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Cinema A primeira projeção pública de filmes foi feita pelos irmãos Lumiere, em 28 de Dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café, em Paris. Do programa constaram, entre outros, os filmes A saída da Fábrica Lumière e A chegada de um trem à estação de La Ciotat. Entre o final do século 19 e o começo do 20 o cinema era uma das mais baratas formas de entretenimento, e seu público era essencialmente a classe trabalhadora (incluindo muitos imigrantes, que aproveitavam melhor o cinema mudo), que lotava os nickelodeons (primitivas salas de exibição, com ingresso a um níquel – US$0,05. Chegaram a 10.000, só nos EUA), pois teatro, mesmo o popularesco, era muito caro. Em 1908 os primeiros filmes em cores são exibidos em Londres. A realização de longas-metragens de maior qualidade, como A Dama das Camélias (França, 1911), Henrique VIII (Inglatera, 1911) e Hamlet (Inglaterra, 1913) encontram grande receptividade na classe média e o cinema vai deixando de ser uma forma de entretenimento para o proletariado. Os nickelodeons entram em declínio. Os pais da arte cinematográfica são o americano D.W.Griffith (O Nascimento de uma Nação, 1915) e o russo Sergei Eisenstein (O Encouraçado Potemkin, 1925). O cinema sonoro é lançado com The jazz Singer, de 1927. A idéia de mostrar notícias no cinema vem desde os primórdios deste (p. ex.: vôo do 14Bis, em 1906). O newsreel é um pequeno documentário, que era habitualmente exibido antes de um longa-metragem. Seu auge foi durante a Segunda Guerra e fizeram parte da programação dos cinemas até ao anos 60, quando os telejornais o substituíram. Em 1934, Louis B. Mayer, chefão da Metro, utilizou o newsreel do estúdio contra o candidato ao governo da Califórnia, Upton Sinclair – que perdeu as eleições. Em 1935, estréia documentário O triunfo da vontade, de Leni Riefenstahl, sobre o 2º Congresso do Partido Nazista, em 1934: arma de propaganda ideológica nazista. Em 1941, Cidadão Kane, de Orson Welles, sobre a ascenção e queda de um magnata da imprensa: todos os recursos da comunicação e da informação, para mostrar o poder da comunicação e da informação. Não estourou nas bilheterias, porque foi alvo de campanha negativa de uma cadeia de jornais, cujo dono, William R. Hearst era, supostamente biografado no filme. Hoje é considerado um dos filmes mais importantes de todos os tempos. Durante a Segunda Guerra, o governo americano cria o Gabinete de Informação de Guerra (Office of War Information) para coordenar a propaganda de guerra e os laços com Hollywood. Dentre suas práticas e atribuições estão a censura ao cinema e ao cinejornalismo e, ao mesmo tempo, o incremento à produção de propaganda cinematográfica. Documentário e jornalismo apresentam estruturas semelhantes, mas se mostram bastantes divergentes no que diz respeito à sua relação com o “real”. Esse aspecto atravessou toda a história do jornalismo que, no início do século 20, fundiu-se com o cinema a partir dos cinejornais e do cinema feito sob encomenda (registrando com a câmera o estilo de vida das pessoas). Da elite filmavam os homens públicos, políticos. Além disso, filmavam enterros, cerimônias oficiais e, no Brasil, claro, o carnaval (futebol era considerado pouco nobre). Já os cinejornais tinham produção diretamente vinculada ao cotidiano, principalmente ao espetacular – daí uma freqüência de crimes, com grande sucesso e várias edições. Simbioticamente, os jornais atualizavam o público, que já ia para o cinema bem informado e querendo ver, literalmente, o andamento do caso. Se “narrar é contar uma história”, cinema e jornalismo estão muito próximos, como vemos nos cinejornais. A produção da informação se apóia em dois pilares: a cultura do profissional (seja jornalista, radialista ou publicitário) e a organização do trabalho e dos processos produtivos (newsmaking, produção, criação etc., respectivamente). O público espera que a mídia reproduza a realidade “como ela é”. O caráter de mediador que o comunicólogo assume entre a realidade e o espectador/leitor depende desse aspecto. As informações excessivamente objetivas constroem uma realidade discursiva e não são um espelho da realidade – tudo ali aparece demasiadamente em ordem, tal como NÃO é no mundo. A comunicação se faz num contexto subjetivo, ainda que seus personagens sejam “pessoas reais”. O que é exibido será, sempre, um recorte do fato total. Assim, o narrador/comunicador reinventa a realidade. Tanto no cinejornal (que já perdeu um bom espaço, ocupado pelo telejornal) quanto no documentário. Não têm, ambos, o mesmo processo de produção, mas guardam, sim, uma relação de proximidade e de diferenças: a notícia conta o que passou, o documentário reserva a surpresa do que acontecerá. (p.ex.: em Ônibus 174, de que já sabemos o final, queremos saber detalhes, motivos, os personagens, suas vidas e ligações etc.). Ou seja: queremos saber, exatamente, aquilo que o valor-notícia não considerou relevante. Não que documentaristas façam filmes para complementar o trabalho do jornalismo, mas, indiretamente, isso acaba acontecendo. Tanto que é, muitas vezes feito por jornalistas; aqueles que viram naquela história algo que não pode ser publicado, por ser de “interesse menor” – em geral, interesse humano.
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