corrente Eosina Água corrente Etanol absoluto Etanol absoluto-xilol Xilol Montagem 1 min e 40s Lavar para remover excesso do corante Banho rápido Lavar para remover excesso do corante Banho rápido Banho rápido Banho rápido Figura 17 - Corte de cell block corado por HE. 2.6.4 Método de May-Grüenwald-Giemsa (MMG) Corresponde a uma coloração hematológica aplicada aos esfregaços secos ao ar ou obtidos por PAAF e que cora o núcleo em azul e o citoplasma em rosa. Utiliza como reagentes as soluções de May Grüenwald (9,5 g) e Giemsa (11,35 g), dissolvidas em 25 ml de glicerina e maturadas por três a quatro dias. Após esse período diluir e misturar as duas soluções em 500 ml de metanol PA, deixando amadurecer por 10 a 30 dias. Técnica • Cobrir as lâminas com a solução de MMG por seis minutos. • Sem escorrer a solução corante, adicionar água destilada por quatro minutos. • Lavar em água corrente e deixar secar à temperatura ambiente ou em estufa a 40º C. • Clarificar com dois banhos de xilol. Livro2_versão2.indd 36 14/08/12 01:06 37 2.6.5 Método de May-Grüenwald-Giemsa (MMG) modificado Os esfregaços corados por esta técnica devem ser encaminhados ao processamento fixados a seco. As soluções utilizadas estão disponíveis no mercado prontas para o uso, devendo ser diluídas em metanol (1/3 de metanol para 2/3 de May-Grüenwald) e em água destilada (4/5 de água para 1/5 de Giemsa). Os esfregaços devem ser mergulhados em cada solução por cinco minutos, lavados em água corrente e secos ao ar ou em estufa a 40º C. Opcionalmente pode-se clarificar com xilol antes da montagem das lâminas. 2.6.6 Coloração pelo azul de toluidina É uma coloração rápida, utilizada para diagnósticos imediatos e para constatar a adequabilidade da amostra com relação à celularidade, indicando ou não a repetição do procedimento naquele momento. Pode ser empregada para vários tipos de espécimes como os provenientes de líquidos serosos, lavados pélvicos, peritoneais ou brônquicos, amostras de PAAF, imprints (durante a biópsia por congelação), urina, aspirados de fundo-se-saco vaginais e espécimes ovarianos. As preparações são coradas a fresco. Todas as células se coram em azul púrpura, mas em tons definidos de coloração para o núcleo e o cito- plasma, inclusive o nucléolo pode ser identificado com uma coloração mais intensa. O azul de toluidina é dissolvido em etanol a 95% (0,5 g em 20 ml) e misturado com 80 ml de água. Técnica Processamento de líquidos • Centrifugar o espécime num tubo a 2.000 rpm por sete a dez minutos, decantar cuidadosamente o sobrenadante, retirando uma a duas gotas da camada superior (com alça de platina) para colocar na lâmina. Adicionar uma gota de azul de toluidina e misturar. Material obtido por PAAF (ou outro não-líquido) • Colocar uma gota do espécime no centro da lâmina e pingar sobre ele uma gota de azul de toluidina, misturando-os com a alça de platina ou com a ponta da lamínula. Colocar a lamínula sobre o material e montar sem deslocá-la, a fim de evitar distorção celular e inadequacidade da amostra. Esperar alguns segundos e examinar ao microscópio. As lâminas coradas com o azul de toluidina podem ser colocadas em câmara úmida (por exemplo, em placa de Petri com gaze umedecida, tampada) e guardadas em geladeira por até 24 horas. Depois de examinadas, devem ser fixadas em álcool a 95% e posteriormente coradas pelo Papanicolaou. 2.6.7 Diff-Quick (DQ) Técnica de coloração rápida comumente utilizada para verificar a adequabilidade dos espécimes, sobretudo aqueles obtidos por PAAF, é realizada em esfregaços secos ao ar. Emprega soluções aquosas contendo eosina, azul de metileno e Azure A. Tem a vantagem de facilitar a interpretação da morfologia celular por enfatizar o tamanho, a forma e o arranjo celular auxiliando no reconhecimento de células neoplásicas. Permite a identificação de substâncias como mucina, melanina e hemossiderina e também a presença de micro-organismos. A coloração é permanente, permitindo o arquivamento das lâminas. Deve ser evitada em preparados de fluidos coletados com conservantes. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 37 14/08/12 01:06 38 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2.6.8 Panótico Também é uma técnica rápida aplicada no estudo imediato de amostras obtidas por PAAF e que estabelece não só um diagnóstico de urgência, mas também avalia a celularidade do material. Os esfre- gaços devem ser secos ao ar antes de serem submetidos à coloração. Apesar de utilizar três soluções de corantes (Instant Prov I, II e III), o tempo de processamento é de apenas 15 segundos. As lâminas poderão ser arquivadas permanentemente. 2.6.9 Coloração de Shorr Apesar de considerada uma técnica simples, pois confere boa coloração diferencial entre as célu- las epiteliais escamosas superficiais e profundas, está em desuso por conta da perda dos detalhes nucleares e da transparência citoplasmática, quando comparada com a técnica de Papanicolaou. 2.6.10 Colorações especiaisCorrespondem a métodos selecionados de coloração que permitem a visualização de determinadas substâncias ou estruturas, auxiliando no diagnóstico de certas condições patológicas. • Alcian Blue: utilizado para coloração de carboidratos. Auxilia na identificação de coloide, gli- cogênio, mucina e cápsulas de fungos. Cora os núcleos em azul claro. • PAS (Ácido Periódico de Schiff): também cora carboidratos e fungos, conferindo-lhes a cor magenta. Os núcleos coram-se em preto e o “fundo” do esfregaço em verde. • Prata Metanamina (Método de Grocott): permite identificar fungos e Pneumocystis carinii os quais se coram em preto. Glicogênio e mucina são corados em rosa a cinza e o “fundo” em verde. • Azul da Prússia (Método de Perls): demonstra depósitos de hemossiderina, corando-os em azul. O núcleo e outras estruturas se coram em vermelho. • GRAM: permite a especificação da flora bacteriana em Gram positiva ou negativa. • Ziehl-Neelsen: serve para identificar bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR). 2.7 Montagem Tem a finalidade de proteger o material celular contra o dessecamento e a retração celulares, além de prevenir o desbotamento dos corantes nas células. Também possui a função adicional de proteger a amostra para o armazenamento adequado. Por aumentar o índice de refração do esfregaço, possibilita melhor visualização dos detalhes celulares. O material usado na montagem permite a ligação entre a lâmina e a lamínula e é representado por uma resina sintética dissolvida em um solvente, frequentemente o xilol. Os mais utilizados são o Bálsamo do Canadá e o Entellan, embora alguns laboratórios usem também o “verniz”. Técnica • Depois de retirar a lâmina do xilol, colocar de uma a duas gotas do meio de montagem sobre a lamínula. • Colocar suavemente a lamínula sobre a lâmina exercendo uma leve pressão. • Escorrer o excesso do meio de montagem e limpar com xilol. • Afastar as bolhas que se formaram com bastão de vidro ou pinça. • Deixar secar por alguns minutos antes de iniciar a leitura microscópica. Livro2_versão2.indd 38 14/08/12 01:06 39 Alguns artefatos técnicos relacionados à montagem podem interferir na leitura do esfregaço e prejudicar a avaliação diagnóstica. O excesso de Bálsamo, por exemplo, diminui os detalhes celulares. Aconselha-se, nesse caso, mergulhar a lâmina no xilol, retirar a lamínula e remontá-la usando a quantidade adequada do meio de montagem. Quando o processo de montagem é muito lento podem aparecer pigmentos marrons (corn fl akes) sobre a superfície celular, obscurecendo o núcleo. Isso ocorre devido à evaporação do xilol e pelo aprisionamento do ar entre a lâmina e a lamínula. Para solucionar o problema, o esfregaço deverá ser mergulhado sucessivamente em xilol, álcool absoluto e álcool a 95%, lavado em água corrente e em seguida corado novamente com Orange e EA. Figura 18 - Artefatos de montagem (cornfl akes), 400x. Os artefatos (setas) ocorrem quando a monta- gem é demorada, surgindo pigmentos marrons. 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específi cos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Com o passar do tempo o bálsamo pode tornar-se espesso, em virtude da evaporação do solvente, e interferir na adequabilidade da amostra, não devendo portanto ser utilizado nessas condições. O uso de lamínulas (ou lâminas) mofadas também difi culta a leitura do esfregaço. Para limpar o mofo, dissolver 40 g de bicromato de potássio em um litro de água corrente até fi car homogêneo. Acrescentar 200 ml de ácido sulfúrico aos poucos, mantendo o recipiente em uma vasilha com água durante esse processo para minimizar o aquecimento que ocorre com a mistura. Deixar as lamínulas nessa solução por 48 horas, lavando-as depois com bastante água e sabão. Recomenda-se um banho de cinco minutos em álcool absoluto, colocando-as para secar em estufa posteriormente. 2.8 Adequabilidade das amostras Para se obter preparações citológicas satisfatórias deve-se empregar a técnica apropriada para os diversos espécimes. Um exame insatisfatório não signifi ca que o resultado é negativo, mas tão somente que não foi possível estabelecer nenhum diagnóstico, seja de benignidade ou de malignidade. Recomendações para os diversos tipos de amostras objetivando a adequabilidade do material: Aparelho respiratório O processamento varia segundo o tipo de amostra. • Escarro: colocar o material em uma placa de Petri e examinar sob fundo escuro (papel embaixo da placa) e com iluminação direta para selecionar amostras das áreas com sangue ou com partículas sólidas e escuras, acinzentadas ou opacas. Confeccionar os esfregaços pelo método do esmagamento, fi xar com spray ou álcool e corar pelo Papanicolaou. Separar esfregaços extras para colorações especiais. Livro2_versão2.indd 39 14/08/12 01:06 40 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Lavados: enviar a fresco. Remover qualquer fragmento visível para processar em cell block. Centrifugar o líquido e fazer esfregaços com o sedimento pela técnica do esmagamento, fixando em álcool ou spray. Corar pelo Papanicolaou. Pode ser necessário citocentrifugá-lo. • Escovados: fazer esfregaços após a coleta e fixar em álcool ou spray. São corados pelo método de Papanicolaou. Durante a coleta, proceder às técnicas de coloração rápida em esfregaços fixados ao ar para avaliar a satisfatoriedade do material. Mergulhar a escova em suspensão salina, para retirar as células aderidas, centrifugar ou citocentrifugar esse material e preparar cell block . Aparelho digestivo As amostras são obtidas de lavados ou escovados e se faz imprints em fragmentos de biópsia. O processamento tem que ser imediato e é semelhante aos de outros lavados e escovados. Processar os cell blocks em ágar para evitar degeneração enzimática. A adição de fixadores ou preservativos aos espécimes e a presença de alimentos comprometem a adequabilidade do material. Aparelho urinário Colher urina fresca ou cateterizada, processando-a rapidamente (até seis horas). A primeira da manhã não deve ser utilizada. Se houver demora no processamento, aconselha-se a pré-fixação do material. Pode-se optar por um dos métodos a seguir: • Homogenizar delicadamente e centrifugar. Em sedimentos abundantes, colocar duas a três gotas do material em lâminas albuminizadas e realizar esfregaços pelo método de pressão. Fixar em álcool ou spray. Se o sedimento é escasso, citocentrifugá-lo. • Centrifugar 50 ml de urina e recentrifugar no mesmo tubo. Acrescentar duas a três gotas de albumina ou Carbowax no sedimento, agitando-o no agitador. Aspirar com pipeta e colocar na lâmina, fazendo esfregaços por pressão. Deixar secar ao ar. Antes de corar, colocá-los em álcool a 95% por dez minutos. As amostras com fixadores ou anticoagulantes, congeladas e dessecadas são inadequadas para o processamento. Líquor Devem ser encaminhados a fresco, imediatamente. Centrifugar o material, decantar o sobrenadante e citocentrifugá-lo. Corar em Papanicolaou. Processá-lo separadamente para evitar contaminação cruzada. Os materiais podem ser contaminados com talco tornando-os insatisfatórios. Às vezes, os materiais são contaminados com o talco das luvas utilizadas no processamento de coleta, tornando-os insatisfatórios. Líquidos císticos Os materiais geralmente são de pequeno volume (1 ml ou menos) e devem ser enviados a fresco em recipientes apropriados ou na própria seringa. O processamento é realizado de imediato por centrifugação e, se necessário, citocentrifugar. Corar pelo Papanicolaou. Efusões Geralmente são recebidas a fresco. Devem ser centrifugadas, removendo-se previamente coágulos ou grumos presentes na amostra para processá-los em cell block. Fazer esfregaços com o sedimento, separando dois deles para fixação em álcool a 95 %, corando-os em Papanicolaoue em HE. Deixar outro esfregaço secar ar e corá-lo por um dos métodos de coloração rápida, geralmente o DQ. Espécimes congelados e dessecados são insatisfatórios para avaliação. Livro2_versão2.indd 40 14/08/12 01:06 41 2 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • PAAF Os esfregaços geralmente são fixados em álcool a 95% ou a seco, embora o álcool absoluto também possa ser utilizado. Corar pelo Papanicolaou ou HE e os secos ao ar por DQ ou panótico. Centrifugar o material e citocentrifugar o lavado da agulha e da seringa com solução salina para fazer cell block. Amostras insatisfatórias podem resultar de falhas técnicas como sucção reduzida ou excessiva na coleta, esfregaços espessos, fixação inadequada ou coloração defeituosa. Abscessos e lesões fibróticas, calcificadas, necróticas ou com degeneração cística podem dificultar a obtenção de material adequado por escassez ou ausência de células. Materiais puncionados de áreas fora da lesão originam diagnósticos falso-negativos por erro de amostragem. Livro2_versão2.indd 41 14/08/12 01:06 Livro2_versão2.indd 42 14/08/12 01:06 3 Padrões citopatológicos gerais em condições benignas e malignas Livro2_versão2.indd 43 14/08/12 01:06 Livro2_versão2.indd 44 14/08/12 01:06 45 Citologia é definida como o estudo das células, suas estruturas e funções. O núcleo, o citoplasma, a membrana e a matriz extracelular constituem os quatro elementos básicos para o estudo do diagnóstico citológico. 3.1 Célula O princípio geral do diagnóstico citológico é que o núcleo reflete o estado de saúde da célula (normal, inflamação, degeneração, bem como hiperplasia, metaplasia ou neoplasia), enquanto o citoplasma reflete a origem e a sua diferenciação funcional (exemplo: células glandulares produtoras de muco, célula escamosa protetora). Quando devidamente analisados, o núcleo e o citoplasma revelam riqueza de informações sobre a célula. 3.1.1 Núcleo As informações contidas no núcleo das células não apenas determinam a atividade celular atual, bem como repassam essas informações às células futuras através da reprodução celular. A informação genética da célula encontra-se no ácido desoxirribonucleico (DNA), presente preferencialmente no núcleo e, em menor parte, nas mitocôndrias. No núcleo ocorre: • Armazenamento e replicação do DNA. • Síntese (transcrição) do ácido ribonucleico (RNA). • Transporte deste RNA para o citoplasma onde os ribossomos traduzem o código genético em proteínas, determinando a função celular. A membrana nuclear é, na realidade, a condensação ou marginação da cromatina. A cromatina é um complexo formado por um tipo de reação físico-química do tipo ácido–básico entre DNA (ácidos nucleicos), histonas (nucleoproteínas básicas) e outras proteínas ácidas não histonas. Existem dois tipos de cromatina: a heterocromatina inativa (fios condensados), a qual se cora pela hematoxilina, e a eucromatina ativa representada por áreas claras. Este é o motivo pelo qual células discarióticas ou malignas podem ocasionalmente apresentar núcleos pálidos ao invés de hipercromáticos, como descrito frequentemente. Figura 19 - Carcinoma duc- tal da mama, 400x. Em des- taque, a eucromatina (área clara indicada pela seta) e heterocromatina (áera escu- ra apontada pela seta dupla). 3 Padrões Citopatológicos Gerais em Condições Benignas e Malignas • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 45 14/08/12 01:06 46 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • As proteínas nucleares podem ser classificadas em histonas e não histonas. Histonas são proteínas cilíndricas que protegem o DNA e participam da condensação da cromatina formando a heterocromatina. A heterocromatina e as proteínas não histonas são ácidas, por isso coram-se basofilicamente na coloração de Papanicolaou visto que ácido tem predileção por base. Juntas são as responsáveis pelas características típicas da coloração nuclear. Os cromocentros são partículas de heterocromatina relativamente largas tendo como exemplo o Corpúsculo de Baar que é um cromossomo X inativo. Algumas doenças são co- nhecidas pela ausência de corpúsculos de Barr, como a Síndrome de Turner (XO), e outras com corpúscu- los de Baar extras, a exemplo da Síndrome de Klinefelter (47XXY). Estes corpúsculos podem ser vistos ocasionalmente em células malignas sendo indicativos de cromatina anormal. A eucromatina se encontra ativa na síntese de RNA correspondendo aos espaços vazios, sendo conhecida como paracromatina. Portanto, no núcleo hipercromático encontra-se mais heterocromatina (inativa) e no núcleo hipocromático mais eucromatina (ativa). A intensidade da basofilia do núcleo é proporcional a quantidade de DNA presente, no entanto a hiper ou a hipocromasia dependem de três fatores: quantidade do corante, tamanho do núcleo (quanto maior o volume, maior a atividade celular) e da lei de Beer, que relaciona a absorção de luz com as pro- priedades do material atravessado por esta. A condensação da cromatina é um achado citológico importante podendo ser fina ou grosseira, regular ou irregularmente distribuída. Classificação da cromatina Eucromatina Heterocromatina Fios delgados (parte ativa) Fios condensados (parte inativa) Figura 20 - a - Células apócrinas, 400x. Cromatina fina e regularmente distribuí- da (seta). b - Carcinoma escamo- so do colo, 400x. Cro- matina finamente gra- nular e irregularmente distribuída (seta). c - Carcinoma lobular da mama, 200x. Cro- matina grosseira e re- gularmente distribuída (seta). d - Carcinoma ductal da mama, 400x. Cro- matina grosseira e irre- gularmente distribuída (seta). a b dc Livro2_versão2.indd 46 14/08/12 01:06 47 3 Padrões Citopatológicos Gerais em Condições Benignas e Malignas • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Fina Matriz diagnóstica das características da cromatina Grosseira Regular Irregular Geralmente normal Adenocarcinoma Plasmócitos, Carcinoma in situ Carcinoma de Células Escamosas Por um lado, a cromatina pode estar dissolvida (cariólise) como uma escama anucleada ou por outro, como uma massa compacta (picnose), observada nas células superficiais. Outra possibilidade de apresentação da cromatina é a sua homogeneização (aparência de “vidro de relógio”), como visto nas in- fecções virais. Na degeneração, a cromatina encontra-se como partículas redondas, múltiplas e regulares, podendo variar de tamanho. Já no câncer, sua condensação ocorre irregularmente em forma, tamanho e distribuição. Se dividirmos o núcleo em quadrantes e essa divisão for desigual significa que a cromatina está irregularmente distribuída, como acontece nos casos de câncer. Figura 22 - Carcinoma papilí- fero da tireoide, 400x. Croma- tina em vidro fosco (seta). Figura 21 - Células escamo- sas superficiais, 200x. Núcleos picnóticos (setas). As alterações nucleares também variam de célula para célula e esta, quando intensa, é fortemente sugestiva de malignidade. Outra característica peculiar e frequente é a coloração da paracromatina. A hipercromasia e a cor azulada associadas ao aumento nuclear, são sugestivos de malignidade, enquanto a cor avermelhada sugere processos infecciosos. Particularmente comum após radioterapia, a vacuolização nuclear pode ser pequena, redonda, única ou múltipla, às vezes comprimindo a cromatina. Nos processos degenerativos o aumento nuclear é pequeno e sem hipercromasia diferentemente dos processos malignos.Nos casos de radiação e má fixação do material (dessecamento) também ocorre aumento do núcleo, mas a cromatina é pálida, homogênea, difusa e sem partículas distintas. Livro2_versão2.indd 47 14/08/12 01:06 48 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 3.1.2 Nucléolo Os nucléolos podem ser a principal estrutura nuclear proeminente em muitas células. Eles variam em tamanho, número e forma, mas usualmente são pequenos, escassos, redondos ou ovais. São compostos de proteínas (em sua maioria), RNA e DNA (em menor quantidade). Podemos diferenciar cromocentro de nucléolo utilizando como parâmetro a coloração dos ácidos nucleicos, que mostra nucléolo acidofílico e cromocentro basofílico. A função do nucléolo é a síntese do RNA ribossomal. Os ribossomos estão envolvidos com a síntese de proteínas numa relação direta entre o tamanho do nucléolo e a quantidade de proteína produzida pela célula. Nucléolos grandes, múltiplos e irregulares são indicativos de câncer, mas também podem ser observados em condições benignas a exemplo dos processos reparativos. Em geral, mais de seis nucléolos por núcleo são considerados anormais. Quando o aumento celular atinge um determinado tamanho, em geral duas vezes o tamanho normal, é sinal de que a célula irá se dividir, ou seja, ocorrerá mitose de acordo com os passos abaixo: • Prófase - Dissolução da membrana nuclear • Metáfase - Alinhamento mediano dos cromossomos • Anáfase - Separação dos cromossomos • Telófase - Divisão da célula As modificações nucleares ocorridas na morte celular são picnose (completa aglutinação da cro- matina em um único ponto), cariorrex (o material picnótico quebra-se em partículas com a dissolução da membrana nuclear), e cariólise ou cromatólise (material nuclear é completamente dissolvido, deixando um espaço vazio e pálido). Anormalidades no número de cromossomos (poliploidia e aneuploidia) também estão associadas ao câncer. Figuras de mitose anormais estão relacionadas com aneuploidia, mas elas também podem ser vistas nas células mesoteliais benignas e efusões serosas. Na prática, nenhum critério é patognomônico (característico) de câncer, mas a combinação de critérios deve ser usada para fazer um diagnóstico de malignidade. Figura 23 – Área de necrose em carcinoma escamoso do colo, 200x. Cariorrex (setas). Livro2_versão2.indd 48 14/08/12 01:06 49 3 Padrões Citopatológicos Gerais em Condições Benignas e Malignas • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 24 – Cisto simples da mama, 200x. Nucléolos evi- dentes (setas). Aumento da atividade mitótica e particularmente figuras de mitose atípicas estão associadas à malignidade. No câncer a divisão celular está fora de controle e o núcleo, caso se divida precocemente em relação ao citoplasma, poderá alterar a relação nucleocitoplasmática. Normalmente o nucléolo involui em células maduras e diferenciadas, mas no câncer ele pode permanecer ativo, como um nucléolo proeminente ou um macronucléolo. Em resposta a inflamação ou particularmente a radiação, multinucleação e células gigantes multinucleadas podem ser vistas. Multinucleação pode ser resultado de uma endomitose ou de uma fusão celular. Na endomitose a divisão nuclear ocorre sem a divisão citoplasmática e, portanto os núcleos tendem a ser semelhantes. Já na fusão celular os núcleos podem variar em forma e tamanho. Temos como exemplos de células gigantes multinucleadas: células do tipo corpo estranho, células de Langerhans, osteoclastos, megacariócitos, células malignas, infecção pelo herpes, sinciciotrofoblastos, condiloma e o carcinoma in situ. Quando as células perdem o citoplasma muitas alterações podem ocorrer na sua aparência. Portanto, um diagnóstico de câncer não deve ser embasado apenas nas características de um núcleo desnudo. Figura 25 - Infecção pelo herpes. a - Multinucleação e amoldamento nuclear (setas), 400x. b - Célula gigante multinucleada (seta), 200x. a b Livro2_versão2.indd 49 14/08/12 01:06 50 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 3.1.3 Citoplasma O citoplasma de uma célula corresponde ao conteúdo que está fora do núcleo e dentro dos limites da membrana celular, incluindo as organelas e a matriz citoplasmática (ou citosol). Esta última que corresponde ao maior volume celular, é composta por um gel coloidal constituído principalmente por água, no qual as organelas e as inclusões estão suspensas. Muitas reações celulares como a glicólise anaeróbica são catalisadas por enzimas suspensas na matriz citoplasmática. O citosol é altamente organizado, mas suas estruturas não podem ser observadas ao microscópio óptico. As organelas, tais como retículo endoplasmático, mitocôndrias e área de Golgi, não são visíveis nos preparados citológicos, exceto em certas circunstâncias. Por exemplo, as mitocôndrias, essenciais para a respiração celular, são abundantes nos hepatócitos, em células apócrinas e também em tumores oncocíticos acarretando um aumento da eosinofilia. Produtos de secreção como mucina, em células endocervicais ou em células tumorais e glicogênio em células escamosas intermediárias da cérvice podem ser evidenciados pelo ácido periódico de Schiff (periodic-acid Schiff –PAS). Pigmentos e outros materiais intracelulares podem ser facilmente detectados no material citológico, a exemplo da melanina no melanoma maligno, da hemosiderina em macrófagos nas áreas de hemorragia e da queratina no carcinoma escamoso queratinizante. O citoesqueleto é o maior componente estrutural da matriz celular, visível apenas à microscopia eletrônica, sendo o responsável pela manutenção da forma e pelo movimento celular. 3.1.4 Membrana celular A membrana celular tem funções básicas de limite e barreira, além de contribuir para a homeostase. É semipermeável, facilitando ou impedindo movimentos de várias substâncias através dela. Pregas profundas permitem a expansão celular como ocorre no epitélio transicional da bexiga. Podem apresentar microvilosidades que lhe conferem um aspecto de borda rendilhada a exemplo das células mesoteliais. Também possui a capacidade de incorporar materiais estranhos, tais como bactérias ou produtos de catabolismo de outras células, fenômeno conhecido por endocitose. Este decorre da invaginação da membrana e englobamento da partícula a ser fagocitada. A maioria das células cresce até preencher seus espaços e esse crescimento é inibido pelo contato com as células vizinhas, ou seja, existe um reconhecimento intercelular através de suas membranas. Nos casos de câncer, esta característica é perdida e favorece um crescimento contínuo (perda da inibição do contato) podendo levar a invasão e metástase. Nos preparados citológicos, a membrana celular poderá ser nítida e bem definida (nas células escamosas), ou mal definida (nos histiócitos) 3.1.5 Matriz extracelular Num preparado citológico o material extracelular é representado como o “fundo” do esfregaço (background) podendo refletir um processo normal, inflamatório, displásico ou neoplásico. A presença de hemácias intactas é um achado inespecífico, enquanto que células inflamatórias em geral indicam um processo inflamatório. A resposta do hospedeiro à invasão do tumor é representada pela diátese tumoral indicando a ocorrência de um processo destrutivo tecidual. Caracteriza-se pela presença de hemácias íntegras ou degeneradas, fibrina e debris celulares necróticos. No entanto, condições outras que não o câncer podem provocar essas respostas, como a estenose do canal cervical levando ao piometra. Livro2_versão2.indd 50 14/08/12 01:06 51 3 Padrões Citopatológicos Gerais em Condições Benignas e Malignas • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •Células • Usualmente numerosas, desorganizadas, grupos empilhados, sincícos. • Células atípicas, únicas e isoladas. • Canibalismo, caracterizado por célula dentro da célula. • Pleomorfismo, anisocitose, contornos anormais, aumento da relação núcleo/ citoplasma. • Intensa variação das características de uma célula para outra célula. Núcleo • Desorganizado, perda da polaridade, sobreposição, aumentado, hipercromático • Pleomórfico (forma e tamanho), contornos anormais • Multinucleação, amoldamento, núcleo desnudo • Contorno nuclear irregular e espesso • Nucléolos proeminentes, múltiplos (mais de seis) ou macronucléolos, • Cromatina anormal, irregular, figuras de mitose particularmente anormais. Citoplasma • Pleomorfismo (perda dos limites celulares). • Coloração anormal: policromasia, orangeofilia. • Produtos celulares anormais: queratina, mucina etc. Fundo do esfregaço (background) • Necrose. • Sangue. • Hemossiderina. • Diátese tumoral. Características citomorfológicas gerais de malignidade Características gerais de malignidade • Hipercelularidade. • Pouca coesividade. • Desorganização. • Mitoses atípicas. Características gerais de benignidade • Escassa celularidade. • Boa coesividade. • Células ordenadas. • Presença de cílios. Livro2_versão2.indd 51 14/08/12 01:06 52 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Diagnóstico diferencial entre reparo (condição benigna reacional) e câncer Reparo Câncer Grupo Coesos, ordenados (em li- nhas, fileiras), arranjos pla- nos. Mais coesas, poucas célu- las isoladas. Relação núcleo/ citoplas- ma adequada, não que- ratinizado, presença de polimorfonucleares e poli- cromasia. Hipocromático, pálido, fino. Hipocromática e regular. Limpo com células infla- matórias. Macronucléolo, semelhan- te entre as células. Pouco coesos, desordena- dos, sobrepostos Menos coesas, muitas cé- lulas isoladas. Relação núcleo/citoplas- ma aumentada, pode ha- ver queratinização, não é comum a presença de po- limorfonucleares e mono- cromasia. Hipercromático, escuro, grosseiro. Hipercromática e irregular. Diátese. Pode ser significativo e va- ria entre as células. Células Citoplasma Núcleo Cromatina Fundo do Esfragaço Nucléolo Livro2_versão2.indd 52 14/08/12 01:06 53 4 Padrões citopatológicos em órgãos específicos Livro2_versão2.indd 53 14/08/12 01:06 Livro2_versão2.indd 54 14/08/12 01:06 55 4.1 Mama A mama humana é normalmente localizada na parede anterior do tórax apresentando na sua região central uma aréola e uma papila. Ela é dividida em 15 a 20 lobos mamários independentes, separados por tecido fibroso. Cada lobo tem a sua via de drenagem, que converge para a papila, através do sistema duc- tal. Portanto, a mama é formada de um lóbulo (ou unidade lobular ductal terminal) e de um grande sistema ductal. Têm como função principal a produção do leite para a amamentação. Figura 26 - Representação Esquemática da Mama a - Gradil costal. b - Músculo peitoral. c - Unidades lobulares. d - Mamilo. e - Aréola. f - Ductos lactíferos. g - Tecido adiposo. h - Pele. Doenças fibrocísticas, fibroadenomas, cistos e a maioria dos cânceres se originam frequentemente dos lóbulos. Os grandes ductos podem ser os sítios de origem dos papilomas solitários, carcinoma papilar, ectasia ductal e possivelmente Doença de Paget. Embriologicamente, a mama é uma glândula sudorípara apócrina modificada, derivada do ecto- derma e suspensa pelos ligamentos suspensores de Cooper. Quando esses ligamentos são acometidos por fibrose (nos casos de câncer) dá origem à imagem de “casca de laranja”. Durante a primeira fase do ciclo menstrual os lóbulos tornam-se proliferativos em virtude da presença do efeito estrogênico. Nesta fase pré-ovulatória, as células ductais aspiradas se apresentam em monocamada e com citoplasma distinto. Os núcleos são pequenos, compactos e com nucléolos discretos. Já na segunda fase do ciclo (pós ovulatória ou lútea) o lóbulo continua a se proliferar e o estroma, em resposta à ação do hormônio progesterona, torna-se edemaciado. Sendo assim, as células se apresentam em várias camadas com citoplasma indis- tinto, marginação da cromatina levando ao aparecimento de uma área clara ao redor do nucléolo, agora proeminente. Na mama, em contraste com o endométrio, o maior número de mitoses é encontrado na segunda fase do ciclo. Durante a menstruação, em decorrência da diminuição dos hormônios estrogênio e progesterona, os lóbulos voltam às características normais. Na pós-menopausa o tecido conjuntivo e o tecido glandular atrofiam e ocorre a substituição gordurosa (liposubstituição). As doenças que afetam a mama podem ser divididas em três grupos: inflamação (incluindo aguda, crônica e mastite granulomatosa), hiperplasia (incluindo doença fibrocística, alterações da gestação e a maioria das neoplasias benignas) e câncer. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • a c b h f e d g Livro2_versão2.indd 55 14/08/12 01:06 56 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Origem das doenças da mama Lóbulo Grandes ductos Doença fibrocística Fibroadenoma Cisto Maioria dos cânceres Papiloma Carcinoma papilar Ectasia ductal Doença de Paget 4.1.1 Células da mama O lóbulo e os grandes ductos são compostos por dois tipos de células: epiteliais e mioepiteliais. O epitélio que é composto por uma ou duas células na sua espessura tem funções secretoras e de absorção. As células mioepiteliais que circundam os ductos são contráteis e ao se contraírem movem o produto da secreção (o leite) através do sistema ductal. Células ductais Células epiteliais ductais benignas são usualmente vistas em aspirados da mama como células pequenas e altamente coesas. São vistas em arranjos bidimensionais planos, mas podem apresentar leve sobreposição refletindo uma hiperplasia benigna. Estruturas microacinares são relativamente raras e es- parsas, mas podem aparecer em algumas condições benignas como: adenose esclerosante, fibroadenoma e na lactação. Entretanto, quando microácinos são numerosos e bem formados, a malignidade deve ser con- siderada, particularmente quando as células estão aumentadas. Nas condições benignas essas células são uniformes, o núcleo é redondo a oval, variando de uma vez a uma vez e meia o diâmetro de uma hemácia, ou seja, raramente grande. A membrana nuclear é delicada, a cromatina é fina, por vezes hipercromática e o nucléolo é único e discreto. Quando o tamanho nuclear das células ductais é de três a quatro vezes o diâmetro de uma hemácia, a membrana nuclear é irregular, o nucléolo é proeminente, particularmente macronucléolo, o diagnóstico de malignidade deve ser sugerido. Invaginações citoplasmáticas intranucle- ares podem estar presentes tanto nas condições benignas como nas malignas. O citoplasma é variável e usualmente delicado e escasso, mas pode ser mais definido com bordas celulares proeminentes, dando um aspecto de “favo de mel”. A presença de vacúolos secretores de mucina é anormal e indicativo de câncer. Figura 27 - Fibroadenoma, 200x. Células ductais. Livro2_versão2.indd 56 14/08/12 01:06 57 Células mioepiteliais A presença de células mioepiteliais ou de núcleos desnudos bipolares é indicativa de benignida- de. Esses são ovais ou alongados, escuros, suaves e desprovidos de citoplasma. Em geral têm tamanho equivalente ao diâmetro de uma hemácia e podem ser encontrados espalhados no fundo do esfregaço ou sobrepostos a grupos de células ductais. Devemos ser extremamente cautelosos com o diagnóstico de ma- lignidade na presença desses núcleos desnudos, pois suapresença não é patognomônica de benignidade, apenas reforça o cuidado que se deve ter ao sugerir malignidade. Grupamentos de células benignas podem ser identificados em meio a grupamentos de células malignas. A presença das células ductais e mioepite- liais é um forte indicativo de benignidade em contraste com as neoplasias malignas que se caracterizam pela ausência de células mioepiteliais. Figura 28 - Fibroadenoma, 100x. Ao fundo há células mioepiteliais soltas (setas). Células Espumosas A origem dessas células é incerta podendo ser originárias dos ductos (células ductais), de monóci- tos da medula óssea (histiócitos ou macrófagos) ou de ambos. São encontradas isoladamente ou em gru- pos, têm citoplasma abundante, multivacuolado e bordos celulares relativamente distintos. O citoplasma muitas vezes contém vários pigmentos ou inclusões. Os núcleos são brandos ou reativos, redondos ou ovais. Células espumosas gigantes multinucleadas podem estar associadas a lesões benignas e aos cistos bem como aos casos de câncer. Figura 29 - Lesão cística da mama, 200x. Células espu- mosas (setas) fagocitando a gordura e o fluido nas lesões císticas da mama. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 57 14/08/12 01:06 58 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Categorias diagnósticas na PAAF da mama Negativo para malignidade Atípicos Suspeitos Positivo para malignidade Inadequado ou insatisfatório Uma amostra de PAAF de mama é considerada satisfatória quando encontramos de cinco a seis grupamentos de células bem preservadas e para um diagnóstico negativo (benigno) é necessário que essa amostra seja satisfatória. O médico deve sempre correlacionar o resultado citopatológico com os achados clínicos e radiológicos (triplo teste). É importante ressaltar que um resultado citológico negativo não é garantia de que o nódulo é benigno, em especial nos casos em que os achados clínicos e a mamografia suspeitam de malignidade. A categoria atípica é utilizada nas amostras com pouca probabilidade para malignidade sendo comum quando se tem uma mistura de achados citológicos de entidades benignas e malignas numa mesma amostra. Em geral, a biópsia está indicada. Já a categoria suspeita se aplica aos casos em que os achados são provavelmente de malignidade. Exemplificamos os casos em que as células atípicas são pouco numerosas, mal preservadas, a amostra é hemorrágica ou inflamatória impedindo o Células apócrinas Representam metaplasia das células do epitélio lobular. São frequentemente encontradas em aspi- rados benignos tais como: doença fibrocística, fibroadenomas e cistos. Elas se apresentam de forma coesa, regular, plana, porém diferentemente das células ductais, essas células podem se apresentar tanto isola- damente como em grupos papilares. Sua principal característica é o citoplasma abundante e ligeiramente granular, decorrente da presença de numerosas mitocôndrias (semelhantes aos oncócitos). Algumas vezes o citoplasma pode ser denso e com bordos celulares distintos conferindo-lhes aparência escamoide. Os núcleos são excêntricos e podem variar em tamanho e forma, mas são usualmente uniformes. A membrana nuclear é suave, a cromatina finamente granular e uniformemente distribuída. Nucléolos únicos, redondos e proeminentes são comuns. A sua presença sugere benignidade estando frequentemente associadas a cis- tos. Nos processos inflamatórios estas células podem ser confundidas com células malignas. Os resultados citopatológicos de materiais obtidos através de Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) da mama ou por descarga mamilar são descritos de acordo com a probabilidade de malignidade indo até o diagnóstico específico. A reprodutibilidade entre observadores é excelente para a categoria po- sitiva para malignidade, pobre para os casos atípicos e bons para as demais categorias. Figura 30 - Lesão cística da mama, 200x. Células apócri- nas (setas). Livro2_versão2.indd 58 14/08/12 01:06 59 diagnóstico definitivo de maligno, ou ainda quando os achados sugerem um câncer de atipias mínimas como o carcinoma lobular, tubular ou papilar. A biópsia então se impõe. Diagnósticos positivos para ma- lignidade estão reservados para os casos com características inequívocas de malignidade. Três aspectos no diagnóstico são importantes: • A celularidade; • Os arranjos celulares; • O fundo do esfregaço (background). Aspirados hipocelulares podem ser encontrados nos casos de fibroadenoma, alterações fibrocísti- cas, necrose gordurosa, alterações secundárias a radiação, gravidez, lactação e carcinomas in situ ou inva- sivos (particularmente os tipos tubulares e lobulares). A celularidade moderada é comum na gravidez ou na lactação e nas alterações fibrocísticas. Nos fibroadenomas, Tumor Phyllodes e carcinomas, incluindo os invasivos, a celularidade varia de moderada a acentuada. Os arranjos celulares podem ser planos, frou- xos, coesos, tridimensionais, ramificados, papilares ou ainda constituídos predominantemente por células isoladas. Dentre os elementos que podemos encontrar no fundo do esfregaço destacamos: células inflama- tórias, detritos amorfos, sangue e mucina. As células inflamatórias agudas são comuns nas mastites e nos carcinomas necrotizantes; as células inflamatórias crônicas nas hiperplasias, nas desordens proliferativas e no carcinoma medular; o sangue pode ser um indicativo de papiloma, carcinoma papilar ou outros car- cinomas; mucina ou material mixoide nos fibroadenomas, carcinoma mucinoso ou mucocele. 4.1.2 Características de benignidade Dois aspectos são fundamentais no diagnóstico de benignidade: presença de células ductais coesas e de células mioepiteliais. Outro aspecto a ser considerado é a escassa celularidade (embora haja nume- rosas exceções, tais como, fibroadenoma, papiloma, gravidez e mastites). As células são relativamente uniformes (nos casos de proliferação epitelial podem apresentar variações), estão coesas formando ar- ranjos em lençóis ordenados, é rara a presença de células isoladas e algumas podem exibir sobreposição. O núcleo pode variar de tamanho, em geral não é maior que duas vezes o tamanho de uma hemácia. Sua forma pode ser redonda a oval e o contorno nuclear é suave, quando irregular sugere malignidade. O nú- cleo pode ser levemente hipercromático com a cromatina fina e pequeno nucléolo. O citoplasma varia de escasso e delicado a abundante e apócrino. Vacúolos de gordura intracitoplasmática são mais comuns nos carcinomas, mas também os encontramos em casos benignos a exemplo das alterações da lactação. As lesões benignas caracterizam-se por uma grande variedade de tipos celulares incluindo células apócrinas, ductais, espumosas, mioepiteliais e histiócitos. Figura 31 - Fibroadenoma, 100x. Células ductais e mio- epiteliais coesas. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 59 14/08/12 01:06 60 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 4.1.3 Características de malignidade Os aspirados apresentam abundante celularidade com células dispersas, desordenadas e pleomor- fismo. O núcleo é hipercromático, frequentemente excêntrico, aumentado de volume, com contorno nu- clear espessado e irregular e mitoses quando presentes são atípicas. O nucléolo é proeminente, irregular ou múltiplo. No citoplasma lumens podem ser vistos contendo mucina ou lipídios positivos. No fundo do esfregaço pode-se observar hipercelularidade, presença de muco, debris celulares e necrose. Chama a atenção à ausência de células mioepiteliais. Devemos ter o cuidado ao diagnosticar malignidade na presença de alguns padrões de benignidade tais como: aspiradopobremente celular, ausência de células isoladas, presença de células mioepiteliais, e atipia ausente ou escassa. Figura 32 – Carcinoma ductal da mama, 200x. a - Núcleos volumosos, hipercromáticos e excêntricos (seta). b - Núcleos hipercromáticos, volumosos e irregulares (seta). c - Mitose atípica (seta). d - Núcleo atípico, volumoso, hipercromático e excêntrico (seta). a b dc Livro2_versão2.indd 60 14/08/12 01:07 61 Quadro comparativo dos padrões de benignidade e malignidade dos aspirados (PAAF) da mama Benignidade Malignidade Celularidade Pobre a moderada (fibroadeno- mas são celulares) Folhetos ou grupos coesivos Limites lisos ou em paliçada Pequeno Tamanho de um eritrócito Nenhum Contorno liso Vesicular ou finamente granular Ausente Muitas Comuns Comuns Incomuns Incomuns Rara Podem estar presentes No geral presentes Ausentes Pode estar presente Comuns Incomuns Ocasional em fibroadenoma Elevada São comuns células isoladas Limite denteado Usualmente grande Maiores Comum Contorno irregular Em grumos Pode estar presente Raras Raras Raros Podem ser observados Podem ser observados Comum Podem estar presentes Às vezes presentes Podem estar presentes Pode estar presente Raras Comuns Presente no carcinoma ductal in situ cribiforme Dissociação celular Grupos celulares Tamanho da célula Tamanho do núcleo Pleomorfismo Núcleo Cromatina Necrose Células mioepiteliais Células isoladas do estroma Fragmentos do estroma Vacúolos citoplasmáticos Inclusões intranucleares Mucina Células inflamatórias Macrófagos espumosos Células tumorais gigantes Calcificação Células apócrinas Mitoses Padrão cribiforme 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 61 14/08/12 01:07 62 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 4.1.4 Descarga mamilar Quando espontânea e não relacionada à lactação ou a gravidez é um achado anormal. Pode ser decorrente de uma lesão da mama como papiloma ou carcinoma, ou de uma alteração hormonal como no adenoma hipofisário. O exame da descarga mamilar pode ser realizado quando a paciente não apresenta lesões palpáveis ou anormalidades na mamografia sendo útil no diagnóstico de pequenos carcinomas de mama e nos papilomas. Os achados citomorfológicos de secreções benignas mamilares são: esfregaços pouco celulares, presença de células ductais, espumosas, inflamatórias e hemácias. Quando a secreção apresenta numerosos agrupamentos papilares de células ductais benignas aumentadas de volume é prová- vel que estejamos diante de um papiloma ou de uma hiperplasia intraductal. Fazem parte dos achados de malignidade os grupamentos de células ductais pleomórficas, células malignas isoladas, núcleos desnu- dos, nucléolos, sangue e restos necróticos. Figura 33 - Descarga mamilar, 100x. Células espumosas (seta preta) e hemácias (seta verde). Figura 34 - Cisto apócri- no, 100x. Células apócrinas (seta). Livro2_versão2.indd 62 14/08/12 01:07 63 Padrões citomorfológicos das principais lesões da mama 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Cistos mamários • Fundo limpo ou granular. • Celularidade escassa a moderada. • Presença de células espumosas e apócrinas. • Pequenos grupos de células ductais benignas. Lesões inflamatórias Mastites • Exsudato inflamatório com numerosos polimorfonucleares e histiócitos. • Fundo com debris celulares. • Células ductais com alterações reativas. Abscesso Subareolar • Presença de escamas córneas. • Células do epitélio escamoso normais. • Inflamação crônica e aguda com células gigantes multinucleadas. Mastite Granulomatosa • Presença de histiócitos, células gigantes multinucleadas, linfócitos e plasmócitos. Tumores fibroepiteliais • Fibroadenoma. • Celularidade de alta a moderada. • Células ductais coesas, uniformes com núcleos pequenos. • Presença de células mioepiteliais e núcleos desnudos bipolares. • Estroma mixoide. • Tumor Phyllodes. • Alta celularidade. • Presença de estroma metacromático, células estromais fusiformes, sem atipias e com nucléolo. • Hiperplasia pode estar presente. Carcinoma Intraductal • Células neoplásicas isoladas e em grupos irregulares. • Grandes células pleomórficas. • Fundo com material necrótico. • Presença de macrófagos, hemossiderófagos e calcificações. Livro2_versão2.indd 63 14/08/12 01:07 64 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 35 - Abscesso su- bareolar, 100x. a - Fundo granular infla- matório. b - Escamas córneas. a b a b Figura 36 - Mastite, 100x. a - Exsudato inflamatório com células espumosas. b - Célula gigante multi- nucleada. Figura 37 - Fibroadenoma, 100x. À direita (seta verde) o componente estromal e a esquerda (seta preta) o componente epitelial. Livro2_versão2.indd 64 14/08/12 01:07 65 Figura 38 - Carcinoma ductal. a - Células ductais atípicas dispersas, 100x. b - Células ductais atípicas em grupamento frouxo, 200x. ba 4.2 Tireoide A função da glândula tireoide é produzir e armazenar hormônios tireoideanos responsáveis pelo metabolismo do organismo. Ela é constituída por dois lobos laterais ligados por um istmo e a sua unidade funcional é o folículo que é composto centralmente por coloide e circundado por um epitélio folicular. Os folículos variam de tamanho tendo em média 200µ de diâmetro. Figura 39 - Topografia da tireoide. cartilagem tireoidea tireoide traqueia esterno clavícula 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 65 14/08/12 01:07 66 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 4.2.1 Células e material encontrado nos aspirados da tireoide Células foliculares O folículo normal é constituído por células foliculares que produzem os hormônios tireoideanos. Essas células variam de acordo com a funcionalidade da glândula, quanto mais ativas mais abundante o citoplasma. Elas se apresentam em arranjos de “favo de mel” ou em arranjos esféricos, constituindo característica importante do epitélio folicular não neoplásico. Células foliculares intactas, esparsas e iso- ladas também são características de benignidade. No entanto, quando amontoadas formando numerosos microfolículos (rosetas ou estruturas microacinares) ou papilas, o diagnóstico de neoplasia deve ser suge- rido. O núcleo é redondo ou oval, em geral do tamanho de um linfócito, podendo variar de acordo com a idade da paciente, com o estado funcional da célula ou com a fixação do material. O amoldamento nuclear não é comum. O contorno nuclear é suave e a sua irregularidade sugere carcinoma em especial quando esta alteração está presente na maioria das células. Núcleos aumentados, hipercromáticos ou desnudos ocasionais podem ser vistos em esfregaços benignos. A cromatina é finamente granular e moderadamente hipercromática variando também de acordo com o estado funcional da célula. Quando densa, picnótica e mais aberta é sugestiva de hiperatividade. Os nucléolos são infrequentes, contudo podem ser vistos em células reativas ou regenerativas. Quando proeminentes ou múltiplos sugerem malignidade. O citoplasma das células foliculares normais é pálido e delicado, quando denso e escamoide sugere carcinoma papilar. Na degeneração as células foliculares se dissociam e o citoplasma torna-se espumoso ou granular sendo indistinguível dos histiócitos. Grânulos de hemossiderina são indicativos de sangramento antigo. Alteraçõesregenerativas se assemelhando a reparo típico são encontradas nas células folicula- res frequentemente associadas a lesões benignas. Nos processos reparativos, semelhante aos observados em outros tipos de epitélios, encontramos grupamento de células coesas, sem sobreposição, citoplasma denso, abundante, núcleo aumentado de volume, cromatina fina, nucléolo proeminente e manutenção da relação nucleocitoplasmática. Figura 40 - Bócio coloide, 100x. Coloide fluido (seta preta) e células foliculares atróficas (setas verdes). Livro2_versão2.indd 66 14/08/12 01:07 67 Células de Hürtle (oncócitos ou células oxifílicas) Representam células foliculares repletas de mitocôndrias tornando-se oncócitos e são encontradas em diferentes órgãos e tumores. Elas não são funcionantes, pois não sintetizam tiroxina e a síntese de ti- reoglobulina é variável. Seus grupamentos, por concentrarem pouco iodo, são conhecidos como “nódulos frios” e são comuns nas lesões benignas, como na Tireoidite de Hashimoto, nos bócios, na sarcoidose e nas neoplasias (benignas e malignas). Elas são poligonais e com bordos bem definidos tendo como principal característica o citoplasma abundante, denso e finamente granular com os grânulos correspondendo as mitocôndrias. Coram-se de azul púrpura na coloração de Diff-Quick e de azul a laranja brilhante no Papanicolaou. Os núcleos em geral são excêntricos, aumentados de volume, duas a quatro vezes o tamanho do núcleo da célula folicular normal. Binucleação é comum e multinucleação pode ocorrer. A cromatina varia de fina a grosseira e os nucléolos podem ser grandes, proeminentes ou pequenos e invisíveis. Células parafoliculares ou células C São células neuroendócrinas, produtoras de calcitonina, encontradas no carcinoma medular e que usualmente não são identificadas nas PAAFs, a não ser com a utilização de técnicas especiais. Células da paratireoide Essas células e os tumores relacionados a elas são indistinguíveis das células foliculares sem a utilização de técnicas especiais. Células inflamatórias crônicas Os linfócitos são os principais tipos representativos de inflamação crônica podendo ser confundi- dos com núcleos desnudos das células foliculares típicas. Estes últimos, quando comparados com os lin- fócitos, apresentam cromatina mais fina, homogênea e o contorno nuclear mais proeminente. Os linfócitos podem ser maduros (núcleos pequenos e hipercromáticos) ou imaturos (núcleos maiores e uniformes), apresentarem-se isoladamente ou em grupamentos sendo frequentemente vistos na Tireoidite de Hashi- moto. Células ciliadas Não são vistas normalmente nos aspirados da tireoide. Sua presença pode indicar aspiração de células do epitélio respiratório, do ducto tireoglosso e de cistos branquiais clivados. Células musculares esqueléticas Em geral secundárias a punção inadvertida do músculo esternocleidomastoideo e podem mimeti- zar coloide. Gordura Tecido adiposo maduro pode excepcionalmente ser visto advindo da punção inadvertida do tecido adiposo subcutâneo do pescoço. Mais raramente, lipomas e liposarcomas também têm sido descritos. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 67 14/08/12 01:07 68 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Pigmentos/ cristais • Hemossiderina - associada a sangramento corando-se de dourado na coloração de Papanicolaou e azul escuro em Diff-Quick. • Melanina - relacionada ao uso de medicamentos como a tetraciclina. O carcinoma medular tam- bém pode produzir melanina. • Cristais de oxalato - podem ser identificados em tecido tireoideano normal, inflamatório ou ne- oplásico. Amiloide Pode ocorrer no carcinoma medular, no bócio amiloide, na amiloidose e também no plasmocitoma da tireoide. Na coloração de Papanicolaou o amiloide assemelha-se a um coloide denso. Coloide Representa os hormônios tireoideanos. É uma glicoproteína PAS + que se cora com mucicarmim. Está presente em muitas patologias particularmente nas lesões foliculares (bócios e neoplasias folicu- lares). A sua quantidade varia de acordo com o estado funcional da glândula, quando abundante está relacionado a folículos grandes ou macrofolículos, quando escasso relaciona-se a folículos pequenos ou microfolículos. Em relação a atividade da glândula quanto mais fino e pálido, maior a sua atividade e quanto mais denso, menor a atividade glandular. Microscopicamente o coloide tem ampla variedade de aparências, mas na essência apenas duas: aquoso ou fluido (difuso) e denso (sólido). Figura 41 - Bócio coloide, 100x. Coloide espesso (seta). Em 2007 na cidade de Bethesda, Maryland, EUA, ocorreu a conferência para discussão e con- clusões sobre a terminologia e critérios morfológicos a serem utilizados nos diagnósticos de PAAF da tireoide e baseado nesses critérios, descreveremos um pouco sobre os achados mais comuns. Livro2_versão2.indd 68 14/08/12 01:07 69 Sistema Bethesda para laudos citopatológicos de tireoide Categorias diagnósticas recomendadas Classe Significado Classe I Classe II Classe III Classe IV Classe V Classe VI Amostra insatisfatória Nódulo benigno Atipia de significado indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado Neoplasia folicular ou nódulo suspeito de neoplasia folicular Lesão suspeita de malignidade Nódulo maligno Insuficiente para diagnóstico ou insatisfatória Para ser satisfatória, a amostra tem que ter pelo menos seis grupos de células foliculares benignas e cada grupo formado por pelo menos dez células. Todas as vezes que um diagnóstico específico (ex.: tireoidite de Hashimoto) ou de malignidade é possível de ser dado essa amostra também será considerada satisfatória. Serão considerados insatisfatórios quando muito hemorrágicos, espessos, dessecados ou quando o número de células foliculares for inadequado. Uma das exceções da adequabilidade inclui uma amostra com coloide abundante, pois é considerada satisfatória mesmo que seis grupos de células não sejam identificados. Um esfregaço pouco celular com coloide abundante é sinal de benignidade (cisto coloide). Outra situação caracterizada de insatisfatória inclui cistos fluidos com ou sem histiócitos e com menos de seis grupamentos com dez células foliculares típicas. Ocasionalmente um sítio adjacente pode ser aspirado e o esfregaço composto principalmente de células de tecido não tireoideano será considerado insatisfatório. a b Figura 42 - Amostras insatis- fatórias, 100x. a - Material escasso. b - Material hemorrágico. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 69 14/08/12 01:07 70 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 43 - Bócio co- loide. a - 200x. Grupamento de células foliculares (seta vermelha) e co- loide fluido (seta pre- ta). b - 400x. Células folicu- lares benignas em mo- nocamada (seta). Atipia de significado indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado Essa categoria é reservada para os esfregaços que contém células (foliculares, linfoides ou outras) com atipia nuclear ou arquitetural não suficiente para ser classificada como suspeitos ou malignos e mais marcada que a encontrada nas alterações benignas. Os preparados celulares têm escasso coloide e padrão folicular, dificultando diferenciação entre quadro reacional e neoplásico. Neoplasia folicular ou nódulo suspeito de neoplasia folicular São representadas por amostras com alta celularidade, células isoladas, grupos ou microfolícu- los, coloide escasso ou ausente e fundo hemático. As células estão normais ou um pouco aumentadas de volume, relativamente uniformes,citoplasma escasso ou em quantidade moderada. O núcleo é redondo, levemente hipercromático e com nucléolo invisível. No entanto, alguma atipia pode ser observada. Deve- -se especificar para que tipo de neoplasia a suspeita está direcionada (adenoma ou carcinoma). Benignos Dentre os diagnósticos benignos os mais comuns são os nódulos foliculares. A maioria dos nódulos foliculares encontrados são proliferações das células foliculares, ou seja, bócio multinodular ou adenoma folicular. Com menor frequência, encontram-se nódulos benignos ou pseudonódulos em pacientes com doenças inflamatórias como Tireoidite de Hashimoto e Tireoidite sub aguda. Muitas condições benignas não causam nódulos, mas produzem alterações celulares benignas (alterações por radiação) que podem ser confundidas com malignidade. Nódulos foliculares benignos são caracterizados por quantidade variável de coloide, células foliculares com aparência de benignidade, células de Hürtle e macrófagos. a b a b Figura 44 - Esfregaços da tireoide - neoplasia folicular. a - Arranjos microfoliculares, 100x. b - Células de Hürtle (oncocitos), 200x. Livro2_versão2.indd 70 14/08/12 01:07 71 Lesão suspeita de malignidade São amostras com elementos celulares suspeitos para malignidade, mas com insufi ciência de cé- lulas para diagnóstico defi nitivo. As alterações morfológicas favorecem malignidade e as amostras são de moderadas a altamente celulares. Deve-se especifi car para que tipo de neoplasia está direcionado a suspeita (suspeito para carcinoma papilar, carcinoma medular, carcinoma metastático, linfoma e outros). Nódulo maligno Esfregaços com elementos citológicos defi nitivos que caracterizam malignidade. Deve-se especi- fi car o tipo de neoplasia, que pode ser: • Carcinoma papilar de tireoide. • Carcinoma pouco diferenciado. • Carcinoma medular de tireoide. • Carcinoma indiferenciado (anaplásico). • Carcinoma de células escamosas. • Carcinoma misto (especifi cando os tipos presentes). • Carcinoma metastático. • Linfoma não Hodgkin. • Outros. Figura 45 - Carcinoma papilífero. a - Grupamentos celu- lares em arranjo papi- lar (setas), 100x. b - Micronucléolo (seta verde) e fenda (seta preta), 400x. c - Pseudoinclusões intranucleares (setas), 200x. d - Corpo de psmamo- ma (seta), 400x. a b dc 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específi cos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 71 14/08/12 01:07 72 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • a b c Figura 46 – Carcinomas, 200x. a - Carcinoma papilífero. b - Carcinoma medular. c - Carcinoma indiferenciado (Anaplásico). Quadro das características diagnósticas de bócio coloide e neoplasma folicular Bócio coloide Neoplasma folicular Variável Abundante Grandes folhetos Presentes Comuns Incomuns Comuns, pleomorfas Pode estar presente Abundantes Abundantes Comuns Não são raros Usualmente celular Pequenas quantidades Grupos microfoliculares Ácinos com luz Incomuns Podem ser vistas Vista em adenoma da célula de Hürtle; monomorfas Incomum Muito ocasionais Incomuns Incomuns Incomuns Características Celularidade Coloide Grupos celulares Folículos intactos Núcleos isolados Células epiteliais Células de Hürtle Feixes de estroma Histiócitos Siderófagos Histiócitos multinucleados Cristais de colesterol Livro2_versão2.indd 72 14/08/12 01:07 73 4.3 Pulmão Anatomia e histologia do trato respiratório O aparelho respiratório pode ser dividido em dois compartimentos, o trato respiratório superior, constituído pela região sinonasal indo até a traqueia, e o trato respiratório inferior que se estende da traqueia aos pulmões. Os pulmões são órgãos duplos que ocupam quase toda a cavidade torácica, tendo como funções primordiais a ventilação e a troca de gases. Cada pulmão pesa em média 600g e divide-se em lobos. O pulmão direito tem dois (o superior e o inferior) e o pulmão esquerdo tem três (o superior, o médio e o inferior). No hilo (entrada) de cada pulmão, o brônquio principal se divide em dois brônquios lobares à esquerda e três à direita. O brônquio lobar apresenta inúmeras subdivisões, de diâmetros cada vez menores, produzindo os bronquíolos respiratórios. Estes se abrem nos alvéolos dando origem às unidades respiratórias ou ácinos pulmonares que constituem o território de trocas gasosas. Um conjunto de três a cinco bronquíolos terminais e seus ácinos forma o lóbulo pulmonar que é bem delimitado por septos finos de tecido conjuntivo, podendo ser reconhecido macroscopicamente. A superfície pulmonar é recoberta pela pleura que consiste de tecido conjuntivo e camada única de células mesoteliais planas. A drenagem pulmonar é feita pelos vasos linfáticos que drenam para os linfonodos hilares. O brônquio principal é revestido por epitélio colunar pseudo-estratificado ciliado com células mucosas de permeio e células pequenas basais (ou de reserva) intercaladas entre as células colunares. Células endócrinas, neurossecretoras, também chamadas de células de Kulchitsky estão presentes no epi- télio dos brônquios. A lâmina própria dos brônquios maiores contém glândulas produtoras de muco e suas paredes são constituídas por tecido conjuntivo, músculo liso e lâminas de cartilagem. Os bronquíolos são revestidos por células colunares ou cubóides ciliadas baixas e possuem paredes finas, sem glândulas ou cartilagem. Já os bronquíolos respiratórios são revestidos por epitélio não ciliado com ocasionais células secretoras claras, conhecidas como células de claras. Os alvéolos são revestidos por pneumócitos tipo I e tipo II e suas paredes são formadas por capilares sanguíneos e estroma de sustentação rico em fibras elásticas. 4.3.1 Células do pulmão Os principais componentes do tecido pulmonar, vistos nos preparados citológicos, são as células do epitélio respiratório e os macrófagos. Células colunares ciliadas São muito especializadas, estão presentes na traqueia e nos brônquios, possuem núcleos basais, cromatina fina e uma barra terminal marcada com cílios. Figura 47 - Células cilíndricas ciliadas. A seta preta apon- ta os cílios, enquanto a seta vermelha indica a posição da barra terminal. Observar os núcleos basais. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 73 14/08/12 01:07 74 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Células mucossecretoras (globet cells) Estão presentes numa relação de uma para seis células ciliadas, também possuem núcleos basais e seu citoplasma é distendido pela presença de mucinas que são secretadas para a luz das vias respiratórias, exercendo importante efeito citoprotetor, tanto do ponto de vista de barreira mecânica, como pela presen- ça em sua composição de receptores para microorganismos, imunoglobulinas, antioxidantes e tampões orgânicos. Células basais ou de reserva Localizam-se junto à membrana basal, são pequenas e indiferenciadas, provavelmente as precur- soras das células ciliadas e mucossecretoras. Células neuroendócrinas (ou células de Kulchistsky) Estão presentes no epitélio brônquico, tanto de forma isolada como em agregados (corpos neu- roepiteliais) e só são identificadas através de colorações especiais ou pela microscopia eletrônica. Estão estreitamente relacionadas com as terminações nervosas da mucosa respiratória e têm funções sensitiva e secretora. Seus produtos de secreção são capazes de modular a proliferação celular, a reparação brôn- quica, a permeabilidade vascular e o tônus da musculatura dos vasos e brônquios, exercendo importante papel na patogêneseda asma. Quando transformadas por carcinógenos originam o carcinoma de pequenas células, uma das neoplasias pulmonares mais agressivas. Células de clara (clara cells) São células colunares, não ciliadas, que revestem os bronquíolos terminais onde o fluxo aéreo é mais lento propiciando maior interação com os componentes químicos inalados. Geralmente não são identificadas como tais nos preparados citológicos. Sua função mais importante é a metabolização de xe- nobióticos e em algumas situações podem contribuir para a geração de intermediários carcinógenos. Células serosas Juntamente com as células mucosas são responsáveis pela maior parte dos componentes orgânicos do fluido que reveste internamente as vias respiratórias e pela secreção de componentes importantes para a defesa pulmonar tais como a lizosima, lactoferrina e imunoglobulina A (IgA). Elas são encontradas na superfície epitelial e nas glândulas da lâmina própria. Pneumócitos Tipo I Revestem cerca de 95% da superfície interna alveolar, são mais numerosas que os pneumócitos II, são planas, pobres em organelas e com citoplasma extenso. São células que não se dividem. Pneumócitos Tipo II Encontram-se na superfície interna alveolar, são células redondas com citoplasma vacuolado, di- fíceis de serem distinguidas dos macrófagos alveolares nos preparados citológicos. São responsáveis pela produção do surfactante, substância que controla a tensão superficial da interface ar-líquido pulmonar e que facilita a fagocitose de microorganismos pelos macrófagos alveolares. Quando há lesão alveolar, funcionam como células de reserva para os pneumócitos tipo I. Livro2_versão2.indd 74 14/08/12 01:07 75 Macrófagos alveolares Originam-se dos próprios pulmões ou dos monócitos circulantes, sendo também conhecidos como pneumócitos tipo III. Cada alvéolo possui de dois a três macrófagos residentes livres que representam a primeira linha de defesa alveolar e são frequentemente identificados contendo pigmento de carbono no seu citoplasma. A presença de hemossiderina no seu citoplasma é indicativa de sangramento antigo que pode estar associado às lesões benignas como infartos, ou às neoplasias malignas. Sua forma depende do tipo e da quantidade do material fagocitado. Geralmente apresentam um ou mais núcleos redondos ou ovais e o citoplasma é vacuolado. Células mesoteliais São frequentemente vistas nas biópsias aspirativas, particularmente nas lesões da pleura. Em ge- ral formam lençóis planos com espaços ou “janelas” entre elas ou podem ser vistas isoladamente. Seus núcleos são redondos ou ovalados, podendo apresentar fendas, a cromatina é fina e uniforme, o nucléolo é pequeno e o citoplasma delicado. Quando reativas, podem ser confundidas com células malignas, pois apresentam citoplasma denso, pleomorfismo nuclear e nucléolo proeminente. 4.3.2 Constituintes não nelulares Podem ser inalados, produzidos pelo hospedeiro ou formados como reposta a material estranho ou ainda introduzidos como contaminantes laboratoriais. Os mais frequentes são: Espirais de Cushmann São filamentos enrolados de muco que se coram em púrpura pelo Papanicolaou. São achados ines- pecíficos e não devem ser relatados no laudo. Cristais de Charcot-Leyden São derivados da degeneração dos eosinófilos em pacientes com doenças alérgicas graves como a asma. Sua estrutura é romboide e eosinofílica. Corpos de Psamoma Estruturas constituídas de calcificação concentricamente laminadas, vistas tanto em tumores ma- lignos com arquitetura papilar (carcinoma papilífero da tireóide e carcinoma do ovário entre outros) como em lesões benignas como a tuberculose pulmonar e a microlitíase alveolar. 4.3.3 Tipos de amostras A interpretação dos espécimes citológicos do trato respiratório requer familiaridade com o tipo de amostra, ou seja, como o espécime foi obtido e de como foi preparado do ponto de vista técnico, pois a citomorfologia e a acurácia diagnóstica variam com eles. As amostras podem ser classificadas em escarro e espécimes brônquicos, já descritos no Capítulo 1. Neste capítulo, descreveremos apenas as amostras de Punção aspirativa por agulha fina (PAAF), que pode ser classificada nos seguintes tipos: Punção aspirativa transbrônquica Útil para o diagnóstico de lesões primárias localizadas abaixo da superfície brônquica e para o estadiamento de câncer pulmonar pela amostra de linfonodos do mediastino. A lesão é aspirada com agu- lha retrátil que passa através de um cateter flexível adaptado ao broncoscópio. É um método bom para distinguir carcinoma de pequenas células dos carcinomas de não-pequenas células. 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 75 14/08/12 01:07 76 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Punção aspirativa transesofágica Feita com o endoscópio através da passagem de uma agulha pelo esôfago. Sua acuidade diagnós- tica é de 70% a 80% que se aproxima da punção aspirativa transbrônquica guiada por ultrassom (84% a 96%). Punção aspirativa percutânea Método alternativo para biopsia cirúrgica, pois apresenta mínima morbidade, facilidade e rapi- dez no diagnóstico. Seu principal objetivo é diferenciar o carcinoma de pequenas células daqueles de não-pequenas células. Geralmente é realizada por radiologistas, utilizando o ultrassom ou a tomografia computadorizada como guia. A intervenção cirúrgica pode ser evitada em mais de 50% dos pacientes com suspeita clínica de câncer pulmonar. O pneumotórax é a complicação mais comum. Contraindicações da Punção Aspirativa • Diátese hemorrágica. • Terapia com anticoagulante. • Hipertensão pulmonar severa. • Tosse incontrolável. • Enfisema avançado. • Suspeita de malformação arteriovenosa. • Paciente não cooperativo. • Suspeita de cisto hidático pulmonar. 4.3.4 Neoplasias malignas do pulmão (carcinomas broncogênicos) O câncer pulmonar é considerado, em todo mundo, o inimigo público número um e a neoplasia maligna letal mais comum, tanto em homens quanto em mulheres. Estima-se que haja 1.2 milhões de ca- sos novos por ano e 1.1 milhões de mortes por ano. Nos homens, cerca de 85% a 90% dos casos podem ser atribuídos ao cigarro. Infelizmente, o hábito de fumar tem aumentado nos países recentemente indus- trializados, particularmente na Ásia e na Europa, e o aumento da sua prevalência entre mulheres jovens é preocupante. Embora tenha havido declínio na taxa de mortalidade, em alguns países desenvolvidos que fizeram programas de controle, o prognóstico ainda é pobre na maioria dos países com uma sobrevida de 10% em cinco anos. Assim, a prevenção primária, ou seja, estimular aos que nunca fumaram a não começar a fumar e aos fumantes a parar de fumar, permanece sendo a medida mais eficaz para a redução da mortalidade. As causas para o seu desenvolvimento são inúmeras. No entanto, a associação mais forte tem sido com o uso do tabaco (80% a 90% dos casos de câncer do pulmão estão associados ao uso do tabaco) que contém inúmeras substâncias carcinógenas, tais como compostos radioativos e agentes iniciadores da carcinogênese. Dentre os muitos carcinógenos do tabaco, o benzopireno é considerado um dos principais causadores da mutação no gene TP53 (gene supressor tumoral) observada nos carcinomas pulmonares dos fumantes. Outros fatores que podem estar envolvidos no desenvolvimento do carcinoma pulmonar incluem: radiação, gás radônio, poluição do ar, exposição ocupacional a metais (arsênico, níquel), à sílica cristalina e aos compostos de níquel como o benzeno e o cloreto de vinil. Exposição ao asbestos potencia- liza o efeito do tabaco. Vírus e oncogenes virais também podem estar associados ao carcinoma pulmonar. O carcinoma pulmonar geralmente afeta indivíduos que estão acima dos 40 anos e apresentaum pico de incidência em torno dos 60 anos. Tosse, dispneia, rouquidão, hemoptise ou pneumonia são um dos Livro2_versão2.indd 76 14/08/12 01:07 77 Figura 48 - a - Adenocarcinoma bem diferenciado do pulmão, 200x. Lavado brônquico. Núcleo grande (seta preta) e nucléolo proeminente (seta vermelha). b - Adenocarcinoma bronquíolo alveolar, 200x. Discreta atipia nuclear (seta preta) e citoplasma delicado (seta verde). Figura 49 - Carcinoma escamoso bem diferenciado. Escovado brônquico, 400x. a - Célula com citoplasma queratinizado (seta). b - Escamas córneas em área de necrose tumoral (seta). a b principais sintomas. Em alguns pacientes assintomáticos, no entanto, os carcinomas podem ser diagnosti- cados incidentalmente em exames de imagem Histologicamente, os carcinomas pulmonares podem ser agrupados nos seguintes tipos: carcino- ma escamoso, adenocarcinoma, carcinoma de grandes células e carcinoma de pequenas células Estes carcinomas frequentemente apresentam heterogeneidade histológica, ou seja, em uma lesão, podem ser identificados mais de um tipo histológico. a b 4 Padrões Citopatológicos em Órgãos Específicos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Livro2_versão2.indd 77 14/08/12 01:07 78 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 50 - Carcinoma de pequenas células. Escovado brônquico, 400x. a - Amoldamento nuclear (seta preta) e cromatina em “sal e pimenta” (seta verde). b - Mitose atípica (seta). a b O escrutínio dos esfregaços deve considerar que a presença de abundante celularidade e de grupamentos grandes com células apresentando núcleos maiores que o núcleo das células brônquicas, ainda que uniformes, deve levantar a suspeita de malignidade. A análise citológica deve ser bastante criteriosa sempre considerando a heterogeneidade destes tumores, para que se faça uma correta classificação. Do ponto de vista clínico, a classificação em carcinoma de pequenas células e em carcinoma de não-pequenas células é fundamental para o planejamento terapêutico, uma vez que os carcinomas de pequenas células apresentam comportamento mais agressivo, pois crescem rapidamente e não são ressecáveis cirurgicamente. Com o desenvolvimento de novas terapias para tipos específicos de carcinoma pulmonar, a distinção histológica e mesmo molecular está se tornando a cada dia mais importante para o tratamento. Padrões comparativos de benignidade e malignidade dos aspirados (PAAF) do pulmão Benignidade Malignidade Poucas Organizados, ordenados e com coesão Dentro da normalidade De quatro a seis vezes menor Suave Fina a grosseira, mas regular Presentes Muitas Desorganizados, com superpo- pulação e sem coesão Altos índices da relação Em geral, seis vezes maior Irregular Irregular e grosseira Ausentes Presença de células atípicas Arranjos Relação núcleo/citoplasma Aumento nuclear Membrana nuclear Cromatina Cílios Livro2_versão2.indd 78 14/08/12 01:07 79 4.4 Líquidos A pleura é uma delicada membrana serosa que reveste o pulmão (pleura visceral) e a parte interna da parede torácica (pleura parietal). A pleura visceral e a parietal estão em continuidade e formam um espaço virtual entre elas. Uma pequena quantidade de líquido está presente no espaço pleural que age como lubrificante para facilitar os movimentos respiratórios. A pleura normal possui uma camada única de células mesoteliais com uma pseudomembrana que repousa num tecido conjuntivo. Neste tecido conjuntivo podemos encontrar arteríolas, vênulas e nervos (periféricos, simpáticos e parassimpáticos). A estrutura, a função e as doenças do pericárdio e peritônio são similares as da pleura. Células mesoteliais É muito importante saber reconhecer as células mesoteliais benignas, pois elas podem ser confundidas com malignidade (particularmente adenocarcinoma), especialmente quando são reativas ou aparentemente atípicas, como frequentemente se apresentam. As células mesoteliais são células epiteliais derivadas do mesoderma. Quando normais ou não reativas, são vistas na PAAF como arranjos planos e ordenados, apresentando citoplasma e bordos celulares definidos com espaços ou “janelas” proeminentes entre elas. Os núcleos não reativos são paracentrais, usualmente uniformes, redondos a ovais, com cromatina fina e delicada e nucléolos infrequentes. Alterações reativas das células mesoteliais são comuns. Além dos arranjos planos e células isoladas, grupos tridimensionais com contornos em rosetas ou grupos papilares podem ser vistos. As células reativas apresentam variações pleomórficas (forma e tamanho). O citoplasma dessas células é denso na parte central e delicado e claro na borda. Os núcleos são centrais ou paracentrais com contorno irregular e nucléolo proeminente. As doenças mais frequentes do mesotélio são infecções e neoplasias. Mesoteliomas benignos São raros na pleura e mais comuns no peritônio. Em geral o tumor cresce como um processo papi- lar recoberto por uma ou mais camadas de células mesoteliais. Na PAAF a celularidade é abundante com arranjos de células mesoteliais reativas ou atípicas. Os mesoteliomas benignos fibrosos são mais comuns na pleura (visceral) que no peritônio e uma das principais características é o predomínio dos fibroblastos em relação às células mesoteliais. A celularidade é variável. Algumas lesões são muito vascularizadas resultando num aspirado hemorrágico. As células são fusiformes, lembrando fibroblastos e núcleos des- nudos podem ser vistos. Fragmentos de estroma metacromático frequentemente estão presentes. Mitoses não são vistas. Em alguns casos a celularidade pode ser maior, com células moderadamente pleomórficas e com cromatina grosseira. Mesoteliomas malignos A pleura é o local mais frequente dos mesoteliomas malignos, mas estes também podem ocorrer no pericárdio e peritônio. Na PAAF as amostras são usualmente celulares, e os achados citológicos po- dem mostrar alterações puramente epiteliais, bifásicas (epiteliais e células fusiformes) até anaplásicas. O padrão bifásico é muito característico, mas nem sempre está presente. Alta celularidade com papilas abundantes e achados clínicos favoráveis ajudam no diagnóstico. O tipo mais comum do mesotelioma maligno é o carcinomatoso. Os aspectos celulares podem ser mínimos ou inequívocos de malignidade. As células formam agrupamentos planos ou tridimensionais, papilares ou do tipo túbulo acinares, mas podem ser pouco coesas sob a forma de células isoladas. O contorno celular varia de redondo a poligonal ou an- gular e pequeno componente de células fusiformes é comum. O citoplasma é abundante com bordos bem definidos. Vacuolização pode estar presente e ser decorrente de natureza degenerativa ou conter mucina Livro2_versão2.indd 79 14/08/12 01:07 80 Caderno de Referência 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 52 - Líquido pleural, 400x. Metástase de adenocar- cinoma pulmonar. Núcleos atí- picos com cromatina granular e grosseira (setas). mesenquimal metacromática (ácido hialurônico). A presença de células epitelioides vacuolizadas sugere adenocarcinoma. Corpos de psamomas e corpos de asbestos podem ser encontrados, mas nenhum deles é específico para malignidade. Livro2_versão2.indd 80 14/08/12 01:07 81 Referências ALI S.Z.; CIBAS E.S. The Bethesda System for thyroid cytopathology: definitions, criteria, and explanatory notes. New York: Springer, 2009. BIBBO, M. Comprehensive Cytopathology. 2. ed. Philadelphia: Saunders, 1997. CIBAS, E.S.; DUCATMAN, B. S. Cytology, diagnostic principles and clinical correlates. 3. ed. Philadelphia: Saun- ders, 2009. DeMAY R.M. The art and science of Cytopathology. Vol 1 e 2. American Society of Clinical Pathologists, 1996. FILHO, G. B. Bogliolo Patologia.8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. HAJDU, S.; EHYA, H. A note from history: foundation of diagnostic cytology. Annals of Clinical & Laboratory Scien- ce, 2008; 38(3):296-299. Disponível em: <www.annclinlabsci.org>. Acesso em: 26 dez. 2011. KOSS, L.G. Diagnostic cytology and its histopathologic bases. 3. ed. Vol 2. 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Fátima Regina Gomes Pinto Médica, especialista em citopatologia; citopatologista do Serviço de Patologia do Trato Genital Inferior do Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP) e do Laboratório da Mulher do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE) da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. Letícia Maria Correia Katz Médica, especialista em citopatologia pela Sociedade Brasileira de Citopatologia e Associação Médica Brasileira; mestre em Saúde Materno Infantil pelo Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (IMIP-PE); citopatologista do Laboratório da Mulher do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE) da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco e do Laboratório da Secretaria Municipal de Saúde de Recife/PE; vice presidente da Sociedade Brasileira de Citopatologia; Vogal da Sociedade Latinoamericana de Citopatologia (SLAC); revisora do Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (JBPML). Livro2_versão2.indd 85 14/08/12 01:07 Livro2_versão2.indd 86 14/08/12 01:07