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REGISTRO 
DE TÍTULOS E 
DOCUMENTOS
Sabrina Gomes Freitas
Ordem de serviço no 
registro de títulos 
e documentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a competência do oficial registrador, as suas prerrogativas 
notariais e as garantias do registro de documentos.
  Reconhecer a natureza pública do serviço extrajudicial delegado.
  Identificar a função suplementar do cartório de registro de títulos e 
documentos.
Introdução
O art. 5° da Lei dos Cartórios, também conhecida como Lei dos Notários 
e Registradores (Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994), define os 
titulares de serviços notariais e de registro. De acordo com esse artigo, 
tais profissionais são aqueles que realizam as atividades de lavratura de 
escrituras, procurações, protestos, registros de nascimento, de operações 
imobiliárias e de títulos, entre outras.
A competência do oficial notário e registrador é delegada pelo poder 
público mediante concurso público. A Lei de Registros Públicos (LRP 
— Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973), a Lei de Notários e Regis-
tradores, o Código Civil, a Constituição Federal de 1988 e legislações 
esparsas preveem as garantias, atribuições e prerrogativas relacionadas 
a tal competência.
Neste capítulo, você vai estudar a competência do oficial registrador, 
as suas prerrogativas notariais e as garantias do registro de documentos. 
Você também vai verificar a natureza pública do serviço extrajudicial 
delegado. Por fim, vai ver qual é a função suplementar do cartório de 
registro de títulos e documentos.
1 Competência do oficial registrador e 
garantias do registro de documentos
O art. 6º da Lei nº. 8.935/1994 traz a competência geral dos tabeliães de notas 
(BRASIL, 1994). O art. 7º, por sua vez, traz a competência exclusiva, isto é, 
os atos que só podem ser praticados pelos tabeliães de notas. Já o art. 8º trata 
da regulamentação da lei sobre a atividade notarial, estabelecendo que é livre 
a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o 
lugar de situação dos bens que são objeto do ato ou negócio.
O art. 9º determina que o tabelião de notas não pode praticar atos de seu 
ofício fora do município para o qual recebeu delegação. Além disso, as cor-
regedorias estaduais regulamentam as atividades notariais no âmbito de cada 
estado da federação. As atividades de tabeliães e oficiais de registro de contratos 
marítimos estão previstas no art. 10. Já as atividades de tabeliães de protesto 
de títulos estão previstas no art. 11 da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994).
Agora, veja quais são as garantias fundamentais da atividade notarial e 
registral: autenticidade, segurança, eficácia e publicidade dos atos jurídicos 
previstos no art. 1º da Lei nº. 6.015/1973 e no art. 1º da Lei nº. 8.935/1994, 
como valores probantes devido à fé pública dos notários e registradores (art. 
3º da Lei nº. 8.935/1994), além da conservação dos registros (arts. 23 a 27 da 
Lei nº. 6.015/1973 e arts. 6 e 46 da Lei nº. 8.935/1994).
O sistema notarial está dividido em três modalidades: notas; protesto de 
títulos; e contratos marítimos e registrais em Registros de Imóveis e Registros 
de Títulos e Documentos. Entre as disposições referentes à ordem de serviço, 
o art. 15 da LRP prevê situação em que o oficial registrador está impedido 
de praticar o ato devido ao grau de parentesco entre ele e o interessado no 
registro (CASSETTARI, 2018). Essa previsão sobre a limitação por parentesco 
também se encontra no art. 27 da Lei nº. 8.935/1994.
Segundo Ceneviva (2010), parentesco com o interessado no registro, até 
o terceiro grau, é impediente de atuação direta do serventuário, que deve 
passar a seu substituto a responsabilidade do ato. O mesmo ocorre quando o 
interesse seja do próprio oficial. A lei não faz referência expressa a registro de 
interesse do cônjuge do serventuário. No entanto, existe o impedimento, pois 
o interesse do oficial se confunde com o do cônjuge, independentemente do 
regime de bens, e o do companheiro ou companheira, em face de união estável.
As atividades notariais e de registro devem ser prestadas em conformidade 
com as peculiaridades locais, em dias e horários estabelecidos pelo juízo. No 
caso do Registro Civil de Pessoas Naturais, os serviços podem ser prestados aos 
Ordem de serviço no registro de títulos e documentos2
sábados, domingos e feriados, sob sistema de plantão. O atendimento ao público 
deve ser de, no mínimo, seis horas (art. 4º, §§ 1º e 2º da Lei nº. 8.935/1994).
É considerado nulo o registro lavrado fora das horas regulamentares ou em 
dias em que não houver expediente, sendo civil e criminalmente responsável o 
oficial que der causa à nulidade (art. 9 da Lei nº. 6.015/1973) (BRASIL, 1973). 
Além disso, deve ser respeitada a ordem de precedência nas apresentações 
dos títulos e nos horários predeterminados, exceto os de registro civil de 
pessoas naturais, que não podem ser adiados (art. 10, parágrafo único, da Lei 
nº. 6.015/1973) (BRASIL, 1973).
Por disposição do art. 13 da Lei nº. 6.015/1973, quando as anotações e 
averbações não forem obrigatórias, as atividades registrais serão por: ordem 
judicial; requerimento verbal ou escrito dos interessados; ou requerimento do 
Ministério Público, quando a lei autorizar.
O Registro de Títulos e Documentos tem atribuição ampla e subsidiária. 
Ele pode recepcionar todo e qualquer documento que não for atribuído a outro 
ofício — competência residual do Registro de Títulos e Documentos — ou 
para o qual inexista órgão de registro público competente — competência 
supletiva do Registro de Títulos e Documentos.
Em conformidade com o art. 3º da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994), que 
regulamenta o art. 236 da Constituição Federal de 1988, os titulares dos serviços 
notariais e de registro que recebem delegação do Estado para prestar o serviço 
extrajudicialmente são chamados de “notários” (ou “tabeliães”) e “oficiais de 
registro” (ou “registradores”). Eles podem se enquadrar nas categorias listadas 
a seguir, com funções acrescidas pela LRP (BRASIL, 1994; 1973).
  Serviços de notas: lavram escrituras e procurações públicas; lavram 
testamentos públicos e aprovam os cerrados; lavram atas notariais; 
reconhecem firmas; autenticam cópia (arts. 6º e 7º da Lei nº. 8.935/1994).
  Serviços de protestos de títulos: protocolam de imediato os documentos 
de dívida, para prova do descumprimento da obrigação; intimam os 
devedores dos títulos a aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los, sob pena 
de protesto; recebem o pagamento dos títulos protocolizados, dando 
quitação; lavram o protesto, registrando o ato em livro próprio, em 
microfilme ou sob outra forma de documentação; acatam o pedido de 
desistência do protesto formulado pelo apresentante; averbam o can-
celamento do protesto e efetuam as alterações dos registros efetuados, 
quando necessário (art. 11 da Lei nº. 8.935/1994).
3Ordem de serviço no registro de títulos e documentos
  Serviços de registro de imóveis: fazem, nos termos da lei, o registro e 
a averbação dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos 
e extintivos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei para sua 
completa eficácia e validade reconhecida (art. 172 da Lei nº. 6.015/1973 
e art. 12 da Lei nº. 8.935/1994).
  Serviços de registro de títulos e documentos e de registro civil 
das pessoas jurídicas: registram os contratos, os atos constitutivos, 
o estatuto ou os compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, 
morais, científicas ou literárias, bem das fundações e das associações de 
utilidade pública; e registram, facultativamente, quaisquer documentos, 
para sua conservação, cabendo-lhes também a realização de quaisquer 
registros não atribuídos expressamente a outro ofício registral (art. 115 
da Lei nº. 6.015/1973 e art. 12 da Lei nº. 8.935/1994).
  Serviços de registro civil das pessoas naturais: registram os nasci-
mentos, casamentos, óbitose emancipações; as interdições; as sentenças 
declaratórias de ausência; as opções de nacionalidade; as sentenças que 
deferirem a legitimação adotiva (art. 29 da Lei nº. 6.015/1973).
  Serviços de registro de contratos marítimos: lavram os atos, contratos 
e instrumentos relativos a transações de embarcações a que as partes 
devam ou queiram dar forma legal de escritura pública; registram os 
documentos da mesma natureza; reconhecem firmas em documentos 
destinados a fins de direito marítimo; expedem traslados e certidões 
(art. 10 da Lei nº. 8.935/1994).
  Serviços de registro de distribuição: quando previamente exigido, 
procedem à distribuição equitativa pelos serviços da mesma natureza, 
registrando os atos praticados; em caso contrário, registram as co-
municações recebidas dos órgãos e serviços competentes; efetuam as 
averbações e os cancelamentos de sua competência; expedem certidões 
de atos e documentos que constem de seus registros e papéis (art. 13 
da Lei nº. 8.935/1994).
Essas atividades notariais e de registro, mencionadas no art. 236, § 1º, da 
Constituição Federal, estão sujeitas às infrações disciplinares e penalidades 
previstas nos arts. 31 a 36 da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994). Elas também 
estão sujeitas à fiscalização do Judiciário, como previsto no art. 37 da mesma 
lei, em conformidade com o comando constitucional.
Ainda, no art. 236, § 2º, da Constituição Federal, há a previsão dos emo-
lumentos, regulamentados pela Lei nº. 10.169, de 29 de dezembro de 2000 
(BRASIL, 2000). Tal lei prevê normas gerais para a fixação de emolumentos 
Ordem de serviço no registro de títulos e documentos4
concernentes aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. Ela 
esclarece que cabe aos estados e ao Distrito Federal a fixação do valor dos 
emolumentos relativos aos atos praticados pelos respectivos serviços notariais e 
de registro, observadas as normas gerais. O valor fixado para os emolumentos 
deve corresponder ao efetivo custo e à adequada e suficiente remuneração 
dos serviços prestados.
2 Natureza pública do serviço extrajudicial 
delegado
A Constituição Federal preceitua, em seu art. 22, XXV, que compete privati-
vamente à União legislar sobre registros públicos. No mesmo diploma legal, 
o art. 236 dispõe sobre a atividade notarial e de registro. Veja:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, 
por delegação do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e cri-
minal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a 
fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos 
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público 
de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem 
abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses 
(BRASIL, 1988, documento on-line).
Agora, veja os seguintes comentários à legislação notarial e de registros 
públicos:
os registros públicos e notariais são atividades que constituem funções pú-
blicas e que, por força do disposto no art. 236 da Constituição Federal, não 
são executadas diretamente pelo Estado, e sim por meio de delegação (e não 
concessão). Na delegação, o Estado mantém a titularidade e transfere apenas 
o poder de prestar o serviço.
Na explicação de Celso Antônio Bandeira de Mello, a delegação de servi-
ços notariais e de registro e a concessão de serviços públicos são institutos 
jurídicos que têm acentuados pontos de contato. O que substancialmente os 
diferencia é que no primeiro caso está [sic] em pauta atividades jurídicas e 
no segundo atividades materiais. Sem embargo, sobre serem, igualmente, 
formas de exercício de atividades públicas por particulares.
5Ordem de serviço no registro de títulos e documentos
É importante destacar que a atividade registral, embora pública (estatal), é 
prestada em caráter privado por um particular, por meio de delegação, cujo 
titular é um profissional do direito, dotado de fé pública, exercendo-a por 
sua conta e risco. O ingresso na carreira se dá por meio de concurso público 
de provas e títulos, na forma do art. 14 e seguintes da Lei 8.935/1994 e das 
Resoluções 80/2009 e 81/2009 do Conselho Nacional de Justiça (EL DEBS, 
2018, p. 4).
O ingresso na atividade notarial e de registro com submissão ao concurso 
público está previsto no art. 236, § 3º, da Constituição Federal. O Supremo 
Tribunal Federal (STF), na ocasião do julgamento do Mandado de Segurança nº. 
28.279, publicado em 29 de abril de 2011, de relatoria da ministra Ellen Gracie, 
afirmou que a norma é autoaplicável, sendo inconstitucional o provimento 
de serventia extrajudicial sem a devida submissão a concurso público. Para a 
corte guardiã da Constituição, “[...] os princípios republicanos da igualdade, 
da moralidade e da impessoalidade devem nortear a ascensão às funções 
públicas” (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2009, documento on-line).
Com o intuito de padronizar o concurso público, o Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ), reconhecido como ente fiscalizatório pelo STF, editou as Reso-
luções nº. 80 e nº. 81. Essas resoluções dispõem sobre os concursos públicos de 
provas e títulos para a outorga das delegações de notas e de registro. Além disso, 
o CNJ confeccionou a minuta de edital, tornando o procedimento uniforme.
3 Função suplementar do cartório de registro 
de títulos e documentos
Nos Registros de Títulos e Documentos, são registrados os documentos que a 
legislação do País não atribuiu aos demais ofícios, por competência residual 
ou suplementar, por força do art. 127, parágrafo único, da Lei nº. 6.015/1973.
Com relação à competência residual dos Registros de Títulos e Documentos, 
veja o que afirma Batalha (1997, p. 327):
Quaisquer documentos poderão ser registrados no Registro de Títulos e Docu-
mentos, facultativamente, para autenticidade de texto e data, bem como para 
sua conservação nas hipóteses de perda ou extravio. Por outro lado, quaisquer 
registros, não atribuídos expressamente a outro ofício, poderão ser efetuados 
no registro de Títulos e Documentos, que desempenha, dessarte, função 
residual em relação aos demais registros que são específicos e só abrangem 
os documentos expressamente referidos.
Ordem de serviço no registro de títulos e documentos6
De acordo com a Associação de Notários e Registradores (Anoreg), o Registro de Títulos 
e Documentos se diferencia do Registro de Imóveis porque este pretende proteger 
um fim — o direito de propriedade. No Registro de Imóveis, o que se registra é o 
negócio substancial extraído do título, como compra e venda, hipoteca e usufruto. Já 
no Registro de Títulos e Documentos, a intenção é a defesa do próprio meio, isto é, do 
título ou documento, independentemente de consubstanciar um ou mais negócios, 
atos ou contratos — o meio de prova que dá ensejo à proteção de eventual direito 
ou obrigação.
Nesse caso, se for apresentado no Registro de Títulos e Documentos um instrumento 
de contrato de mútuo, de abertura de crédito ou de financiamento, com garantia de 
penhor, caução ou alienação fiduciária de bem móvel, não se faz um registro para 
cada contrato coligado, mas um único registro. Assim, no Registro de Imóveis, são 
fundamentais o conteúdo e a forma. Já no Registro de Títulos e Documentos, essa 
importância é relativa (SIQUEIRA, [20--?]).
As atribuições estão previstas no art. 127. Veja:
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição: 
(Renumerado do art. 128 pela Lei nº 6.216, de 1975).
I — dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações convencio-
nais de qualquer valor;
II — do penhor comum sobre coisas móveis;
III — da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal, 
estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador;
IV — do contrato de penhorde animais, não compreendido nas disposições 
do art. 10 da Lei nº 492, de 30-8-1934;
V — do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
VI — do mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento para 
sua vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face de terceiros 
(art. 19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-4-1934);
VII — facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Documentos a realização 
de quaisquer registros não atribuídos expressamente a outro ofício (BRASIL, 
1973, documento on-line).
7Ordem de serviço no registro de títulos e documentos
Veja exemplos de documentos que podem ser registrados para conservação (com-
petência suplementar): diplomas, certificados, carteiras trabalhistas (único modo 
de recuperar informações de anos trabalhados, férias, salários e dezenas de outras 
anotações), títulos de eleitor e comprovantes de votação (o tamanho reduzido facilita 
o extravio), carteiras de motorista, cartões do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica 
(CNPJ) e do Cadastro de Pessoa Física (CPF), documentos de identificação, cartões de 
vacinas, cartas, notas fiscais (CARTÓRIO LEITE BORGES, c2020).
O art. 127 da Lei nº. 6.015/1973 enumera algumas atribuições que são 
entendidas pela doutrina como meramente exemplificativas, posto que o 
art. 425 do Código Civil vigente permite a elaboração de contratos atípicos, 
não previstos pelo art. 127 da LRP. Além disso, esse diploma legal prevê a 
facultatividade dos registros (BRASIL, 1973).
O registro de qualquer documento ou título tem a função precípua de dar 
publicidade e conservar os meios pelos quais se instrumentalizam direitos e 
obrigações. Veja o que afirma Loureiro (2017, p. 439–440):
A principal função do Serviço de Registro de Títulos e Documentos, mas 
não a única, é dar publicidade a títulos, documentos e instrumentos privados. 
Outra função, não menos relevante — notadamente em nossa sociedade de 
informação —, é o registro de quaisquer documentos, para fins de conservação 
(art. 127, VII, da Lei 6.015, de 1973). [...]
No Registro de Títulos e Documentos, ao contrário, não se visa constituir 
direitos, mas sim conferir publicidade e conservação aos meios pelos quais se 
instrumentalizam os direitos e obrigações: os títulos e instrumentos. Não se 
trata, portanto, de um registro de bens móveis ou direito, tais como existentes 
em outros ordenamentos jurídicos, mas dos títulos e instrumentos que garan-
tem a prova, a validade e a eficácia dos direitos e obrigações neles inscritos.
Já o registro dos documentos enumerados no art. 129 da LRP é obrigatório 
para que tais documentos sejam oponíveis a terceiros. Desse modo, abrange-se, 
além dos signatários, pessoas estranhas aos documentos. Entre as partes, o 
documento vale independentemente do registro. Veja:
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para 
surtir efeitos em relação a terceiros:
1º) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do artigo 
167, I, nº 3;
Ordem de serviço no registro de títulos e documentos8
2º) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em garan-
tia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado dos 
respectivos instrumentos;
3º) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja qual 
for a natureza do compromisso por elas abonado;
4º) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras repartições;
5º) os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de domínio 
ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de alienação ou de 
promessas de venda referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária;
6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das 
respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer 
instância, juízo ou tribunal;
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem 
como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam;
8º) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões judi-
ciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a entrega, pelas 
alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias procedentes do exterior.
9º) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação e de 
dação em pagamento (BRASIL, 1973, documento on-line).
Em síntese, como regra geral, o registro em Registro de Títulos e Docu-
mentos é facultativo. Ele é obrigatório apenas em algumas situações, como 
aquelas previstas no art. 129, bem como em outras leis esparsas. Por fim, o 
art. 130 do mesmo diploma legal prevê o seguinte: “Dentro do prazo de vinte 
dias da data da sua assinatura pelas partes, todos os atos enumerados nos arts. 
127 e 129 serão registrados no domicílio das partes contratantes e, quando 
residam estas em circunscrições territoriais diversas, far-se-á o registro em 
todas elas” (BRASIL, 1973, documento on-line).
BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, 5 abr. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 10 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, 
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 31 dez. 1973. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015original.htm. Acesso em: 10 abr. 2020.
9Ordem de serviço no registro de títulos e documentos
BRASIL. Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da Constitui-
ção Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios). Diário 
Oficial da União, 21 nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L8935.htm. Acesso em: 10 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 10.169, de 29 de dezembro de 2000. Regula o § 2o do art. 236 da 
Constituição Federal, mediante o estabelecimento de normas gerais para a fixação 
de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. 
Diário Oficial da União, Brasília, 30 dez. 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/LEIS/L10169.htm. Acesso em: 14 abr. 2020.
CARTÓRIO LEITE BORGES. Registro de Títulos e Documentos: registro de títulos e docu-
mentos (127 a 166 da Lei 6015/73). c2020. Disponível em: http://cartorioleiteborges.
com.br/paginas/view/15/Registro-de-Titulos-e-Documentos. Acesso em: 13 abr. 2020.
CASSETARI, C. (coord.). Registro de títulos e documentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
CENEVIVA, W. Lei dos registros públicos comentada. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
EL DEBS, M. Legislação notarial e de registros públicos comentada. Salvador: Juspodivm, 2018.
LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2017.
SIQUEIRA, G. P. de. Módulo RI, RTD e RCPJ. [20--?]. Disponível em: https://www.anoreg.
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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MS 28.279: mandado de segurança. 2009. Disponível em: 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3766866. Acesso em: 13 abr. 2020.
Leituras recomendadas
BRASIL. A constituição e o supremo. 4. ed. Brasília: Secretaria de Documentação, 2011. 
(E-book).
BRASIL. Decreto nº. 24.150, de 20 de abril de 1934. Regula as condições e processo 
de renovamento dos contratos de locação de imóveis destinados a fins comerciais 
ou industriais. Diário Oficial da União, Brasília, 8 abr. 1974. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D24150.htm. Acesso em: 13 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 492, de 30 de agosto de 1937. Regula o penhor rural e a cédula pigno-
ratícia. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 1 set. 1937. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L0492.htm. Acesso em: 13 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. DiárioOficial 
da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 10 abr. 2020.
RIBEIRO NETO, A. C. O alcance social da função notarial no Brasil. Florianópolis: Conceito 
Editorial, 2008.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A constituição e o supremo. c2020. Disponível em: http://
www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=2079. Acesso em: 13 abr. 2020. 
Ordem de serviço no registro de títulos e documentos10
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11Ordem de serviço no registro de títulos e documentos

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