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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 05 Bem vindos a quinta aula do curso de Administração Pública para Tribunais! Estamos na metade do curso, o que já é bastante coisa. Por isso, respirem fundo porque ainda temos uma caminhada importante pela frente. Nessa aula veremos os seguintes itens: Aula 05 – 29/04: Novas tecnologias gerenciais: reengenharia e qualidade; impactos sobre a configuração das organizações públicas e sobre os processos de gestão. Para entendermos melhor tanto a reengenharia quanta a qualidade é preciso que conheçamos a gestão por processos. Veremos que a reengenharia é definida como o redesenho de processos e a qualidade é analisada dentro dos processos. Por isso estou colocando esse item antes. Boa Aula! Sumário 1 GESTÃO POR PROCESSOS................................................................................................................................ 2 1.1 GESTÃO POR PROCESSOS X VISÃO TRADICIONAL ........................................................................................................... 5 1.2 MELHORIA DE PROCESSOS ........................................................................................................................................ 8 1.3 TÉCNICAS LIGADAS À GESTÃO POR PROCESSOS ............................................................................................................ 11 2 REENGENHARIA ............................................................................................................................................. 18 2.1 PRINCÍPIOS DA REENGENHARIA ............................................................................................................................... 21 2.2 IMPLANTAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS DA REENGENHARIA ................................................................................................. 24 2.3 A REENGENHARIA NO SETOR PÚBLICO ...................................................................................................................... 26 3 QUALIDADE TOTAL ........................................................................................................................................ 27 3.1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE ................................................................................................................................ 30 4 FLEXIBILIDADE ORGANIZACIONAL ................................................................................................................. 38 5 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 41 5.1 QUESTÕES COMENTADAS ....................................................................................................................................... 48 5.2 GABARITO ........................................................................................................................................................... 62 CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 2 1 Gestão por Processos A primeira coisa que precisamos ver é o conceito de processo. Vamos ver uma questão do CESPE: 1. (CESPE/SEBRAE/2008) Processo é a ordenação específica de atividades de trabalho no tempo e no espaço; portanto, deve ter começo, fim, insumos e resultados claramente identificados. Segundo Davenport: Processo é uma ordenação específica de atividades de trabalho no tempo e no espaço, portanto, devem ter começo, fim, insumos e resultados claramente identificados. A questão 01 é certa, cópia dessa definição. Processos são sequências de ações ou eventos que levam a um determinado fim, resultado ou objetivo. A relação fundamental entre os processos é que há uma entrada de alguma coisa, uma etapa de transformação dessa coisa e uma saída de outra coisa. Por exemplo, fazer um bolo é um processo. Temos algumas entradas: a farinha de trigo, os ovos, o leite o açúcar. Depois da transformação, temos a saída, que no caso é o bolo pronto. Vamos ver mais algumas definições de processo: ISO 9000 Conjunto de atividades inter-relacionadas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas) Guia de Simplificação de Processos do Gespública Conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em serviços/ produtos (saídas) São definições muito semelhantes, que abordam a transformação de entradas em saídas. Os insumos são as entradas do processo, é aquilo que será consumido (transformado) para gerar o produto ou serviço. Eles podem ser produtos acabados ou intermediários, ou ainda serviços ou informações (saídas) de outros processos. Produto é o resultado de um processo. Pode ser um serviço, uma informação, um material, um equipamento. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 3 Ainda podemos falar em outros elementos num processo. Assim, além das entradas e saídas, temos os clientes e fornecedores, os mecanismos e os controles. Cliente é a organização, unidade organizacional ou pessoa que recebe um produto, serviço ou informação gerado pelo processo, podendo ser interno ou externo à organização. Já o fornecedor é a organização, unidade organizacional ou pessoa que fornece um produto, serviço ou informação, e também pode ser interno ou externo à organização. No exemplo, o cliente é aquele que vai comer o bolo e fornecedor são aqueles de quem compramos os insumos, como o supermercado. Mecanismo é aquilo que possibilita a execução do processo, mas não é consumido por ele. No exemplo do bolo, são mecanismos: a forma, a batedeira, o forno. E o controle envolve as regras e restrições associadas ao processo. No nosso exemplo, um controle é a receita do bolo. Agora que já vimos os conceitos básicos de processo, vamos entrar na gestão de processos. As organizações, governamentais ou privadas, têm objetivos, e, para alcançar tais objetivos, elas organizam suas atividades de determinadas maneiras, que são os processos. Segundo o Guia de Simplificação do Gespública, existem dois tipos de processos: os processos finalísticos e os processos de apoio. � Processos finalísticos são aqueles em função dos quais a organização existe. Os processos finalísticos são produzidos pra o cliente externo, que reconhece a organização em função deles. � Os processos de apoio, que também podem ser chamados de processos de suporte ou processos-meio, são aqueles que criam as condições necessárias para que os processos finalísticos sejam realizados. Por exemplo, processos de limpeza do prédio, processos de aquisição de computadores, processos de gestão de pessoas/recursos humanos etc. Inclusive, em algumas empresas, alguns dos processos de apoio podem ser terceirizados. Os processos de apoio incluem os processos decisórios, os processos de medição de desempenho etc. � Alguns ainda mencionam um terceiro tipo, os processos gerenciais, que envolveriam o estabelecimento de estratégias e políticas e suas ações de controle. Estão relacionados com o estabelecimento de indicadores de desempenho e às formas de avaliação dos resultados. Essa classificação recebe outras denominações. Tadeu Cruz, por exemplo, chama os processos finalísticos de processos primários e os processos de apoio de processos secundários. Já Harrington subdivide os processos existentes dentro da organização, em CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAISPROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 4 processo produtivo e processo empresarial. Processo produtivo é “qualquer processo que entra em contato físico com o produto ou serviço que será fornecido a um cliente externo, até o ponto em que o produto é embalado. Não inclui os processos de transporte e distribuição”. Os processos empresariais são “todos os processos que geram serviço e os que dão apoio aos processos produtivos (por exemplo, processos de atendimento de pedidos, de mudança de engenharia, etc.). Outra classificação envolve o nível de agregação de processos, a sua hierarquia. Segundo o Ministério do Planejamento: � Macroprocessos: Grandes conjuntos de atividades pelos quais a organização cumpre a sua missão, gerando valor. Correspondem às funções da organização que devem estar alinhadas aos objetivos de suas unidades organizacionais. � Processos: Cada macroprocesso engloba vários processos, por meio dos quais são viabilizados os resultados pretendidos pela organização. Tais processos têm início e fim bem determinados, numa sucessão clara e lógica de ações interdependentes que geram resultados. � Subprocessos: Constituem-se em um nível maior de detalhamento dos processos, que demonstra os fluxos de trabalho e atividades sequenciais e interdependentes, necessárias e suficientes para a execução de cada processo da organização. � Atividade: é a ação executada que tem por finalidade dar suporte aos objetivos da organização. As Atividades correspondem a “o quê” é feito e “como” é feito durante o processo. “o quê” é feito e descrito no Atributo Nome e “como” é feito no Atributo Descrição da Atividade. A descrição do objeto “Atividade” deve seguir o padrão de iniciar a frase com o verbo no infinitivo, ex.: “Atender Demandas”. � Eventos: são resultados de alguma atividade/ação ou são utilizados para representar acontecimentos temporais (Exemplo de eventos temporais: no final do exercício, semestralmente, diariamente). Estes objetos controlam ou influenciam as próximas atividades do processo, disparando a execução de uma ou mais delas. Os Eventos seguem o padrão de ser descrito com o verbo no particípio passado, ex.: “Demandas Atendidas”. O macroprocesso é um processo que geralmente envolve mais de uma função da organização, e cuja operação tem impacto significativo nas demais funções da organização. Por exemplo, podemos ter um macroprocesso que é atender o cliente. Ele passa por mais de um departamento. Os processos então seriam: cadastrar o cliente, informar o cliente, processar documentação. Como subprocessos desse último: receber CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 5 documentação, analisar documentação, encaminhar documentação. Como tarefas desse último: copiar documentos, preparar ofício de encaminhamento, enviar documentação, arquivar cópia da documentação. Podemos falar ainda em processo verticais e horizontais. Segundo José Ernesto Lima Gonçalves: � Verticais: usualmente se referem ao planejamento e ao orçamento empresarial e se relacionam com a alocação de recursos escassos (fundos e talentos); � Horizontais: são desenhados tendo como base o fluxo do trabalho. O trabalho nos processos horizontais pode ser realizado de diversas maneiras, gerando três tipos de processos horizontais: Voluntários: ocorrem por meio do contato voluntário entre os membros do grupo por iniciativa dos envolvidos; Formais: definidos previamente por meio de documentos formais; Coordenados: que exigem times de organização mais complexa e formal. 1.1 GESTÃO POR PROCESSOS X VISÃO TRADICIONAL Os gerentes têm buscado meios para transformarem suas organizações em sistemas mais flexíveis que enfatizam uma resposta rápida e o foco no cliente. Há uma tendência de quebra das barreiras entre os departamentos, e muitas empresas estão adotando estruturas horizontais, baseadas nos processos de trabalho em vez de funções departamentais. A visão tradicional ou vertical de uma organização apresenta uma estrutura funcional, onde as atividades pertencentes a uma mesma área técnica ou de conhecimento são agrupadas em uma mesma unidade administrativa. Esta estrutura propicia uma visão distorcida da organização. Primeiramente, ela não mostra os clientes (para quem produz); em segundo lugar não são vistos os produtos/serviços fornecidos aos clientes (o que produz) e finalmente não se tem ideia do fluxo de trabalho por meio do qual são desenvolvidos, produzidos e entregues o produto/serviço (como produz). Por esta visão, os executivos tendem a gerenciar a organização de maneira vertical e funcional. Os departamentos se isolam uns dos outros e os assuntos inter- departamentais não são discutidos pelos funcionários de níveis inferiores. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 6 Neste caso, o fluxo de trabalho com frequência passa de um departamento para outro, cada um com suas próprias metas e medidas. Estas transferências causam inúmeros problemas, tais como: � são lentas, as filas aumentam o tempo necessário para a conclusão do trabalho; � há erros de comunicação entre diferentes departamentos; � os custos são altos, já que nem todas as tarefas precisariam percorrer todas as etapas; � necessidade de retorno ao departamento anterior no caso de erros; � cada função e departamento tem suas próprias regras e controles, geralmente não relacionados a satisfação do cliente (externo ou interno). Contudo a estrutura funcional apresenta vantagens para a organização como. � máximo desenvolvimento e utilização de habilidades especializadas; � divisão efetiva do trabalho em termos de custos; � economia de escala em instalações e equipamentos; � controle e coordenação centralizados; � carreira bem definida para os especialistas funcionais. A estrutura horizontal é criada ao redor dos fluxos de trabalho ou dos processos centrais em vez das funções departamentais. Todas as pessoas que trabalham em um processo específico têm acesso entre si para que possam se comunicar facilmente e coordenar seus esforços, compartilhar o conhecimento e proporcionar valor diretamente para os clientes. Ao se orientar pelos processos, a organização estará trabalhando com todas as dimensões complexas do seu negócio e poderá empregar, não mais de forma isolada, todos os seus esforços para adquirir as vantagens competitivas. Abaixo temos a representação da estrutura por processos: As principais vantagens potenciais associadas à visão processual em uma organização são: Organização Departamentos A B C D Processos 1 2 ENTRADAS SAÍDAS Fluxo de Agregação de Valor CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 7 � direciona o foco da organização para os clientes; � maior coordenação e integração do trabalho; � mais rapidez nos tempos de respostas; � permite à organização antecipar e controlar mudanças; � auxilia a organização a gerenciar efetivamente seus inter-relacionamentos; � provê uma visão sistêmica das atividades da organização; � previne a ocorrência de erros; � auxilia a organização a entender melhor a sua cadeia de valor; � maior satisfação com o trabalho por parte dos funcionários. A gestão por processos é muito semelhante à gestão por programas do PPA. Ao invés de cada órgão ficar preocupado com suas atividades, ela organiza a gestão em função de programas,que são definidos como um conjunto de ações necessárias para se resolve determinado problema da sociedade, para se gerar um produto. Assim, ao invés de cada órgão trabalhar isoladamente, eles trabalham juntos dentro de um mesmo programa. É o foco nos resultados. Segundo Maximiano, na gestão por processos, os departamentos não são destruídos. A mudança consiste em implantar uma forma diferente de administrá-los. A cadeia clássica é complementada por equipes formadas por pessoas de diferentes departamentos. Outros autores comentam da dificuldade de ter-se uma organização totalmente processual. Para Davenport, é preciso combinar estruturas processuais e funcionais como uma forma de possibilitar uma interface entre os processos e as funções. Gouillart & Norton questionam da seguinte forma: “se não tomarmos cuidado, a mudança de estruturas funcionais para estruturas fundadas em processos pode se resumir a pouco mais do que trocar silos verticais por túneis horizontais”. Maximiano aponta as seguintes características da organização segundo processos: � As equipes trabalham com um propósito claro e senso de responsabilidade em relação a objetivos mensuráveis de desempenho. A equipe, ou uma pessoa dela, torna-se dona do processo; � O principal indicador de desempenho é a satisfação do cliente, e não a valorização das ações ou a lucratividade. As ações sobem e os lucros crescem quando os clientes estão satisfeitos; � Os integrantes de uma equipe de gestão de um processo devem ser recompensados por suas contribuições coletivas, e não apenas por seu desempenho individual; CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 8 � Uma organização que pretenda adotar o modelo da gestão horizontal deve fornecer todos os dados para seus funcionários, treinando-os para fazerem suas próprias análises e tomarem suas próprias decisões; � Às vezes, os processos passam a ter mais de uma versão. A diversidade de mercados e clientes pode exigir que um mesmo processo tenha diferentes versões para atender diferentes necessidades. É importante não confundir a gestão por processos com a burocracia. Muito se fala que a administração burocrática tinha foco no processo e a administração gerencial nos resultados. Isso é verdadeiro. O modelo burocrático se preocupava demais com os meios, os processos, mas não era na forma como estamos vendo aqui, ela se preocupava com os processos no sentido de que os controles eram sobre as atividades desenvolvidas pelos funcionários, que tinham que seguir regras rígidas de como fazer as coisas. Não importa que o gestor público tenha conseguido um preço muito bom em uma compra, mas sim que ele tenha feito a licitação da forma como está prescrito na lei. A gestão por processos é diferente. Ela coloca o foco justamente nos resultados. Tanto que muitos programas de qualidade da administração gerencial vêm defender a organização horizontal, com base em processos. 1.2 MELHORIA DE PROCESSOS Não basta que a organização se estruture com base em processos, é preciso que ela busque a melhoria desses processos, melhoria essa que deve ser contínua. É nisso que consiste a gestão de processos. Um processo pode ficar estável ou pode passar por uma melhoria. A estabilidade também pode ser chamada de rotina, que é o período no qual “os parâmetros de saída (especificações do produto, produtividade, regularidade etc.) permanecem previsíveis e praticamente constantes”. A melhoria é a “mudança discreta de um processo, no qual os parâmetros de saída (especificações do produto, produtividade, regularidade etc.) apresentam melhorias mensuráveis, de forma estável e consistente, em relação a uma fase anterior”. Melhor um processo significa fazer com que ele agregue mais valor à organização. Essa é a essência dos processos: agregar valor. Se eles não agregam nada, devem ser eliminados. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 9 O Gespública, programa de qualidade do Governo Federal, propõe a seguinte metodologia de melhoria de processos. Um conceito importante na melhoria de processos é o de modelagem, que é definida como “o momento de examinar os diversos aspectos do processo de trabalho de maneira que possibilite a implementação de melhorias”. Basicamente, a modelagem é a etapa em que o processo é aperfeiçoado, e são incluídas, nas etapas do processo, as modificações definidas. O Ministério do Planejamento coloca na modelagem duas etapas: mapeamento e redesenho. O mapeamento dos processos é o conhecimento e análise, pela empresa, dos processos existentes. Um processo precisa ser analisado e aperfeiçoado de forma constante, para que possa agregar cada vez mais valor à organização e consumir menos recursos. Assim, deve-se identificar que processos não agregam valor, de modo que sejam eliminados. Segundo Mauriti Maranhão, o mapeamento pode ser definido como: É o conhecimento e a análise dos processos e seu relacionamento com os dados, estruturados em uma visão top down (do topo da CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 10 organização para a sua base), até um nível que permita sua perfeita compreensão. Podemos observar que o mapeamento é top-down, ou seja, começamos ele de cima para baixo, buscando ter uma visão integrada dos processos. Uma vez coletados os dados, a tarefa consistirá em construir os diagramas e a respectiva documentação, montando a lógica do processo. Aí teremos a versão inicial, que deverá ser sucessivamente ajustada com novas informações, devidamente documentada, até que o mapeamento esteja completo, considerando a situação atual. Segundo o Ministério do Planejamento, o mapeamento é o: levantamento e diagramação do processo como ele é executado (atual) (As Is) - é entendido como a identificação dos fluxos de trabalho com início, meio e fim bem determinados, com insumos e produtos/serviços claramente definidos e com atividades que seguem uma sequência lógica, permitindo uma visão integrada e encadeada do trabalho; e Eles colocam na definição “(As Is)”, isso vem do inglês, “como é”. Isso porque o mapeamento nos dá o desenho atual dos processos, qual é a realidade deles hoje. Depois do mapeamento vem o redesenho, ou “(To Be)”, como será. O Ministério define o redesenho como a: otimização do processo (proposta) (To Be) – é entendido como as melhorias realizadas por meio da racionalização do fluxo de trabalho. Gera uma base referencial que permite, entre outras aplicações, criar condições para a construção da estrutura organizacional, a definição e avaliação de indicadores de resultados de atendimento em nível interno e/ou institucional, a formulação de planos de sistemas de informações e a aplicação do Ciclo PDCA - Plan Do Check Action. Concluída a etapa de mapeamento da situação atual, a tarefa seguinte é refazer a análise, considerando as melhorias que poderão ser introduzidas no processo mapeado. O objetivo é ajustá-lo às necessidades dos clientes, tornando-o efi ciente e efi caz na sua versão desejada (to be). Após a otimização do processo de trabalho é realizada a sua implementação. Implementar um processo é a ação que permite colocar em marcha os conceitos e as diretrizes contidas no planejamento do processo, assim gerando o produto objeto desse processo. O planejamento do processo é a concepção, a elaboração prévia do que o processo deveria ser. Implementar um processo é, portanto, fazê-lofuncionar, preferencialmente refl etindo a forma como foi pensado e dando materialidade ao produto planejado. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 11 A última fase da melhoria dos processos é a documentação, que permite estabilizar o processo, mediante a fixação de critérios objetivos para balizar a forma de fazer, de medir e de prover registros dos resultados dos processos. Um processo sem documentação é um processo frágil e volátil, sujeito a interferências e a desvios, que o deformam progressivamente. 1.3 TÉCNICAS LIGADAS À GESTÃO POR PROCESSOS Veremos aqui algumas técnicas aplicadas na gestão por processos. Existem outras, mas que serão vistas na parte da qualidade. 5W2H No 5W2H, cada uma das letras (W ou H) é uma inicial de uma palavra em inglês, conforme vemos na tabela abaixo: Inglês Português Finalidade What O quê Especificar o que será feito Who Quem Especificar o responsável para executar ou coordenar a ação Where Onde Especificar o local onde será executada a ação ou a sua abrangência When Quando Especificar o prazo para executar a ação Why Por quê Explicar a razão pela qual a ação deve ser feita How Como Especificar a forma pela qual (método) a ação deverá ser feita How much Quanto custa Prover informações sobre o custo necessário para executar a ação O uso desta ferramenta é sintetizado nestas sete perguntas (what, who, where, when, why, how e how much). Uma das vantagens do 5W2H é que ele é de utilização fácil, rápida e barata. Ele pode geralmente é aplicado à análise e melhoria de processos, de forma que podem ser identificados responsável, prazo, método etc. e implementadas melhorias. Em alguns casos, a ferramenta permitirá identificar lacunas (por exemplo, faltou definir o prazo para a execução do processo (when ou quando). Brainstorming CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 12 Brain, em inglês, significa cérebro, e storm, tempestade. Brainstormig também pode ser traduzido como tempestade de ideias. É um trabalho em grupo, no qual, em um curto espaço de tempo, as pessoas emitem ideias sem refletir previamente sobre elas. No Brainstorming, “os grupos devem ter entre cinco e doze pessoas e é recomendável que a participação seja voluntária, com regras claras e por prazo determinado. Devem- se utilizar facilitadores, adequadamente treinados para lidar com os grupos. O propósito do brainstorming é lançar e detalhar ideias com um certo enfoque, originais e em uma atmosfera sem inibições. Busca-se a diversidade de opiniões a partir de um processo de criatividade grupal. Adicionalmente, é uma ferramenta que contribui para o desenvolvimento de equipes”. O brainstorming também é uma ferramenta de simples utilização e praticamente de custo zero. É uma espécie de reunião grupal. Não é correto dizer que não há um condutor ou líder no brainstorming. É necessário que haja um condutor, e que, no início do processo, fiquem bem claras as regras que vão orientar o evento, com definição do tempo em que as pessoas terão para lançar ideias. Normalmente o brainstorming é utilizado na solução de problemas, então, na fase de esclarecimento, deve ficar claro qual é o problema. Em seguida, as pessoas começam a emitir as ideias. É fundamental, para a ferramenta funcionar, que as pessoas consigam lançar ideias mesmo consideradas “bobas”, sem que ninguém as reprima, pois uma das vantagens da ferramenta é gerar ideias que normalmente as pessoas não teriam coragem de expressar, ou ideias que, numa reunião tradicional, seriam simplesmente descartadas pelo chefe. Na etapa final, todas as ideias que foram levantadas são analisadas e discutidas. Existem, na literatura especializada, algumas divergências a respeito da quantidade ideal de pessoas para participar de uma sessão de brainstorming, mas o ideal é que o grupo não seja muito grande, ou a reunião fica difícil de conduzir. Provavelmente o ideal é que participem no máximo dez ou doze pessoas. O brainstorming tem as seguintes características: • capacidade de auto-expressão, livre de inibições ou preconceitos da própria pessoa ou de qualquer outra do grupo; • liberação da criatividade; • capacidade de aceitar e conviver com diferenças conceituais e multidisciplinares; • ausência de julgamento prévio; • registro das ideias; • capacidade de síntese; CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 13 • delimitação de tempo; • ausência de hierarquia durante o processo. Existem três tipos principais de brainstorming: o aberto, o fechado (brainwriting) e o com recuperação. � O brainstorming aberto é a forma mais famosa de uso da ferramenta. As pessoas são reunidas, define-se um tempo e as pessoas começam a lançar as ideias, enquanto alguém fica lá na frente, com caneta na mão, e vai anotando no quadro ou flipchart. � O brainwriting, por sua vez, tem uma dinâmica parecida, só que as ideias, ao invés de serem lançadas oralmente, são escritas em folhas de papel (writing = escrita). Existem dinâmicas em que estas folhas circulam e as pessoas vão escrevendo novas ideias. � O brainstorming com recuperação é parecido com o brainstorming aberto, mas o tempo de lançamento das ideias não necessariamente é pré-definido, e a reunião é interrompida quando as pessoas ficam cansadas. A reunião é retomada posteriormente e as pessoas retomam as ideias discutidas. Matriz GUT Mais uma ferramenta cujo nome é uma sigla. G = Gravidade, U = Urgência e T = Tendência. A matriz GUT é uma ferramenta de priorização, em que listamos diversos problemas e atribuímos valores à gravidade, urgência e tendência, de forma a encontrar o problema que precisa ser resolvido mais rapidamente. Normalmente, utilizamos esta matriz para priorizar problemas não-quantificados (os quantificados podem ser resolvidos com a utilização de Pareto, que veremos mais à frente). De acordo com Maranhão e Macieira, os elementos desta matriz podem ser entendidos assim: � G (gravidade): refere-se ao custo, o quanto se perderia (em dinheiro ou outra base quantitativa), pelo fato de não se tomar uma ação para solucionar o problema). � U (urgência): refere-se ao prazo em que é necessário agir para evitar o dano. � T (tendência): refere-se à tendência ou à propensão que o problema poderá assumir no futuro breve, se a ação não for tomada. As grandes tendências CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 14 possíveis podem ser: estabilidade, agravamento ou atenuação dos efeitos do problema, supondo que nada seja feito. A cada um destes fatores, vamos atribuir valores, de 1 a 5, e no final vamos multiplica- los. O problema com o maior resultado é o que deverá ser priorizado. Segundo o Guia de Simplificação do Gespública, devemos aplicar os pontos da seguinte maneira: Pontos Gravidade Urgência Tendência 5 Os prejuízos ou dificuldades são extremamente graves É necessária uma ação imediata Se nada for feito, haverá um grande e imediato agravamento do problema 3 Os prejuízos ou dificuldades são graves É necessária uma ação o mais cedo possível Se nada for feito, haverá um agravamento em médio prazo 1 Os prejuízos ou dificuldades não são graves Não há pressa para agir Se nada for feito, não haverá agravamento, podendo até melhorar No contextoorganizacional, esta ferramenta pode ser aplicada à análise e melhoria de processos. Vamos supor que um processo de trabalho esteja enfrentando alguns problemas: atrasos, entrega de produtos com defeito, custo maior do que o planejado etc. Poderemos aplicar a matriz acima para ver qual dos problemas priorizar. A matriz GUT pode ser utilizada também na análise de ambiente. 2. (CESPE/FUB/2008) Para determinar prioridades em relação aos problemas existentes em determinado setor da universidade, um administrador poderá utilizar a matriz gravidade, urgência e tendência (GUT). Questão certa. Bastava conhecer esta matriz e saber que ela serve para priorizar problemas. Fluxograma O fluxograma é uma representação visual de processos ou atividades, com símbolos pré-determinados para representar ações, responsáveis, direção das interações etc. Maranhão e Macieira elencam as principais vantagens da utilização de fluxogramas: CURSO ON-LINE – PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br • Visão de conjunto e integrada do processo. • Visualização de detalhes críticos do processo. • Identificação do fluxo do processo e das interações entre os subprocessos. • Identificação dos pontos de controle potenciais. • Identificação das inconsistências e pontos frágeis. Para que a compreensão dos fluxogramas organizacionais seja facilitada, é necessário que os símbolos sejam padronizados e sua utilização seja pré cada organização usa um padrão diferente, mas os símbolos utilizados são sempre intuitivos. O livro “O processo nosso de cada dia”, uma das referências mais importantes na área de processos, nos traz os seguintes símbolos para fluxogramas: Estes símbolos acima são padronizados e amplamente utilizados. exemplo de fluxograma? – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br conjunto e integrada do processo. Visualização de detalhes críticos do processo. Identificação do fluxo do processo e das interações entre os subprocessos. Identificação dos pontos de controle potenciais. Identificação das inconsistências e pontos frágeis. Para que a compreensão dos fluxogramas organizacionais seja facilitada, é necessário que os símbolos sejam padronizados e sua utilização seja pré-definida. Normalmente cada organização usa um padrão diferente, mas os símbolos utilizados são sempre O livro “O processo nosso de cada dia”, uma das referências mais importantes na área de processos, nos traz os seguintes símbolos para fluxogramas: Estes símbolos acima são padronizados e amplamente utilizados. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS 15 Identificação do fluxo do processo e das interações entre os subprocessos. Para que a compreensão dos fluxogramas organizacionais seja facilitada, é necessário definida. Normalmente cada organização usa um padrão diferente, mas os símbolos utilizados são sempre O livro “O processo nosso de cada dia”, uma das referências mais importantes na área Estes símbolos acima são padronizados e amplamente utilizados. Vamos ver um CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 16 Vamos ver uma questão do CESPE. 3. (CESPE/SERPRO/2005) Um processo é um fluxograma. Questão errada. O fluxograma é uma ferramenta que permite representar visualmente alguns elementos do processo de trabalho, mas ele não se confunde com o processo em si. Matriz Basico A priorização das soluções é importante para permitir a elaboração de um plano de implantação das melhorias de um processo. Neste trabalho, pode-se utilizar a matriz BASICO para priorizar as alternativas. A matriz BASICO foi desenvolvida com base no balanço Custos x Benefícios x Exequibilidade e procura contemplar todos os tipos de “Clientes” das organizações. Esta matriz é de simples utilização. Deve-se atribuir, para cada item a priorizar, uma nota, que pode variar de 1 a 5, de acordo com o sentimento positivo ou negativo que expresse em cada critério. A seguir apresentamos a descrição da matriz. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 17 B - Benefícios para a organização - representa o impacto da solução analisada nos resultados do processo. Visa: (1) redução de custos gerada; (2) aumento na produção; e (3) redução dos defeitos. A - Abrangência - significa o montante da organização (funcionários) que será beneficiado com a melhoria do processo em questão. S - Satisfação do cliente interno - corresponde ao grau de satisfação que será gerado nos funcionários que têm alguma relação com o processo cuja melhoria está sendo estudada. I - Investimentos requeridos - considera o montante dos recursos que serão necessários para a efetivação da melhoria do processo em questão. C - Cliente externo satisfeito - compreende o impacto que a melhoria do processo em questão terá sobre o cliente externo. O - Operacionalidade simples - significa a exequibilidade da melhoria do processo em estudo. Essa exequibilidade diz respeito a aspectos como: (1) resistência à mudança; (2) impedimentos de ordem sócio / cultural / legal; (3) domínio da tecnologia requerida para tal; (4) simplicidade da implantação; (5) facilidade de uso dos pontos fortes da organização, etc. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 18 2 Reengenharia O termo reengenharia foi usado pela primeira vez no mundo dos negócios em 1990, no artigo “Reengineering Work: Don´t Automate, Obliterate”, de Michael Hammer. Traduzindo o nome do artigo temos “Reengenharia do trabalho: não automatize, elimine”. A partir daí a reengenharia ganhou o mundo, se transformou num dos maiores modismos da administração. Como nem sempre ela foi aplicada da forma correta, passou a ser muito criticada por diversos setores. O resultado é que muitas empresas tiveram melhorias consideráveis, enquanto outras gastaram muito dinheiro para não obter resultado nenhum. Hammer apresentou a seguinte definição oficial: Reengenharia é o repensar fundamental e o reprojeto radical dos processos empresariais para obter melhorias drásticas em desempenho. Existem quatro palavras-chave nesta definição. Vamos olhar primeiro para “melhorias drásticas”. A reengenharia não trata de melhorias marginais nos negócios. Tampouco se refere a realizar as coisas de 5 a 10 por cento melhor. Ela consiste em dar saltos quânticos de desempenho, alcançando inovações revolucionárias. A segunda palavra-chave é “radical”. Radical significa ir à raiz das coisas. A reengenharia não se preocupa em melhorar o que já existe. Ao contrário, trata-se de descartar o que existe e recomeçar, iniciar com a página em branco e reinventar sua maneira de trabalhar. A terceira palavra-chave na definição é “processo”. Hammer define processo como um grupo de tarefas relacionadas que, juntas, criam valor para o cliente. Por exemplo, o atendimento de pedidos é um processo que envolve uma série de tarefas: o recebimento do pedido, a entrada do pedido no computador, a verificação do crédito do cliente, a baixa dos produtos no estoque, a retirada dos produtos fisicamente dos depósitos, o embalar dos produtos em caixas, a entrega. Nenhuma dessas atividades, isoladamente, representa o menor interesse ou valor para o cliente. A única preocupação do cliente é com o produto final – os bens entregues, o que se cria com a soma total de todas essas atividades relacionadas.Em organizações tradicionais, os processos são órfãos. Fragmentados através das muitas unidades organizacionais, eles são, de fato, invisíveis e não-gerenciados em sua essência. Entretanto, os processos se encontram no próprio coração de cada empresa. Eles são o meio pelo qual as empresas criam valor para seus clientes. A reengenharia CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 19 afirma que tal fragmentação reside no coração dos problemas de desempenho das empresas e que a única forma de alcançar uma melhoria drástica é através de uma abordagem holística nos processos, de ponta a ponta. A quarta palavra-chave é “reprojeto”. A reengenharia trata da reconcepção de como o trabalho é feito. Frequentemente, pensamos em projeto como algo que se aplica apenas a projeto de produtos. Entretanto, a reengenharia baseia-se na premissa de que o projeto de processos – como o trabalho é feito – é de essencial importância. O ponto de partida para o sucesso organizacional consiste em processos bem projetados. A ideia por trás da reengenharia é que a maioria das organizações não foi planejada para o que realmente faz: executar processos comerciais para criar e fornecer produtos e serviços a seus clientes. Por isso, enquanto o cliente está interessado no processo de ponta a ponta ou horizontal, a organização frequentemente está voltada para dentro, para as cadeias verticais de comando através das quais administra seus departamentos. Por isso, Hammer defende que a organização uma mudança radical, que abandone a forma anterior de trabalhar e que comece a pensar da estaca zero. Segundo o autor: Reengenharia é mudar a forma com que o trabalho é feito. Reengenharia é começar novamente da estaca zero... É rejeitar os critérios convencionais e suposições recebidas do passado... É inventar novas abordagens para a estrutura do processo que tolerem pequena ou nenhuma semelhança com abordagens de situações anteriores. O ponto de partida da reengenharia não são os processos existentes e sim as necessidades dos clientes destes processos a serem reestruturados. Trata-se, portanto, de procurar a maneira mais acertada de se atingir determinado objetivo, sem se preocupar com a forma como esse processo era conduzido no passado. O que reengenharia não é Existem muitos conceitos equivocados a respeito da natureza da reengenharia que são amplamente difundidos. Não basta sabermos o que é reengenharia, é importante saber também o que ela não é. Com este conhecimento saberemos responder muitas questões que tentam associar a reengenharia a algo que não é de sua essência. Não é Downsizing: Segundo Hammer: CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 20 Reengenharia não é downsizing. Downsizing significa livrar-se de pessoas e cargos para melhorar os resultados financeiros a curto prazo. A reengenharia não tem nada em comum com este tipo de resposta superficial e reativa a problemas. A reengenharia é o repensar do trabalho desde as suas bases até o final, a fim de eliminar todo trabalho desnecessário e de encontrar melhores formas de realizar o que é necessário. Veremos Downsizing mais a frente. Ele pode ser traduzido como achatamento, significa a redução radical do tamanho da empresa. A reengenharia não é redução de tamanho da empresa, não é enxugamento de pessoal. Apesar da reengenharia em muitos casos resultar em dispensa de pessoal e de que muitas empresas usaram a reengenharia para eliminar departamentos e funcionários, não podemos entender que isso é algo intrínseco ao modelo. Não é reestruturação A reengenharia não é reestruturação, o que para Hammer geralmente constitui um eufemismo para mover caixas para lá e para cá no organograma ou para desfazer-se de algumas unidades de negócios. A reengenharia concentra-se em como é feito o trabalho e não em como uma organização é estruturada. Não é automação A reengenharia também não deve ser confundida com automação. Vimos que o título do artigo em que se falou em reengenharia pela primeira vez começava com “Don’t automate”, ou seja, não automatize. Muito embora a tecnologia assuma um papel importante na reengenharia, seu papel é o de capacitar, ou seja, possibilitar novos mecanismos para executar processos antigos. Já em relação à tecnologia da informação, há certa divergência. Clive Oltham afirma que a reengenharia não requer absolutamente o uso da TI. Muito poucos programas bem- sucedidos de reengenharia se basearam no uso das novas oportunidades oferecidas pela tecnologia da informação. Isso não quer dizer que as novas tecnologias não constituam elemento importante dos programas de reengenharia. No entanto, a adoção de tecnologias não tem nenhuma relação à priori com a reforma dos processos de uma empresa. José Gonçalves é um dos autores que relacionam a reengenharia ao uso de tecnologia da informação: CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 21 A Reengenharia é uma combinação de técnicas de engenharia industrial, métodos de pesquisa operacional, teoria da administração e métodos de análise de sistemas de informação, usando o poder da Tecnologia da Informação para transformar os processos de negócios das organizações, tornando-as mais competitivas Vamos dar uma olhada em uma questão: 4. (CESPE/CEARAPORTOS/2004) A reengenharia não pode ser aplicada em uma organização, independentemente da utilização de modernas tecnologias. Esta questão é ERRADA porque a reengenharia pode ser aplicada sem a utilização de tecnologias modernas. Isso não é algo indispensável. 2.1 PRINCÍPIOS DA REENGENHARIA Hammer enumerou sete princípios da reengenharia: 1. Organizar os processos com base nos resultados e não nas tarefas Tradicionalmente, o trabalho era realizado sobre diferentes tarefas, como cortar, parafusar, datilografar, montar ou supervisionar. O primeiro princípio da reengenharia é de que uma pessoa ou equipe deve executar todos os passos de um processo. A pessoa ou equipe deve ser responsável pelo resultado do processo total. É preferível ter uma pessoa desempenhando todos os passos de um processo, concebendo o trabalho dessa pessoa à volta de um objetivo ou de um resultado. Através da aplicação deste princípio podem ser evitados os erros causados pela passagem de informação de tarefa para tarefa o que, além de atrasar o processo total, obriga muitas vezes à repetição de tarefas mal executadas por não cumprirem os requisitos da tarefa que se lhes segue. 2. Colocar aqueles que vão utilizar o output do processo a executá-lo Muitas vezes, com o objetivo de se beneficiar das economias de escala e da especialização, as empresas criam departamentos especializados para tratar de tarefas CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 22 específicas. Cada departamento trata apenas de um tipo de trabalho e é um "cliente" e um "fornecedor" de outros. A reengenharia defende que aqueles que usam o resultado (output) do processo devem executá-lo. Um departamento de produção deve ter suas próprias compras e sua própria contabilidade. Este princípio requer ampla gama de conhecimentos das pessoas e equipes, bem como maior integração das atividades. Os departamentos especializados passam a disponibilizar aos outros não os produtos que aqueles necessitam, mas a informação necessáriapara que de uma forma mais eficiente e eficaz os obtenham. 3. Colocar o processamento da informação nas mãos de quem a produz Por falta de confiança, por falta de tempo, ou ainda por motivos relacionados com a especialização das tarefas, as empresas criavam departamentos que apenas processavam a informação que outros geravam. Com as novas tecnologias e com colaboradores mais informados, é hoje possível e desejável colocar o próprio processamento da informação nas mãos de quem a cria. A moderna tecnologia do computador torna possível processar um trabalho e processar a informação simultaneamente. É o caso dos leitores óticos dos caixas de supermercados que processam simultaneamente as compras do consumidor e registram dados para a contabilidade e controle de estoques, em tempo real. 4. Tratar os recursos dispersos geograficamente como se estivessem centralizados Descentralizar um recurso (humano, equipamento, ou matéria prima) oferece um melhor serviço a quem o utiliza. No entanto os custos da redundância, da burocracia e a perda de economias de escala muitas vezes não o compensam. O uso de Bases de Dados, Redes de Telecomunicações, permitem atualmente às empresas recolher os benefícios de flexibilidade e serviço da descentralização, mantendo a coordenação e controle, como se fosse um sistema centralizado. Um exemplo é o caso da HP. Cada uma de suas cinco unidades de manufatura tem seu próprio departamento de compras separados. Mas a empresa simplesmente introduziu uma unidade corporativa para coordenar as compras locais para poder obter melhores descontos em escalas. As unidades locais mantêm sua autoridade descentralizada e responsabilidade pelas necessidades das unidades de manufatura. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 23 5. Ligar atividades paralelas em vez de integrar apenas os seus resultados A produção de produtos ou serviços requer muitos processos. Quase sempre as empresas segregam tais processos para que, no final, seus produtos cheguem todos juntos. Se houver problema em um ou mais dos processos, ele somente se tornará aparente na etapa final, quando já é tarde para solucioná-lo em tempo hábil. A solução é juntar e coordenar os vários processos para evitar tais problemas. Devem ser criadas ligações entre funções paralelas de modo a coordená-las enquanto as suas atividades decorrem. Isto evita que o resultado de uma tarefa efetuada por um departamento não encaixe com o resultado da tarefa paralela efetuada por outro departamento, eliminando-se assim os custos do retrabalho. 6. Colocar o ponto de decisão onde o trabalho é executado, permanecendo o controle implícito no processo As burocracias tradicionais colocam a autoridade de decisão separada do trabalho. Este princípio assegura que as pessoas que fazem o trabalho devem também tomar as decisões. O vendedor deve ter autoridade e responsabilidade para aprovar crédito para o cliente, por exemplo. Isso economiza tempo e ajuda a empresa a responder mais rapidamente às necessidades do cliente. Por outro lado, o controle pode ser incluído no próprio processo. Os critérios de aprovação de crédito podem ser colocados em um programa de computador que dá ao vendedor a orientação específica para sua decisão. Este princípio permite que os níveis piramidais de gestão sejam comprimidos e que as organizações se tornem mais "planas", horizontais. Com trabalhadores que se gerem a si próprios e se auto-controlam a hierarquia e burocracia lenta associada desaparecem. 7. Recolher a informação apenas uma vez e na fonte Quando havia dificuldade na transmissão de informação, fazia sentido recolhê-la repetidamente. As empresas tinham de viver com os atrasos associados, erros de entrada e custos. Hoje em dia, quando se recolhe uma peça de informação, ela pode ser imediatamente arquivada numa base de dados para ficar disponível a qualquer um que dela necessite. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 24 Podemos ainda enumerar mais um princípio da reengenharia. 8. É uma abordagem top-down Segundo Hammer: Uma liderança forte e comprometida de um executivo é uma condição sine qua non absoluta para a reengenharia. Somente um executivo sênior que acredite na causa da reengenharia pode, de fato, fazê-la acontecer. Os funcionários dos níveis inferiores da organização, não obstante quão inteligentes ou bem intencionados, não têm a perspectiva necessária para ver os processos como um todo e seus pontos fracos, nem a autoridade para instituir os tipos de mudanças de longo alcance que a reengenharia requer. A reengenharia nunca se faz de baixo para cima (bottom-up). Ela é um fenômeno de cima para baixo (top-down). A reengenharia deve ser implementada de cima para baixo (Top-down), tendo no topo que existir uma grande convicção neste processo. Para tanto, é essencial que a estratégia da empresa esteja bem definida, antes de se avançar para a Reengenharia, pois esta só vale a pena se melhorar a posição estratégica da empresa. Há uma forte relação da reengenharia com a estratégia da empresa. A reengenharia cuida das operações e apenas a estratégia pode dizer quais operações são importantes. 2.2 IMPLANTAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS DA REENGENHARIA Hammer apresenta seis passos imprescindíveis para implantação do processo de reengenharia: Passo 1 - Determinar as necessidades do cliente e os objetivos do processo que passam pela Reengenharia. Objetivos mais comuns: reduzir custos, minimizar ciclo de tempo, eliminar defeitos. Não importa que o cliente seja externo ou interno, é importante entender onde o processo falha no atendimento. Passo 2 - Mapear e medir o processo atual. Perguntas típicas: Como é o processo? , quanto custa o processo?, quanto tempo o processo toma? e que tipo de resultados estamos conseguindo? CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 25 Passo 3 - Analisar e modificar o processo existente. Nesse ponto a empresa deve decidir por pequenas alterações no processo ou, alternativamente, por reprojetá-lo de novo. Passo 4 - Promover Benchmarking para descobrir alternativas inovadoras. A análise interna do processo pode levar a grandes melhorias, mas a Reengenharia inovadora, às vezes, só é conseguida fazendo Benchmarking de processos semelhantes às melhores organizações. Veremos o benchmarking ainda nesta aula. Passo 5 - Promover a Reengenharia do processo. Nesse ponto, já foram identificados os potenciais melhores no processo existente, bem como as práticas inovadoras, através do Benchmarking. Passo 6 - Implementar o novo processo. Treinar empregados, fazer processo piloto, implementar em escala ampla e monitorar os resultados. Segundo Hammer, as 10 mudanças mais frequentes que ocorrem nas empresas que desenvolvem a reengenharia são: a) As unidades de trabalho mudam, passando de departamentos funcionais para equipes de processo; b) Os serviços das pessoas mudam, passando de tarefas simples para trabalhos multidimensionais; c) Os papeis das pessoas mudam, antes definidos e controlados pelos gerentes, passa a ser desenhados pelos seus próprios ocupantes; d) A preparação dos empregados para o serviço muda, deixando de ser treinamento para ser educação; e) O enfoque das medidas de desempenho e da remuneração se altera, da atividade para o resultado; f) Os critérios de promoção mudam do desempenhoindividual para a habilidade; g) Os valores, antes protetores da organização, passam a inspirar a produção; h) Os gerentes mudam de supervisores para instrutores de seus times; i) As estruturas organizacionais mudam, de hierárquicas para achatadas; CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 26 j) Os executivos deixam de ser controladores do resultado para serem líderes. Quando uma empresa passa pela Reengenharia obviamente o perfil dos empregados mudará, isto porque a Reengenharia impõe mudanças tanto na configuração estrutural da empresa como em sua cultura. A Reengenharia exige que seus empregados acreditem que eles trabalham mais para seus clientes que para seus chefes. Por outro lado, o trabalho é organizado em torno de processos e das equipes que tocam esses processos. As pessoas passam a se comunicar apenas com quem precisam se comunicar e, consequentemente, a estrutura organizacional que sobra, após a Reengenharia, tende a ser flexível, na medida em que o trabalho é feito por equipes de pessoas, essencialmente em pé de igualdade, operando com grande autonomia e apoiadas por pequeno número de Gerentes. Os Gerentes tradicionais ficam, de certa forma, deslocados após a Reengenharia. Eles devem esquecer seus papeis de supervisão e agir como facilitadores do processo. Seu trabalho agora é o desenvolvimento de outras pessoas e suas habilidades para que elas possam conduzir os processos que adicionam valor. O grande problema é que muitas organizações passaram a usar a dizer que faziam reengenharia, quando, na verdade, estavam apenas reduzindo pessoal Ela passou a ser usada nos mais diversos setores, sem o mínimo critério e planejamento. É importante esclarecer que os autores não desmerecem a reengenharia enquanto ferramenta de gestão, apenas consideram-na como uma das ferramentas a ser utilizada nos momentos adequados e não como a solução para todos os problemas. 2.3 A REENGENHARIA NO SETOR PÚBLICO Segundo Violeta Marques e Patrícia de Aquino, a implantação da Reengenharia no Serviço Público não pressupõe, apenas, o enxugamento da máquina administrativa. Um programa de racionalidade e competitividade no Setor Público deverá passar, essencialmente, pelos seguintes pontos: a) Centralização no órgão máximo das políticas e diretrizes de caráter estratégico, bem como a coordenação das atividades de acompanhamento, avaliação e de controle; b) Descentralização das ações operacionais, permitindo maior agilidade para decisão e execução; c) Desenvolvimento, de forma integrada, de todos os segmentos aplicados na operacionalização; CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 27 d) Melhora da eficiência operacional da empresa, notadamente nos segmentos de atendimento ao público e da prestação de serviços; e) Racionalização da estrutura organizacional com eliminação de níveis hierárquicos, tornando-a ágil e competitiva; f) Prioridade das atividades voltadas para o atendimento ao público; g) Redução das despesas operacionais; h) Implementação de programas de incentivo à aposentadoria, bem como de demissões voluntárias; i) Privatização das Empresas Públicas consideradas ineficientes e deficitárias; j) Terceirização de serviços de vigilância e de limpeza; k) Conscientização dos administradores quanto à sua responsabilidade no desempenho de suas atividades para realização do bem-estar da coletividade. 3 Qualidade Total A Gestão da Qualidade Total, ou Total Quality Management (TQM), é uma prática de gestão que, apesar de desenvolvida por autores americanos como Deming, Juran e Feigenbaum, nas décadas de 1950 e 1960, foi primeiramente aplicada por empresas japonesas. Somente na década de 1980 é que ela se tornou bastante popular entre as empresas americanas. No início da década de 1980, o mundo voltava sua atenção para o elevado grau de competitividade alcançado pelas principais indústrias japonesas, cujos produtos chegavam com excelente qualidade e preços relativamente baixos nos principais mercados consumidores do mundo ocidental, passando a constituir uma ameaça para as suas economias. Para as principais empresas norte-americanas e europeias, não restavam muitas alternativas, exceto a da identificação das razões para o sucesso competitivo japonês e sua “importação” para suas “bases”. A partir desse momento, verificou-se o início de um grande movimento mundial relacionado à TQM, Antes de entrarmos nos conceitos da TQM, vamos ver um pouco do histórico da qualidade nas organizações. Podemos identificar três fases da qualidade: I . Inspeção em Massa II . Controle Estatístico da Qualidade III . Gestão da Qualidade Total. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 28 A inspeção em massa, do início do Século XX, buscava inspecionar todos os produtos que saiam da linha de produção, verificando se eles atendiam as especificações do projeto. Com o passar do tempo, o constante aumento das quantidades e da complexidade dos produtos fabricados elevava os custos para obtenção de níveis razoáveis de qualidade. Tornava-se impossível olhar peça por peça para saber se havia defeito ou não. Na década de 1930, as empresas desenvolveram e adaptaram ferramentas estatísticas para uso no controle da qualidade. Contudo, a lógica do controle de qualidade foi mantida. A qualidade ainda era verificada apenas no final do processo de produção. Somente depois que os produtos já estavam prontos é que se verificava se tinham defeitos ou não. Na década de 1950 começaram a surgir autores defendendo que a qualidade não deveria ser algo a ser pensado apenas no final da cadeia de produção, mas durante todo o processo. Uma organização que pretenda ser capaz de entregar produtos e serviços de qualidade aos seus clientes precisa que todos os seus departamentos e áreas funcionais excedam seu desempenho, e não somente a área de operações. Por isso dizemos que é chamada de qualidade total. A parir desta ideia, ganha importância a noção de trabalho em equipes dentro da organização. O controle é uma das funções administrativas, junto com o planejamento, a organização e a direção. A TQM é uma forma de controle descentralizado, ou seja, não burocrático. Os próprios funcionários podem realizar o controle, não há necessidade que ele parta de cima. Assim, é importante a formação de equipes para se discutir a qualidade e identificar os problemas dentro das organizações. Além disso, outra diferença em relação à visão anterior estava no conceito de qualidade. Enquanto antes se pensava na qualidade como a conformidade com o projeto, a ausência de defeitos, na metade do Século XX percebe-se que quem define o que é qualidade é o cliente, e não o projeto. Se um produto sai da linha de produção de acordo com o que fora pensado no projeto, não significa que o cliente irá gostar do produto. O projeto, desde o início, poderia estar equivocado. Vamos ver algumas definições de qualidade: Ishikawa: qualidade é “o desenvolvimento, projeto, produção e assistência de um produto ou serviço que seja o mais econômico e o mais útil possível, proporcionando satisfação ao usuário”. Juran: qualidade é “adequação ao uso”, satisfazendo as necessidades do usuário. Misuno: qualidade “deve ser definida em termos de vantagens ao consumidor”. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br29 Feigenbaum: qualidade é “o melhor para certas condições do cliente. Essas condições são o verdadeiro uso e o preço de venda do produto”. Crosby: define qualidade como o “atendimento das especificações definidas para satisfazer o usuário”. Deming: define qualidade como “atender continuamente às necessidades e expectativas dos clientes a um preço que eles estejam dispostos a pagar”. Um quarto ponto importante ligado ao surgimento da Qualidade Total está no fato de que a qualidade não é algo que, uma vez alcançado, não precisa mais ser procurado. A busca pela qualidade deve ser contínua, todos os dias deve-se tentar melhorar um pouco mais. Esta ideia surgiu principalmente no Japão, com o conceito de kaizen, que veremos adiante. No entanto, buscar um produto de maior qualidade não significa que este produto necessariamente terá um custo maior e, consequentemente, um preço maior para o consumidor. Outra ideia muito ligada à noção de qualidade total é a redução de custos por meio da eliminação de desperdícios. É a partir daí que ferramentas como o Just in time ganham importância, principalmente ligados a noção de qualidade. Aqui podemos identificar as principais características da TQM: � Quem define qualidade é o cliente; � A qualidade deve ser um compromisso de toda a organização; � O controle deve ser feito de forma descentralizada e por equipes; � A qualidade deve ser buscada continuamente; � Custos menores e eliminação de desperdício. Como vimos acima, embora os autores que começaram a defender estas ideias fossem americanos, a utilização conjunta e efetiva das muitas ferramentas propostas aconteceu inicialmente no Japão. As empresas japonesas convidavam os autores americanos, como Deming e Juran, para darem palestras e prestarem consultorias. Eles eram levados pela Japanese Union of Scientists and Enginneers (JUSE), por meio do seu presidente Kaoru Ishikawa, outro autor que veio a ser uma referência em qualidade. Ishikawa foi um químico japonês responsável pela criação de importantes instrumentos de auxílio ao monitoramento dos processos de controle de qualidade: os círculos de controle de qualidade e as sete ferramentas. Para ele, a qualidade pode ser obtida, com a utilização das ferramentas, por qualquer trabalhador. Redefiniu o conceito de cliente, CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 30 incluindo neste os clientes internos: funcionários que recebem os resultados do trabalho de colegas como insumo para o seu próprio trabalho. 3.1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE As Sete Ferramentas da Qualidade são as seguintes: 1. Gráfico de Pareto. 2. Diagrama de causa-efeito (espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa). 3. Histogramas. 4. Folhas de verificação. 5. Gráficos de dispersão. 6. Fluxogramas. 7. Cartas de controle. Ishikawa observou que embora nem todos os problemas pudessem ser resolvidos por essas ferramentas, ao menos 95% poderiam ser, e que qualquer trabalhador fabril poderia efetivamente utilizá-las. Embora algumas dessas ferramentas já fossem conhecidas havia algum tempo, Ishikawa as organizou especificamente para aperfeiçoar o Controle de Qualidade Industrial na década de 1960. Estas ferramentas seriam usadas pelos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ), talvez a maior contribuição de Ishikawa no campo da qualidade. Círculos de Controle da Qualidade Os círculos de qualidade podem ser indicados como um exemplo de aplicação de trabalho em equipe que tem por objetivo formar uma equipe de espírito positivo, lealdade intensa e elevada motivação. São compostos por pequeno número de funcionários (6 a 12) que estudam sistematicamente e discutem o controle da qualidade. Esses trabalhos em grupo facilitam a educação, o treinamento e a propagação das técnicas da qualidade. Em um horário determinado durante a semana de trabalho, os membros do CCQ se reúnem, identificam os problemas e tentam encontrar soluções. Eles estão livres para coletar dados e fazer pesquisas. A ideia-chave é que as pessoas que fazem o trabalho o conhecem melhor do que ninguém para propor recomendações que melhorem seu desempenho. Além disso, os círculos de qualidade também empurram a tomada de decisões para os níveis mais baixos da organização. CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 31 Gráfico de Pareto O Diagrama de Pareto constitui uma das ferramentas utilizadas no controle de qualidade e foi inicialmente definido por Joseph Juran em 1950. Na sua base está o Princípio de Pareto que refere que um pequeno número de causas (geralmente 20%) é responsável pela maioria dos problemas (geralmente 80%). A grande aplicabilidade deste princípio à resolução dos problemas da qualidade reside precisamente no fato de ajudar a identificar o reduzido número de causas que estão muitas vezes por detrás de uma grande parte dos problemas que ocorrem. É na detecção de 20% das causas que dão origem a 80% dos efeitos que o Diagrama de Pareto se revela uma ferramenta muito eficiente. O Diagrama de Pareto diz que, em muitos casos, a maior parte das perdas que se fazem sentir são devidas a um pequeno número de defeitos considerados vitais (vital few). Os restantes defeitos, que dão origem a poucas perdas, são considerados triviais (trivial many) e não constituem qualquer perigo sério. Uma vez identificados os vital few dever- se-á proceder à sua análise, estudo e implementação de processos que conduzam à sua redução ou eliminação. Diagrama Causa e Efeito O Diagrama de Ishikawa é conhecido também como Diagrama de Causa e Efeito, ou ainda como Diagrama Espinha de Peixe, ou então como Diagrama 6M (já foi 4M e 5M). Este sistema permite estruturar hierarquicamente as causas de determinado problema ou oportunidade de melhoria, bem como seus efeitos sobre a qualidade. Por isso chamado de Causa e Efeito. Em sua estrutura, todos os tipos de problemas podem ser classificados como sendo de seis tipos diferentes (por isso 6M). 0% 20% 40% 60% 80% 100% A B C D E D Tipo de defeito % D E D E F E IT O S Efeito Método Matéria-prima Mão-de-obra Máquinas Meio Ambiente Medição CURSO ON-LINE – PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br Podemos dizer que o Diagrama de Pareto faz um levantamento quantitativo das causas, enquanto o Diagrama de Ishikawa faz um levantamento qualitativo, já que ele busca separa elas por classes. Histograma Na estatística, um histograma é uma representação gráfica da distribuição de frequências de determinados eventos, normalmente um gráfico de barras verticais. É uma ferramenta básica e comum da análise estatística, que todo estudant acostuma a chamar de gráfico de barras. O histograma é um gráfico composto por retângulos justapostos em que a base de cada um deles corresponde ao intervalo de classe e a sua altura à respectiva freq furtos venham ocorrendo em uma loja de departamento e que a empresa identifique o período do mês e do dia em que há maior incidência do fato. Nesse caso, o histograma pode ser uma ferramenta de qualidade utilizada para se fazer essa identificação Folhas de verificação. A folha de verificação é um formulário estruturado para coleta de dados que torna fácil o registro e a análise de dados. As folhas de verificação são fichas onde estão definidos quais os dados necessários que devem serrecolhidos para que qualquer pessoa que a utilizar possa identificar corretamente quais os itens que devem ser registrados e em que altura e sequência isso deverá ser feito de forma a evitar a – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br Podemos dizer que o Diagrama de Pareto faz um levantamento quantitativo das causas, enquanto o Diagrama de Ishikawa faz um levantamento qualitativo, já que ele busca Na estatística, um histograma é uma representação gráfica da distribuição ências de determinados eventos, normalmente um gráfico de barras verticais. É uma ferramenta básica e comum da análise estatística, que todo estudante acostuma a chamar de gráfico de O histograma é um gráfico composto por retângulos justapostos em que a base de cada um deles corresponde ao intervalo de classe e a sua altura à respectiva frequência. Por exemplo, suponha que pequenos am ocorrendo em uma loja de departamento e que a empresa identifique o período do mês e do dia em que há maior incidência do fato. Nesse caso, o histograma pode ser uma ferramenta de qualidade utilizada para se fazer essa identificação A folha de verificação é um formulário estruturado para coleta de dados que torna fácil o registro e a análise de dados. As folhas de verificação são fichas onde estão definidos quais os dados necessários que devem ser recolhidos para que qualquer ssoa que a utilizar possa identificar corretamente quais os itens que devem ser registrados e ência isso deverá ser feito de forma a evitar a 0 10 20 30 40 50 60 70 80 ja n fe v m ar ab r m ai ju n ju l ag o ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS 32 Podemos dizer que o Diagrama de Pareto faz um levantamento quantitativo das causas, enquanto o Diagrama de Ishikawa faz um levantamento qualitativo, já que ele busca por retângulos justapostos em que a base de cada um deles corresponde ao intervalo de ência. Por exemplo, suponha que pequenos am ocorrendo em uma loja de departamento e que a empresa identifique o período do mês e do dia em que há maior incidência do fato. Nesse caso, o histograma pode ser uma ferramenta de qualidade utilizada para se fazer essa identificação ag o se t o u t n o v d ez CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 33 avaliação de parâmetros ou leituras que não interessam e apenas conduzem a perdas de tempo. As folhas de verificação não só facilitam a coleta de dados como também a sua organização. Com base nelas será mais fácil posteriormente encontrar dados que sejam necessários, assim como fazer estudos retrospectivos. Eles servem para a observação sistemática de fenômenos, permitindo uma visualização de diversos fatores envolvidos e seus padrões de comportamento. Gráficos de Dispersão O gráfico de dispersão constitui maneira de visualizar a relação entre duas variáveis quantitativas. Através da coleta de dados aos pares de duas variáveis (causa/efeito), busca-se checar a existência de relação entre essas variáveis. Usado quando você necessitar visualizar o que acontece com uma variável quando outra variável se altera, para saber se as duas estão relacionadas. O diagrama de dispersão não prova que uma variável afeta a outra, mas torna claro se uma relação existe e em que intensidade. No exemplo ao lado, foi levantado quantas horas cada funcionário tinha recebido de treinamento e quantos produtos cada um produziu com defeito. Percebe-se que quanto maior a carga horária de treinamento, menor a quantidade de produtos com defeito. Fluxograma O fluxograma pode ser entendido como uma representação esquemática de um processo, muitas vezes feita através de gráficos que ilustram de forma descomplicada a transição de informações entre os elementos que o compõem. Podemos entendê-lo, na prática, como a documentação dos passos necessários para a execução de um processo qualquer. Muito utilizada em fábricas e indústrias para a organização de produtos e processos. 0 10 20 30 40 50 60 70 280 380 480 580 H o ra s d e T re in a m e n to Produtos com Defeito CURSO ON-LINE – PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br Carta de controle O gráfico de controle é um tipo de gráfico em linha utilizado para aval e manter a estabilidade do processo. Uma linha central e limites de controle, superior e inferior, são desenhados no gráfico. Os dados são coletados no decorrer do tempo e os valores são plotados no gráfico. Ela é utilizada para o acompanhamento durante um processo, determina uma faixa chamada de tolerância limitada pela linha superior (limite superior de controle) e uma linha inferior (limite inferior de controle) e uma linha média do processo, que foram estatisticamente determinadas. Esses limites são determinados, considerando servem como guias para controlar o estado do processo. Plotando as médias das amostras na carta, é possível verificar se os pontos estão fora dos limites de controle ou se formam padrões “não definidos”. Se qualquer desses casos ocorrer, o processo é dito “fora de controle”. As variações dentro dos limites de controle ou que não formam padrões “não definidos” são variações normais do processo geradas por causas aleatórias. Caso variações são devidas a causas específicas, que deveriam ser investigadas e eliminadas, tornando, assim, o processo mais estável. Vamos ver agora outros instrumentos da qualidade: Kaizen A qualidade é algo que deve ser buscada continuamente. vez que alcançamos a qualidade, devemos reduzir nossos esforços. A mudança é algo que todos dão por certo, mas no Japão ela é um modo de vida. Após ter sido arrasado pela guerra, o país precisava se levantar. A partir daí, eles i empresas, mas também em suas vidas, a filosofia do Kaizen, onde nenhum dia deve passar sem que ocorra algum melhoramento. O Kaizen significa a busca do melhoramento contínuo em todos os aspectos, refletindo na produtividade, na qualidade sem gasto ou com mínimo investimento. O empregado pensa em desenvolver seu trabalho melhorando custos para a empresa e alimentando a id – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA TRIBUNAIS PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br O gráfico de controle é um tipo de gráfico em linha utilizado para avaliar e manter a estabilidade do processo. Uma linha central e limites de controle, superior e inferior, são desenhados no gráfico. Os dados são coletados no decorrer do tempo e os valores são plotados no gráfico. Ela é utilizada para o e um processo, determina uma faixa chamada de tolerância limitada pela linha superior (limite superior de controle) e uma linha inferior (limite inferior de controle) e uma linha média do processo, que foram estatisticamente determinadas. Esses limites são determinados, considerando-se a operação normal do processo e servem como guias para controlar o estado do processo. Plotando as médias das amostras na carta, é possível verificar se os pontos estão fora dos limites de controle ou am padrões “não definidos”. Se qualquer desses casos ocorrer, o processo é dito As variações dentro dos limites de controle ou que não formam padrões “não definidos” são variações normais do processo geradas por causas aleatórias. Caso variações são devidas a causas específicas, que deveriam ser investigadas e eliminadas, tornando, assim, o processo mais estável.
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