Logo Passei Direto
Buscar

TCC - Alienação Parental

User badge image
Victor Passos

em

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Público 
 
 VICTOR PASSOS ARRUDA 
 
 
 
 
 
 ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 IPATINGA 
 2025 
 
 
VICTOR PASSOS ARRUDA 
 
 
Público 
 
 
 
 
 ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade Anhanguera como requisito parcial para a 
obtenção do título de graduado em Direito. 
Orientador: Jorge Medina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ipatinga 
 2025 
 
 
 VICTOR PASSOS ARRUDA 
 
 
Público 
 
 ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade Anhanguera, como requisito parcial 
para a obtenção do título de graduado em 
Direito. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 Dr: Guilherme De Castro Resende 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 Dr: Jamerson Leon Silva 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Ipatinga, 25 de novembro de 2025. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Público 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao bem-estar de 
todas as crianças e adolescentes que 
sofrem com os efeitos da alienação 
parental, assim como às famílias que 
enfrentam essa difícil realidade. Expresso 
também minha profunda gratidão a Deus, 
pilar essencial em minha vida, e aos meus 
pais, cuja dedicação, parceria e apoio 
incondicional foram indispensáveis. 
 
 
 
Público 
 AGRADECIMENTOS 
 
 
Este trabalho simboliza a luz ao fim de uma longa jornada marcada por anos 
dedicados à busca pela tão almejada graduação. O percurso, repleto de desafios, 
exigiu força e determinação, e, por isso, não poderia deixar de expressar minha 
profunda gratidão a todos que me apoiaram nessa caminhada. Sou imensamente 
grata, primeiramente, a Deus, pelas incontáveis bênçãos que têm iluminado minha 
existência. Sua generosidade em me conceder saúde, energia e uma insaciável 
curiosidade fez do aprendizado diário uma das minhas maiores fontes de alegria e a 
base sólida para a concretização dos meus objetivos e sonhos. Agradeço também aos 
meus pais, pilares fundamentais em minha vida, responsáveis por tudo que já 
conquistei e por tudo que ainda conquistarei. Seu amor incondicional e incentivo 
constante foram combustíveis essenciais para que eu jamais desistisse de sonhar e 
buscar novos horizontes. Por fim, registro minha gratidão a todos os professores que 
cruzaram meu caminho. Seus ensinamentos, sábios e inspiradores, foram cruciais 
para a construção da profissional que estou me tornando e permanecem como um 
guia inestimável em minha trajetória futura. 
 
 
 
 
Público 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “ A decisão de ter um filho é uma coisa muito séria. 
É decidir ter, para sempre, o coração fora do 
corpo”. 
Elizabeth W. Stone. 
 
 
 
 
 
Público 
ARRUDA, Victor Passos. Alienação Parental. 2025. 62 Páginas. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Ipatinga, 2025. 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho propõe, de forma introdutória, oferecer um panorama 
abrangente sobre a Alienação Parental e nos efeitos psicológicos relacionados ao 
desenvolvimento da Síndrome de Alienação Parental (SAP). O trabalho examina 
múltiplas definições e as possíveis controvérsias associadas ao termo "Síndrome da 
Alienação Parental", introduzido pelo Dr. Richard Alan Gardner, por meio de uma 
ampla revisão da literatura, tanto nacional quanto internacional. São abordadas as 
principais características do fenômeno e suas diversas formas de manifestação nos 
indivíduos envolvidos. Observa-se que o aumento dos casos de divórcio ao longo dos 
últimos anos intensificou as disputas pela guarda dos filhos, frequentemente expondo 
o fenômeno da alienação parental. Esse conceito ganha especial relevância em 
contextos de separação marcados por conflitos intensos, nos quais uma das partes 
pode alimentar um desejo de vingança. Em situações como essas, tal sentimento 
muitas vezes se materializa na tentativa deliberada de distanciar a criança do outro 
genitor, com a intenção de provocar dor emocional e sofrimento à parte afetada. Como 
resultado direto, a criança é transformada em um instrumento de conflito, assumindo 
involuntariamente o papel central em um cenário de angústia e afastamento de um 
dos pais. O propósito final é contribuir para avanços no tratamento do tema, tanto no 
âmbito jurídico quanto no contexto das dinâmicas familiares. 
 
 
 
Palavras-chave: Alienação Parental. Síndrome Da Alienação Parental. Efeitos Da 
Alienação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Público 
ARRUDA, Victor Passos. Parental Alienation.2025. 62 Páginas. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Ipatinga, 2025. 
 ABSTRACT 
 
 
 
This introductory paper proposes a comprehensive overview of Parental 
Alienation and the psychological effects associated with the development of Parental 
Alienation Syndrome (PAS). The paper examines multiple definitions and potential 
controversies associated with the term "Parental Alienation Syndrome," introduced by 
Dr. Richard Alan Gardner, through a comprehensive review of both national and 
international literature. The main characteristics of the phenomenon and its various 
manifestations in the individuals involved are addressed. The increase in divorce cases 
in recent years has intensified child custody disputes, often exposing the phenomenon 
of parental alienation. This concept gains particular relevance in separation contexts 
marked by intense conflict, in which one of the parties may harbor a desire for revenge. 
In such situations, such feelings often materialize in a deliberate attempt to distance 
the child from the other parent, with the intention of causing emotional pain and 
suffering to the affected party. As a direct result, the child becomes an instrument of 
conflict, involuntarily assuming the central role in a scenario of anguish and alienation 
from one of the parents. The ultimate goal is to contribute to advances in addressing 
this issue, both in the legal sphere and in the context of family dynamics. 
 
 
 
 
 
 
Keywords: Parental Alienation. Parental Alienation Syndrome. Effects of Alienation. 
 
 
Público 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
SAP Síndrome da Alienação Parental 
DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
CID 10 Classificação Internacional de Doenças 
IMED Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento. 
CFP Conselho Federal de Psicologia 
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
CNJ Conselho nacional de Justiça 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
CF Constituição Federal 
nº Número 
p. Página 
§ Parágrafo 
Art Artigo 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 
2. CAPÍTULO I REFLEXÕES GERAIS ACERCA DA ESTRUTURA 
FAMILIAR ........................................................................................................ 14 
2.1 O SURGIMENTO DA FAMÍLIA NO SEU CONTEXTO JURÍDICO E 
SOCIAL..............................................................................................................14 
2.2 CONCEITO DE FAMÍLIA .......................................................................... 16 
2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA ............................................................ 18 
3 CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL ........... 20 
3.1 DIFERENÇA ENTRE A ALIENAÇAO E E A SAP .................................... 20 
3.2 MANIFESTAÇÕES CLÁSSICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL .............. 25 
3.2.1 IMPLANTAÇÃO DE FALSASo juiz poderá, 
cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade 
civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais 
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - Declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II - Ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor 
alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - Determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou 
sua inversão; 
VI - Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou 
adolescente; 
 
Para a aplicação das sanções previstas no referido artigo, é suficiente a 
comprovação da ocorrência de violência psicológica contra a criança ou o 
adolescente. Não se exige, como regra geral, o cumprimento de uma sequência 
processual rígida, sendo a análise realizada caso a caso, de acordo com as 
particularidades da situação apresentada. Cabe ao magistrado avaliar os 
elementos disponíveis e determinar a medida mais adequada à proteção dos 
direitos da criança ou do adolescente. 
Desta forma nos ensina Fabio Vieira Figueiredo: 
Acerca dos sete incisos previstos neste artigo, apesar de parentar certa 
gradação quanto à gravidade da previsão imposta, não s e deve partir 
do pressuposto que esta sequência seja necessariamente fixa e 
imposta para que seja seguida nessa ordem pelo juiz. O magistrado 
não está vinculado a obedecer progressivamente às medidas, ficando 
ao seu critério a análise de cada caso concreto e adaptação de qual 
dessas ou outras acredita ser necessária naquela determinada 
situação, ainda que possa aplica-las cumulativamente. (FIGUEIREDO, 
p.72, 2011) 
 
Antes do advento da Lei nº 13.431/2017, a sanção considerada mais 
severa no ordenamento jurídico brasileiro, no âmbito da proteção à criança e ao 
adolescente, era a suspensão da autoridade parental — anteriormente 
denominada "autoridade familiar". Tal medida era aplicada apenas em casos 
extremos, após o esgotamento de todas as demais alternativas, e sempre com 
extrema cautela, a fim de evitar prejuízos ao bem-estar do menor. 
38 
 
 
Sobre a suspensão da autoridade parental, nos ensina Eduardo de 
Oliveira Leite: 
 “A ressalva é importante e merece reflexão porque, embora o inc. VIII 
do art. 6º da Lei de Alienação Parental só se refira à hipótese de 
‘suspensão’, é claro que a possibilidade de ‘perda’, ou destituição, 
existe na alienação parental, sempre que se materializar a reincidência 
prevista no inc. IV do art. 1.638 do Código Civil. [...] porque a 
suspensão é penalidade menos severa que a destituição (daí o seu 
caráter temporário), enquanto a perda (ou destituição) do poder familiar 
é mais grave. Para a configuração da medida drástica é fundamental a 
ocorrência de motivos relevantes a justificar a sanção. ” (LEITE, 2015, 
p. 409 e 410) 
 
Contudo, com a entrada em vigor da referida legislação em 5 de abril de 
2018, estabeleceu-se uma nova perspectiva quanto às medidas punitivas. A 
partir de então, o artigo 21, inciso III, da Lei nº 13.431/2017 passou a prever a 
possibilidade de decretação da prisão preventiva nos casos em que houver 
indícios de ameaça à integridade física ou psicológica da criança ou do 
adolescente. 
Assim, a partir da promulgação da nova norma, a prisão preventiva 
passou a configurar a medida mais rigorosa, superando a suspensão da 
autoridade parental no rol das sanções cabíveis. Ressalte-se, contudo, que a 
aplicação de qualquer dessas medidas deve observar os princípios da 
proporcionalidade e do melhor interesse da criança e do adolescente, de modo 
a assegurar sua proteção integral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
4 - POSSÍVEIS SOLUÇÕES DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
A legislação vigente que trata da alienação parental prevê a possibilidade 
de adoção de diversas alternativas para a resolução dos conflitos familiares, 
especialmente no que se refere à preservação dos vínculos afetivos da criança 
com ambos os genitores. Dentre essas alternativas, destacam-se a 
implementação da guarda compartilhada, bem como a atuação de profissionais 
especializados, como psicólogos forenses, assistentes sociais e conselheiros 
tutelares, que exercem papel fundamental na mediação e acompanhamento de 
casos que envolvem práticas alienadoras. 
 
4.1 GUARDA COMPARTILHADA NOS CASOS DE ALIENAÇÃO 
 
Nos termos da Lei nº 12.318/2010, é possível a conversão da guarda 
unilateral em guarda compartilhada nos casos em que for identificada a prática 
de alienação parental. O legislador, ao prever tal medida, reconheceu que a 
guarda compartilhada pode representar uma alternativa eficaz para coibir a 
alienação, promovendo maior equilíbrio na convivência familiar e assegurando o 
convívio regular da criança com ambos os genitores. 
 Vamos analisar o artigo 6º, inciso V, da Lei de Alienação Parental: 
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer 
conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com 
genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, 
cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade 
civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais 
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
V - Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou 
sua inversão. (JUSBRASIL. Art. 6º da Lei nº 12.318 | Lei da Alienação 
Parental, de 26 de agosto de 2010) 
 
O modelo de guarda exclusivamente unilateral, também conhecido como 
guarda exclusiva, tem sido objeto de críticas por parte da doutrina 
contemporânea, especialmente por ser considerado um regime obsoleto e, por 
vezes, excludente. Tal regime não contempla de forma adequada as 
necessidades afetivas, emocionais e sociais da criança ou do adolescente, uma 
vez que afasta um dos genitores da convivência cotidiana, em um momento 
crucial de desenvolvimento da personalidade e estruturação do núcleo familiar. 
 
40 
 
 
A exclusão do pai ou da mãe da rotina da criança pode ocasionar impactos 
negativos significativos, comprometendo sua formação integral e o pleno 
exercício do direito à convivência familiar, previsto no artigo 227 da Constituição 
Federal de 1988 e no artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
O ordenamento jurídico brasileiro, orientado pelo princípio do melhor interesse 
da criança, tem evoluído no sentido de adotar medidas que assegurem uma 
convivência equilibrada e contínua com ambos os genitores. 
Nesse cenário, a guarda unilateral tem cedido espaço à guarda 
compartilhada, regime que representa uma forma mais justa e equitativa de 
exercício da autoridade parental. Trata-se de um avanço legislativo e doutrinário 
fundamentado não apenas em bases jurídicas, mas também em estudos 
psicológicos e sociológicos que evidenciam os benefícios da convivência ativa 
com ambos os pais para o desenvolvimento emocional e psíquico da criança. 
Contudo, a introdução da guarda compartilhada no ordenamento jurídico 
brasileiro enfrentou resistência inicial, em razão da desinformação generalizada 
quanto à sua aplicação. Muitos interpretaram erroneamente que tal modalidade 
envolveria a alternância física do domicílio da criança, ou seja, sua permanência 
por períodos alternados nas casas de cada genitor. Essa visão equivocada gerou 
receios relacionados à instabilidade emocional e à desestruturação de rotinas 
fundamentais, como a escolarização, socialização e hábitos domésticos. 
Na realidade, a guarda compartilhada não pressupõe alternância de lares, 
mas sim a participação conjunta e equilibrada dos genitores nas decisões 
relevantes da vida da criança, tais como questões educacionais, médicas, 
religiosas, dentre outras. Tal regime busca assegurar o direito da criança à 
convivência familiar ampla e contínua, minimizando os riscos de traumas, 
sofrimentos e angústias que podemser causados pela ausência prolongada de 
um dos pais. 
Como afirma Freitas (2015 p. 14), a guarda compartilhada proporciona um 
desenvolvimento emocional mais estável, reduzindo os ônus psicológicos que a 
separação dos pais pode acarretar. Ademais, rompe com a equivocada ideia de 
posse sobre os filhos, frequentemente associada à guarda unilateral, e promove 
uma relação baseada na corresponsabilidade parental, respeitando os laços 
afetivos existentes com ambos os genitores. 
 
41 
 
 
Nesse sentido, a Lei nº 12.318/2010, ao dispor sobre a alienação parental, 
revela uma preocupação legislativa em incentivar a guarda compartilhada como 
medida preventiva e reparatória frente às práticas alienadoras. O artigo 6º, inciso 
V, da referida norma, autoriza expressamente que o magistrado, ao constatar 
condutas que dificultem ou impeçam a convivência familiar, converta a guarda 
unilateral em compartilhada, ou até mesmo determine a inversão da guarda, 
sempre com base na análise do melhor interesse da criança. 
Dessa forma, a legislação parte da premissa de que a guarda 
compartilhada deve ser a regra geral, e não a exceção, nos litígios envolvendo 
a guarda de menores. Além de garantir uma convivência equilibrada com ambos 
os pais, funciona como instrumento de mitigação dos danos causados pela 
alienação parental, ao passo que fomenta o exercício igualitário do poder familiar 
e assegura a proteção integral da criança e do adolescente, conforme 
preconizado pelo artigo 227 da Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança 
e do Adolescente. 
 
4.2 ELABORAÇÃO DO LAUDO PERICIAL POR PSICÓLOGOS E 
ASSISTENTES SOCIAIS 
 
Diante da relevância do tema, especialmente no que tange às implicações 
psicológicas e sociais relacionadas à alienação parental, o legislador estabelece 
a utilização de laudos técnicos fundamentados em avaliações psicológicas ou 
biopsicossociais. Evidencia-se, assim, a existência de um aparato técnico-
científico destinado à abordagem das partes envolvidas, de forma autônoma à 
atuação direta do magistrado. Como exemplo, destaca-se o depoimento sem 
danos, um procedimento especializado voltado à escuta de crianças e 
adolescentes, com o objetivo de preservar sua integridade emocional durante o 
processo judicial. 
Vamos analisar o que estabelece o artigo 5º da Lei nº 12.318 de 2010, 
que determina o seguinte: 
Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em 
ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia 
psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou 
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, 
entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, 
42 
 
 
histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de 
incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da 
forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual 
acusação contra genitor. 
§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar 
habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por 
histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação 
parental. 
§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a 
ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para 
apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização 
judicial baseada em justificativa circunstanciada. 
(JUSBRASIL Art. 5º da Lei nº 12.318 | Lei da Alienação Parental, de 26 
de agosto de 2010) 
 
Quando observamos a situação, é o juiz quem decide pela realização da 
perícia psicológica ou biopsicossocial. Para aprofundarmos nossa compreensão 
sobre o que essa avaliação implica, vamos analisar as informações disponíveis 
no Portal da Educação do Brasil. 
 [...] podemos definir perícia psicológica no contexto forense como o 
exame científico, desenvolvido por um especialista, realizado com o 
uso de métodos e técnicas reconhecidas pela Psicologia, com a 
efetivação de investigações, análises e conclusões sobre os fatos e 
pessoas, apontando uma possível correlação de causa e efeito, além 
de identificar a motivação e as alterações psicológicas dos agentes 
envolvidos no processo judicial. (2013. Portal da Educação) 
 
As técnicas e métodos mencionados devem ser implementados em 
conformidade com o disposto no parágrafo primeiro do artigo referido, o qual 
fornece diretrizes claras aos profissionais sobre os procedimentos a serem 
seguidos no contexto da perícia. Ademais, os responsáveis pelo exercício dessa 
atividade devem possuir qualificação adequada e comprovar sua competência 
técnica para desempenhá-la. O prazo estipulado para a entrega do laudo é de 
até 90 dias, podendo, contudo, ser prorrogado mediante a apresentação de 
justificativas plausíveis que fundamentem a necessidade de extensão temporal. 
Em relação a esse tema, o portal de notícias do Tribunal de Justiça do Mato 
Grosso divulgou um documento orientativo com considerações relevantes 
acerca da condução de depoimentos de crianças e adolescentes em situações 
de alienação parental. No referido material, foi sublinhada a importância de que 
esses depoimentos sejam realizados de maneira distinta dos demais, dado o 
envolvimento de indivíduos menores de idade. Assim, torna-se imprescindível 
adotar uma abordagem mais sensível e humanizada para garantir que o 
43 
 
 
processo seja conduzido com o devido respeito às particularidades e 
vulnerabilidades dessa faixa etária. 
No Depoimento Especial, um técnico treinado – preferencialmente um 
psicólogo ou assistente social – faz as perguntas à criança, em recinto 
distinto à sala de audiências (uma sala reservada, onde a privacidade 
é garantida). [...] O recinto reservado gera segurança e conforto para a 
vítima que, se comunica direta e somente com o profissional 
interlocutor. O tempo da criança é respeitado. Se ela chorar, silenciar 
ou entrar em grande sofrimento, a sessão do depoimento deve ser 
interrompida, para prosseguir-se em outra oportunidade. 
[...]além disso, a criança e o adolescente não têm que se expressar, 
diante do alienador ou alienado e de pessoas que lhes são totalmente 
desconhecidas, poupando-os de constrangimentos que, muitas vezes, 
os possam fazer silencia. (Lei nº 13.431/2017) 
 
Porto Alegre destacou-se como uma das primeiras capitais brasileiras a 
adotar o método do Depoimento sem Dano, instituindo, ainda, uma sala especial 
destinada a essa prática nas dependências do Foro Central da cidade. 
Projeto Depoimento Sem Dano tem como objetivo a proteção do menor 
abusado, sem que este tenha que passar pelo constrangimento de 
expor publicamente o fato delituoso e traumatizante. Consiste, assim, 
em colher o depoimento da criança vítima do abuso sexual em uma 
sala montada especialmente para o depoimento da 
criança/adolescente vítima. A dependência possui equipamentos de 
áudio e vídeo, sem a presença do acusado, do juiz, do delegado. 
Apenas um psicólogo ou assistente social estará com a criança nesta 
sala tomando seu depoimento de forma adequada, deixando a criança 
menos intimidada. Sala especial criada para uso do método 
Depoimento sem Dano fica no Foro Central de Porto Alegre no mesmo 
andar do 2º JIJ. É uma sala que contém DVD, televisor, vídeo, 
bonecos, papel, lápis para desenho, para que a criança se sinta 
confortável, à vontade para seguir com o seu depoimento. É um 
equipamento especial de áudio e vídeo que produz um bom som e uma 
boa imagem em tempo real. A sala é interligada a outra onde estarão 
o juiz, o promotor de justiça, defensor e acusado acompanhando o 
depoimento; estes podem fazer perguntas por meio do interlocutor que 
transmitirá à criança. Há a responsabilidade pela privacidade da 
criança, não tendo a formalidade de uma sala de audiências, o que faz 
com que a criança se sinta menos pressionada. A entrevista é gravada 
em um CD e anexada aosautos, integra a prova judicial. 
(CEZAR 2007, p. 60) 
 
É fundamental demonstrar zelo e atenção nesse momento, pois ao relatar 
algo constrangedor, a criança ou o adolescente revive todas as angústias e 
questionamentos em sua mente, como se estivesse novamente vivenciando 
aquilo que está sendo narrado. Nesse sentido, a atuação dos peritos em casos 
de alienação parental torna-se indispensável, exigindo deles extrema cautela e 
o uso máximo de seus conhecimentos especializados, já que qualquer erro pode 
causar graves consequências para as relações familiares. Segundo informações 
disponíveis no site de notícias do CNJ, é igualmente essencial que sejam 
44 
 
 
avaliadas as características do indivíduo que pratica a alienação, garantindo uma 
abordagem detalhada e técnica. 
O alienador costuma apresentar características como manipulação e 
sedução, baixa autoestima, dificuldades em respeitar regras e 
resistência ao ser avaliado, entre outras. Exemplos de conduta do 
alienador são apresentar o novo cônjuge como novo pai ou nova mãe, 
desqualificar o pai da criança em sua frente e de outros, tomar decisões 
importantes sobre o filho sem consultar o outro, alegar que o ex-
cônjuge não tem disponibilidade para os filhos e não deixar que usem 
roupas dadas por ele. 
(2015. CNJ – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA) 
 
Além disso, determinam-se quais medidas judiciais podem ser aplicadas 
caso seja comprovada a ocorrência de alienação parental. 
Medidas judiciais - A equipe multidisciplinar tem o prazo de 90 dias 
para apresentar um laudo em relação à ocorrência de alienação. Se 
constatada a prática, o processo passa a ter tramitação prioritária e o 
juiz determinará com urgência as medidas provisórias visando a 
preservação da integridade psicológica da criança, inclusive para 
assegurar a sua convivência com o genitor e efetivar a reaproximação 
de ambos. As medidas que podem ser tomadas, de acordo com a lei, 
vão desde uma simples advertência ao genitor até a ampliação do 
regime de convivência em favor do genitor alienado, estipulação de 
multa ao alienador, determinação de acompanhamento psicológico, 
alteração da guarda e suspensão da autoridade parental. 
(2015. CNJ – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA) 
 
Além dessas disposições, as providências de caráter emergencial podem 
ser determinadas sem a necessidade de prévia manifestação da parte adversa. 
Tal diretriz é destacada por Araújo: (2023) 
Quando a questão controvertida na ação judicial manejada é a 
proteção integral à criança e ao adolescente, falar em concessão de 
medida liminar, qual seja aquela que é concedida sem a ouvida da 
parte contrária, em sede de ação autônoma ou em pedido liminar que 
alega a ocorrência de alienação parental, significa buscar as medidas 
provisórias protetivas destinadas à salvaguarda da integridade 
psicológica, ou até mesmo física, do infante. [...] legitimada estaria, 
assim, a medida liminar proferida sem sopesar as razões das partes, 
incluindo-se entre estas a própria criança envolvida, cujo bem-estar e 
interesses também devem ser levados em consideração. 
(Araújo,2023) 
 
Considerando o foco no bem-estar e nos interesses da criança, torna-se 
essencial adotar medidas de urgência diante de casos de alienação parental, 
com o objetivo de assegurar seus direitos. Nesse contexto, é fundamental que 
os magistrados tomem uma postura ativa em situações relacionadas à alienação 
parental, podendo inclusive determinar a suspensão da autoridade parental, 
45 
 
 
quando tal decisão for indispensável para garantir o desenvolvimento psicológico 
saudável da criança ou adolescente. 
 
4.3 CONSELHO TUTELAR E ECA NA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Mesmo antes da Lei da Alienação Parental existir, o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA) já tinha como foco principal a proteção dos direitos das 
crianças e adolescentes. Um bom exemplo disso está no artigo 3º, que garante 
a eles todos os direitos fundamentais que qualquer pessoa tem — além de uma 
proteção completa, feita por meio da lei e de outras formas. O ECA deixa claro 
que crianças e adolescentes têm direito a crescer em um ambiente que favoreça 
seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, sempre com 
liberdade e dignidade. 
Outro ponto importante é que o Conselho Tutelar tem um papel essencial 
nessa missão de garantir os direitos da criança e do adolescente. Já a Lei da 
Alienação Parental veio depois, mas segue o mesmo caminho do ECA: proteger 
os menores e garantir que eles não sofram interferências ou manipulações que 
prejudiquem sua convivência familiar e emocional. 
Ou seja, as duas legislações andam lado a lado, sempre buscando o 
melhor para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes. 
De acordo com o Estatuto da Criança do Adolescente (1990, p.31), em 
seu art.21/90: 
Art. 21 - O pode familiar será exercido, em igualdade de condições, 
pelo pai e pela mãe, na forma do que despuser a legislação civil, 
assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de divergência, 
recorrer à autoridade judiciaria competente para a solução da 
divergência. 
 
As diversas discussões e legislações que tratam desse tema existem para 
garantir que o cuidado e a proteção das crianças sejam reconhecidos como uma 
necessidade fundamental, delegando aos pais a responsabilidade de cumprir 
seu papel adequadamente. No entanto, quando essa atenção e compromisso 
falham, cabe ao Estado intervir para assegurar que a criança não seja 
negligenciada, nem exposta a situações de vulnerabilidade psicológica, 
financeira ou sexual. 
46 
 
 
De acordo com o artigo 131 do ECA, o Conselho Tutelar é um órgão 
permanente e independente, que não faz parte do Judiciário, mas tem um papel 
superimportante: ele foi criado pela própria sociedade para garantir que os 
direitos das crianças e dos adolescentes sejam respeitados, conforme será 
detalhado a diante. Suas responsabilidades estão detalhadas no artigo 136 do 
Estatuto, sendo elas as seguintes: 
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: 
I - Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 
98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; 
II - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas 
previstas no art. 129, I a VII; 
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: 
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço 
social, previdência, trabalho e segurança; 
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de 
descumprimento injustificado de suas deliberações. 
IV - Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua 
infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou 
adolescente; 
V - Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; 
VI - Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, 
dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de 
ato infracional; 
VII - expedir notificações; 
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou 
adolescente quando necessário; 
IX - Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta 
orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da 
criança e do adolescente; 
X - Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação 
dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal 
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda 
ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de 
manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. 
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, 
ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas 
de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 
13.046, de 2014) 
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas e 
efetivas direcionadas à identificaçãoda agressão, à agilidade no 
atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica 
e familiar e à responsabilização do agressor; (Incluído pela Lei nº 
14.344, de 2022) 
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de 
violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento cruel ou 
degradante ou a formas violentas de educação, correção ou disciplina, 
a seus familiares e a testemunhas, de forma a prover orientação e 
aconselhamento acerca de seus direitos e dos encaminhamentos 
necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) 
XV - Representar à autoridade judicial ou policial para requerer o 
afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência 
com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra a 
criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) 
XVI - representar à autoridade judicial para requerer a concessão de 
medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente vítima ou 
47 
 
 
testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a revisão 
daquelas já concedidas;(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) 
 
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a propositura de 
ação cautelar de antecipação de produção de prova nas causas que 
envolvam violência contra a criança e ao adolescente; (Incluído pela 
Lei nº 14.344, de 2022) 
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua competência, 
ao receber comunicação da ocorrência de ação ou omissão, praticada 
em local público ou privado, que constitua violência doméstica e 
familiar contra a criança e ao adolescente;(Incluído pela Lei nº 14.344, 
de 2022) 
XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações 
reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de 
violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas 
violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e ao 
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) 
XX - Representar à autoridade judicial ou ao Ministério Público para 
requerer a concessão de medidas cautelares direta ou indiretamente 
relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou denunciante de 
informações de crimes que envolvam violência doméstica e familiar 
contra a criança e ao adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 
2022) 
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho 
Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, 
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe 
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências 
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. 
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 
De acordo com Digiácomo (2003) o papel do Conselho Tutelar consiste 
em proteger os direitos fundamentais dos indivíduos, não a própria pessoa, 
exigindo que esses direitos sejam efetivamente garantidos. O autor também 
ressalta um aspecto relevante, apontando que os membros do Conselho 
frequentemente enfrentam resistência ou são percebidos de maneira negativa 
por alguns pais. 
O papel do Conselho Tutelar pode ser considerado antipático, se 
enxergado num primeiro momento; afinal, quem quer ser cobrado a 
cumprir seu dever? 
Qual é o pai que quer ouvir que a educação, o respeito, a obediência 
são funções suas e que é isso que deve ser utilizado quando o filho sai 
e não quer mais voltar para casa? Que estabelecimento de educação 
quer reconhecer que, às vezes, o aluno ‘rebelde’ pode ser resultado de 
comportamentos autoritários (ou, ao contrário, permissivos) por parte 
da Direção e dos professores? Que dirigente de abrigo quer ser 
cobrado a cumprir seus deveres de guardião? (Digiácomo.2003 p.147) 
 
Mais uma vez nos deparamos com a controvérsia sobre aceitar ou não a 
intervenção do Estado na esfera familiar. Contudo, como já foi afirmado, sempre 
que direitos fundamentais estiverem em risco, é não só permitido, mas também 
necessário, que o Estado interfira em qualquer relação envolvida. 
48 
 
 
Nesse contexto, o Conselho Tutelar desempenha um papel essencial na 
proteção de menores. Sua atuação não se limita ao acompanhamento de casos; 
ele também pode encaminhá-los ao Ministério Público quando identifica 
situações em que se torna necessário afastar uma criança ou adolescente do 
ambiente familiar. Vale destacar que essa medida, que é considerada uma das 
sanções aplicáveis ao genitor alienante nos casos de alienação parental, pode 
levar à suspensão da autoridade parental, conforme decidido judicialmente. 
 
4.4 O ADVOGADO (A) A FRENTE DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
O advogado exerce papel central na prevenção e no enfrentamento da 
alienação parental, tendo em vista sua atuação direta com as partes envolvidas 
e sua proximidade com o Poder Judiciário. Por estar em contato constante com 
os conflitos familiares, o advogado encontra-se em posição privilegiada para 
identificar comportamentos que indiquem a ocorrência de alienação parental, 
podendo agir preventivamente. 
De acordo com Patrícia Máris (2020), ao ser procurado em casos de 
dissolução conjugal, o advogado deve, primeiramente, realizar uma análise 
cuidadosa do caso concreto para verificar a existência de indícios de alienação 
parental. Essa postura é essencial para evitar o desenvolvimento da síndrome 
da alienação parental, fenômeno que compromete profundamente os vínculos 
afetivos entre pais e filhos. 
Entretanto, observa-se que, em determinadas situações, há profissionais 
que priorizam interesses financeiros em detrimento da ética profissional. Nesses 
casos, os advogados acabam por estimular o litígio, orientando seus clientes a 
não cederem, a manterem posturas combativas e, por vezes, a recorrerem a 
inverdades, contribuindo para o agravamento dos conflitos e perpetuação de 
condutas alienantes. Mesmo não podendo atuar formalmente como mediador, o 
advogado deve sempre que possível incentivar a construção de acordos e 
destacar a importância da mediação e da conciliação. Essa conduta está 
amparada pelo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, 
em especial pelo artigo 2º, parágrafo único, inciso VI, que estabelece como dever 
de profissional estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre 
que possível, a instauração de litígios. O advogado, ao ser procurado em 
49 
 
 
processos de separação ou dissolução de união, deve agir com ética, 
responsabilidade e visão humanizada. Ele está em uma posição estratégica para 
detectar indícios de alienação parental logo no início do processo, podendo atuar 
de forma preventiva e orientar seu cliente para que evite condutas prejudiciais. 
É importante destacar que o Poder Judiciário, por si só, não possui 
estrutura suficiente para lidar com todos os aspectos da alienação parental, 
sendo imprescindível o apoio de uma equipe multidisciplinar composta por 
peritos, psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras e outros profissionais. Essa 
atuação conjunta possibilita tanto a identificação precoce da alienação quanto o 
encaminhamento adequado para o tratamento da situação. Com a integração de 
especialistas de diversas áreas no âmbito das Varas de Família, tornou-se mais 
viável o reconhecimento e a condução adequada de casos complexos. Dessa 
forma, as Varas de Família não podem mais ser compostas apenas por juízes, 
promotores de justiça, analistas e técnicos judiciários. A realidade social atual 
exige a presença de um corpo técnico diversificado, capacitado para lidar com 
as múltiplas e delicadas questões que envolvem as relações familiares 
A complexidade dos casos de alienação parental demonstra que o Poder 
Judiciário, sozinho, não é capaz de oferecer respostas suficientes para lidar com 
o problema de forma eficaz. Por isso, a atuação de uma equipe multidisciplinar, 
composta por psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras e outros especialistas, 
torna-se essencial para o diagnóstico e a intervençãoadequada nesses casos 
(COSTA, 2020). 
A inclusão desses profissionais nas Varas de Família trouxe uma nova 
capacidade de identificar e lidar com casos de alienação parental de forma mais 
precisa. Isso transformou o panorama da justiça familiar, que não pode mais ser 
delimitado apenas pelas funções de juízes, promotores e técnicos tradicionais. 
A sociedade passou a exigir uma equipe técnica mais ampla e altamente 
qualificada, preparada para atender às complexas demandas das variadas 
estruturas familiares que caracterizam a realidade atual. 
Diante do exposto, constata-se que o advogado exerce um papel 
estratégico na prevenção e no enfrentamento da alienação parental. Sua 
atuação ética, responsável e comprometida com os princípios do Direito de 
Família é fundamental para evitar consequências negativas, muitas vezes 
irreversíveis, especialmente para crianças e adolescentes envolvidos em 
50 
 
 
disputas judiciais familiares. Ao adotar uma conduta e postura que valoriza a 
conciliação e ao colaborar com profissionais de áreas complementares, como 
psicologia, serviço social e psiquiatria, o advogado contribui significativamente 
para a construção de soluções mais humanas, eficazes e duradouras. Assim, 
sua atuação vai além da defesa técnica, alcançando um papel social relevante 
na promoção do bem-estar com a proteção dos vínculos afetivos e na pacificação 
dos conflitos familiares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A alienação parental, frequentemente observada em contextos de 
separação ou litígios pela guarda dos filhos, resulta em danos consideráveis ao 
desenvolvimento emocional e psicológico de crianças e adolescentes. O 
fenômeno, que surge em decorrência de conflitos entre os pais, pode 
desencadear a Síndrome da Alienação Parental (SAP), cujas consequências 
afetam de forma prolongada as relações familiares. Este estudo, baseado em 
revisão bibliográfica, reforça a necessidade de medidas eficazes como o 
incentivo ao diálogo, a mediação de conflitos e a preservação dos vínculos 
afetivos, visando garantir o bem-estar dos menores. 
A alienação parental constitui uma grave forma de violência psicológica, 
tendo como alvo a criança ou o adolescente, com impactos diretos sobre sua 
saúde emocional e suas relações familiares. A Lei nº 12.318/2010, conhecida 
como Lei da Alienação Parental, representa um avanço legal significativo no 
combate a essa prática, ao estabelecer medidas de proteção aos direitos da 
criança e ao promover a restauração dos vínculos familiares. 
A análise da alienação parental evidencia os prejuízos emocionais que ela 
ocasiona, afetando tanto o desenvolvimento da criança quanto a convivência 
familiar. A legislação brasileira, especificamente a Lei nº 12.318/2010, destaca a 
relevância da implementação de medidas legais para o reconhecimento e 
combate à alienação parental, utilizando ferramentas técnicas que asseguram a 
proteção integral dos menores e o fortalecimento das relações familiares. Este 
estudo adota uma metodologia qualitativa, com abordagem hipotético-dedutiva, 
exploratória e explicativa, sustentada por uma revisão bibliográfica aprofundada 
sobre o tema. 
As transformações nas estruturas familiares têm evidenciado a alienação 
parental como uma prática recorrente em situações de disputa entre os 
genitores. Este comportamento afeta os laços afetivos e provoca consequências 
emocionais profundas, demandando intervenções tanto jurídicas quanto 
psicológicas. O Direito de Família, ao acompanhar a evolução das formas 
familiares, reconhece a família como um núcleo de vínculos afetivos, jurídicos e 
de sangue, e busca assegurar a igualdade de direitos e deveres entre os pais na 
criação dos filhos. 
52 
 
 
A Constituição Federal de 1988 ampliou a definição de família, 
reconhecendo diferentes configurações, como uniões estáveis, famílias 
monoparentais, famílias reconstituídas e famílias homoafetivas. Atualmente, a 
família é compreendida como uma organização social, estruturada por laços de 
consanguinidade, afeto ou vínculo jurídico, sendo protegida pelo ordenamento 
jurídico brasileiro. O conceito de poder familiar substituiu o antigo pátrio poder, 
refletindo a igualdade entre os pais no exercício dos direitos e deveres relativos 
à criação dos filhos. 
A Síndrome da Alienação Parental (SAP), proposta por Richard Gardner 
na década de 1980, é caracterizada por um conjunto de sintomas resultantes da 
alienação parental, no qual um genitor manipula a criança para rejeitar o outro. 
Essa manipulação, frequentemente observada em disputas de guarda, prejudica 
o vínculo da criança com o genitor alienado e pode resultar em severos distúrbios 
emocionais e comportamentais. Gardner descreveu três estágios da SAP (leve, 
moderado e grave), que incluem comportamentos como campanhas 
difamatórias contra o genitor alienado e a ausência de ambivalência por parte da 
criança. 
Apesar de ser amplamente reconhecida no contexto jurídico e social, a 
SAP não está formalmente incluída nos principais manuais diagnósticos 
internacionais, como o DSM ou o CID-10, o que gera controvérsias sobre seu 
reconhecimento oficial. A Lei nº 12.318/2010 define a alienação parental como 
qualquer interferência na formação psicológica da criança com o intuito de 
prejudicar o relacionamento com um dos genitores. A correta distinção entre 
alienação parental e SAP é essencial para a formulação de diagnósticos 
precisos, evitando que conflitos familiares comuns sejam erroneamente 
classificados como alienação. 
Pesquisas sobre alienação parental indicam padrões comportamentais 
previsíveis. Um exemplo claro dessa prática é a implantação de falsas memórias, 
na qual o genitor alienador manipula a criança para acreditar em acontecimentos 
inexistentes, prejudicando a memória infantil e criando falsas acusações contra 
o genitor alienado. A repetição de relatos distorcidos solidifica essas memórias 
na mente da criança, dificultando sua capacidade de distinguir a realidade da 
ficção, o que pode comprometer irreparavelmente os vínculos familiares. 
53 
 
 
A alienação parental também pode envolver falsas acusações de abuso 
sexual, em que o genitor alienador incita a criança a acreditar em episódios que 
nunca ocorreram. Embora os sinais de abuso real e falso possam ser similares 
em termos de impacto psicológico, o abuso genuíno apresenta indícios físicos e 
emocionais específicos. A análise técnica e a avaliação cuidadosa são cruciais 
para distinguir entre abuso real e manipulação, protegendo os direitos da criança 
e mantendo o vínculo familiar. 
No campo do Direito de Família, a atuação do psicólogo jurídico é 
fundamental em casos de alienação parental. A Psicologia Escolar, embora 
subestimada, também desempenha um papel essencial na mediação de 
conflitos familiares e na promoção do desenvolvimento integral da criança, 
conforme os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O psicólogo escolar contribui na 
construção de vínculos saudáveis, na prevenção de danos emocionais e na 
promoção da participação ativa dos genitores no contexto educacional. 
A alienação parental tem implicações profundas no bem-estar psicológico 
de crianças e adolescentes, podendo resultar em comportamentos antissociais, 
depressão e distúrbios emocionais na vida adulta. A legislação brasileira, 
especialmente a Lei nº 12.318/2010, prevê medidas jurídicas para proteger as 
crianças afetadas, incluindo acompanhamento psicológico, modificação de 
guarda e sanções contra o genitor alienador. A Lei nº 13.431/2017 fortalece a 
proteção integral da criança, autorizando, em casos extremos, a prisão 
preventiva do genitor alienador, sempre com base no princípio do melhor 
interesse da criança. 
A Lei nº 12.318/2010 estabelece a guarda compartilhadacomo a regra 
geral, sendo considerada a alternativa à guarda unilateral. O artigo 6º, inciso V, 
da referida lei permite ao juiz converter a guarda unilateral em compartilhada ou 
até inverter a guarda, a fim de proteger o convívio familiar. A guarda 
compartilhada assegura a corresponsabilidade parental e favorece o 
desenvolvimento emocional equilibrado da criança, em consonância com os 
princípios do melhor interesse da criança e do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
A legislação prevê, ainda, a realização de perícias psicológicas ou 
biopsicossociais para a identificação e resolução de casos de alienação parental. 
54 
 
 
Quando há indícios dessa prática, o juiz pode determinar a avaliação por 
profissionais qualificados. O Depoimento Sem Dano é uma técnica especializada 
para ouvir crianças e adolescentes, protegendo sua integridade emocional 
durante o processo judicial. Em casos de alienação comprovada, o juiz pode 
adotar medidas urgentes, como alteração de guarda, imposição de multa ou 
suspensão da autoridade parental, com o objetivo de preservar o bem-estar da 
criança. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), desde sua criação, 
assegura os direitos fundamentais dos menores, promovendo seu 
desenvolvimento físico, mental, moral e social. O Conselho Tutelar é um órgão 
essencial na proteção desses direitos, podendo intervir em casos de alienação 
parental, encaminhando as situações ao Ministério Público e sugerindo medidas 
como a suspensão da autoridade parental. A Lei da Alienação Parental 
complementa o ECA, garantindo que práticas prejudiciais à convivência familiar 
sejam judicialmente tratadas, com o Conselho Tutelar podendo requerer o 
afastamento do genitor alienante. 
O advogado desempenha papel crucial na prevenção e enfrentamento da 
alienação parental, sendo responsável por identificar sinais dessa prática e 
orientar as partes envolvidas de forma ética. Sua atuação é essencial para evitar 
o agravamento da alienação e proteger os vínculos familiares. Além disso, 
devido à falta de estrutura do Poder Judiciário, é fundamental o apoio de uma 
equipe multidisciplinar composta por psicólogos e assistentes sociais nas Varas 
de Família, assegurando um tratamento humanizado e eficaz nos casos de 
alienação parental. 
Conclui-se, portanto, que o enfrentamento da alienação parental requer 
não apenas a aplicação efetiva das normas legais, mas também a valorização 
dos vínculos afetivos, o fortalecimento da guarda compartilhada como regra e a 
promoção de estratégias de resolução pacífica de conflitos. É necessário investir 
em políticas públicas voltadas à orientação familiar, à formação de equipes 
técnicas nas Varas de Família e à ampliação do acesso à justiça, garantindo que 
o processo de separação dos pais não se converta em instrumento de sofrimento 
e desestruturação para os filhos. A proteção integral da criança deve ser sempre 
o norte das decisões judiciais e das intervenções psicossociais, assegurando 
55 
 
 
seu direito de crescer em ambiente saudável, equilibrado e livre de interferências 
nocivas à sua formação emocional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 REFERÊNCIAS 
 
 
 
ALVES-PINTO, Maria da Conceição; FORMOSINHO, Júlia O. Alienação na 
escola: conceito relevante para a compreensão da socialização escolar. 
Análise Social, v. 21, n. 87/88/89, p. 1041–1051, 1985. 
 
ANDALÓ, C. S. DE A.O papel do psicólogo escolar. Psicologia: Ciência e 
Profissão, v. 4, n. 1, p. 43–46, 1984. 
 
ARAÚJO, Arthur Pires. Lei de alienação parental com as alterações 
promovidas pela lei nº 14.340/2022: aspectos sociais e jurídicos. 2023. 
 
AUGUSTO, Isabella Andreola; SCHERER, Daniel Corteline. Alienação 
parental na interface da psicologia e do direito. Humanidades em 
Perspectivas, v. 4, n. 9, p. 63–75, 2022. 
 
BARBOZA, Heloisa Helena. O princípio do melhor interesse da criança e do 
adolescente. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coord.). Direito de família: a 
família na travessia do milênio. Belo Horizonte: Instituto Brasileiro de Direito de 
Família (IBDFAM) – OAB-MG, 2000. p. 201–213. 
 
BATISTA, Emilly Gabriele Sobral. Alienação parental: a responsabilidade 
dos pais em relação aos transtornos causados nas crianças e nos 
adolescentes. IBDFAM, 2025. Disponível em: 
https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+
Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+
Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes 
Acesso em: 12 de out 2025. 
 
BATISTA, T. T. A atuação da/o assistente social nos casos de alienação 
parental. Serviço Social & Sociedade, n. 129, p. 326–342, maio 2017. 
 
BOUSI, Caroline de Cássia Francisco. Alienação Parental: Uma interface do 
direito e da psicologia. Curitiba, Editora Juruá, 2012. 
 
BRANDÃO, Eduardo Ponte; AZEVEDO, Luciana Jaramillo Caruso de. Poder, 
norma e ideário na lei da alienação parental. Psicologia: Ciência e Profissão, 
v. 43, p. e249888, 2023. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro 
de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao.htm 
Acesso em: 04 de out 2025. 
 
BRASIL. Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. Institui o sistema de garantia 
de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência 
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 abr. 2017. 
https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes
https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes
https://ibdfam.org.br/artigos/2376/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+A+Responsabilidade+dos+Pais+em+Rela%C3%A7%C3%A3o+aos+Transtornos+Causados+nas+Crian%C3%A7as+e+nos+Adolescentes
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao.htm
57 
 
 
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13431.htm Acesso: 12 de set de 2025. 
 
BRASIL. Lei n. 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação 
parental e altera o art. 236 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 27 ago. 2010. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm 
Acesso em: 20 de set 2025. 
 
CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat. Efeitos psicológicos e jurídicos 
da alienação parental. [S.l.], 2022. 
 
CARDIN, Valéria Silva Galdino; RUIZ, Ivan Aparecido. Da mediação na 
alienação parental. Revista em Tempo (UNIVEM): revista jurídica, v. 16, n. 1, 
p. 287-306, 2018. Disponível em: 
https://revista.univem.edu.br/emtempo/article/view/2424 Acesso em:10 de out 
2025. 
 
CARVALHO, Thayro Andrade et al. Alienação parental: elaboração de uma 
medida para mães. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 34, n. 3, p. 367–378, 
2017. 
 
Cesar, José Antônio Daltoé. Depoimento sem Dano: uma alternativa para 
inquirir crianças e adolescentes nos processos judiciais. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2007. 
 
CEZAR, José Antônio Daltoé. A escuta de crianças e adolescentes em 
juízo: uma questão legal ou um exercício de direitos. In: BITENCOURT, L. 
p. (Org.). Depoimento Sem Dano: uma política criminal de redução de danos. 
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 71-86. 
 
COSTA, Vanessa Sousa; AGUIAR, Ricardo Saraiva. Percepção da equipe 
multidisciplinar acerca dos cuidados à criança e ao adolescente vítima de 
violência. Research, Society and Development, v. 9, n. 4, p. e161943038-
e161943038, 2020.Disponível em: 
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/3038 Acesso em: 06 de out de 
2025. 
 
CHAGAS, Shirleyne Mary Beltrão. Alienação parental e síndrome de 
alienação parental: diferenças e questões fáticas sobre a lei.IBDFAM, 
2025. Disponível 
em:https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S
%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%
A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei 
Acesso em: 13 de out de 2025. 
 
DA SILVA FAGUNDES, Jackeliny; DE REZENDE, Ricardo Ferreira. 
Constitucionalidade da Lei da Alienação Parental (Lei 12.318/2010). Facit 
Business and Technology Journal, v. 1, n. 35, 2022. 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm
https://revista.univem.edu.br/emtempo/article/view/2424
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/3038?utm_source=chatgpt.com
https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei
https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei
https://ibdfam.org.br/artigos/2389/Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+e+S%C3%ADndrome+de+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental%3A+Diferen%C3%A7as+e+Quest%C3%B5es+F%C3%A1ticas+sobre+a+Lei
58 
 
 
DE ALCÂNTARA MENDES, Josimar Antônio. Genealogia, pressupostos, 
legislações e aplicação da teoria de alienação parental: uma (re)visão 
crítica. In: Debatendo sobre alienação parental: diferentes perspectivas, p. 11, 
2019. 
 
DE MELLO VIEIRA, Marcelo. Alienação parental: análise crítica da Lei n. 
12.318/2010 e reflexões sobre as decisões do Tribunal de Justiça de 
Minas Gerais. Revista de Direito de Família e Sucessão, v. 1, n. 1, p. 194–219, 
2015. 
 
DIAS, A. M. de S.; SOUZA, M. R. de. Falsa acusação de abuso sexual na 
alienação parental: luto ou melancolia? Psicologia: Ciência e Profissão, v. 
43, e262380, 2023. Disponível em: 
https://doi.org/10.1590/19823703003262380 Acesso em: 20 de out de 2025. 
 
DIAS, Maria Berenice. Alienação parental: uma nova lei para um velho 
problema. 2008. 
 
DIAS, Maria Berenice. Alienação parental e suas consequências. [S. l.]: 
Berenice Dias, 2024. Disponível em: https://berenicedias.com.br/alienacao-
parental-e-suas-consequencias/ Acesso em: 16 de out de 2025. 
 
DIAS, Maria Berenice. Síndrome da alienação parental: o que é isso? [S. l.]: 
Berenice Dias, 2024. Disponível em: https://berenicedias.com.br/sindrome-da-
alienacao-parental-o-que-e-isso/ Acesso em: 18 de out de 2025. 
 
DIAS, Maria Berenice. Alienação parental no Brasil: criminalizar ou 
conscientizar? [S. l.]: Berenice Dias, 2024. Disponível em: 
https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-no-brasil-criminalizar-ou-
conscientizar/ Acesso em: 18 de out de 2025. 
 
DIAS, Maria Berenice. Ajustes na Lei da Alienação parental. [S. l.]: Berenice 
Dias, 2022. Disponível em: https://berenicedias.com.br/ajustes-na-lei-da-
alienacao-parental/ Acesso em: 12 de out de 2025. 
 
DIAS, Maria Berenice. Alienação parental e a capacidade de odiar. [S. l.]: 
IBDFAM, 22 jul. 2019. Disponível em: 
https://ibdfam.org.br/artigos/1344/Aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+e+a+ca
pacidade+de+odiar Acesso em: 24 de set de 2025. 
 
DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara Amorim. Estatuto da criança 
e do adolescente anotado e interpretado. 6. ed. Paraná: Ministério Público 
do Estado do Paraná, Centro de Apoio Operacional das Promotorias da 
Criança e do Adolescente, 2013. 
 
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: 
famílias. 9. ed. rev. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016. 
 
https://doi.org/10.1590/19823703003262380
https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-e-suas-consequencias/
https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-e-suas-consequencias/
https://berenicedias.com.br/sindrome-da-alienacao-parental-o-que-e-isso/
https://berenicedias.com.br/sindrome-da-alienacao-parental-o-que-e-isso/
https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-no-brasil-criminalizar-ou-conscientizar/
https://berenicedias.com.br/alienacao-parental-no-brasil-criminalizar-ou-conscientizar/
https://berenicedias.com.br/ajustes-na-lei-da-alienacao-parental/?utm_source=chatgpt.com
https://berenicedias.com.br/ajustes-na-lei-da-alienacao-parental/?utm_source=chatgpt.com
https://ibdfam.org.br/artigos/1344/Aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+e+a+capacidade+de+odiar
https://ibdfam.org.br/artigos/1344/Aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+e+a+capacidade+de+odiar
59 
 
 
FERMANN, Ilana Luiz et al. Perícias psicológicas em processos judiciais 
envolvendo suspeita de alienação parental. Psicologia: Ciência e Profissão, 
v. 37, n. 1, p. 35–47, 2017. 
 
FIGUEIRÊDO, Andressa. 80 % dos filhos de pais separados sofrem com 
alienação parental. Portal O Dia, [S.l.], 27 abr. 2014. Disponível em: 
https://portalodia.com/noticias/piaui/80-dos-filhos-de-pais-separados-sofrem-
com-alienacao-parental-220407.html Acesso em: 10 de set de 2025 
 
FIGUEIREDO, Cláudia Roberta Leite Vieira. A ira dos anjos: uma análise 
psicológica e jurídica da alienação parental. JURIS – Revista da Faculdade 
de Direito, v. 27, n. 2, p. 119–138, 2017. 
 
FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia 
Jurídica. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015. 
 
FONSECA, Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome de alienação 
parental. Pediatria (São Paulo), p. 162–168, 2006. 
 
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação parental: comentários à Lei 
12.318/2010. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 165. 
 
FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação parental: 
comentários à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010. 
 
FREITAS, Douglas Phillips. Reflexos da nova lei da guarda compartilhada e 
seu diálogo com a lei da alienação parental. 2015. 
 
FREITAS, Heloise Vanessa da Veiga; CHEMIM, Luciana Gabriel. Alienação 
parental e a violação aos direitos fundamentais da criança e do 
adolescente. Revista Jusbrasil. Disponível em: 
https://heloisevfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/263378429/alienacao-parental-e-
a-violacao-aos-direitos-fundamentais-da-crianca-e-do-adolescente\ 
Acesso em: 17 de set de 2025. 
 
GAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. 
6. ed. rev. e atual. De acordo com o novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
GARDNER, Richard A. O DSM‑IV possui equivalentes para o diagnóstico 
da síndrome da alienação parental (SAP)? American Journal of Family 
Therapy, v. 31, n. 1, p. 1–21, 2003. 
 
GARDNER, Richard A. Síndrome da alienação parental (SAP): dezesseis 
anos depois. In: Academy Forum, [S.l.], 2001. p. 10–12. 
 
GARDNER, Richard A. A negação da síndrome da alienação parental 
também prejudica as mulheres. American Journal of Family Therapy, v. 30, 
n. 3, p. 191–202, 2002. 
 
https://portalodia.com/noticias/piaui/80-dos-filhos-de-pais-separados-sofrem-com-alienacao-parental-220407.html
https://portalodia.com/noticias/piaui/80-dos-filhos-de-pais-separados-sofrem-com-alienacao-parental-220407.html
https://heloisevfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/263378429/alienacao-parental-e-a-violacao-aos-direitos-fundamentais-da-crianca-e-do-adolescente/
https://heloisevfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/263378429/alienacao-parental-e-a-violacao-aos-direitos-fundamentais-da-crianca-e-do-adolescente/
60 
 
 
GARDNER, Richard A. Abordagens legais e psicoterapêuticas para os três 
tipos de famílias com síndrome da alienação parental. Court Review of 
American Judges Association, v. 28, n. 1, p. 14–21, 1991. 
 
GARDNER, Richard A. Síndrome da alienação parental versus alienação 
parental: qual diagnóstico os avaliadores devem usar em disputas de 
guarda de crianças? American Journal of Family Therapy, v. 30, n. 2, p. 93–
115, 2002. 
 
GARDNER, Richard A. Recomendações para lidar com pais que induzem a 
síndrome da alienação parental em seus filhos. Journal of Divorce & 
Remarriage, v. 28, n. 3‑4, p. 1–23, 1998. 
 
GARDNER, Richard A. Diferenciando a síndrome da alienação parental do 
abuso‑negligência genuíno. AmericanJournal of Family Therapy, v. 27, n. 2, 
p. 97–107, 1999 
 
GOMES, Luiz Edson; GOMES, Eduardo Sabbag. Revogar a Lei de Alienação 
Parental jamais será a solução. Jusbrasil, 2018. Disponível em: 
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/620159818 Acesso em: 16 de out de 2025. 
 
GOMES, Orlando. Direito de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. 
 
GUAZZELLI, Mônica. A falsa denúncia de abuso sexual. In: DIAS, 
Maria Berenice (coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça 
insiste em não ver. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 112-139. 
 
JESUS, Jéssica Alves de; COTTA, Manuela Gomes Lopes. Alienação parental 
e relações escolares: a atuação do psicólogo. Psicologia Escolar e 
Educacional, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 285-290, ago./2016. Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/pee/a/xbfx8WVMzjc58rYsm9FQr9f/?format=pdf&lang=pt 
Acesso em 25 de set de 2025 
 
LAGO, V. de M.; BANDEIRA, D. R. A psicologia e as demandas atuais do 
direito de família. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 290–305, 
2009. 
 
LEITE, Eduardo de Oliveira. Alienação parental – do mito à realidade. 
Curitiba: RT, 2015. 
 
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
p. 192-204. 
 
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito ao estado de filiação e direito à origem 
genética: uma distinção necessária. Revista CEJ, Brasília, v. 8, n. 27, p. 
47-56, out./dez. 2004. Disponível em: 
https://ibdfam.org.br/artigos/126/Direito+ao+estado+de+filiação+e+direito+à+ori
gem+genética%3A+uma+distinção+necessária Acesso em: 03 de set de 2025 
 
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/620159818
https://www.scielo.br/j/pee/a/xbfx8WVMzjc58rYsm9FQr9f/?format=pdf&lang=pt
https://ibdfam.org.br/artigos/126/Direito+ao+estado+de+filiação+e+direito+à+origem+genética%3A+uma+distinção+necessária
https://ibdfam.org.br/artigos/126/Direito+ao+estado+de+filiação+e+direito+à+origem+genética%3A+uma+distinção+necessária
61 
 
 
MADALENO, Ana Carolina Carpes. Direito sistêmico e alienação parental. 
[S. l.]: Rolf Madaleno, 2023. Disponível em: 
https://rolfmadaleno.com.br/web/artigo/direito-sistemico-e-alienacao-parental-
ana-carolina-carpes-madaleno Acesso em: 06 de out de 2025. 
 
MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO, Rolf. Síndrome da alienação 
parental: importância da detecção – aspectos legais e processuais. Rio de 
Janeiro: Forense, 2013. 
 
MALUF, Carlos Alberto Dabus; FREITAS, Adriana Caldas do Rego. A 
formação da família na Antiguidade e sob a égide do Código Civil de 1916. 
[Cidade]: [Editora], 2018. 
 
MARIS, Patrícia. Psicologia forense. [S. l.: s. n.], [s. d.]. Disponível em: 
https://pt.scribd.com/document/41920232/PSICOLOGIA-FORENSE-PATRICIA-
MARIS Acesso em: 22 de out 2025 
 
MENEZES, Pedro. Família: conceito, evolução e tipos. Toda Matéria, 2020. 
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/familia-conceito-tipos/ Acesso 
em 03 de out de 2025. 
 
MONTEZUMA, M. A.; PEREIRA, R. da C.; MELO, E. M. de. Abordagens da 
alienação parental: proteção e/ou violência? Physis: Revista de Saúde 
Coletiva, v. 27, n. 4, p. 1205–1224, out. 2017. 
 
OLIVEIRA, R. P.; WILLIAMS, L. C. de A. Estudos documentais sobre 
alienação parental: uma revisão sistemática. Psicologia: Ciência e 
Profissão, v. 41, p. e222482, 2021. 
 
PAULO, Beatrice Marinho. Alienação parental: diagnosticar, prevenir e 
tratar. Revista do Ministério Público, Rio de Janeiro: MPRJ, n. 49, p. 45, 2013. 
 
PIMENTA, Rogéria de Souza Epifânio; DE MELLO, Roberta Salvático Vaz; 
ALMEIDA, Daniel Evangelista Vasconcelos. Alienação parental e guarda 
compartilhada. LIBERTAS: Revista de Ciências Sociais Aplicadas, v. 11, n. 1, 
2021. 
 
PINTO, J. M. T. A. Síndrome da Alienação Parental: a implantação de falsas 
memórias em desrespeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3112, 8 jan. 2012. 
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/20813 Acesso em: 06 de out de 2025. 
 
PINTO, Maria Clara de Santana. Análise de possíveis técnicas de resolução 
de conflitos para casos envolvendo a síndrome de alienação parental. 
[S.l.: s.n.], [s.d.]. 
 
RABACHINI, Gabriela Cucolo. Alienação parental: a visibilidade da Lei n. 
12.318/2010 e as formas alternativas de combate à SAP no Brasil. Revista 
Científica da Academia Brasileira de Direito Civil, v. 3, n. 1, 2019. 
 
https://rolfmadaleno.com.br/web/artigo/direito-sistemico-e-alienacao-parental-ana-carolina-carpes-madaleno
https://rolfmadaleno.com.br/web/artigo/direito-sistemico-e-alienacao-parental-ana-carolina-carpes-madaleno
https://pt.scribd.com/document/41920232/PSICOLOGIA-FORENSE-PATRICIA-MARIS?utm_source=chatgpt.com
https://pt.scribd.com/document/41920232/PSICOLOGIA-FORENSE-PATRICIA-MARIS?utm_source=chatgpt.com
https://www.todamateria.com.br/familia-conceito-tipos/?utm_source=chatgpt.com
https://jus.com.br/artigos/20813
62 
 
 
REFOSCO, H. C.; FERNANDES, M. M. G. Entre o afeto e a sanção: uma 
crítica à abordagem punitiva da alienação parental. Revista Direito GV, v. 
14, n. 1, p. 79–98, jan. 2018. 
 
RODRIGUES, Edwirges Elaine; ALVARENGA, Maria Amália de Figueiredo 
Pereira. Guarda compartilhada: um caminho para inibir a alienação 
parental? Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, v. 9, n. 2, p. 320–
339, 2014. 
 
SILVA, Flávia de Almeida e; LIMA, Eliane Alves de. Efeitos da alienação 
parental na criança – a visão da psicanálise lacaniana. IBDFAM, 2020. 
Disponível em: 
https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+paren
tal+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lis
e+lacaniana Acesso em: 8 de out de 2025. 
 
SOUSA, A. M. de; BRITO, L. M. T. de. Síndrome de alienação parental: da 
teoria norte-americana à nova lei brasileira. Psicologia: Ciência e Profissão, 
v. 31, n. 2, p. 268–283, 2011. 
 
SOTTOMAYOR, Maria Clara. Uma análise crítica da síndrome de alienação 
parental e os riscos da sua utilização nos tribunais de família. Revista 
Julgar, v. 13, p. 73–107, 2011. 
 
SOUZA, Marjane Bernardy; VIEIRA, Mirélia Oliveira. Síndrome da Alienação 
Parental: Sofrimento dos filhos diante da ruptura conjugal dos pais. 
Revista Ciências e Conhecimento, São Jerônimo, RS, Universidade Luterana 
do Brasil (ULBRA), v. 8, n. 2, 2014. Disponível em: 
http://cienciaeconhecimento.com.br/Arquivos/2014v8n2/Souza_v8-n2-2014.pdf 
Acesso em: 16 de out de 2025. 
 
SOUZA, M. P. et al. Referências técnicas para a atuação de psicólogas(os) 
na educação básica. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2013. 
 
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do 
Direito. 6. ed., rev., atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. 
 
TABOSA, Karla Daniela de Almeida. Alienação parental: instrumento de 
vingança para os pais e consequências para os filhos. 2016. 
 
VASCONCELOS, Ana. Alienação parental e consequências na saúde 
mental da criança: interdisciplinaridade na ligação da pedopsiquiatria com o 
Tribunal de Família e Crianças. O tema desperta paixões mas impõe reflexão 
racional para quem com ele tem de lidar, p. 63, 2018. 
 
https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise+lacaniana
https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise+lacaniana
https://ibdfam.org.br/artigos/1993/Efeitos+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental+na+crian%C3%A7a+%E2%80%93+a+vis%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise+lacaniana
http://cienciaeconhecimento.com.br/Arquivos/2014v8n2/Souza_v8-n2-2014.pdfMEMÓRIAS ............................................ 25 
3.2.2 ABUSO SEXUAL ................................................................................... 27 
3.2.3 A IMPORTÃNCIA DA ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS ........................ 30 
3.2.4 CONSEQUÊNCIAS E EFEITOS DA ALIENAÇÃO ................................ 34 
4 CAPÍTULO III POSSÍVEIS SOLUÇÕES DA ALIENAÇÃO PARENTAL .... 39 
4.1 GUARDA COMPARTILHADA NOS CASOS DE ALIENAÇÃO....................39 
4.2 ELABORAÇÃO DO LAUDO PERICIAL POR PSICÓLOGOS E 
ASSISTENTES SOCIAIS ............................................................................... 41 
4.3 CONSELHO TUTELAR E ECA NA ALIENAÇÃO PARENTAL ................. 45 
4.4 O ADVOGADO (A) A FRENTE DA ALIENAÇÃO PARENTAL ................. 48 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 51 
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 56 
 
 
 
 
11 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A alienação parental é um fenômeno que impacta diretamente crianças e 
adolescentes em meio a conflitos entre seus pais, especialmente após 
separações ou divórcios conturbados. Diante da complexidade, este instrumento 
de trabalho busca lançar luz sobre esse tema, baseando-se em uma revisão 
bibliográfica de autores que discutem, analisam e orientam sobre estratégias e 
métodos voltados para a promoção de uma convivência familiar harmoniosa. É 
um processo em que um dos responsáveis influencia a criança para afastá-la do 
outro, criando um clima de hostilidade e desconfiança. Esse tipo de conduta, 
frequentemente impulsionada por ressentimentos ou frustrações, pode causar 
sérios danos emocionais e psicológicos de curto e longo prazo na criança, 
definidos como Síndrome da Alienação Parental (SAP), que os autores no 
decorrer da pesquisa classificam como sequelas ou impactos psicossociais 
causados aos menores envolvidos, comprometendo seu crescimento e suas 
interações familiares. 
O projeto de pesquisa possui uma relevância significativa ao abordar a 
alienação parental, um fenômeno presente há décadas, mas que recebeu 
reconhecimento legal apenas em 2010. O tema é de suma importância, pois 
exige a compreensão acerca de como essas práticas ocorrem, como podem ser 
identificadas e, sobretudo, como tratá-las de maneira preventiva e eficaz. Apesar 
disso, a comprovação desses casos não é simples, considerando seus 
profundos impactos no psicológico da criança envolvida. Mesmo assim, uma vez 
identificados, a legislação entra em ação para oferecer proteção e corrigir a 
situação, buscando restabelecer relações saudáveis entre todas as partes 
afetadas. 
Os conflitos originados pela prática da alienação parental podem ser 
resolvidos com base na Lei da Alienação Parental (Lei 12.318/2010)? A 
alienação parental configura-se um uma problemática contemporânea de grande 
relevância e multifacetado que impacta diretamente famílias em situações de 
divórcio ou separação, especialmente em contextos de disputas pela guarda dos 
12 
 
 
filhos. Em essência, trata-se de um processo no qual um dos genitores, por meio 
de manipulação psicológica, influencia negativamente a percepção que a criança 
tem do outro genitor, atacando sua imagem e dificultando ou impedindo qualquer 
forma de convivência saudável. Muitas vezes, essa manipulação ocorre por meio 
de estratégias sutis, difíceis de detectar, mas com efeitos prolongados e 
prejudiciais. Longe de se restringir a um conflito entre adultos, a alienação 
parental configura uma forma de violência psicológica com consequências 
graves e de longo alcance. A análise textual de leis, artigos científicos e relatos 
de casos demonstra a complexidade do fenômeno e reforça sua relevância no 
contexto social atual. 
O presente trabalho tem como objetivo geral realizar uma análise 
aprofundada da problemática da alienação parental, abordando seu impacto no 
contexto das relações familiares, especialmente no que se refere à 
desestabilização da convivência harmoniosa entre os genitores. Tal desarmonia 
acarreta prejuízos significativos ao desenvolvimento emocional e psicológico das 
crianças envolvidas. A análise será realizada à luz do ordenamento jurídico 
brasileiro, com enfoque na Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, conhecida 
como Lei da Alienação Parental, que regulamenta o tema no âmbito judicial. 
Dentre os objetivos específicos, pretende-se discutir os seguintes 
aspectos: a conduta de determinados genitores que, intencionalmente, dificultam 
ou impedem a convivência do filho com o outro genitor, excluindo-o da 
participação ativa na vida social, educacional e afetiva da criança. Serão 
abordadas também as consequências psicológicas e jurídicas decorrentes da 
prática da alienação parental, tanto para a criança quanto para os adultos 
envolvidos, bem como as sanções legais e medidas aplicáveis ao genitor 
alienador. Ademais, será analisado o uso de instrumentos processuais 
pertinentes, como o laudo psicológico ou biopsicossocial, que contribuem para a 
identificação da síndrome e para a tomada de decisões judiciais adequadas. A 
pesquisa também se propõe a ressaltar a importância da convivência familiar 
equilibrada e afetuosa, destacando sua relevância para o pleno desenvolvimento 
infantil e os prejuízos causados quando essa convivência é comprometida pela 
alienação parental. Por fim, o estudo buscará compreender o funcionamento da 
alienação parental no contexto das separações conjugais, identificando seus 
principais efeitos sobre crianças e adolescentes, bem como as características 
13 
 
 
recorrentes do genitor alienador, de forma a contribuir para o reconhecimento e 
o enfrentamento eficaz desse fenômeno no âmbito jurídico e social. 
Este projeto foi conduzido por meio de uma Revisão de Literatura, 
consistente com metodologias baseadas na análise e síntese de fontes teóricas 
previamente publicadas. A pesquisa apresentada será caracterizada pela sua 
natureza qualitativa, tendo como foco a exposição de conceitos e definições 
relacionadas à temática em questão. Busca-se, dessa forma, apoio na literatura 
escrita, histórica e bibliográfica sobre o tema, visando embasar e enriquecer a 
discussão proposta. No que diz respeito ao método, a abordagem se insere no 
campo hipotético-dedutivo. Complementarmente, a pesquisa é definida como de 
natureza exploratória e explicativa, dada a necessidade de explorar conceitos e 
a temática abordada com base em estudos bibliográficos pertinentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
2 - REFLEXÕES GERAIS ACERCA DA ESTRUTURA FAMILIAR 
 
As estruturas e dinâmicas familiares vêm passando por constantes 
transformações ao longo do tempo, influenciadas por mudanças sociais, 
culturais e jurídicas. Nesse cenário, especialmente em situações de conflitos 
intensos entre os genitores, a alienação parental tem se revelado uma prática 
recorrente. Tal fenômeno interfere de forma direta na relação entre o genitor alvo 
e o (a) filho (a) alienado (a), comprometendo os vínculos afetivos estabelecidos 
e gerando consequências significativas para a saúde emocional de todos os 
envolvidos. Trata-se de uma problemática complexa que merece atenção, tanto 
do ponto de vista jurídico quanto psicológico, dada a profundidade de seus 
impactos nas relações familiares e no desenvolvimento psíquico de crianças e 
adolescentes. 
 
2.1 O SURGIMENTO DA FAMÍLIA NO SEU CONTEXTO JURÍDICO E 
SOCIAL 
 
Ao longo do tempo, é notável que o Direito de Família se destaca como 
um dos ramos mais sujeitos a transformações, especialmente devido à contínua 
evolução das estruturas familiares. Afinal, a família representa um núcleo que 
compreende pessoas, sentimentos e vínculos afetivos. Acompanhando o 
progresso da humanidade e suas crenças e costumes, essas mudanças acabam 
refletindodiretamente na sociedade. 
Durante os primeiros estágios da vida, sobretudo na infância e 
adolescência, todo indivíduo precisa de alguém para assumir a responsabilidade 
por sua criação, educação e proteção. Por natureza, essa missão recai sobre os 
pais e, na ausência deles, sobre outro adulto responsável. Esse conjunto de 
direitos e deveres dos pais relacionados à criação dos filhos enquanto menores 
encontra respaldo no ordenamento jurídico através da figura do poder familiar. 
Historicamente, o termo "poder familiar" substitui o que antes era 
denominado "pátrio poder," uma expressão com origem no direito romano que 
fazia referência ao "pater potestas," ou seja, o direito absoluto e ilimitado 
conferido ao chefe da família, tradicionalmente representado pelo pai. 
 
15 
 
 
Com o avanço jurídico e social, especialmente no tocante à igualdade de 
direitos e obrigações entre homens e mulheres garantida pelo artigo 5º, inciso I, 
da Constituição Federal, tornou-se evidente que a expressão "pátrio poder" era 
inadequada. Consequentemente, a denominação foi atualizada pelo Código Civil 
de 2002 para "poder familiar," um termo mais condizente com o texto 
constitucional e alinhado à realidade social contemporânea. 
No entanto, sob a "autoridade paterna", os filhos e a esposa estavam 
sujeitos à autoridade do chefe da família. A antiga autoridade parental foi abolida 
com a promulgação do Código Civil de 2002, que ficou conhecido como 
Autoridade Familiar, abrangendo tanto o pai quanto a mãe. O Artigo 1630 afirma: 
"Os filhos estão sujeitos à autoridade familiar enquanto forem menores." 
Farias (2015 p.3) descreve que existem diferentes concepções de família 
moderna, tais como: 
 [...] compreendê-la, senão sob a luz da interdisciplinariedade, máxime 
da sociedade contemporânea, marcada por relações complexas, 
plurais, abertas, multifacetárias e (por que não?) Globalizadas. 
(FARIAS 2015 p.3) 
 
Quem melhor sintetiza a importância da família no ordenamento jurídico 
brasileiro é o eminente Orlando Gomes (1999 p.23) que a concebe como um 
grupo fechado de pessoas, constituído por pais e filhos e, em medida limitada, 
outros parentes, unidos pela convivência e pelo afeto mútuo, dentro de uma 
mesma economia e sob a mesma liderança. 
Os conceitos apresentados por estes e outros doutrinadores demonstram 
a intenção do legislador em conceber a família não apenas como instituição 
jurídica, mas também em seu significado social, em suas diversas formas e 
variações. 
Conforme Paulo Lôbo: (2003 p.135) 
Sob o ponto de vista do direito, a família é feita de duas estruturas 
associadas: os vínculos e os grupos. Há três sortes de vínculos, que 
podem coexistir ou existir separadamente: vínculos de sangue, 
vínculos de direito e vínculos de afetividade. A partir dos vínculos de 
família é que se compõem os diversos grupos que a integram: grupo 
conjugal, grupo parental (pais e filhos), grupos secundários: outros 
parentes e afins. (Lôbo 2003 p.135) 
 
 
Dessa forma, para o Direito, a família é uma organização social que se 
forma a partir de laços de sangue, jurídicos ou afetivos. 
16 
 
 
2.2 CONCEITO DE FAMÍLIA 
 
A família é uma organização de pessoas unidas por laços de 
consanguinidade ou parentesco, estabelecendo-se inicialmente a partir da 
ligação entre duas pessoas por meio da convivência, seja pelo casamento ou 
pela união estável. O conceito de "família" é abrangente e pode ser interpretado 
de formas distintas, dependendo da perspectiva adotada. Na esfera jurídica 
formal, a Constituição Federal brasileira de 1988 trouxe avanços significativos 
no entendimento de família, reconhecendo tanto a união estável entre homem e 
mulher quanto a convivência formada por um dos pais e seus descendentes 
como entidades familiares. Esses reconhecimentos estão expressos no artigo 
226, parágrafos 3º e 4º. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do 
Estado. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei 
facilitar sua conversão em casamento. (Regulamento) 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
 
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorreram 
transformações significativas, especialmente no âmbito das relações familiares. 
Esse marco jurídico passou a abarcar uma diversidade maior de configurações 
familiares, promovendo alterações substanciais na interpretação do conceito de 
família. De acordo com o artigo 226 da Constituição Federal, a família é definida 
como a base essencial da sociedade e, por esse motivo, é resguardada pela 
proteção do Estado, conferindo-lhe um papel central no ordenamento jurídico 
nacional. 
Conforme argumentado por Pedro Menezes (2020, p. 2): 
 
Atualmente, o entendimento jurídico sobre a família comporta vários 
tipos de agregado familiar e visa dar conta de toda a complexidade dos 
fatores que unem as pessoas, entre elas estão: Família nuclear e 
família extensa, a família nuclear é compreendida de forma restrita, 
composta por pelos pais e seus filhos. Por sua vez, a família extensa é 
com posta também por avós, tios, primos e outras relações de 
parentesco; Família matrimonial é aquela que comporta a ideia 
tradicional de família, constituída a partir da oficialização do 
matrimônio. As uniões entre pessoas do mesmo sexo sempre 
existiram. Contudo, a herança deixada pela formação cristã do Brasil 
tornou as relações homossexuais alvo de repúdio e preconceito. A 
Constituição Federal de 1988 tornou mais evidente à importância de 
17 
 
 
proteger a dignidade da pessoa humana, assim com o garantir 
isonomia a todo cidadão. Todavia, não é um a realidade, vez que há 
diferenciação legal e social entre famílias hétero e homossexuais. Na 
lei vigente, a família matrimonial compreende os casamentos civis e 
religiosos, podendo ser hétero ou homoafetiva; Família 18 informal é 
aquela que se forma a partir da união estável entre seus elementos. 
Esse tipo de família recebe todo o tipo de amparo legal mesmo sem a 
oficialização do matrimônio; Família monoparental as que são 
formadas pela criança e o jovem e apenas um de seus progenitores e 
por fim, a Família reconstituída é formada quando pelo menos um dos 
cônjuges possui um filho de um relacionamento anterior. (MENEZES 
2020, p. 2) 
 
Carlos Alberto Dabus Maluf e Adriana Caldas do Rego Freitas apresentam 
sua definição dessa maneira: (2018, p 34) 
A formação da família na Antiguidade e sob a égide do Código Civil de 
1916 apresentava um caráter eminentemente patrimonial e 
hierárquico. Diversamente do que ocorre hoje, não era vista como um 
núcleo de amor, mas sim com o um núcleo de produção econômica e 
visibilidade social (MALUF 2018, p. 34) 
 
A Constituição Federal de 1988 apresenta a família como uma instituição 
tradicionalmente baseada na relação entre um homem e uma mulher, da qual 
podem derivar o casamento ou a união estável. No entanto, além dessa 
perspectiva normativa, a concepção de família também abrange uniões 
informais, evidenciando um processo contínuo de transformação nos 
entendimentos sociais sobre o tema. Com isso, o conceito de família passou por 
mudanças marcantes ao longo do tempo, adaptando-se para incluir diferentes 
modelos de organização familiar. Atualmente, em uma interpretação mais 
abrangente, a família tende a ser definida como uma união entre pessoas 
conectadas por laços de afeição. Vivemos hoje um período de transformações 
significativas nas relações afetivas que têm impactado e remodelado a estrutura 
familiar. Apesar dessas mudanças, o agrupamento familiar continua sendo a 
base essencial da sociedade. O afeto, que ganhou destaque jurídico ao ser 
reconhecido como um princípio normativo, desempenha papel central nesse 
contexto. Um exemplo disso é o artigo 229 da Constituição Federal, que reforçadeveres mútuos entre pais e filhos: 
 “Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos 
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais 
na velhice, carência ou enfermidade”. 
 
 O afeto entre os membros da família e a busca pela realização pessoal e 
felicidade conferem à esfera familiar um caráter simbólico onde sentimentos, 
18 
 
 
esperanças e valores se entrelaçam. Esse ambiente promove laços 
fundamentais que consolidam união, cumplicidade, amor e alegria. Assim, novas 
configurações familiares emergem, refletem a diversidade de modelos existentes 
hoje — entre elas famílias com filhos ou sem filhos, uniões homoafetivas e 
aquelas formadas por técnicas de reprodução assistida. Os avanços científico-
tecnológicos também criaram novas expectativas que desafiam o Direito de 
Família a adaptar-se às múltiplas formas de organização social contemporânea. 
 A família contemporânea destaca-se, então, por sua diversidade e pela 
centralidade dos laços afetivos na busca conjunta pela felicidade. Nessa visão 
ampliada, conceitos como filiação foram reformulados e não se limitam mais aos 
vínculos biológicos ou sanguíneos. As relações afetivas e a convivência 
tornaram-se critérios essenciais para o reconhecimento da filiação afetiva como 
um vínculo legítimo, definido pelos laços de amor e cuidado mútuo que unem 
seus integrantes. 
 
2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA 
 
Dentro da dinâmica familiar, há uma classificação interna relacionada à 
posição que cada indivíduo ocupa dentro desse núcleo. Cada pessoa está, de 
maneira inevitável, vinculada a um grupo familiar. A família, por sua vez, é 
responsável pela sobrevivência dos seus membros, cumprindo sua função 
primordial de proporcionar condições materiais e criar vínculos afetivos 
essenciais para a saúde mental dos indivíduos. Esses laços são cruciais para 
que cada membro da família possa se desenvolver como cidadão e viver em 
sociedade. O ser humano, que depende de interações sociais para se 
desenvolver, não consegue sustentar-se no isolamento, pois sua existência não 
se inicia nem se encerra em si mesmo. 
A família é parte integrante de um conjunto social mais amplo, composto 
por diversas outras famílias. Esse sistema compartilha códigos, linguagens e 
obrigações sociais que demandam um compromisso e responsabilidade mútuos. 
Esses valores são fundamentais tanto na dimensão material, que envolve 
habitação, segurança, alimentação, lazer e educação, entre outros aspectos, 
quanto na dimensão imaterial, marcada pelo afeto e pelos sentimentos 
recíprocos. O equilíbrio emocional do indivíduo tem raízes nesses aspectos 
19 
 
 
imateriais e reflete a complexidade das relações amorosas e cooperativas dentro 
da família. Nesse ambiente familiar vivenciamos as emoções mais intensas e 
significativas da vida, tornando a família o principal suporte social de cada 
pessoa e uma sólida base para a identificação pessoal e reflexo da sociedade 
como um todo. 
A Constituição Federal reconhece a relevância da função social da família 
ao considerá-la como a "base da sociedade". Em situações judiciais envolvendo 
guarda ou divórcio com filhos no núcleo da separação, cabe ao juiz decidir qual 
dos pais será responsável pela guarda das crianças. Essa decisão considera a 
compatibilidade da pessoa com as demandas do caso, favorecendo critérios 
como grau de parentesco e afinidade, sempre em conformidade com o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990). 
No tocante à guarda e educação dos filhos, as normas atuais apresentam 
diferenças significativas em relação à legislação anterior. O tradicional "pátrio 
poder" foi substituído pelo conceito de "poder familiar", atribuído igualmente a 
ambos os cônjuges. Quando surge divergência entre os pais, qualquer um deles 
pode recorrer ao poder judiciário para decidir com base nos interesses tanto do 
casal quanto dos filhos. 
É importante ressaltar que as transformações mais expressivas no Direito 
de Família do Código Civil derivam da Constituição de 1988. Ela estabelece uma 
igualdade absoluta entre os cônjuges e entre os filhos, eliminando diferenças de 
direitos e deveres entre marido e mulher, assim como entre filhos biológicos ou 
adotivos, garantindo que todos tenham os mesmos direitos e qualificações. Além 
disso, a Constituição proíbe quaisquer designações discriminatórias referentes 
à filiação, promovendo um princípio de igualdade que se estende a todas as 
relações familiares e sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
3 - CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
3.1 DIFERENÇA ENTRE ALIENAÇÃO E A S.A.P 
 
A Síndrome de Alienação Parental foi definida por meio de estudos 
realizados na década de 1980, nos Estados Unidos, pelo Dr. Richard Gardner, 
professor de Psiquiatria Clínica no Departamento de Psiquiatria Infantil da 
Universidade de Columbia e membro da Academia Norte-Americana de 
Psiquiatria Infantil e Adolescente. 
Embora os conceitos de alienação parental e Síndrome de Alienação 
Parental sejam semelhantes, é importante distinguir entre os dois. A alienação 
parental pode evoluir para a síndrome, já que esta é o resultado de um processo 
agravado iniciado pela primeira. 
Nesse contexto, Richard Gardner esclarece: 
Uma Síndrome, pela definição médica, é um conjunto de sintomas que 
ocorrem juntos, e que caracterizam uma doença específica. Embora 
aparentemente os sintomas sejam desconectados entre si. Justifica -
se que sejam agrupados por causa de uma etiologia com um ou causa 
subjacente básica. Além disso, há uma consistência no que diz respeito 
a tal conjunto naquela, em que a maioria (se não todos) os sintomas 
aparecem juntos. O termo síndrome é mais específico do que o termo 
relacionado à doença. Uma doença é geralmente um termo mais geral, 
porque pode haver muitas causas para um a doença particular. 
(RICHARD, s.d., acesso em 01 de out 2025) 
 
Jorge Trindade (2012, p. 207) opta pela utilização do termo Síndrome de 
Alienação Parental e caracteriza-a como um fenômeno específico que envolve 
práticas ou comportamentos direcionados à obstrução ou deterioração da 
relação entre uma criança e um dos seus genitores. 
 [...] transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto de 
sintomas pelos quais um genitor, denominado cônjuge alienador, 
transforma a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e 
estratégias de vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge 
alienado, sem que existam motivos reais que justifiquem essa 
condição. (FIGUEIREDO, 2011, p.117). 
 
Dessa forma, pode-se afirmar que a alienação parental e a síndrome 
associada a ela são categorias distintas e não devem ser tratadas como 
sinônimos. Isso ocorre porque, segundo o entendimento de Maria Corrêa da 
Fonseca, há diferenças conceituais e práticas que delimitam cada um desses 
fenômenos. 
 
21 
 
 
A alienação parental é o afastamento do filho de uns dos genitores, 
provocado pelo outro, via de regra, o titular da custodia. A síndrome da 
alienação parental, por se u turno, diz respeito às sequelas emocionais 
e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele 
alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere -se à conduta do filho 
que se recusa terminante e obstinadamente a ter contato com um dos 
progenitores, que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a 
alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo 
progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. 
(FONSECA, 2010, p.269). 
 
De acordo com Gardner (2002), a alienação parental pode resultar em 
uma série de sintomas que ele denominou como Síndrome da Alienação 
Parental (SAP). Esse fenômeno é caracterizado como um distúrbio da infância 
que ocorre quase exclusivamente em contextos de disputas de custódia. 
Frequentemente, manifesta-se por meio de campanhas conduzidas pela criança 
para difamar a imagem do genitoralvo, ainda que não haja justificativa para tal 
atitude. Essa conduta é motivada por instruções do genitor alienante, que 
manipula a criança com o propósito de afastá-la do outro genitor. 
Após Gardner (2002), diversos outros autores, como Buosi (2012), Lass 
(2013), Paulo (2007), Sousa (2010) e Trindade (2013), abordaram o tema. 
Entretanto, debates surgiram acerca da legitimidade da SAP como uma 
síndrome formalmente reconhecida. Profissionais que lidam diretamente com 
casos de alienação parental e que necessitam redigir relatórios sobre a presença 
ou ausência de indícios dessa condição muitas vezes hesitam em classificá-la 
como SAP. Tal hesitação decorre do fato de que essa síndrome ainda não consta 
nos sistemas de diagnóstico internacionais, como o *DSM* (Manual Diagnóstico 
e Estatístico de Transtornos Mentais) ou o *CID-10* (Classificação Internacional 
de Doenças, 10ª edição). 
Gardner (2002 v. 46, n. 1, p. 10–12,) defende que, na perspectiva médica, 
uma síndrome pode ser definida como um conjunto de sintomas que surgem 
conjuntamente, formando um padrão característico específico de uma doença. 
Ele aponta uma série de sintomas apresentados pela criança em casos de 
alienação parental: campanhas difamatórias contra o genitor alvo; 
racionalizações frágeis, absurdas ou triviais para sustentar a depreciação; 
ausência de ambivalência; emergência do “pensador independente”, em que a 
criança afirma autonomia na chegada a suas conclusões; apoio sistemático ao 
genitor alienante nos conflitos; ausência de culpa em relação à crueldade ou 
22 
 
 
exploração dirigida ao alvo; encenações induzidas; e disseminação da 
hostilidade aos amigos ou familiares estendidos do genitor alvo. 
Diante disso, observa-se que o genitor alienante utiliza a criança como 
parte de uma campanha contra o genitor alvo, visando romper o vínculo entre 
ambos. Em tais situações, o alienante ignora as necessidades da criança e os 
prejuízos que esse comportamento pode causar ao seu desenvolvimento 
emocional e psicológico. No contexto de ex-cônjuges, os sentimentos de raiva 
em relação ao alvo frequentemente se entrelaçam com as funções parentais. 
Desse modo, o genitor alienante exerce abusivamente sua autoridade, 
impactando negativamente o bem-estar do filho (Paulo,2013 p.45). 
A criança desenvolve, em geral, um vínculo significativo de lealdade com 
o genitor alienante. No contexto de separação dos pais, pode ocorrer que a 
criança passe a entender que é necessário demonstrar afeto apenas por um dos 
genitores, ao mesmo tempo em que rejeita o outro, conforme explanação de 
Paulo (2011). Contudo, Ramires (2004) enfatiza que o bem-estar infantil está 
diretamente relacionado ao bem-estar parental e à qualidade da interação entre 
os responsáveis. Este vínculo não se limita exclusivamente aos genitores, mas 
também abarca outros familiares ou cuidadores próximos à criança. 
Cabe ainda refletir sobre uma problemática emergente: a banalização do 
conceito de alienação parental. Em diversas circunstâncias, esse termo tem sido 
empregado como um recurso retórico em disputas judiciais por guarda de 
menores, mascarando situações que podem ser interpretadas como conflitos 
rotineiros oriundos da adaptação a novos arranjos familiares. É compreensível 
que, no início do processo de separação, os desacordos sejam mais intensos e 
frequentemente envolvam ansiedade ou preocupação por parte do guardião nas 
primeiras interações do filho com o outro genitor. Essas tensões iniciais tendem 
a se dissipar ao longo do tempo, a menos que a alienação parental esteja 
efetivamente presente, situação que demanda atenção especial. 
Além disso, existem casos em que um dos responsáveis pode difamar o 
outro diante da criança. No entanto, o fenômeno da Alienação Parental 
Sindrômica (SAP) apenas se concretiza quando a própria criança passa a 
reproduzir e incorporar tais atitudes depreciativas de forma ativa e independente. 
Assim, compreender as diferenças entre os comportamentos associados aos 
conflitos familiares torna-se fundamental para os profissionais responsáveis pela 
23 
 
 
avaliação desses casos. Nem todos os desentendimentos configuram alienação 
parental, o que torna essencial um estudo aprofundado e cauteloso em situações 
onde essa prática possa estar ocorrendo. 
Outro ponto importante é considerar os casos nos quais há evidências de 
abuso ou negligência por parte de um dos responsáveis. Em certas 
circunstâncias, um cuidador pode ser acusado erroneamente de alienação 
parental ao buscar proteger a criança dessas situações prejudiciais. Portanto, a 
análise profissional deve priorizar o bem-estar físico e psicológico da criança 
envolvida, oferecendo soluções baseadas em diagnósticos precisos e 
sustentados por critérios éticos rigorosos. 
Gardner, pouco antes de seu falecimento, dedicava-se a debater qual 
seria a nomenclatura mais apropriada para designar o fenômeno da alienação 
parental e a síndrome relacionada. Ele afirmava com convicção que: 
Os profissionais de saúde mental, os advogados do direito de família e 
os juízes geralmente concordam em que temos visto, nos últimos anos, 
um transtorno no qual um genitor aliena a criança contra o outro 
genitor. Esse problema é especialmente com um no contexto de 
disputa de custódia de crianças, onde tal programação permite ao 
genitor alienante ganhar força no tribunal para alavancar seu pleito. Há 
um a controvérsia significativa, entretanto, a r espeito do termo a se r 
uti lizado para es se fenômeno. Em 1985 introduzi o termo Síndrome 
de Alienação Parental para descrever esse fenômeno. (GARDNER, 
2002, p.93) 
 
Gardner e Major estabeleceram três estágios distintos para a classificação 
da Síndrome de Alienação Parental, definidos como leve, moderado e grave. 
Esses níveis refletem a gravidade da manifestação da síndrome em contextos 
de alta conflitualidade familiar, que foram objeto de análise em diferentes casos: 
 
Estágio I - Leve: Normalmente, as visitas se apresentam calmas, com 
um pouco de dificuldade na hora da troca de genitor. Enquanto o filho 
está com o genitor alienado, as manifestações da campanha de 
desmoralização desaparecem ou são discretas e raras. A motivação 
principal do filho é conservar um laço sólido com o genitor alienador. 
Estágio II - Médio: O alienador utiliza uma grande variedade de táticas 
para excluir o outro genitor. No momento da troca de genitor, os filhos 
que sabem o que o alienador quer escutar intensificam sua campanha 
de desmoralização. Os argumentos utilizados são os mais numerosos, 
os mais frívolos e os mais absurdos. O genitor alienado é 
completamente mal e o outro completamente bom. Apesar disto, 
aceitam ir com o genitor alienado e, uma vez afastados do outro 
genitor, tornam a ser mais cooperativos. 
Estágio III - Grave: Os filhos, em geral, estão perturbados e 
frequentemente fanáticos. Compartilham os mesmos fantasmas 
paranoicos que o genitor alienador tem em relação ao outro genitor. 
24 
 
 
Podem ficar em pânico apenas com a ideia de ter que visitar o outro 
genitor, o que é impossível. Se, apesar disto, vão com o genitor 
alienado, podem fugir, paralisar-se por um medo mórbido ou manter-
se continuamente tão provocadores e destruidores. (GARDNER 1998, 
p.45) 
 
Segundo Gardner, a Síndrome de Alienação Parental não é apenas um 
conjunto de sintomas causados pela alienação parental, mas também um 
processo de manipulação mental, ou "lavagem cerebral", realizada na mente da 
criança. Para que essa condição seja considerada uma síndrome, é essencial 
que a criança esteja efetivamente impactada e que demonstre rejeição ou 
desfavor em relação ao progenitor alienado. Maria Perissini da Silva (SILVA, 
2011, P.74-75) compartilha dessa compreensão: 
1) A criança denigre o pai alienado com linguajar impróprio e severo 
comportamento opositor, muitas vezes utilizando- se de argumentos do 
(a) genitor (a) alienador (a) enão dela própria; para isso, dá motivos 
fracos, absurdos ou frívolas para sua raiva. 
 2) declara que ela mesma teve a ideia de denegrir o pai alienado. O 
fenômeno do "pensador independente" acontece quando a criança 
garante que ninguém disse aquilo a ela. 
3) O filho apo ia e sente a necessidade d e proteger o pai alienante. 
Com isso, estabelece um pacto de lealdade com o genitor alienador 
em função da dependência emocional e material, demonstrando medo 
em desagradar ou opor-se a ele. 
4) menciona locais onde nunca esteve, que não esteve na data em que 
é relatado um acontecimento de suposta agressão física/sexual ou 
descreve situações vividamente que nunca poderia ter experimentado 
- implantação de "falsas memórias". 
5) A animosidade é espalhada para também incluir amigos e/ ou outros 
membros da família do pai alienado (voltar -se contra avós paternos, 
primos, tios, companheira). (SILVA, 2011, P.74-75). 
 
Ivan Aparecido Ruiz e Valéria Silva Galdino (CARDIN; RUIZ,2018,p.290) 
estudiosos que também defendem a relação entre alienação parental e a 
chamada síndrome da alienação, destacam que esse processo pode ser 
desencadeado não apenas pelo genitor, mas também por outros membros do 
círculo familiar, como avós, tios ou qualquer pessoa próxima. Contudo, eles 
alertam sobre o desafio de identificar quando essa síndrome está efetivamente 
presente ou quando a rejeição do filho em relação ao pai acontece como 
consequência das atitudes do próprio genitor. Ressentimentos oriundos de uma 
separação, por si só, não são suficientes para caracterizar a alienação parental. 
Apesar das controvérsias em torno da terminologia do fenômeno da 
alienação parental, foi sancionada a Lei nº 12.318, em agosto de 2010, 
25 
 
 
amplamente reconhecida como a Lei da Alienação Parental. Esse marco legal 
apresenta, no artigo 2º, uma definição clara do conceito: 
Art. 2º. Considera-se ato de alienação parental a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou 
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a 
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para 
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à 
manutenção de vínculos com este. 
 
Portanto, a alienação parental ocorre sempre que um dos genitores ou 
outro membro da família busca influenciar negativamente a visão do menor em 
relação ao outro genitor. Entretanto, quando tal tentativa de manipulação resulta 
em efeitos concretos sobre o filho, levando-o a adotar a postura sugerida e a se 
distanciar do genitor vítima, consolida-se, nesse instante, a manifestação da 
síndrome de alienação parental. 
 
3. 2. MANIFESTAÇÕES CLÁSSICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
As investigações relacionadas ao fenômeno da alienação parental 
evidenciam que tal prática geralmente se manifesta por meio de padrões 
comportamentais relativamente previsíveis. A seguir, serão abordadas algumas 
das formas mais acentuadas de alienação parental, destacando suas 
características e impactos na dinâmica familiar. 
 
3.2.1 IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS 
 
A implantação de falsas memórias ocorre quando um dos pais influencia 
a criança a acreditar em eventos ou acontecimentos que jamais ocorreram, 
moldando sua percepção para que ela aceite essas invenções como verdade. 
Mônica Guazzelli explica: 
O que se denomina de Implantação de falsas Memórias advém, 
justamente, da conduta doentia do genitor alienador, que começa a 
fazer com o filho uma verdadeira “ lavagem cerebral”, com a finalidade 
de denegrir a imagem do outro – alienado -, e, pior ainda, usa a 
narrativa do infante acrescentando maliciosamente fatos não 
exatamente como estes se sucederam, e ele aos poucos vai se 
“convencendo” da versão que lhe foi “implantada”. O alienador passa 
então a narrar à criança atitudes do outro genitor que jamais 
aconteceram ou que aconteceram em modo diverso do narrado. 
(GUAZZELLI, 2010, p.20) 
 
26 
 
 
A implantação de falsas memórias em crianças pode ter efeitos 
devastadores, levando o menor a acreditar que acusações infundadas são 
verdadeiras. Isso ocorre porque elas são induzidas a reinterpretarem seu 
passado de maneiras equivocadas, podendo até "recordar" acontecimentos 
totalmente fictícios. Conforme apontado por Mônica Guazzelli, as memórias 
tornam-se ainda mais suscetíveis a manipulações quando o tempo enfraquece 
a lembrança original. 
Esse cenário evidencia o quão simples pode ser a construção de falsas 
memórias na mente de uma criança inocente. Basta que o genitor alienador 
insista constantemente em apresentar mentiras como verdades absolutas. Ele 
pode formular questões repletas de insinuações ou repetir diversas vezes 
afirmações negativas e prejudiciais, tais como: "o outro genitor não gosta de 
você", "te abandonou", "tem outra família", "não paga pensão", "teve outro filho 
e gosta mais dele", ou até mesmo criar histórias como a falsa morte do outro 
responsável. 
Diante da repetição dessas narrativas manipuladoras, a criança, 
confiando cegamente naquele que desempenha o papel de guardião, internaliza 
tais mensagens e passa a percebê-las como realidade. Assim, a vulnerabilidade 
da memória infantil e a confiança depositada no genitor guardião tornam-se os 
elementos-chave para que falsas acusações sejam solidificadas na mente do 
menor. 
À medida que o tempo avança, as memórias falseadas tendem a se 
alinhar com os relatos fornecidos pelo próprio menor, uma vez que este começa 
a incorporar essas experiências em sua rotina cotidiana. Esse processo leva à 
internalização gradual dessas ideias, consolidando-as em sua mente. Desse 
modo, quando questionado por qualquer pessoa sobre seu genitor, o menor 
provavelmente expressará desagrado, justificando sua opinião pelos motivos 
que lhe foram previamente inculcados. 
À medida que o tempo passa, essas falsas memórias começam a se 
alinhar com os depoimentos do próprio menor, que acaba incorporando essas 
percepções em sua rotina diária. Esses pensamentos vão se consolidando em 
sua mente de tal forma que, quando qualquer pessoa questiona sobre seu 
genitor, o menor tende a afirmar que não gosta dele, justificando-se por essas 
razões distorcidas. Com o peso dessas falsas memórias acumuladas, chega um 
27 
 
 
ponto em que até mesmo o genitor responsável tem dificuldade em distinguir o 
que é verdade do que é invenção e acaba, involuntariamente, participando dessa 
construção fantasiosa ao lado da criança. 
 
3.2.2 ABUSO SEXUAL 
 
Dentre as formas de alienação parental, destaca-se a manipulação que 
leva a criança a acreditar que foi vítima de abuso sexual. O genitor alienador, 
movido por sentimentos de desprezo, ódio, raiva e rancor, emprega todos os 
meios disponíveis para atacar o outro genitor, incluindo acusações falsas de 
abusos sexuais. 
A autora Danya Gauderer, mencionada por Mônica Guazzelli, define o 
abuso sexual da seguinte forma: 
Abuso sexual é a falta de consentimento do menor na relação com o 
adulto. A vítima é forçada, fisicamente, ou coagida, verbalmente, a 
participar da relação, sem ter necessariamente capacidade emocional 
ou cognitiva para consentir ou julgar o que está acontecendo. 
(GAUDERER, GUAZZELLI,2007, p. 125) 
 
Segundo Buosi, o real abuso tem como ser identificado de tais maneiras: 
Em situações reais de abuso há indicadores físicos, tais como lesões, 
infecções, que não podem ser confundidos pelos avaliadores com 
meras irritações corriqueiras, e até transtornos de sono e alimentação, 
enquanto no abuso fictício não há. Porém, em ambos os abusos, real 
ou imaginário, há atrasos escolares e consequências educacionais 
como notas baixas, agressividade com colegas, dificuldade de 
memória e concentração escolar. Outra diferença se dá na medida em 
que o menor que foi abusado realmente sente mais vergonha ou culpa 
da situação, enquanto n a falsa acusação isso aparece com muito 
menor incidência.(BUOSI, 2012, p. 88) 
 
Conforme Buosi (2012.p.88-89), pesquisas indicam um elevado índice de 
denúncias falsas de abuso sexual. A autora destaca as implicações dessa 
questão, ressaltando que os efeitos do abuso sexual, seja ele real ou falso, são 
praticamente equivalentes para a criança. Tal observação enfatiza a relevância 
do preparo e conhecimento por parte dos profissionais responsáveis por avaliar 
e intervir em situações dessa natureza. 
Maria Berenice Dias narra essa situação: 
Nesse jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive 
– com enorme e irresponsável frequência – a alegação da prática de 
abuso sexual. Essa notícia gera um dilema. O juiz não tem com o 
identificar a existência ou não dos episódios denunciados para 
28 
 
 
reconhecer se está diante da síndrome da alienação parental e que a 
denúncia do abuso foi levada a efeito por mero espírito de vingança. 
Com o intuito de proteger a criança muitas vezes reverte a guarda ou 
suspende as visitas, enquanto são realizados estudos sociais e 
psicológicos. Como esses procedimentos são demorados, durante 
todo este período cessa a convivência entre ambos. O mais doloroso 
é que o resultado da série de avaliações, testes e entre vistas que se 
sucedem, às vezes durante anos, acaba não sendo conclusivo. Mais 
uma vez depara-se o juiz com novo desafio: manter ou não as visitas, 
autorizar som ente visitas acompanhadas ou extinguir o poder familiar. 
Enfim, deve manter o vínculo de filiação ou condenar o filho à condição 
de órfão de pai vivo? (DIAS, (s.d, p.01) 
 
Em cenários extremamente graves, esse processo de criar memórias que 
não são reais chega ao extremo, especialmente quando a mãe começa a sugerir 
coisas para a criança, fazendo-a acreditar que o pai ou a mãe está sendo 
violento, negligente, ou até mesmo cometendo o terrível ato de abuso sexual. 
Ela implanta na mente da criança, através de sugestões, a ideia de que ela está 
sofrendo abuso durante as visitas paternas, como, por exemplo, quando o pai 
está dando banho no filho ou filha, levando à suspeita de que o pai está agindo 
de maneira prejudicial à criança. Assim, ainda que a criança não tenha sofrido 
abuso, as influências são tão grandes que ela passa a acreditar que os abusos 
sexuais realmente ocorreram. 
No entanto, esses casos de alienação parental têm sido notados pelos 
tribunais, conforme veremos a seguir: 
 
Ementa: GUARDA E VISITAÇÃO. PAIS SEPARADOS. INTERESSE 
DO MENOR. ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL NÃO PROVADA. 
INDÍCIOS DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. 
IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS NA MENTE DA CRIANÇA 
EM DESENVOLVIMENTO. O MELHOR INTERESSE DO MENOR SE 
SOBREPÕE AO INTERESSE PARTICULAR DOS PAIS. CONFLITOS 
ENTRE OS GENITORES QUE AFASTAM, POR ORA, A 
POSSIBILIDADE DA MANUTENÇÃO DA GUARDA 
COMPARTILHADA. MODIFICAÇÃO DO JULGADO. PODER GERAL 
DE CAUTELA. TRANSFERÊNCIA DA GUARDA PROVISÓRIA DA 
MENOR AO PAI. RESPEITO à REAPROXIMAÇÃO GRADATIVA DO 
PAI COM A FILHA DE FORMA IMPARCIAL. CONVIVÊNCIA 
REGULAR COM A LINHAGEM PATERNA. DIREITO DA CRIANÇA 
PARA GARANTIR SEU REGULAR CRESCIMENTO E BEM ESTAR. 
MÁ-FÉ. INOCORRÊNCIA. (Apelação Cível nº 70073585572- Julgado 
em 27 set. 2017) 
 
Nessa mesma linha, os tribunais já entendem que a criação de memórias 
inventadas tem um impacto tão sério quanto o próprio ato de violência sexual, 
como se vê: 
29 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - GUARDA DE MENOR - DISPUTA 
ENTRE OS GENITORES. ALTO GRAU DE BELIGERÂNCIA. 
ACUSAÇÕES RECÍPROCAS. ABUSO SEXUAL E ALIENAÇÃO 
PARENTAL.NECESSIDADE DE EXAME PSICOSSOCIAL POR 
PROFI SSIONAL ESPECIALIZADO. INTELIGÊNCI A DO ART. 5º, § 2º 
DA LEI Nº 1 2.318/2010. AFASTAMENTO DA CRIANÇA DO 
CONVÍVIO DO SUPOSTO ALIENADOR E DO ACUSADO DE ABUSO 
SEXUAL. GARANTIDO DIREITO DE VISITAÇÃO DO GENITOR DE 
FORMA ASSISTIDA. MEDIDA MAIS RECOMENDÁVEL. 
MANUTENÇÃO DA GUARDA À GENITORA. DEFERIMENTO DA 
BUSCA E APREENSÃO. CUMPRIMENTO DA MEDIDA ANTES DO 
TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO COLEGIADA. 
POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO POR MAIORIA. 
1 - A alienação parental ou implantação de falsas memórias é tão grave 
quanto o abuso sexual, seja porque põe em risco a saúde emocional 
da criança, seja porque causa drásticas repercussões no 
desenvolvimento psicológico do indivíduo alienado, acarretando-lhes 
severos danos no presente e no futuro, devendo ambos receber o m 
esmo tratamento por parte do Poder Judiciário. 2 - Verificando o 
magistrado atos típicos de alienação parental, nada impede que adote 
algumas medidas, isolada ou cumulativamente, previstas no art. 6º d a 
Lei nº 12. 318/2010, dentre as quais se encontram: a) declarar a 
ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; b) ampliar o 
regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; c) estipular 
multa ao alienador; d) determinar acompanhamento psicológico e/ou 
biopsicossocial; e) determinar a alteração da guarda para guarda 
compartilhada ou sua inversão; f) determinar a fixação cautelar do 
domicílio da criança ou adolescente; g) declarar a suspensão da 
autoridade parental; 3 - No caso de existir denúncia e/ou indícios de 
que a criança esteja sendo vítima de alienação parental, a prudência 
recomenda que medidas de cautela sejam tomadas pelo Judiciário 
para preservar os interesses da criança, assegurando, sempre que 
possível, a sua proteção e o seu bem estar, seja coibindo a 
continuidade do ato lesivo, seja afastando a vítima do convívio direto 
com o seu suposto agressor; 4 - Quando a situação envolver denúncia 
de abuso sexual em face de menor, basta que o agressor também seja 
afastado do convívio da vítima, impedindo -o, inclusive de manter com 
ela qualquer tipo de aproximação, competindo ao julgador, quando s e 
deparar com tal situação, evitar que a mera acusação de crime de 
abuso sexual se transforme em sentença penal condenatória, sem 
antes ser observado o devido processo legal e o que diz o princípio da 
presunção da inocência previsto no art. 5º, LVII da CF/8 8, 
notadamente quando existe no processo laudo da Polícia Técnico-
Científica atestando que não houve conjunção carnal; 5 - A solução 
que melhor se amolda ao caso concreto é restabelecer a guarda da 
criança à genitora, desde que o senhor A.N., namorado da agravante, 
não se aproxime de A.C .L.S., guardando, sempre, um a distância 
mínima de 300 (trezentos) metros da menor, nem faça com ela 
qualquer espécie de contato, seja presencialmente, seja por telefone, 
seja pela internet; 6 - Recurso Provido. À maioria de votos, vencido o 
relator (TJ -PE - AI: 3 186765 PE, Relator: Stênio José de Sousa Neiva 
Coêlho, Data de Julgamento: 19/02/2 014, 5ª Câmara Cível, Data de 
Publicação: 25/02/2014). 
 
 
É inegável que, em situações nas quais existe um forte vínculo emocional 
com o genitor alienante, a decisão judicial que substitui a guarda ou impede 
30 
 
 
temporariamente o contato desse genitor com a criança, ou até mesmo a 
remoção do poder familiar, pode causar considerável sofrimento ao menor 
(DIAS, 2015, p. 123). 
O alienador frequentemente recorre a acusações sérias e infundadas 
contra sua vítima, utilizando alegações de abuso sexual ou negligência, com a 
intenção de destruir o vínculo existente entre a vítima e a criança, conforme 
apontado por Buosi. (BUOSI, 2012, p. 45) 
Estudos indicam uma elevada incidência de denúncias falsas de abuso 
sexual. Nesse contexto, a autora enfatiza que os impactos sobre a criança, 
independentemente de o abuso ser verdadeiro ou fictício, são praticamente 
equivalentes. Tal realidade evidencia a importância de que os profissionais 
encarregados de avaliar e atuar nessas circunstâncias possuam um 
entendimento profundo sobre o tema. Dessa forma, caso o juiz identifique a 
ocorrência de alienação parental por parte do guardião, ele poderá determinar a 
guarda compartilhada ou até revogar a guarda existente. No caso de o genitor 
que ultrapassou os limites do poder familiar não ser o responsável pela guarda, 
ele poderá enfrentar restrições quantoao direito de visita, que poderão ser 
supervisionadas por um terceiro ou ocorrer com menor frequência. 
De maneira geral, é responsabilidade do juiz assegurar que todas as 
medidas necessárias sejam tomadas para garantir que as crianças tenham a 
melhor qualidade de vida possível, evitando que o ambiente familiar seja afetado 
por conflitos entre os pais, resultantes de um relacionamento malsucedido. 
 
3.2.3 A IMPORTÃNCIA DA ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS 
 
O Direito de Família, ramo jurídico responsável por tratar de matérias 
como o casamento, a união estável, as relações de parentesco e os institutos de 
caráter protetivo, tem reconhecido, de forma crescente, a relevância da atuação 
Interprofissional daqueles que, direta ou indiretamente, estão envolvidos nas 
questões familiares submetidas ao Poder Judiciário. 
 
Nesse contexto, observa-se que, no âmbito do Direito de Família 
contemporâneo, torna-se imprescindível a participação do Psicólogo Jurídico. 
Este profissional exerce um papel fundamental ao oferecer suporte técnico e 
31 
 
 
especializado na análise de temas complexos e conflituosos, frequentemente 
presentes nos processos judiciais que envolvem dinâmicas familiares (IMED, 
2014) 
Um grupo de psicólogos publicou uma pesquisa na Revista IMED (2014), 
na qual eles reconheceram as seguintes ações implementadas pelo sistema 
judiciário para lidar com os casos relacionados à SAP: 
As principais medidas tomadas para a proteção da criança e/ou 
adolescente, geralmente, buscam “estabelecer penalidades para a 
supressão de visitas”; “nomear um terapeuta para servir de 
intermediário nas visitas e para comunicar as falhas ao Tribunal”; 
“sugerir atendimento psicológico para os envolvidos” ; “transferir a 
guarda principal para o genitor alienado ou outro familiar”; ou “deixar a 
guarda principal com o genitor alienador, pois, em muitos casos, o juiz 
acredita que retirá- lo vai causar ainda mais danos à criança”. 
Ainda, ressaltam que a medida “vai depender muito da decisão do juiz” 
Revista IMED (2014). 
 
Atualmente, a Psicologia Escolar tem sido erroneamente considerada 
uma área secundária dentro da Psicologia, frequentemente vista pela sociedade 
como uma atuação relativamente simples, que não exigiria preparo técnico 
aprofundado nem experiência profissional significativa. No contexto das 
instituições de ensino, essa área ainda é pouco valorizada e, em muitos casos, 
ignorada, sobretudo pela ausência de serviços estruturados voltados à atuação 
do psicólogo escolar. Tal cenário contrasta com os serviços de Orientação 
Educacional e Supervisão Escolar, que são devidamente previstos e 
regulamentados por legislação específica — uma diferenciação que revela uma 
compreensão equivocada e inadequada sobre a importância da Psicologia 
Escolar (ANDALÓ, 1984.p.44). 
Considerando os comportamentos e sinais apresentados por crianças que 
vivenciam contextos familiares litigiosos — como separações conflituosas entre 
os pais — e os consequentes prejuízos sociais, acadêmicos e psicológicos, a 
atuação do psicólogo escolar revela-se como uma possibilidade efetiva de 
intervenção. Quando essa atuação é analisada sob a perspectiva do papel 
estratégico da escola no processo de desenvolvimento infantil, constata-se o 
potencial significativo desse profissional para contribuir de forma sensível e 
técnica diante dos desafios enfrentados pela criança, mitigando os impactos 
adversos de natureza emocional, relacional e cognitiva. 
32 
 
 
Um dos papéis mais relevantes do psicólogo escolar reside na aplicação 
de seus conhecimentos teóricos e técnicos acerca das dinâmicas relacionais, 
com o objetivo de promover um ambiente educacional pautado na construção de 
vínculos saudáveis e no respeito mútuo. Tal contexto favorece, de maneira 
significativa, o desenvolvimento integral da criança e do adolescente, 
impactando positivamente seu desempenho acadêmico e sua formação pessoal. 
(JESUS; COTTA, 2016 p. 285–290). 
O conceito de prevenção em Psicologia Escolar não se refere ao 
ajustamento e adequação de situações e comportamentos, tidos como 
inadequados, a padrões aceitos socialmente, pois esse 
posicionamento favorável ao controle social, exercido a partir da 
padronização de comportamentos e atitudes, desconsidera a 
característica histórica e social de cada indivíduo. A intervenção 
preventiva proposta contemporaneamente pela Psicologia Escolar 
pretende contribuir para que aconteçam reformulações pessoais e 
institucionais no sentido de oportunizar, aos atores envolvidos, 
transformações e saltos qualitativos em seu desenvolvimento. Tais 
saltos podem ser possíveis através de ações do psicólogo escolar que 
estejam intencionalmente com prometidas com tal objetivo, com o, por 
exemplo, em relação às concepções dos profissionais da escola acerca 
da avaliação, da aprendizagem e do desenvolvimento humano 
(ARAÚJO, 2009, p.01) 
 
Diante de contextos de alienação parental e litígios familiares, a atuação 
do psicólogo escolar revela-se fundamental para a proteção integral da criança 
e do adolescente, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA – Lei nº 8.069/1990), que estabelece, em seu artigo 17, o direito ao respeito 
e à dignidade no ambiente familiar e escolar. Tal atuação deve estar em 
consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 
nº 9.394/1996), que, em seu artigo 1º, §2º, reconhece a educação como 
processo de formação integral do ser humano em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social. 
Nesse cenário, a Psicologia Escolar, respaldada pelas Referências 
Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) na Educação Básica (CFP, 2013), 
orienta a prática do profissional com foco na promoção de relações saudáveis 
no ambiente escolar e na mediação de conflitos que afetam diretamente o 
processo de aprendizagem. Com base nesses fundamentos, o psicólogo 
escolar, atuando em equipe multiprofissional, pode construir estratégias que 
possibilitem a ressignificação das relações estabelecidas no contexto escolar, 
33 
 
 
sobretudo quando já são identificados elementos que comprometem o 
desenvolvimento acadêmico e emocional do estudante. 
A atuação preventiva também constitui uma vertente essencial. O 
psicólogo pode propor ações educativas que promovam o debate de temáticas 
sensíveis, como bullying, conflitos familiares e alienação parental, promovendo 
o diálogo entre estudantes, famílias, professores e demais membros da 
comunidade escolar. Tais iniciativas possibilitam a construção coletiva de 
espaços reflexivos e a implementação de práticas pedagógicas ou lúdicas que 
facilitem o enfrentamento dessas questões (JESUS; COTTA, 2016.p.287). 
É recomendável, nesses casos, que o genitor não detentor da guarda da 
criança seja envolvido nas atividades e espaços promovidos pela escola, a fim 
de se reconhecer como parte ativa no processo educacional e no 
desenvolvimento do filho. Tal participação contribui para a garantia do princípio 
da convivência familiar e comunitária (ECA, art. 19) e pode ser decisiva para a 
reconstrução de vínculos afetivos fragilizados em decorrência de práticas 
alienadoras. Embora se reconheça que essa inclusão nem sempre ocorra de 
forma pacífica — podendo haver resistência por parte do genitor guardião —, é 
papel da escola, com suporte técnico do psicólogo, mediar tais situações de 
modo ético e comprometido com o bem-estar da criança. 
Portanto, a atuação do psicólogo escolar diante de possíveis casos de 
alienação parental representa uma importante ferramenta de enfrentamento 
desse fenômeno, contribuindo para o rompimento do ciclo de sofrimento infantil 
e para a promoção de um ambiente educacional mais justo, inclusivo e promotor 
de desenvolvimento. 
Nesta mesma linha: 
A atuação do psicólogo educacional tem se voltado ao atendimento de 
demandas coletivas, com o objetivo de contribuir para o processo deensino -aprendizagem e favorecer o desenvolvimento sócio emocional 
de crianças e adolescentes que frequentam o contexto escolar. Nesse 
sentido, as ações do psicólogo escolar podem estar voltadas à 
promoção da reflexão sobre a realidade e o cotidiano da escola, por 
meio do diálogo entre os seus atores, bem como ao favorecimento das 
relações interpessoais entre os agentes educacionais, alunos e suas 
famílias (GOMES, 2015, p. 2). 
 
Dessa forma, ao adotar uma perspectiva integrada do desenvolvimento 
infantil, o psicólogo escolar exerce um papel fundamental na promoção do 
desenvolvimento social, cultural e psicológico dos estudantes. Sua atuação deve 
34 
 
 
estar alinhada aos princípios estabelecidos na Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA), especialmente no que se refere ao direito da 
criança ao pleno desenvolvimento, à dignidade e à proteção contra qualquer 
forma de negligência, discriminação, violência ou opressão (BRASIL, 1990, art. 
5º e art. 17). 
Em situações em que a criança esteja sendo submetida à alienação 
parental ou a outras condições de vulnerabilidade, é imprescindível a atuação 
sensível e ética do psicólogo escolar. Conforme orientam as Referências 
Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) na Educação Básica (CFP, 2013), o 
profissional deve realizar um acompanhamento individualizado, identificando as 
necessidades específicas de cada caso e, quando necessário, encaminhando o 
estudante a outros profissionais especializados, como assistentes sociais, 
psicoterapeutas ou órgãos de proteção da infância. 
Adicionalmente, é responsabilidade do psicólogo monitorar o processo de 
desenvolvimento desses estudantes, observando atentamente suas 
potencialidades e eventuais dificuldades decorrentes do ambiente familiar 
conflituoso. O objetivo é prevenir a internalização de sentimento de culpa por 
parte da criança em relação aos conflitos parentais ou ao próprio desempenho 
escolar, o que pode comprometer significativamente seu bem-estar emocional e 
seu processo de aprendizagem. 
Tal atuação está em consonância com os princípios da 
interdisciplinaridade na educação (LDB – Lei nº 9.394/1996, art. 1º, §2º) e com 
a diretriz de proteção integral da criança e do adolescente, que reconhece a 
escola como espaço privilegiado para o cuidado, a escuta e a mediação de 
conflitos que afetam diretamente o desenvolvimento do sujeito em formação. 
 
 
3.2.4 CONSEQUÊNCIAS E EFEITOS DA ALIENAÇÃO 
 
De acordo com Dias (2015, p.546-547), indivíduos que vivenciam 
situações de alienação parental tendem a desenvolver comportamentos 
antissociais, violentos ou até mesmo de natureza criminosa, além de 
apresentarem riscos significativos de depressão e ideação suicida. Na vida 
adulta, as consequências desse processo podem incluir sentimentos de remorso 
35 
 
 
por terem rejeitado ou negligenciado um dos genitores ou familiares, o que 
frequentemente resulta em distúrbios comportamentais persistentes ou 
transtornos mentais, em razão de conflitos emocionais não resolvidos. 
Fiorelli (2015, p.42) ressalta que crianças possuem uma notável 
capacidade de observar atitudes e discursos, sendo aptas a identificar 
contradições nas interações familiares. Ainda que desenvolvam mecanismos de 
defesa para lidar com tais conflitos, não estão imunes aos prejuízos em sua 
saúde mental. Esses impactos, muitas vezes, manifestam-se de forma mais 
evidente na adolescência e na vida adulta, com reflexos no desenvolvimento 
emocional e social. 
No caso dos adolescentes, Fiorelli (2015, p. 58) destaca a recorrência de 
sentimento de culpa ao reconhecerem o sofrimento causado ao genitor alienado, 
percebendo-se como instrumentos de retaliação, o que gera intenso sofrimento 
psicológico, tanto para o jovem quanto para o familiar atingido. Tais implicações 
podem demandar tratamentos médicos e psicológicos onerosos, afetando não 
apenas a criança ou adolescente, mas também o genitor vítima da alienação, 
ocasionando prejuízos de ordem financeira. 
Os efeitos decorrentes da Síndrome da Alienação Parental podem se 
apresentar de diferentes maneiras, a depender do grau de envolvimento e da 
intensidade do processo de alienação. Conforme destaca Freitas (2015, p. 190), 
no estágio leve, a alienação é considerada superficial, e a criança demonstra 
certo desconforto na presença dos pais, uma vez que se torna o foco das 
disputas parentais. Nas palavras do autor: “primeiro se tem um estágio leve, no 
qual a alienação é tratada como sendo superficial, onde existe um desconforto 
da criança nos momentos em que os pais se encontram, sendo que ela é o alvo 
da disputa” (FREITAS, 2015, p. 190). 
À medida que o quadro evolui, observa-se o estágio moderado, 
caracterizado por uma postura mais conflituosa da criança, que tende a se 
mostrar emocionalmente distante e insensível em relação ao genitor alienado. 
Por fim, no estágio grave, a criança encontra-se profundamente afetada, 
podendo, de forma inconsciente, colaborar com o genitor alienador na 
desqualificação do outro genitor. Conforme aponta Freitas (2015, p. 190), “a 
criança apresenta-se bastante conturbada, a ponto de ajudar o genitor alienante 
de forma inconsciente a denegrir a imagem do genitor alienado”. 
36 
 
 
Adicionalmente, observa-se que o dano moral frequentemente se 
configura de maneira clara, em virtude das perturbações nas relações 
interpessoais. Diante disso, a reparação desses danos mostra-se não apenas 
cabível, mas necessária, diante do impacto emocional e social gerado por tais 
práticas. 
A criança, por se encontrar em processo de formação de caráter, 
princípios e personalidade, necessita de uma tutela especial por parte do Estado, 
da sociedade e, sobretudo, da família, por ser esta a instituição diretamente 
responsável por sua proteção e desenvolvimento integral. Nesse sentido, o 
ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do melhor interesse da criança 
como norteador das decisões que envolvem menores, especialmente em casos 
de dissolução do vínculo conjugal. 
Dessa forma, nos processos de divórcio que envolvem filhos menores, 
não se leva em consideração apenas o desejo ou a vontade dos genitores. O 
foco central passa a ser o bem-estar da criança, que se torna o sujeito principal 
da tutela judicial. O objetivo é assegurar a plena aplicação dos seus direitos 
fundamentais, evitando que decisões sejam pautadas exclusivamente na 
vontade dos pais, em prejuízo do menor. 
Nesse contexto, a Lei nº 12.318/2010, que trata da alienação parental, 
dispõe em seu artigo 4º que, diante de indícios de prática alienadora, o juiz deve 
adotar imediatamente medidas para proteger os direitos da criança ou do 
adolescente. Tais medidas podem ser aplicadas tanto pelas Varas de Família 
quanto pelas Varas da Infância e Juventude, variando de acordo com a 
gravidade do caso e o estágio da alienação. 
Entre as providências cabíveis, o magistrado pode determinar a 
realização de acompanhamento psicológico ou terapêutico, o cumprimento do 
regime de convivência, a imposição de multa diária, a alteração da guarda, e, 
em casos mais graves, a prisão do genitor alienador. O descumprimento das 
medidas impostas pode, inclusive, configurar o crime de desobediência, além de 
justificar a decretação de prisão preventiva. 
É importante destacar que a Lei nº 13.431/2017, em vigor desde 5 de abril 
de 2018, reforça a proteção integral à criança e ao adolescente vítima ou 
testemunhas de violência, incluindo os casos de alienação parental, integrando-
37 
 
 
se ao arcabouço normativo que visa resguardar os direitos dessa população 
vulnerável. 
A lei 12.318 /2010 define em seu artigo 6 º quais são as sanções para 
inibir as condutas do alienador: 
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer 
conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com 
genitor, em ação autônoma ou incidental,

Mais conteúdos dessa disciplina