Prévia do material em texto
Público VICTOR PASSOS ARRUDA ALIENAÇÃO PARENTAL IPATINGA 2025 VICTOR PASSOS ARRUDA Público ALIENAÇÃO PARENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. Orientador: Jorge Medina Ipatinga 2025 VICTOR PASSOS ARRUDA Público ALIENAÇÃO PARENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. BANCA EXAMINADORA Dr: Guilherme De Castro Resende Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Dr: Jamerson Leon Silva Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Ipatinga, 25 de novembro de 2025. Público Dedico este trabalho ao bem-estar de todas as crianças e adolescentes que sofrem com os efeitos da alienação parental, assim como às famílias que enfrentam essa difícil realidade. Expresso também minha profunda gratidão a Deus, pilar essencial em minha vida, e aos meus pais, cuja dedicação, parceria e apoio incondicional foram indispensáveis. Público AGRADECIMENTOS Este trabalho simboliza a luz ao fim de uma longa jornada marcada por anos dedicados à busca pela tão almejada graduação. O percurso, repleto de desafios, exigiu força e determinação, e, por isso, não poderia deixar de expressar minha profunda gratidão a todos que me apoiaram nessa caminhada. Sou imensamente grata, primeiramente, a Deus, pelas incontáveis bênçãos que têm iluminado minha existência. Sua generosidade em me conceder saúde, energia e uma insaciável curiosidade fez do aprendizado diário uma das minhas maiores fontes de alegria e a base sólida para a concretização dos meus objetivos e sonhos. Agradeço também aos meus pais, pilares fundamentais em minha vida, responsáveis por tudo que já conquistei e por tudo que ainda conquistarei. Seu amor incondicional e incentivo constante foram combustíveis essenciais para que eu jamais desistisse de sonhar e buscar novos horizontes. Por fim, registro minha gratidão a todos os professores que cruzaram meu caminho. Seus ensinamentos, sábios e inspiradores, foram cruciais para a construção da profissional que estou me tornando e permanecem como um guia inestimável em minha trajetória futura. Público “ A decisão de ter um filho é uma coisa muito séria. É decidir ter, para sempre, o coração fora do corpo”. Elizabeth W. Stone. Público ARRUDA, Victor Passos. Alienação Parental. 2025. 62 Páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Ipatinga, 2025. RESUMO O presente trabalho propõe, de forma introdutória, oferecer um panorama abrangente sobre a Alienação Parental e nos efeitos psicológicos relacionados ao desenvolvimento da Síndrome de Alienação Parental (SAP). O trabalho examina múltiplas definições e as possíveis controvérsias associadas ao termo "Síndrome da Alienação Parental", introduzido pelo Dr. Richard Alan Gardner, por meio de uma ampla revisão da literatura, tanto nacional quanto internacional. São abordadas as principais características do fenômeno e suas diversas formas de manifestação nos indivíduos envolvidos. Observa-se que o aumento dos casos de divórcio ao longo dos últimos anos intensificou as disputas pela guarda dos filhos, frequentemente expondo o fenômeno da alienação parental. Esse conceito ganha especial relevância em contextos de separação marcados por conflitos intensos, nos quais uma das partes pode alimentar um desejo de vingança. Em situações como essas, tal sentimento muitas vezes se materializa na tentativa deliberada de distanciar a criança do outro genitor, com a intenção de provocar dor emocional e sofrimento à parte afetada. Como resultado direto, a criança é transformada em um instrumento de conflito, assumindo involuntariamente o papel central em um cenário de angústia e afastamento de um dos pais. O propósito final é contribuir para avanços no tratamento do tema, tanto no âmbito jurídico quanto no contexto das dinâmicas familiares. Palavras-chave: Alienação Parental. Síndrome Da Alienação Parental. Efeitos Da Alienação. Público ARRUDA, Victor Passos. Parental Alienation.2025. 62 Páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Ipatinga, 2025. ABSTRACT This introductory paper proposes a comprehensive overview of Parental Alienation and the psychological effects associated with the development of Parental Alienation Syndrome (PAS). The paper examines multiple definitions and potential controversies associated with the term "Parental Alienation Syndrome," introduced by Dr. Richard Alan Gardner, through a comprehensive review of both national and international literature. The main characteristics of the phenomenon and its various manifestations in the individuals involved are addressed. The increase in divorce cases in recent years has intensified child custody disputes, often exposing the phenomenon of parental alienation. This concept gains particular relevance in separation contexts marked by intense conflict, in which one of the parties may harbor a desire for revenge. In such situations, such feelings often materialize in a deliberate attempt to distance the child from the other parent, with the intention of causing emotional pain and suffering to the affected party. As a direct result, the child becomes an instrument of conflict, involuntarily assuming the central role in a scenario of anguish and alienation from one of the parents. The ultimate goal is to contribute to advances in addressing this issue, both in the legal sphere and in the context of family dynamics. Keywords: Parental Alienation. Parental Alienation Syndrome. Effects of Alienation. Público LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SAP Síndrome da Alienação Parental DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais CID 10 Classificação Internacional de Doenças IMED Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento. CFP Conselho Federal de Psicologia LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional CNJ Conselho nacional de Justiça ECA Estatuto da Criança e do Adolescente CF Constituição Federal nº Número p. Página § Parágrafo Art Artigo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 2. CAPÍTULO I REFLEXÕES GERAIS ACERCA DA ESTRUTURA FAMILIAR ........................................................................................................ 14 2.1 O SURGIMENTO DA FAMÍLIA NO SEU CONTEXTO JURÍDICO E SOCIAL..............................................................................................................14 2.2 CONCEITO DE FAMÍLIA .......................................................................... 16 2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA ............................................................ 18 3 CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL ........... 20 3.1 DIFERENÇA ENTRE A ALIENAÇAO E E A SAP .................................... 20 3.2 MANIFESTAÇÕES CLÁSSICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL .............. 25 3.2.1 IMPLANTAÇÃO DE FALSASo juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I - Declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II - Ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III - estipular multa ao alienador; IV - Determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V - Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; VI - Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; Para a aplicação das sanções previstas no referido artigo, é suficiente a comprovação da ocorrência de violência psicológica contra a criança ou o adolescente. Não se exige, como regra geral, o cumprimento de uma sequência processual rígida, sendo a análise realizada caso a caso, de acordo com as particularidades da situação apresentada. Cabe ao magistrado avaliar os elementos disponíveis e determinar a medida mais adequada à proteção dos direitos da criança ou do adolescente. Desta forma nos ensina Fabio Vieira Figueiredo: Acerca dos sete incisos previstos neste artigo, apesar de parentar certa gradação quanto à gravidade da previsão imposta, não s e deve partir do pressuposto que esta sequência seja necessariamente fixa e imposta para que seja seguida nessa ordem pelo juiz. O magistrado não está vinculado a obedecer progressivamente às medidas, ficando ao seu critério a análise de cada caso concreto e adaptação de qual dessas ou outras acredita ser necessária naquela determinada situação, ainda que possa aplica-las cumulativamente. (FIGUEIREDO, p.72, 2011) Antes do advento da Lei nº 13.431/2017, a sanção considerada mais severa no ordenamento jurídico brasileiro, no âmbito da proteção à criança e ao adolescente, era a suspensão da autoridade parental — anteriormente denominada "autoridade familiar". Tal medida era aplicada apenas em casos extremos, após o esgotamento de todas as demais alternativas, e sempre com extrema cautela, a fim de evitar prejuízos ao bem-estar do menor. 38 Sobre a suspensão da autoridade parental, nos ensina Eduardo de Oliveira Leite: “A ressalva é importante e merece reflexão porque, embora o inc. VIII do art. 6º da Lei de Alienação Parental só se refira à hipótese de ‘suspensão’, é claro que a possibilidade de ‘perda’, ou destituição, existe na alienação parental, sempre que se materializar a reincidência prevista no inc. IV do art. 1.638 do Código Civil. [...] porque a suspensão é penalidade menos severa que a destituição (daí o seu caráter temporário), enquanto a perda (ou destituição) do poder familiar é mais grave. Para a configuração da medida drástica é fundamental a ocorrência de motivos relevantes a justificar a sanção. ” (LEITE, 2015, p. 409 e 410) Contudo, com a entrada em vigor da referida legislação em 5 de abril de 2018, estabeleceu-se uma nova perspectiva quanto às medidas punitivas. A partir de então, o artigo 21, inciso III, da Lei nº 13.431/2017 passou a prever a possibilidade de decretação da prisão preventiva nos casos em que houver indícios de ameaça à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente. Assim, a partir da promulgação da nova norma, a prisão preventiva passou a configurar a medida mais rigorosa, superando a suspensão da autoridade parental no rol das sanções cabíveis. Ressalte-se, contudo, que a aplicação de qualquer dessas medidas deve observar os princípios da proporcionalidade e do melhor interesse da criança e do adolescente, de modo a assegurar sua proteção integral. 39 4 - POSSÍVEIS SOLUÇÕES DA ALIENAÇÃO PARENTAL A legislação vigente que trata da alienação parental prevê a possibilidade de adoção de diversas alternativas para a resolução dos conflitos familiares, especialmente no que se refere à preservação dos vínculos afetivos da criança com ambos os genitores. Dentre essas alternativas, destacam-se a implementação da guarda compartilhada, bem como a atuação de profissionais especializados, como psicólogos forenses, assistentes sociais e conselheiros tutelares, que exercem papel fundamental na mediação e acompanhamento de casos que envolvem práticas alienadoras. 4.1 GUARDA COMPARTILHADA NOS CASOS DE ALIENAÇÃO Nos termos da Lei nº 12.318/2010, é possível a conversão da guarda unilateral em guarda compartilhada nos casos em que for identificada a prática de alienação parental. O legislador, ao prever tal medida, reconheceu que a guarda compartilhada pode representar uma alternativa eficaz para coibir a alienação, promovendo maior equilíbrio na convivência familiar e assegurando o convívio regular da criança com ambos os genitores. Vamos analisar o artigo 6º, inciso V, da Lei de Alienação Parental: Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: V - Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão. (JUSBRASIL. Art. 6º da Lei nº 12.318 | Lei da Alienação Parental, de 26 de agosto de 2010) O modelo de guarda exclusivamente unilateral, também conhecido como guarda exclusiva, tem sido objeto de críticas por parte da doutrina contemporânea, especialmente por ser considerado um regime obsoleto e, por vezes, excludente. Tal regime não contempla de forma adequada as necessidades afetivas, emocionais e sociais da criança ou do adolescente, uma vez que afasta um dos genitores da convivência cotidiana, em um momento crucial de desenvolvimento da personalidade e estruturação do núcleo familiar. 40 A exclusão do pai ou da mãe da rotina da criança pode ocasionar impactos negativos significativos, comprometendo sua formação integral e o pleno exercício do direito à convivência familiar, previsto no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O ordenamento jurídico brasileiro, orientado pelo princípio do melhor interesse da criança, tem evoluído no sentido de adotar medidas que assegurem uma convivência equilibrada e contínua com ambos os genitores. Nesse cenário, a guarda unilateral tem cedido espaço à guarda compartilhada, regime que representa uma forma mais justa e equitativa de exercício da autoridade parental. Trata-se de um avanço legislativo e doutrinário fundamentado não apenas em bases jurídicas, mas também em estudos psicológicos e sociológicos que evidenciam os benefícios da convivência ativa com ambos os pais para o desenvolvimento emocional e psíquico da criança. Contudo, a introdução da guarda compartilhada no ordenamento jurídico brasileiro enfrentou resistência inicial, em razão da desinformação generalizada quanto à sua aplicação. Muitos interpretaram erroneamente que tal modalidade envolveria a alternância física do domicílio da criança, ou seja, sua permanência por períodos alternados nas casas de cada genitor. Essa visão equivocada gerou receios relacionados à instabilidade emocional e à desestruturação de rotinas fundamentais, como a escolarização, socialização e hábitos domésticos. Na realidade, a guarda compartilhada não pressupõe alternância de lares, mas sim a participação conjunta e equilibrada dos genitores nas decisões relevantes da vida da criança, tais como questões educacionais, médicas, religiosas, dentre outras. Tal regime busca assegurar o direito da criança à convivência familiar ampla e contínua, minimizando os riscos de traumas, sofrimentos e angústias que podemser causados pela ausência prolongada de um dos pais. Como afirma Freitas (2015 p. 14), a guarda compartilhada proporciona um desenvolvimento emocional mais estável, reduzindo os ônus psicológicos que a separação dos pais pode acarretar. Ademais, rompe com a equivocada ideia de posse sobre os filhos, frequentemente associada à guarda unilateral, e promove uma relação baseada na corresponsabilidade parental, respeitando os laços afetivos existentes com ambos os genitores. 41 Nesse sentido, a Lei nº 12.318/2010, ao dispor sobre a alienação parental, revela uma preocupação legislativa em incentivar a guarda compartilhada como medida preventiva e reparatória frente às práticas alienadoras. O artigo 6º, inciso V, da referida norma, autoriza expressamente que o magistrado, ao constatar condutas que dificultem ou impeçam a convivência familiar, converta a guarda unilateral em compartilhada, ou até mesmo determine a inversão da guarda, sempre com base na análise do melhor interesse da criança. Dessa forma, a legislação parte da premissa de que a guarda compartilhada deve ser a regra geral, e não a exceção, nos litígios envolvendo a guarda de menores. Além de garantir uma convivência equilibrada com ambos os pais, funciona como instrumento de mitigação dos danos causados pela alienação parental, ao passo que fomenta o exercício igualitário do poder familiar e assegura a proteção integral da criança e do adolescente, conforme preconizado pelo artigo 227 da Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 4.2 ELABORAÇÃO DO LAUDO PERICIAL POR PSICÓLOGOS E ASSISTENTES SOCIAIS Diante da relevância do tema, especialmente no que tange às implicações psicológicas e sociais relacionadas à alienação parental, o legislador estabelece a utilização de laudos técnicos fundamentados em avaliações psicológicas ou biopsicossociais. Evidencia-se, assim, a existência de um aparato técnico- científico destinado à abordagem das partes envolvidas, de forma autônoma à atuação direta do magistrado. Como exemplo, destaca-se o depoimento sem danos, um procedimento especializado voltado à escuta de crianças e adolescentes, com o objetivo de preservar sua integridade emocional durante o processo judicial. Vamos analisar o que estabelece o artigo 5º da Lei nº 12.318 de 2010, que determina o seguinte: Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. § 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, 42 histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. § 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. § 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. (JUSBRASIL Art. 5º da Lei nº 12.318 | Lei da Alienação Parental, de 26 de agosto de 2010) Quando observamos a situação, é o juiz quem decide pela realização da perícia psicológica ou biopsicossocial. Para aprofundarmos nossa compreensão sobre o que essa avaliação implica, vamos analisar as informações disponíveis no Portal da Educação do Brasil. [...] podemos definir perícia psicológica no contexto forense como o exame científico, desenvolvido por um especialista, realizado com o uso de métodos e técnicas reconhecidas pela Psicologia, com a efetivação de investigações, análises e conclusões sobre os fatos e pessoas, apontando uma possível correlação de causa e efeito, além de identificar a motivação e as alterações psicológicas dos agentes envolvidos no processo judicial. (2013. Portal da Educação) As técnicas e métodos mencionados devem ser implementados em conformidade com o disposto no parágrafo primeiro do artigo referido, o qual fornece diretrizes claras aos profissionais sobre os procedimentos a serem seguidos no contexto da perícia. Ademais, os responsáveis pelo exercício dessa atividade devem possuir qualificação adequada e comprovar sua competência técnica para desempenhá-la. O prazo estipulado para a entrega do laudo é de até 90 dias, podendo, contudo, ser prorrogado mediante a apresentação de justificativas plausíveis que fundamentem a necessidade de extensão temporal. Em relação a esse tema, o portal de notícias do Tribunal de Justiça do Mato Grosso divulgou um documento orientativo com considerações relevantes acerca da condução de depoimentos de crianças e adolescentes em situações de alienação parental. No referido material, foi sublinhada a importância de que esses depoimentos sejam realizados de maneira distinta dos demais, dado o envolvimento de indivíduos menores de idade. Assim, torna-se imprescindível adotar uma abordagem mais sensível e humanizada para garantir que o 43 processo seja conduzido com o devido respeito às particularidades e vulnerabilidades dessa faixa etária. No Depoimento Especial, um técnico treinado – preferencialmente um psicólogo ou assistente social – faz as perguntas à criança, em recinto distinto à sala de audiências (uma sala reservada, onde a privacidade é garantida). [...] O recinto reservado gera segurança e conforto para a vítima que, se comunica direta e somente com o profissional interlocutor. O tempo da criança é respeitado. Se ela chorar, silenciar ou entrar em grande sofrimento, a sessão do depoimento deve ser interrompida, para prosseguir-se em outra oportunidade. [...]além disso, a criança e o adolescente não têm que se expressar, diante do alienador ou alienado e de pessoas que lhes são totalmente desconhecidas, poupando-os de constrangimentos que, muitas vezes, os possam fazer silencia. (Lei nº 13.431/2017) Porto Alegre destacou-se como uma das primeiras capitais brasileiras a adotar o método do Depoimento sem Dano, instituindo, ainda, uma sala especial destinada a essa prática nas dependências do Foro Central da cidade. Projeto Depoimento Sem Dano tem como objetivo a proteção do menor abusado, sem que este tenha que passar pelo constrangimento de expor publicamente o fato delituoso e traumatizante. Consiste, assim, em colher o depoimento da criança vítima do abuso sexual em uma sala montada especialmente para o depoimento da criança/adolescente vítima. A dependência possui equipamentos de áudio e vídeo, sem a presença do acusado, do juiz, do delegado. Apenas um psicólogo ou assistente social estará com a criança nesta sala tomando seu depoimento de forma adequada, deixando a criança menos intimidada. Sala especial criada para uso do método Depoimento sem Dano fica no Foro Central de Porto Alegre no mesmo andar do 2º JIJ. É uma sala que contém DVD, televisor, vídeo, bonecos, papel, lápis para desenho, para que a criança se sinta confortável, à vontade para seguir com o seu depoimento. É um equipamento especial de áudio e vídeo que produz um bom som e uma boa imagem em tempo real. A sala é interligada a outra onde estarão o juiz, o promotor de justiça, defensor e acusado acompanhando o depoimento; estes podem fazer perguntas por meio do interlocutor que transmitirá à criança. Há a responsabilidade pela privacidade da criança, não tendo a formalidade de uma sala de audiências, o que faz com que a criança se sinta menos pressionada. A entrevista é gravada em um CD e anexada aosautos, integra a prova judicial. (CEZAR 2007, p. 60) É fundamental demonstrar zelo e atenção nesse momento, pois ao relatar algo constrangedor, a criança ou o adolescente revive todas as angústias e questionamentos em sua mente, como se estivesse novamente vivenciando aquilo que está sendo narrado. Nesse sentido, a atuação dos peritos em casos de alienação parental torna-se indispensável, exigindo deles extrema cautela e o uso máximo de seus conhecimentos especializados, já que qualquer erro pode causar graves consequências para as relações familiares. Segundo informações disponíveis no site de notícias do CNJ, é igualmente essencial que sejam 44 avaliadas as características do indivíduo que pratica a alienação, garantindo uma abordagem detalhada e técnica. O alienador costuma apresentar características como manipulação e sedução, baixa autoestima, dificuldades em respeitar regras e resistência ao ser avaliado, entre outras. Exemplos de conduta do alienador são apresentar o novo cônjuge como novo pai ou nova mãe, desqualificar o pai da criança em sua frente e de outros, tomar decisões importantes sobre o filho sem consultar o outro, alegar que o ex- cônjuge não tem disponibilidade para os filhos e não deixar que usem roupas dadas por ele. (2015. CNJ – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA) Além disso, determinam-se quais medidas judiciais podem ser aplicadas caso seja comprovada a ocorrência de alienação parental. Medidas judiciais - A equipe multidisciplinar tem o prazo de 90 dias para apresentar um laudo em relação à ocorrência de alienação. Se constatada a prática, o processo passa a ter tramitação prioritária e o juiz determinará com urgência as medidas provisórias visando a preservação da integridade psicológica da criança, inclusive para assegurar a sua convivência com o genitor e efetivar a reaproximação de ambos. As medidas que podem ser tomadas, de acordo com a lei, vão desde uma simples advertência ao genitor até a ampliação do regime de convivência em favor do genitor alienado, estipulação de multa ao alienador, determinação de acompanhamento psicológico, alteração da guarda e suspensão da autoridade parental. (2015. CNJ – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA) Além dessas disposições, as providências de caráter emergencial podem ser determinadas sem a necessidade de prévia manifestação da parte adversa. Tal diretriz é destacada por Araújo: (2023) Quando a questão controvertida na ação judicial manejada é a proteção integral à criança e ao adolescente, falar em concessão de medida liminar, qual seja aquela que é concedida sem a ouvida da parte contrária, em sede de ação autônoma ou em pedido liminar que alega a ocorrência de alienação parental, significa buscar as medidas provisórias protetivas destinadas à salvaguarda da integridade psicológica, ou até mesmo física, do infante. [...] legitimada estaria, assim, a medida liminar proferida sem sopesar as razões das partes, incluindo-se entre estas a própria criança envolvida, cujo bem-estar e interesses também devem ser levados em consideração. (Araújo,2023) Considerando o foco no bem-estar e nos interesses da criança, torna-se essencial adotar medidas de urgência diante de casos de alienação parental, com o objetivo de assegurar seus direitos. Nesse contexto, é fundamental que os magistrados tomem uma postura ativa em situações relacionadas à alienação parental, podendo inclusive determinar a suspensão da autoridade parental, 45 quando tal decisão for indispensável para garantir o desenvolvimento psicológico saudável da criança ou adolescente. 4.3 CONSELHO TUTELAR E ECA NA ALIENAÇÃO PARENTAL Mesmo antes da Lei da Alienação Parental existir, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já tinha como foco principal a proteção dos direitos das crianças e adolescentes. Um bom exemplo disso está no artigo 3º, que garante a eles todos os direitos fundamentais que qualquer pessoa tem — além de uma proteção completa, feita por meio da lei e de outras formas. O ECA deixa claro que crianças e adolescentes têm direito a crescer em um ambiente que favoreça seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, sempre com liberdade e dignidade. Outro ponto importante é que o Conselho Tutelar tem um papel essencial nessa missão de garantir os direitos da criança e do adolescente. Já a Lei da Alienação Parental veio depois, mas segue o mesmo caminho do ECA: proteger os menores e garantir que eles não sofram interferências ou manipulações que prejudiquem sua convivência familiar e emocional. Ou seja, as duas legislações andam lado a lado, sempre buscando o melhor para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes. De acordo com o Estatuto da Criança do Adolescente (1990, p.31), em seu art.21/90: Art. 21 - O pode familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que despuser a legislação civil, assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de divergência, recorrer à autoridade judiciaria competente para a solução da divergência. As diversas discussões e legislações que tratam desse tema existem para garantir que o cuidado e a proteção das crianças sejam reconhecidos como uma necessidade fundamental, delegando aos pais a responsabilidade de cumprir seu papel adequadamente. No entanto, quando essa atenção e compromisso falham, cabe ao Estado intervir para assegurar que a criança não seja negligenciada, nem exposta a situações de vulnerabilidade psicológica, financeira ou sexual. 46 De acordo com o artigo 131 do ECA, o Conselho Tutelar é um órgão permanente e independente, que não faz parte do Judiciário, mas tem um papel superimportante: ele foi criado pela própria sociedade para garantir que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam respeitados, conforme será detalhado a diante. Suas responsabilidades estão detalhadas no artigo 136 do Estatuto, sendo elas as seguintes: Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: I - Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; II - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações. IV - Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; V - Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; VI - Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional; VII - expedir notificações; VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário; IX - Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas e efetivas direcionadas à identificaçãoda agressão, à agilidade no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à responsabilização do agressor; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, correção ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a prover orientação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos encaminhamentos necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XV - Representar à autoridade judicial ou policial para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XVI - representar à autoridade judicial para requerer a concessão de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente vítima ou 47 testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a revisão daquelas já concedidas;(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XVII - representar ao Ministério Público para requerer a propositura de ação cautelar de antecipação de produção de prova nas causas que envolvam violência contra a criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua competência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar contra a criança e ao adolescente;(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) XX - Representar à autoridade judicial ou ao Ministério Público para requerer a concessão de medidas cautelares direta ou indiretamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou denunciante de informações de crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a criança e ao adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) De acordo com Digiácomo (2003) o papel do Conselho Tutelar consiste em proteger os direitos fundamentais dos indivíduos, não a própria pessoa, exigindo que esses direitos sejam efetivamente garantidos. O autor também ressalta um aspecto relevante, apontando que os membros do Conselho frequentemente enfrentam resistência ou são percebidos de maneira negativa por alguns pais. O papel do Conselho Tutelar pode ser considerado antipático, se enxergado num primeiro momento; afinal, quem quer ser cobrado a cumprir seu dever? Qual é o pai que quer ouvir que a educação, o respeito, a obediência são funções suas e que é isso que deve ser utilizado quando o filho sai e não quer mais voltar para casa? Que estabelecimento de educação quer reconhecer que, às vezes, o aluno ‘rebelde’ pode ser resultado de comportamentos autoritários (ou, ao contrário, permissivos) por parte da Direção e dos professores? Que dirigente de abrigo quer ser cobrado a cumprir seus deveres de guardião? (Digiácomo.2003 p.147) Mais uma vez nos deparamos com a controvérsia sobre aceitar ou não a intervenção do Estado na esfera familiar. Contudo, como já foi afirmado, sempre que direitos fundamentais estiverem em risco, é não só permitido, mas também necessário, que o Estado interfira em qualquer relação envolvida. 48 Nesse contexto, o Conselho Tutelar desempenha um papel essencial na proteção de menores. Sua atuação não se limita ao acompanhamento de casos; ele também pode encaminhá-los ao Ministério Público quando identifica situações em que se torna necessário afastar uma criança ou adolescente do ambiente familiar. Vale destacar que essa medida, que é considerada uma das sanções aplicáveis ao genitor alienante nos casos de alienação parental, pode levar à suspensão da autoridade parental, conforme decidido judicialmente. 4.4 O ADVOGADO (A) A FRENTE DA ALIENAÇÃO PARENTAL O advogado exerce papel central na prevenção e no enfrentamento da alienação parental, tendo em vista sua atuação direta com as partes envolvidas e sua proximidade com o Poder Judiciário. Por estar em contato constante com os conflitos familiares, o advogado encontra-se em posição privilegiada para identificar comportamentos que indiquem a ocorrência de alienação parental, podendo agir preventivamente. De acordo com Patrícia Máris (2020), ao ser procurado em casos de dissolução conjugal, o advogado deve, primeiramente, realizar uma análise cuidadosa do caso concreto para verificar a existência de indícios de alienação parental. Essa postura é essencial para evitar o desenvolvimento da síndrome da alienação parental, fenômeno que compromete profundamente os vínculos afetivos entre pais e filhos. Entretanto, observa-se que, em determinadas situações, há profissionais que priorizam interesses financeiros em detrimento da ética profissional. Nesses casos, os advogados acabam por estimular o litígio, orientando seus clientes a não cederem, a manterem posturas combativas e, por vezes, a recorrerem a inverdades, contribuindo para o agravamento dos conflitos e perpetuação de condutas alienantes. Mesmo não podendo atuar formalmente como mediador, o advogado deve sempre que possível incentivar a construção de acordos e destacar a importância da mediação e da conciliação. Essa conduta está amparada pelo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, em especial pelo artigo 2º, parágrafo único, inciso VI, que estabelece como dever de profissional estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios. O advogado, ao ser procurado em 49 processos de separação ou dissolução de união, deve agir com ética, responsabilidade e visão humanizada. Ele está em uma posição estratégica para detectar indícios de alienação parental logo no início do processo, podendo atuar de forma preventiva e orientar seu cliente para que evite condutas prejudiciais. É importante destacar que o Poder Judiciário, por si só, não possui estrutura suficiente para lidar com todos os aspectos da alienação parental, sendo imprescindível o apoio de uma equipe multidisciplinar composta por peritos, psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras e outros profissionais. Essa atuação conjunta possibilita tanto a identificação precoce da alienação quanto o encaminhamento adequado para o tratamento da situação. Com a integração de especialistas de diversas áreas no âmbito das Varas de Família, tornou-se mais viável o reconhecimento e a condução adequada de casos complexos. Dessa forma, as Varas de Família não podem mais ser compostas apenas por juízes, promotores de justiça, analistas e técnicos judiciários. A realidade social atual exige a presença de um corpo técnico diversificado, capacitado para lidar com as múltiplas e delicadas questões que envolvem as relações familiares A complexidade dos casos de alienação parental demonstra que o Poder Judiciário, sozinho, não é capaz de oferecer respostas suficientes para lidar com o problema de forma eficaz. Por isso, a atuação de uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras e outros especialistas, torna-se essencial para o diagnóstico e a intervençãoadequada nesses casos (COSTA, 2020). A inclusão desses profissionais nas Varas de Família trouxe uma nova capacidade de identificar e lidar com casos de alienação parental de forma mais precisa. Isso transformou o panorama da justiça familiar, que não pode mais ser delimitado apenas pelas funções de juízes, promotores e técnicos tradicionais. A sociedade passou a exigir uma equipe técnica mais ampla e altamente qualificada, preparada para atender às complexas demandas das variadas estruturas familiares que caracterizam a realidade atual. Diante do exposto, constata-se que o advogado exerce um papel estratégico na prevenção e no enfrentamento da alienação parental. Sua atuação ética, responsável e comprometida com os princípios do Direito de Família é fundamental para evitar consequências negativas, muitas vezes irreversíveis, especialmente para crianças e adolescentes envolvidos em 50 disputas judiciais familiares. Ao adotar uma conduta e postura que valoriza a conciliação e ao colaborar com profissionais de áreas complementares, como psicologia, serviço social e psiquiatria, o advogado contribui significativamente para a construção de soluções mais humanas, eficazes e duradouras. Assim, sua atuação vai além da defesa técnica, alcançando um papel social relevante na promoção do bem-estar com a proteção dos vínculos afetivos e na pacificação dos conflitos familiares. 51 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A alienação parental, frequentemente observada em contextos de separação ou litígios pela guarda dos filhos, resulta em danos consideráveis ao desenvolvimento emocional e psicológico de crianças e adolescentes. O fenômeno, que surge em decorrência de conflitos entre os pais, pode desencadear a Síndrome da Alienação Parental (SAP), cujas consequências afetam de forma prolongada as relações familiares. Este estudo, baseado em revisão bibliográfica, reforça a necessidade de medidas eficazes como o incentivo ao diálogo, a mediação de conflitos e a preservação dos vínculos afetivos, visando garantir o bem-estar dos menores. A alienação parental constitui uma grave forma de violência psicológica, tendo como alvo a criança ou o adolescente, com impactos diretos sobre sua saúde emocional e suas relações familiares. A Lei nº 12.318/2010, conhecida como Lei da Alienação Parental, representa um avanço legal significativo no combate a essa prática, ao estabelecer medidas de proteção aos direitos da criança e ao promover a restauração dos vínculos familiares. A análise da alienação parental evidencia os prejuízos emocionais que ela ocasiona, afetando tanto o desenvolvimento da criança quanto a convivência familiar. A legislação brasileira, especificamente a Lei nº 12.318/2010, destaca a relevância da implementação de medidas legais para o reconhecimento e combate à alienação parental, utilizando ferramentas técnicas que asseguram a proteção integral dos menores e o fortalecimento das relações familiares. Este estudo adota uma metodologia qualitativa, com abordagem hipotético-dedutiva, exploratória e explicativa, sustentada por uma revisão bibliográfica aprofundada sobre o tema. As transformações nas estruturas familiares têm evidenciado a alienação parental como uma prática recorrente em situações de disputa entre os genitores. Este comportamento afeta os laços afetivos e provoca consequências emocionais profundas, demandando intervenções tanto jurídicas quanto psicológicas. O Direito de Família, ao acompanhar a evolução das formas familiares, reconhece a família como um núcleo de vínculos afetivos, jurídicos e de sangue, e busca assegurar a igualdade de direitos e deveres entre os pais na criação dos filhos. 52 A Constituição Federal de 1988 ampliou a definição de família, reconhecendo diferentes configurações, como uniões estáveis, famílias monoparentais, famílias reconstituídas e famílias homoafetivas. Atualmente, a família é compreendida como uma organização social, estruturada por laços de consanguinidade, afeto ou vínculo jurídico, sendo protegida pelo ordenamento jurídico brasileiro. O conceito de poder familiar substituiu o antigo pátrio poder, refletindo a igualdade entre os pais no exercício dos direitos e deveres relativos à criação dos filhos. A Síndrome da Alienação Parental (SAP), proposta por Richard Gardner na década de 1980, é caracterizada por um conjunto de sintomas resultantes da alienação parental, no qual um genitor manipula a criança para rejeitar o outro. Essa manipulação, frequentemente observada em disputas de guarda, prejudica o vínculo da criança com o genitor alienado e pode resultar em severos distúrbios emocionais e comportamentais. Gardner descreveu três estágios da SAP (leve, moderado e grave), que incluem comportamentos como campanhas difamatórias contra o genitor alienado e a ausência de ambivalência por parte da criança. Apesar de ser amplamente reconhecida no contexto jurídico e social, a SAP não está formalmente incluída nos principais manuais diagnósticos internacionais, como o DSM ou o CID-10, o que gera controvérsias sobre seu reconhecimento oficial. A Lei nº 12.318/2010 define a alienação parental como qualquer interferência na formação psicológica da criança com o intuito de prejudicar o relacionamento com um dos genitores. A correta distinção entre alienação parental e SAP é essencial para a formulação de diagnósticos precisos, evitando que conflitos familiares comuns sejam erroneamente classificados como alienação. Pesquisas sobre alienação parental indicam padrões comportamentais previsíveis. Um exemplo claro dessa prática é a implantação de falsas memórias, na qual o genitor alienador manipula a criança para acreditar em acontecimentos inexistentes, prejudicando a memória infantil e criando falsas acusações contra o genitor alienado. A repetição de relatos distorcidos solidifica essas memórias na mente da criança, dificultando sua capacidade de distinguir a realidade da ficção, o que pode comprometer irreparavelmente os vínculos familiares. 53 A alienação parental também pode envolver falsas acusações de abuso sexual, em que o genitor alienador incita a criança a acreditar em episódios que nunca ocorreram. Embora os sinais de abuso real e falso possam ser similares em termos de impacto psicológico, o abuso genuíno apresenta indícios físicos e emocionais específicos. A análise técnica e a avaliação cuidadosa são cruciais para distinguir entre abuso real e manipulação, protegendo os direitos da criança e mantendo o vínculo familiar. No campo do Direito de Família, a atuação do psicólogo jurídico é fundamental em casos de alienação parental. A Psicologia Escolar, embora subestimada, também desempenha um papel essencial na mediação de conflitos familiares e na promoção do desenvolvimento integral da criança, conforme os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O psicólogo escolar contribui na construção de vínculos saudáveis, na prevenção de danos emocionais e na promoção da participação ativa dos genitores no contexto educacional. A alienação parental tem implicações profundas no bem-estar psicológico de crianças e adolescentes, podendo resultar em comportamentos antissociais, depressão e distúrbios emocionais na vida adulta. A legislação brasileira, especialmente a Lei nº 12.318/2010, prevê medidas jurídicas para proteger as crianças afetadas, incluindo acompanhamento psicológico, modificação de guarda e sanções contra o genitor alienador. A Lei nº 13.431/2017 fortalece a proteção integral da criança, autorizando, em casos extremos, a prisão preventiva do genitor alienador, sempre com base no princípio do melhor interesse da criança. A Lei nº 12.318/2010 estabelece a guarda compartilhadacomo a regra geral, sendo considerada a alternativa à guarda unilateral. O artigo 6º, inciso V, da referida lei permite ao juiz converter a guarda unilateral em compartilhada ou até inverter a guarda, a fim de proteger o convívio familiar. A guarda compartilhada assegura a corresponsabilidade parental e favorece o desenvolvimento emocional equilibrado da criança, em consonância com os princípios do melhor interesse da criança e do Estatuto da Criança e do Adolescente. A legislação prevê, ainda, a realização de perícias psicológicas ou biopsicossociais para a identificação e resolução de casos de alienação parental. 54 Quando há indícios dessa prática, o juiz pode determinar a avaliação por profissionais qualificados. O Depoimento Sem Dano é uma técnica especializada para ouvir crianças e adolescentes, protegendo sua integridade emocional durante o processo judicial. Em casos de alienação comprovada, o juiz pode adotar medidas urgentes, como alteração de guarda, imposição de multa ou suspensão da autoridade parental, com o objetivo de preservar o bem-estar da criança. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), desde sua criação, assegura os direitos fundamentais dos menores, promovendo seu desenvolvimento físico, mental, moral e social. O Conselho Tutelar é um órgão essencial na proteção desses direitos, podendo intervir em casos de alienação parental, encaminhando as situações ao Ministério Público e sugerindo medidas como a suspensão da autoridade parental. A Lei da Alienação Parental complementa o ECA, garantindo que práticas prejudiciais à convivência familiar sejam judicialmente tratadas, com o Conselho Tutelar podendo requerer o afastamento do genitor alienante. O advogado desempenha papel crucial na prevenção e enfrentamento da alienação parental, sendo responsável por identificar sinais dessa prática e orientar as partes envolvidas de forma ética. Sua atuação é essencial para evitar o agravamento da alienação e proteger os vínculos familiares. Além disso, devido à falta de estrutura do Poder Judiciário, é fundamental o apoio de uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos e assistentes sociais nas Varas de Família, assegurando um tratamento humanizado e eficaz nos casos de alienação parental. Conclui-se, portanto, que o enfrentamento da alienação parental requer não apenas a aplicação efetiva das normas legais, mas também a valorização dos vínculos afetivos, o fortalecimento da guarda compartilhada como regra e a promoção de estratégias de resolução pacífica de conflitos. É necessário investir em políticas públicas voltadas à orientação familiar, à formação de equipes técnicas nas Varas de Família e à ampliação do acesso à justiça, garantindo que o processo de separação dos pais não se converta em instrumento de sofrimento e desestruturação para os filhos. A proteção integral da criança deve ser sempre o norte das decisões judiciais e das intervenções psicossociais, assegurando 55 seu direito de crescer em ambiente saudável, equilibrado e livre de interferências nocivas à sua formação emocional. 56 REFERÊNCIAS ALVES-PINTO, Maria da Conceição; FORMOSINHO, Júlia O. Alienação na escola: conceito relevante para a compreensão da socialização escolar. Análise Social, v. 21, n. 87/88/89, p. 1041–1051, 1985. ANDALÓ, C. S. DE A.O papel do psicólogo escolar. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 4, n. 1, p. 43–46, 1984. ARAÚJO, Arthur Pires. Lei de alienação parental com as alterações promovidas pela lei nº 14.340/2022: aspectos sociais e jurídicos. 2023. AUGUSTO, Isabella Andreola; SCHERER, Daniel Corteline. Alienação parental na interface da psicologia e do direito. Humanidades em Perspectivas, v. 4, n. 9, p. 63–75, 2022. BARBOZA, Heloisa Helena. O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coord.). Direito de família: a família na travessia do milênio. Belo Horizonte: Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) – OAB-MG, 2000. p. 201–213. BATISTA, Emilly Gabriele Sobral. Alienação parental: a responsabilidade dos pais em relação aos transtornos causados nas crianças e nos adolescentes. IBDFAM, 2025. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+ Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+ Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes Acesso em: 12 de out 2025. BATISTA, T. T. A atuação da/o assistente social nos casos de alienação parental. Serviço Social & Sociedade, n. 129, p. 326–342, maio 2017. BOUSI, Caroline de Cássia Francisco. Alienação Parental: Uma interface do direito e da psicologia. Curitiba, Editora Juruá, 2012. BRANDÃO, Eduardo Ponte; AZEVEDO, Luciana Jaramillo Caruso de. Poder, norma e ideário na lei da alienação parental. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 43, p. e249888, 2023. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao.htm Acesso em: 04 de out 2025. BRASIL. Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. Institui o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 abr. 2017. https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao.htm 57 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2017/lei/l13431.htm Acesso: 12 de set de 2025. BRASIL. Lei n. 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 ago. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm Acesso em: 20 de set 2025. CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat. Efeitos psicológicos e jurídicos da alienação parental. [S.l.], 2022. CARDIN, Valéria Silva Galdino; RUIZ, Ivan Aparecido. Da mediação na alienação parental. Revista em Tempo (UNIVEM): revista jurídica, v. 16, n. 1, p. 287-306, 2018. Disponível em: https://revista.univem.edu.br/emtempo/article/view/2424 Acesso em:10 de out 2025. CARVALHO, Thayro Andrade et al. Alienação parental: elaboração de uma medida para mães. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 34, n. 3, p. 367–378, 2017. Cesar, José Antônio Daltoé. Depoimento sem Dano: uma alternativa para inquirir crianças e adolescentes nos processos judiciais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. CEZAR, José Antônio Daltoé. A escuta de crianças e adolescentes em juízo: uma questão legal ou um exercício de direitos. In: BITENCOURT, L. p. (Org.). Depoimento Sem Dano: uma política criminal de redução de danos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 71-86. COSTA, Vanessa Sousa; AGUIAR, Ricardo Saraiva. Percepção da equipe multidisciplinar acerca dos cuidados à criança e ao adolescente vítima de violência. Research, Society and Development, v. 9, n. 4, p. e161943038- e161943038, 2020.Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/3038 Acesso em: 06 de out de 2025. CHAGAS, Shirleyne Mary Beltrão. Alienação parental e síndrome de alienação parental: diferenças e questões fáticas sobre a lei.IBDFAM, 2025. Disponível em:https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S %C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3% A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei Acesso em: 13 de out de 2025. DA SILVA FAGUNDES, Jackeliny; DE REZENDE, Ricardo Ferreira. Constitucionalidade da Lei da Alienação Parental (Lei 12.318/2010). Facit Business and Technology Journal, v. 1, n. 35, 2022. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm https://revista.univem.edu.br/emtempo/article/view/2424 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/3038?utm_source=chatgpt.com https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei 58 DE ALCÂNTARA MENDES, Josimar Antônio. Genealogia, pressupostos, legislações e aplicação da teoria de alienação parental: uma (re)visão crítica. In: Debatendo sobre alienação parental: diferentes perspectivas, p. 11, 2019. DE MELLO VIEIRA, Marcelo. Alienação parental: análise crítica da Lei n. 12.318/2010 e reflexões sobre as decisões do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Revista de Direito de Família e Sucessão, v. 1, n. 1, p. 194–219, 2015. DIAS, A. M. de S.; SOUZA, M. R. de. Falsa acusação de abuso sexual na alienação parental: luto ou melancolia? Psicologia: Ciência e Profissão, v. 43, e262380, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/19823703003262380 Acesso em: 20 de out de 2025. DIAS, Maria Berenice. Alienação parental: uma nova lei para um velho problema. 2008. DIAS, Maria Berenice. Alienação parental e suas consequências. [S. l.]: Berenice Dias, 2024. Disponível em: https://berenicedias.com.br/alienacao- parental-e-suas-consequencias/ Acesso em: 16 de out de 2025. DIAS, Maria Berenice. Síndrome da alienação parental: o que é isso? [S. l.]: Berenice Dias, 2024. Disponível em: https://berenicedias.com.br/sindrome-da- alienacao-parental-o-que-e-isso/ Acesso em: 18 de out de 2025. DIAS, Maria Berenice. Alienação parental no Brasil: criminalizar ou conscientizar? [S. l.]: Berenice Dias, 2024. Disponível em: https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-no-brasil-criminalizar-ou- conscientizar/ Acesso em: 18 de out de 2025. DIAS, Maria Berenice. Ajustes na Lei da Alienação parental. [S. l.]: Berenice Dias, 2022. Disponível em: https://berenicedias.com.br/ajustes-na-lei-da- alienacao-parental/ Acesso em: 12 de out de 2025. DIAS, Maria Berenice. Alienação parental e a capacidade de odiar. [S. l.]: IBDFAM, 22 jul. 2019. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/1344/Aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+e+a+ca pacidade+de+odiar Acesso em: 24 de set de 2025. DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara Amorim. Estatuto da criança e do adolescente anotado e interpretado. 6. ed. Paraná: Ministério Público do Estado do Paraná, Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente, 2013. FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: famílias. 9. ed. rev. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016. https://doi.org/10.1590/19823703003262380 https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-e-suas-consequencias/ https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-e-suas-consequencias/ https://berenicedias.com.br/sindrome-da-alienacao-parental-o-que-e-isso/ https://berenicedias.com.br/sindrome-da-alienacao-parental-o-que-e-isso/ https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-no-brasil-criminalizar-ou-conscientizar/ https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-no-brasil-criminalizar-ou-conscientizar/ https://berenicedias.com.br/ajustes-na-lei-da-alienacao-parental/?utm_source=chatgpt.com https://berenicedias.com.br/ajustes-na-lei-da-alienacao-parental/?utm_source=chatgpt.com https://ibdfam.org.br/artigos/1344/Aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+e+a+capacidade+de+odiar https://ibdfam.org.br/artigos/1344/Aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+e+a+capacidade+de+odiar 59 FERMANN, Ilana Luiz et al. Perícias psicológicas em processos judiciais envolvendo suspeita de alienação parental. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37, n. 1, p. 35–47, 2017. FIGUEIRÊDO, Andressa. 80 % dos filhos de pais separados sofrem com alienação parental. Portal O Dia, [S.l.], 27 abr. 2014. Disponível em: https://portalodia.com/noticias/piaui/80-dos-filhos-de-pais-separados-sofrem- com-alienacao-parental-220407.html Acesso em: 10 de set de 2025 FIGUEIREDO, Cláudia Roberta Leite Vieira. A ira dos anjos: uma análise psicológica e jurídica da alienação parental. JURIS – Revista da Faculdade de Direito, v. 27, n. 2, p. 119–138, 2017. FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia Jurídica. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015. FONSECA, Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome de alienação parental. Pediatria (São Paulo), p. 162–168, 2006. FREITAS, Douglas Phillips. Alienação parental: comentários à Lei 12.318/2010. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 165. FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação parental: comentários à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010. FREITAS, Douglas Phillips. Reflexos da nova lei da guarda compartilhada e seu diálogo com a lei da alienação parental. 2015. FREITAS, Heloise Vanessa da Veiga; CHEMIM, Luciana Gabriel. Alienação parental e a violação aos direitos fundamentais da criança e do adolescente. Revista Jusbrasil. Disponível em: https://heloisevfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/263378429/alienacao-parental-e- a-violacao-aos-direitos-fundamentais-da-crianca-e-do-adolescente\ Acesso em: 17 de set de 2025. GAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. 6. ed. rev. e atual. De acordo com o novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2016. GARDNER, Richard A. O DSM‑IV possui equivalentes para o diagnóstico da síndrome da alienação parental (SAP)? American Journal of Family Therapy, v. 31, n. 1, p. 1–21, 2003. GARDNER, Richard A. Síndrome da alienação parental (SAP): dezesseis anos depois. In: Academy Forum, [S.l.], 2001. p. 10–12. GARDNER, Richard A. A negação da síndrome da alienação parental também prejudica as mulheres. American Journal of Family Therapy, v. 30, n. 3, p. 191–202, 2002. https://portalodia.com/noticias/piaui/80-dos-filhos-de-pais-separados-sofrem-com-alienacao-parental-220407.html https://portalodia.com/noticias/piaui/80-dos-filhos-de-pais-separados-sofrem-com-alienacao-parental-220407.html https://heloisevfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/263378429/alienacao-parental-e-a-violacao-aos-direitos-fundamentais-da-crianca-e-do-adolescente/ https://heloisevfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/263378429/alienacao-parental-e-a-violacao-aos-direitos-fundamentais-da-crianca-e-do-adolescente/ 60 GARDNER, Richard A. Abordagens legais e psicoterapêuticas para os três tipos de famílias com síndrome da alienação parental. Court Review of American Judges Association, v. 28, n. 1, p. 14–21, 1991. GARDNER, Richard A. Síndrome da alienação parental versus alienação parental: qual diagnóstico os avaliadores devem usar em disputas de guarda de crianças? American Journal of Family Therapy, v. 30, n. 2, p. 93– 115, 2002. GARDNER, Richard A. Recomendações para lidar com pais que induzem a síndrome da alienação parental em seus filhos. Journal of Divorce & Remarriage, v. 28, n. 3‑4, p. 1–23, 1998. GARDNER, Richard A. Diferenciando a síndrome da alienação parental do abuso‑negligência genuíno. AmericanJournal of Family Therapy, v. 27, n. 2, p. 97–107, 1999 GOMES, Luiz Edson; GOMES, Eduardo Sabbag. Revogar a Lei de Alienação Parental jamais será a solução. Jusbrasil, 2018. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/620159818 Acesso em: 16 de out de 2025. GOMES, Orlando. Direito de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. GUAZZELLI, Mônica. A falsa denúncia de abuso sexual. In: DIAS, Maria Berenice (coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 112-139. JESUS, Jéssica Alves de; COTTA, Manuela Gomes Lopes. Alienação parental e relações escolares: a atuação do psicólogo. Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 285-290, ago./2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pee/a/xbfx8WVMzjc58rYsm9FQr9f/?format=pdf&lang=pt Acesso em 25 de set de 2025 LAGO, V. de M.; BANDEIRA, D. R. A psicologia e as demandas atuais do direito de família. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 290–305, 2009. LEITE, Eduardo de Oliveira. Alienação parental – do mito à realidade. Curitiba: RT, 2015. LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 192-204. LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito ao estado de filiação e direito à origem genética: uma distinção necessária. Revista CEJ, Brasília, v. 8, n. 27, p. 47-56, out./dez. 2004. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/126/Direito+ao+estado+de+filiação+e+direito+à+ori gem+genética%3A+uma+distinção+necessária Acesso em: 03 de set de 2025 https://www.jusbrasil.com.br/artigos/620159818 https://www.scielo.br/j/pee/a/xbfx8WVMzjc58rYsm9FQr9f/?format=pdf&lang=pt https://ibdfam.org.br/artigos/126/Direito+ao+estado+de+filiação+e+direito+à+origem+genética%3A+uma+distinção+necessária https://ibdfam.org.br/artigos/126/Direito+ao+estado+de+filiação+e+direito+à+origem+genética%3A+uma+distinção+necessária 61 MADALENO, Ana Carolina Carpes. Direito sistêmico e alienação parental. [S. l.]: Rolf Madaleno, 2023. Disponível em: https://rolfmadaleno.com.br/web/artigo/direito-sistemico-e-alienacao-parental- ana-carolina-carpes-madaleno Acesso em: 06 de out de 2025. MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO, Rolf. Síndrome da alienação parental: importância da detecção – aspectos legais e processuais. Rio de Janeiro: Forense, 2013. MALUF, Carlos Alberto Dabus; FREITAS, Adriana Caldas do Rego. A formação da família na Antiguidade e sob a égide do Código Civil de 1916. [Cidade]: [Editora], 2018. MARIS, Patrícia. Psicologia forense. [S. l.: s. n.], [s. d.]. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/41920232/PSICOLOGIA-FORENSE-PATRICIA- MARIS Acesso em: 22 de out 2025 MENEZES, Pedro. Família: conceito, evolução e tipos. Toda Matéria, 2020. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/familia-conceito-tipos/ Acesso em 03 de out de 2025. MONTEZUMA, M. A.; PEREIRA, R. da C.; MELO, E. M. de. Abordagens da alienação parental: proteção e/ou violência? Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 27, n. 4, p. 1205–1224, out. 2017. OLIVEIRA, R. P.; WILLIAMS, L. C. de A. Estudos documentais sobre alienação parental: uma revisão sistemática. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, p. e222482, 2021. PAULO, Beatrice Marinho. Alienação parental: diagnosticar, prevenir e tratar. Revista do Ministério Público, Rio de Janeiro: MPRJ, n. 49, p. 45, 2013. PIMENTA, Rogéria de Souza Epifânio; DE MELLO, Roberta Salvático Vaz; ALMEIDA, Daniel Evangelista Vasconcelos. Alienação parental e guarda compartilhada. LIBERTAS: Revista de Ciências Sociais Aplicadas, v. 11, n. 1, 2021. PINTO, J. M. T. A. Síndrome da Alienação Parental: a implantação de falsas memórias em desrespeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3112, 8 jan. 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/20813 Acesso em: 06 de out de 2025. PINTO, Maria Clara de Santana. Análise de possíveis técnicas de resolução de conflitos para casos envolvendo a síndrome de alienação parental. [S.l.: s.n.], [s.d.]. RABACHINI, Gabriela Cucolo. Alienação parental: a visibilidade da Lei n. 12.318/2010 e as formas alternativas de combate à SAP no Brasil. Revista Científica da Academia Brasileira de Direito Civil, v. 3, n. 1, 2019. https://rolfmadaleno.com.br/web/artigo/direito-sistemico-e-alienacao-parental-ana-carolina-carpes-madaleno https://rolfmadaleno.com.br/web/artigo/direito-sistemico-e-alienacao-parental-ana-carolina-carpes-madaleno https://pt.scribd.com/document/41920232/PSICOLOGIA-FORENSE-PATRICIA-MARIS?utm_source=chatgpt.com https://pt.scribd.com/document/41920232/PSICOLOGIA-FORENSE-PATRICIA-MARIS?utm_source=chatgpt.com https://www.todamateria.com.br/familia-conceito-tipos/?utm_source=chatgpt.com https://jus.com.br/artigos/20813 62 REFOSCO, H. C.; FERNANDES, M. M. G. Entre o afeto e a sanção: uma crítica à abordagem punitiva da alienação parental. Revista Direito GV, v. 14, n. 1, p. 79–98, jan. 2018. RODRIGUES, Edwirges Elaine; ALVARENGA, Maria Amália de Figueiredo Pereira. Guarda compartilhada: um caminho para inibir a alienação parental? Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, v. 9, n. 2, p. 320– 339, 2014. SILVA, Flávia de Almeida e; LIMA, Eliane Alves de. Efeitos da alienação parental na criança – a visão da psicanálise lacaniana. IBDFAM, 2020. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+paren tal+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lis e+lacaniana Acesso em: 8 de out de 2025. SOUSA, A. M. de; BRITO, L. M. T. de. Síndrome de alienação parental: da teoria norte-americana à nova lei brasileira. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 31, n. 2, p. 268–283, 2011. SOTTOMAYOR, Maria Clara. Uma análise crítica da síndrome de alienação parental e os riscos da sua utilização nos tribunais de família. Revista Julgar, v. 13, p. 73–107, 2011. SOUZA, Marjane Bernardy; VIEIRA, Mirélia Oliveira. Síndrome da Alienação Parental: Sofrimento dos filhos diante da ruptura conjugal dos pais. Revista Ciências e Conhecimento, São Jerônimo, RS, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), v. 8, n. 2, 2014. Disponível em: http://cienciaeconhecimento.com.br/Arquivos/2014v8n2/Souza_v8-n2-2014.pdf Acesso em: 16 de out de 2025. SOUZA, M. P. et al. Referências técnicas para a atuação de psicólogas(os) na educação básica. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2013. TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito. 6. ed., rev., atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. TABOSA, Karla Daniela de Almeida. Alienação parental: instrumento de vingança para os pais e consequências para os filhos. 2016. VASCONCELOS, Ana. Alienação parental e consequências na saúde mental da criança: interdisciplinaridade na ligação da pedopsiquiatria com o Tribunal de Família e Crianças. O tema desperta paixões mas impõe reflexão racional para quem com ele tem de lidar, p. 63, 2018. https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise+lacaniana https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise+lacaniana https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise+lacaniana http://cienciaeconhecimento.com.br/Arquivos/2014v8n2/Souza_v8-n2-2014.pdfMEMÓRIAS ............................................ 25 3.2.2 ABUSO SEXUAL ................................................................................... 27 3.2.3 A IMPORTÃNCIA DA ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS ........................ 30 3.2.4 CONSEQUÊNCIAS E EFEITOS DA ALIENAÇÃO ................................ 34 4 CAPÍTULO III POSSÍVEIS SOLUÇÕES DA ALIENAÇÃO PARENTAL .... 39 4.1 GUARDA COMPARTILHADA NOS CASOS DE ALIENAÇÃO....................39 4.2 ELABORAÇÃO DO LAUDO PERICIAL POR PSICÓLOGOS E ASSISTENTES SOCIAIS ............................................................................... 41 4.3 CONSELHO TUTELAR E ECA NA ALIENAÇÃO PARENTAL ................. 45 4.4 O ADVOGADO (A) A FRENTE DA ALIENAÇÃO PARENTAL ................. 48 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 51 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 56 11 1 INTRODUÇÃO A alienação parental é um fenômeno que impacta diretamente crianças e adolescentes em meio a conflitos entre seus pais, especialmente após separações ou divórcios conturbados. Diante da complexidade, este instrumento de trabalho busca lançar luz sobre esse tema, baseando-se em uma revisão bibliográfica de autores que discutem, analisam e orientam sobre estratégias e métodos voltados para a promoção de uma convivência familiar harmoniosa. É um processo em que um dos responsáveis influencia a criança para afastá-la do outro, criando um clima de hostilidade e desconfiança. Esse tipo de conduta, frequentemente impulsionada por ressentimentos ou frustrações, pode causar sérios danos emocionais e psicológicos de curto e longo prazo na criança, definidos como Síndrome da Alienação Parental (SAP), que os autores no decorrer da pesquisa classificam como sequelas ou impactos psicossociais causados aos menores envolvidos, comprometendo seu crescimento e suas interações familiares. O projeto de pesquisa possui uma relevância significativa ao abordar a alienação parental, um fenômeno presente há décadas, mas que recebeu reconhecimento legal apenas em 2010. O tema é de suma importância, pois exige a compreensão acerca de como essas práticas ocorrem, como podem ser identificadas e, sobretudo, como tratá-las de maneira preventiva e eficaz. Apesar disso, a comprovação desses casos não é simples, considerando seus profundos impactos no psicológico da criança envolvida. Mesmo assim, uma vez identificados, a legislação entra em ação para oferecer proteção e corrigir a situação, buscando restabelecer relações saudáveis entre todas as partes afetadas. Os conflitos originados pela prática da alienação parental podem ser resolvidos com base na Lei da Alienação Parental (Lei 12.318/2010)? A alienação parental configura-se um uma problemática contemporânea de grande relevância e multifacetado que impacta diretamente famílias em situações de divórcio ou separação, especialmente em contextos de disputas pela guarda dos 12 filhos. Em essência, trata-se de um processo no qual um dos genitores, por meio de manipulação psicológica, influencia negativamente a percepção que a criança tem do outro genitor, atacando sua imagem e dificultando ou impedindo qualquer forma de convivência saudável. Muitas vezes, essa manipulação ocorre por meio de estratégias sutis, difíceis de detectar, mas com efeitos prolongados e prejudiciais. Longe de se restringir a um conflito entre adultos, a alienação parental configura uma forma de violência psicológica com consequências graves e de longo alcance. A análise textual de leis, artigos científicos e relatos de casos demonstra a complexidade do fenômeno e reforça sua relevância no contexto social atual. O presente trabalho tem como objetivo geral realizar uma análise aprofundada da problemática da alienação parental, abordando seu impacto no contexto das relações familiares, especialmente no que se refere à desestabilização da convivência harmoniosa entre os genitores. Tal desarmonia acarreta prejuízos significativos ao desenvolvimento emocional e psicológico das crianças envolvidas. A análise será realizada à luz do ordenamento jurídico brasileiro, com enfoque na Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, conhecida como Lei da Alienação Parental, que regulamenta o tema no âmbito judicial. Dentre os objetivos específicos, pretende-se discutir os seguintes aspectos: a conduta de determinados genitores que, intencionalmente, dificultam ou impedem a convivência do filho com o outro genitor, excluindo-o da participação ativa na vida social, educacional e afetiva da criança. Serão abordadas também as consequências psicológicas e jurídicas decorrentes da prática da alienação parental, tanto para a criança quanto para os adultos envolvidos, bem como as sanções legais e medidas aplicáveis ao genitor alienador. Ademais, será analisado o uso de instrumentos processuais pertinentes, como o laudo psicológico ou biopsicossocial, que contribuem para a identificação da síndrome e para a tomada de decisões judiciais adequadas. A pesquisa também se propõe a ressaltar a importância da convivência familiar equilibrada e afetuosa, destacando sua relevância para o pleno desenvolvimento infantil e os prejuízos causados quando essa convivência é comprometida pela alienação parental. Por fim, o estudo buscará compreender o funcionamento da alienação parental no contexto das separações conjugais, identificando seus principais efeitos sobre crianças e adolescentes, bem como as características 13 recorrentes do genitor alienador, de forma a contribuir para o reconhecimento e o enfrentamento eficaz desse fenômeno no âmbito jurídico e social. Este projeto foi conduzido por meio de uma Revisão de Literatura, consistente com metodologias baseadas na análise e síntese de fontes teóricas previamente publicadas. A pesquisa apresentada será caracterizada pela sua natureza qualitativa, tendo como foco a exposição de conceitos e definições relacionadas à temática em questão. Busca-se, dessa forma, apoio na literatura escrita, histórica e bibliográfica sobre o tema, visando embasar e enriquecer a discussão proposta. No que diz respeito ao método, a abordagem se insere no campo hipotético-dedutivo. Complementarmente, a pesquisa é definida como de natureza exploratória e explicativa, dada a necessidade de explorar conceitos e a temática abordada com base em estudos bibliográficos pertinentes. 14 2 - REFLEXÕES GERAIS ACERCA DA ESTRUTURA FAMILIAR As estruturas e dinâmicas familiares vêm passando por constantes transformações ao longo do tempo, influenciadas por mudanças sociais, culturais e jurídicas. Nesse cenário, especialmente em situações de conflitos intensos entre os genitores, a alienação parental tem se revelado uma prática recorrente. Tal fenômeno interfere de forma direta na relação entre o genitor alvo e o (a) filho (a) alienado (a), comprometendo os vínculos afetivos estabelecidos e gerando consequências significativas para a saúde emocional de todos os envolvidos. Trata-se de uma problemática complexa que merece atenção, tanto do ponto de vista jurídico quanto psicológico, dada a profundidade de seus impactos nas relações familiares e no desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes. 2.1 O SURGIMENTO DA FAMÍLIA NO SEU CONTEXTO JURÍDICO E SOCIAL Ao longo do tempo, é notável que o Direito de Família se destaca como um dos ramos mais sujeitos a transformações, especialmente devido à contínua evolução das estruturas familiares. Afinal, a família representa um núcleo que compreende pessoas, sentimentos e vínculos afetivos. Acompanhando o progresso da humanidade e suas crenças e costumes, essas mudanças acabam refletindodiretamente na sociedade. Durante os primeiros estágios da vida, sobretudo na infância e adolescência, todo indivíduo precisa de alguém para assumir a responsabilidade por sua criação, educação e proteção. Por natureza, essa missão recai sobre os pais e, na ausência deles, sobre outro adulto responsável. Esse conjunto de direitos e deveres dos pais relacionados à criação dos filhos enquanto menores encontra respaldo no ordenamento jurídico através da figura do poder familiar. Historicamente, o termo "poder familiar" substitui o que antes era denominado "pátrio poder," uma expressão com origem no direito romano que fazia referência ao "pater potestas," ou seja, o direito absoluto e ilimitado conferido ao chefe da família, tradicionalmente representado pelo pai. 15 Com o avanço jurídico e social, especialmente no tocante à igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres garantida pelo artigo 5º, inciso I, da Constituição Federal, tornou-se evidente que a expressão "pátrio poder" era inadequada. Consequentemente, a denominação foi atualizada pelo Código Civil de 2002 para "poder familiar," um termo mais condizente com o texto constitucional e alinhado à realidade social contemporânea. No entanto, sob a "autoridade paterna", os filhos e a esposa estavam sujeitos à autoridade do chefe da família. A antiga autoridade parental foi abolida com a promulgação do Código Civil de 2002, que ficou conhecido como Autoridade Familiar, abrangendo tanto o pai quanto a mãe. O Artigo 1630 afirma: "Os filhos estão sujeitos à autoridade familiar enquanto forem menores." Farias (2015 p.3) descreve que existem diferentes concepções de família moderna, tais como: [...] compreendê-la, senão sob a luz da interdisciplinariedade, máxime da sociedade contemporânea, marcada por relações complexas, plurais, abertas, multifacetárias e (por que não?) Globalizadas. (FARIAS 2015 p.3) Quem melhor sintetiza a importância da família no ordenamento jurídico brasileiro é o eminente Orlando Gomes (1999 p.23) que a concebe como um grupo fechado de pessoas, constituído por pais e filhos e, em medida limitada, outros parentes, unidos pela convivência e pelo afeto mútuo, dentro de uma mesma economia e sob a mesma liderança. Os conceitos apresentados por estes e outros doutrinadores demonstram a intenção do legislador em conceber a família não apenas como instituição jurídica, mas também em seu significado social, em suas diversas formas e variações. Conforme Paulo Lôbo: (2003 p.135) Sob o ponto de vista do direito, a família é feita de duas estruturas associadas: os vínculos e os grupos. Há três sortes de vínculos, que podem coexistir ou existir separadamente: vínculos de sangue, vínculos de direito e vínculos de afetividade. A partir dos vínculos de família é que se compõem os diversos grupos que a integram: grupo conjugal, grupo parental (pais e filhos), grupos secundários: outros parentes e afins. (Lôbo 2003 p.135) Dessa forma, para o Direito, a família é uma organização social que se forma a partir de laços de sangue, jurídicos ou afetivos. 16 2.2 CONCEITO DE FAMÍLIA A família é uma organização de pessoas unidas por laços de consanguinidade ou parentesco, estabelecendo-se inicialmente a partir da ligação entre duas pessoas por meio da convivência, seja pelo casamento ou pela união estável. O conceito de "família" é abrangente e pode ser interpretado de formas distintas, dependendo da perspectiva adotada. Na esfera jurídica formal, a Constituição Federal brasileira de 1988 trouxe avanços significativos no entendimento de família, reconhecendo tanto a união estável entre homem e mulher quanto a convivência formada por um dos pais e seus descendentes como entidades familiares. Esses reconhecimentos estão expressos no artigo 226, parágrafos 3º e 4º. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (Regulamento) § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorreram transformações significativas, especialmente no âmbito das relações familiares. Esse marco jurídico passou a abarcar uma diversidade maior de configurações familiares, promovendo alterações substanciais na interpretação do conceito de família. De acordo com o artigo 226 da Constituição Federal, a família é definida como a base essencial da sociedade e, por esse motivo, é resguardada pela proteção do Estado, conferindo-lhe um papel central no ordenamento jurídico nacional. Conforme argumentado por Pedro Menezes (2020, p. 2): Atualmente, o entendimento jurídico sobre a família comporta vários tipos de agregado familiar e visa dar conta de toda a complexidade dos fatores que unem as pessoas, entre elas estão: Família nuclear e família extensa, a família nuclear é compreendida de forma restrita, composta por pelos pais e seus filhos. Por sua vez, a família extensa é com posta também por avós, tios, primos e outras relações de parentesco; Família matrimonial é aquela que comporta a ideia tradicional de família, constituída a partir da oficialização do matrimônio. As uniões entre pessoas do mesmo sexo sempre existiram. Contudo, a herança deixada pela formação cristã do Brasil tornou as relações homossexuais alvo de repúdio e preconceito. A Constituição Federal de 1988 tornou mais evidente à importância de 17 proteger a dignidade da pessoa humana, assim com o garantir isonomia a todo cidadão. Todavia, não é um a realidade, vez que há diferenciação legal e social entre famílias hétero e homossexuais. Na lei vigente, a família matrimonial compreende os casamentos civis e religiosos, podendo ser hétero ou homoafetiva; Família 18 informal é aquela que se forma a partir da união estável entre seus elementos. Esse tipo de família recebe todo o tipo de amparo legal mesmo sem a oficialização do matrimônio; Família monoparental as que são formadas pela criança e o jovem e apenas um de seus progenitores e por fim, a Família reconstituída é formada quando pelo menos um dos cônjuges possui um filho de um relacionamento anterior. (MENEZES 2020, p. 2) Carlos Alberto Dabus Maluf e Adriana Caldas do Rego Freitas apresentam sua definição dessa maneira: (2018, p 34) A formação da família na Antiguidade e sob a égide do Código Civil de 1916 apresentava um caráter eminentemente patrimonial e hierárquico. Diversamente do que ocorre hoje, não era vista como um núcleo de amor, mas sim com o um núcleo de produção econômica e visibilidade social (MALUF 2018, p. 34) A Constituição Federal de 1988 apresenta a família como uma instituição tradicionalmente baseada na relação entre um homem e uma mulher, da qual podem derivar o casamento ou a união estável. No entanto, além dessa perspectiva normativa, a concepção de família também abrange uniões informais, evidenciando um processo contínuo de transformação nos entendimentos sociais sobre o tema. Com isso, o conceito de família passou por mudanças marcantes ao longo do tempo, adaptando-se para incluir diferentes modelos de organização familiar. Atualmente, em uma interpretação mais abrangente, a família tende a ser definida como uma união entre pessoas conectadas por laços de afeição. Vivemos hoje um período de transformações significativas nas relações afetivas que têm impactado e remodelado a estrutura familiar. Apesar dessas mudanças, o agrupamento familiar continua sendo a base essencial da sociedade. O afeto, que ganhou destaque jurídico ao ser reconhecido como um princípio normativo, desempenha papel central nesse contexto. Um exemplo disso é o artigo 229 da Constituição Federal, que reforçadeveres mútuos entre pais e filhos: “Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. O afeto entre os membros da família e a busca pela realização pessoal e felicidade conferem à esfera familiar um caráter simbólico onde sentimentos, 18 esperanças e valores se entrelaçam. Esse ambiente promove laços fundamentais que consolidam união, cumplicidade, amor e alegria. Assim, novas configurações familiares emergem, refletem a diversidade de modelos existentes hoje — entre elas famílias com filhos ou sem filhos, uniões homoafetivas e aquelas formadas por técnicas de reprodução assistida. Os avanços científico- tecnológicos também criaram novas expectativas que desafiam o Direito de Família a adaptar-se às múltiplas formas de organização social contemporânea. A família contemporânea destaca-se, então, por sua diversidade e pela centralidade dos laços afetivos na busca conjunta pela felicidade. Nessa visão ampliada, conceitos como filiação foram reformulados e não se limitam mais aos vínculos biológicos ou sanguíneos. As relações afetivas e a convivência tornaram-se critérios essenciais para o reconhecimento da filiação afetiva como um vínculo legítimo, definido pelos laços de amor e cuidado mútuo que unem seus integrantes. 2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA Dentro da dinâmica familiar, há uma classificação interna relacionada à posição que cada indivíduo ocupa dentro desse núcleo. Cada pessoa está, de maneira inevitável, vinculada a um grupo familiar. A família, por sua vez, é responsável pela sobrevivência dos seus membros, cumprindo sua função primordial de proporcionar condições materiais e criar vínculos afetivos essenciais para a saúde mental dos indivíduos. Esses laços são cruciais para que cada membro da família possa se desenvolver como cidadão e viver em sociedade. O ser humano, que depende de interações sociais para se desenvolver, não consegue sustentar-se no isolamento, pois sua existência não se inicia nem se encerra em si mesmo. A família é parte integrante de um conjunto social mais amplo, composto por diversas outras famílias. Esse sistema compartilha códigos, linguagens e obrigações sociais que demandam um compromisso e responsabilidade mútuos. Esses valores são fundamentais tanto na dimensão material, que envolve habitação, segurança, alimentação, lazer e educação, entre outros aspectos, quanto na dimensão imaterial, marcada pelo afeto e pelos sentimentos recíprocos. O equilíbrio emocional do indivíduo tem raízes nesses aspectos 19 imateriais e reflete a complexidade das relações amorosas e cooperativas dentro da família. Nesse ambiente familiar vivenciamos as emoções mais intensas e significativas da vida, tornando a família o principal suporte social de cada pessoa e uma sólida base para a identificação pessoal e reflexo da sociedade como um todo. A Constituição Federal reconhece a relevância da função social da família ao considerá-la como a "base da sociedade". Em situações judiciais envolvendo guarda ou divórcio com filhos no núcleo da separação, cabe ao juiz decidir qual dos pais será responsável pela guarda das crianças. Essa decisão considera a compatibilidade da pessoa com as demandas do caso, favorecendo critérios como grau de parentesco e afinidade, sempre em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990). No tocante à guarda e educação dos filhos, as normas atuais apresentam diferenças significativas em relação à legislação anterior. O tradicional "pátrio poder" foi substituído pelo conceito de "poder familiar", atribuído igualmente a ambos os cônjuges. Quando surge divergência entre os pais, qualquer um deles pode recorrer ao poder judiciário para decidir com base nos interesses tanto do casal quanto dos filhos. É importante ressaltar que as transformações mais expressivas no Direito de Família do Código Civil derivam da Constituição de 1988. Ela estabelece uma igualdade absoluta entre os cônjuges e entre os filhos, eliminando diferenças de direitos e deveres entre marido e mulher, assim como entre filhos biológicos ou adotivos, garantindo que todos tenham os mesmos direitos e qualificações. Além disso, a Constituição proíbe quaisquer designações discriminatórias referentes à filiação, promovendo um princípio de igualdade que se estende a todas as relações familiares e sociais. 20 3 - CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL 3.1 DIFERENÇA ENTRE ALIENAÇÃO E A S.A.P A Síndrome de Alienação Parental foi definida por meio de estudos realizados na década de 1980, nos Estados Unidos, pelo Dr. Richard Gardner, professor de Psiquiatria Clínica no Departamento de Psiquiatria Infantil da Universidade de Columbia e membro da Academia Norte-Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente. Embora os conceitos de alienação parental e Síndrome de Alienação Parental sejam semelhantes, é importante distinguir entre os dois. A alienação parental pode evoluir para a síndrome, já que esta é o resultado de um processo agravado iniciado pela primeira. Nesse contexto, Richard Gardner esclarece: Uma Síndrome, pela definição médica, é um conjunto de sintomas que ocorrem juntos, e que caracterizam uma doença específica. Embora aparentemente os sintomas sejam desconectados entre si. Justifica - se que sejam agrupados por causa de uma etiologia com um ou causa subjacente básica. Além disso, há uma consistência no que diz respeito a tal conjunto naquela, em que a maioria (se não todos) os sintomas aparecem juntos. O termo síndrome é mais específico do que o termo relacionado à doença. Uma doença é geralmente um termo mais geral, porque pode haver muitas causas para um a doença particular. (RICHARD, s.d., acesso em 01 de out 2025) Jorge Trindade (2012, p. 207) opta pela utilização do termo Síndrome de Alienação Parental e caracteriza-a como um fenômeno específico que envolve práticas ou comportamentos direcionados à obstrução ou deterioração da relação entre uma criança e um dos seus genitores. [...] transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais um genitor, denominado cônjuge alienador, transforma a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e estratégias de vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais que justifiquem essa condição. (FIGUEIREDO, 2011, p.117). Dessa forma, pode-se afirmar que a alienação parental e a síndrome associada a ela são categorias distintas e não devem ser tratadas como sinônimos. Isso ocorre porque, segundo o entendimento de Maria Corrêa da Fonseca, há diferenças conceituais e práticas que delimitam cada um desses fenômenos. 21 A alienação parental é o afastamento do filho de uns dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custodia. A síndrome da alienação parental, por se u turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere -se à conduta do filho que se recusa terminante e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores, que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. (FONSECA, 2010, p.269). De acordo com Gardner (2002), a alienação parental pode resultar em uma série de sintomas que ele denominou como Síndrome da Alienação Parental (SAP). Esse fenômeno é caracterizado como um distúrbio da infância que ocorre quase exclusivamente em contextos de disputas de custódia. Frequentemente, manifesta-se por meio de campanhas conduzidas pela criança para difamar a imagem do genitoralvo, ainda que não haja justificativa para tal atitude. Essa conduta é motivada por instruções do genitor alienante, que manipula a criança com o propósito de afastá-la do outro genitor. Após Gardner (2002), diversos outros autores, como Buosi (2012), Lass (2013), Paulo (2007), Sousa (2010) e Trindade (2013), abordaram o tema. Entretanto, debates surgiram acerca da legitimidade da SAP como uma síndrome formalmente reconhecida. Profissionais que lidam diretamente com casos de alienação parental e que necessitam redigir relatórios sobre a presença ou ausência de indícios dessa condição muitas vezes hesitam em classificá-la como SAP. Tal hesitação decorre do fato de que essa síndrome ainda não consta nos sistemas de diagnóstico internacionais, como o *DSM* (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) ou o *CID-10* (Classificação Internacional de Doenças, 10ª edição). Gardner (2002 v. 46, n. 1, p. 10–12,) defende que, na perspectiva médica, uma síndrome pode ser definida como um conjunto de sintomas que surgem conjuntamente, formando um padrão característico específico de uma doença. Ele aponta uma série de sintomas apresentados pela criança em casos de alienação parental: campanhas difamatórias contra o genitor alvo; racionalizações frágeis, absurdas ou triviais para sustentar a depreciação; ausência de ambivalência; emergência do “pensador independente”, em que a criança afirma autonomia na chegada a suas conclusões; apoio sistemático ao genitor alienante nos conflitos; ausência de culpa em relação à crueldade ou 22 exploração dirigida ao alvo; encenações induzidas; e disseminação da hostilidade aos amigos ou familiares estendidos do genitor alvo. Diante disso, observa-se que o genitor alienante utiliza a criança como parte de uma campanha contra o genitor alvo, visando romper o vínculo entre ambos. Em tais situações, o alienante ignora as necessidades da criança e os prejuízos que esse comportamento pode causar ao seu desenvolvimento emocional e psicológico. No contexto de ex-cônjuges, os sentimentos de raiva em relação ao alvo frequentemente se entrelaçam com as funções parentais. Desse modo, o genitor alienante exerce abusivamente sua autoridade, impactando negativamente o bem-estar do filho (Paulo,2013 p.45). A criança desenvolve, em geral, um vínculo significativo de lealdade com o genitor alienante. No contexto de separação dos pais, pode ocorrer que a criança passe a entender que é necessário demonstrar afeto apenas por um dos genitores, ao mesmo tempo em que rejeita o outro, conforme explanação de Paulo (2011). Contudo, Ramires (2004) enfatiza que o bem-estar infantil está diretamente relacionado ao bem-estar parental e à qualidade da interação entre os responsáveis. Este vínculo não se limita exclusivamente aos genitores, mas também abarca outros familiares ou cuidadores próximos à criança. Cabe ainda refletir sobre uma problemática emergente: a banalização do conceito de alienação parental. Em diversas circunstâncias, esse termo tem sido empregado como um recurso retórico em disputas judiciais por guarda de menores, mascarando situações que podem ser interpretadas como conflitos rotineiros oriundos da adaptação a novos arranjos familiares. É compreensível que, no início do processo de separação, os desacordos sejam mais intensos e frequentemente envolvam ansiedade ou preocupação por parte do guardião nas primeiras interações do filho com o outro genitor. Essas tensões iniciais tendem a se dissipar ao longo do tempo, a menos que a alienação parental esteja efetivamente presente, situação que demanda atenção especial. Além disso, existem casos em que um dos responsáveis pode difamar o outro diante da criança. No entanto, o fenômeno da Alienação Parental Sindrômica (SAP) apenas se concretiza quando a própria criança passa a reproduzir e incorporar tais atitudes depreciativas de forma ativa e independente. Assim, compreender as diferenças entre os comportamentos associados aos conflitos familiares torna-se fundamental para os profissionais responsáveis pela 23 avaliação desses casos. Nem todos os desentendimentos configuram alienação parental, o que torna essencial um estudo aprofundado e cauteloso em situações onde essa prática possa estar ocorrendo. Outro ponto importante é considerar os casos nos quais há evidências de abuso ou negligência por parte de um dos responsáveis. Em certas circunstâncias, um cuidador pode ser acusado erroneamente de alienação parental ao buscar proteger a criança dessas situações prejudiciais. Portanto, a análise profissional deve priorizar o bem-estar físico e psicológico da criança envolvida, oferecendo soluções baseadas em diagnósticos precisos e sustentados por critérios éticos rigorosos. Gardner, pouco antes de seu falecimento, dedicava-se a debater qual seria a nomenclatura mais apropriada para designar o fenômeno da alienação parental e a síndrome relacionada. Ele afirmava com convicção que: Os profissionais de saúde mental, os advogados do direito de família e os juízes geralmente concordam em que temos visto, nos últimos anos, um transtorno no qual um genitor aliena a criança contra o outro genitor. Esse problema é especialmente com um no contexto de disputa de custódia de crianças, onde tal programação permite ao genitor alienante ganhar força no tribunal para alavancar seu pleito. Há um a controvérsia significativa, entretanto, a r espeito do termo a se r uti lizado para es se fenômeno. Em 1985 introduzi o termo Síndrome de Alienação Parental para descrever esse fenômeno. (GARDNER, 2002, p.93) Gardner e Major estabeleceram três estágios distintos para a classificação da Síndrome de Alienação Parental, definidos como leve, moderado e grave. Esses níveis refletem a gravidade da manifestação da síndrome em contextos de alta conflitualidade familiar, que foram objeto de análise em diferentes casos: Estágio I - Leve: Normalmente, as visitas se apresentam calmas, com um pouco de dificuldade na hora da troca de genitor. Enquanto o filho está com o genitor alienado, as manifestações da campanha de desmoralização desaparecem ou são discretas e raras. A motivação principal do filho é conservar um laço sólido com o genitor alienador. Estágio II - Médio: O alienador utiliza uma grande variedade de táticas para excluir o outro genitor. No momento da troca de genitor, os filhos que sabem o que o alienador quer escutar intensificam sua campanha de desmoralização. Os argumentos utilizados são os mais numerosos, os mais frívolos e os mais absurdos. O genitor alienado é completamente mal e o outro completamente bom. Apesar disto, aceitam ir com o genitor alienado e, uma vez afastados do outro genitor, tornam a ser mais cooperativos. Estágio III - Grave: Os filhos, em geral, estão perturbados e frequentemente fanáticos. Compartilham os mesmos fantasmas paranoicos que o genitor alienador tem em relação ao outro genitor. 24 Podem ficar em pânico apenas com a ideia de ter que visitar o outro genitor, o que é impossível. Se, apesar disto, vão com o genitor alienado, podem fugir, paralisar-se por um medo mórbido ou manter- se continuamente tão provocadores e destruidores. (GARDNER 1998, p.45) Segundo Gardner, a Síndrome de Alienação Parental não é apenas um conjunto de sintomas causados pela alienação parental, mas também um processo de manipulação mental, ou "lavagem cerebral", realizada na mente da criança. Para que essa condição seja considerada uma síndrome, é essencial que a criança esteja efetivamente impactada e que demonstre rejeição ou desfavor em relação ao progenitor alienado. Maria Perissini da Silva (SILVA, 2011, P.74-75) compartilha dessa compreensão: 1) A criança denigre o pai alienado com linguajar impróprio e severo comportamento opositor, muitas vezes utilizando- se de argumentos do (a) genitor (a) alienador (a) enão dela própria; para isso, dá motivos fracos, absurdos ou frívolas para sua raiva. 2) declara que ela mesma teve a ideia de denegrir o pai alienado. O fenômeno do "pensador independente" acontece quando a criança garante que ninguém disse aquilo a ela. 3) O filho apo ia e sente a necessidade d e proteger o pai alienante. Com isso, estabelece um pacto de lealdade com o genitor alienador em função da dependência emocional e material, demonstrando medo em desagradar ou opor-se a ele. 4) menciona locais onde nunca esteve, que não esteve na data em que é relatado um acontecimento de suposta agressão física/sexual ou descreve situações vividamente que nunca poderia ter experimentado - implantação de "falsas memórias". 5) A animosidade é espalhada para também incluir amigos e/ ou outros membros da família do pai alienado (voltar -se contra avós paternos, primos, tios, companheira). (SILVA, 2011, P.74-75). Ivan Aparecido Ruiz e Valéria Silva Galdino (CARDIN; RUIZ,2018,p.290) estudiosos que também defendem a relação entre alienação parental e a chamada síndrome da alienação, destacam que esse processo pode ser desencadeado não apenas pelo genitor, mas também por outros membros do círculo familiar, como avós, tios ou qualquer pessoa próxima. Contudo, eles alertam sobre o desafio de identificar quando essa síndrome está efetivamente presente ou quando a rejeição do filho em relação ao pai acontece como consequência das atitudes do próprio genitor. Ressentimentos oriundos de uma separação, por si só, não são suficientes para caracterizar a alienação parental. Apesar das controvérsias em torno da terminologia do fenômeno da alienação parental, foi sancionada a Lei nº 12.318, em agosto de 2010, 25 amplamente reconhecida como a Lei da Alienação Parental. Esse marco legal apresenta, no artigo 2º, uma definição clara do conceito: Art. 2º. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Portanto, a alienação parental ocorre sempre que um dos genitores ou outro membro da família busca influenciar negativamente a visão do menor em relação ao outro genitor. Entretanto, quando tal tentativa de manipulação resulta em efeitos concretos sobre o filho, levando-o a adotar a postura sugerida e a se distanciar do genitor vítima, consolida-se, nesse instante, a manifestação da síndrome de alienação parental. 3. 2. MANIFESTAÇÕES CLÁSSICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL As investigações relacionadas ao fenômeno da alienação parental evidenciam que tal prática geralmente se manifesta por meio de padrões comportamentais relativamente previsíveis. A seguir, serão abordadas algumas das formas mais acentuadas de alienação parental, destacando suas características e impactos na dinâmica familiar. 3.2.1 IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS A implantação de falsas memórias ocorre quando um dos pais influencia a criança a acreditar em eventos ou acontecimentos que jamais ocorreram, moldando sua percepção para que ela aceite essas invenções como verdade. Mônica Guazzelli explica: O que se denomina de Implantação de falsas Memórias advém, justamente, da conduta doentia do genitor alienador, que começa a fazer com o filho uma verdadeira “ lavagem cerebral”, com a finalidade de denegrir a imagem do outro – alienado -, e, pior ainda, usa a narrativa do infante acrescentando maliciosamente fatos não exatamente como estes se sucederam, e ele aos poucos vai se “convencendo” da versão que lhe foi “implantada”. O alienador passa então a narrar à criança atitudes do outro genitor que jamais aconteceram ou que aconteceram em modo diverso do narrado. (GUAZZELLI, 2010, p.20) 26 A implantação de falsas memórias em crianças pode ter efeitos devastadores, levando o menor a acreditar que acusações infundadas são verdadeiras. Isso ocorre porque elas são induzidas a reinterpretarem seu passado de maneiras equivocadas, podendo até "recordar" acontecimentos totalmente fictícios. Conforme apontado por Mônica Guazzelli, as memórias tornam-se ainda mais suscetíveis a manipulações quando o tempo enfraquece a lembrança original. Esse cenário evidencia o quão simples pode ser a construção de falsas memórias na mente de uma criança inocente. Basta que o genitor alienador insista constantemente em apresentar mentiras como verdades absolutas. Ele pode formular questões repletas de insinuações ou repetir diversas vezes afirmações negativas e prejudiciais, tais como: "o outro genitor não gosta de você", "te abandonou", "tem outra família", "não paga pensão", "teve outro filho e gosta mais dele", ou até mesmo criar histórias como a falsa morte do outro responsável. Diante da repetição dessas narrativas manipuladoras, a criança, confiando cegamente naquele que desempenha o papel de guardião, internaliza tais mensagens e passa a percebê-las como realidade. Assim, a vulnerabilidade da memória infantil e a confiança depositada no genitor guardião tornam-se os elementos-chave para que falsas acusações sejam solidificadas na mente do menor. À medida que o tempo avança, as memórias falseadas tendem a se alinhar com os relatos fornecidos pelo próprio menor, uma vez que este começa a incorporar essas experiências em sua rotina cotidiana. Esse processo leva à internalização gradual dessas ideias, consolidando-as em sua mente. Desse modo, quando questionado por qualquer pessoa sobre seu genitor, o menor provavelmente expressará desagrado, justificando sua opinião pelos motivos que lhe foram previamente inculcados. À medida que o tempo passa, essas falsas memórias começam a se alinhar com os depoimentos do próprio menor, que acaba incorporando essas percepções em sua rotina diária. Esses pensamentos vão se consolidando em sua mente de tal forma que, quando qualquer pessoa questiona sobre seu genitor, o menor tende a afirmar que não gosta dele, justificando-se por essas razões distorcidas. Com o peso dessas falsas memórias acumuladas, chega um 27 ponto em que até mesmo o genitor responsável tem dificuldade em distinguir o que é verdade do que é invenção e acaba, involuntariamente, participando dessa construção fantasiosa ao lado da criança. 3.2.2 ABUSO SEXUAL Dentre as formas de alienação parental, destaca-se a manipulação que leva a criança a acreditar que foi vítima de abuso sexual. O genitor alienador, movido por sentimentos de desprezo, ódio, raiva e rancor, emprega todos os meios disponíveis para atacar o outro genitor, incluindo acusações falsas de abusos sexuais. A autora Danya Gauderer, mencionada por Mônica Guazzelli, define o abuso sexual da seguinte forma: Abuso sexual é a falta de consentimento do menor na relação com o adulto. A vítima é forçada, fisicamente, ou coagida, verbalmente, a participar da relação, sem ter necessariamente capacidade emocional ou cognitiva para consentir ou julgar o que está acontecendo. (GAUDERER, GUAZZELLI,2007, p. 125) Segundo Buosi, o real abuso tem como ser identificado de tais maneiras: Em situações reais de abuso há indicadores físicos, tais como lesões, infecções, que não podem ser confundidos pelos avaliadores com meras irritações corriqueiras, e até transtornos de sono e alimentação, enquanto no abuso fictício não há. Porém, em ambos os abusos, real ou imaginário, há atrasos escolares e consequências educacionais como notas baixas, agressividade com colegas, dificuldade de memória e concentração escolar. Outra diferença se dá na medida em que o menor que foi abusado realmente sente mais vergonha ou culpa da situação, enquanto n a falsa acusação isso aparece com muito menor incidência.(BUOSI, 2012, p. 88) Conforme Buosi (2012.p.88-89), pesquisas indicam um elevado índice de denúncias falsas de abuso sexual. A autora destaca as implicações dessa questão, ressaltando que os efeitos do abuso sexual, seja ele real ou falso, são praticamente equivalentes para a criança. Tal observação enfatiza a relevância do preparo e conhecimento por parte dos profissionais responsáveis por avaliar e intervir em situações dessa natureza. Maria Berenice Dias narra essa situação: Nesse jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive – com enorme e irresponsável frequência – a alegação da prática de abuso sexual. Essa notícia gera um dilema. O juiz não tem com o identificar a existência ou não dos episódios denunciados para 28 reconhecer se está diante da síndrome da alienação parental e que a denúncia do abuso foi levada a efeito por mero espírito de vingança. Com o intuito de proteger a criança muitas vezes reverte a guarda ou suspende as visitas, enquanto são realizados estudos sociais e psicológicos. Como esses procedimentos são demorados, durante todo este período cessa a convivência entre ambos. O mais doloroso é que o resultado da série de avaliações, testes e entre vistas que se sucedem, às vezes durante anos, acaba não sendo conclusivo. Mais uma vez depara-se o juiz com novo desafio: manter ou não as visitas, autorizar som ente visitas acompanhadas ou extinguir o poder familiar. Enfim, deve manter o vínculo de filiação ou condenar o filho à condição de órfão de pai vivo? (DIAS, (s.d, p.01) Em cenários extremamente graves, esse processo de criar memórias que não são reais chega ao extremo, especialmente quando a mãe começa a sugerir coisas para a criança, fazendo-a acreditar que o pai ou a mãe está sendo violento, negligente, ou até mesmo cometendo o terrível ato de abuso sexual. Ela implanta na mente da criança, através de sugestões, a ideia de que ela está sofrendo abuso durante as visitas paternas, como, por exemplo, quando o pai está dando banho no filho ou filha, levando à suspeita de que o pai está agindo de maneira prejudicial à criança. Assim, ainda que a criança não tenha sofrido abuso, as influências são tão grandes que ela passa a acreditar que os abusos sexuais realmente ocorreram. No entanto, esses casos de alienação parental têm sido notados pelos tribunais, conforme veremos a seguir: Ementa: GUARDA E VISITAÇÃO. PAIS SEPARADOS. INTERESSE DO MENOR. ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL NÃO PROVADA. INDÍCIOS DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS NA MENTE DA CRIANÇA EM DESENVOLVIMENTO. O MELHOR INTERESSE DO MENOR SE SOBREPÕE AO INTERESSE PARTICULAR DOS PAIS. CONFLITOS ENTRE OS GENITORES QUE AFASTAM, POR ORA, A POSSIBILIDADE DA MANUTENÇÃO DA GUARDA COMPARTILHADA. MODIFICAÇÃO DO JULGADO. PODER GERAL DE CAUTELA. TRANSFERÊNCIA DA GUARDA PROVISÓRIA DA MENOR AO PAI. RESPEITO à REAPROXIMAÇÃO GRADATIVA DO PAI COM A FILHA DE FORMA IMPARCIAL. CONVIVÊNCIA REGULAR COM A LINHAGEM PATERNA. DIREITO DA CRIANÇA PARA GARANTIR SEU REGULAR CRESCIMENTO E BEM ESTAR. MÁ-FÉ. INOCORRÊNCIA. (Apelação Cível nº 70073585572- Julgado em 27 set. 2017) Nessa mesma linha, os tribunais já entendem que a criação de memórias inventadas tem um impacto tão sério quanto o próprio ato de violência sexual, como se vê: 29 AGRAVO DE INSTRUMENTO - GUARDA DE MENOR - DISPUTA ENTRE OS GENITORES. ALTO GRAU DE BELIGERÂNCIA. ACUSAÇÕES RECÍPROCAS. ABUSO SEXUAL E ALIENAÇÃO PARENTAL.NECESSIDADE DE EXAME PSICOSSOCIAL POR PROFI SSIONAL ESPECIALIZADO. INTELIGÊNCI A DO ART. 5º, § 2º DA LEI Nº 1 2.318/2010. AFASTAMENTO DA CRIANÇA DO CONVÍVIO DO SUPOSTO ALIENADOR E DO ACUSADO DE ABUSO SEXUAL. GARANTIDO DIREITO DE VISITAÇÃO DO GENITOR DE FORMA ASSISTIDA. MEDIDA MAIS RECOMENDÁVEL. MANUTENÇÃO DA GUARDA À GENITORA. DEFERIMENTO DA BUSCA E APREENSÃO. CUMPRIMENTO DA MEDIDA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO COLEGIADA. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO POR MAIORIA. 1 - A alienação parental ou implantação de falsas memórias é tão grave quanto o abuso sexual, seja porque põe em risco a saúde emocional da criança, seja porque causa drásticas repercussões no desenvolvimento psicológico do indivíduo alienado, acarretando-lhes severos danos no presente e no futuro, devendo ambos receber o m esmo tratamento por parte do Poder Judiciário. 2 - Verificando o magistrado atos típicos de alienação parental, nada impede que adote algumas medidas, isolada ou cumulativamente, previstas no art. 6º d a Lei nº 12. 318/2010, dentre as quais se encontram: a) declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; b) ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; c) estipular multa ao alienador; d) determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; e) determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; f) determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; g) declarar a suspensão da autoridade parental; 3 - No caso de existir denúncia e/ou indícios de que a criança esteja sendo vítima de alienação parental, a prudência recomenda que medidas de cautela sejam tomadas pelo Judiciário para preservar os interesses da criança, assegurando, sempre que possível, a sua proteção e o seu bem estar, seja coibindo a continuidade do ato lesivo, seja afastando a vítima do convívio direto com o seu suposto agressor; 4 - Quando a situação envolver denúncia de abuso sexual em face de menor, basta que o agressor também seja afastado do convívio da vítima, impedindo -o, inclusive de manter com ela qualquer tipo de aproximação, competindo ao julgador, quando s e deparar com tal situação, evitar que a mera acusação de crime de abuso sexual se transforme em sentença penal condenatória, sem antes ser observado o devido processo legal e o que diz o princípio da presunção da inocência previsto no art. 5º, LVII da CF/8 8, notadamente quando existe no processo laudo da Polícia Técnico- Científica atestando que não houve conjunção carnal; 5 - A solução que melhor se amolda ao caso concreto é restabelecer a guarda da criança à genitora, desde que o senhor A.N., namorado da agravante, não se aproxime de A.C .L.S., guardando, sempre, um a distância mínima de 300 (trezentos) metros da menor, nem faça com ela qualquer espécie de contato, seja presencialmente, seja por telefone, seja pela internet; 6 - Recurso Provido. À maioria de votos, vencido o relator (TJ -PE - AI: 3 186765 PE, Relator: Stênio José de Sousa Neiva Coêlho, Data de Julgamento: 19/02/2 014, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 25/02/2014). É inegável que, em situações nas quais existe um forte vínculo emocional com o genitor alienante, a decisão judicial que substitui a guarda ou impede 30 temporariamente o contato desse genitor com a criança, ou até mesmo a remoção do poder familiar, pode causar considerável sofrimento ao menor (DIAS, 2015, p. 123). O alienador frequentemente recorre a acusações sérias e infundadas contra sua vítima, utilizando alegações de abuso sexual ou negligência, com a intenção de destruir o vínculo existente entre a vítima e a criança, conforme apontado por Buosi. (BUOSI, 2012, p. 45) Estudos indicam uma elevada incidência de denúncias falsas de abuso sexual. Nesse contexto, a autora enfatiza que os impactos sobre a criança, independentemente de o abuso ser verdadeiro ou fictício, são praticamente equivalentes. Tal realidade evidencia a importância de que os profissionais encarregados de avaliar e atuar nessas circunstâncias possuam um entendimento profundo sobre o tema. Dessa forma, caso o juiz identifique a ocorrência de alienação parental por parte do guardião, ele poderá determinar a guarda compartilhada ou até revogar a guarda existente. No caso de o genitor que ultrapassou os limites do poder familiar não ser o responsável pela guarda, ele poderá enfrentar restrições quantoao direito de visita, que poderão ser supervisionadas por um terceiro ou ocorrer com menor frequência. De maneira geral, é responsabilidade do juiz assegurar que todas as medidas necessárias sejam tomadas para garantir que as crianças tenham a melhor qualidade de vida possível, evitando que o ambiente familiar seja afetado por conflitos entre os pais, resultantes de um relacionamento malsucedido. 3.2.3 A IMPORTÃNCIA DA ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS O Direito de Família, ramo jurídico responsável por tratar de matérias como o casamento, a união estável, as relações de parentesco e os institutos de caráter protetivo, tem reconhecido, de forma crescente, a relevância da atuação Interprofissional daqueles que, direta ou indiretamente, estão envolvidos nas questões familiares submetidas ao Poder Judiciário. Nesse contexto, observa-se que, no âmbito do Direito de Família contemporâneo, torna-se imprescindível a participação do Psicólogo Jurídico. Este profissional exerce um papel fundamental ao oferecer suporte técnico e 31 especializado na análise de temas complexos e conflituosos, frequentemente presentes nos processos judiciais que envolvem dinâmicas familiares (IMED, 2014) Um grupo de psicólogos publicou uma pesquisa na Revista IMED (2014), na qual eles reconheceram as seguintes ações implementadas pelo sistema judiciário para lidar com os casos relacionados à SAP: As principais medidas tomadas para a proteção da criança e/ou adolescente, geralmente, buscam “estabelecer penalidades para a supressão de visitas”; “nomear um terapeuta para servir de intermediário nas visitas e para comunicar as falhas ao Tribunal”; “sugerir atendimento psicológico para os envolvidos” ; “transferir a guarda principal para o genitor alienado ou outro familiar”; ou “deixar a guarda principal com o genitor alienador, pois, em muitos casos, o juiz acredita que retirá- lo vai causar ainda mais danos à criança”. Ainda, ressaltam que a medida “vai depender muito da decisão do juiz” Revista IMED (2014). Atualmente, a Psicologia Escolar tem sido erroneamente considerada uma área secundária dentro da Psicologia, frequentemente vista pela sociedade como uma atuação relativamente simples, que não exigiria preparo técnico aprofundado nem experiência profissional significativa. No contexto das instituições de ensino, essa área ainda é pouco valorizada e, em muitos casos, ignorada, sobretudo pela ausência de serviços estruturados voltados à atuação do psicólogo escolar. Tal cenário contrasta com os serviços de Orientação Educacional e Supervisão Escolar, que são devidamente previstos e regulamentados por legislação específica — uma diferenciação que revela uma compreensão equivocada e inadequada sobre a importância da Psicologia Escolar (ANDALÓ, 1984.p.44). Considerando os comportamentos e sinais apresentados por crianças que vivenciam contextos familiares litigiosos — como separações conflituosas entre os pais — e os consequentes prejuízos sociais, acadêmicos e psicológicos, a atuação do psicólogo escolar revela-se como uma possibilidade efetiva de intervenção. Quando essa atuação é analisada sob a perspectiva do papel estratégico da escola no processo de desenvolvimento infantil, constata-se o potencial significativo desse profissional para contribuir de forma sensível e técnica diante dos desafios enfrentados pela criança, mitigando os impactos adversos de natureza emocional, relacional e cognitiva. 32 Um dos papéis mais relevantes do psicólogo escolar reside na aplicação de seus conhecimentos teóricos e técnicos acerca das dinâmicas relacionais, com o objetivo de promover um ambiente educacional pautado na construção de vínculos saudáveis e no respeito mútuo. Tal contexto favorece, de maneira significativa, o desenvolvimento integral da criança e do adolescente, impactando positivamente seu desempenho acadêmico e sua formação pessoal. (JESUS; COTTA, 2016 p. 285–290). O conceito de prevenção em Psicologia Escolar não se refere ao ajustamento e adequação de situações e comportamentos, tidos como inadequados, a padrões aceitos socialmente, pois esse posicionamento favorável ao controle social, exercido a partir da padronização de comportamentos e atitudes, desconsidera a característica histórica e social de cada indivíduo. A intervenção preventiva proposta contemporaneamente pela Psicologia Escolar pretende contribuir para que aconteçam reformulações pessoais e institucionais no sentido de oportunizar, aos atores envolvidos, transformações e saltos qualitativos em seu desenvolvimento. Tais saltos podem ser possíveis através de ações do psicólogo escolar que estejam intencionalmente com prometidas com tal objetivo, com o, por exemplo, em relação às concepções dos profissionais da escola acerca da avaliação, da aprendizagem e do desenvolvimento humano (ARAÚJO, 2009, p.01) Diante de contextos de alienação parental e litígios familiares, a atuação do psicólogo escolar revela-se fundamental para a proteção integral da criança e do adolescente, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/1990), que estabelece, em seu artigo 17, o direito ao respeito e à dignidade no ambiente familiar e escolar. Tal atuação deve estar em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996), que, em seu artigo 1º, §2º, reconhece a educação como processo de formação integral do ser humano em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Nesse cenário, a Psicologia Escolar, respaldada pelas Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) na Educação Básica (CFP, 2013), orienta a prática do profissional com foco na promoção de relações saudáveis no ambiente escolar e na mediação de conflitos que afetam diretamente o processo de aprendizagem. Com base nesses fundamentos, o psicólogo escolar, atuando em equipe multiprofissional, pode construir estratégias que possibilitem a ressignificação das relações estabelecidas no contexto escolar, 33 sobretudo quando já são identificados elementos que comprometem o desenvolvimento acadêmico e emocional do estudante. A atuação preventiva também constitui uma vertente essencial. O psicólogo pode propor ações educativas que promovam o debate de temáticas sensíveis, como bullying, conflitos familiares e alienação parental, promovendo o diálogo entre estudantes, famílias, professores e demais membros da comunidade escolar. Tais iniciativas possibilitam a construção coletiva de espaços reflexivos e a implementação de práticas pedagógicas ou lúdicas que facilitem o enfrentamento dessas questões (JESUS; COTTA, 2016.p.287). É recomendável, nesses casos, que o genitor não detentor da guarda da criança seja envolvido nas atividades e espaços promovidos pela escola, a fim de se reconhecer como parte ativa no processo educacional e no desenvolvimento do filho. Tal participação contribui para a garantia do princípio da convivência familiar e comunitária (ECA, art. 19) e pode ser decisiva para a reconstrução de vínculos afetivos fragilizados em decorrência de práticas alienadoras. Embora se reconheça que essa inclusão nem sempre ocorra de forma pacífica — podendo haver resistência por parte do genitor guardião —, é papel da escola, com suporte técnico do psicólogo, mediar tais situações de modo ético e comprometido com o bem-estar da criança. Portanto, a atuação do psicólogo escolar diante de possíveis casos de alienação parental representa uma importante ferramenta de enfrentamento desse fenômeno, contribuindo para o rompimento do ciclo de sofrimento infantil e para a promoção de um ambiente educacional mais justo, inclusivo e promotor de desenvolvimento. Nesta mesma linha: A atuação do psicólogo educacional tem se voltado ao atendimento de demandas coletivas, com o objetivo de contribuir para o processo deensino -aprendizagem e favorecer o desenvolvimento sócio emocional de crianças e adolescentes que frequentam o contexto escolar. Nesse sentido, as ações do psicólogo escolar podem estar voltadas à promoção da reflexão sobre a realidade e o cotidiano da escola, por meio do diálogo entre os seus atores, bem como ao favorecimento das relações interpessoais entre os agentes educacionais, alunos e suas famílias (GOMES, 2015, p. 2). Dessa forma, ao adotar uma perspectiva integrada do desenvolvimento infantil, o psicólogo escolar exerce um papel fundamental na promoção do desenvolvimento social, cultural e psicológico dos estudantes. Sua atuação deve 34 estar alinhada aos princípios estabelecidos na Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), especialmente no que se refere ao direito da criança ao pleno desenvolvimento, à dignidade e à proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, violência ou opressão (BRASIL, 1990, art. 5º e art. 17). Em situações em que a criança esteja sendo submetida à alienação parental ou a outras condições de vulnerabilidade, é imprescindível a atuação sensível e ética do psicólogo escolar. Conforme orientam as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) na Educação Básica (CFP, 2013), o profissional deve realizar um acompanhamento individualizado, identificando as necessidades específicas de cada caso e, quando necessário, encaminhando o estudante a outros profissionais especializados, como assistentes sociais, psicoterapeutas ou órgãos de proteção da infância. Adicionalmente, é responsabilidade do psicólogo monitorar o processo de desenvolvimento desses estudantes, observando atentamente suas potencialidades e eventuais dificuldades decorrentes do ambiente familiar conflituoso. O objetivo é prevenir a internalização de sentimento de culpa por parte da criança em relação aos conflitos parentais ou ao próprio desempenho escolar, o que pode comprometer significativamente seu bem-estar emocional e seu processo de aprendizagem. Tal atuação está em consonância com os princípios da interdisciplinaridade na educação (LDB – Lei nº 9.394/1996, art. 1º, §2º) e com a diretriz de proteção integral da criança e do adolescente, que reconhece a escola como espaço privilegiado para o cuidado, a escuta e a mediação de conflitos que afetam diretamente o desenvolvimento do sujeito em formação. 3.2.4 CONSEQUÊNCIAS E EFEITOS DA ALIENAÇÃO De acordo com Dias (2015, p.546-547), indivíduos que vivenciam situações de alienação parental tendem a desenvolver comportamentos antissociais, violentos ou até mesmo de natureza criminosa, além de apresentarem riscos significativos de depressão e ideação suicida. Na vida adulta, as consequências desse processo podem incluir sentimentos de remorso 35 por terem rejeitado ou negligenciado um dos genitores ou familiares, o que frequentemente resulta em distúrbios comportamentais persistentes ou transtornos mentais, em razão de conflitos emocionais não resolvidos. Fiorelli (2015, p.42) ressalta que crianças possuem uma notável capacidade de observar atitudes e discursos, sendo aptas a identificar contradições nas interações familiares. Ainda que desenvolvam mecanismos de defesa para lidar com tais conflitos, não estão imunes aos prejuízos em sua saúde mental. Esses impactos, muitas vezes, manifestam-se de forma mais evidente na adolescência e na vida adulta, com reflexos no desenvolvimento emocional e social. No caso dos adolescentes, Fiorelli (2015, p. 58) destaca a recorrência de sentimento de culpa ao reconhecerem o sofrimento causado ao genitor alienado, percebendo-se como instrumentos de retaliação, o que gera intenso sofrimento psicológico, tanto para o jovem quanto para o familiar atingido. Tais implicações podem demandar tratamentos médicos e psicológicos onerosos, afetando não apenas a criança ou adolescente, mas também o genitor vítima da alienação, ocasionando prejuízos de ordem financeira. Os efeitos decorrentes da Síndrome da Alienação Parental podem se apresentar de diferentes maneiras, a depender do grau de envolvimento e da intensidade do processo de alienação. Conforme destaca Freitas (2015, p. 190), no estágio leve, a alienação é considerada superficial, e a criança demonstra certo desconforto na presença dos pais, uma vez que se torna o foco das disputas parentais. Nas palavras do autor: “primeiro se tem um estágio leve, no qual a alienação é tratada como sendo superficial, onde existe um desconforto da criança nos momentos em que os pais se encontram, sendo que ela é o alvo da disputa” (FREITAS, 2015, p. 190). À medida que o quadro evolui, observa-se o estágio moderado, caracterizado por uma postura mais conflituosa da criança, que tende a se mostrar emocionalmente distante e insensível em relação ao genitor alienado. Por fim, no estágio grave, a criança encontra-se profundamente afetada, podendo, de forma inconsciente, colaborar com o genitor alienador na desqualificação do outro genitor. Conforme aponta Freitas (2015, p. 190), “a criança apresenta-se bastante conturbada, a ponto de ajudar o genitor alienante de forma inconsciente a denegrir a imagem do genitor alienado”. 36 Adicionalmente, observa-se que o dano moral frequentemente se configura de maneira clara, em virtude das perturbações nas relações interpessoais. Diante disso, a reparação desses danos mostra-se não apenas cabível, mas necessária, diante do impacto emocional e social gerado por tais práticas. A criança, por se encontrar em processo de formação de caráter, princípios e personalidade, necessita de uma tutela especial por parte do Estado, da sociedade e, sobretudo, da família, por ser esta a instituição diretamente responsável por sua proteção e desenvolvimento integral. Nesse sentido, o ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do melhor interesse da criança como norteador das decisões que envolvem menores, especialmente em casos de dissolução do vínculo conjugal. Dessa forma, nos processos de divórcio que envolvem filhos menores, não se leva em consideração apenas o desejo ou a vontade dos genitores. O foco central passa a ser o bem-estar da criança, que se torna o sujeito principal da tutela judicial. O objetivo é assegurar a plena aplicação dos seus direitos fundamentais, evitando que decisões sejam pautadas exclusivamente na vontade dos pais, em prejuízo do menor. Nesse contexto, a Lei nº 12.318/2010, que trata da alienação parental, dispõe em seu artigo 4º que, diante de indícios de prática alienadora, o juiz deve adotar imediatamente medidas para proteger os direitos da criança ou do adolescente. Tais medidas podem ser aplicadas tanto pelas Varas de Família quanto pelas Varas da Infância e Juventude, variando de acordo com a gravidade do caso e o estágio da alienação. Entre as providências cabíveis, o magistrado pode determinar a realização de acompanhamento psicológico ou terapêutico, o cumprimento do regime de convivência, a imposição de multa diária, a alteração da guarda, e, em casos mais graves, a prisão do genitor alienador. O descumprimento das medidas impostas pode, inclusive, configurar o crime de desobediência, além de justificar a decretação de prisão preventiva. É importante destacar que a Lei nº 13.431/2017, em vigor desde 5 de abril de 2018, reforça a proteção integral à criança e ao adolescente vítima ou testemunhas de violência, incluindo os casos de alienação parental, integrando- 37 se ao arcabouço normativo que visa resguardar os direitos dessa população vulnerável. A lei 12.318 /2010 define em seu artigo 6 º quais são as sanções para inibir as condutas do alienador: Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental,