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MATERIAL DE ESTUDO 02
DIREITO PENAL IV – DOCTUM
PROF. JUVENAL JUNNIOR
CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Estupro de vulnerável              
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:               
 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.              § 2o  (VETADO)             
 § 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.            
 § 4o  Se da conduta resulta morte:              
 Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.           (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 5º  As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.  (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
O Art. 217 – A do Código Penal apresenta os vulneráveis para fins sexuais. São pessoas consideradas incapazes para compreender e aceitar validamente atos de conotação sexual, razão pela qual não podem contra estes oferecer resistência.
Vejamos cada uma das hipóteses:
a) Os menores de 14 anos – art. 217-A, caput – segundo Cleber Masson como a escolha aqui é objetiva, não há possibilidade de afastar determinadas pessoas, menores de 14 anos, da definição de vulneráveis, em decorrência de questões ligadas à educação, ao passado repleto de promiscuidade ou ao estilo de vida. Não se fala mais em presunção de violência, mas sim de vulnerabilidade, decorrente de incompleto desenvolvimento físico, moral e mental dos menores de 14 anos.
b) Aquele que, por enfermidade ou deficiência mental, não têm o necessário discernimento para a prática do ato – Art. 217 –A,§1º, 1ª parte - em consonância com a Constituição Federal e com a terminologia adotada pelas ciências médicas, a Lei nº 12.015/09 acabou com a antiga terminologia, que presumia a violência se a vítima era alienada ou débil mental. A enfermidade ou deficiência mental, pode ser permanente ou temporária, congênita ou adquirida. O fundamental é acarretar a eliminação do discernimento para a prática do ato. Em razão disso exige-se perícia médica. Consagrou-se aqui o sistema biopsicológico.
c) Aqueles que por qualquer outra causa, não podem oferecer resistência: art. 217-A, § 1º, parte final – neste caso também são considerados vulneráveis as pessoas que, embora maiores de 14 anos de idade e sem qualquer tipo de enfermidade ou deficiência mental, por qualquer outra causa não podem oferecer resistência ao ato sexual. Para Masson a expressão “qualquer outra causa” precisa ser interpretada em sentido amplo, para o fim de alcançar todos os motivos que retirem de alguém a capacidade de resistir ao ato sexual. São exemplos de vulneráveis neste caso pessoas em coma, anestesiadas ou sedadas, bem como pessoas portadoras de deficiências físicas que, embora conscientes, não tem como se defender da agressão sexual, a exemplo de um tetraplégico.
Ação Penal – pública incondicionada
Crime Hediondo – havia uma discussão na doutrina e jurisprudência se o estupro contra vulnerável, sem violência ou grave ameaça, era ou não hediondo ( antigo art. 224 do CP). A Lei 12.105/2009 colocou uma pá de cal na discussão, incluindo expressamente, o art. 217-A no rol de delitos hediondos ( Rógerio Sanches).
A Lei 13.718/18 trouxe de uma vez por toda o entendimento que mesmo havendo o consentimento da vítima, mesmo ela sendo pessoa que pela vivência já estaria pronta para consentir o ato sexual, continua havendo o crime de estupro de vulnerável. Este já era o posicionamento do STJ – SUM 593
Art. 218 – Mediação de Menor Vulnerável Para Satisfazer a Lascívia de Outrem.
Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem.
Pena: reclusão de 2 a 5 anos.
Conduta – o crime se verifica quando o sujeito ativo induzir ( aliciar, persuadir) menor de 14 anos a satisfazer a lascívia ( sensualidade – desejo sexual – libidinagem) de outrem.
Para Sanches, o ato em que o menor vulnerável é induzido a praticar não pode consistir em conjunção carnal ou atos libidinosos diversos, em que ocorrendo estará configurado o crime de estupro de vulnerável ( art. 217-A do CP), tanto para quem induz, quanto para quem dele participa diretamente.
Consumação - consuma-se o delito com a prática do ato que importa na satisfação da lascívia de outrem, independentemente de se considerar satisfeito.
Art. 218-A: Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente.
Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos.
Conduta: o crime admite duas modalidades de execução:
a) Praticar, na presença da vítima, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, querendo ou aceitando ser observado. Nesta hipótese o agente não interfere na vontade do menor mas aproveita-se da sua espontânea presença para realizar o ato sexual, visando, desse modo, satisfazer lascívia própria ou de outrem.
b) Induzindo a vítima a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Hipótese em que o agente faz nascer no menor de 14 anos a ideia de presenciar ao ato de libidinagem.
Em nenhuma hipótese a vitima participa do ato sexual, limitando a observar.
Art.218 –B. Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual de Criança ou Adolescente ou de Vulnerável.
OBS – Aqui pune a conduta de quem submete, induz ou atrai a prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos, ou que por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato. Também pune a conduta de quem impedir ou dificultar alguém na mesma situação em abandonar a prostituição.
Na lição de Rogério Sanches o art. 218-B, NÃO se confunde com o art. 218 ( mediação para servir a lascívia de outrem). No art. 218 o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa(s) certa(s) e determinada(s) ; já no favorecimento (art. 218-B), o agente leva, atrai, propicia ou retém a vítima, visando desta o exercício da prostituição, consistente em satisfazer a lascívia de pessoas, de maneira geral, pessoa indeterminada.
Com a previsão do crime de exploração da prostituição de adolescente no art. 218-B do CP, revoga-se neste ponto, o art. 244-A do ECA – ver Sanches – Nucci – Cleber Masson
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia  (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 218-C.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.   
Aumento de pena   
§ 1º  A pena é aumentadb ba de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.   k
 Exclusão de ilicitude   
§ 2º  Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.  
 O crime de divulgação de cena de estupro ou estupro de vulnerável,e de sexo ou pornografia sem consentimento da vítima se trata-se novatio legis incriminadora. Tal delito tem por objetivo central frear a circulação de material contendo cenas de estupro, estupro de vulnerável, incitação a tais crimes, apologia de estupradores, bem como, divulgar sem o consentimento da vítima cenas de sexo com essa. 
BIBLIOGRAFIA
CUNHA, Rogério Sanches – Manual de Direito Penal: parte especial 8 d. Salvador: JusPodivm, 2016.
CUNHA, Rogério Sanches – Crime de Migração – meusitejurídico 2017.
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOAS PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE PROSTITUIÇÃO.
1- Mediação Para Servir a Lascívia de Outrem.
Art. 227 – Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena: reclusão, de 1 a 3 anos..
§ 1 Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou é pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tramento ou de guarda:
Pena: reclusão de 2 a 5 anos.
§2 – Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena: reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
§3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
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O núcleo induzir é utilizado no sentido não somente de incutir a ideia na vítima, como também convencê-la à pratica do comportamento previsto no tipo penal. A vítima, aqui, é convencida pelo proxeneta a satisfazer a lascívia de outrem.
Quando a lei penal menciona, que a vítima deverá ser induzida a satisfazer a lascívia de outrem, está afirmando, que o outrem deverá ser pessoa ou grupo de pessoa determinadas, pois, caso contrário, poderá ocorrer a hipótese do art. 228 do CP, que tipifica o delito de favorecimento a prostituição ou outra forma de exploração sexual., o proxeneta atua não no sentido de satisfazer sua própria libido, mas sim, a lascívia de outrem. Além disso, a vítima não obtém nenhuma contraprestação por parte do agente ou de terceiro, em virtude de seu comportamento, pois, caso contrário, restaria configurada a atividade de prostituição, permitindo a configuração típica para esta última figura.
Também no lenocínio
Objetividade jurídica – Tutela a dignidade sexual, bem como a moralidade pública e liberdade sexual da vítima.
Objeto Material – é a pessoa induzida a satisfazer a lascívia de outrem.
Ação Penal – pública incondicionada.
Consumação – consuma-se o delito com a prática do ato que importe na satisfação da lascívia de outrem, independentemente deste considerar-se satisfeito.(Rogério Greco – Rogério Sanches – Cleber Masson);
Atenção: Observa Rogério Greco: nos casos de violência ou grave ameaça, a conduta do agente estaria muito próxima daquelas previstas pelo art. 213do CP. A diferença fundamental entre essas figuras típicas é que a vítima, no delito em estudo, é induzida, mesmo que à força, à satisfação de lascívia de outrem, no entanto, ainda há resquício de sua vontade, ou seja, ela o pratica com seu consentimento.
Habitualidade – o delito de lenocínio não se encontra no rol daquelas infrações penais reconhecidas como habituais, bastando um único comportamento para que se configure o crime.
Indução de prostituta à satisfação da lascívia de outrem – não há crime quando uma pessoa prostituída é induzida a satisfazer a lascívia de outrem. Nesse caso, é dispensável o induzimento para a satisfação da lascívia alheia, pois quem exerce a prostituição já se dedica a esta finalidade ( Cleber Masson, Rógerio Greco)
2 – Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual.
Art. 228 – Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone. - Pena – reclusão de dois a cinco anos e multa
§ 1º - Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena – reclusão de três a oito anos.
§2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena – Reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Há três sistemas que regem o tratamento da prostituição no mundo: a) o da regulamentação, b) o da proibição e, c) o abolicionista:
1- Regulamentação: O Estado regulamenta a atividade, permitindo que seja desempenhada formalmente, o que possibilita o exercício de direitos inerentes à relação laboral.
2- Proibição: o exercício da prostituição é vedado tanto quanto a sua exploração e é no mais das vezes criminalmente.
3- Abolicionista – o exercício, em si, embora seja considerado imoral, não é punido, reservando-se a incidência da lei penal some àqueles que tomam proveito da prostituição alheia. É o sistema adotado no Brasil.
Objetividade jurídica, sujeito ativo e sujeito passivo – idem ao delito anterior
Consumação: varia conforme a modalidade descrita no tipo:
a) Induzir, atrair e facilitar: consuma-se no momento em que a vítima passa a se dedicar à prostituição ou outra forma de exploração sexual, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda que não tenha atendido nenhum.
b) Impedir ou dificultar o abandono da exploração sexual: consuma-se no momento em que vítima delibera por deixar a atividade e é obstada ( crime permanente).
3- CASA DE PROSTITUIÇÃO
Art. 229 – Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário:
Pena – reclusão de dois a cinco anos , e multa.
Antes da lei 12.015 a redação do tipo não se referia a estabelecimento onde haja exploração sexual, mas sim a lugar destinado a encontros libidinosos: o que está reprovado, agora, não é o sexo ( a libidinagem), e sim, a exploração. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, não só o proprietário, mas também qualquer um que tenha a posse ou gerência do estabelecimento destinado a exploração sexual.
Objetividade jurídica : o bem jurídico penalmente tutelado é a moralidade pública, no campo sexual, bem como os valores de integridade da sociedade.
Consumação – para Rogério Sanches consuma-se o crime com a manutenção do estabelecimento, lembrando que é crime habitual e por isso não admite tentativa. 
Atenção – este crime não se confunde com o anterior. No art. 228 quer-se prevenir o fato de o sujeito ativo facilitar a prostituição de alguém, pessoa certa e determinada. Já no art. 229, pune-se uma forma especial de favorecimento da prostituição (mantendo casa), comportando-se o agente de forma geral e indeterminada.
4 - RUFIANISMO
Art. 230 – Tirar proveito de prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena – reclusão de um a quatro anos e multa 
§1º - Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena – reclusão de três a seis anos e multa.
§2º - Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. 
O rufianismo consiste na conduta de aproveitar-se da prostituição alheia. O sujeito explora materialmente quem exerce a prostituição e, consequentemente, fomenta o comércio sexual, em oposição à moralidade pública que deve ser preservada, inclusive no âmbito sexual. Entretanto, como a prostituição não é contrária ao ordenamento jurídico, há vozes que se insurgem contra o delito em sua modalidade fundamental (art. 230 caput), pois estaria a tutelar comportamentos meramente imorais, em contrariedade ao princípio da lesividade ( ou ofensividade),um dos vetores do Direito Penal Moderno. ( Kleber Masson).
Conduta: exige habitualidade, pois a finalidade da lei é punir o comportamento de quem faz da exploração da prostituição alheia seu modo de vida. O rufianismo pode ser ativo ( tirar 
proveito), o sujeito chamado de cafetão, forma uma autêntica “entidade empresarial” com a pessoa prostituída. Também pode ser o rufianismo passivo (fazer-se sustentar). Aqui, o agente conhecido como gigolô, não participa diretamente dos lucros advindos da prostituição, mas é sustentado por quem a exerce. 
5 - Tráfico Internacional de Pessoas Para fins de Exploração Sexual
231 –  (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016)  
6 – Tráfico Interno de Pessoa Para Fim de Exploração Sexual
Art. 231-A  (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016)  
 Promoção de migração ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:        Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017   
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
§ 1º  Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro
§ 2º  A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se:        
 I - o crime é cometido com violência; ou        
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante
§ 3º  A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações conexas.  
Sujeitos
O crime é comum, razão por que pode ser cometido por qualquer pessoa. Note-se, no entanto, que o migrante ilegal não comete o crime, pois o tipo pune promover a migração de terceiro, com intuito de obter vantagem econômica. Isso decorre dos princípios e diretrizes da política migratória brasileira, dentre os quais está a não criminalização da migração (art. 3º, inciso III, da Lei nº 13.445/17).
O sujeito passivo é o Estado, que deixa de exercer o direito de controle sobre o trânsito de estrangeiros no país.
Consumação e tentativa
Nas modalidades tipificadas no caput, consuma-se o crime com a entrada ilegal do estrangeiro no território nacional ou com a entrada ilegal do brasileiro em outro país.
Na forma equiparada, a consumação se dá com a saída do estrangeiro do território brasileiro.
O § 3º estabelece que a pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações conexas. Isso significa que eventuais infrações penais cometidas no mesmo contexto da promoção de migração ilegal serão punidas em concurso, sem que seja possível aplicar o princípio da consunção. Dessa forma, se, por exemplo, a entrada ilegal no território nacional – ou a saída dele – se der por meio da falsificação de documentos, o agente responde pelo art. 232-A em concurso material com o crime contra a fé pública.
Ação penal
A ação penal é pública incondicionada.
Tendo em vista os bens jurídicos tutelados, a competência é da Justiça Federal.
CAP VI – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
Nas palavras de Rogerio Sanches: o ultraje (desrespeito), constitui uma das situações em que se mostra via a necessidade, mesmo no direito penal, dos usos e costumes, aqui atuando com importante instrumento de interpretação para o operador do direito buscar o real sentido e o valor do texto incriminador.
7 – Ato obsceno
Art. 233 – Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Objetividade jurídica - o bem jurídico penalmente protegido é o pudor público, a moralidade coletiva.
Sujeitos do Crime – qualquer pessoa pode praticar o delito em tela, pois não exige a lei condição especial do agente. O sujeito passivo primário é a coletividade, num segundo plano, aqueles que eventualmente o presenciem.
Conduta - o núcleo do tipo é “praticar”, no sentido de realizar o executar ato obsceno.
Para Cleber Masson ato obsceno é o ato dotado de sexualidade, idôneo a ferir o sentimento médio de pudor de determinada sociedade em dado momento histórico. Não precisa voltar-se a satisfação de lascívia de alguém, bastando sua conotação sexual.
BIBLIOGRAFIA
CUNHA, Rogério Sanches – Manual de Direito Penal: parte especial. Salvador: JusPodivm, 2023.
CUNHA, Rogério Sanches – Crime de Migração – meusitejurídico 2017.
GRECO, Rogério- Código Penal Comentado – Niterói, RJ:Impetus,2020.
MASSON, Cleber – Direito Penal Esquematizado. Vol 3: Parte Especial – Rio de Janeiro. Método:2022
“Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda parte” 
(Montesquieu)

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