Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E QUALIDADE DO AR Beverly Wen Yuh Liu / Fundação Estadual do Meio Ambiente Vigilância Ambiental em Saúde Relacionada à Qualidade do Ar Belo Horizonte, MG, 18 a 22 de junho de 2007 1. INTRODUÇÃO A atmosfera terrestre é a massa de ar inodora, incolor e insípida que envolve a terra e a ela está presa pela ação da força da gravidade. O ar atmosférico é essencial à vida na Terra. A composição do ar seco pode ser considerada constante com 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases. O ar também contém 0,03% de dióxido de carbono e vapor d’água que variam de 0 a 4% em volume. A poluição do ar é um fenômeno caracterizado pela presença de substâncias indesejáveis em quantidade suficiente para causar efeitos prejudiciais aos seres vivos e ao meio ambiente. O nível de poluição do ar é medido pela quantificação das substâncias poluentes presentes neste ar. As fontes de emissão podem ser naturais como erupções vulcânicas, re-suspensão das poeiras de solo, incêndios etc. e antropogênica. O descobrimento do fogo gerou a primeira fonte de poluição do ar resultante das atividades humanas. A Revolução Industrial, no Século XVIII, intensificou os problemas ambientais pelo uso abusivo dos recursos naturais decorrentes do crescimento industrial e da expansão urbana. 2. ESTRUTURA E DINÂMICA DA ATMOSFERA A atmosfera terrestre é composta por uma série de camadas superpostas em função da distribuição vertical da temperatura. O perfil de temperatura da atmosfera pode ser apresentado como na Figura 1. As quatro camadas distintas são: A Troposfera, a Estratosfera, a Mesosfera e a Termosfera. A troposfera é a camada da atmosfera que está em contato com a superfície da Terra e concentra cerca de 80% da massa e toda concentração de vapor d’água. Sua altura atinge de 7 a 9 km nos Pólos, de 13 a 15 km nas latitudes temperadas, e de 17 a 19 km no Equador. Na troposfera ocorre a totalidade dos fenômenos meteorológicos (nebulosidade, precipitação, frentes frias e quentes, zonas de alta e baixa pressão etc.). A característica principal é a variação vertical da temperatura que decresce em cerca de 0,65°C a cada 100 metros de aumento de altitude. Figura 1- Perfil de temperatura da atmosfera A tropopausa é a camada de transição que separa a troposfera e a estratosfera. Sua espessura fica entorno de 3 a 5 km. As temperaturas variam de – 80°C à – 90°C no Equador e – 40°C nos Pólos. A estratosfera é a camada que fica sobre a tropopausa, indo até cerca de 50 km acima da superfície terrestre. Os aviões comerciais voam na parte mais baixa da estratosfera. A estratosfera é seca estratificada e rica em ozônio. A camada de ozônio, denominada OZONOSFERA, está situada entre 15 e 40 km de altitude que funciona como filtro para a radiação ultravioleta que chega à superfície da Terra. 3. NOÇÕES BÁSICAS DE METEOROLOGIA A água, o ar e a radiação solar são elementos essenciais para a vida na Terra. O equilíbrio entre as atividades fotossintéticas das plantas e algas e a atividade respiratória dos seres vivos mantém o teor de oxigênio presente no ar estável. A radiação solar é a energia recebida pela Terra na forma de ondas eletromagnéticas. As camadas superiores da atmosfera do planeta refletem em torno de quarenta por cento da radiação solar. Aproximadamente 17% são absorvidos pelas camadas inferiores. Os 43% da radiação solar que alcançam a superfície terrestre são responsáveis pelo seu aquecimento durante o dia. Durante a noite, 14% da radiação que alcançam a superfície terrestre retornam à atmosfera; 18% são absorvidos pelo vapor d’água das nuvens; 8% retornam diretamente para o espaço interplanetário e 2% são retidos pela superfície terrestre. O aquecimento diurno e o resfriamento noturno são responsáveis pela manutenção das temperaturas no Planeta dentro de limites suportáveis, ou seja, Equilíbrio Térmico da Atmosfera. Vento é o deslocamento horizontal de massas de ar em relação à superfície da Terra. É gerado pelos gradientes de pressão atmosférica, mas sofre influências do movimento de rotação do Planeta, da força centrífuga ao seu movimento e do atrito com a superfície do solo. Os ventos são indicados pela direção de onde eles vêm, dada em relação aos pontos cardeais ou na forma de um ângulo. São adotadas oito direções fundamentais no Brasil: Norte (N), Nordeste (NE), Leste (E), Sudeste (SE), Sul (S), Sudoeste (SW), Oeste (W) e Noroeste (NW). Direção predominante do vento é a direção do vento que ocorre em maior freqüência num dado período. Pressão atmosférica se refere ao peso de uma coluna de ar sobre uma determinada área da superfície terrestre. Por diferenças de temperatura a massa aérea aquecida sobe, e ao esfriar-se, desce gerando assim um sistema oscilatório de variação de pressão atmosférica. Umidade do ar é a quantidade de vapor de água contida na atmosfera. Ao subirem para a atmosfera as gotículas de água se concentram formando nuvens que se resfriar se precipitam em forma de chuva. Por isso, a chuva é um tipo de precipitação de água chamado de precipitação pluvial. A inversão térmica se caracteriza por uma camada de ar quente que se forma sobre a região e impede a dispersão dos poluentes. É uma condição meteorológica que ocorre quando uma camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar. Uma vez que o ar abaixo dessa camada fica mais frio, portanto mais pesado, os poluentes são mantidos próximos da superfície. 4. POLUIÇÃO DO AR A poluição do ar é caracterizada pela presença das substâncias no ar e sua concentração pode torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem estar público, danoso aos materiais, a fauna e flora ou prejudicial a segurança, ao uso e gozo da propriedade e as atividades normais da comunidade. O nível de poluição do ar é medido pela quantificação das substâncias poluentes presentes neste ar. Os poluentes são lançados na atmosfera por suas fontes de emissão e suas interações na atmosfera (diluição e reações químicas) e são recebidos por receptores (seres humanos, outros animais, plantas, materiais) como resultado final do processo. As fontes de emissão podem ser naturais ou antropogênicas. São consideradas como fontes fixas - combustão, processos industriais e incineração de resíduos sólidos; como fontes móveis – veículos a gasolina/diesel/álcool/gás natural, aviões, motocicletas, barcos, locomotivas etc. Poluentes primários: aqueles emitidos diretamente pelas fontes de emissão; Poluentes secundários: aqueles formados através da reação química entre poluentes primários e/ou constituintes naturais na atmosfera. As substâncias usualmente consideradas poluentes do ar são: • material particulado: poeiras e aerossóis em suspensão; • compostos de enxofre: SO2, SO3, H2S, sulfatos; • compostos de nitrogênio: NO, NO2, N2O, NH3, nitratos; • compostos orgânicos: hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos orgânicos; • compostos halogenados: HF, HCl, cloretos, fluoretos; • monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2). 4.1. Os Principais Poluentes 4.1.1. Material Particulado Os poluentes atmosféricos conhecidos como material particulado não constituem uma espécie química definida, mas um conjunto de partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar na forma de poeira, neblina, fumaça, aerossol, fuligem etc. com diâmetro aerodinâmico menor que 100 micrometros. Os materiais particulados são emitidos por indústrias, veículos, construção civil, pelo arraste natural de poeiras etc. São classificados como: Partículas Totais em Suspensão (PTS): partículas com diâmetro menor que 100micrometros. • Efeitos gerais sobre a saúde: quanto menor o tamanho da partícula, maior o efeito à saúde; causam efeitos significativos em pessoas com doença pulmonar, asma e bronquite. • Efeitos gerais ao meio ambiente: danos à vegetação, deterioração da visibilidade e contaminação do solo. Partículas Inaláveis PM10: partículas com diâmetro igual ou menor que 10 micrometros; PM2,5: partículas com diâmetro igual ou menor que 2,5 micrometros. • Efeitos gerais sobre a saúde: aumento de atendimentos hospitalares e mortes prematuras. • Efeitos gerais ao meio ambiente: danos à vegetação, deterioração da visibilidade e contaminação do solo. Fumaça (FMC) está associada ao material particulado suspenso na atmosfera proveniente dos processos de combustão. O método de determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a este parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na atmosfera. 4.1.2. Dióxido de Enxofre (SO2) O SO2 é um gás incolor com forte odor, semelhante ao gás produzido na queima de palito de fósforo. Pode ser transformado a SO3 e passa rapidamente a H2SO4 quando na presença de vapor de água. É um importante precursor dos sulfatos. • Efeitos gerais sobre a saúde: desconforto na respiração, doenças respiratórias, agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares já existentes; pessoas com asma, doenças crônicas de coração e pulmão são mais sensíveis ao SO2. • Efeitos gerais ao meio ambiente: pode levar à formação de chuva ácida; causar corrosão aos materiais e danos à vegetação, folhas e colheitas. 4.1.3. Óxidos de Nitrogênio (NO2 e NO) São formados durante processos de combustão. Em grandes cidades, os veículos geralmente são os principais responsáveis pela emissão dos óxidos de nitrogênio. O NO, sob a ação de luz solar se transforma em NO2 e tem papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos como o ozônio. Dependendo das concentrações, o NO2 causa prejuízos à saúde. O NO2 é um gás marrom avermelhado com odor forte e muito irritante. Pode levar a formação de ácido nítrico, nitratos e compostos orgânicos tóxicos. • Efeitos gerais sobre a saúde: aumento da sensibilidade à asma e à bronquite, abaixa a resistência às infecções respiratórias. • Efeitos gerais ao meio ambiente: pode levar à formação de chuva ácida; danos à vegetação e colheita. 4.1.4. Monóxido de Carbono (CO) O CO é um gás incolor, inodoro, e insípido. É produzido pela queima incompleta do carbono presente nos combustíveis, especialmente em veículos automotores. • Efeitos gerais sobre a saúde: altos níveis de CO estão associados à capacidade de transporte de oxigênio pela hemoglobina que pode causar prejuízo dos reflexos, da capacidade de estimar intervalos de tempo, no aprendizado, no trabalho, visão e até morte. 4.1.5. Ozônio (O3) O O3 é um gás incolor e inodoro nas concentrações ambientais e o principal componente da névoa fotoquímica. Não é emitido diretamente à atmosfera. É produzido fotoquimicamente pela radiação solar sobre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis. • Efeitos gerais sobre a saúde: irritação nos olhos e vias respiratórias, diminuição da capacidade pulmonar. Atualmente, o ozônio tem sido associado ao aumento de admissões hospitalares. • Efeitos gerais ao meio ambiente: danos a colheitas, vegetação natural, plantações agrícolas, e plantas ornamentais. 4.1.6. Hidrocarbonetos (HC) São gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Diversos hidrocarbonetos como o benzeno, são cancerígenos e mutagênicos, não havendo uma concentração ambiente totalmente segura. Participam ativamente das reações de formação de NO2 e O3. 4.2. Padrões de Qualidade do Ar Foram estabelecidos padrões de qualidade do ar que definem legalmente um limite máximo permitido para a concentração de cada um dos principais poluentes no ar atmosférico que garanta a proteção à saúde e ao meio ambiente. No Brasil, os padrões de qualidade do ar foram fixados, em nível federal, pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), órgão deliberativo do Ministério de Meio Ambiente (MMA) e são adotados no Estado de Minas Gerais. A Resolução CONAMA 03/90 estabelece padrões de qualidade do ar primários e secundários (TABELA 1), e os respectivos métodos de referência, como previsto no Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (PRONAR – Resolução CONAMA 05/89). São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo. São padrões secundários de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo. TABELA 1. Padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Resolução CONAMA 03/90 Poluente Tempo de Amostragem Padrão Primário �g/m3 Padrão Secundário �g/m3 Partículas Totais em Suspensão 24 horas* MGA** 240 80 150 60 Partículas Inaláveis (PM10) 24 horas* MAA*** 150 50 150 50 Fumaça 24 horas MAA 150 60 100 40 Dióxido de Enxofre 24 horas MAA 365 80 100 40 Dióxido de Nitrogênio 1 hora MAA 320 100 190 100 Monóxido de Carbono 1 hora 8 horas 35 ppm 9 ppm 35 ppm 9 ppm Ozônio 1 hora 160 160 * Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano ** MGA – Média Geométrica Anual *** MAA – Média Aritmética Anual A Resolução CONAMA 03/90 também estabelece critérios para episódios agudos de poluição de ar (TABELA 2), os quais associam os níveis de concentração de cada um dos poluentes analisados, aos efeitos adversos para a saúde que as presenças desses poluentes podem causar. TABELA 2. Critérios para episódios agudos de poluição do ar pela Resolução CONAMA 03/90 PARÂMETROS ATENÇÃO ALERTA EMERGÊNCIA Partículas Totais em Suspensão (�g/m3) – 24 h 375 625 875 Partículas Inaláveis (PM10) (�g/m3) – 24 h 250 420 500 Fumaça (�g/m3) – 24 h 250 420 500 Dióxido de Enxofre (�g/m3) – 24 h 800 1.600 2.100 SO2 x PTS (�g/m3) – 24 h 65.000 261.000 393.000 Dióxido de Nitrogênio (�g/m3) – 1 h 1.130 2.260 3.000 Monóxido de Carbono (ppm) – 8 h 15 30 40 Ozônio (�g/m3) – 1 h 400 800 1.000 4.3. Índices de Qualidade do Ar (IQAr) Com o objetivo de permitir uma informação precisa e rápida, facilmente compreendida sobre os níveis diários de qualidade do ar de uma região, foram estabelecidos Índices de Qualidade do Ar (IQAr). O IQAr permite à população conhecer a qualidade do ar em função do nível de poluição de acordo com a seguinte escala: boa, regular, inadequada, má, péssima ou crítica. Ele é uma ferramenta para alertar a população e para determinar a adoção de medidas de emergência que possam se tornar necessárias, caso os níveis de poluição atinjam valores perigosos para a saúde humana. A TABELA 3 apresenta os efeitos adversos à saúde associados com os diferentes níveis de poluição do ar, bem como as providências que devem ser tomadas pelas autoridades públicas nos casos onde se fizer necessário. 4.4. Monitoramento da Qualidade do Ar O monitoramento da qualidade do ar é realizado com o objetivo de fornecer dados para induzir ações de emergência duranteperíodos de estagnação atmosférica, quando os níveis de poluição possam representar riscos à saúde pública; de avaliar a qualidade do ar considerando os padrões estabelecidos para proteger a saúde e o bem-estar da população; acompanhar as tendências e as mudanças na qualidade do ar devidas às alterações nas emissões de poluentes. Deverão ser definidos os poluentes de interesse, o número de estações de amostragem, a freqüência de amostragem, os equipamentos que serão utilizados, o local onde serão instalados. Os métodos analíticos e equipamentos devem ser escolhidos de forma a produzir resultados apropriados aos propósitos a que se destinam. TABELA 3. Efeitos à saúde da população associados aos níveis de poluição do ar Índice de Qualidade do Ar Episódios de Poluição Qualidade do Ar Efeitos sobre a Saúde Medidas e Precauções 0 - 50 Boa Nenhum efeito sobre a população em geral. Nenhuma 51 - 100 Regular Pouco ou nenhum efeito sobre a população. Nenhuma 101 - 199 Atenção Inadequada Leve agravamento de sintomas entre as pessoas suscetíveis, com sintomas de irritação na população sadia. Pessoas com problemas cardíacos ou respiratórios devem reduzir os esforços físicos e as atividades ao ar livre. 201 - 299 Alerta Má Agravamento significativo de sintomas e decréscimo da resistência física das pessoas com problemas cárdio-respiratórias; sintomas gerais na população sadia. Idosos e pessoas doentes devem permanecer em casa e evitar esforços físicos. A população em geral deve evitar atividades vigorosas ao ar livre. 301 - 399 Emergência Péssima Morte prematura de pessoas doentes e idosas Idosos e pessoas doentes devem permanecer em casa e evitar esforços físicos. > 400 Crítica Crítica Morte prematura de pessoas doentes e idosas. Pessoas saudáveis podem acusar sintomas adversos que afetam suas atividades normais. Idosos e pessoas doentes devem permanecer em casa e evitar esforços físicos. A população em geral deve evitar atividades ao ar livre. Todas as pessoas devem permanecer em casa mantendo as janelas e portas fechadas e diminuir os esforços físicos. O projeto de dimensionamento de uma rede de monitoramento da qualidade do ar é desenvolvido através das seguintes etapas: • elaboração do inventário de fontes fixas e móveis de poluição do ar; • aplicação de um modelo de dispersão – dados meteorológicos, topografias; • seleção e aquisição dos equipamentos – parâmetros, população, custo/benefício; • seleção dos pontos de amostragem - localização das estações de monitoramento; • implantação da rede de monitoramento – calibração, manutenção e operação; • análise e validação dos resultados; • divulgação dos resultados. • Plano de emergência e pesquisa. 4.5. Equipamentos para Monitoramento da Qualidade do Ar São cinco tipos de instrumentos que podem ser usados em monitoramento da qualidade do ar: amostradores passivos e ativos, analisadores contínuos, sensores remotos e laser. O objetivo do monitoramento, a população da região a ser monitorada e o custo/benefício do monitoramento devem ser considerados antes de definir os parâmetros a serem monitorados e os equipamentos a serem adquiridos. Amostradores Passivos são equipamentos de amostragem de poluentes que utilizam a difusão natural do ar. Os poluentes presentes no ar entram em contato com reagentes químicos. O material coletado é depois analisado no laboratório. O custo é baixo e alguns equipamentos não são certificados. Como não quantifica os poluentes, os resultados podem ser usados apenas como tendência. Amostradores Ativos são equipamentos de amostragem de poluentes que aspiram o ar. Os poluentes presentes no ar entram em contato com reagentes químicos ou são depositados no filtro. Depois o material coletado será analisado no laboratório. O custo deste método é baixo. É fácil de operar. As amostragens demandam muita mão de obra para transporte de material e preparação e análise laboratorial. Analisadores Automáticos são métodos quantitativos que utilizam a propriedade física ou química do poluente para avaliar sua concentração na amostragem de forma contínua. A calibração dos analisadores é importante para ter resultados confiáveis. As vantagens são: grandes quantidades de dados coletados, medidas contínuas em tempo real e baixos custos diretos. Como desvantagens: são necessários técnicos bem treinados para manutenção e operação. Os custos para manter a estação em funcionamento são altos. Sensores Remotos são métodos qualitativos e quantitativos. As concentrações médias dos poluentes são determinadas por espectrometria ótica que utiliza o princípio da absorção de luz com faixas específicas do espectro luminoso. Mais de cem gases podem ser detectados e sua concentração é medida simultaneamente. Os custos são altos e os resultados às vezes diferem dos obtidos com os analisadores fixos. Laser – O laser é similar de um radar óptico. Ele pode ser usado perto das fontes, medem a concentração de poluentes no ar em uma região predeterminada. O equipamento é extremamente caro e necessita mão de obra especializada. Tem as mesmas dificuldades dos sensores remotos. 4.6. Bioindicadores Vegetais Bioindicadores são seres vivos de natureza diversa, usados para avaliação da qualidade ambiental. A literatura internacional sobre bioindicadores vegetais é extremamente extensa. A vantagem de uso de bioindicadores sobre os métodos convencionais de avaliação da qualidade ambiental está em seu baixo custo. Recomenda-se a utilização de bioindicadores específicos para cada poluente atmosférico, de forma a permitir sua identificação por meio dos sintomas característicos apresentados pelos vegetais. 5. OS EFEITOS GLOBAIS Os problemas de poluição global, como o efeito estufa, a diminuição da camada de ozônio, as chuvas ácidas, a perda da biodiversidade, os dejetos lançados em rios e mares, entre outros, nem sempre são observados, medidos ou mesmo sentidos pela população. A explicação para toda essa dificuldade reside no fato de se tratar de uma poluição cumulativa, cujos efeitos só são sentidos a longo prazo. Apesar disso, esses problemas têm merecido atenção especial no mundo inteiro. 5.1. Efeito Estufa e as Mudanças Climáticas A Terra absorve a radiação solar, principalmente na superfície. Essa energia é então redistribuída pela circulação atmosférica e oceânica e radiada para o espaço em comprimentos de onda mais longos (radiação "terrestre" ou "infravermelha"). Em média, para a Terra como um todo, a energia solar recebida é equilibrada pela radiação terrestre devolvida. Os aumentos das concentrações de Gases do Efeito Estufa - GEE reduzirão a eficiência com que a Terra se resfria. O gás carbônico dificulta ou diminui o percentual de radiação que a Terra deve refletir para o espaço. O calor não sendo irradiado ao espaço provoca o aumento da temperatura média da superfície terrestre, é chamado efeito estufa. Os principais gases causadores do efeito estufa são: CO2, CH4, N2O, HFCs, SF6, CF4 e C2F6. Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cientistas apontam que o aquecimento global do planeta a médio e longo prazo pode ter caráter irreversível e, por isso, desde já devem ser adotadas medidas para diminuir as emissões dos gases que provocam esse aquecimento. A elevação da temperatura terrestre entre 2 e 5 graus Celsius, presume-se, provocará mudanças nas condições climáticas. Em função disto, o efeito estufa poderá acarretar aumento do nível do mar, inundações das áreas litorâneas e desertificação de algumas regiões, comprometendo as terras agricultáveis e, conseqüentemente, a produção de alimentos. 5.2. A Diminuição da Camada de OzônioA Camada de Ozônio é uma concentração de gás de ozônio situada na alta atmosfera, entre 10 e 50 km da superfície da Terra. Ela funciona como um filtro solar, protegendo todos os seres vivos dos danos causados pela radiação ultravioleta do Sol. A absorção do UV-B por essa espécie de escudo cria uma fonte de calor, desempenhando um papel fundamental na temperatura do planeta. Mas algumas substâncias produzidas pelo homem, como os gases CFCs (utilizados durante anos em geladeiras, condicionadores de ar, sprays, etc) vêm atacando essa camada protetora levando a uma diminuição desse filtro. O resultado é que uma quantidade muito maior de raios UV-B está chegando a Terra. A redução da Camada de Ozônio provoca efeitos nocivos para a saúde humana e para o meio ambiente. A exposição à radiação ultravioleta afeta o sistema imunológico, causa cataratas e aumenta a incidência de câncer de pele nos seres humanos, além de atingir outras espécies. As conseqüências econômicas e ecológicas da diminuição da camada de ozônio podem gerar o desaparecimento de espécies animais e vegetais e causar mutações genéticas. Mesmo havendo incertezas sobre a magnitude desse fenômeno, em 1984 foi assinado um acordo internacional para diminuir as fontes geradoras do problema (Protocolo de Montreal). 5.3. Chuvas Ácidas As chuvas ácidas são precipitações na forma de água e neblina que contêm ácido nítrico e sulfúrico. Dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre decorrem da queima de enormes quantidades de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, utilizados para a produção de energia nas refinarias e usinas termoelétricas, e também pelos veículos. Durante o processo de queima, milhares de toneladas de compostos de enxofre e óxido de nitrogênio são lançados na atmosfera, onde sofrem reações químicas e se transformam em ácido nítrico e sulfúrico. O dióxido de carbono não reage irreversivelmente com a água para formar um ácido fraco o ácido carbônico. No equilíbrio, o pH desta solução é 5,6, assim a água é naturalmente ácida pelo dióxido de carbono. Com pH abaixo de 5,6, qualquer chuva é considerada excessivamente ácida. Quando uma precipitação ácida cai em um local que não pode tolerar a acidez anormal, sérios problemas ambientais podem ocorrer. A chuva ácida pode também prejudicar diretamente a saúde do ser humano, causando doenças pulmonares, por exemplo. Este problema tem se acentuado nos países industrializados, principalmente nos que estão em desenvolvimento como, por exemplo, Brasil, Rússia, China, México e Índia. O setor industrial destes países tem crescido muito, porém de forma desregulada, agredindo o meio ambiente. As conseqüências podem ser econômicas, sociais ou ambientais. São observáveis principalmente em grandes áreas urbanas, onde ocorrem patologias que afetam o sistema respiratório e sistema cardiovascular, e além disso, causam destruição de edificações e monumentos, através da corrosão pela reação com ácidos. 5.4. A Poluição e a Perda de Biodiversidade A perda da biodiversidade está intimamente ligada ao intenso desmatamento de florestas e à poluição ocasionada pelas queimadas. As madeireiras, que retiram a madeira de forma predatória, sem promover programas de reflorestamento, principalmente nos países do hemisfério sul, onde se situam as florestas tropicais e os grandes projetos agropecuários baseados na monocultura e na criação de gado, são os principais causadores do desmatamento. Segundo dados de órgãos ligados às Nações Unidas, aproximadamente 50% das florestas tropicais do planeta já foram perdidas. A redução dessas áreas, nas mais diversas regiões, apresenta riscos significativos para o principal banco genético da Terra. As formas inadequadas de aproveitamento econômico das florestas têm levado à esterilização dos solos, alterações climáticas, tal como o aparecimento de secas prolongadas, e ao aumento de catástrofes naturais, como furacões e enchentes. 6. REDE DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR EM MINAS GERAIS Belo Horizonte, Betim e Contagem foram os primeiros municípios no Estado a receber as estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar em 1995. Os locais foram definidos pela FEAM considerando a presença de indústrias potencialmente poluidoras e o fluxo de veículos. Atualmente, a Região Metropolitana de Belo Horizonte tem 10 estações automáticas instaladas que utilizam equipamentos de tecnologia francesa. As estações são constituídas por cabines climatizadas onde estão instalados analisadores e sensores que realizam a amostragem do ar atmosférico e determinam a concentração de poluentes e dados meteorológicos de forma contínua. Os resultados são transmitidos em tempo real por modem, via linha telefônica, à central de aquisição de dados instalada na FEAM. A Companhia Vale do Rio Doce possui 4 estações automáticas em Itabira. Nos municípios de João Monlevade, Juiz de Fora e Ouro Branco também existem 3 estações automáticas uma em cada município. Os poluentes monitorados e as localizações das estações estão na TABELA 4. Além dessas, mais que sessenta empresas em Minas Gerais possuem algum tipo de monitoramento da qualidade do ar com os equipamentos manuais para gases e materiais particulados no entorno dos empreendimentos. TABELA 4. Estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar no Estado de Minas Gerais. PARÂMETROS MONITORADOS MUNICÍPIO LOCAL PTS PM10 SO2 O3 CO NO2 VV DV T UR P Pç Rui Barbosa X X X X X X X X X Aerop Carlos Prates X X X X X Belo Horizonte Av. Amazonas X X X X X DNER X X X X X X X Contagem Pç Tancredo Neves X X X X X X X X X B. Jardim Alterosa X X X X X X X Safran X X X X X X X X X Betim Petrovale X X X X X X X X X Cascata X X X X X X X X X Ibirité Ibiritermo X X X X X X X X X X Chacrinha X X X X Areão X X X X Batalhão da PM X X X X Itabira Escola PREMEN X X X X João Monlevade Prefeitura X X X X X X Juiz de Fora Manoel Honório X X X X X Ouro Branco Sem Informação PTS=Partículas Totais em Suspensão; PM10=Partículas Inaláveis; SO2=Dióxido de Enxofre; O3=Ozônio; CO=Monóxido de Carbono; NO2=Dióxido de Nitrogênio; VV=Velocidade de Vento; DV=Direção do vento; T=Temperatura; UR=Umidade Relativa do ar; P=Precipitação. 7. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Portaria MINTER nº 231/76 Estabelece os Padrões de Qualidade do Ar (PTS, SO2, CO e NO2). Lei nº 6.938/81 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente Resolução CONAMA nº 05/89 Institui o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (PRONAR) Estabelece as estratégias e os instrumentos para a gestão da qualidade do ar Estratégias: Padrões de Qualidade do ar Monitoramento da Qualidade do Ar Prevenção de Deterioração Significativa da Qualidade do Ar Limites Máximos de Emissão Gerenciamento do Licenciamento de Fontes de Poluição do Ar Inventário Nacional de Fontes e Poluentes do Ar Desenvolvimento Nacional na Área de Poluição do Ar Instrumentos: Limites Máximos de Emissão Padrões de Qualidade do Ar Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores Programa Nacional de Avaliação da Qualidade do Ar Programa Nacional de Inventário de Fontes Poluidoras do Ar Programas Estaduais de Controle da Poluição do Ar Prevenção da Deterioração Significativa da Qualidade do Ar. Estabelece o enquadramento de área de acordo com a classificação de usos pretendidos e permite criação de limites máximos de emissão diferenciados: Classe I - Área de preservação, lazer e turismo, tais como ParquesNacionais e estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, Estâncias Hidrominerais e Hidrotermais. Nestas áreas deverá ser mantida a qualidade do ar em nível o mais próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica. Classe II – Área onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão secundário de qualidade. Classe III – Área de desenvolvimento onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade Resolução CONAMA nº03/90 Acrescenta três poluentes à Portaria nº 231/76 e estabelece os Padrões Primários e Secundários de Qualidade do Ar para PTS, Fumaça; PI, SO2, CO, O3 e NO2. Define Critérios de Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar. Disciplina o Monitoramento da Qualidade do Ar: Define os indicadores de qualidade do ar e suas respectivas concentrações. Define os métodos de referência e os métodos equivalentes de medição. Estabelece que o monitoramento é atribuição dos Estados. Resolução CONAMA 08/90 Estabelece limites máximos de emissões de poluentes do ar. 8. SITE PARA REFERÊNCIAS http://www.mma.gov.br http://www.mct.gov.br http://www.cetesb.sp.gov.br http://www.feam.br http://www.epa.gov http://www.iag.usp.br http://www.saude.gov.br/svs http://www.inmet.gov.br http://www.semad.mg.gov.br
Compartilhar