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SOCIOLOGIA E 
ANTROPOLOGIA
Unidade 2
Evolucionismo 
e Escolas 
Antropológicas
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
SILVIA CRISTINA DA SILVA
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Silvia Cristina da Silva
Olá. Sou CEO na empresa Modular Criativo - produtora 
de conteúdos didáticos; Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais 
pelo Centro Universitário de Ensino Octávio Bastos, UNIFEOB; 
Mestre Interdisciplinar em Educação, Ambiente e Sociedade das 
Faculdades Associadas de Ensino - UNIFAE, atuando na linha de 
pesquisa em Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. 
Participação discente em Seminários e Palestras no Mestrado 
Acadêmico em Análise do Discurso na Universidade Federal de 
Buenos Aires; Especialista em Docência no Ensino Superior e 
em Direito e Educação (FCE). Atua como Consultora Jurídica e 
Fiscal e Investigadora de Antecedentes para o exterior (México 
e Argentina), Docente, Tutora e Conteudista para cursos de 
graduação e pós-graduação, Elaboradora de Questões para 
Concursos Públicos, Redatora, Tradutora e Intérprete da Língua 
Espanhola e Portuguesa, Degravadora e Transcritora de áudios e 
textos. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em 
poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte 
comigo!
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Evolucionismo antropológico ................................................ 11
Origens e Princípios do Evolucionismo Antropológico ............................... 11
O Surgimento do Evolucionismo Antropológico ........................... 12
Princípios Fundamentais do Evolucionismo Antropológico ........ 14
Evolucionismo antropológico e a análise de fenômenos sociais 
contemporâneos ................................................................................................15
Evolucionismo antropológico: uma ferramenta para entender o 
contemporâneo ...................................................................................16
Limitações e críticas na aplicação do evolucionismo 
antropológico .......................................................................................17
Contribuições do evolucionismo antropológico para a análise 
sociocultural contemporânea ...........................................................18
Evolucionismo antropológico no contexto da cultura contemporânea .. 19
Globalização e evolucionismo antropológico ................................ 20
Tecnologia digital e evolucionismo antropológico ........................ 21
Diversidade cultural e evolucionismo antropológico .................. 22
Críticas e limitações do evolucionismo antropológico na cultura 
contemporânea ..................................................................................23
Antropologia Inglesa e Estadunidense ................................. 27
Raízes históricas da antropologia inglesa e estadunidense ..................... 27
Evolução da Antropologia na Inglaterra .......................................... 29
Evolução da Antropologia nos Estados Unidos ............................. 30
Comparação entre a Antropologia Inglesa e a Estadunidense .. 31
Contribuições notáveis da Antropologia inglesa e Estadunidense para o 
campo Antropológico ........................................................................................32
Pioneiros da Antropologia Estadunidense .................................... 33
Pioneiros da Antropologia inglesa .................................................. 34
Impacto global e relevância atual .................................................... 35
Aplicação da Antropologia inglesa e Estadunidense na análise de 
fenômenos sociais e culturais .........................................................................36
Aplicação da Antropologia Inglesa ................................................... 37
Aplicação da Antropologia Estadunidense ..................................... 38
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Escolas Antropológicas ........................................................... 42
Notas Introdutórias ..........................................................................................42
Escola de Manchester e Edmund Leach: conflito e mudança estrutural 43
O enfoque da Escola de Manchester .............................................. 44
Edmund Leach e seus estudos .........................................................45
Comparação entre escola de Manchester e Edmund Leach ...... 46
Impacto e influência atual .................................................................47
Materialismo Cultural e Antropologia Interpretativa: enfoques teóricos 48
Desenvolvimento do materialismo cultural ................................... 49
Desenvolvimento da Antropologia Interpretativa ......................... 50
Comparação entre Materialismo Cultural e Antropologia 
Interpretativa .......................................................................................51
Influência e relevância atual do Materialismo Cultural e da 
Antropologia Interpretativa ..............................................................52
Marxismo, Antropologia Histórica, Pós-Modernismo e Antropologia do 
Colonialismo: Perspectivas de Análise ........................................................... 53
Marxismo na Antropologia ...............................................................54
Antropologia Histórica .......................................................................55
Pós-Modernismo na Antropologia ................................................... 56
Comparação entre as quatro perspectivas ................................... 57
Impacto e influência atual .................................................................58
Etnologia Indígena, estudos Ético-Raciais no Brasil ............ 62
Notas Introdutórias ...........................................................................................62
Política Indigenista no Brasil: Legislação e Desafios ................................... 64
Legislação Indigenista no Brasil .......................................................64
Desafios das Políticas Indígenas .....................................................65
Reflexões e Perspectivas futuras .....................................................67
Etnologia Indígena no Brasil: Estudo e Abordagens ................................... 68
Métodos de Estudo em Etnologia Indígena ................................... 70
Abordagens Teóricas em Etnologia Indígena ............................... 71
Estudos Étnico-Raciais no Brasil: Identidade, Racismo e Desigualdade .. 73
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O Bem-vindo à Unidade 2 de Sociologia e Antropologia! 
Neste material, vamos mergulhar nos principais conceitos, teorias 
e abordagens da sociologia e da antropologia, explorando a 
riqueza e a diversidade das sociedades humanas e suas culturas.
No primeiro capítulo, "Evolucionismo Antropológico", 
vamos nos aprofundar em teorias e ideias que buscaram 
compreender a evolução das sociedades humanas ao longo do 
tempo. Vamos explorar as diferentes perspectivas evolucionistas 
e refletir sobre seus impactos no campo da antropologia.
Em seguida, no capítulo "Antropologia Inglesa e 
Estadunidense", vamos explorar as contribuições notáveis 
dessas duas escolas antropológicas para o desenvolvimento do 
campo. Vamos conhecer os principais teóricos, suas abordagens 
e como suas pesquisas influenciaram a compreensão da cultura 
e da sociedade.
No terceiro capítulo, "Escolas Antropológicas", vamos 
explorar uma variedade de abordagens teóricasde entender e estudar a cultura humana. 
Ambas tiveram impactos significativos no campo da antropologia 
e continuam a ser relevantes para a pesquisa antropológica 
contemporânea.
Influência e relevância atual 
do Materialismo Cultural e da 
Antropologia Interpretativa 
O materialismo cultural e a antropologia interpretativa 
continuam sendo influentes na pesquisa antropológica 
contemporânea e mantêm relevância em diversas áreas do 
conhecimento.
O materialismo cultural, com raízes na teoria marxista, 
inspirou novas abordagens para o estudo da cultura, enfatizando 
a importância das condições materiais de vida no moldar das 
sociedades humanas. Esse enfoque tem sido aplicado em 
estudos de ecologia cultural, antropologia econômica e política, 
fornecendo uma perspectiva robusta para compreender as 
transformações culturais na era globalizada (HARRIS, 1979).
Por outro lado, a antropologia interpretativa se destaca 
na compreensão das sutilezas dos significados culturais e na 
interpretação de práticas e rituais humanos. Essa abordagem 
tem impactado, profundamente, estudos de antropologia da 
religião, de gênero e de antropologia urbana, contextos em que a 
interpretação de símbolos e significados é crucial (GEERTZ, 2000).
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Em uma era de globalização acelerada e de interconexão, 
tanto o materialismo cultural quanto a antropologia interpretativa 
oferece ferramentas valiosas para entender a complexidade e a 
diversidade da cultura humana. Com seus focos respectivos na 
estrutura material e nos significados simbólicos, essas escolas 
antropológicas continuam a moldar o campo da antropologia e o 
entendimento contemporâneo da cultura e da sociedade.
Marxismo, Antropologia 
Histórica, Pós-Modernismo e 
Antropologia do Colonialismo: 
Perspectivas de Análise
Certamente, a abordagem marxista, a antropologia 
histórica, o pós-modernismo e a antropologia do colonialismo 
desempenham um papel significativo na análise de fenômenos 
socioculturais.
As lentes marxistas na antropologia nos permitem 
compreender as interações sociais em termos das estruturas 
econômicas que as moldam. Seguindo a visão de Karl Marx sobre 
a luta de classes e a exploração econômica, essa perspectiva 
interpreta fenômenos socioculturais como resultantes das 
contradições inerentes ao sistema capitalista (BOTTOMORE, 
1988).
A antropologia histórica, por outro lado, proporciona 
uma visão de longo prazo dos fenômenos socioculturais. Essa 
abordagem combina os métodos da história e da antropologia 
para explorar as mudanças socioculturais ao longo do tempo e 
para entender as sociedades contemporâneas no contexto de 
sua história (KNAUFT, 1991).
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O pós-modernismo na antropologia questiona 
os pressupostos tradicionais da disciplina, desafiando a 
objetividade e a possibilidade de conhecimento universal. Essa 
perspectiva incentiva a reflexividade e a atenção à diversidade 
cultural, à subjetividade e ao poder no processo de produção do 
conhecimento (CLIFFORD; MARCUS, 1986).
Finalmente, a antropologia do colonialismo examina o 
impacto duradouro do colonialismo nas sociedades humanas. 
Essa perspectiva ajuda a entender como o colonialismo moldou 
e continua a moldar as identidades, as culturas e as estruturas 
políticas e econômicas das sociedades ao redor do mundo (ASAD, 
1973).
Vamos, então, aprofundarmo-nos, um pouco mais, em 
cada uma dessas abordagens em seções subsequentes.
Marxismo na Antropologia 
O marxismo na antropologia proporciona uma visão 
fundamental da estrutura social e das relações de poder. 
Inspirada pela obra de Karl Marx, essa escola de pensamento 
concentra-se na análise das relações de produção e no papel do 
conflito de classes na formação das sociedades (BOTTOMORE, 
1988).
Ao contrário de abordagens que veem a cultura como 
um sistema harmonioso, o marxismo na antropologia enfatiza 
o conflito e a desigualdade como forças motrizes das mudanças 
sociais. Argumenta que as relações econômicas, especialmente 
as de propriedade, determinam a estrutura da sociedade e da 
cultura (GODELIER, 1977).
Essa abordagem tem sido particularmente útil para 
estudar a formação do capitalismo, a natureza do imperialismo 
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e a persistência da pobreza. Também permitiu aos antropólogos 
questionar as noções comuns de "progresso" e "desenvolvimento" 
e prestar atenção à exploração e à marginalização inerentes a 
esses processos (WOLF, 1982).
Hoje, a antropologia marxista continua a ser uma 
ferramenta importante para entender a globalização, a 
desigualdade e as lutas por justiça social.
Antropologia Histórica
A antropologia histórica surge como uma maneira de 
integrar a história e a antropologia, combinando métodos e 
perspectivas de ambas as disciplinas para uma compreensão 
mais rica e matizada das sociedades humanas (KNAPP, 1992).
Esse campo tem o objetivo de revelar o contexto histórico 
das culturas e sociedades estudadas, não as vendo como 
entidades estáticas, mas, sim, como em constante evolução e 
moldadas por eventos históricos específicos (PATTON, 2002). 
Para os antropólogos históricos, a mudança cultural não é um 
processo gradual e homogêneo, mas é moldada por conflitos, 
contradições e rupturas (KNAPP, 1992).
SAIBA MAIS
Um exemplo-chave de antropologia histórica 
é a obra Europe and the people without History 
(1982), de Eric Wolf, em que se demonstra como 
as sociedades consideradas "primitivas" ou 
"tradicionais" são, na verdade, influenciadas, 
profundamente, por forças globais como o 
capitalismo e o colonialismo.
Hoje, a antropologia histórica continua a influenciar a 
maneira como entendemos a mudança cultural e a complexidade 
das sociedades humanas, destacando o papel da história e 
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do contexto histórico na formação da cultura e da sociedade 
(INGOLD, 2007).
Pós-Modernismo na Antropologia
O pós-modernismo na antropologia surgiu na década de 
1980, como uma resposta crítica ao modernismo e como uma 
tentativa de questionar e de reconfigurar o papel e os métodos 
da disciplina (CLIFFORD, 1988). Essa abordagem teórica tem 
como foco a desconstrução, a relativização e a contestação das 
verdades absolutas e dos discursos dominantes.
A antropologia pós-moderna questiona as narrativas 
meta-históricas, argumentando que não existem verdadeiros 
"fatos" universais, mas apenas interpretações variadas e 
contextuais da realidade (GEERTZ, 1988). Da mesma forma, essa 
corrente teórica contesta a ideia da existência de uma "cultura" 
homogênea e coerente dentro de um grupo social, enfatizando a 
diversidade, a mudança constante e o conflito interno.
Um dos principais representantes da antropologia 
pós-moderna é Clifford Geertz, cuja obra tem sido influente 
na redefinição do conceito de cultura e na promoção de uma 
abordagem interpretativa da antropologia (GEERTZ, 1973).
Hoje, apesar das controvérsias, o pós-modernismo tem 
uma influência importante na antropologia, provocando reflexões 
sobre a objetividade, a ética e a política do trabalho antropológico 
e incentivando a inclusão de múltiplas perspectivas e vozes nos 
estudos antropológicos (MARCUS, 1998).
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Comparação entre as quatro 
perspectivas 
Comparar o marxismo, a antropologia histórica, o pós-
modernismo e a antropologia do colonialismo é perceber como 
cada um desses paradigmas oferece uma maneira única e valiosa 
de entender a cultura e a sociedade.
A abordagem marxista, com sua ênfase nos modos de 
produção e nas relações de classe, proporciona uma poderosa 
lente para examinar a desigualdade e a exploração (GODELIER, 
1977). O marxismo permite uma análise das sociedades em 
termos de luta de classes, modos de produção e forças materiais, 
permitindo uma abordagem crítica do capitalismo e da economia 
global.
A antropologia histórica, por sua vez, destaca a 
importância da historicidadee da mudança temporal na 
compreensão das sociedades humanas (BLOCH, 1998). Busca 
compreender a cultura e a sociedade dentro de uma perspectiva 
de longa duração, enfatizando as continuidades e as mudanças 
ao longo do tempo.
O pós-modernismo questiona as metanarrativas e desafia 
a ideia de uma única verdade universal (CLIFFORD, 1988). Oferece 
uma abordagem que é sensível às múltiplas vozes, perspectivas e 
realidades dentro de qualquer cultura ou sociedade.
Finalmente, a antropologia do colonialismo nos ajuda 
a compreender as relações de poder que moldam o mundo 
moderno (ASAD, 1991). Destaca como as práticas e ao discursos 
coloniais continuam a influenciar a maneira como as sociedades 
e as culturas são entendidas e representadas.
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Ao olharmos para essas quatro abordagens juntas, 
vemos como cada uma oferece uma maneira diferente mas 
complementar de compreender a complexidade das sociedades 
humanas.
Impacto e influência atual
A análise do impacto e da influência atual das diferentes 
abordagens antropológicas é fundamental para compreender a 
relevância contínua desses paradigmas no campo da antropologia 
e além. Ao examinarmos como essas perspectivas têm moldado 
o pensamento contemporâneo e suas contribuições para a 
compreensão dos fenômenos sociais e culturais, podemos 
apreciar sua relevância contínua e seu impacto duradouro.
Uma abordagem que tem demonstrado um impacto 
significativo é o materialismo cultural, que enfatiza a importância 
dos fatores materiais na formação e na transformação das 
sociedades (HARRIS, 1979). O materialismo cultural continua a 
influenciar a forma como os antropólogos estudam a economia, 
a estrutura social e as relações de poder.
Outra perspectiva relevante é a antropologia 
interpretativa, que se concentra na interpretação simbólica e 
na compreensão dos significados culturais (GEERTZ, 1973). Essa 
abordagem tem sido fundamental para a compreensão das 
práticas culturais e da construção social da realidade.
O marxismo também continua a ter um impacto 
considerável na análise de questões sociais e econômicas, 
oferecendo uma perspectiva crítica das estruturas de poder e 
desigualdade (WOLF, 1982). O marxismo fornece ferramentas 
conceituais e teóricas para analisar as relações de classe, o 
capitalismo e as dinâmicas de exploração.
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Por fim, a antropologia do colonialismo tem sido 
cada vez mais relevante na análise das relações de poder, do 
pós-colonialismo e da interculturalidade (BRETT, 1999). Essa 
abordagem questiona as estruturas coloniais e investiga os efeitos 
duradouros do colonialismo nas sociedades contemporâneas.
Ao considerarmos o impacto e a influência dessas 
perspectivas teóricas, fica claro que continuam a moldar o 
pensamento antropológico e a compreensão dos fenômenos 
sociais e culturais em nosso mundo atual.
Ao longo deste subtítulo, exploramos algumas das 
principais escolas antropológicas e suas perspectivas teóricas, 
incluindo a escola de Manchester, o trabalho de Edmund Leach, o 
materialismo cultural, a antropologia interpretativa, o marxismo, 
a antropologia histórica, o pós-modernismo e a antropologia do 
colonialismo. Cada uma dessas abordagens trouxe contribuições 
significativas para o campo da antropologia, fornecendo 
ferramentas teóricas e conceituais para a compreensão dos 
fenômenos sociais e culturais.
 • A escola de Manchester e os estudos de Edmund Leach 
destacaram a importância do conflito e da mudança 
estrutural na análise antropológica.
 • O materialismo cultural enfatizou a relação entre 
os fatores materiais e as formas sociais, enquanto 
a antropologia interpretativa concentrou-se na 
interpretação simbólica e nos significados culturais.
 • O marxismo ofereceu uma perspectiva crítica das 
estruturas de poder e desigualdade, enquanto a 
antropologia histórica analisou as dinâmicas temporais 
das culturas e sociedades.
 • O pós-modernismo desafiou noções objetivas da 
verdade e explorou a construção social da realidade, 
enquanto a antropologia do colonialismo questionou 
as estruturas coloniais e seus efeitos duradouros.
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A relevância dessas escolas antropológicas reside na sua 
capacidade de fornecer diferentes perspectivas para a análise 
dos fenômenos sociais e culturais. Cada abordagem oferece 
um conjunto único de ferramentas teóricas e metodológicas 
que enriquecem nosso entendimento da diversidade cultural, 
das relações de poder, das transformações sociais e das formas 
simbólicas de significado.
IMPORTANTE
Ao reconhecer a importância das escolas 
antropológicas, os estudiosos e profissionais 
da área têm a oportunidade de se engajar 
em análises mais abrangentes e críticas que 
considerem diferentes perspectivas teóricas e 
ampliem nossa compreensão do mundo social e 
cultural em que vivemos.
Em suma, as escolas antropológicas desempenham um 
papel fundamental no desenvolvimento da antropologia como 
disciplina e na contribuição para a compreensão dos fenômenos 
sociais e culturais, fornecendo uma gama diversificada de 
abordagens teóricas e metodológicas que exponenciam nosso 
conhecimento e nossas perspectivas sobre a complexidade da 
vida humana.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que as escolas antropológicas são abordagens 
teóricas e metodológicas que contribuíram para 
o desenvolvimento da disciplina e para a análise 
dos fenômenos sociais e culturais. Exploramos a 
escola de Manchester e os estudos de Edmund 
Leach, que enfatizaram o conflito e a mudança 
estrutural como elementos centrais da análise 
antropológica. 
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Discutimos o materialismo cultural e a 
antropologia interpretativa, que trouxeram 
diferentes perspectivas para entender as 
relações entre fatores materiais e simbólicos 
na cultura e na sociedade. Aprofundamos nosso 
conhecimento sobre o marxismo, a antropologia 
histórica, o pós-modernismo e a antropologia 
do colonialismo, que ofereceram perspectivas 
críticas e análises profundas das estruturas de 
poder, das dinâmicas temporais, das construções 
sociais da realidade e das relações coloniais. Ao 
compreender essas escolas antropológicas, você 
adquiriu uma visão mais ampla das diferentes 
abordagens teóricas disponíveis para a análise 
dos fenômenos sociais e culturais. Reconhecendo 
a relevância e o impacto dessas perspectivas, você 
está preparado para realizar análises mais críticas 
e abrangentes, considerando diferentes enfoques 
teóricos e ampliando sua compreensão do 
mundo social e cultural. Lembre-se, sempre, que 
as escolas antropológicas não são mutuamente 
excludentes, mas, sim, complementares. Cada 
uma traz uma contribuição valiosa para a 
disciplina, oferecendo ferramentas teóricas e 
metodológicas que ampliam nosso conhecimento 
da complexidade da vida humana. Agora que você 
dominou as principais escolas antropológicas, 
está pronto para explorar, ainda mais, os 
estudos etnográficos, a etnologia indígena e os 
estudos étnico-raciais no Brasil, temas que serão 
abordados no próximo capítulo. Continue sua 
jornada de aprendizado e aprofundamento, pois 
ainda há muito mais a descobrir e a compreender. 
Avante!
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Etnologia Indígena, estudos 
Ético-Raciais no Brasil 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como aplicar os conhecimentos de 
etnologia, política indigenista e estudos étnico-
raciais na análise de fenômenos sociais e culturais 
no Brasil. Essa competência é fundamental para o 
exercício das áreas de sociologia e antropologia, 
pois permite uma compreensão mais ampla e 
contextualizada da realidade brasileira. E então? 
Motivado para desenvolver essa competência? 
Vamos lá.Avante!
Notas Introdutórias
A política indigenista no Brasil desempenha um papel 
fundamental na proteção de direitos e interesses das populações 
indígenas, assegurando sua existência digna e preservando 
sua cultura, sua identidade e seus territórios. No entanto, para 
compreender e atuar nesse contexto, é essencial conhecer a 
legislação indigenista e estar ciente dos desafios enfrentados no 
país.
Figura 2.4 - Indígenas
Fonte: Freepik.
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A legislação indigenista brasileira tem, como marcos 
importantes, a Constituição Federal de 1988, o Estatuto do Índio 
e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT). Essas normativas garantem direitos fundamentais às 
populações indígenas, como a demarcação e a proteção de suas 
terras; o respeito à sua cultura e à sua identidade; e o direito à 
consulta e à participação nas decisões que afetam suas vidas. 
Segundo Carneiro da Cunha (2009), a Constituição 
Federal de 1988 representou um marco histórico para os povos 
indígenas ao reconhecer seus direitos territoriais e culturais, 
buscando superar séculos de discriminação e violações. No 
entanto, a efetivação desses direitos enfrenta diversos desafios 
no contexto brasileiro.
Os desafios da política indigenista no Brasil são diversos 
e complexos. Conflitos fundiários, invasões de terras indígenas, 
pressões econômicas, desmatamento, discriminação e violações 
de direitos humanos são alguns dos obstáculos enfrentados pelas 
populações indígenas (MELO, 2017). A falta de implementação 
efetiva da legislação, a morosidade nos processos de demarcação 
de terras e a ausência de políticas públicas adequadas também 
contribuem para a perpetuação das dificuldades enfrentadas 
pelos indígenas.
REFLITA
Nesse sentido, é fundamental refletir sobre a 
importância de uma política indigenista sensível 
e respeitosa, capaz de garantir os direitos 
indígenas e promover a equidade social. Para isso, 
é necessário promover o diálogo intercultural; 
fortalecer a participação indígena na tomada 
de decisões que afetam suas vidas; e buscar a 
conscientização e o respeito pela diversidade 
cultural e étnica do Brasil (CARNEIRO DA CUNHA, 
2009).
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Em resumo, compreender a política indigenista no Brasil, 
sua legislação e os desafios enfrentados é essencial para uma 
atuação profissional responsável e comprometida com a garantia 
dos direitos indígenas. 
Política Indigenista no Brasil: 
Legislação e Desafios
A política indigenista no Brasil desempenha um papel 
fundamental na garantia dos direitos e na proteção das 
populações indígenas, reconhecendo sua história, sua cultura e 
seu território.
Ao longo dos anos, diversas leis e marcos jurídicos foram 
estabelecidos para assegurar os direitos indígenas e promover 
a sua autonomia. No entanto, apesar desses avanços legais, a 
política indigenista enfrenta inúmeros desafios que impactam a 
efetivação desses direitos e colocam em risco a integridade física, 
cultural e territorial das comunidades indígenas.
Ao término deste capítulo, será possível compreender 
a importância da política indigenista no Brasil, analisando 
a legislação que a respalda e os desafios enfrentados na 
sua implementação. Isso será fundamental para o exercício 
profissional consciente e responsável, no sentido de promover a 
defesa dos direitos indígenas e contribuir para a construção de 
uma sociedade mais justa e inclusiva.
Legislação Indigenista no Brasil
A legislação indigenista no Brasil é um pilar fundamental 
para garantir os direitos e a proteção das populações indígenas. 
Ao longo dos anos, diversas leis foram criadas, visando a 
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reconhecer e a assegurar os direitos territoriais, culturais, sociais 
e políticos das comunidades indígenas.
Uma das leis mais importantes nesse contexto é o 
Estatuto do Índio, instituído pela Lei n.º 6.001/1973. Esse marco 
legal estabelece direitos e deveres dos indígenas, bem como as 
responsabilidades do Estado na proteção e na promoção desses 
direitos. O Estatuto do Índio busca garantir a autonomia dos 
povos indígenas; a preservação de suas culturas e tradições; e o 
respeito aos seus territórios.
Além do Estatuto do Índio, outras legislações também são 
relevantes para a proteção dos direitos indígenas no Brasil, como 
a Constituição Federal de 1988, que reconhece a diversidade 
cultural do país e os direitos originários dos povos indígenas sobre 
suas terras, e a Convenção n.º 169 da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT), que estabelece diretrizes para a consulta e a 
participação dos povos indígenas em decisões que afetem seus 
direitos.
No entanto, é importante ressaltar que, apesar da 
existência dessas leis, sua efetivação, muitas vezes, enfrenta 
desafios e obstáculos. A implementação da legislação indigenista 
ainda é um processo complexo e demanda esforços contínuos 
para garantir o respeito aos direitos indígenas e a superação de 
conflitos e violações.
Desafios das Políticas Indígenas 
As políticas indígenas no Brasil enfrentam diversos 
desafios que dificultam a efetivação dos direitos e a proteção 
das comunidades indígenas. Esses desafios estão relacionados 
a questões históricas, socioeconômicas, políticas e culturais 
que impactam, diretamente, a vida e os territórios dos povos 
indígenas.
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Um dos principais desafios enfrentados pelas políticas 
indígenas no Brasil é a questão da demarcação e da proteção das 
terras indígenas. Muitas comunidades lutam pela regularização e 
a garantia de seus territórios ancestrais, que são, constantemente, 
ameaçados pela pressão de interesses econômicos, como a 
exploração de recursos naturais e a expansão agrícola. Essa 
disputa territorial gera conflitos, violência e violações dos direitos 
indígenas.
Além disso, a falta de políticas públicas efetivas e de 
investimentos adequados em saúde, educação, saneamento 
básico e infraestrutura nas comunidades indígenas é outro 
desafio significativo. A ausência de serviços básicos de qualidade 
compromete o bem-estar das populações indígenas e perpetua 
desigualdades sociais e econômicas.
Outro desafio importante é o combate ao preconceito e à 
discriminação enfrentados pelos povos indígenas. Estereótipos, 
estigmatização e racismo ainda persistem na sociedade 
brasileira, o que dificulta a valorização das culturas indígenas e o 
respeito aos seus direitos. A luta pela afirmação identitária e pelo 
reconhecimento da diversidade cultural dos povos indígenas é 
fundamental para superar esses desafios.
Nesse contexto, é necessário fortalecer e ampliar as 
políticas indigenistas, promovendo a participação efetiva dos 
povos indígenas na tomada de decisões que afetam suas vidas 
e seus territórios. Além disso, a garantia de recursos financeiros 
adequados e a implementação de programas de capacitação e 
de ações de conscientização são fundamentais para superar os 
desafios enfrentados pelas políticas indígenas no Brasil.
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Reflexões e Perspectivas futuras
As reflexões e as perspectivas futuras em relação às 
políticas indígenas no Brasil são fundamentais para orientar 
ações e transformações necessárias na busca por uma sociedade 
mais justa e inclusiva. Nesse sentido, é importante considerar 
alguns pontos-chave que podem contribuir para a melhoria das 
condições de vida e a garantia dos direitos dos povos indígenas.
Uma reflexão importante diz respeito à necessidade de 
reconhecer e respeitar a diversidade cultural dos povos indígenas. 
Isso envolve valorizar práticas tradicionais, conhecimentos 
ancestrais e formas de organização social. Como afirma o 
antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, "Os povos indígenas 
são, em seu conjunto, uma espécie de cartografia da diversidade 
humana" (CASTRO, 2015, p. 13). A valorização dessa diversidade 
é essencial para a construção de uma sociedade maisde se aprofundar 
em questões cruciais para compreender a 
diversidade cultural, a importância da proteção 
dos direitos dos povos indígenas e a necessidade 
de combater o racismo e as desigualdades étnico-
raciais em nosso país. Ao compreender esses 
temas, você está preparado para contribuir para 
uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa 
com todas as suas diferentes expressões culturais 
e étnicas. Portanto, parabéns por ter absorvido 
esses conhecimentos! Agora, você está mais 
preparado para enfrentar os desafios e atuar, de 
forma consciente e responsável, na promoção da 
diversidade e no combate a qualquer forma de 
preconceito e discriminação étnica ou cultural.
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	Evolucionismo antropológico 
	Origens e Princípios do Evolucionismo Antropológico
	O Surgimento do Evolucionismo Antropológico
	Princípios Fundamentais do Evolucionismo Antropológico
	Evolucionismo antropológico e a análise de fenômenos sociais contemporâneos
	Evolucionismo antropológico: uma ferramenta para entender o contemporâneo
	Limitações e críticas na aplicação do evolucionismo antropológico
	Contribuições do evolucionismo antropológico para a análise sociocultural contemporânea
	Evolucionismo antropológico no contexto da cultura contemporânea
	Globalização e evolucionismo antropológico
	Tecnologia digital e evolucionismo antropológico
	Diversidade cultural e evolucionismo antropológico 
	Críticas e limitações do evolucionismo antropológico na cultura contemporânea 
	Antropologia Inglesa e Estadunidense 
	Raízes históricas da antropologia inglesa e estadunidense 
	Evolução da Antropologia na Inglaterra
	Evolução da Antropologia nos Estados Unidos
	Comparação entre a Antropologia Inglesa e a Estadunidense
	Contribuições notáveis da Antropologia inglesa e Estadunidense para o campo Antropológico
	Pioneiros da Antropologia Estadunidense 
	Pioneiros da Antropologia inglesa 
	Impacto global e relevância atual
	Aplicação da Antropologia inglesa e Estadunidense na análise de fenômenos sociais e culturais
	Aplicação da Antropologia Inglesa
	Aplicação da Antropologia Estadunidense
	Escolas Antropológicas
	Notas Introdutórias 
	Escola de Manchester e Edmund Leach: conflito e mudança estrutural
	O enfoque da Escola de Manchester
	Edmund Leach e seus estudos
	Comparação entre escola de Manchester e Edmund Leach
	Impacto e influência atual
	Materialismo Cultural e Antropologia Interpretativa: enfoques teóricos
	Desenvolvimento do materialismo cultural
	Desenvolvimento da Antropologia Interpretativa
	Comparação entre Materialismo Cultural e Antropologia Interpretativa
	Influência e relevância atual do Materialismo Cultural e da Antropologia Interpretativa 
	Marxismo, Antropologia Histórica, Pós-Modernismo e Antropologia do Colonialismo: Perspectivas de Análise
	Marxismo na Antropologia 
	Antropologia Histórica
	Pós-Modernismo na Antropologia
	Comparação entre as quatro perspectivas 
	Impacto e influência atual
	Etnologia Indígena, estudos Ético-Raciais no Brasil 
	Notas Introdutórias
	Política Indigenista no Brasil: Legislação e Desafios
	Legislação Indigenista no Brasil
	Desafios das Políticas Indígenas 
	Reflexões e Perspectivas futuras
	Etnologia Indígena no Brasil: Estudo e Abordagens
	Métodos de Estudo em Etnologia Indígena
	Abordagens Teóricas em Etnologia Indígena 
	Estudos Étnico-Raciais no Brasil: Identidade, Racismo e Desigualdadee escolas de 
pensamento que surgiram no campo da antropologia. Vamos 
analisar suas perspectivas sobre a cultura, o poder, a mudança 
social e outras dimensões da vida humana, compreendendo as 
contribuições e as críticas de cada escola.
Por fim, no capítulo "Etnologia Indígena: Estudos Ético-
Raciais no Brasil", vamos adentrar as questões relacionadas à 
diversidade étnica, cultural e racial no Brasil. Vamos explorar 
a política indigenista, a etnologia indígena e os estudos étnico-
raciais, compreendendo a importância de preservar a identidade 
e os direitos dos povos indígenas, bem como a necessidade de 
combater o racismo e as desigualdades étnico-raciais em nossa 
sociedade.
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Ao longo deste material, convidamos você a refletir sobre 
as complexidades e as peculiaridades das sociedades humanas, 
a compreender as dinâmicas culturais e sociais que nos moldam 
e a buscar uma visão mais ampla e inclusiva do mundo em que 
vivemos.
Estamos empolgados por compartilhar esses conheci-
mentos com você, na esperança de que possa aplicá-los em sua 
vida profissional e pessoal, promovendo a tolerância, o respeito 
e a igualdade em nossa sociedade.
Vamos embarcar nessa jornada juntos, explorando as 
fundamentações da sociologia e da antropologia e ampliando 
nossa compreensão da complexidade e da diversidade da expe-
riência humana. Avante!
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O
BJ
ET
IV
O
S Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos.
1. Aplicar a abordagem crítica e contextualizada do 
evolucionismo na análise de fenômenos sociais e 
culturais contemporâneos.
2. Discernir as contribuições inglesa e estadunidense para 
o campo da antropologia e sua aplicação na análise de 
fenômenos sociais e culturais.
3. Identificar e avaliar, criticamente, as diferentes 
abordagens teóricas utilizadas para estudar o 
conflito e a mudança estrutural, abordando escola de 
Manchester, Edmund Leach, materialismo cultural, 
antropologia interpretativa, antropologia marxista, 
antropologia histórica, pós-modernismo e antropologia 
do colonialismo.
4. Aplicar os conhecimentos da etnologia, da política 
indigenista e dos estudos étnico-raciais na análise de 
fenômenos sociais e culturais no Brasil.
11SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Evolucionismo antropológico 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funciona a abordagem crítica e 
contextualizada do evolucionismo na análise de 
fenômenos sociais e culturais contemporâneos. 
Isso será fundamental para o exercício de sua 
profissão, seja como sociólogo, antropólogo, 
educador ou qualquer outra profissão que 
envolva a compreensão profunda das dinâmicas 
humanas e das sociedades. As pessoas que 
tentaram analisar as complexas interações 
sociais e culturais sem a devida instrução sobre o 
evolucionismo antropológico tiveram problemas 
ao ignorar o contexto histórico e a evolução das 
sociedades, o que pode levar a interpretações 
simplistas e equivocadas. E então? Motivado 
para desenvolver essa competência? Vamos lá. 
Avante!
Origens e Princípios do 
Evolucionismo Antropológico
Para começar a entender o evolucionismo antropológico, 
é importante lembrar que surgiu em um contexto de grandes 
descobertas e mudanças científicas do século XIX. Uma das 
teorias científicas mais influentes dessa época foi a teoria da 
evolução das espécies, de Charles Darwin. Ao sugerir que todas 
as espécies de seres vivos, incluindo os seres humanos, evoluíram 
ao longo do tempo por meio da seleção natural, Darwin provocou 
uma verdadeira revolução em nossa maneira de ver o mundo 
(DARWIN, 2004).
Inspirados por essas ideias, antropólogos como Lewis 
Henry Morgan e Edward Burnett Tylor começaram a aplicar 
12 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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a teoria da evolução para explicar a diversidade e a mudança 
das culturas humanas. Morgan e Tylor argumentavam que as 
sociedades humanas passavam por estágios de evolução bem 
definidos - da selvageria à barbárie e, por fim, à civilização - e que 
esse processo era universal (MORGAN, 1877; TYLOR, 1871).
No entanto, o evolucionismo antropológico também tem 
sido de críticas significativas. Muitos estudiosos argumentaram 
que ele é eurocêntrico, por implicar que as sociedades ocidentais 
são mais "evoluídas" ou "avançadas" do que outras. Além disso, 
o evolucionismo antropológico tem sido criticado por sua 
tendência determinista, por sugerir que todas as sociedades 
seguem o mesmo caminho evolutivo (LÉVI-STRAUSS, 1955).
Para entender e aplicar, criticamente, o evolucionismo 
antropológico na análise de fenômenos sociais e culturais 
contemporâneos, é essencial estar ciente desses princípios e 
críticas.
O Surgimento do Evolucionismo 
Antropológico
A teoria da evolução proposta por Charles Darwin em 
1859, como está destacado em A origem das espécies, trouxe 
uma nova perspectiva para o estudo das ciências biológicas. Os 
princípios de seleção natural, adaptação e evolução gradual de 
espécies provocaram uma mudança paradigmática na maneira 
como entendemos o desenvolvimento dos seres vivos (DARWIN, 
2004).
13SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Figura 2.1 – Teoria da evolução
Fonte: Freepik.
Essa revolução não permaneceu confinada às ciências 
biológicas. Antropólogos do século XIX, inspirados pela teoria de 
Darwin, começaram a aplicar o conceito de evolução ao estudo 
das culturas e sociedades humanas. Argumentaram que, assim 
como as espécies biológicas, as sociedades humanas também 
evoluíram ao longo do tempo, passando por estágios bem 
definidos de desenvolvimento (STOCKING, 1987).
Nesse contexto, surgiu o evolucionismo antropológico, 
como uma tentativa de criar uma "ciência da cultura" baseada 
nos princípios da evolução. Essa nova abordagem foi usada 
para explicar a diversidade das culturas humanas e a mudança 
cultural ao longo do tempo, postulando que todas as sociedades 
humanas seguem um caminho evolutivo semelhante, desde 
formas "primitivas" até formas "civilizadas" (HARRIS, 1979).
14 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Princípios Fundamentais do 
Evolucionismo Antropológico
Os princípios fundamentais do evolucionismo 
antropológico são enraizados na ideia de que as sociedades 
humanas evoluem ao longo do tempo, passando por estágios 
bem definidos de desenvolvimento. De acordo com Tylor (1871) 
e Morgan (1877), os estágios incluem a selvageria, a barbárie e a 
civilização, respectivamente.
Edward Burnett Tylor, um dos primeiros antropólogos a 
usar a abordagem evolucionista, definiu a cultura como "aquele 
todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, 
lei, costume e qualquer outra capacidade ou hábito adquirido 
pelo homem como membro da sociedade" (TYLOR, 1871, p. 
1). Para Tylor, a evolução cultural passava por estágios de 
desenvolvimento, da simplicidade à complexidade, do primitivo 
ao moderno.
Lewis Henry Morgan, outro pioneiro da antropologia 
evolucionista, também acreditava que as sociedades humanas 
evoluíram a partir de estágios inferiores a superiores de civilização. 
Classificou esses estágios em três categorias: selvageria, barbárie 
e civilização, cada um caracterizado por diferentes tipos de 
tecnologia e organização social (MORGAN, 1877).
A concepção de evolução social como uma progressão 
linear e universal de estágios foi uma característica central do 
evolucionismo antropológico. Embora essa perspectiva tenha 
sido revolucionária na época, também foi objeto de críticas 
significativas, como discutiremos posteriormente.
15SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Evolucionismo antropológico e 
a análise de fenômenos sociais 
contemporâneos
Mesmo com suas limitações e críticas, a perspectiva 
evolucionista em antropologia oferece uma ferramenta 
valiosa para entender e analisar fenômenos sociais e culturais 
contemporâneos.Compreender que as sociedades e as culturas 
não são estáticas, mas, sim, que evoluem e se transformam ao 
longo do tempo permite uma análise dinâmica da realidade 
social (INGOLD, 2007).
Tomemos, por exemplo, o desenvolvimento e a difusão de 
tecnologias digitais. Poderíamos usar um enfoque evolucionista 
para analisar como essas tecnologias têm transformado 
sociedades e culturas, passando por estágios de adaptação 
e mudança. Assim, entenderíamos melhor o impacto dessas 
tecnologias em nossa vida cotidiana e em nossas estruturas 
sociais (CASTELLS, 2009).
No entanto, é fundamental aplicar a perspectiva 
evolucionista de forma crítica e contextualizada, evitando 
simplificações e visões deterministas da evolução social. Em 
vez disso, devemos reconhecer a complexidade e a diversidade 
de trajetórias evolutivas possíveis, assim como as múltiplas 
influências e os fatores que podem afetar a direção da evolução 
social (KUPER, 1999).
16 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Evolucionismo antropológico: 
uma ferramenta para entender o 
contemporâneo
O evolucionismo antropológico nos fornece 
uma ferramenta poderosa para compreender o mundo 
contemporâneo. Ensina-nos a ver a cultura e a sociedade 
como processos em constante mudança e evolução, em vez de 
entidades fixas e imutáveis (INGOLD, 2007).
Por exemplo, podemos aplicar uma perspectiva 
evolucionista para entender a globalização. A globalização, 
vista como um fenômeno cultural, pode ser entendida como 
um processo de evolução e adaptação em que diferentes 
culturas interagem e se influenciam mutuamente, levando a 
novas formas de expressão cultural (APPADURAI, 1990). Nesse 
sentido, a globalização pode ser vista como um processo de 
“seleção cultural” em que certas práticas culturais são adotadas, 
adaptadas ou rejeitadas em diferentes contextos.
Retomando o exemplo do avanço das tecnologias digitais 
e sua incorporação na vida cotidiana à luz do evolucionismo 
antropológico, podemos ver como a adoção e a adaptação a 
essas tecnologias representam um novo “estágio” na evolução 
cultural, com impactos significativos em todas as áreas da vida, 
desde o trabalho e a comunicação até as formas de lazer e 
entretenimento (CASTELLS, 2009).
Portanto, o evolucionismo antropológico nos permite 
entender esses fenômenos como parte de um processo de 
evolução cultural contínuo, fornecendo uma perspectiva 
dinâmica e adaptativa da realidade social.
17SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Limitações e críticas na aplicação do 
evolucionismo antropológico
Embora o evolucionismo antropológico forneça um 
importante lente analítica para o entendimento dos fenômenos 
sociais contemporâneos, sua aplicação também enfrenta várias 
limitações e críticas.
A primeira e mais proeminente crítica é a de que a 
visão evolucionista de que as culturas passam por estágios 
progressivos e lineares de desenvolvimento é simplista e redutiva 
(KUPER, 1999). Na realidade, a evolução cultural é um processo 
complexo e multifacetado que pode ocorrer de maneiras muito 
diferentes em distintos contextos. É um equívoco pensar que 
todas as culturas evoluem ao longo de um único caminho pré-
determinado, do "primitivo" ao "civilizado".
Além disso, a ideia de que algumas culturas são "mais 
avançadas" ou "mais evoluídas" do que outras pode, facilmente, 
levar a julgamentos de valor e a visões etnocêntricas. Esta é uma 
crítica frequente ao evolucionismo antropológico: pode ser usado 
para justificar o domínio e a opressão de culturas consideradas 
"menos evoluídas" (STOCKING, 1987).
Por fim, o evolucionismo antropológico pode cair 
na armadilha do determinismo tecnológico ou econômico, 
assumindo que mudanças na tecnologia ou na economia são a 
força motriz única e inevitável por trás da evolução cultural. No 
entanto, na realidade, a evolução cultural é influenciada por uma 
ampla variedade de fatores, incluindo aspectos sociais, políticos 
e ideológicos (WOLF, 1982).
Portanto, ao aplicar a abordagem evolucionista à 
análise de fenômenos sociais contemporâneos, é crucial fazê-
18 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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lo de maneira crítica e contextualizada, levando em conta a 
complexidade e a diversidade da evolução cultural.
Contribuições do evolucionismo 
antropológico para a análise 
sociocultural contemporânea
Apesar das críticas mencionadas anteriormente, é 
inegável que o evolucionismo antropológico continua a oferecer 
insights valiosos para a compreensão da realidade social 
contemporânea. Essa abordagem nos permite entender culturas 
e sociedades como entidades em constante transformação, 
sujeitas a processos de mudança e adaptação (INGOLD, 2007).
A visão evolucionista, quando aplicada de maneira crítica 
e contextualizada, pode nos ajudar a entender a dinâmica 
complexa de interação cultural, resistência e mudança. Isso 
é relevante, especialmente, em um mundo globalizado, cujas 
culturas estão em constantes processos de contato e interação 
(APPADURAI, 1990).
Além disso, o evolucionismo antropológico pode 
nos fornecer uma perspectiva útil sobre a maneira como as 
tecnologias digitais estão remodelando nossas sociedades e 
culturas. Permite-nos ver essas mudanças não como rupturas 
abruptas, mas como parte de um contínuo processo evolutivo de 
adaptação e inovação (CASTELLS, 2009).
Finalmente, a perspectiva evolucionista pode nos ajudar a 
reconhecer a diversidade e a pluralidade de trajetórias culturais. 
Ao desafiar a ideia de que existe um único caminho "natural" 
para o desenvolvimento cultural, o evolucionismo antropológico 
pode contribuir para uma compreensão mais rica e matizada da 
diversidade cultural global (KUPER, 1999).
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Em suma, embora o evolucionismo antropológico deva 
ser aplicado com cautela, ainda oferece uma ferramenta valiosa 
para a análise e a compreensão dos fenômenos socioculturais 
contemporâneos.
Evolucionismo antropológico 
no contexto da cultura 
contemporânea
A era contemporânea, marcada por globalização, avanços 
tecnológicos e interações culturais complexas, traz desafios 
únicos para a compreensão dos fenômenos culturais e sociais. 
Nesse contexto, a abordagem do evolucionismo antropológico 
continua sendo um instrumento crucial, apesar das críticas que 
lhe são dirigidas (KUPER, 1999).
Figura 2.2 – Avanços evolucionistas 
Fonte: freepik
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O evolucionismo antropológico, em sua visão de sociedades 
e culturas como entidades em constante transformação, fornece 
uma lente de análise valiosa para os desafios da atualidade. Ele 
oferece uma perspectiva útil para entender as mudanças rápidas 
e muitas vezes turbulentas que a globalização e a tecnologia 
trazem para nossas culturas (CASTELLS, 2009).
Além disso, essa abordagem nos ajuda a ver a diversidade 
de trajetórias culturais, resistindo à ideia simplista de um único 
caminho "natural" para o desenvolvimento cultural. Isso é 
especialmente importante em um mundo onde a interação 
e a fusão cultural são cada vez mais a norma, e não a exceção 
(APPADURAI, 1990).
Globalização e evolucionismo 
antropológico
A globalização tem provocado mudanças profundas 
nas formas como as culturas interagem e se influenciam 
mutuamente. Essa realidade complexa e interconectada pode 
ser melhor compreendida por meio da lente do evolucionismo 
antropológico (APPADURAI, 1990).
Figura 2.3 – Globalização
Fonte: Freepik.
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A globalização, em sua essência, é um processo de 
interação e integração entre pessoas, empresas e governos 
de diferentes nações. Isso tem conduzido a um aumento sem 
precedentes na troca de ideias e culturas, resultando em uma 
mistura cultural sem precedentes. O evolucionismo antropológico 
nos ajuda a entender esse fenômeno, vendo a cultura não como 
algo estático e isolado, mas como algo dinâmico e interconectado, 
em constante transformação (INGOLD, 2007).
IMPORTANTE
Além disso, a visão evolucionistanos permite 
entender como as culturas podem adaptar-se e 
mudar em resposta a essas novas interações. As 
culturas não são passivas na face da globalização; 
resistem, adaptam-se e evoluem de formas 
únicas e, às vezes, surpreendentes. Esse é um 
ponto chave do evolucionismo antropológico 
extremamente relevante no mundo globalizado 
de hoje (LEVITT, 2001).
Por fim, a perspectiva evolucionista também nos ajuda a 
questionar e a resistir a uma visão simplista de homogeneização 
cultural global. Apesar da influência inegável do Ocidente, as 
culturas locais continuam a resistir e a criar suas próprias formas 
híbridas e adaptadas de cultura (PIETERSE, 2004).
Tecnologia digital e evolucionismo 
antropológico
Na era digital contemporânea, a tecnologia desempenha 
um papel crucial na modelagem da cultura e das interações 
sociais. De redes sociais a plataformas de streaming, a tecnologia 
está redefinindo a maneira como nos comunicamos, trabalhamos, 
divertimo-nos e nos engajamos com o mundo ao nosso redor 
(CASTELLS, 2009).
22 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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A perspectiva do evolucionismo antropológico é 
extremamente útil para entender essas mudanças. Lembra-nos 
que, assim como ocorre com as influências da globalização, as 
culturas não são passivas no rosto da tecnologia digital. Em vez 
disso, adaptam-se, apropriam-se e, às vezes, resistem às novas 
tecnologias de formas distintas e significativas (HORST; MILLER, 
2012).
Por exemplo, em várias partes do mundo, as pessoas 
usam a tecnologia digital para manter e revitalizar as práticas 
culturais indígenas, fazendo-as, assim, resistir à erosão cultural 
e promovendo a diversidade (DYSON; HENDRIKS; GRANT, 2007). 
Ao mesmo tempo, a tecnologia digital está criando formas de 
cultura e expressão, um exemplo vibrante da natureza mutável 
da cultura que o evolucionismo antropológico nos ajuda a 
entender (TURKLE, 2011).
Além disso, a perspectiva evolucionista também pode nos 
ajudar a entender como as novas tecnologias estão moldando 
estruturas sociais e relações de poder, um ponto crucial para 
qualquer análise sociocultural (BOELLSTORFF, 2008).
Diversidade cultural e evolucionismo 
antropológico 
Em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado, 
a questão da diversidade cultural é de suma importância. A 
perspectiva evolucionista da antropologia oferece uma lente 
importante para entender a complexidade e a dinâmica da 
diversidade cultural no mundo contemporâneo (KUPER, 1999).
De acordo com a perspectiva evolucionista, as culturas 
não são entidades isoladas e fixas, mas, sim, sistemas dinâmicos 
e adaptáveis que estão, constantemente, mudando e evoluindo 
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em resposta ao ambiente. Esse princípio é crucial para entender 
a diversidade cultural na era contemporânea. A interação e a 
fusão cultural, em vez de levar a uma homogeneização cultural, 
podem, na verdade, levar a novas formas de diversidade cultural. 
As culturas se adaptam e mudam, mas também resistem e 
mantêm elementos distintos (INGOLD, 2007).
Além disso, a perspectiva evolucionista nos ajuda a 
resistir a visões simplistas de hierarquia cultural. Em vez de ver 
as culturas como "avançadas" ou "atrasadas", o evolucionismo 
antropológico vê todas as culturas como respostas adaptativas 
igualmente válidas a seus ambientes específicos. Isso é 
crucial para resistir ao etnocentrismo e promover o respeito à 
diversidade cultural (GEERTZ, 1973).
Por último, a perspectiva evolucionista também nos ajuda 
a entender como a diversidade cultural pode ser uma fonte de 
resiliência e inovação. Culturas diferentes trazem diferentes 
formas de saber, que podem ser vitais para enfrentar os desafios 
do século XXI (NAKATA, 2007).
Críticas e limitações do evolucionismo 
antropológico na cultura 
contemporânea 
Apesar das contribuições valiosas do evolucionismo 
antropológico para a compreensão da cultura contemporânea, 
é importante reconhecer que essa abordagem também tem 
limitações e tem sido objeto de diversas críticas (HARRIS, 1979).
Uma das principais críticas ao evolucionismo 
antropológico é a de que pode cair na armadilha do determinismo 
cultural, isto é, pode dar a impressão de que a cultura determina, 
completamente, as ações e os pensamentos dos indivíduos, 
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subestimando a agência individual e a capacidade dos indivíduos 
de resistir, contestar e reinterpretar a cultura (ORTNER, 1984).
Além disso, o evolucionismo antropológico tem sido 
criticado por sua tendência a tratar a cultura como um sistema 
homogêneo e integrado. No entanto, as culturas contemporâneas 
são, muitas vezes, marcadas por divisões e conflitos internos, 
como divisões de classe, gênero, etnia e religião, que podem não 
ser capturados, adequadamente, pela abordagem evolucionista 
(ABU-LUGHOD, 1991).
Finalmente, alguns críticos apontaram que a abordagem 
evolucionista pode levar a uma visão simplista da mudança 
cultural. Em vez de uma progressão linear ou cíclica, a mudança 
cultural pode ser complexa, descontínua e marcada por 
contradições e tensões (SAHLINS, 1976).
Reconhecer essas críticas e limitações é uma parte 
importante de qualquer análise crítica e contextualizada da 
cultura contemporânea. Isso nos permite refinar e desenvolver 
nossa compreensão, evitando simplificações e generalizações 
excessivas (INGOLD, 2000).
Em resumo, o evolucionismo antropológico tem sido 
uma ferramenta poderosa para entender a diversidade cultural 
e a mudança cultural. Oferece uma perspectiva única sobre a 
dinâmica e a complexidade das culturas, permitindo-nos entender 
como se adaptam, resistem e mudam ao longo do tempo. Apesar 
das críticas e limitações, a abordagem evolucionista continua 
sendo uma contribuição valiosa para a antropologia e para as 
ciências sociais mais amplamente (HARRIS, 1979).
Além disso, o evolucionismo antropológico é de 
extrema relevância na análise de fenômenos sociais e culturais 
contemporâneos. Ajuda-nos a entender questões como a 
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globalização, a tecnologia digital e a diversidade cultural. Também 
nos ajuda a resistir ao etnocentrismo, promovendo o respeito 
pela diversidade e pelas diferentes formas de saber (INGOLD, 
2000).
No entanto, para evitar generalizações e simplificações 
excessivas, é essencial combinar a perspectiva evolucionista 
com uma análise crítica e contextualizada. Assim, seremos 
capazes de capturar a complexidade e a ambiguidade da cultura 
contemporânea, bem como as contradições e as tensões que 
marcam a mudança cultural (ABU-LUGHOD, 1991).
Portanto, a chave para uma compreensão efetiva 
do evolucionismo antropológico é entender seus princípios 
fundamentais, apreciar suas contribuições, reconhecer suas 
limitações e aplicá-lo, de maneira crítica e contextualizada, na 
análise dos fenômenos culturais contemporâneos. A antropologia 
evolutiva, portanto, oferece ferramentas valiosas para quem 
busca compreender e navegar na complexa paisagem cultural 
de nosso mundo contemporâneo.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o 
evolucionismo antropológico, com suas origens e 
princípios, é uma abordagem fundamental para 
entender a dinâmica da cultura e da sociedade. 
Foi um movimento pioneiro no desenvolvimento 
da antropologia como disciplina acadêmica, 
baseando-se na crença de que as culturas 
progridem de maneiras comparáveis à evolução 
biológica. 
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A abordagem do evolucionismo antropológico é 
uma ferramenta útil para a análise de fenômenos 
sociais e culturais contemporâneos. 
Oferece uma visão de como as sociedades evoluem 
e se adaptam e de como os indivíduos interagem 
com essas mudanças. No entanto, a aplicação 
dessa abordagem requer cautela econsciência 
de suas limitações e críticas. O evolucionismo 
antropológico no contexto da cultura 
contemporânea nos ajuda a entender questões 
complexas como globalização, diversidade 
cultural e tecnologia digital. Porém, para evitar 
uma visão simplista da mudança cultural, é 
essencial combinar a perspectiva evolucionista 
com uma análise crítica e contextualizada. 
Assim, você deve ter aprendido que a chave para 
uma compreensão efetiva do evolucionismo 
antropológico é entender seus princípios 
fundamentais, apreciar suas contribuições, 
reconhecer suas limitações e aplicá-lo, de 
maneira crítica e contextualizada, na análise dos 
fenômenos culturais contemporâneos.
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Antropologia Inglesa e 
Estadunidense 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funcionam as vertentes inglesa 
e estadunidense da antropologia, bem como 
suas respectivas contribuições para o estudo e a 
análise de fenômenos sociais e culturais. Isso será 
fundamental para o exercício de sua profissão, 
especialmente se você estiver trabalhando em 
áreas que exigem uma compreensão profunda 
da dinâmica cultural e social, como relações 
internacionais, políticas públicas, ONG e, 
certamente, contextos acadêmicos. As pessoas 
que tentaram aplicar conceitos e métodos 
antropológicos sem a devida compreensão 
de suas raízes históricas e de suas diferenças 
regionais tiveram problemas ao interpretar, 
corretamente, seus resultados e ao comunicá-
los de maneira apropriada para diferentes 
públicos. Saber discernir as contribuições 
inglesas e estadunidenses para a antropologia 
pode ajudá-lo a evitar tais dificuldades, além de 
enriquecer sua análise e expandir seu horizonte 
teórico. E então? Motivado para desenvolver essa 
competência? Vamos lá. Avante!
Raízes históricas da antropologia 
inglesa e estadunidense 
A antropologia, como campo de estudo dedicado à 
compreensão do ser humano em todas as suas dimensões 
– cultural, social, biológica e histórica – é produto de 
desenvolvimentos intelectuais e sociais específicos que ocorreram 
na Europa durante o Iluminismo e a era do colonialismo, contexto 
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caracterizado por uma busca intensa de novos conhecimentos 
sobre o mundo. Assim, as diversidades cultural e social humanas 
começaram a ser objetos de estudo sistemáticos (L'ESTOILE, 
2008).
Embora a antropologia tenha se estabelecido em diversos 
países, as tradições britânica e americana têm se destacado 
particularmente e se diferenciado uma da outra ao longo do 
tempo. Na Inglaterra, a antropologia surgiu no século XIX, 
enraizada na sociologia, com figuras importantes como E. B. Tylor 
e James Frazer conduzindo estudos comparativos de sociedades 
e culturas em todo o mundo (KUKLICK, 2008). A antropologia 
britânica, posteriormente, dividiu-se em antropologia social, com 
foco no estudo das estruturas sociais; e em antropologia cultural, 
com foco em crenças, valores e práticas de diferentes culturas.
Nos Estados Unidos, a antropologia desenvolveu-se em um 
caminho ligeiramente diferente, com figuras como Franz Boas e 
seus estudantes (entre os quais, Margaret Mead e Ruth Benedict), 
enfocando a especificidade cultural e o relativismo cultural 
(STOCKING, 1982). A antropologia cultural americana enfatizou 
a importância do trabalho de campo e a descrição etnográfica 
e, eventualmente, dividiu-se em várias subdisciplinas, incluindo 
antropologia física, arqueologia, linguística antropológica e 
antropologia sociocultural.
Portanto, é essencial entender as raízes históricas das 
antropologias britânica e estadunidense para discernir suas 
respectivas contribuições e suas abordagens diferenciadas à 
análise de fenômenos sociais e culturais.
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Evolução da Antropologia na Inglaterra
A antropologia britânica tem uma longa história de 
desenvolvimento e uma contribuição significativa para a 
antropologia como um todo. O início da antropologia na 
Inglaterra foi marcado por grandes figuras, como Edward Burnett 
Tylor e James Frazer, que conduziram estudos comparativos de 
sociedades e culturas ao redor do mundo no século XIX (KUKLICK, 
2008). Ambos são conhecidos como fundadores da antropologia 
britânica, e suas ideias ainda influenciam a maneira como 
entendemos as culturas hoje.
Edward B. Tylor, em particular, é creditado pela 
formalização da antropologia como uma disciplina acadêmica 
na Inglaterra. Definiu a cultura como um "complexo que inclui 
conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e qualquer 
outra capacidade e hábito adquirido pelo homem como 
membro da sociedade" (TYLOR, 1871, p. 1). Essa definição tem 
sido fundamental para estudos subsequentes de cultura na 
antropologia.
No século XX, uma figura proeminente foi Bronislaw 
Malinowski, cujo trabalho nas Ilhas Trobriand, na Melanésia 
definiu a prática da pesquisa etnográfica moderna. Malinowski 
enfatizou a importância do trabalho de campo prolongado e a 
necessidade de entender a perspectiva do "nativo". Argumentou 
que, para compreender, verdadeiramente, uma cultura, os 
antropólogos precisam viver em seu âmbito, aprendendo a 
língua e participando da vida cotidiana (MALINOWSKI, 1922).
Na década de 1960, a antropologia social britânica 
ganhou destaque com o trabalho de Edmund Leach, Mary 
Douglas e outros que exploraram o simbolismo e a classificação 
social em suas pesquisas. Concentraram-se em desvendar as 
30 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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estruturas ocultas que governam o comportamento social, como 
os sistemas de parentesco e as hierarquias sociais (LEACH, 1961; 
DOUGLAS, 1966).
A antropologia britânica tem sido, portanto, caracterizada 
por um foco em questões sociais e culturais, com ênfase no 
estudo detalhado de sociedades específicas e na comparação 
entre diferentes culturas.
Evolução da Antropologia nos Estados 
Unidos
A antropologia nos Estados Unidos tem uma rica história, 
caracterizada pela diversidade de abordagens e uma orientação 
distintamente interdisciplinar. Inicialmente, a antropologia 
estadunidense tinha um foco considerável em antropologia 
física, linguística e arqueologia, juntamente com a antropologia 
cultural (BAKER, 1998).
Franz Boas, muitas vezes considerado o "pai da 
antropologia moderna", foi uma figura fundamental na formação 
da antropologia nos Estados Unidos. Boas rejeitou a abordagem 
evolucionista predominante em seu tempo, insistindo na 
importância do trabalho de campo detalhado e da compreensão 
das culturas em seus próprios termos; e na relevância do contexto 
histórico (BOAS, 1940).
Seguindo Boas, uma geração de antropólogos notáveis, 
incluindo Margaret Mead, Ruth Benedict e Alfred Kroeber, 
expandiu a compreensão das complexidades culturais humanas. 
Suas pesquisas ajudaram a estabelecer a antropologia cultural 
como uma disciplina acadêmica dominante nos Estados Unidos 
(BENEDICT, 1934; MEAD, 1928; KROEBER, 1948).
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Nas década de 1960 e de 1970, o antropólogo Clifford 
Geertz impulsionou uma "virada interpretativa" na antropologia, 
promovendo uma abordagem mais simbólica e interpretativa 
do estudo da cultura. Geertz via a cultura como um sistema de 
significados compartilhados que poderiam ser "lidos", tal como 
textos (GEERTZ, 1973).
Mais recentemente, a antropologia nos Estados Unidos 
tem se diversificado ainda mais, incorporando abordagens pós-
modernas, feministas e pós-coloniais. A disciplina também tem 
se mostrado cada vez mais preocupada com questões de poder, 
identidade e representação (ABU-LUGHOD, 1991; ORTNER, 1984).
Comparação entre a Antropologia 
Inglesa e a Estadunidense
Embora haja semelhanças fundamentais entre a 
antropologia inglesa e a estadunidense, existem diferenças 
significativas que podem ser rastreadas até as origens históricas, 
os contextos culturais e as tradições acadêmicas de cada uma.
A antropologia britânica, desde as raízesna era 
vitoriana, foi influenciada, fortemente, pelo funcionalismo, 
uma abordagem que vê a cultura e a sociedade como sistemas 
integrados cujas partes atuam em conjunto para manter o todo 
(RADCLIFFE-BROWN, 1952). A abordagem britânica também 
tem sido caracterizada pelo seu foco nas estruturas sociais e 
nas instituições, muitas vezes por meio do estudo detalhado de 
pequenas sociedades ou comunidades.
Em contraste, a antropologia estadunidense, na tradição 
de Franz Boas, tem sido mais preocupada com a diversidade 
cultural e a relatividade cultural. A antropologia cultural nos 
Estados Unidos tem enfatizado uma abordagem mais holística 
32 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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e interdisciplinar, incluindo antropologia física, arqueologia e 
linguística, bem como sociocultural (BOAS, 1940).
IMPORTANTE
No entanto, tanto a antropologia britânica 
quanto a estadunidense tem se preocupado com 
o estudo detalhado da cultura e da sociedade 
por meio do trabalho de campo, um método de 
pesquisa que envolve a imersão do pesquisador 
na vida cotidiana das pessoas que está estudando.
Apesar dessas diferenças, ao longo do tempo, houve 
um fluxo considerável de ideias entre as duas tradições, com 
muitos antropólogos britânicos influenciando seus colegas 
estadunidenses, e vice-versa. A disciplina continua a ser marcada 
por uma rica diversidade de abordagens e perspectivas.
Contribuições notáveis 
da Antropologia inglesa e 
Estadunidense para o campo 
Antropológico
A antropologia, como ciência que se dedica ao estudo 
da humanidade em sua totalidade, tem sido influenciada, 
fortemente, por correntes teóricas e metodológicas provenientes 
de diferentes partes do mundo. Entre essas, destaca-se o papel 
central desempenhado pelas escolas antropológicas britânica 
e americana, que, com suas respectivas características e 
contribuições, moldaram o campo antropológico de maneiras 
significativas.
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IMPORTANTE
A antropologia inglesa, conhecida, 
principalmente, pelo funcionalismo e pelo 
estrutural-funcionalismo, trouxe um novo 
olhar sobre as sociedades humanas. Bronislaw 
Malinowski e E. E. Evans-Pritchard são alguns dos 
antropólogos mais influentes que emergiram 
dessa tradição, sendo reconhecidos pela riqueza 
de suas descrições etnográficas e pela atenção 
cuidadosa às estruturas sociais (KUPER, 1996).
Por outro lado, a antropologia estadunidense, 
com sua ênfase no particularismo histórico e 
no difusionismo, proporcionou uma perspectiva 
crítica sobre a cultura e a sociedade. Franz Boas, 
Margaret Mead e Clifford Geertz são alguns dos 
mais notáveis antropólogos estadunidenses, 
cujos trabalhos são considerados fundamentais 
para o desenvolvimento da disciplina (BOROFSKY, 
2005).
Neste subtítulo, vamos explorar as principais contribui-
ções das antropologias inglesa e estadunidense para o campo 
antropológico, buscando entender como essas escolas molda-
ram o modo como entendemos e estudamos a humanidade.
Pioneiros da Antropologia 
Estadunidense 
Na antropologia estadunidense, é possível identificar 
uma série de acadêmicos pioneiros que contribuíram para o 
desenvolvimento e a expansão do campo antropológico. Entre os 
mais destacados, há Franz Boas, Margaret Mead, Clifford Geertz 
e Ruth Benedict.
Franz Boas, frequentemente chamado de "pai da 
antropologia moderna americana", é notável por seu trabalho 
34 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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pioneiro em antropologia física, linguística e cultural. Além disso, 
é creditado por estabelecer a antropologia como uma disciplina 
acadêmica distinta nos Estados Unidos (BOAS, 1940).
Margaret Mead, uma estudante de Boas, é conhecida 
por seu trabalho em Samoa e Papua-Nova Guiné. Em sua 
pesquisa, examinou a influência da cultura na educação e no 
desenvolvimento dos indivíduos, desafiando preconceitos de 
gênero e sexualidade de sua época (MEAD, 1928).
Clifford Geertz, um antropólogo do século XX, é famoso 
por seu trabalho em simbolismo e interpretação cultural. 
Defendia uma "descrição densa" na etnografia, com o objetivo 
de interpretar ações e símbolos culturais dentro do seu contexto 
específico (GEERTZ, 1973).
Ruth Benedict, outra estudante de Boas, é conhecida 
por seu trabalho em padrões de cultura, explorando como as 
culturas funcionam como um todo e se adaptam às circunstâncias 
(BENEDICT, 1934).
Esses acadêmicos não apenas estabeleceram as fundações 
da antropologia estadunidense, mas também contribuíram 
para o entendimento contemporâneo da diversidade cultural e 
humana.
Pioneiros da Antropologia inglesa 
A antropologia inglesa, conhecida pela minuciosa des-
crição etnográfica e pela teoria funcionalista, deve muito de seu 
desenvolvimento a alguns acadêmicos pioneiros que moldaram 
a disciplina. Entre esses pioneiros, destacam-se nomes como Ed-
ward Burnett Tylor, James George Frazer, Bronislaw Malinowski e 
Alfred Radcliffe-Brown.
35SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Edward Burnett Tylor, considerado um dos fundadores 
da antropologia inglesa, propôs uma visão evolucionista da 
cultura de acordo com a qual todas as sociedades passariam 
por estágios similares de desenvolvimento (TYLOR, 1871). James 
George Frazer, por sua vez, ficou conhecido por seus estudos 
sobre mitologia e religião, particularmente pelo seu livro O ramo 
de ouro, em que examina padrões comuns em mitos, rituais e 
sistemas de crenças ao redor do mundo (FRAZER, 1890).
No século XX, Bronislaw Malinowski se tornou conhecido 
como “o pai do funcionalismo e da etnografia moderna”. Seu 
trabalho nas Ilhas Trobriand foi revolucionário ao mostrar que o 
antropólogo deveria viver entre as pessoas que estuda, aprender 
sua língua e entender suas práticas a partir de seu próprio ponto 
de vista (MALINOWSKI, 1922).
Alfred Radcliffe-Brown, seguindo a tradição funcionalista, 
introduziu o conceito de estrutural-funcionalismo, argumentando 
que as sociedades podem ser entendidas como organismos cujas 
partes têm funções específicas no todo (RADCLIFFE-BROWN, 
1952).
A contribuição desses pioneiros para a antropologia 
inglesa é inegável e continua a moldar a forma como a disciplina 
é entendida e praticada hoje.
Impacto global e relevância atual
O impacto global e a relevância atual da antropologia, 
particularmente as contribuições inglesa e estadunidense, 
destacam-se no cenário de discussões do diversificado campo 
das ciências sociais. As teorias e os métodos desenvolvidos por 
essas escolas de pensamento proporcionaram novas maneiras 
de compreender e abordar as complexidades das culturas 
humanas; não apenas localmente, mas em um contexto global.
36 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Boas (2004) defendia a ideia de que as culturas devem ser 
entendidas em seus próprios termos, uma visão que continua 
sendo uma base sólida para a antropologia contemporânea. 
Essa abordagem holística e relativista permitiu que a disciplina 
estivesse na vanguarda de questões globais prementes, como o 
entendimento das diferenças culturais, a crise dos refugiados, a 
proteção dos direitos indígenas e a compreensão dos impactos 
do colonialismo.
Geertz (2008), por sua vez, enfatizou o papel central do 
simbolismo e do significado em sua abordagem interpretativa da 
cultura, destacando que a compreensão de qualquer sociedade 
exige a descriptografia de seu próprio sistema de significados. 
Essa abordagem se mostrou útil, particularmente, na era da 
globalização, quando os fluxos transnacionais de pessoas, ideias 
e tecnologias continuam a remodelar culturas e sociedades ao 
redor do mundo.
Apesar de suas origens históricas, as contribuições das 
antropologias inglesa e estadunidense permanecem não apenas 
relevantes, mas essenciais para a análise de fenômenos sociais e 
culturais contemporâneos.
Aplicação da Antropologia inglesa 
e Estadunidense na análise de 
fenômenos sociais e culturais
As antropologias inglesa e estadunidense têm se firmado 
como pilares fundamentais para a compreensãoe a análise dos 
fenômenos sociais e culturais contemporâneos. Tendo inícios 
distindos, mas se conectando em certos aspectos, essas duas 
escolas antropológicas fornecem ferramentas de interpretação 
diferentes e, ao mesmo tempo, complementares para o estudo 
de grupos humanos (L'ESTOILE, 2008).
37SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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A antropologia inglesa, guiada, inicialmente, pelos 
princípios do estrutural-funcionalismo, de autores como Radcliffe-
Brown e Bronislaw Malinowski, forneceu uma abordagem 
orientada para o entendimento das estruturas sociais e do papel 
de tradições e rituais nessas estruturas (KUPER, 1996). Por outro 
lado, a antropologia estadunidense, influenciada, fortemente, por 
Franz Boas e sua ênfase no trabalho de campo e no relativismo 
cultural, direcionou o foco para a experiência individual e a 
diversidade cultural (STOCKING, 1992).
Ambas as escolas tiveram um papel crucial na formação 
do campo antropológico e continuam a informar pesquisas e 
análises contemporâneas. Ao longo deste subtítulo, discutiremos, 
em detalhes, a aplicação dessas abordagens no estudo de 
fenômenos sociais e culturais. A importância dessas perspectivas 
reside na maneira como nos permitem capturar a complexidade 
da experiência humana em contextos sociais e culturais diversos.
Aplicação da Antropologia Inglesa
A antropologia inglesa, historicamente caracterizada 
pelo estrutural-funcionalismo, é conhecida por sua abordagem 
sistemática ao estudo da sociedade e da cultura. Essa abordagem 
teve um papel crucial na análise de fenômenos sociais e culturais, 
em especial no que se refere às estruturas sociais e à manutenção 
da ordem social (KUPER, 1996).
EXEMPLO
Um exemplo significativo da aplicação da antropologia 
inglesa pode ser visto no trabalho de Bronislaw Malinowski, 
que é considerado, amplamente, um dos fundadores 
da antropologia social britânica. Malinowski enfatizou a 
necessidade de um trabalho de campo prolongado para 
38 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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entender os sistemas de significados nativos. Sua obra 
Os argonautas do Pacífico Ocidental (1922) é um clássico 
do estudo etnográfico que examina o sistema de trocas 
entre as ilhas Trobriand (MALINOWSKI, 1922).
Outro grande nome da antropologia inglesa é Radcliffe-
Brown, que defendia a visão de que cada sociedade é um 
sistema estruturado cujas partes mantêm certo equilíbrio umas 
com as outras, um conceito que chamou de "estrutura social" 
(RADCLIFFE-BROWN, 1952). Por exemplo, ele analisou as relações 
de parentesco dos povos aborígenes australianos para entender 
a organização social desses grupos (RADCLIFFE-BROWN, 1930).
Assim, a antropologia inglesa tem sido fundamental 
para a compreensão dos aspectos estruturais e funcionais das 
sociedades, oferecendo ferramentas valiosas para a análise de 
fenômenos sociais e culturais.
Aplicação da Antropologia 
Estadunidense
A antropologia estadunidense, com suas origens na 
obra de Franz Boas e de seus seguidores, teve um impacto 
significativo no estudo de fenômenos sociais e culturais. 
Enquanto a antropologia britânica era mais concentrada na 
estrutura e na função, a escola estadunidense se caracterizava 
pelo particularismo histórico e pela ênfase na cultura como 
principal fenômeno antropológico (STOCKING, 1968).
Franz Boas, considerado "o pai da antropologia 
americana", rejeitou a abordagem evolucionista em favor de 
uma compreensão mais localizada e histórica das culturas. 
Argumentou que cada cultura deve ser entendida em seus 
próprios termos, sem a aplicação de um modelo evolutivo que 
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classifique as culturas em "primitivas" e em "civilizadas" (BOAS, 
1911). Seu trabalho com os povos indígenas do Noroeste do 
Pacífico, como os Kwakiutl, é um exemplo clássico de sua 
abordagem (BOAS, 1897).
Uma das principais contribuições da escola estadunidense 
foi a noção de "culturalismo", que sugere que a cultura é uma 
lente através da qual os indivíduos veem e interpretam o mundo 
ao seu redor. Essa abordagem foi aprimorada por Ruth Benedict, 
uma aluna de Boas, em seu estudo Padrões de cultura (BENEDICT, 
1934).
Assim, a antropologia estadunidense, com sua ênfase na 
cultura e na especificidade histórica, forneceu ferramentas críticas 
para a análise de fenômenos sociais e culturais, permitindo uma 
compreensão mais rica e matizada da diversidade humana.
As abordagens das antropologias britânica e 
estadunidense têm desempenhado um papel significativo na 
evolução da antropologia como campo de estudo, cada uma 
contribuindo com perspectivas e metodologias distintas que 
enriquecem nosso entendimento dos fenômenos sociais e 
culturais. A antropologia britânica, com seu foco na estrutura 
social, e a antropologia estadunidense, com sua ênfase na 
diversidade cultural, interagem e se complementam, criando 
uma visão panorâmica rica e multidimensional da humanidade.
Essas abordagens não apenas moldaram o campo da 
antropologia, mas também influenciaram, significativamente, a 
forma como abordamos e tentamos resolver problemas sociais e 
culturais. Ambas as escolas de pensamento contribuíram para a 
aplicação da antropologia em contextos globais, desde programas 
de desenvolvimento e ajuda humanitária até a implementação 
de políticas culturais sensíveis.
40 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Portanto, ao refletir sobre a relevância das antropologias 
inglesa e estadunidense, não podemos subestimar seu valor 
intrínseco e sua influência no mundo. Suas contribuições à nossa 
compreensão da diversidade cultural e dos fenômenos sociais são 
inestimáveis e continuam a fornecer ferramentas e perspectivas 
únicas para navegar em nossa sociedade global, cada vez mais 
complexa. Por isso, o estudo e a compreensão dessas escolas 
antropológicas são essenciais para qualquer pessoa que busque 
uma compreensão mais profunda da condição humana e de 
nosso mundo multicultural.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que a antropologia, como campo de estudo, é 
influenciada, ricamente, por diferentes escolas 
de pensamento, cada uma com suas próprias 
perspectivas e metodologias. No contexto 
das antropologias inglesa e estadunidense, 
vimos como essas escolas contribuíram para 
a formação do campo da antropologia, com a 
antropologia inglesa focada, principalmente, na 
estrutura social, e a antropologia estadunidense 
focada, majoritariamente, na diversidade 
cultural. Em nossa jornada pelas raízes 
históricas, você conheceu os principais pioneiros 
e suas contribuições notáveis para o campo 
antropológico. Cada um deixou um legado de 
pensamento, abordagens e metodologias que 
enriqueceu nossa compreensão da diversidade e 
da complexidade humanas. Por fim, exploramos 
as formas pelas quais essas abordagens da 
antropologia são aplicadas na análise de 
fenômenos sociais e culturais. 
41SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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Vimos como as perspectivas e as técnicas 
desenvolvidas por antropólogos ingleses e 
estadunidenses são empregadas para navegar 
e entender nossa sociedade globalmente 
diversa e complexa. Esperamos que, ao terminar 
este capítulo, você tenha desenvolvido um 
discernimento aguçado das contribuições 
inglesa e estadunidense para o campo da 
antropologia, bem como de sua aplicação na 
análise de fenômenos sociais e culturais. Cada 
escola de pensamento oferece uma lente única 
através da qual podemos entender e apreciar a 
rica tapeçaria da experiência humana. E então, 
motivado para desenvolver ainda mais essa 
competência? Vamos lá. Avante!
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Escolas Antropológicas
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender como funcionam as diferentes 
escolas antropológicas e suas aplicações no 
estudo dos fenômenos sociais e culturais.Esse 
conhecimento será fundamental para o exercício 
de sua profissão, permitindo que você tenha 
uma visão mais completa e multidimensional da 
cultura e da sociedade. As pessoas que tentaram 
analisar fenômenos sociais e culturais sem a 
devida compreensão das diversas perspectivas 
proporcionadas pelas escolas antropológicas, 
muitas vezes, tiveram problemas ao interpretar e 
contextualizar, corretamente, suas observações 
e seus dados. Entender essas escolas não apenas 
fortalecerá sua capacidade analítica, mas também 
aumentará sua apreciação da diversidade e 
da complexidade do comportamento humano. 
E então? Motivado para desenvolver essa 
competência? Vamos lá. Avante!
Notas Introdutórias 
Ao longo da história da antropologia, diversas escolas de 
pensamento e teorias surgiram e influenciaram a maneira como 
estudamos e entendemos as sociedades humanas. Neste capítulo, 
exploraremos algumas das principais escolas antropológicas, 
desde as teorias do conflito e da mudança estrutural da escola 
de Manchester e de Edmund Leach até as perspectivas de análise 
do marxismo, a antropologia histórica, o pós-modernismo e a 
antropologia do colonialismo (PEIRANO, 2006).
Na antropologia, como em muitas outras disciplinas, 
diferentes teorias representam diferentes maneiras de entender 
o mundo. Cada uma dessas escolas de pensamento oferece uma 
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lente única através da qual podemos analisar a complexidade das 
sociedades humanas, o que nos permite compreender melhor os 
fenômenos sociais e culturais (LAPASSADE, 1977).
Esperamos que, ao fim deste capítulo, você possa 
identificar e avaliar, criticamente, essas diferentes abordagens 
teóricas e, assim, estar mais bem preparado para o estudo e 
a compreensão da diversidade humana. Então, motivado para 
desenvolver essa competência? Vamos lá. Avante!
Escola de Manchester e Edmund 
Leach: conflito e mudança 
estrutural
A escola de Manchester e a obra de Edmund Leach 
representam importantes contribuições para a antropologia, 
principalmente no que se refere à análise do conflito e da 
mudança estrutural.
A escola de Manchester, também conhecida como a 
Escola da Situacionalidade, teve origem na Universidade de 
Manchester, na Inglaterra, na década de 1950. É conhecida, 
especialmente, por seu foco no estudo de situações de conflito 
nas sociedades africanas do pós-guerra (EPSTEIN, 1958). Com 
uma abordagem eminentemente situacional e dinâmica, seus 
membros acreditavam que o conflito social era não apenas 
inevitável, mas também um motor crucial para a mudança 
estrutural.
Em contraponto, Edmund Leach, antropólogo britânico, 
também dedicou uma parte significativa de seu trabalho ao 
estudo de conflitos e mudanças estruturais. É conhecido por 
suas pesquisas inovadoras em sociedades da do Sudeste 
Asiático, como Burma e Sri Lanka. Leach propôs que a estrutura 
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social não é um sistema estável e contínuo, mas um processo em 
constantes fluxo e transformação, impulsionado por tensões e 
conflitos internos (LEACH, 1954).
A comparação entre a escola de Manchester e Edmund 
Leach revela uma semelhança crucial: ambos percebem o conflito 
como um componente intrínseco das sociedades humanas e um 
motor para a mudança. No entanto, também existem diferenças 
significativas em suas abordagens, particularmente em relação à 
ênfase de Leach na variabilidade e na flexibilidade das categorias 
sociais e dos sistemas de parentesco.
Essas abordagens continuam influentes na antropologia 
contemporânea, especialmente na análise de conflitos sociais e 
de mudanças estruturais. É importante para qualquer estudante 
de antropologia entender essas perspectivas e avaliá-las 
criticamente.
O enfoque da Escola de Manchester
A escola de Manchester, criada em torno da Universidade 
de Manchester, no Reino Unido, durante a década de 1950, teve 
um enfoque particular na observação de comunidades urbanas 
nas Áfricas Central e do Sul, durante o período de descolonização. 
Em vez de ver o conflito como patológico ou disfuncional, essa 
escola o considerava uma parte inevitável e funcional da vida 
social (GLUCKMAN, 1955).
Os antropólogos dessa escola, liderados por Max 
Gluckman, adotaram um enfoque que chamavam de "análise 
de situação", que buscava entender o comportamento social 
em termos de tensões e contradições existentes dentro de 
determinada situação social. Esse enfoque prestava especial 
atenção às situações de conflito, que eram vistas como 
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momentos reveladores das normas e das estruturas subjacentes 
da sociedade (GLUCKMAN, 1955).
A contribuição da escola de Manchester para a 
antropologia reside em seu enfoque na "situacionalidade" do 
comportamento social e na ênfase que coloca no conflito como 
um fenômeno inerente à vida social. Essa perspectiva oferece 
ferramentas úteis para a análise de conflitos em diversas 
sociedades, incluindo as sociedades contemporâneas.
Edmund Leach e seus estudos
Edmund Leach foi um antropólogo britânico influente que 
contribuiu para a nossa compreensão da mudança estrutural em 
sociedades por meio de suas investigações sobre a sociedade 
Kachin, de Mianmar (antiga Birmânia).
NOTA
Leach é bem conhecido por seu trabalho Sistemas 
políticos da Alta Birmânia (1954), que desafia as 
perspectivas antropológicas tradicionais das 
sociedades não ocidentais, particularmente a 
visão de que essas sociedades são estruturas 
estáticas e imutáveis. Ao contrário, Leach 
argumentou que a sociedade Kachin passava por 
constantes ciclos de mudança, oscilando entre 
dois sistemas políticos: um sistema igualitário e 
um sistema hierárquico (LEACH, 1954).
Leach propôs o conceito de "oscilação estrutural", 
sugerindo que a mudança não é um desvio do equilíbrio social, 
mas uma parte essencial da organização social. Seu trabalho 
foi um marco no desenvolvimento da antropologia como um 
campo comprometido com a compreensão das complexidades 
do processo social e da mudança (DOUGLAS, 1980).
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Edmund Leach foi um dos primeiros antropólogos a 
integrar, de maneira significativa, a análise estrutural e o estudo 
do processo social, fornecendo uma maneira valiosa de entender 
as mudanças sociais e culturais nas sociedades ao longo do 
tempo.
Comparação entre escola de 
Manchester e Edmund Leach
A escola de Manchester e Edmund Leach se distinguem 
no campo da antropologia por suas contribuições significativas 
para a compreensão dos conflitos e das mudanças estruturais 
nas sociedades.
NOTA
A escola de Manchester, sob a liderança de Max 
Gluckman, caracterizou-se por uma atenção 
especial aos processos de conflito e de resolução 
nas sociedades complexas do sul da África. 
Ao mesmo tempo, Gluckman e seus colegas 
buscavam compreender como as estruturas 
sociais se mantinham e mudavam ao longo do 
tempo (GLUCKMAN, 1955).
Por outro lado, Edmund Leach, estudando a sociedade 
Kachin, em Mianmar, abordou a mudança estrutural de uma 
perspectiva diferente. Argumentou que a sociedade Kachin 
oscilava entre dois sistemas políticos distintos: um sistema 
hierárquico e um sistema igualitário. Para Leach, a mudança 
estrutural era um aspecto inerente da organização social, e não 
um desvio da norma (LEACH, 1954).
Apesar de suas abordagens distintas, a escola de 
Manchester e Edmund Leach partilharam o interesse de entender 
a mudança e o conflito dentro das sociedades. Ambos rejeitaram 
a ideia de que as sociedades são estáticas e imutáveis; em vez 
47SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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disso, sustentaram que o conflito e a mudança são aspectos 
cruciais da vida social.
Impacto e influência atual
As abordagens teóricas desenvolvidas pela escola de 
Manchester e por Edmund Leach têm impactos e influências 
duradouros no campo da antropologia. Embora cada escola 
apresente suas peculiaridades, ambas trouxeram contribuições 
significativas para o entendimentodas dinâmicas sociais e da 
mudança estrutural.
A escola de Manchester introduziu um novo foco no 
conflito social e nas complexidades das sociedades africanas. Essa 
abordagem influenciou gerações de antropólogos, ampliando 
o escopo da antropologia para além das sociedades simples e 
destacando a importância dos contextos político e histórico no 
estudo das sociedades (GLUCKMAN, 1955).
Por sua vez, Edmund Leach foi pioneiro em destacar a 
fluidez das categorias sociais e a natureza cíclica da mudança 
estrutural. Sua obra desafiou conceitos tradicionais de estrutura 
social e forneceu um novo quadro para o estudo da mudança 
social. Os conceitos e os métodos de Leach continuam sendo 
uma referência essencial na antropologia atual, influenciando 
pesquisas em diversas áreas, desde os estudos de gênero até os 
antropologia política (LEACH, 1954).
Atualmente, as ideias da escola de Manchester e de 
Edmund Leach ainda são relevantes e continuam a influenciar 
a antropologia e outras ciências sociais. Seus trabalhos não só 
nos ajudam a compreender a complexidade da vida social, mas 
também nos lembram a importância de considerar as dinâmicas 
de conflito e de mudança em nossas análises.
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Materialismo Cultural e 
Antropologia Interpretativa: 
enfoques teóricos
Ao embarcarmos em uma exploração das abordagens 
teóricas na antropologia, duas escolas significativas que 
demandam nossa atenção são o materialismo cultural e a 
antropologia interpretativa. Ambas fornecem estruturas 
analíticas poderosas porém distintas para entender as culturas 
humanas (HARRIS, 1979; GEERTZ, 1973).
O materialismo cultural, popularizado por Marvin Harris, 
situa-se dentro de uma tradição marxista, embora apresente 
suas peculiaridades. Procura entender os fenômenos culturais 
à luz das condições materiais e ecológicas que moldam a vida 
das pessoas (HARRIS, 1979). A cultura, aqui, não é vista como um 
mero reflexo da economia, mas como um sistema complexo que 
evolui para atender às necessidades materiais de uma sociedade.
Por outro lado, a antropologia interpretativa, tal como 
articulada por Clifford Geertz, representa uma ruptura com 
os enfoques mais determinísticos. Para Geertz, a cultura não 
pode ser reduzida apenas a suas bases materiais. Em vez disso, 
argumenta que devemos interpretar a cultura como um "sistema 
de significados" que os membros de uma sociedade usam para 
dar sentido ao mundo (GEERTZ, 1973).
Ambas as abordagens representam tentativas valiosas 
de entender a complexidade da cultura humana. No entanto, 
diferem, significativamente, em metodologias e premissas 
básicas. Nosso trabalho, agora, será explorar esses elementos 
em detalhes.
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Desenvolvimento do materialismo 
cultural
A trajetória do materialismo cultural na antropologia 
é bastante intrigante, pois se desenvolveu como uma reação 
a outras escolas de pensamento. Originada como uma crítica 
ao estrutural-funcionalismo e ao particularismo histórico, essa 
abordagem se posiciona, firmemente, em favor da convicção de 
que a vida material de uma sociedade, as condições ecológicas e 
as condições econômicas formam a base para a superestrutura 
cultural (HARRIS, 1979).
O materialismo cultural foi desenvolvido e popularizado 
por Marvin Harris na década de 1960. Sua teoria era uma 
tentativa de fornecer um método científico para o estudo da 
cultura, que acreditava ser negligenciado pela antropologia da 
época. Segundo Harris, a chave para entender a cultura reside 
na maneira como as sociedades se organizam para produzir 
e reproduzir sua existência material. Para ele, os fenômenos 
culturais eram mais bem explicados em termos de sua função na 
manutenção da vida material de uma sociedade (HARRIS, 1979).
Apesar de suas raízes no marxismo, o materialismo 
cultural de Harris difere ao colocar menos ênfase na luta de 
classes como motor da mudança cultural e ao se concentrar 
mais na adaptação ecológica. Harris também se afastou do 
marxismo ao negar que a superestrutura da sociedade (ou seja, 
suas instituições políticas e ideológicas) tem qualquer autonomia 
significativa ou poder causal em relação à infraestrutura material 
(HARRIS, 1979).
Apesar de suas críticas, a teoria do materialismo cultural 
contribuiu, significativamente, para a antropologia, oferecendo 
50 SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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uma forma de pensar a cultura que enfatiza sua ligação com a 
economia e o meio ambiente.
Desenvolvimento da Antropologia 
Interpretativa
A antropologia interpretativa surgiu como uma reação 
à antropologia estruturalista e funcionalista, que dominou a 
primeira metade do século XX. Ganhou destaque na década 
de 1960, sendo liderada, principalmente, pelo antropólogo 
Clifford Geertz, cujo trabalho tem sido fundamental para o 
desenvolvimento dessa abordagem (GEERTZ, 1973).
A antropologia interpretativa, também conhecida como 
simbólica ou hermenêutica, difere do materialismo cultural e de 
outras abordagens em sua ênfase na interpretação. Para Geertz, 
a cultura é composta por significados, símbolos e ideias que 
as pessoas constroem e negociam em sua vida diária. O papel 
do antropólogo, portanto, é interpretar esses símbolos e seus 
significados, uma tarefa que Geertz comparou à leitura de um 
texto (GEERTZ, 1973).
Geertz rejeitou a ideia de que a cultura poderia ser 
reduzida a leis universais e a princípios gerais. Em vez disso, 
argumentou que cada cultura é única e deve ser entendida em 
seus próprios termos. Também rejeitou a separação rígida entre 
a infraestrutura material e a superestrutura cultural, típica do 
materialismo cultural. Para Geertz, a cultura não é determinada 
por condições materiais, mas é uma força ativa que molda a 
maneira como as pessoas vivem suas vidas (GEERTZ, 1973).
O trabalho de Geertz tem sido influente, mas também é 
criticado. Alguns criticam sua falta de consideração por questões 
de poder e conflito, enquanto outros argumentam que sua 
51SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
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abordagem é subjetiva em excesso e, por isso, não científica. 
No entanto, a antropologia interpretativa tem sido fundamental 
para levar a antropologia a considerar, seriamente, o papel de 
símbolos e significados na vida humana.
Comparação entre Materialismo 
Cultural e Antropologia Interpretativa
O materialismo cultural e a antropologia interpretativa 
representam dois enfoques teóricos distintos que surgiram no 
campo da antropologia no século XX. Apesar de serem diferentes, 
compartilham o objetivo de compreender as complexidades da 
cultura humana e a maneira como as pessoas vivem suas vidas.
O materialismo cultural, conforme proposto por Marvin 
Harris, busca compreender a cultura humana examinando as 
condições materiais de vida das pessoas e como moldam crenças, 
valores e práticas culturais. De acordo com essa abordagem, 
a infraestrutura econômica e tecnológica de uma sociedade 
desempenha um papel fundamental na determinação de sua 
estrutura e de sua superestrutura cultural (HARRIS, 1979).
Por outro lado, a antropologia interpretativa, liderada, 
principalmente, por Clifford Geertz, coloca ênfase na interpretação 
de símbolos e significados que compõem a cultura. Para Geertz, 
a cultura não é determinada por condições materiais, mas é uma 
força ativa que molda a maneira como as pessoas vivem suas 
vidas. Vê a cultura como um sistema de símbolos e significados, e 
o papel do antropólogo, como o de interpretar esses significados 
(GEERTZ, 1973).
Embora ambos os enfoques reconheçam a importância 
da cultura na vida humana, diferem na maneira como veem a 
relação entre a cultura e a vida material. O materialismo cultural 
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tende a ver a cultura como determinada por condições materiais, 
enquanto a antropologia interpretativa vê a cultura como ativa 
na formação da vida social.
Em última análise, essas duas abordagens refletem 
diferentes maneirasde se aprofundar 
em questões cruciais para compreender a 
diversidade cultural, a importância da proteção 
dos direitos dos povos indígenas e a necessidade 
de combater o racismo e as desigualdades étnico-
raciais em nosso país. Ao compreender esses 
temas, você está preparado para contribuir para 
uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa 
com todas as suas diferentes expressões culturais 
e étnicas. Portanto, parabéns por ter absorvido 
esses conhecimentos! Agora, você está mais 
preparado para enfrentar os desafios e atuar, de 
forma consciente e responsável, na promoção da 
diversidade e no combate a qualquer forma de 
preconceito e discriminação étnica ou cultural.
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	Evolucionismo antropológico 
	Origens e Princípios do Evolucionismo Antropológico
	O Surgimento do Evolucionismo Antropológico
	Princípios Fundamentais do Evolucionismo Antropológico
	Evolucionismo antropológico e a análise de fenômenos sociais contemporâneos
	Evolucionismo antropológico: uma ferramenta para entender o contemporâneo
	Limitações e críticas na aplicação do evolucionismo antropológico
	Contribuições do evolucionismo antropológico para a análise sociocultural contemporânea
	Evolucionismo antropológico no contexto da cultura contemporânea
	Globalização e evolucionismo antropológico
	Tecnologia digital e evolucionismo antropológico
	Diversidade cultural e evolucionismo antropológico 
	Críticas e limitações do evolucionismo antropológico na cultura contemporânea 
	Antropologia Inglesa e Estadunidense 
	Raízes históricas da antropologia inglesa e estadunidense 
	Evolução da Antropologia na Inglaterra
	Evolução da Antropologia nos Estados Unidos
	Comparação entre a Antropologia Inglesa e a Estadunidense
	Contribuições notáveis da Antropologia inglesa e Estadunidense para o campo Antropológico
	Pioneiros da Antropologia Estadunidense 
	Pioneiros da Antropologia inglesa 
	Impacto global e relevância atual
	Aplicação da Antropologia inglesa e Estadunidense na análise de fenômenos sociais e culturais
	Aplicação da Antropologia Inglesa
	Aplicação da Antropologia Estadunidense
	Escolas Antropológicas
	Notas Introdutórias 
	Escola de Manchester e Edmund Leach: conflito e mudança estrutural
	O enfoque da Escola de Manchester
	Edmund Leach e seus estudos
	Comparação entre escola de Manchester e Edmund Leach
	Impacto e influência atual
	Materialismo Cultural e Antropologia Interpretativa: enfoques teóricos
	Desenvolvimento do materialismo cultural
	Desenvolvimento da Antropologia Interpretativa
	Comparação entre Materialismo Cultural e Antropologia Interpretativa
	Influência e relevância atual do Materialismo Cultural e da Antropologia Interpretativa 
	Marxismo, Antropologia Histórica, Pós-Modernismo e Antropologia do Colonialismo: Perspectivas de Análise
	Marxismo na Antropologia 
	Antropologia Histórica
	Pós-Modernismo na Antropologia
	Comparação entre as quatro perspectivas 
	Impacto e influência atual
	Etnologia Indígena, estudos Ético-Raciais no Brasil 
	Notas Introdutórias
	Política Indigenista no Brasil: Legislação e Desafios
	Legislação Indigenista no Brasil
	Desafios das Políticas Indígenas 
	Reflexões e Perspectivas futuras
	Etnologia Indígena no Brasil: Estudo e Abordagens
	Métodos de Estudo em Etnologia Indígena
	Abordagens Teóricas em Etnologia Indígena 
	Estudos Étnico-Raciais no Brasil: Identidade, Racismo e Desigualdade

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