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Introdução a Bioquímica Conceito e breve histórico A bioquímica é uma ciência que estuda principalmente as reações químicas dos processos biológicos que ocorrem em todos os seres vivos. Esta ciência é voltada principalmente para o estudo da estrutura e função de componentes celulares como proteínas, carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos e outras biomoléculas. A bioquímica, anteriormente chamada de “química biológica ou fisiológica”, surgiu a partir das investigações de fisiologistas e químicos sobre compostos e conversões químicas em seres humanos e plantas no século XIX. Talvez o fator crucial para o surgimento da Bioquímica tenha sido a descoberta da primeira enzima em 1833, que na época recebeu o nome "diastase" (hoje chamada "amilase"); quem a descreveu foi Anselme Payen. Em 1896, Eduard Buchner contribuiu para a Bioquímica descrevendo pela primeira vez um complexo processo bioquímico fora da célula – a fermentação alcoólica de extratos celulares - o que lhe valeu o Prémio Nobel da Química de 1907. Embora o termo "bioquímica" tenha sido usado pela primeira vez em 1882, é mais aceito que a criação formal deste termo tenha ocorrido em 1903 pelo químico alemão Car Alexanderl Neuberg. Ele é atualmente considerado o “Pai da Bioquímica” e entre as suas contribuições estão: a descoberta da carboxilase (enzima que cataliza a descarboxilação do ácido pirúvico); o desenvolvimento da teoria da fermentação alcoólica da glicose (que possibilitou a produção do glicerol) e o desenvolvimento do processo de hidrotropia. Vale destacar que o primeiro instituto de pesquisa estruturado e voltado unicamente para a “química da vida” (bioquímica) surgiu em 1872, como Instituto de Química Fisiológica da Universidade de Strasbourg. Em 1880, a Universidade Norte-Americana de Yale estruturou os primeiros cursos regulares com enfoque em bioquímica, mas precisamente em química fisiológica. Por volta de 1899, quando a Universidade inglesa de Cambridge criou o laboratório de química dentro do departamento de fisiologia, chefiado por Frederick Gowland Hopkins, primeiro professor de bioquímica da Universidade de Cambridge, e também fundador da bioquímica inglesa, a “química da vida” já estava estabelecida como ciência, sob diferentes denominações Dentre os momentos mais importantes da história da bioquímica, destaca-se : Em 1828, Friedrich Wöhler publicou um artigo sobre a síntese da uréia, provando que os compostos orgânicos podem ser criados artificialmente, em contraste com a ideia, comumente aceita durante muito tempo, que a regeneração destes compostos era possível somente no interior dos seres vivos. Da metade do século XX em diante, a bioquímica avançou muito; esse avanço foi possível graças ao desenvolvimento de novas técnicas como a cromatografia, difração de raio X, espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN), microscopia eletrônica e simulação da dinâmica molecular. Estas técnicas permitiram a descoberta e análise detalhada de moléculas e vias metabólicas celulares, que possibilitaram, por exemplo, elucidar a glicólise ou o ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico). Atualmente, quem estuda bioquímica utiliza-se de ferramentas e conceitos multidisciplinares que vão desde a química, particularmente da química orgânica e físico-química, física e biologia para a elucidação de eventos celulares que ocorrem nos sistemas vivos. Os resultados e princípios bioquímicos são empregados em muitas outras áreas que vão da genética à biologia molecular, da agricultura à medicina. A bioquímica é estudada por uma grande gama de profissionais das áreas médica, engenharias, exatas, agrícolas, entre outras. Referências: Gottschalk A (1956). "Prof. Carl Neuberg". Nature 178 (4536): 722– 3. Introducing the FEBS Journal for 2005. Fruton, Joseph S. Proteins, Enzymes, Genes: The Interplay of Chemistry and Biology. Yale University Press: New Haven, 1999. pp 44, 292-294 Coffman R, Kildsig D (1996). "Effect of nicotinamide and urea on the solubility of riboflavin in various solvents". J Pharm Sci 85 (9): 951– 4.