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🐴 Tratamento Geral de Sustentação Inclui: 1. Monitorização periódica dos parâmetros fisiológicos (exame clínico deve ser repetido constantemente). 2. Fluidoterapia intravenosa (IV) · Recuperação e controle da volemia; · Restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico; · Correção do equilíbrio ácido-base. 3. Descompressão digestiva · Sondagem nasogástrica; · Tiflocentese (trocarterização do ceco). 4. Controle da dor. 5. Combate à endotoxemia. 6. Restauração da motilidade intestinal. ⚕️ Descompressão Digestiva Sondagem nasogástrica · Funções: diagnóstica (identificação do tipo, volume e características do conteúdo gástrico) e analgésica. · Em todos os casos, deve ser a primeira medida adotada pelo médico-veterinário (em especial para evitar ruptura gástrica). Após a remoção do conteúdo, deve-se lavar com água até que o líquido saia limpo, controlando o volume administrado e o volume recuperado. A drenagem gástrica estimula fisiologicamente o esvaziamento gástrico e o reflexo gastrocólico, promovendo o retorno da motilidade intestinal. Trocaterização do Ceco (Tiflocentese) Indicada em casos de distensão cecal severa, visando à analgesia e à melhora da motilidade e ventilação do animal, pela descompressão do diafragma. Deve ser realizada sob assepsia e antissepsia rigorosas, pois há risco de peritonite. Após a remoção do conteúdo (gástrico ou cecal), podem ser administrados medicamentos para reduzir processos fermentativos: 1. Silicone 30% + metilcelulose (Ruminol): 100 mL em 1 litro de água morna. 2. Acetilbutileno (Blotrol): 10–20 mL intra-cecal ou diluído em 1 litro de água, por via nasogástrica. 3. Sorbitol (Sedacol): 100–200 mL, IV, a cada 2 horas. 💊 Controle da Dor A dor de intensidade moderada a severa deve ser controlada, pois isso auxilia na estabilização geral, reduzindo o componente neurogênico que interfere na circulação periférica e na motilidade intestinal. Atenção: algumas atitudes ou drogas podem mascarar sintomas, levando a erros de diagnóstico, e certas medicações interferem na motilidade gastrintestinal, devendo ser usadas com cautela. Drogas mais utilizadas: 1. Escopolamina – ação espasmolítica, indicada nas cólicas espasmódicas. · Geralmente associada à dipirona e hioscina. · Dose: 10–30 mg/kg, IV, 1–2 aplicações. 2. Flunixin meglumine – potente e prolongado analgésico visceral com atividade anti-endotóxica (dependente da dose). · Dose analgésica/anti-tóxica: 1,1 mg/kg, IV, a cada 6 horas. · Dose anti-endotóxica: 0,25 mg/kg, IV, a cada 6 horas. 3. Xilazina – promove analgesia visceral por cerca de 30 minutos. · Possui ação bradicardizante e hipotensora, devendo ser usada com cuidado em casos de choque hipovolêmico ou endotóxico. · Contraindicada em timpanismos ou compactações, pois reduz a motilidade do trato gastrintestinal. · Apresentações: Xilazina 10% e 2%. · Dose: 0,2–1,1 mg/kg, IV ou IM. 💧 Correção da Desidratação e Manutenção da Volemia Geralmente é a segunda medida terapêutica adotada. Há grande variedade de fluidos disponíveis no mercado, sendo o mais utilizado a Solução de Ringer. A escolha do fluido depende do quadro clínico, grau de desidratação, necessidade de reposição iônica (Na⁺, Cl⁻, K⁺, Ca²⁺) e correção do equilíbrio ácido-base. Via de eleição: Intravenosa (IV) · Permite administração de grandes volumes em curto tempo; · Recomenda-se colocação de cateter venoso; · Ajuste da velocidade de infusão conforme a necessidade clínica. Após estabilização, animais sem refluxo enterogástrico ou obstrução podem receber fluidos por via enteral ou ingestão espontânea. Cálculo do Volume Volume necessário para correção da desidratação + manutenção: 40–60 mL/kg/dia Exemplo: cavalo com 500 kg e 10% de desidratação → · Perda: 30–35 L · Manutenção: 20–30 L · Total diário: 50–65 L Cateterização Venosa · Sempre indicada para infusão de grandes volumes por longos períodos; · Deve ser bem fixado e heparinizado (0,2 mL heparina 5.000 UI/mL + 9,8 mL SF 0,9%); · Medida do cateter: 14 G; · Velocidade de infusão: 15–50 mL/kg/h (ou mais rápida, conforme o caso). A estratégia de reposição pode ser ajustada conforme a etiologia e evolução clínica. Hidratação Enteral (HETfc) · Reduz custos e possui caráter mais fisiológico, estimulando a motilidade intestinal. · Volume: 10–15 mL/kg/h. Após correção de cerca de 70% da desidratação e descompressão digestiva, na presença de motilidade intestinal, pode-se administrar: · Gluconato de cálcio a 10%, 100–500 mL diluído em fluido IV (50 mL por litro). 🌀 Restauração da Motilidade Intestinal Metoclopramida: melhora a coordenação do esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal. · Dose: 0,1–0,25 mg/kg/h, IV, em infusão lenta (pode causar excitação); ou SC, pura. 🌾 Laxantes Indicados em casos de sobrecarga alimentar e compactações, especialmente de cólon maior. Podem ser utilizados por até 3 dias consecutivos, desde que o animal mantenha condições clínicas estáveis. Os efeitos são observados entre 1 e 5 dias após o início do uso. · Carboximetilcelulose ou Psyllium: indicada em compactações e sobrecargas. · Dose: 1,0 mg/kg, diluído em 6–7 L de água, VO, SID ou BID, por 3 dias. · Sulfato de magnésio: ação osmótica. · Dose: 0,4–1,0 g/kg, diluído em 5–7 L de água, VO, SID, por até 3 dias. Durante o uso de laxantes, o animal deve ter livre acesso à água, evitando desidratação. 🏃 Outras Medidas · Exercício controlado: caminhar o animal por 5–10 minutos/hora durante o tratamento estimula a motilidade intestinal. · Alimentação: com os primeiros sinais de recuperação da motilidade, oferecer pequenas quantidades de capim fresco e de boa digestibilidade.