Buscar

Continue navegando


Prévia do material em texto

*
Semana 4
*
A Revolução Liberal do Porto 
 Foi um movimento liberal com consequências em Portugal e no Brasil. A burguesia mercantil se ressentia dos efeitos do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas (1808), que deslocara para o Brasil parte expressiva da vida econômica metropolitana, o movimento logo se espalhou, sem resistências, para outros centros urbanos de Portugal, com a adesão de Lisboa.
*
A Revolução Liberal do Porto
A guarnição do Porto, irritada com a falta de pagamento, e comerciantes descontentes daquela cidade, conseguiram apoio de quase todos: o Clero, a Nobreza e o Exército português. Exigia:
 imediato retorno da Corte para o reino, visto como forma de restaurar a dignidade metropolitana; 
o estabelecimento, em Portugal, de uma Monarquia constitucional; e 
a restauração da exclusividade de comércio com o Brasil (reinstauração do Pacto Colonial). 
*
A Revolução Liberal do Porto
A junta governativa de Lord Beresford (Chefe do Exército português, dotado de poderes de governança) foi substituída por uma junta provisória, que convocou as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes para elaborar uma Constituição para Portugal. Enquanto esta carta magna estava sendo redigida, entrou em vigor uma Constituição provisória, que seguia o modelo espanhol.
Como consequências, a Corte retornou a Portugal no ano de 1821 e, diante do progressivo aumento da pressão para a recolonização do Brasil, este proclamou a sua independência em 1822.
*
O processo de independência
Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios.
A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes.
*
O processo de independência
D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico".
*
Independência ou morte?
Em 3 de junho foi convocada uma Assembléia Geral Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.
*
A INDEPENDÊNCIA E O INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DO ESTADO MONÁRQUICO BRASILEIRO: O PRIMEIRO REINADO
*
Ao longo do primeiro semestre de 1822, foi se delineando o processo da ruptura definitivo com Portugal.
Em 16/01, D. Pedro organizou um novo ministério, tendo à frente José Bonifácio de Andrada e Silva, o mais destacado elemento do “grupo de Coimbra”.
Em fevereiro, com o objetivo de estreitar os laços das províncias com o governo do Rio de Janeiro, D. Pedro convocou um Conselho de Procuradores.
Em 30/04, Gonçalves Ledo, através de seu jornal “Revérbero Constitucional Fluminense”, levantou a proposta de emancipação política do Brasil.
Em 23/05, o português José Clemente Pereira, presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, entregou ao príncipe regente uma representação solicitando a convocação de uma “Assembléia Brasílica” (uma Assembléia Constituinte Brasileira), convocação esta que foi decidida no dia 03/06.
Tal assembléia teria como objetivo evitar o esfacelamento do Brasil – a instalação de um Poder Legislativo poderia afastar a “sombra do despotismo no Rio de Janeiro” que ainda amedrontava as províncias do Norte.
*
O PROJETO DOS LATIFUNDIÁRIOS
A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.
Era o início do Império, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.
*
O PROJETO DOS LATIFUNDIÁRIOS
A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas. O "sete de setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos. 
*
A outorga da Constituição de 1824.
O primeiro processo constitucional do Brasil iniciou-se com um decreto do príncipe D. Pedro, que no dia 3 de junho de 1822 convocou a primeira Assembléia Geral Constituinte e Legislativa da nossa história, visando a elaboração de uma constituição que formalizasse a independência política do Brasil em relação ao reino português. Dessa maneira, a primeira constituição brasileira deveria ter sido promulgada. Acabou porém, sendo outorgada, já que durante o processo constitucional, o choque entre o imperador e os constituintes, mostrou-se inevitável.
*
Assembléia Constituinte de 1823
A oposição da Assembléia em reduzir o poder imperial, faz D. Pedro I voltar-se contra a Constituinte e aproximar-se do partido português que defendendo o absolutismo, poderia estender-se em última instância, à ambicionada recolonização. Com a superação dos radicais, o confronto político se polariza entre os senhores rurais do partido brasileiro e o partido português articulado com o imperador. Declarando-se em sessão permanente, a Assembléia é dissolvida por um decreto imperial em 12 de novembro de 1823. 
*
Assembléia Constituinte de 1823
Nos dois primeiros anos após a Independência, o debate político se configurou em torno da aprovação de uma Constituição, que deveria ser produzida e votada por uma Assembléia Constituinte que começou a se reunir no Rio de Janeiro em maio de 1823.
Logo no início dos trabalhos da Assembléia Constituinte, começaram a surgir divergências entre os constituintes (na maioria, liberais moderados) e as tendências centralizadoras, autoritárias e absolutistas de D. Pedro I, apoiado a princípio por Jose Bonifácio.
As desavenças entre o Imperador e os constituintes se produziram em torno das atribuições do Poder Executivo (o imperador) e o Legislativo – os constituintes não queriam que o imperador tivesse o poder de dissolver a Câmara dos Deputados, nem que pudesse negar a validade de qualquer lei aprovada pelo Legislativo.
Já o imperador e os círculos políticos que o apoiavam achavam que era necessário um Executivo forte, capaz de conter as “tendências democráticas e desagregadoras”.
*
Assembléia Constituinte de 1823
Tais divergências levaram ao afastamento de José Bonifácio do ministério em julho de 1823 , imprensado entre as críticas dos liberais e as insatisfações dos conservadores e posteriormente à dissolução da Assembléia Constituinte, com o apoio dos militares.
Durante o período em que esteve reunida a Assembléia Constituinte para a elaboração da primeira constituição do Brasil independente (entre maio e novembro de 1823, o debate político foi intenso, com frequentes mudanças de posição.
Quando o projeto da Constituição começou a ser discutido, as galerias ficaram lotadas, com populares acompanhando o posicionamento dos parlamentares a respeito dos direitos civis e suas opiniões sobre a maior ou menor extensão dos direitos políticos, comuma tendência clara para a não extensão destes direitos a todos os membros da sociedade.
*
Assembléia Constituinte de 1823
Havia a preocupação com as parcelas mestiças que podiam ser excluídas do processo político. Por sua vez a participação política dos que fossem considerados cidadãos deveria ser graduada entre cidadãos “passivos” e “ativos” – para ser brasileiro, segundo o deputado Rocha Franco, não bastava apenas a naturalidade ou a naturalização, devendo-se somar a tais critérios, a residência no Brasil e a propriedade, o que significava dizer que a residência e a propriedade seriam os caracteres distintivos da cidadania.
Quando se votou a proposição da extensão dos direitos de cidadãos aos LIBERTOS, ela foi rejeitada.
Aos poucos, a Assembléia ia sendo pautada pelo cotidiano das ruas e pela intensa participação popular, até a sua dissolução.
*
PODER CONSTITUINTE
Conceito – poder de instituição ou reforma da Constituição. Poder de alteração ou criação do texto constitucional.
Instituição  criação de uma nova Constituição
Reforma  alteração de uma Constituição que já existe. 
*
Qual a classificação existente do Poder Constituinte
Originário 
						 de emenda
 Reformador	 (CF)												 de revisão
Derivado
					 institucionalizador
 Decorrente	(CE)
						 de reforma estadual
*
Perdendo o poder que vinham conquistando desde o início do processo de independência, a aristocracia rural recua, evidenciando que a formação do Estado brasileiro não estava totalmente concluída.
Com a Assembléia Constituinte dissolvida, D. Pedro I nomeou um Conselho de Estado formado por 10 membros que redigiu a Constituição.
*
Modos mais comuns de manifestação do PCO: outorga ou promulgação
Outorga  estabelecida por declaração unilateral de vontade do agente do PCO (meio autocrático – o PCO é exteriorizado sem a participação dos cidadãos)
Ex: CRFB 1937 – Vargas.
Promulgação  deliberação, discussão em torno do conteúdo. Deliberação majoritária dos agentes do PCO.
Ex: CRFB 1988 - Assembléia Nacional Constituinte (meio democrático – o PCO é exteriorizado com a participação dos cidadãos).
*
Após ser apreciada pelas Câmaras Municipais, foi outorgada (imposta) em 25 de março de 1824, estabelecendo os seguintes pontos:
 Governo monárquico unitário e hereditário.
 Voto censitário (baseado na renda), descoberto (não secreto) e indireto.
 Eleições indiretas, onde os eleitores da paróquia elegiam os eleitores da província e estes elegiam os deputados e senadores. Para ser eleitor da paróquia, eleitor da província, deputado ou senador, o cidadão teria de ter, agora, uma renda anual correspondente a 100, 200, 400, e 800 mil réis respectivamente.
A CONSTITUIÇÃO DE 1824
*
A CONSTITUIÇÃO DE 1824
Catolicismo como religião oficial.
 Submissão da Igreja ao Estado.
 Quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O Executivo competia ao imperador e o conjunto de ministros por ele nomeados. O Legislativo era representado pela Assembléia Geral, formada pela Câmara de Deputados (eleita por quatro anos) e pelo Senado (nomeado e vitalício). O Poder Judiciário era formado pelo Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados escolhidos pelo imperador. Por fim, o Poder Moderador era pessoal e exclusivo do próprio imperador, assessorado pelo Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado pelo imperador.
*
*
Nomeava os membros vitalícios do Conselho de Estado, os presidentes de província, as autoridades eclesiásticas da Igreja oficial católica apostólica romana, o Senado vitalício. 
Nomeava e suspendia os magistrados do Poder Judiciário, assim como nomeava e destituía os ministros do Poder Executivo.
Aprovava ou não as decisões da Assembléia Geral, além de convocar ou dissolver a Câmara dos Deputados.
Dessa forma, o imperador concentrava um poder sem paralelo, o que demonstrava o caráter centralizador e autoritário da organização política do Império do Brasil. Tal situação não foi aceita por toda a sociedade imperial. Havia quem aprovasse, quem calasse por temor e quem contestasse. O protesto mais violento partiu da província de Pernambuco e se transformou no episódio conhecido como Confederação do Equador.
O Poder Moderador do imperador Dom Pedro I 
*
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO PERÍODO IMPERIAL:
A Constituição de 1824 deu nova feição à Justiça brasileira, elevando-a à condição de um dos poderes estatais (Do Poder Judicial – Título VI).
Pela Constituição imperial, o Poder Judiciário se organizava da seguinte forma:
PRIMEIRA INSTÂNCIA:
	Juizes de Paz – para conciliação prévia das contendas cíveis e, pela Lei de 15 de outubro de 1827, para instrução inicial das causas criminais, sendo eleitos em cada distrito. 
	Juizes de Direito – para julgamento das contendas cíveis e criminais, sendo nomeados pelo Imperador.
*
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO PERÍODO IMPERIAL:
SEGUNDA INSTÂNCIA:
	Tribunais de Relação (Provinciais) - Para julgamento dos recursos das sentenças (revisão das decisões). 
TERCEIRA INSTÂNCIA: 
	Supremo Tribunal de Justiça - Para revista de determinadas causas e solução dos conflitos de jurisdição entre Relações Provinciais. (O Supremo Tribunal de Justiça foi efetivamente criado pela Lei de 18 de setembro de 1828, compondo-se de 17 Ministros - ao mesmo tempo em que foi extinta a Casa da Suplicação, o Desembargo do Paço e a Mesa da Consciência e Ordens).
*
PODER MODERADOR
PODER LEGISLATIVO
PODER EXECUTIVO
PODER JUDICIAL
IMPERADOR
CONSELHO DE ESTADO
ASSEMBLÉIA GERAL
SENADO
CÂMARA DOS DEPUTADOS
PRESIDENTES DE PROVÍNCIAS
CONSELHOS PROVINCIAIS
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TRIBUNAIS DE RELAÇÃO
JUÍZES DE DIREITO
JUÍZES DE PAZ
OS PODERES DO ESTADO BRASILEIRO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1824
*
*