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Fungicidas Sistemicos

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ABEAS
Curso de
Especialização
Por Tutoria à Distância
Brasília – DF 
�
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUACAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR- ABEAS
CURSO DE PROTEÇÃO DE PLANTAS
MÓDULO 7 – CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS
Módulo 7.4 – Introdução ao Uso dos Fungicidas Sistêmicos
TUTORES
Prof. Laércio Zambolim (UFV)
Prof. Francisco X. Ribeiro do Vale (UFV)
Marcelo Barreto da Silva (UFV)
BRASÍLIA – DF
1998
CONTEÚDO
	
	Página
	PRÉ – TESTE...........................................................................................................
	4
	OBEJETIVOS............................................................................................................
	5
	INTRODUÇÃO..........................................................................................................
	6
	SIGNIFICADO DE UM COMPOSTO SITÊMICO......................................................
	6
	PENETRAÇÃO.........................................................................................................
	9
	MOVIMENTO DENTRO DA PLANTA.......................................................................
	9
	TOXICIDADE SELETIVA..........................................................................................
	12
	ESTABILIDADE METABÓLICA................................................................................
	14
	VANTAGENS DO USO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS........................................
	15
	COMPARAÇÃO ENTRE OS FUNGICIDAS SISTÊMICOS E OS PROTETORES...
	16
	VIAS DE PENETRAÇÃO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS......................................
	17
	 Folha............................................................................................................ 
	17
	 Caule............................................................................................................
	19
	 Raiz..............................................................................................................
	20
	 Semente.......................................................................................................
	23
	CONSEQÜÊNCIA DO USO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS.................................
	24
	MECANISMOS DE RESISTÊNCIA..........................................................................
	25
	 Decréscimo da Permeabilidade...................................................................
	25
	 Aumento na Desintoxicação........................................................................
	25
	 Decréscimo da Afinidade no Sítio de Ação..................................................
	26
	 Adaptação por Evitamento........................................................................... 
	26
	COMO RESISTÊNCIA SURGE EM CONDIÇÕES DE CAMPO...............................
	26
	PÓS – TESTE...........................................................................................................
	29
�
MÓDULO 7 – CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS
MÓDULO 7.4 – Introdução ao Uso dos Fungicidas Sistêmicos
PRÉ – TESTE
Como está o seu conhecimento sobre fungicidas sistêmicos?
Conceitue um fungicida sistêmico?
Como os fungicidas translocam na planta?
Como atuam os fungicidas sistêmicos no ciclo de vida dos fungos?
Qual as conseqüências do uso contínuo dos fungicidas sistêmicos?
Como resistência ocorre em condições de campo? Quais são as medidas que podem ser adotadas para minimizar este problema?
�
OBJETIVOS
Ao final da leitura do módulo 7.4 – Introdução ao Uso dos Fungicidas Sistêmicos, você será capaz de:
Discutir as condições em que um composto químico é considerado sistêmico na planta.
Distinguir fungicidas protetores, de sistêmicos, explicando quando se aplicariam e as vantagens e desvantagens de um e outro.
Citar as vias de penetração e discutir os fatores que interferem na translocação dos produtos sistêmicos.
Discutir as conseqüências do uso de fungicidas sistêmicos.
Discutir os mecanismos pelos quais as populações de fitopatógenos adquirem resistência aos produtos sistêmicos.
�
FUNGICIDAS SISTÊMICOS
Introdução
Muitos esforços foram feitos com o objetivo de desenvolver compostos químicos que, após serem aplicados nas raízes, nas folhas e nas sementes, possuíssem a capacidade de serem absorvidos, translocados na planta, erradicarem os patógenos já estabelecidos, e por fim proteger as plantas contra novas infecções. Os compostos que acumulam estas características são denominados de fungicidas sistêmicos, cuja era foi iniciada em 1964 com a publicação das propriedades sistêmicas do Thiabendazol e de alguns antibióticos. Mas o grande impulso no uso de fungicidas sistêmicos teve início com a descoberta do Carboxin e do Benomyl, no fim da década de 1960. Desde então, grande número de compostos sistêmicos apareceram no mercado. Atualmente, mais de 50 fungicidas sistêmicos e mais de 100 fungicidas protetores são usados no mundo inteiro no controle de doenças de plantas.
Os fungicidas sistêmicos pertencem a uma classe de produtos diferentes, pois, geralmente, são muito específicos quanto ao mecanismo de ação, e fungitóxicos em baixas concentrações, quando comparados com os produtos de contato. Quando foram descobertos, a dosagem recomendada era de aproximadamente 1 a 2 quilogramas ou litros por hectare. Hoje, cerca de trinta anos após a descoberta desses produtos, é comum encontrar fungicidas sistêmicos recomendados na dosagem de 250 cc por há, ou seja, dosagem de 4 a 8 vezes menor.
Significado de um Composto Sistêmico
Os fungicidas protetores são, geralmente, fitotóxicos às células das plantas; por este motivo são seletivos e devem permanecer na superfície da planta. Quando penetram na cutícula, podem causar injúrias às plantas. Os fungicidas sistêmicos devem coexistir com as células da planta hospedeira viva, requerendo, portanto, um tipo diferente de seletividade, que deve discriminar entre as células do hospedeiro e do patógeno. Os fungicidas sistêmicos, portanto, penetram na planta e são tóxicos, seletivamente, aos processos vitais pertencentes dos fungos. O processo da seletividade é, geralmente, tão específico que, entre centenas de diferentes fungos que atacam as plantas, somente certos taxonômicos são afetados particularmente por cada fungicida sistêmico. O composto químico sistêmico deve ser prontamente assimilado pela planta, translocado, e inibir infecções no local e à distância do local de aplicação, sem afetar os tecidos do hospedeiro; deve matar o patógeno no interior dos tecidos, resistir à rápida degradação e, se for decomposto nos tecidos da planta, seus subprodutos devem ser tóxicos ao patógeno. Nas plantas, os fungicidas sistêmicos podem ser metabolizados sofrendo oxidações, reduções, hidrólises, demetilação ou formação de compostos conjugados, podendo ser inativados na molécula, ou mesmo na degradação total a compostos simples como: CO2, H2O, nitrogênio orgânico, etc. Em certos casos, a aplicação de fungicidas sistêmicos induz a produção de compostos químicos na planta, que atuam como defesa à invasão do patógeno. 
Em síntese, o que se requer de um produto sistêmico é ação à distância do local da aplicação,estabilidade metabólica e persistência no interior da planta. Os produtos que possuem ação sistêmica local não apresentam esta propriedade.
O sítio de ação biológica varia, portanto, entre os fungicidas sistêmicos e protetores e entre os diferentes grupos de fungicidas sistêmicos (Figura 1). O sítio de ação biológica das fenilamidas no ciclo de infecção de vários Oomicetos, tem sido estudado. No caso da Plamopara viticola, o Metalaxyl não inibe a germinação do esporoe a penetração inicial do fungo nas velhas da parreira. Por outro lado, ele apresenta grande efeito inibidor a qualquer crescimento fúngico dentro da folha, após a formação do haustório. Os fungicidas protetores atuam apenas sobre a germinação dos esporos e sobre o tubo germinativo (Figura 1). 
Outra característica dos compostos sistêmicos é a translocação ao longo da rota de transpiração das plantas. As folhas são os órgãos primários de transpiração e o movimento dentro da planta é no sentido do sistema radicular para as folhas em expansão. Folhas muito jovens, flores e frutos, por não transpirarem quantidades significantes de água, recebem pequena quantidade de fungicidas aplicados ao solo ou às sementes. É de se esperar também que os frutos não recebem resíduos desses produtos.
Figura 1. Sítio de ação de diferentes grupos de fungicidas Antioomicetos no ciclo de vida de Phytophthora infestans. (Schwinn e Staub, 1995)
Os fungicidas sistêmicos são, portanto, produtos químicos orgânicos absorvidos e transportados dentro da planta. Poucos são os produtos considerados sistêmicos no sentido estrito da palavra, isto é, aqueles cujo ingrediente ativo move-se intacto dentro do planta. No interior da planta, esses produtos podem mover-se para sítios metabólicos ou translocar-se para órgãos de transpiração da planta. As folhas expandidas são o principal órgão de transpiração da planta; folhas novas, flores e frutos não transpiram quantidades significantes de água; por isto mesmo recebem somente pequenas quantidades de fungicidas.
Muitos dos fungicidas sistêmicos atuam como fungistáticos. Alguns podem atuar diretamente, alterando o metabolismo do hospedeiro. As características ou propriedades dos compostos sistêmicos com propriedades fungicidas ou fungistática, em termos gerais, são: penetração, movimento dentro da planta, toxidade seletiva e estabilidade metabólica.
Penetração
No primeiro passo da translocação, o fungicida deve penetrar dentro da planta, seja por via foliar, radicular, através do caule ou da semente. A cutícula foliar obviamente atua impedindo que muitos fungicidas penetram na planta, como ocorre no caso dos fungicidas protetores. O sucesso da penetração do fungicida depende de sua solubilidade relativa em lipídios. O fungicida deve, ainda assim, ser dissolvido num solvente, sendo o mais comumente usado é a água. Portanto, alterando a solubilidade em lipídios, obtém-se maior penetração do produto através da cutícula. Mas deve-se Ter em mente que a adição de grupos alquil ou grupos lipofibeos ao composto pode alterar sua fungitoxicidade. Em alguns casos, como o Tiofanato Metílico, que na superfície foliar se degrada em Metil Benzimidazole Carbamato, pela ação de luz ultravioleta e pH acima de 7,0, o fungicida pode atuar como protetor e sistêmico.
Por outro lado, o uso de formulações em concentrado emulsionável e dispersão em óleo, ao invés de alterar a estrutura química dos compostos, tem sido muito efetivo no aumento da absorção e translocação.
Sementes e frutos de plantas herbáceas possuem cutícula semelhante à da folhas, por isto apresentam os mesmos problemas de penetração de fungicidas.
A penetração pelas raízes é muito eficiente devido ao fato destas não apresentarem barreiras como as existentes nas folhas. Obviamente, a penetração via raízes vai depender das características de cada fungicida sistêmico considerado.
Movimento dentro da Planta
Uma barreira importante no apoplasto das raízes é a faixa de Caspary da endoderme. Contudo, os fungicidas podem passivamente difundir-se através da membrana celular.
O movimento dentro da planta envolve transporte no xilema e no floema. A translocação pode ser de uma face para a outra em uma folha (translaminar), ascendente em direção o crescimento da planta (apoplástica) ou descendente (simplástica), em raros casos.
Após a penetração na planta, os fungicidas obrigatoriamente penetram no xilema ou floema do sistema vascular, para serem transportados a longas distâncias.
Tanto por via foliar como na radicular , dependendo de suas propriedades, o fungicida pode translocar-se pelo floema. O movimento dos fungicidas dentro da planta depende também do fluxo livre dentro dos vasos. Há produtos que se aderem à parede do xilema, enquanto outros parecem livres. As rotas percorridas pelos fungicidas, que penetram ou pelas folhas ou pelas raízes das plantas, estão esquematizadas na figura 2.
Figura 2. Caminhos percorridos pelos fungicidas que penetram pelas folhas (a) 
ou pela superfície das radicelas (b). 1. absorção pelas células externas; 2. transporte via simplasto; 3. transporte via apoplasto; 4a. absorção pelos tubos do floema; 4b. transferência para vasos; 5. absorção pelas camadas cuticulares. (Lyr, 1995)
Por questões práticas, é importante que seja conhecida a extensão com que um determinado produto pode ser translocado em ambos caminhos, e se ele é capaz de atingir o órgão desejado, por exemplo, um fungicida aplicado com o objetivo de proteger folhas ou frutos jovens, deve ser capaz de ser translocado pelo floema após a aplicação em folhas completamente expandidas.
As evidências de movimento de fungicidas no simplasto não têm sido muito convincentes, embora vários trabalhos já tenham sido publicados tentando provar este fato. A primeira condição para movimento no simplasto é que o produto químico seja capaz de atravessar a plasmalema e entrar no protoplasma. Nos últimos 30 anos, vários estudos têm sido feitos sobre a absorção e translocação de substâncias químicas pelas plantas superiores. Um interessante especial, contudo, foi dispensado aos herbicidas, pois sua distribuição nas plantas se processa não somente pelo xilema, como também pelo floema.
O transporte por meio do simplasto acompanha as relações fonte e dreno da planta. As folhas verdes e totalmente expandidas produzem e exportam assimilados, sendo consequentemente consideradas como fonte; enquanto órgãos em crescimento ou de armazenamento, com demanda por fotoassimilados, são os drenos. O movimento dos fungicidas no simplasto é inevitavelmente conectado com o transporte de fotoassimilados. Logo, é dependente da relação fonte-dreno presente em determinado estádio de desenvolvimento da planta. Assim, não existe exportação de fungicidas a partir de folhas muito jovens. Quando o transporte de assimilados cessa, o transporte de fungicidas é interrompido também.
Os trabalhos tentando provar movimento de fungicidas tanto no simplasto como apoplasto em sua grande maioria envolvem estudos de controle de doenças. O transporte no apoplasto raramente é específico de uma planta em particular; em geral, o sucesso no tratamento de uma planta herbácea indica que se pode ter o mesmo efeito no tratamento de outras plantas herbáceas.
Poucos são os trabalhos que mostram translocação do produto químico ativa da folha tratada para outras partes da planta, incluindo folhas, gemas terminais, frutos etc. Embora isto possa ocorrer em alguns casos, o movimento no simplasto não foi ainda claramente demonstrado, devido talvez à dificuldade da realização destes testes.
O modelo de distribuição e a extensão do movimento no xilema é determinado pelo gradiente potencial hídrico entre a água e o solo. Então, o transporte se processa usualmente direto das raízes para as áreas em que ocorre a transpiração, principalmente para as folhas. Os fungicidas transportados pelo xilema não apresentam movimento descendente a partir das folhas expandidas. Se eles são aplicados na base de uma folha, são preferencialmente transportados para o topo. O transporte na direção oposta é extremamente raro.
O uso de produtos químicos com baixa fitotoxidez abre a possibilidade para o controle de patógenos no solo e para tratamento de infecções internas já estabelecidas, como as murchas vasculares. Como os fungicidas movem-se no apoplasto, o tratamento de enfermidades pode ser feito via aplicação do produto no solo; mas casoos produtos químicos sejam distribuídos pelo simplasto, esses poderiam ser usados no controle de doenças vasculares e de raiz com aplicação do fungicida nas folhas. Os produtos químicos que se movessem no simplasto poderiam abrir novo campo de controle de doenças, uma vez que seriam translocados das folhas tratadas para os tecidos jovens em crescimento, com possibilidade de redução do número de aplicações de fungicidas e de atingir locais inacessíveis aos fungicidas aplicados por via foliar.
Tem-se observado também que o produto ativo dos fungicidas apresenta a tendência de acumular-se nas lesões de parasitas obrigatórios, nos tecidos afetados e no micélio fúngico.
Toxidade Seletiva
A toxidade seletiva é condição requerida aos fungicidas sistêmicos, pois estes devem coexistir em íntimo contato com as organelas e os sistemas bioquímicos das plantas. Essa propriedade varia também com a espécie de planta envolvida. Carboxin, por exemplo, é muito mais tóxico à desidrogenase do ácido succínico de Ustilago maydis do que a do cultivar de feijão Pinto 111 (Phaseolus vulgaris). Outro produto análogo ao Carboxin, o 2,4-dimetilthiazole-5-carboxanilide, é mais tóxico a Pinto 111 do que ao U. maydis. Na prática este produto não é usado devido sua alta fitotoxidez. A seletividade entre os sistemas do patógeno e da planta é devida a vários fatores, entre os quais destacam-se a sensibilidade diferencial das organelas do dois sistemas, diferenças na permeabilidade das organelas etc. Mas além de os fungicidas apresentarem seletividade entre a planta e o fungo, podem ser seletivos também para fungos (Quadro 1). Esta propriedade não é evidente entre os fungicidas protetores, mas é marcante entre os sistêmicos. Os fungicidas sistêmicos podem ser específicos para determinados grupos de fungos e/ou doenças como ferrugens, carvões, míldios pulverulentos etc.
Tabela 1. Comparação entre o espectro de atividade (DE50 em mg/l) de alguns 
 fungicidas modernos 
	Patógeno
	
	
	
	Fungicidas
	
	
	
	
	Carboxin
	Tiofanato
metílico
	Benomyl
	Talclo
Phosmetil
	Estridiazole
	Tridiazole
	Triforini
	Phytophthora
Cactorum
	100
	100
	100
	50
	0,5
	200
	20
	P. infestans
	500
	-
	-
	-
	1
	-
	-
	Pythium
Ultimum
	100
	100
	100
	100
	0,5
	200
	15
	Mucor
Mucedo
	50
	100
	100
	-
	8
	200
	20
	Erysiphe
Graminis
	20
	100
	7
	-
	20
	0,006
	1
	Penicillium
Chrysogenum
	2
	50
	2
	1,6
	90
	5
	200
	Botrytis
Cinerea
	10
	3
	0,4
	1,9
	20
	40
	20
	Fusarium
Oxysporum
	200
	70
	2
	100
	70
	50
	20
	Gloesporium
Frutigenum
	300
	0,2
	0,2
	-
	80
	200
	50
	Verticullium
albo-atrum
	5
	3
	3
	100
	40
	3
	80
	Rhizoctonia
Solani
	5
	200
	200
	0,1
	70
	100
	60
Lyr (1995).
Estabilidade Metabólica
Quando o fungicida penetra nas células da planta, está sujeito a degradação por muitas enzimas. Para que seja efetivo, o fungicida deve resistir à degradação.
Em resumo, para que um fungicida sistêmico tenha sucesso no controle de uma dada doença, deve possuir uma estrutura química que permita sua entrada a translocação na planta, sua penetração nas células da planta, onde deverá seletivamente inibir ou matar o patógeno, sem afetar a planta, Por fim, seu efeito na planta deve ser duradouro, sem se degradar, para manter a planta sadia.
Vantagens do Uso de Fungicidas Sistêmicos
Atingir locais inacessíveis aos fungicidas protetores. Certos fungos transmitidos pela semente, como Diaporthe phaseolorum em soja, podem ser controlados pelo tratamento de sementes com produtos sistêmicos como o Benomyl, porque o ingrediente ativo do produto penetra no interior dos tecidos das sementes, o que não acontece aos protetores.
Certos fungicidas sistêmicos, como o Propiconazole,Cyproconazole,Azoxystrobin, Triadimenol, controlam eficientemente a ferrugem do cafeeiro pelo fato de, entre outros fatores, translocar-se para a face inferior (local de penetração do fungo), quando o produto é aplicado na face superior das folhas. A face inferior das folhas do cafeeiro quase sempre não é atingida em aplicações normais de fungicidas.
Matar o patógeno no interior dos tecidos da planta após o processo infeccioso já ter sido iniciado (efeito curativo - erradicante). Por exemplo, o agente causal da ferrugem do feijoeiro (Uromyces phaseoli var. typica) pode ser erradicado até 3 dias após a penetração nos tecidos da planta, pela aplicação de Oxycarboxin.
Conferir proteção de partes dos tecidos da planta por período de tempo maior que os protetores. Quando sementes de determinadas plantas são tratadas com produtos sistêmicos, o fungicida é absorvido e translocado para a região do hipocótilo, após a germinação, dando proteção às mudinhas, nos primeiros dias de vida, contra fungos que causam o tombamento como, por exemplo, Rhizoctonia solani. Há certos produtos que, quando são aplicados às sementes, protegem as plantas por um período de até 30 dias após a germinação, o que pode proporcionar a economia de uma pulverização.
Possibilita o emprego de menor dosagem do produto. Devido os produtos sistêmicos serem tóxicos em baixas concentrações, possibilitam redução de 50 a 75% na dosagem, em relação aos fungicidas protetores.
Translocação do produto na planta. A translocação dos compostos químicos denominados de sistêmicos, na planta, é influenciada por uma série de fatores. As vias normais de movimentação desses produtos ou de seus subprodutos formados pode-se processar no sentido ascendente, translaminar, dentro da folha (base para o ápice) e entre folhas.
A translocação ascendente é aquela que se processa quando o produto é aplicado ao solo, absorvido pelas raízes e se movimenta para a parte aérea das plantas. É considerada também translocação ascendente quando o produto é aplicado nas folhas inferiores ou basais da planta e se movimenta para as outras folhas situadas num plano superior. Na translocação transliminar, a mais comum, o produto move-se da face superior para a inferior, ou vice-versa. É importante ressaltar que nem todo fungicida sistêmico movimenta-se na planta em todos os sentidos descritos anteriormente. Outro ponto comum entre os produtos sistêmicos é que dificilmente translocam no sentido descendente (folhas superiores para inferiores ou raízes), muito embora alguns pesquisadores já tenham encontrado evidências que comprovam este fato, em pelo menos um grupo de fungicidas, o Efosite-Al.
A translocação do produto na planta ou nas folhas possibilita a proteção de locais não atingidos pela pulverização, redistribuindo o ingrediente ativo dentro da planta.
Comparação entre os Fungicidas Sistêmicos e os Protetores
O conhecimento comparativo entre fungicidas sistêmicos e protetores pode proporcionar a melhor utilização dos produtos. A seguir será colocado, lado a lado, o comportamento de cada tipo de produto em relação algumas características escolhidas (Quadro 1).
Quadro1. Comparação entre os fungicidas sistêmicos e protetores
	Característica
	Fungicida
	
	Sistêmico
	Protetor
	Solubilidade
	Alta
	Baixa
	Translocação
	Sim
	Não
	Espectro de Ação
	Estreito
	Amplo
	Especificidade
	Alta
	Baixa
	Dosagem
	Menor
	Maior
	Resistência
	Comumente
	Raramente
	Necessidade de Adjuvantes
	Raramente
	Comumente
	Custo
	Maior
	Menor
	Modo de ação
	Específico
	Generalizado
	Efeito erradicante
	Sim
	Não
	Fitotoxidês
	Alta
	Baixa
	Penetração no tecido da planta
	Rápida
	Não penetra
	Depósito
	-
	Facilmente removido por chuva e água de irrigação
	Persistência na superfície das plantas
	
Menor
	Maior, mas é função da formulação e da superfície da planta
	Persistência interna
	Sim
	Não
	Intervalo de aplicação
	Maior
	Menor
	Número de aplicações
	Menor
	Maior
	Resíduos
	Comum
	Raro
	Agente de decomposição
	Luz, umidade,temperatura,
Microorganismos, pH, misturas
	Usos
	Atomização, tratamento de sementes, solo, pós-colheita
	Formulação
	PM, CE, Flowable (Susp. Concentrada), PS, Granulada
Vias de Penetração de Fungicidas Sistêmicos
As principais partes da planta envolvidas na absorção de fungicidas sistêmicos são folhas, caule, raízes e sementes.
Folha
A maioria dos fungicidas sistêmicos foram desenvolvidas para o uso em pulverização na folhagem. Daí o movimento translaminar ou transcuticular constituir o fato vital para o sucesso dos compostos sistêmicos. Se aceitamos que uma das funções da cutícula é reduzir a perda de água da superfície da planta, compreendemos que os pesticidas, quando são pulverizados em solução aquosa, possuem baixa eficiência de penetração.
A cutícula consiste de uma camada de lipídios que reveste a superfície da planta. Diferentemente da rizoderme, a epiderme das folhas não está adaptada para a absorção de substância dissolvidas. A camada mais externa da cutícula consiste de certos compostos de hidrocarbonetos de cadeia longa (21-35 carbonos), em vários estádios de oxidação, enquanto que a camada interna ou cutina é constituída de uma mistura de cadeias C16 a C18 interconectada por éster, peróxidos e ligações de ésteres formando os polímeros. As ceras são tidas como a mais importante barreira limitando o movimento de pesticidas através da cutícula. A penetração ou movimento transcuticular não é aparentemente dependente de espessura da cutícula, mas de diferenças qualitativas entre as espécies de plantas.
Experimentos com a grande maioria dos compostos sistêmicos demonstram que a penetração é mais rápida através da cutícula da face inferior do que através da cutícula localizada na face inferior. Isto indica que suas propriedades polares favorecem a penetração na face inferior.
Esta diferença em absorção pelas duas faces é explicada pela presença de maior quantidade de estômatos na face inferior. Mas é possível que haja outros fatores influenciando a taxa de penetração. Por exemplo, a cutícula da face inferior do gênero Malus contém menor quantidade de cera embebida do que a da face superior. Outra diferença que poderia ser citada seria a baixa intensidade luminosa incidida durante a formação da cutícula da face inferior, a qual poderia afetar a oxidação e, daí, a polaridade.
Há evidências também que a penetração nos tecidos da folha, via estômatos é influenciada pela tensão superficial do líquido, do ângulo de contato e de qualquer fator que influencie a abertura dos estômatos (luz, umidade relativa, temperatura, acúmulo de produtos fotossintetizados).
Tem sido observado que a penetração é aumentada pela adição de certos surtactantes à calda fungicida, pela redução da tensão superficial da suspensão. Também há evidências de que, em dias quentes do verão, os estômatos podem fechar-se ao meio dia, impedindo a penetração de fungicidas através deles. Nas horas mais frescas do dia, á tarde, os estômatos poderiam reabrir-se, mas as gotas da pulverização na folha provavelmente já estarão secas, e consequentemente, a absorção será muito baixa. A alta umidade na câmara estomática e outros fatores do ambiente que promovem a abertura dos estômatos favorecem a absorção. Uma vez que as partículas do pesticida tenham secado na superfície foliar, apenas reduzida quantidade do produto químico irá ser absorvida.
A penetração de fungicidas sistêmicos através da cutícula é, geralmente reduzida. Estima-se que, somente 5% de Benomyl penetre na face superior de folhas de pepino. Pequenas modificações na estrutura molecular dos compostos químicos podem influenciar grandemente a eficiência do movimento transcuticular de fungicidas.
A solubilidade dos fungicidas na solução de pulverização parece ser de grande importância na penetração; se a concentração do fungicida excede a solubilidade em água, a concentração do fungicida que penetra decresce. Entretanto, a quantidade que penetra aumenta com o aumento na concentração. Freqüentemente observa-se aumento ou redução na penetração, quando se alteram o pH e a solubilidade. A penetração dos fungicidas sistêmicos é também influenciado pelo tipo de formulação.
As formulações de fungicidas sistêmicos em concentrado emulsionável (CE) ou dispersão em óleo (DO) podem aumentar a penetração através da cutícula. Os CE são provavelmente mais eficientes porque permitem a participação rápida, líquido a líquido, entre as fases orgânicas e aquosa na gota de pulverização. As formulações DO operam de modo diferente. Os fungicidas podem não ser muito solúveis em óleo ou água. O óleo parece que difunde para dentro ou através da cutícula e aumenta rapidamente a penetração do fungicida e outros produtos químicos. Acredita-se que as formulações líquidas CE e DO podem proporcionar economia de 2 a 3 vezes na quantidade de fungicida requerida por hectare.
Caule
A penetração de fungicidas sistêmicos em caule de plantas herbáceas é dificultada pelas camadas epidérmicas e cuticulares, semelhantes às das folhas descritas anteriormente. O processo de penetração no caule é análogo ao da penetração nas folhas.
Em plantas lenhosas, a camada externa do caule, a periderme, é composta de células do súber, felogênio e fuloderma. Na maturidade a parede celular do felum contém suberina e lamela de cera, que são repelentes a água. As células do súber e do feloderma originam-se do felogênio. O felogênio pode-se formar em diferentes níveis dentro do caule nas várias espécies de plantas. Acredita-se que o sucesso relativo da aplicação de fungicidas pela casca do caule, nas várias espécies de plantas, está parcialmente relacionado ao sítio de desenvolvimento do novo feloderma. No gênero Pinus, é originado logo abaixo da epiderme; neste caso, somente pequena poção morta da casca está presente. No gênero Prunus, o feloderma inicia-se mais profundamente nos tecidos do caule, resultando numa grande espessura de periderme e floema mortos, presente neste tipo de planta.
As células do felum são compactadas, não tendo espaços para arejamento; mas as lenticelas na casca são compostas de células que permitem circulação de ar. A parede celular das lenticelas pode ou não ser suberizada. Variação considerável no arranjamento e suberização das células da lenticela existe entre as espécies. Há evidências de que fungicidas sistêmicos penetram na casca de ramos jovens de determinadas espécies de plantas, através das lenticelas.
De um modo geral, há variação entre as espécies de plantas à resposta pelo tratamento da casca. Também tem sido mais difícil no tratamento de cascas de árvores maduras muito espessas.
Há vários exemplos na literatura de aplicação de fungicidas sistêmicos através do caule, no controle de doenças. Também tem sido relatado que a adição de óleo às formulações aumenta a efetividade do fungicida. A razão do aumento da penetração dos fungicidas pela adição de óleo não está bem esclarecida, contudo, postula-se que o óleo pode causar mudança na estrutura da suberina e da camada de cera, que representam as principais barreiras à entrada dos pesticidas, acredita-se também que o óleo se dissolve, através dessas camadas, servindo de veículo do fungicida e não permitindo a secagem dos depósitos do fungicida na superfície tratada. A aplicação no caule pode-se processar por pulverização, principalmente durante o período de repouso vegetativo de determinadas espécies de plantas por pincelamento ou por injeção. A técnica de injeção do caule tem sido pouco eficiente no controle de algumas doenças, além de demandar aplicações constantes.
Raiz
Outro sítio de absorção de fungicidas sistêmicos é através das raízes. As raízes funcionam como órgão de absorção de água e de nutrientes minerais do solo. Grande quantidade de água e substâncias dissolvidas são absorvidas pelas raízes e transportadas para partes superiores da planta.
No campo, os fungicidas podem ser aplicados às raízes das plantas através do tratamento no sulco deplantio, durante o semeio, ou em cobertura, porém em sulcos, durante o crescimento das plantas. Eles são absorvidos junto com a água, principalmente na região capilar das raízes, região esta, localizada entre 5 a 50 mm do ápice da raiz. Em contraposição às folhas, a rizoderme não é coberta por uma cutícula bem desenvolvida.
As raízes de diferentes espécies de plantas variam em sua estrutura e permeabilidade à água e aos solutos. Uma raiz individual também mostra variação em permeabilidade ao longo de sua extensão. A região de maior absorção ocorre nas áreas mais jovens das raízes. Nas regiões mais velhas das raízes de muitas plantas, a epiderme torna-se suberizada ou forma-se a casca. Ambos eventos conduzem a uma progressiva perda da permeabilidade. As raízes das monocotiledôneas, que não apresentam ramificações secundárias e suberização, são mais uniformemente permeáveis à água ao longo de sua extensão.
A epiderme de raízes jovens, ao contrário das partes aéreas das plantas, não é coberta com cutícula bem desenvolvida. Portanto, os fungicidas em solução possuem relativamente fácil acesso ao apoplasto das raízes. Muitos íons inorgânicos são absorvidos ativamente pelas raízes, num processo requerendo energia metabólica. Mas as evidências indicam que os fungicidas são absorvidos pelas raízes num processo passivo. Há também a possibilidade de um produto químico penetrar nas raízes passivamente, decompor-se posteriormente, ou ligar-se a outros produtos dentro das raízes.
Diferentes espécies de plantas absorvem quantidades variáveis de fungicidas. As raízes de plantas lenhosas, como macieira e videira, tendem a concentrar os fungicidas, enquanto que as raízes de plantas herbáceas, como o trigo e cucurbitáceas, não apresentam esta tendência. O aumento da absorção de fungicidas em raízes de plantas lenhosas pode ser parcialmente explicado por reações de ligação do ingrediente ativo dos fungicidas dentro das plantas.
A penetração nas raízes pode ocorrer via apoplasto, acima da endoderme. Aí, a faixa de Caspary e a decomposição de suberina e de lignina na parede das células da endoderme (assim como na lamela média conectado as células) podem impedir o movimento de substâncias no apoplasto. Em alguns casos, a absorção de certos produtos químicos (Metil Benzimidazole Carbamato) processa-se por difusão através da faixa de Caspary ou penetram a plasmalema das células da endoderme, movendo-se através do simplasto para alcançar o xilema das raízes. 
Outro fator que pode interferir na absorção de fungicidas pelas raízes é a sua solubilização em lipídios. A fim de que um produto químico seja transportado para o resto da planta, após o tratamento das raízes, esse deve a barreira de lipídios, através do plasmalema das células da endoderme ou pela própria faixa de Caspary. Por outro lado, os produtos químicos que são muito solúveis em lipídios não são prontamente liberados na rota de transpiração, mas são retidos pelos lipídios das raízes.
A quantidade de fungicidas translocada pelas raízes é função da concentração aplicada. À medida que a concentração aumenta, obtém-se, proporcionalmente, maior quantidade de substâncias transportadas.
As pesquisas têm mostrado atualmente que determinados fungicidas sistêmicos comprovadamente na parte aérea das plantas, comporta-se como tal quando são aplicados também no solo, na região da rizosfera. Dentre esses, destacam-se as formulações em pó-molhável e granulada do Cyproconazol, e do Triadimenol quando aplicados em sulcos de cerca de 3-5 cm de profundidade na região de projeção da “saia” do cafeeiro. A aplicação destes produtos no solo, no início do período das chuvas em plantas de café, tem mostrado ser eficiente no controle da ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix Berk, et Br.). Isto demonstra que os produtos penetram nas raízes, atingem a região do apoplasto e seguem a rota da transpiração, acumulando-se nas folhas. Pesquisas no Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa revelaram que, se as condições de precipitação pluviométrica são adequadas, os produtos citados, resíduos ou metabólitos destes podem ser encontrados nas folhas, trinta dias após a aplicação no solo. É possível que outros produtos sistêmicos sejam translocados do solo para a parte aérea das plantas; entretanto, dados de pesquisas neste campo ainda são escassos, até mesmo em outras culturas.
Vários inconvenientes surgem quando compostos químicos são aplicados ao solo; há problemas de distribuição, absorção e decomposição dos fungicidas no solo, que influenciam a sua efetividade. Sempre que o produto é aplicado ao solo, somente pequena porção do ingrediente ativo é absorvida pelas raízes, para ser transportada para as partes superiores da planta.
A absorção dos fungicidas é independente da concentração dp produto na solução externa do solo, já que a entrada do produto é efetuada por difusão. Por outro lado, ela é dependente do pH. Fungicidas catiônicos como Carbendazim, Tiabendazol e Ethirimol têm sua absorção dependente do pH, que pode ser inibida pela adição de cátions bivalentes (Ca+2 e Mg+2).
Semente
Em relação à penetração de fungicidas nas sementes, há inúmeras indicações de que os protetores são absorvidos parcialmente. Contudo, tem-se observado que esta absorção é ineficiente, devido falhas que estes produtos ocasionam no controle de fungos que apodrecem as sementes. O valor dos fungicidas sistêmicos no tratamento de sementes iniciou-se com “Von Schmeling e Kulka” em 1966, que controlou eficientemente o carvão de centeio, que é transmitido pelas sementes internamente, pelo tratamento com Carboxin.
Uma questão que poderia surgir é quanto de fungicida penetra diretamente através da casca, comparando com a penetração nas radículas emergentes. Trabalhos neste sentido foram feitos com Benomyl, Oxicarboxin, Chloroneb e outros produtos, concluindo-se que os fungicidas atravessam diretamente a casca das sementes, acumulando-se no seu interior em diferentes períodos de tempo. Tem-se observado também, em certos casos, que o ingrediente ativo do fungicida ou de metabólitos translocam para a radícula e o hipocótilo, dando proteção a estas partes da planta. Há casos em que o tratamento de sementes protege as plantas até 30 dias após a germinação, reduzindo, portanto, o número de pulverizações na parte aérea.
O uso de solventes orgânicos como veículo de fungicidas, embora uma técnica promissora, ainda não é recomendada. Por este método, os fungicidas sistêmicos são dissolvidos em solventes orgânicos como por exemplo o diclorometano, clorofôrmio ou acetona. As sementes imersas nesta mistura (solvente + fungicida) absorvem os pesticidas em escala linear, com o tempo. Pela remoção das sementes da mistura, o solvente evapora, deixando o fungicida dentro da semente. Este método embora aumente a eficiência de absorção de fungicidas pelas sementes, apresenta alguns inconvenientes, como fitotoxidez dos solventes às sementes, custos dos solventes, tempo gasto no tratamento, e o risco envolvido no manuseio dos solventes que são inflamáveis.
Em geral, se um fungicida comporta-se como sistêmico quando aplicado em raízes ou folhas, comportar-se-á também como sistêmico quando aplicado às sementes. Muitos fungicidas são fitotóxicos, quando aplicados às sementes, devido serem empregados em altas concentrações; as mudinhas em germinação não toleram alta concentração do fungicida. Daí torna-se difícil ou impossível aplicar-se quantidade de fungicida suficiente às sementes, para controle de doenças na parte aérea das plantas, durante o ciclo de crescimento da cultura. Há casos em que a aplicação de fungicida sistêmico às sementes dá proteção às plantas até 30 dias de idade, contra certas doenças; isto, se conseguido, resultaria em grande economia, pois reduzir-se-á o número de aplicações para controle de determinadas doenças.
Quando as sementes são tratadas com fungicida sistêmico, parte do produto é absorvida e será diluída pelo crescimento da planta, e parteé submetida á decomposição e, mesmo que o produto permaneça intacto, poderá perder sua efetividade, devido ser transportado para a margem das folhas. A porção do fungicida que permanecer no solo, ao redor das sementes está também sujeita à degradação e absorção. Portanto, o tratamento de sementes visa o controle dos organismos transmitidos pelo solo e sementes, erradicando os fitopatógenos e protegendo-os contra tombamento de mudinhas, apodrecimento de sementes, raízes e hipocótilo e proteção as plantas nos primeiros dias de vida.
Conseqüência do Uso de Fungicidas Sistêmicos
O uso de produtos sistêmicos no controle de uma determinada doença, com o tempo, causa o aparecimento de novas raças na população do patógeno que se tornam resistentes ao fungicida empregado. O fenômeno da resistência ocorre comumente com os fungicidas sistêmicos, tanto em condições de laboratório como no campo; ou em cultivos sob telados de plástica. Embora haja alguns relatos de resistência envolvendo os fungicidas protetores (por exemplo Dodine e Dyrene), na prática, são considerados de pouca importância. Um organismo adquire resistência, quando mostra redução na sensibilidade ou mesmo quando se torna insensível a um determinado pesticida nas concentrações nas quais outras raças do mesmo organismo de mostram sensíveis.
O surgimento de raças resistentes aos fungicidas sistêmicos ocorreu logo após seu uso em escala comercial. Entre os grupos da fungicida onde se tem registrado maior número de formas resistentes, destaca-se o grupo dos Benzimidazoles, sendo o Benomyl um dos produtos onde há maior número de relatos. Mas, em todos os grupos de produtos sistêmicos, há casos de aquisição de resistência, embora sejam mais comuns a certos fungicidas do que a outros.
A resistência adquirida pelos organismos na população é explicada, em parte, como conseqüência de mudanças no genoma do fungo; fatores não genéticos também têm sido observados. As mudanças genéticas na célula fúngica, que se originam de mutações, podem ser distribuídas na população. Em alguns casos, a resistência é governada por genes recessivos e, em outros, por genes dominantes.
Uma das razões do aparecimento de formas resistentes na população de organismos sensíveis aos fungicidas sistêmicos diz respeito ao mecanismo de ação destes compostos.
Os produtos protetores atuam de maneira generalizada, interferindo em vários pontos no metabolismo dos fungos; daí a resistência ser mais difícil de se processar, pois isto implica em mudanças ou mutações em vários sítios. Os produtos sistêmicos possuem modo de ação específico, isto é, atuam em somente um sítio do metabolismo dos organismos; daí não seria necessário mutações em vários pontos, como teria que ocorrer aos protetores, para que ocorresse resistência na população. Devido a este fato, facilmente os organismos adquirem resistência aos fungicidas sistêmicos. É comum denominar os fungicidas protetores de inibidores de sítios múltiplos e os sistêmicos, de inibidores específicos.
O mecanismo de resistência dos fungos aos fungicidas pode ser explicado, em parte, devido a trocas nas células fúngicas, de tal modo que o fungicida não atinja o sítio de ação. Isto pode acontecer devido a decréscimos na permeabilidade da membrana do protoplasma, ou ao aumento da capacidade do fungo de desintoxicar o fungicida (conversão em compostos não tóxicos). Quando o produto químico atinge o sítio de ação, a resistência pode surgir devido ao decréscimo da afinidade pelo local de ação ao fungicida, ou a outros tipos de mudança no metabolismo dos fungos, resultando numa compensação do efeito inibido do sítio bloqueado.
Mecanismos de Resistência
Decréscimo na Permeabilidade
Fenômeno que ocorre em certos grupos de compostos como os antibióticos, onde o produto químico não atinge o local de ação, devido ao decréscimo na permeabilidade da membrana do protoplasma do organismo resistente.
Aumento na Desintoxicação
A desintoxicação pode ocorrer por modificações na molécula com concomitante perda da ação fungicida após entrada na célula fúngica.
Em alguns casos pode ocorrer o inverso da desintoxicação. O organismo pode converter um composto inativo num produto ativo (com ação fungicida), que se denomina síntese letal. Este tipo de conversão tem sido observado “in vitro”.
Decréscimo da Afinidade no Sítio de ação
Quando o fungicida alcança o local de ação sem ser metabolizado pelo organismo, a resistência pode ser explicada baseando-se na falta de afinidade do inibidor no sítio reativo. Por exemplo, quando um fungicida atua primariamente sobre uma enzima em particular, pequena mudança nessa enzima como resultado de mutação genética pode causar perda de afinidade ao fungicida e, consequentemente, surgir a resistência.
Adaptação por Evitamento
Este fenômeno ocorre quando um fungicida bloqueia a reação num determinado sítio de ação do metabolismo e o fungo se adapta e esta situação, mudando o seu metabolismo de tal modo que o local bloqueado não seja utilizado. Há vários exemplos na literatura explicando este fenômeno.
Em determinados organismos, a resistência é adquirida pelo fenômeno da compensação. Este mecanismo ocorre quando, por exemplo, uma enzima (sítio primário de ação de um fungicida) essencial ao metabolismo de um organismo é bloqueada por um fungicida; pelo mecanismo da compensação os organismos aumentariam a quantidade da enzima inibida.
Em síntese, a aquisição de resistência de um organismo a um produto químico é um fato comprovado que varia grandemente com os diferentes grupos de fungicidas, com o mecanismo de resistência e o tipo de organismo.
Como Resistência Surge em Condições de Campo
O uso de fungicidas sistêmicos tende a aumentar a pressão de seleção, contribuindo ainda mais para surgimento de raças resistentes na população dos organismos na natureza. A pressão de seleção é aumentada nos seguintes casos:
Se um fungicida sistêmico ou fungicidas sistêmicos relacionados quimicamente são aplicados repetidamente, por exemplo Benomyl, Tiofanato Metílico, Metalaxyl, etc.
Se o fungicida é aplicado em concentrações letais ou subletais nas diferentes partes da planta, continuamente. Este é o caso quando um fungicida é aplicado freqüentemente ou quando o suprimento contínuo do fungicida é mantido através de aplicações no solo, nas sementes e nas partes aéreas;
Se o fungicida é usado numa área isolada, em casa-de-vegetação, em telados de plástico ou em grandes extensões, onde não haja competição das diferentes raças dos organismos.
Para que haja redução da possibilidade da emergência de raças resistentes em condições de campo, mais de um fungicida com diferentes mecanismos de ação devem ser aplicados, de preferência alternadamente. Por exemplo, aplicação de fungicidas protetores alternados com fungicidas sistêmicos, se o produto sistêmico for necessário. O uso de fungicidas sistêmicos deve ser restrito no tempo e no espaço, de maneira a se obter controle econômico da doença, adotando-se método de aplicação racional para que a pressão de seleção não aumente desnecessariamente. Vale ressaltar que, num programa de controle de doenças de plantas, nem sempre é necessária a inclusão de um fungicida com modo de ação específico, como os sistêmicos. A recomendação final dependerá de uma série de fatores tais como disponibilidade dos fungicidas, tipo de patógeno, preço do produto, tipo de cultura, método de aplicação, número de aplicação e condições do ambiente favoráveis como alta umidade relativa, presença de nevoeiro, chuva, etc.
Outro motivo que recomenda a limitação de aplicação de fungicidas sistêmicos diz respeito a sua influência no equilíbrio dos microorganismos no solo ou na superfície da planta: a atividade dos fitopatógenos pode ser influenciada pela presença de outros microorganismos que competem por espaço, nutrientes ou que produzem antibióticos.
Quando tais organismos são eliminados, os fitopatógenos que são relativamente insensíveisao fungicida podem ser favorecidos e causar novos problemas para a planta. Os desequilíbrios podem acontecer também quando dois organismos fitopatogênicos sendo um sensível e outro insensível a um determinado fungicida sistêmico, estão envolvidos. Uma pergunta que surge é se as raças resistentes desapareceriam da população, quando a aplicação do produto é suspensa e se o mesmo fungicida poderia ser novamente usado? Acredita-se que raças resistentes podem persistir na população por um determinado tempo, sendo muito difícil de se prever com exatidão; mas, eventualmente, a população das raças resistentes tenderá a decrescer, tão logo a pressão de seleção seja eliminada. Por esta razão não deve ser excluída a possibilidade da reutilização do fungicida; mas, neste caso também, sugere-se que um produto que tenha múltiplo sítio de ação seja incluído no programa de controle. 
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MÓDULO 7 – CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS
Módulo 7.4 – Introdução ao Uso dos Fungicidas Sistêmicos
PÓS-TESTE
Assinale a letra C a afirmativa correta e com letra E, a falsa:
( ) A era dos fungicidas sistêmicos teve início no final da década de 1960, com a descoberta do Carboxin e do Ridomil.
( ) O sentido exato de um composto sistêmico é aquele em que seu ingrediente ativo deve penetrar na planta, translocar à distância do local de aplicação e matar o patógeno no interior dos tecidos.
( ) A absorção e translocação de fungicidas sistêmicos varia muito de acordo com a espécie de planta envolvida.
( ) Uma vez no interior dos tecidos da planta, os sistêmicos podem ser transformados em produtos não fungitóxicos; ser diluídos pelo crescimento das plantas ou induzir a produção de fitoalexinas.
( ) Todo composto sistêmico, para ser considerado fungicida, deve penetrar, mover-se dentro da planta, possuir toxicidade seletiva e estabilidade metabólica.
( ) A penetração por via foliar é grandemente dificultada devido os fungicidas terem que atravessar a camada de lipídios. As formulações em concentrado emulsionável têm sido efetivas no aumento da absorção e translocação.
( ) O apoplasto das plantas é a via normal de translocação dos fungicidas; entretanto, há também a possibilidade de movimento no simplasto.
( ) Se os compostos químicos com propriedades fungicidas se movessem eficientemente no simplasto, haveria a possibilidade de controle de doenças de raízes pela aplicação do produto por via foliar.
 ( ) A toxicidade seletiva, que é requerida aos sistêmicos, varia com a espécie de planta e o patógeno envolvidos.
 ( ) A decomposição enzimática e a diluição do produto na planta são os fatores que reduzem a efetividade dos sistêmicos nas plantas.
 ( ) Uma das vantagens dos fungicidas sistêmicos é o seu efeito erradicante e curativo, livrando os tecidos das plantas de infecções fúngicas e bacterianas e conferindo período de proteção maior que os protetores. 
 ( ) Quando se emprega fungicidas protetores, requer-se cobertura mais uniformes das gotas na superfície foliar do que quando se empregam sistêmicos.
 ( ) A penetração ou movimento translaminar de sistêmicos está mais ligada a diferenças entre espécies de plantas do que propriamente à espessura da cutícula.
 ( ) Grande quantidade de ingrediente ativo dos sistêmicos é absorvida pela face superior das plantas, pelo fato de este apresentar maior número de estômatos, do que a face inferior.
 ( ) A penetração dos sistêmicos é influenciada pelo pH, grau de solubilidade e concentração dos produtos, mas não é alterada pelo tipo de formulação.
 ( ) As formulações em concentrado emulsionável e as dispersas em óleo podem aumentar a penetração do ingrediente ativo dos sistêmicos na superfície foliar, mas estes tipos de formulações apresentam uso limitado.
 ( ) A função dos óleos nas formulações com sistêmicos é aumentar a efetividade dos fungicidas; isto é obtido porque está definitivamente comprovado que os óleos causam mudanças na estrutura da suberina e da camada de cera que representam as principais barreiras à entrada dos pesticidas.
 ( ) Quando os sistêmicos são aplicados ao solo, podem não controlar doenças na parte aérea devido sofrerem decomposição e diluição na planta.
 ( ) A penetração nas raízes dos sistêmicos ocorre via simplasto; contudo a faixa de Caspary e a camada de suberina e lignina na parede das células da endoderme podem impedir o movimento.
 ( ) O grau de solubilização dos sistêmicos na camada de lipídios, nas raízes das plantas, é fator importante na absorção dos fungicidas; contudo o alto grau de solubilização não implica necessariamente em alta capacidade de absorção.
 ( ) Um dos trabalhos pioneiros de demonstração de penetração de fungicidas sistêmicos no interior das sementes foi feito por Von Schmeling e Kulka, em 1966, com carvão do milho.
 ( ) O tratamento de sementes com sistêmicos apresenta a vantagem de erradicar fitopatógenos no seu interior, nas radículas e nas partes aéreas, após a germinação e o crescimento das plantas.
 ( ) O surgimento de populações resistentes em fungos fitopatogênicos ocorre comumente pela aplicação de sistêmicos indiscriminadamente; tal fenômeno tem sido verificado em condições de laboratório e no campo.
 ( ) A resistência aos sistêmicos tem surgido pelo fato de estes compostos possuírem modo de ação generalizado, em opostos aos protetores, que são específicos.
 ( ) A falta de afinidade pelo sítio de ação, decréscimo na permeabilidade da membrana do protoplasma e conversão em compostos não tóxicos (desintoxicação) explicam, em parte, a aquisição de resistência aos sistêmicos.
 ( ) As mutações genéticas explicam todos os casos de aquisição de resistência.
 ( ) Na natureza, a pressão de seleção exercida pelos sistêmicos não é fator importante no surgimento de populações resistentes.
 ( ) Os produtos sistêmicos devem ser recomendados no controle de doenças de plantas, mesmo que haja protetores eficientes no comércio, porque são, geralmente, usados em baixas dosagens e a menores intervalos de aplicação.
 ( ) As populações resistentes dos fitopatógenos tendem a desaparecer ou reduzir, quando se paralisa aplicação de sistêmicos; de modo geral, seis meses são necessários para que formas resistentes desapareçam da população.
 ( ) O surgimento de populações resistentes independe da dosagem e do tipo de fungicida.
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