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TÉCNICA DE ENTREVISTA E ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Descrever a psicoterapia como método terapêutico. > Elencar diferentes aplicações para a psicoterapia. > Relacionar psicoterapia e aconselhamento. Introdução A psicoterapia como hoje é conhecida começou a tomar forma entre o final do século XVIII e o início do século XIX com as propostas de tratamento feitas por Sigmund Freud por meio da teoria psicanalítica. Como sabemos, ao longo dos anos, a psicoterapia evoluiu pelas contribuições teóricas de muitos autores. O processo psicoterápico é construído pela relação de ajuda entre um profis- sional e uma pessoa, um casal, uma família ou até mesmo um grupo. A depender da complexidade, dos objetivos, da pessoa a ser atendida e do tempo de tratamento, há a possibilidade de a terapia ser realizada por meio do aconselhamento psicoló- gico (uma modalidade de atendimento de menor duração para casos pontuais, com foco na resolução de problemas) ou por meio da psicoterapia convencional (que busca investigar e trabalhar problemas mais complexos, como a reestruturação da personalidade ou o tratamento de transtornos psicológicos). Neste capítulo, vamos discutir sobre o conceito de psicoterapia e as suas origens, aplicações, indicações e contraindicações. Além disso, vamos apresentar os fundamentos do aconselhamento psicológico e relacioná-lo com a psicoterapia, refletindo sobre os pontos que os aproximam e os distanciam. Aconselhamento e psicoterapia Gleison Gomes da Costa As psicoterapias como método terapêutico Algumas das primeiras tentativas de intervenção psicológica ocorreram na transição do século XVIII para o século XIX. Porém, elas beiravam o charla- tanismo, a exemplo do que defendia o magnetismo animal, proposto pelo médico austríaco Franz Anton Mesmer. Segundo Mesmer, a doença mental surgia de um desequilíbrio magnético corporal e que poderia ser revertido com o uso de pedras com propriedades magnéticas (CASTANHEIRA; GREVET; CORDIOLI, 2019). Conforme Cordioli et al. (2019), a psicoterapia originalmente era conhe- cida como “a cura pela fala”, com base na medicina e na filosofia. Desde as sociedades mais antigas, pessoas tentavam oferecer conforto psicológico para outras, muitas vezes representando religiões que buscavam dar apoio aos que estavam em sofrimento. Não havia, porém, embasamento em méto- dos cientificamente estruturados ou de natureza empírica: a fé era o único pedestal. Só no final do século XIX a psicoterapia começou a assumir for- mas mais estruturadas, com o modelo psicodinâmico, mais especificamente a psicanálise, inaugurada pelo médico neurologista e psiquiatra Sigmund Freud. Freud atendia mulheres da comunidade vienense que apresentavam quadros de neuróticos, psicossomáticos e histeria, e atingiu o seu auge na primeira metade do século XX. Eis que surgem a primeira das psicoterapias (CASTANHEIRA; GREVET; CORDIOLI, 2019). A psicoterapia como hoje é conhecida passou por inúmeras transformações ao longo dos anos. A princípio, era conhecida como “terapia pela conversa”, e só começou a ganhar status profissional no início do século XX, após uma conferência na Clark University em que Freud expôs as suas primeiras teorias sobre a mente humana (CORDIOLI et al., 2019). O conceito de psicoterapia não encontra apenas uma definição precisa, até mesmo em virtude da complexidade do seu objeto de estudo e prática. Porém, alguns conceitos mais recentes ajudam a melhor compreendê-la. Cordioli et al. (2019) definem a psicoterapia como um método de tratamento que utiliza meios psicológicos, por meio da fala, principalmente, em que um profissional treinado busca influenciar o cliente ou paciente a buscar meios de obter alívio para um sofrimento de natureza psíquica. Já conforme Ribeiro (2013), a psicoterapia é um processo no qual duas pessoas se encontram em uma relação profunda e significativa: o psicoterapeuta desempenha o papel de agente de mudança e o cliente experiencia situações do seu passado, do seu presente e do futuro, buscando a compreensão pela vivência no presente, Aconselhamento e psicoterapia2 por meio das emoções, fantasias e sentimentos, com a finalidade de encontrar novas saídas para o seu modo de estar no mundo. Por sua vez, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Resolução nº 010, de 20 de dezembro de 2000, apresenta um conceito mais amplo de psi- coterapia, no sentido de reconhecer a sua cientificidade e a sua abrangência: Art. 1º. A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e concei- tualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional, promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2019, documento on-line). Como trazido pelo CFP, a psicoterapia é prática do psicólogo, pela sua natureza técnica, conceitual e científica, a qual ultrapassa a relação de ajuda entre um terapeuta e um cliente, voltando o olhar também para a possibilidade de atendimento de mais de um indivíduo ou grupo, como casais, famílias e grupos, em contraponto aos dois primeiros conceitos apresentados. De fato, conforme apontam Cordioli et al. (2019), a psicoterapia tem voltado o seu olhar e as suas práticas para além da psicopatologia e do sofrimento psíquico, propondo uma abordagem voltada ao desenvolvimento pessoal e à melhora das capacidades individuais e das relações humanas. Atualmente contamos com cerca de 250 modalidades, que são embasadas em diversas abordagens teóricas e práticas que orientam a prática psicoterápica, com ampla comprovação científica, divulgadas por meio de livros e artigos cien- tíficos (OSÓRIO et al., 2017). Em maio de 2021, o CFP realizou uma consulta pública para ouvir a categoria sobre a seguinte questão: Psicoterapia deve ser uma atividade privativa de psicólogas e psicólogos? Para embasar o debate e trazer à tona os argumentos sobre a temática, foi realizado o Seminário Nacional sobre Psicoterapia: formação, qualificação e regulamentação. De acordo com a Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, que dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo, são funções privativas do psicólogo a utilização de métodos e técnicas psicológicas com os objetivos de diagnóstico psicológico, de orientação e seleção profissional, de orientação psicopedagógica e de solução de problemas de ajustamento (BRASIL, 1962). Logo, como não há restrição legal, é possível encontrar diversos profissionais, como médicos psiquiatras, por exemplo, que realizam psicoterapias, mas em moldes diferentes do fazer psicológico. Aconselhamento e psicoterapia 3 As psicoterapias se distinguem por suas escolas teóricas e seus objeti- vos, pela duração das sessões e do tratamento, e por diferentes métodos e técnicas. Contudo, todas apresentam uma finalidade semelhante: “[...] aliviar um desconforto ou sofrimento psíquico, eliminar sintomas de um transtorno definido, resolver problemas pessoais de natureza emocional ou psicológica ou estimular o desenvolvimento pessoal” (CORDIOLI et al., 2019, p. 67). Veja, no Quadro 1, algumas das psicoterapias citadas com mais frequência pelos estudos da área (CODIOLI et al., 2019; OSÓRIO et al., 2017; FELDMAN, 2015; NASCIMENTO; RIBEIRO, 2017; RAMALHO, 2011), com seu suporte teórico (abordagem) e algumas das suas características, as quais já apresentam resultados comprovados e têm técnicas de atuação bem estabelecidas. Quadro 1. Abordagens de psicoterapias Abordagem Características Psicanálise Psicoterapia de natureza psicodinâmica. Procura analisar e compreender os aspectos da personalidade humana com base nos estudos de Freud, o seu principal precursor. Está ancorada em conceitoscomo os de consciente, pré-consciente e inconsciente (1ª tópica), de id, ego e superego (2ª tópica), de mecanismos de defesa, complexo de Édipo, associação livre, etc. Comportamental Com base nos estudos de Burrhus Frederic Skinner, principal nome do behaviorismo radical, a abordagem comportamental busca compreender o ser humano na sua relação com o ambiente, considerando que o comportamento é selecionado de três formas: filogenética, ontogenética e cultural. Traz conceitos como reforço e punição, comportamento operante, extinção, antecedentes e consequentes, etc. Cognitivo- -comportamental Comumente chamada de TCC, a terapia cognitivo- -comportamental foi proposta por Aaron Beck na década de 1950. O seu pressuposto básico é trabalhar com os pensamentos e as crenças para mudanças de comportamento. Alguns dos seus principais conceitos são crenças centrais e nucleares, pensamentos disfuncionais, distorções cognitivas, etc. Contextuais- -comportamentais Formada por terapias como: terapia comportamental dialética, de Marsha M. Linehan, que trabalha com base na atenção plena (mindfulness) para manter o equilíbrio entre aceitação e mudança; terapia da aceitação e do compromisso, que trabalha a aceitação de coisas desagradáveis que acontecem a todos visando a aprender maneiras diferentes de vivê-las. (Continua) Aconselhamento e psicoterapia4 Abordagem Características Abordagem centrada na pessoa (ACP) Considerada uma terapia de base humanista, a ACP foi proposta por Carl Rogers com o objetivo de possibilitar que a pessoa atinja o seu potencial para a autorrealização. É uma terapia não diretiva, que trabalha com a aceitação positiva incondicional, a compreensão empática e a tendência atualizante que existe dentro de cada pessoa. Gestalt-terapia Proposta por Fritz Perls, também faz parte das terapias humanistas. É uma terapia que busca trazer, para o setting terapêutico, os significados que damos ao nosso mundo e às nossas experiências, focando no aqui e agora. Alguns dos seus conceitos são os de figura e fundo, experiência e percepção, autoconhecimento, etc. Psicodrama Trata-se de uma psicoterapia de origem fenomenológica- -existencial proposta por Jacob Levy Moreno. O seu objetivo é ajudar a pessoa a experienciar a sua existência, buscando a compreensão fenomenológica do ser. Entre os seus conceitos, destacam-se os de espontaneidade e criatividade, fator tele, encontro existencial, epokhé (suspensão do juízo), catarse de integração, etc. Familiar e de casal Com origem na teoria geral dos sistemas, do biólogo Ludwig von Bertalanffy, procura dar atenção à estrutura familiar (constituição e organização) e aos processos existentes (adaptação e evolução). Bowen, um dos principais teóricos da área, foi o primeiro a introduzir o conceito de sistema em trabalhos com famílias. Traz conceitos como o de conflitos transgeracionais, diferenciação, triangulação, conflito experiencial, enfoque sistêmico, etc. Conforme Cordioli et al. (2019), as psicoterapias vêm ganhando espaço no cenário dos tratamentos dos transtornos mentais, seja pela sua atuação isolada em casos menos complexos ou por meio da combinação com outras terapias, como a psicofarmacológica, proposta pelos médicos psiquiatras. Até recentemente, as psicoterapias tinham indicação apenas para o atendimento presencial. Porém, em virtude da pandemia de corona- vírus, atualmente podem ser realizadas por meio de dispositivos de tecnologia da informação e da comunicação, conforme disposto na Resolução CFP nº 4, de 26 de março de 2020 (BRASIL, 2020). Para isso, porém, é necessário que o psicólogo observe uma regra importante antes de começar os atendimentos: deve realizar e manter atualizado cadastro prévio na plataforma e-Psi junto ao respectivo Conselho Regional de Psicologia (CRP). (Continuação) Aconselhamento e psicoterapia 5 Neste capítulo, vimos que ainda há muito que se avançar no campo das psicoterapias, principalmente no debate relativo a ser ela ou não uma prática exclusiva dos psicólogos. Outro ponto relevante aqui demonstrado é que existem diversas psicoterapias, embasadas em diversas abordagens, que serão indicadas a depender do problema, do paciente, do tempo disponível, entre outras características que devem ser consideradas. Diferentes aplicações da psicoterapia As psicoterapias, além da multiplicidade de abordagens, também têm dife- rentes aplicações, que dependem da pluralidade inerente às circunstâncias associadas, como especificidades do paciente, tipo de demanda, objetivos, fase do ciclo vital, etc. Nesse sentido, Cordioli, Teche e Gomes (2019) apre- sentam questões que devem ser consideradas para avaliar qual é a melhor estratégia para cada paciente. Segundo os autores, por exemplo, deve-se investigar quais são os motivos da procura pelo tratamento, quais são os sintomas e problemas e os prejuízos que estes têm trazido para a sua vida, se já foi feito algum diagnóstico, etc. Nesta seção, vamos abordar as diferentes aplicações da psicoterapia. Ciclo vital A indicação e a definição de/para psicoterapia podem ser associadas ao ciclo vital no qual se encontra o paciente: infância, adolescência, fase adulta ou quando se é idoso (CORDIOLI; GREVET, 2019). Zavaschi et al. (2019) apresentam os focos da atenção na fase da infância, ressaltando a importância dos procedimentos iniciais de coleta de informações para a indicação do melhor tratamento, com entrevistas lúdica com a criança, entrevistas com os pais e outras fontes de informação. Durante a infância, os focos de atenção psicoterápica mais relevantes podem ser transtornos alimentares, dificuldade de aprendizagem, birras e comportamento agressivo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos de eliminação, recusa escolar, entre tantos outros. Durante a infância, geralmente entre 3 e 5 anos, é muito comum a pre- sença de crises de birra e comportamentos agressivos, em virtude do próprio desenvolvimento e por essa ser a fase em que a criança está descobrindo a autonomia e as vontades próprias. Apesar de geralmente não haver grandes consequências no seio familiar, deve-se observar a frequência e a intensidade dessas crises, pois, a depender da intensidade, da duração, da dificuldade Aconselhamento e psicoterapia6 para se acalmar e da variedade de contextos nos quais se repetem, pode ser necessárias uma investigação mais detalhada (ZAVASCHI et al., 2019). Com adolescentes, as estratégias para coletar as informações serão di- ferentes das utilizadas com crianças. Com adolescentes, já não cabe mais brincar, pois a capacidade de organizar a fala e verbalizar sentimentos e emoções já é maior, apesar de não ser plena. Porém, também é possível usar estratégias similares, como a entrevista com os pais ou outras fontes de informação. Nessa fase, as queixas mais comuns levadas aos consultórios são referentes a bullying, sexualidade e gestação, socialização, comportamento de automutilação e uso de substâncias (PICCIN et al., 2019). A questão da sexualidade é um desafio recorrente no tratamento de ado- lescentes, porque é a fase da descoberta real da sexualidade, das primeiras experiências, e os desejos por relações mais íntimas aumentam, acompanha- dos por muitas dúvidas e questionamentos. Estes se relacionam, por exemplo, à prática saudável do sexo como o uso de preservativos para evitar gestações e infecções sexualmente transmissíveis. O diálogo com os pais costuma ser mais tímido nessa fase, pois adolescentes sentem vergonha, sobretudo em casos de orientação sexual homossexual, que ainda é um tabu na nossa sociedade. Tudo isso pode causar ansiedade e levar a comportamentos de risco, de modo que a ajuda psicológica pode ser necessária (PICCIN et al., 2019). Na adolescência, é muito comum o abuso de substâncias, e a TCC é bastante indicada nesses casos. Ela trabalha vários fatores de risco comportamentais e emocionais individuais para o uso de substâncias,abordando as crenças e motivação para o uso. Piccin et al. (2019, p. 553) apresentam algumas das principais técnicas utili- zadas pela TCC para trabalhar com adolescentes nessas situações: � análise de vantagens e desvantagens; � identificação das crenças associadas ao uso de substâncias; � registro diário do uso de substâncias, inclusive contexto do uso e consequências; � identificação de situações de risco para recaídas; � planejamento de estratégias para evitar a recaída. Por sua vez, a psicoterapia com adultos tem uma aplicação ampla e diversa. Nos casos de adultos jovens (20 a 40 anos), estão muito presentes conflitos relacionados à identidade e às pressões para as escolhas, como que carreira seguir, quando casar e formar a própria família, ter ou não ter filhos, comprar Aconselhamento e psicoterapia 7 a casa própria e sair da casa dos pais, bem como a conflitos de valores e culturais entre as gerações. Já no adulto de meia idade (40 a 65 anos), temos a presença da crise de meia idade, na qual ele passa pela reflexão das escolhas feitas anteriormente, mudando-as ou consolidando-as. Todas essas coisas podem gerar sofrimento significativo, que necessite de acompanhamento psicoterápico (HAUCK et al., 2019). Depois de todas essas etapas do ciclo vital superadas, chega-se à fase de adulto idoso, população que vem crescendo muito nos últimos anos. Embora já tenham passado por diversos desafios durante a vida, alguns desafios ainda podem surgir e causar sofrimento elevado. Nesses casos, é altamente indicado o acompanhamento psicoterápico. Por exemplo, po- demos destacar contingências e acometimentos relacionados ao processo de envelhecimento, como depressão, ansiedade, demências do tipo não Alzheimer, Alzheimer, risco de suicídio, medo da morte, etc. (SCHÄFER; RIGOLI; KRISTENSEN, 2019). Schäfer, Rigoli e Kristensen (2019) abordam um ponto crucial da fase de adulto idoso e que acarreta muito sofrimento e até mesmo a presença de quadros de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão: o iso- lamento social. Conforme vamos envelhecendo, os nossos contatos sociais tendem a diminuir, tendo em vista que já estamos aposentados e os nossos filhos (se optamos por tê-los) constituíram as suas próprias famílias e já não vivem mais em casa. Ainda, limitações físicas e, em alguns casos, cognitivas podem restringir as saídas e os programas com os amigos. Tudo isso deve ser observado e, em caso de necessidade, deve ser proposta uma intervenção psicoterápica. Demanda específica Além das aplicações da psicoterapia em razão dos desafios apresentados pelos ciclos vitais, a psicoterapia pode ser indicada pelo tipo de demanda específica que emerge na prática clínica e até mesmo pelo perfil do paciente que procura ajuda. Por exemplo, para o tratamento de pacientes com quadro de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), é indicado o atendimento pela aborda- gem da TCC (com uso de técnicas como a exposição imaginária, em que o paciente conta ou imagina em detalhes o evento estressor) e pela terapia cognitiva (na qual o paciente aprende a lidar com pensamentos distorcidos sobre o evento). Ainda, pode ser indicada a terapia de dessensibilização e reprocessamento por meio dos movimentos oculares (EMDR, do inglês eye Aconselhamento e psicoterapia8 movement desensitization and reprocessing), em que o paciente deve pensar no evento traumático e nas emoções e nos pensamentos negativos associados, realizando movimentos oculares, conforme solicitado pelo psicoterapeuta (SOARES; LIMA, 2003). Em casos nos quais as famílias passam por grandes perdas, como a morte de um filho por acidente de carro, os familiares podem enfrentar momentos difíceis de aceitação e vivência do luto. Nesses casos, é indicada a utilização da terapia familiar, para que possam trabalhar o sofrimento de maneira sistêmica, visando ao reestabelecimento das relações de forma saudável (CORDIOLI; TECHE; GOMES, 2019). Para o atendimento de crianças diagnosticadas com o transtorno do es- pectro autista (TEA), a análise do comportamento aplicada, também chamada de ABA (do inglês applied behavior analysis), tem ganhado muito destaque nos últimos anos, em virtude das evidências e dos resultados apresentados. De acordo com os estudos de Medeiros (2021), são significativas as contribuições da ABA para a aprendizagem em pessoas com autismo, inclusive trazendo a possibilidade de os pacientes se tornarem independentes, levando em consideração tudo o que uma pessoa com autismo pode fazer se tiver o apoio adequado e a possibilidade de manter as habilidades alcançadas. Veja, no Quadro 2, as indicações e contraindicações para algumas das principais psicoterapias com base no diagnóstico, nas condições psicológicas e na realidade dos pacientes. Quadro 2. Indicações e contraindicações das principais psicoterapias Psicoterapia Indicações Contraindicações Condições pessoais Psicanálise Transtornos e traços de personalidade e do caráter disfuncionais, conflitos interpessoais (inclusive sexualidade e atrasos evolutivos), desejo de melhorar aspectos definidos da personalidade. Psicose, transtorno bipolar em episódio agudo, transtorno da personalidade antissocial, deficiência intelectual, transtornos neurocognitivos. Capacidade de pensar psicológico e de insight, interesse em se conhecer melhor, tolerância a frustrações, disponibilidade de tempo e dinheiro. (Continua) Aconselhamento e psicoterapia 9 Psicoterapia Indicações Contraindicações Condições pessoais Terapia cognitivo-- comportamental Depressão leve e moderada, transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo- -compulsivo, pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós- -traumático, fobias, transtornos alimentares, transtorno por uso de substâncias, insônia, esquizofrenia, transtorno somatoforme. Ausência de déficit cognitivo, transtornos da personalidade graves, transtorno mental orgânico, psicoses. Boa capacidade de pensar psicológico, motivação para mudança, aliança terapêutica satisfatória para identificar pensamentos disfuncionais e comunicá-los ao terapeuta. Terapia comportamental Fobias, transtorno obsessivo- -compulsivo, pânico, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos alimentares, disfunções sexuais, transtorno por uso de substâncias, esquizofrenia, autismo, deficiência intelectual, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, insônia e depressão grave. Ansiedade muito intensa, depressão grave, transtorno da personalidade esquizoide, intolerância a níveis elevados de ansiedade. Motivação, capacidade para tolerar níveis altos de ansiedade, de vincular-se ao terapeuta e de executar as tarefas programadas. (Continuação) (Continua) Aconselhamento e psicoterapia10 Psicoterapia Indicações Contraindicações Condições pessoais Terapia de família e de casal Crises evolutivas de família ou de casal, famílias e casais disfuncionais, conflitos intergeracionais, divórcio, doença crônica grave na família, disfunções sexuais. Psicose, transtorno da personalidade grave em um dos familiares, impossibilidade de estar presente, segredos que não podem ser revelados, tendência irreversível de ruptura. Honestidade nas comunicações, algum grau de coesão entre os membros, motivação para mudança dos padrões disfuncionais, flexibilidade. Fonte: Adaptado de Cordioli, Teche e Gomes (2019). Contudo, conforme comentado anteriormente, nem sempre é necessária ou possível a realização da psicoterapia nos moldes convencionais, de modo que outras formas de ajuda psicológica podem ser ofertadas, como o acon- selhamento psicológico. Na seção a seguir, vamos relacionar aconselhamento e psicoterapia com base nas suas aproximações e nos seus distanciamentos. Aproximações e distanciamentos entre aconselhamento psicológico e psicoterapia O aconselhamento,como originalmente proposto por Frank Parsons (1909), visava a “[...] promover ajuda a jovens em processo de escolha da carreira e em face à emergência de novas profissões e ocupações devido à Revolução Industrial” (SCORSOLINI-COMIN, 2014, p. 1), de modo a reconhecer as aptidões e habilidades dos jovens para encaminhá-los à profissão mais adequada. Scorsolini-Comin (2014) também trata da evolução do campo de aplicação do aconselhamento psicológico, o qual passou a ser visto como uma relação de ajuda para uma pessoa que buscava alívio para as tensões ou os problemas enfrentados nos diversos campos da vida. Até o ano de 1940, o aconselhamento psicológico ainda era utilizado como uma técnica diretiva, na qual um conselheiro conduzia o processo e a pessoa para um ponto específico, sendo geralmente associado aos campos da edu- cação e das organizações (SCORSOLINI-COMIN, 2015). Apenas com a proposta de Carl Rogers de uma abordagem centrada na pessoa (ACP) o aconselha- (Continuação) Aconselhamento e psicoterapia 11 mento ganhou uma nova roupagem, sofrendo uma grande transformação e aproximando-se da psicoterapia convencional. Contudo, o aconselhamento psicológico não foi influenciado apenas pela psicologia humanista de Rogers, mas também pelas visões das terapias fenomenológico-existenciais, com a Gestalt-terapia, por exemplo. Ao se questionar sobre o que é aconselhar, Scorsolini-Comin (2014) apre- senta a tarefa de aconselhar sob a visão do ACP como um processo de indicar caminhos e direções, criando condições para que a pessoa faça os próprios julgamentos e as próprias escolhas, guiando, assim, as suas ações. Conceitos fundamentais da ACP, proposta por Carl Rogers, incluem os seguintes (SANTOS, 2004). � Compreensão empática: é o processo de compreender o mundo do outro, sendo sensível às suas vivências e respeitando o ritmo das suas descobertas. � Não diretividade: o terapeuta não vai conduzir ou induzir o paciente para as respostas; ele deve explorar as potencialidades do cliente, provocando reflexões para que este chegue às próprias conclusões. � Tendência atualizante: todos têm uma vontade interna de se desenvolver e evoluir e são dotados de motivações, capacidades e potencialidades que possibilitam que isso ocorra. � Aceitação positiva incondicional: o terapeuta deve fornecer um espaço de acolhimento livre de julgamentos, em que as questões mais difíceis podem ser abertamente expostas e exploradas. � Congruência: refere-se à consistência interna por parte do terapeuta, fazendo as suas atitudes refletirem a forma como ele está se sentindo internamente, experimentando sentir e viver as próprias experiências durante o atendi- mento, sem deixar que elas interfiram no processo. Embora existam essas diferentes compreensões, Hackney e Nye (1977) destacam seis elementos comuns a todas as visões teóricas: 1. envolvem respostas aos sentimentos e pensamentos do cliente; 2. envolvem uma aceitação básica das percepções e dos sentimentos do cliente, independentemente da avaliação externa do aconselhador; 3. necessitam de caráter confidencial e da existência de condições am- bientais (setting) para que se estabeleça a relação de ajuda; 4. a demanda pelo aconselhamento deve partir da pessoa que busca ajuda; Aconselhamento e psicoterapia12 5. o foco está na vida daquele que busca ajuda, não na figura do aconselhador; 6. o foco está nos processos comunicativos entre aconselhador e cliente. Nesse contexto, para que uma intervenção seja bem-sucedida, deve seguir estas cinco etapas (SCORSOLINI-COMIN, 2014): 1. identificar a analisar problemas específicos; 2. ampliar a compreensão da pessoa acerca do problema; 3. avaliar os recursos pessoais existentes e que podem ser desenvolvidos para resolver o problema; 4. definir o potencial de mudanças dessas condições e atitudes pessoais; 5. empregar ações específicas e que podem contribuir para o processo de mudança e/ou transformação referente ao problema relatado. Ainda, para o sucesso do processo, é necessária a relação entre terapeuta e paciente, uma vez que a formação do vínculo baseada no acolhimento incondicional, livre de julgamento, e na postura congruente e empática é fundamental para o processo de autoconhecimento, crescimento pessoal e autorrealização (SCORSOLINI-COMIN, 2015). Aproximações e distanciamentos entre aconselhamento e psicoterapia Conhecendo-se as características e particularidades do aconselhamento e da psicoterapia, pode-se refletir acerca dos pontos que aproximam e distanciam essas modalidades, sendo possível diferenciá-los e identificá-los (MORELLI; SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2014). Segundo Morelli, Scorsolini-Comin e Santos (2014), o aconselhamento psicológico consiste em um processo estruturado de ajuda a partir do esta- belecimento de uma relação entre a pessoa e um conselheiro, na qual seja possível que o profissional ajude o paciente a tomar consciência de si, das suas limitações e potencialidades. O intuito é a resolução de um problema por meio do diálogo e da consideração positiva acerca da pessoa que busca auxílio. O aconselhamento é considerado uma modalidade diferente da psicotera- pia, embora se assemelhem em alguns aspectos. O primeiro é um processo de curta duração, com foco em resolução dos problemas, ajudando os pacientes a reconhecerem os seus recursos e as suas potencialidades. A segunda, Aconselhamento e psicoterapia 13 por sua vez, está muito mais relacionada com a mudança de estrutura da personalidade, de complexidade mais profunda, necessitando de um tempo mais longo para análise e intervenção por parte do terapeuta (SCOSOLINI- -COMIN, 2015). Para Scorsolini-Comin (2014, p. 4), a principal diferença entre o aconselhamento e a psicoterapia é que esta consiste no “[...] tratamento de perturbações da personalidade ou da conduta por meio de métodos e técnicas psicológicas”, sendo indicada quando o “[...] aconselhamento não seria suficiente para conduzir os processos de mudanças e de crescimento necessários”. Embora se diga que a psicoterapia é mais “profunda e intensa” que o aconselhamento, para Scorsolini-Comin (2014), tanto a psicoterapia quanto o aconselhamento podem apresentar essa profundidade e intensidade, de- pendendo do modo como a relação de ajuda for estabelecida e o vínculo terapêutico for criado. Para Schmidt (2012), as principais diferenças entre os dois reside em que o aconselhamento tem um caráter de apoio situacional, centrado nas potencialidades e nas dimensões conscientes, demandando menor tempo para resolução, enquanto a psicoterapia estaria mais focada na resolução de problemas emocionais e patologias, tendo caráter remediativo e demandando maior tempo de construção do processo para acessar as dimensões mais profundas do indivíduo. Por outro lado, podemos identificar pontos de aproximação entre aconse- lhamento e psicoterapia, como, por exemplo, o fato de o foco do acompanha- mento ser o cliente, não o seu problema ou o seu diagnóstico. O importante é a condução por um profissional facilitador desse processo de crescimento pessoal e de autorrealização, conforme havia sido proposto por Rogers. Na abordagem de Rogers, o psicólogo não está focado em conselhos, informações ou interpretações; ele está ali para facilitar, refletir e vivenciar os sentimentos do paciente. Assim, é possível, mais uma vez, observar a aproximação do aconselhamento com a psicoterapia, mesmo com as diferenças na postura do psicoterapeuta frente ao seu paciente, a depender da abordagem. O fato que é ambas tem a centralidade na pessoa e na condução do seu processo de mudança (SCOSOLINI-COMIN, 2014). Para Barros e Holanda (2007), essas duas formas de terapia se aproximam na medida em que a psicoterapia é ampla e abarca diversas possibilidades de atuação, de modo que variam os cenários e contextos em que ela pode ser aplicada. De fato, o aconselhamento não necessita de um espaço específico. Ainda, os autores apontam para ofato de o aconselhamento ser considerando uma clínica em sentido preventivo, já que, do seu atendimento, pode surgir o encaminhamento para a psicoterapia, por exemplo. Aconselhamento e psicoterapia14 Como vimos ao longo deste capítulo, existem diversas modalidades de psicoterapia, que variam de acordo com o ciclo vital, o tratamento indicado e o perfil de cada pessoa. Para casos mais contextuais e que demandam menos tempo de tratamento, pode-se indicar o uso do aconselhamento psicológico. Já para casos mais complexos, de natureza existencial ou de reestruturação da personalidade, que demandam mais tempo, pode ser indicada uma das abordagens da psicoterapia convencional. Referências BARROS, F.; HOLANDA, A. O aconselhamento psicológico e as possibilidades de uma (nova) clínica psicológica. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 13, nº 1, p. 75-95, 2007. BRASIL. Lei nº 4.119, de 27 de gosto de 1962. Parte vetada pelo Presidente da República e mantida pelo Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei nº 4.119, de 27 de agôsto de 1962 (que dispõe sôbre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão de Psicologista. Diário Oficial da União, Brasília, 5 set. 1962. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm. Acesso em: 17 set. 2021. BRASIL. Resolução nº 4, de 26 de março de 2020. Dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados por meio de Tecnologia da Informação e da Comuni- cação durante a pandemia do COVID-19. Diário Oficial da União, Brasília, 30 mar. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-4-de-26-de-marco- -de-2020-250189333. Acesso em: 17 set. 2021. CASTANHEIRA, N. P.; GREVET, E. H.; CORDIOLI, A. V. Aspectos conceituais e raízes históricas das psicoterapias. In: CORDIOLI, A. V.; GREVET, E. H. (org.). Psicoterapias: abordagens atuais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. 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