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Artigo "O Negócio Jurídico Processual no Novo Código de Processo Civil" Bruno Vendramini

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FACULDADES INTEGRADAS “ANTONIO EUFRÁSIO 
DE TOLEDO” 
Faculdade de Direito de Presidente Prudente – SP 
___________________________________________________________________ 
 
O NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL NO NOVO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL 
 
 
 
Bruno VENDRAMINI 1 
 
RESUMO: O presente trabalho analisa algumas mudanças trazidas pela lei 13.105 
de 2015 - Novo Código de Processo Civil. O tema estudado aborda a diferença de 
fatos, atos, atos-fatos jurídicos e negócios jurídicos. Após, adentra ao conceito de 
negócio jurídico processual, a diferença entre negócios processuais típicos e 
atípicos, forma, objeto, agente, tempo, requisitos de validade e a forma de 
impugnação. Dentre os principais métodos de pesquisa existentes para o 
desenvolvimento de um artigo científico, foram adotados os métodos dialético e 
comparativo. Para pesquisa do tema foram utilizados livros, pesquisas teóricas, 
artigos, publicações, legislações e sites da internet. 
 
Palavras-chave: Novo Código de Processo Civil. Negócio Jurídico Processual. 
Autorregramento da vontade. Artigo 190 NCPC. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O objetivo do presente estudo foi trazer, de maneira clara e sucinta 
algumas mudanças processuais trazidas pelo Novo Código de Processo Civil (Lei 
13.105/2015) em relação ao Código de Processo Civil de 1973, ainda vigente, em 
um estudo geral. 
Após, adentra ao tema específico, abordando a diferença de fatos, 
atos, atos-fatos jurídicos e negócios jurídicos; ao conceito de negócio jurídico 
processual, tema considerado uma grande mudança trazida pelo NCPC, com 
previsão legal no art. 190, que permite as partes criarem cláusulas que irão ajustar 
o procedimento processual conforme suas especificidades. Aborda também a 
diferença entre negócios processuais típicos e atípicos, a forma, o objeto, os 
agentes, o tempo, os requisitos de validade e a forma de impugnação do negócio 
jurídico processual. 
 
1 Discente do 8º termo C do curso de Direito das Faculdades Integradas “Antonio Eufrásio de Toledo” 
de Presidente Prudente. E-mail brunovendra@gmail.com. 
 
FACULDADES INTEGRADAS “ANTONIO EUFRÁSIO 
DE TOLEDO” 
Faculdade de Direito de Presidente Prudente – SP 
_________________________________________________________________ 2 
2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O NCPC 
 
Com o advento no Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) e 
a revogação do Código de Processo Civil de 1973, ainda vigente, diversas 
inovações vieram à voga, das quais as principais serão abordadas a seguir. 
Primeiramente, vale pontuar que o CPC/39 e o CPC/73 adotaram o 
modelo social ou publicístico. A contrario sensu, no CPC/2015 passa a ganhar força 
o direito de liberdade com o exercício da autonomia da vontade no processo e 
consequentemente a possibilidade de autorregramento da vontade das partes no 
processo, assim, a partir disso ganhou o apelido de “código das partes”. 
Buscou-se, ainda, com o novo código, a valorização da conciliação e a 
instituição de um modelo cooperativo do processo. Para tanto, foram realizadas 
audiência públicas para elaboração do código, com o acolhimento das sugestões da 
sociedade. Tanto é que, já nos primeiros artigos, o código elenca princípios 
norteadores do processo civil, normatizando uma quantidade maior de princípios do 
que o código anterior, demonstrando, desde já, a essência e o objetivo do código: a 
valorização dos princípios constitucionais, a duração razoável do processo, o 
incentivo à conciliação, o direito de defesa, entre outros. 
Assim, segundo Luiz Dellore2, o novo código trouxe consigo diversas 
mudanças orientadas pelos princípios supracitados, quais sejam: 
a) A criação da audiência de conciliação e mediação, com o objetivo 
de incentivar a conciliação, a solução consensual dos conflitos, e para diminuir a 
carga de processos do Poder Judiciário. Para tanto, os tribunais serão obrigados a 
criar setores especializados para audiências de mediação e conciliação; 
b) A subordinação e a tentativa de estabilização da jurisprudência e 
reconhecimento desta como fonte do Direito: os juízes e tribunais serão obrigados a 
seguir decisões do STJ e STF, podendo arquivar um processo sem mesmo citar a 
parte contrária caso esta contrarie a jurisprudência dos tribunais superiores; 
c) A criação do incidente de resolução de demandas repetitivas, para 
“desafogar” o judiciário; 
2 Web site disponível em < http://dellore.jusbrasil.com.br/artigos/179494111/as-principais-inovacoes-do-novo-
cpc-ncpc-novocpc > Acessado em 22 de outubro de 2015 
 
FACULDADES INTEGRADAS “ANTONIO EUFRÁSIO 
DE TOLEDO” 
Faculdade de Direito de Presidente Prudente – SP 
_________________________________________________________________ 3 
d) A contagem dos prazos processuais somente em dias úteis e as 
férias do advogado do dia 20 de dezembro a 20 de janeiro, permitindo um maior 
descanso aos advogados; 
e) As ações de família terão tramitação especial, objetivando sempre a 
solução consensual do conflito; 
f) A ordem cronológica para julgamento dos processos, em que os 
juízes terão de seguir a ordem para análise e decisão, afastando assim qualquer 
influência sobre a sequência dos julgamentos; 
g) As demandas individuais, caso demonstrem interesse da 
coletividade poderão transmudar-se em ações coletivas, valendo a decisão 
proferida neste processo para toda a coletividade interessada; 
h A extinção do agravo retido, que foi criado somente para evitar a 
preclusão. O encarecimento das custas da fase recursal, com a finalidade de evitar 
recursos meramente protelatórios, seguindo o princípio da celeridade processual; 
i) Os honorários advocatícios de sucumbência serão pagos também na 
fase recursal; 
j) Em ações que envolvam pagamento de pecúnia, o executado que 
deixar de cumprir essa obrigação terá seu nome negativado e esse será inserido 
em cadastro de devedores e em órgãos de proteção ao crédito; 
l) A regulamentação do amicus curiae, podendo este instituto ser 
utilizado em ações de matéria controversa e relevante, para auxiliar com sua 
experiência na matéria objeto do processo, na defesa do interesse público; 
m) E, finalmente, a criação do negócio jurídico processual, previsto no 
artigo 190 do CPC/153, tema que será debatido no presente artigo. 
 
3 FATOS, ATOS, ATOS-FATOS JURÍDICOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
Os fatos jurídicos podem surtir da natureza ou de atos humanos. 
Surtindo de atos humanos, os fatos jurídicos podem ser um ato jurídico, negócio 
jurídico, ato ilícito ou ato-fato. 
3 Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente 
capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os 
seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
 
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_________________________________________________________________ 4 
Os atos que manifestam ou exteriorizam a vontade humana tornam-se 
atos jurídicos quando sofrem incidência da norma que os prevê. Já os atos ilícitos 
são aqueles que contrariam o direito, os quais trazem uma consequência ruim para 
o sujeito que pratica o ato. 
Já os atos-fatos jurídicos são “atos humanos, em que não houve 
vontade, ou dos quais se não leva em conta o conteúdo de vontade, aptos, ou não, 
a serem suportes fáticos de regras jurídicas”4. Ou seja, quando a vontade humana é 
desprezada, tem-se o ato-fato. 
Por fim, o negócio jurídico, objeto do presente estudo, que se relaciona 
coma autonomia da vontade e com a escolha na estruturação do conteúdo da 
relação jurídica. Pode se dizer, ainda, que consiste em uma declaração de vontade 
com o fim de produzir efeitos jurídicos. Geralmente é definido como ato de 
autonomia privada e, por consequência, tem como característica a 
autodeterminação, autovinculação, autorregulação5. 
Posto isso, passa-se a discorrer sobre o conceito de negócio jurídico 
processual. 
 
4 CONCEITO DE NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL 
 
De acordo com os ensinamentos de Pedro Henrique Pedrosa 
Nogueira, pode-se definir o negócio jurídico processual como: 
 
O fato jurídico voluntário em cujo suporte fático, descrito em norma 
processual, esteja conferido ao respectivo sujeito o poder de escolher a 
categoria jurídica ou estabelecer, dentre dos limites fixados no próprio 
ordenamento jurídico, certas situações jurídicas processuais.6 
 
Ou, em outras palavras, como fato jurídico voluntário em que o sujeito 
tem o poder de escolher ou estabelecer certas situações jurídicas processuais, 
sempre dentro dos limites permitidos no próprio ordenamento jurídico. 
4 MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de direito privado. Atual. Vilson Rodrigues Alves. 
Campinas: Bookseller, 1999, t.1, § 26, n. 2, p. 133. 
5 CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no Processo Civil Brasileiro, 2014. 
6 NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa. Negócios Jurídicos Processuais: Análise dos provimentos judiciais 
como atos negociais. Salvador: Tese de Doutorado da UFBA, 2001, p. 137. 
 
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O negócio jurídico processual é produto da autonomia privada e da 
autorregulação de interesses, o que implica liberdade de celebração e de 
estipulação. 
Desta feita, fica evidente, na forma do art. 190 do NCPC, que o 
legislador permite a influência do autorregramento da vontade, e, ainda, deixa um 
espaço para que os sujeitos do processo possam influir e participar na construção da 
atividade procedimental. 
 
5 NEGÓCIOS PROCESSUAIS TÍPICOS E ATÍPICOS 
 
Os negócios jurídicos processuais podem ser divididos em típicos e 
atípicos. O NJP típico é aquele previsto em lei, estando nela regulado, do qual o 
esforço das partes na sua regulação é dispensável, pois esta já está regulada em lei. 
Pode-se perceber vários NJPs típicos no Código de Processo Civil de 
1973, dentre eles: 
 
a) modificação do réu na nomeação à autoria (arts. 65 e 66); 
b) sucessão do alienante ou cedente pelo adquirente ou cessionário da coisa 
litigiosa (art. 42, § 1º): 
c) acordo de eleição de foro (art. 111); 
d) prorrogação da competência territorial por inércia do réu (art. 114); 
e) desistência do recurso (an. 158; art. 500, IlI); 
f) convenções sobre prazos dilatórios (art. 181); 
g) convenção para suspensão do processo (arts. 265, II, e 792); 
h) desistência da ação (art. 267, § 4°; art. 158, parágrafo único); 
i) convenção de arbitragem (art. 267, VII; art. 301, IX); 
j) revogação da convenção de arbitragem (art. 301, IX, e § 4º); 
k) reconhecimento da procedência do pedido (art. 269, II); 
l) transação judicial (arts. 269, IlI, 475-N, IlI e V, e 794 II); 
m) renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação (art. 269, V); 
n) convenção sobre a distribuição do ônus da prova (art. 333, parágrafo 
único); 
o) acordo para retirar dos autos o documento cuja falsidade foi arguida (art. 
392, parágrafo único); 
p) conciliação em audiência (arts. 447 a 449); 
q) adiamento da audiência por convenção das partes (art. 453, I); 
r) convenção sobre alegações finais orais de litisconsortes (art. 454, § 1º); 
s) liquidação por arbitramento em razão de convenção das panes (art. 475-C, 
I); 
t) escolha do juízo da execução (art. 475-P. parágrafo único): 
u) renúncia ao direito de recorrer (art. 502); 
v) requerimento conjunto de preferência no julgamento perante os tribunais 
(art. 565, parágrafo único); 
w) desistência da execução ou de medidas executivas (art. 569); 
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x) escolha do foro competente pela Fazenda Pública na execução fiscal (art. 
578, parágrafo único); 
y) opção do exequente pelas perdas e danos na execução de obrigação de 
fazer (art. 633); 
z) desistência da penhora pelo exequente (an. 667, III): 
aa) administração de estabelecimento penhorado (an. 677, § 2º): 
bb) dispensa da avaliação se o exequente aceitar a estimativa do executado 
(art. 684, I): 
cc) opção do exequente pelo por substituir a arrematação pela alienação via 
internet (art. 689-A): 
dd) opção do executado pelo pagamento parcelado (art. 745-A); 
ee) acordo de pagamento amigável pelo insolvente (art. 783); 
ff) escolha de depositário de bens sequestrados (art. 824, I); 
gg) acordo de partilha (art. 1.031).7 
 
Estes são negócios jurídicos processuais típicos, expressamente 
regulados no CPC/73. Nota-se que esses negócios podem ser unilaterais, como por 
exemplo, a desistência da penhora pelo exequente; mas também podem ser 
bilaterais, como a desistência da ação depois da resposta do réu. 
Em regra, produzem efeitos imediatamente, com exceção da 
desistência da ação, que só produz efeitos depois de homologada pelo juiz. 
Em contrapartida, é possível que as partes pactuem negócios fora 
dessas hipóteses, de forma a atender às suas conveniências e necessidades. Desta 
forma, quando houver detalhamento legal, o negócio jurídico é atípico. 
No CPC/73, os negócios jurídicos processuais atípicos estão 
autorizados pelo disposto no art. 158, que fora reproduzido no art. 200 do NCPC: 
“Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de 
vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de 
direitos processuais” e, no CPC/15, no referido art. 190. 
Os negócios jurídicos atípicos podem ser unilaterais, bilaterais ou 
plurilaterais e produzem efeitos imediatos. 
 
6 FORMA 
 
No negócio jurídico processual, a declaração de vontade deve ter 
necessariamente a forma escrita. Ainda que manifestada oralmente em audiência ou 
7 CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios jurídicos processuais no Processo Civil Brasileiro. 2014. 
 
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_________________________________________________________________ 7 
por outro meio, essa vontade deve ser reduzida a termo ou registrada de alguma 
forma que permita a reprodução.8 
Ainda, a manifestação de vontade deve ser sempre de forma expressa, 
nunca de forma tácita. Além disso, não há exigência de celebração por instrumento 
público e, em contrapartida, se celebrado de forma particular, esse deverá ser 
juntado aos autos, ganhando forma pública9. 
 
7 OBJETO 
 
De início, é importante observar que o negócio processual pode ser 
feito antes ou durante o processo. Além disso, pode-se instituir e regular um 
processo extrajudicial, como por exemplo a realização de atividade de instrução 
preliminar, semelhante ao sistema do common law.10 
O objeto do negócio processual é indeterminado, haja vista que cada 
um apresenta elementos particulares, sempre voluntários, de conteúdo 
indeterminado, o que torna impossível examinar o objeto do negócio processual de 
forma exaustiva. Claro que nesses acordos, tanto a validade como a eficácia 
deverão passar pelo crivo do judiciário. 
Ainda, as partes só poderão pactuar sobre direitos que admitamautocomposição, na forma da lei. 
 
8 AGENTE 
 
Antes de adentrar ao tema, vale pontuar que o juiz não é agente do 
negócio processual, mas sim as partes que são os agentes. Além disso, o juiz não 
precisa ou deve “homologar” o ato das partes, até porque não há previsão legal para 
isso, mas sim observar e efetivar aquilo que foi pactuado pelas partes. Em 
contrapartida, o juiz deve também, em momento oportuno, controlar a licitude do 
pacto, em decisão fundamentada e sujeita a impugnação, a qual deve vir em forma 
de incidente, que será melhor discorrido neste trabalho.11 
8 YARSHELL, Flávio Luiz. Convenção das partes em matéria processual: rumo a uma nova era? 
9 YARSHELL, op. cit. 
10 YARSHELL, op. cit. 
11 YARSHELL, op. cit. 
 
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_________________________________________________________________ 8 
 
9 TEMPO 
 
No que tange ao tempo, as partes podem tanto pactuar tanto em 
momento anterior ao processo, como para regulamentar uma situação extrajudicial, 
como a instrução preliminar, ou para regulamentar uma eventual futura ação judicial 
envolvendo o contrato ou negócio que está sendo realizado. 
As partes podem ainda pactuar durante o processo, durante qualquer 
fase do procedimento, desde que haja o que convencionar. As partes poderão, por 
exemplo, na audiência de mediação e conciliação, pactuar que todas as 
interlocutórias serão irrecorríveis, e que a sentença será irrecorrível, de forma a 
tornar o procedimento mais célere. Até mesmo na fase recursal as partes poderão 
negociar; todavia, é notório que as possibilidades para o exercício da autonomia da 
vontade diminuem nesta fase do procedimento. 
O tempo do negócio é importante também para determinar a legislação 
aplicável, para o caso de mudança legislativa entre a celebração do negócio e futuro 
litígio. 
Primeiro, há de se esclarecer que o negócio jurídico processual não é 
um ato processual, então não há de se falar da regra do isolamento e impor imediata 
aplicação da lei nova ao negócio processual. 
Posto isso, a superveniência de norma processual cogente e de ordem 
pública tornaria inviável a execução da regra processual que as partes pactuaram. 
Porém, se a execução desse pacto for viável, o juiz e as partes deverão respeitar o 
pactuado, de forma a respeitar o direito constitucional do ato jurídico perfeito e do 
direito adquirido. 
Claro que as partes, com a ocorrência da alteração da legislação, 
podem rever o negócio para ajustar a nova norma e a sua vontade.12 
 
10 REQUISITOS DE VALIDADE 
 
O primeiro requisito de validade é que o negócio jurídico processual 
deve ser resultado de processo volitivo com a presença de adequada consciência da 
12 YARSHELL, loc. cit. 
 
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_________________________________________________________________ 9 
realidade e do que se está contratando, juntamente com a liberdade de escolha e 
boa-fé. Se isso não estiver presente, o negócio deve ser anulado por vício resultante 
de erro, dolo ou coação. 
O segundo requisito é a igualdade real das partes e a paridade de 
armas, ou seja, as partes não podem, por sua proeminência econômica ou de 
qualquer outra, se sobrepor à outra parte de forma que a “force” realizar o negócio, 
de modo que imponha regras processuais que lhe sejam mais favoráveis ou 
vantajosas, considerando caso a caso. Neste requisito, vale lembrar o parágrafo 
único do art. 190 do NCPC, que trata exatamente deste requisito, normatizando que 
o juiz deverá controlar a validade das convenções e recusar a aplicação se perceber 
a nulidade - que trata o primeiro requisito - ou de inserção abusiva em contrato de 
adesão – que seria o consumidor – ou alguma parte que se encontre em situação de 
vulnerabilidade por qualquer motivo que seja econômico, de relação empregatícia ou 
qualquer outra. 
Desta forma, a desigualdade e a disparidade de armas é uma 
característica corriqueira da vida e do mundo capitalista, e, o juiz, tendo isso em 
mente, deve controlar a validade dessas cláusulas abusivas e eventual 
preponderância de um dos sujeitos não deve resultar em regras favoráveis a ele e 
desfavoráveis a outra parte. Portanto, pode sim haver negócio processual entre 
pessoas desiguais visto de qualquer ponto de vista, desde que no processo haja a 
igualdade real. 
O negócio processual exige também, na foram do art. 190 sujeitos 
“plenamente capazes”. Portanto, em uma intepretação reversa, não é possível a 
celebração de negócio processual por sujeitos relativa ou absolutamente incapazes, 
mesmo que na pessoa de seus representantes legais, gerando a nulidade do ato, 
qualquer que seja o grau de incapacidade do indivíduo.13 
 
10.1 Presença De Advogado 
 
A validade do negócio processual não depende da presença do 
advogado, todavia é recomendável a orientação desse, por se tratar de matéria 
técnica, o que foge ao conhecimento do leigo. Isso se dá porque o negócio 
13 YARSHELL, loc. cit. 
 
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_________________________________________________________________ 10 
processual não é um ato processual, que exige capacidade postulatória. Ou seja, o 
fato do negócio processual envolver o procedimento e posições jurídicas não o torna 
um ato que seja indispensável a presença de advogado. 
Podemos pensar, por exemplo, em um sujeito que já teve orientação 
por advogado, já demandou várias vezes o Poder Judiciário e faz constantemente 
um determinado tipo de contrato. Diante disso, este sujeito chegou à conclusão que 
o melhor para ele é que a sentença transite em julgado imediatamente, não sendo 
possível a apelação. Chegando a esta conclusão, este sujeito começa a estipular 
neste determinado tipo de contrato esta cláusula de irrecorribilidade da sentença. 
Portanto, chega-se à conclusão que seria abusivo para esse sujeito a presença do 
advogado toda vez que firma-se seus contratos, tendo de arcar com honorários de 
advogado. 
Em contrapartida, se mostra inviável que as partes pactuassem que 
seria desnecessária a presença do advogado em eventual e futura ação judicial 
envolvendo aquele contrato, haja vista que o leigo não tem conhecimento técnico 
suficiente para realizar o trabalho do advogado. Ainda, a Constituição Federal 
estabelece que o advogado é indispensável à administração da justiça, o que exige 
adequada informação acerca dos direitos, deveres, riscos e chances envolvidas em 
demandar ou resistir a pretensão da outra parte14. 
Da mesma forma, seria nula eventual disposição que excluísse ou 
mudasse a destinação dos honorários de sucumbência, haja vista os honorários 
advocatícios serem considerados de natureza alimentar. Porém, seria válida essa 
disposição se os advogados das partes comparecessem ao ato e concordassem 
com o pactuado. 
 
11 FORMA DE IMPUGNAÇÃO 
 
Como já dito, o controle da validade e eficácia do negócio jurídico 
processual deve se dar pelo órgão jurisdicional. Ainda, esse controle deve ser feito 
de ofício pelo juiz ou a requerimento da parte, incluindo-se o Ministério Público como 
fiscal da lei. 
14 YARSHELL, loc. cit. 
 
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Isso deveser dar de forma incidental ao processo em que o conteúdo 
do negócio for apresentado ao Poder Judiciário, ou seja, o processo principal seria o 
litígio em si, e o processo incidental seria a discussão existente sobre a validade de 
cláusula de negócio jurídico processual15, o qual deve ser chamado de “incidente de 
negócio processual”. 
Certamente que o juiz não deve examinar a integralidade do negócio, 
de modo a adiantar eventuais nulidades futuras, o que seria a desfavor da 
celeridade. O controle deve ser feito de acordo com a fase processual e, ainda, vale 
ressaltar que não há preclusão sobre o tema. 
Já em fase recursal, caso haja alguma estipulação sobre essa fase do 
processo, o controle deverá ser feito pelo relator, cuja decisão será revista pelo 
colegiado. 
Em contrapartida, não haveria interesse processual uma demanda cuja 
discussão seria exclusivamente uma cláusula de negócio processual, pois esta 
cláusula só surtiria efeitos no mundo jurídico com a propositura de eventual litígio 
sobre aquele contrato estipulado entre as partes com cláusula de negócio 
processual. 
Em caso de pluralidade de partes no contrato, o reconhecimento de 
invalidade em um incidente de negócio processual para uma das partes prevalecerá 
perante todos, podendo utilizar o julgamento desse incidente para futura demanda. 
Isso deve se dar para evitar decisões conflitantes, não sobrecarregar o Judiciário 
com incidentes repetitivos e em razão da celeridade.16 
 
12 CONCLUSÃO 
 
Com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, apelidado 
de “código das partes”, fica evidente a valorização da autonomia da vontade das 
partes em matéria processual. Ainda, essa autonomia não deve ser utilizada apenas 
como forma de exercitar a criatividade dos advogados e sim, alterar as regras 
criadas pelo Legislador para se adequem a cada caso concreto, dando efetividade e 
racionalidade, com o objetivo de trazer resultados relevantes ao processo. 
15 YARSHELL, loc. cit. 
16 YARSHELL, op. cit. 
 
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_________________________________________________________________ 12 
Isso deve se dar com a colaboração, aceitação do novo código e boa 
vontade dos magistrados e de todos os operadores do Direito, que devem estar 
abertos a esse novo cenário do processo civil. Somente assim, será possível o 
sucesso das novas e relevantes disposições, que levarão o processo civil a uma 
nova Era. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL, Código de processo civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o 
código de processo civil. Web site disponível em < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm > 
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