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Tratamento Geral de Sustentação Equina

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Fernanda Maia

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🐴 Tratamento Geral de Sustentação
Inclui:
1. Monitorização periódica dos parâmetros fisiológicos
(exame clínico deve ser repetido constantemente).
2. Fluidoterapia intravenosa (IV)
· Recuperação e controle da volemia;
· Restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico;
· Correção do equilíbrio ácido-base.
3. Descompressão digestiva
· Sondagem nasogástrica;
· Tiflocentese (trocarterização do ceco).
4. Controle da dor.
5. Combate à endotoxemia.
6. Restauração da motilidade intestinal.
⚕️ Descompressão Digestiva
Sondagem nasogástrica
· Funções: diagnóstica (identificação do tipo, volume e características do conteúdo gástrico) e analgésica.
· Em todos os casos, deve ser a primeira medida adotada pelo médico-veterinário (em especial para evitar ruptura gástrica).
Após a remoção do conteúdo, deve-se lavar com água até que o líquido saia limpo, controlando o volume administrado e o volume recuperado.
A drenagem gástrica estimula fisiologicamente o esvaziamento gástrico e o reflexo gastrocólico, promovendo o retorno da motilidade intestinal.
Trocaterização do Ceco (Tiflocentese)
Indicada em casos de distensão cecal severa, visando à analgesia e à melhora da motilidade e ventilação do animal, pela descompressão do diafragma.
Deve ser realizada sob assepsia e antissepsia rigorosas, pois há risco de peritonite.
Após a remoção do conteúdo (gástrico ou cecal), podem ser administrados medicamentos para reduzir processos fermentativos:
1. Silicone 30% + metilcelulose (Ruminol): 100 mL em 1 litro de água morna.
2. Acetilbutileno (Blotrol): 10–20 mL intra-cecal ou diluído em 1 litro de água, por via nasogástrica.
3. Sorbitol (Sedacol): 100–200 mL, IV, a cada 2 horas.
💊 Controle da Dor
A dor de intensidade moderada a severa deve ser controlada, pois isso auxilia na estabilização geral, reduzindo o componente neurogênico que interfere na circulação periférica e na motilidade intestinal.
Atenção: algumas atitudes ou drogas podem mascarar sintomas, levando a erros de diagnóstico, e certas medicações interferem na motilidade gastrintestinal, devendo ser usadas com cautela.
Drogas mais utilizadas:
1. Escopolamina – ação espasmolítica, indicada nas cólicas espasmódicas.
· Geralmente associada à dipirona e hioscina.
· Dose: 10–30 mg/kg, IV, 1–2 aplicações.
2. Flunixin meglumine – potente e prolongado analgésico visceral com atividade anti-endotóxica (dependente da dose).
· Dose analgésica/anti-tóxica: 1,1 mg/kg, IV, a cada 6 horas.
· Dose anti-endotóxica: 0,25 mg/kg, IV, a cada 6 horas.
3. Xilazina – promove analgesia visceral por cerca de 30 minutos.
· Possui ação bradicardizante e hipotensora, devendo ser usada com cuidado em casos de choque hipovolêmico ou endotóxico.
· Contraindicada em timpanismos ou compactações, pois reduz a motilidade do trato gastrintestinal.
· Apresentações: Xilazina 10% e 2%.
· Dose: 0,2–1,1 mg/kg, IV ou IM.
💧 Correção da Desidratação e Manutenção da Volemia
Geralmente é a segunda medida terapêutica adotada.
Há grande variedade de fluidos disponíveis no mercado, sendo o mais utilizado a Solução de Ringer.
A escolha do fluido depende do quadro clínico, grau de desidratação, necessidade de reposição iônica (Na⁺, Cl⁻, K⁺, Ca²⁺) e correção do equilíbrio ácido-base.
Via de eleição: Intravenosa (IV)
· Permite administração de grandes volumes em curto tempo;
· Recomenda-se colocação de cateter venoso;
· Ajuste da velocidade de infusão conforme a necessidade clínica.
Após estabilização, animais sem refluxo enterogástrico ou obstrução podem receber fluidos por via enteral ou ingestão espontânea.
Cálculo do Volume
Volume necessário para correção da desidratação + manutenção:
40–60 mL/kg/dia
Exemplo: cavalo com 500 kg e 10% de desidratação →
· Perda: 30–35 L
· Manutenção: 20–30 L
· Total diário: 50–65 L
Cateterização Venosa
· Sempre indicada para infusão de grandes volumes por longos períodos;
· Deve ser bem fixado e heparinizado (0,2 mL heparina 5.000 UI/mL + 9,8 mL SF 0,9%);
· Medida do cateter: 14 G;
· Velocidade de infusão: 15–50 mL/kg/h (ou mais rápida, conforme o caso).
A estratégia de reposição pode ser ajustada conforme a etiologia e evolução clínica.
Hidratação Enteral (HETfc)
· Reduz custos e possui caráter mais fisiológico, estimulando a motilidade intestinal.
· Volume: 10–15 mL/kg/h.
Após correção de cerca de 70% da desidratação e descompressão digestiva, na presença de motilidade intestinal, pode-se administrar:
· Gluconato de cálcio a 10%, 100–500 mL diluído em fluido IV (50 mL por litro).
🌀 Restauração da Motilidade Intestinal
Metoclopramida: melhora a coordenação do esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal.
· Dose: 0,1–0,25 mg/kg/h, IV, em infusão lenta (pode causar excitação); ou SC, pura.
🌾 Laxantes
Indicados em casos de sobrecarga alimentar e compactações, especialmente de cólon maior.
Podem ser utilizados por até 3 dias consecutivos, desde que o animal mantenha condições clínicas estáveis.
Os efeitos são observados entre 1 e 5 dias após o início do uso.
· Carboximetilcelulose ou Psyllium: indicada em compactações e sobrecargas.
· Dose: 1,0 mg/kg, diluído em 6–7 L de água, VO, SID ou BID, por 3 dias.
· Sulfato de magnésio: ação osmótica.
· Dose: 0,4–1,0 g/kg, diluído em 5–7 L de água, VO, SID, por até 3 dias.
Durante o uso de laxantes, o animal deve ter livre acesso à água, evitando desidratação.
🏃 Outras Medidas
· Exercício controlado: caminhar o animal por 5–10 minutos/hora durante o tratamento estimula a motilidade intestinal.
· Alimentação: com os primeiros sinais de recuperação da motilidade, oferecer pequenas quantidades de capim fresco e de boa digestibilidade.

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