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1 
 
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA – 
CONDUTA CULPÁVEL E NEXO CAUSAL 
 
 
 
 
 
Material elaborado por Cícero Caldart Vieira como base das aulas 13 e 14 da disciplina de Direito das 
Obrigações e Responsabilidade Civil, ULBRA Campus Torres / RS, Ano/Semestre: 2025/2. 
 
 
Responsabilidade civil é uma consequência jurídica patrimonial suportada por 
quem descumpre um dever jurídico. Seja qual for a modalidade de obrigação, uma vez 
descumprida, surge a responsabilidade como consequência do inadimplemento. Tem 
fundamento no art. 927 do Código Civil1, que estabelece três elementos indispensáveis 
para sua caracterização, quais sejam: ato ilícito; dano e nexo causal. Contudo, os 
requisitos podem mudar de acordo com a modalidade de responsabilidade. Nesta aula 
a proposta é ampliar o estudo dos elementos que permeiam a responsabilidade civil 
subjetiva, iniciando com a imputabilidade e a culpa na prática do ato ilícito, passando 
pelo nexo causal enquanto elo de ligação e finalizando com o dano enquanto requisito 
indispensável para a responsabilização. 
 
ATO ILÍCITO 
A definição do ato ilícito vem expressa nos arts. 186 e 187 do Código Civil. O 
primeiro (art. 1862), estipula que pode decorrer tanto de uma ação (conduta positiva) 
quanto de uma omissão (conduta negativa). Sergio Cavalieri Filho3, sustenta que a 
omissão "como pura atividade negativa, a rigor não pode gerar física ou materialmente 
o dano sofrido pelo lesado, porquanto do nada provém. Mas tem-se entendido que a 
omissão adquire relevância jurídica, e torna o omitente responsável, quando este tem 
dever jurídico de agir, de praticar um ato para impedir o resultado". Portanto, o ato ilícito 
se configura por uma ação, mas também por uma omissão, quando juridicamente 
possível exigir uma iniciativa para evitar o dano. 
 
 
1 “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua 
natureza, risco para os direitos de outrem”. 
2 “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
3 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 38 e 
ss. 
2 
 
Essa ação e omissão pode decorrer de atos de negligência, que acontecem 
quando determinada pessoa deixa de adotar os cuidados necessários. Caso do 
motorista que não atenta para o trânsito preferencial, causando um acidente e, por isso, 
fica obrigado a reparar os prejuízos. A negligência na conduta do motorista é que gera 
a ilicitude. O ato ilícito também pode decorrer de uma imprudência, quando o agente 
ignora riscos inerentes à sua conduta. Caso do motorista que dirige em alta velocidade 
e causa um acidente. Dirigir em alta velocidade é uma conduta imprudente que configura 
a ilicitude do agir. O ato ilícito também pode decorrer de uma imperícia, a qual está 
relacionada a inaptidão e/ou incapacidade técnica, como no caso do motorista que não 
possui carteira para dirigir caminhão e causa um acidente, ficando obrigado a repará-lo. 
A falta de habilitação atesta a incapacidade técnica do motorista e sua imperícia 
configura a ilicitude do agir. Enfim, o ato ilícito se caracteriza por uma ação ou omissão 
negligente, imprudente ou imperita (art. 186, CCB). 
 
Contudo, o art. 1874 do Código Civil estipula que o abuso de direito também 
caracteriza o ato ilícito. Abuso de direito está relacionado a um excesso no exercício de 
um direito legítimo. Inicialmente a conduta não deveria ser considerada ilícita. Na 
origem, o indivíduo possui o direito, mas se excede ao exercê-lo. Esse abuso pode se 
caracterizar tanto pelo uso excessivo, quanto pelo uso inadequado do direito. Por 
exemplo, o proprietário de um imóvel que resolve construir um muro muito alto, fora dos 
padrões, tão somente para bloquear o sol no imóvel do vizinho. Segundo exemplo seria 
um indivíduo que distribui ação sabendo ser infundada, apenas com a finalidade de 
intimidar ou onerar a parte adversa. Em quaisquer desses exemplos, tanto no direito de 
construção quanto no direito de ação, a finalidade e o excesso é que tornam o ato ilícito. 
O proprietário tem o direito de construir, contudo o excesso visando prejudicar vizinho é 
que traz a ilicitude. O direito de ação é uma garantia constitucional, todavia, sua 
finalidade infundada e abusiva é que torna o ato ilícito. Em suma, o abuso de direito 
também configura ato ilícito hábil a ensejar a responsabilidade civil. 
 
IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE 
O ato ilícito, seja na modalidade de ação ou omissão negligente, imprudente 
ou imperita (art. 186) ou na modalidade de abuso de direito (art. 187), demanda perquirir 
o elemento imputabilidade como determinante para a responsabilidade civil. 
 
4 “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. 
3 
 
O conceito de imputabilidade refere à capacidade de uma pessoa ser 
considerada responsável por seus atos, especialmente em contextos legais e 
psicológicos. Em termos jurídicos, uma pessoa é imputável quando tem a capacidade 
de entender a ilicitude de suas ações e de agir de acordo com esse entendimento. Isso 
implica dizer que ela pode ser responsabilizada por seus atos. E, o imputável é 
responsabilizado justamente porque lhe é possível atribuir culpa. 
 
A inimputabilidade, em contraponto, é a ausência de condições pessoais que 
retira do agente a capacidade de responder pelas consequências de suas ações ou 
omissões. E são, basicamente, dois os elementos na imputabilidade: a maturidade e a 
sanidade mental. Faltando-lhe qualquer, o agente será considerado inimputável, caso 
em que o tratamento e aplicação do instituto da responsabilidade civil se altera. 
 
O art. 3º5 do Código Civil classifica como absolutamente incapaz apenas os 
menores de 16 anos, enquanto o art. 4º6 do mesmo Diploma estipula como 
relativamente incapaz os menores entre 16 e 18 anos de idade; os ébrios habituais e 
viciados em tóxicos, aqueles que não puderem expor sua vontade e; os pródigos. 
 
A incapacidade decorre da falta de discernimento. E a ausência de 
discernimento conduz à inimputabilidade, a qual afastaria a possibilidade de 
responsabilização de incapazes. No entanto, o direito não ignora a figura do agredido, 
terceiro de boa-fé que eventualmente venha a sofrer um dano com a conduta do 
inimputável. E, diante das características especiais do agressor (incapaz) e da 
necessidade de proteger o ofendido, o Código Civil deu um tratamento diferenciado a 
responsabilidade civil dos incapazes, fixando-a de forma subsidiária e mitigada. 
 
Subsidiária porque a Lei atribui a condição de devedor principal aos 
responsáveis pelo incapaz. O caput do art. art. 9287 do Código Civil deixa claro que a 
reparação pelos danos causados por incapazes deve ser exigida primeiro de seus 
responsáveis legais para, somente se estes não tiverem condições de suportar a 
reparação do dano, atingir o patrimônio do próprio incapaz. 
 
5 “Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos”. 
6 “Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de 
dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por 
causa transitória ou permanente, não puderem exprimirsua vontade; IV - os pródigos”. 
7 “Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem 
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
4 
 
Mitigada porque o parágrafo único8 do mesmo art. 928 do Código Civil impõe 
que a indenização seja equitativa. Não necessariamente contemplará todas as espécies 
de danos e/ou a integralidade de cada dano, inclusive, a indenização somente será 
devida se não prejudicar o sustento do incapaz, como forma de garantir o mínimo 
existencial, preservando a dignidade humana. Isso significa que a reparação não será 
obrigatoriamente absoluta e a análise deve ser individual e equitativa (proporcional), não 
apenas do patrimônio do incapaz, mas também de seus responsáveis legais, conforme 
enunciado 399 da 1ª Jornada de Direito Civil da Justiça Federal. 
 
Os menores de idade são considerados incapazes (absoluta ou relativamente) 
porque lhes falta maturidade, desenvolvimento mental e total discernimento para os atos 
da vida civil. Por isso, não podem ser responsabilizados e a reparação deve ser atribuída 
aos seus pais (inciso I, art. 932, CCB10). Somente se os pais não tiverem condições de 
custear a reparação do dano é que será possível cogitar atingir o patrimônio do menor, 
também de forma mitigada, como determina o art. 928 do Código Civil. 
 
Contudo, o Estatuto da Criança e do Adolescente trata da obrigação de reparar 
o dano estabelecendo, em seu artigo 11611, que o adolescente deve promover a 
reparação à vítima. Adolescente, segundo art. 2º12 do ECA são pessoas entre 12 a 18 
anos de idade. Dessa forma, a interpretação dos referidos artigos conduz à conclusão 
de que o menor de idade é responsável subsidiário, com responsabilidade mitigada (art. 
928, CCB), mas se o dano for decorrente de um ato infracional, o menor adolescente 
assumirá a condição de responsável principal (art. 116 do ECA) com possibilidade de 
responsabilização solidária de seus pais (inciso I, art. 932, CCB). Nesse caminho é o 
entendimento do enunciado 4013 da 1ª Jornada de Direito Civil da Justiça Federal. 
 
8 “Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar 
do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”. 
9 “Enunciado 39 A impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um 
dever de indenização eqüitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa 
humana. Como conseqüência, também os pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite 
humanitário do dever de indenizar, de modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando 
esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessário à 
manutenção de sua dignidade”. 
10 “Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem 
sob sua autoridade e em sua companhia”. 
11 “Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, 
se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, 
compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser 
substituída por outra adequada”. 
12 “Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e 
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”. 
13 Enunciado 40 O incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou 
excepcionalmente como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que 
praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das 
medidas socioeducativas ali previstas. 
5 
 
Igual relevância tem o tratamento dado aos incapazes por insanidade, os quais 
devem ser entendidos como àqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem condições de praticar os atos da vida civil e/ou de expressar sua vontade. Até o 
ano de 2015, além dos menores de 16 anos, o art. 3º do Código Civil também atribuía a 
condição de absolutamente incapaz àqueles que “por enfermidade ou deficiência 
mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos” (inciso II 
revogado) e; aos que “mesmo por causas transitórias, não puderem exprimir sua 
vontade” (Incido III - revogado). Acontece que a Lei 13.146/2015, que instituiu o Estatuto 
da Pessoa com Deficiência, promoveu a revogação desses dois incisos do art. 3º do 
Código Civil e, atualmente apenas os menores de 16 anos são considerados 
absolutamente incapaz. 
 
Essa alteração trouxe divergência no entendimento sobre a aplicação da 
responsabilidade civil às pessoas com deficiências mentais. Sérgio Cavalieri Filho 
entende que o Estatuto da Pessoa com Deficiência “em nada alterou os requisitos da 
irresponsabilidade por enfermidade ou deficiência mental, uma vez que esta decorre de 
condições físicas e psicológicas – falta de capacidade de entendimento e 
autodeterminação”14. Já Carlos Roberto Gonçalves defende que, “com a revogação dos 
incisos do art. 3° do CCB os então incapazes se tornaram juridicamente capazes e, por 
isso, podem ser responsabilizados”15. 
 
Dentro dessa segunda interpretação, a pessoa com deficiência mental passou 
a ser a responsável principal pela reparação, fugindo da responsabilidade subsidiária 
do art. 928 do CCB. Especialmente porque, para prestigiar o princípio da igualdade e 
promover a dignidade social, os artigos 6º16 e 8417 do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência estabelecem que a pessoa portadora de deficiência psíquica e/ou 
intelectual é presumida e plenamente capaz para realizar atos de sua vida civil. 
 
 
14 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 39. 
15 GONÇAÇVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. v.4. Editora Saraiva, São 
Paulo. 2019, pág. 40. 
16 “Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir 
união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número 
de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar 
sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência 
familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou 
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”. 
17 “Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em 
igualdade de condições com as demais pessoas”. 
6 
 
Ainda assim, dependendo das circunstâncias do caso, curadores podem ser 
condenados à reparação, na condição de responsáveis legais daquela pessoa com 
deficiência. Isso porque o Estatuto da Pessoa com Deficiência não revogou a regra do 
inciso II do art. 932 do Código Civil, segundo o qual “o tutor e o curador” também são 
responsáveis “pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições”. 
Assim sendo, correto entender que, como a pessoa com deficiência deixou de ser 
incapaz, pode ser considerada responsável principal e seu curador responsável 
solidário, conforme regra prevista no art. 94218 do Código Civil. 
 
A única exceção indiscutível é deficiência que impeça a pessoa de exprimir sua 
vontade. Mesmo com as alterações provenientes do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, quem não puder exprimir sua vontade segue relativamente incapaz, na 
forma do inciso III do art. 4° do Código Civil. Por isso, a esses sempre será aplicada a 
responsabilidade subsidiária e mitigada doart. 928 do Código Civil, que não distingue a 
incapacidade civil absoluta da relativa. 
 
CULPA 
 
A responsabilidade civil subjetiva é a regra geral quando não houver previsão 
diferente em lei, justamente porque nessa modalidade se exige a demonstração do 
elemento culpa, ou seja, que o causador do dano agiu com culpa para a ocorrência o 
evento danoso. Como ensina Sérgio Cavelieri Filho19, “não basta a imputabilidade do 
agente para que o ato lhe posse ser imputado. A responsabilidade subjetiva é assim 
chamada porque exige, ainda, o elemento culpa”. 
 
Portanto, deve restar demonstrada a prática de um ilícito, que esse ilícito gerou 
um dano; que esse dano decorreu necessariamente do ilícito (nexo causal) e, também, 
que houve culpa do agente pelo evento danoso. Além da tríade sustentadora da 
responsabilidade civil, na sua modalidade subjetiva a reparação do dano fica 
condicionada a demonstração de uma conduta culposa. 
 
 
18 “Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação 
do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas 
no art. 932. 
19 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 41. 
7 
 
E a análise se dá de forma ampla, mediante a perquirição da culpa lato sensu, 
entendida como aquela que abrange tanto o dolo quanto a culpa em sentido estrito 
(stricto sensu). O dolo está relacionado à intenção, o agente quis praticar o ato e causar 
o dano, como no caso de uma agressão física proposital e intencional, onde há 
culpabilidade pela reprovação da conduta, pela subjetividade do indivíduo querer o 
resultado danoso. A culpa stricto sensu deve ser entendida como o descumprimento de 
um dever de cuidado, considerando, para tanto, a concepção de homem médio. Aquilo 
que minimamente se espera de todos. Uma vez que vivemos em sociedade é possível 
esperar que todos pautem suas condutas visando evitar gerar danos aos outros. Trata-
se de um dever social e, por isso, sempre que alguém causa dano a outro, mesmo sem 
ter a intenção, surge o dever de reparar. Por exemplo, veículo que ingressa na via 
preferencial sem atentar para o trânsito, caso em que, mesmo que o acidente tenha sido 
uma consequência involuntária, o motorista é responsabilizado porque teve culpa, 
faltou-lhe cautela. Na culpa em sentido estrito a subjetividade do indivíduo está em 
querer praticar o ato ou a omissão, mas sem a intenção de atingir o resultado danoso. 
 
A gravidade é critério de classificação da culpa, segundo o qual pode ser grave, 
leve ou levíssima, conforme o grau de falta de cuidado do agente causador do dano. 
Culpa grave terá aquele que age com descaso, assumindo o risco voluntariamente, 
mesmo não acreditando que o resultado danoso pudesse ocorrer. Há erro grosseiro de 
conduta, como no caso do motorista que dirige em alta velocidade em uma área escolar, 
ignorando os avisos e advertências no local e o risco de terem crianças atravessando a 
via. Culpa leve, por sua vez, terá aquele que não age com cautela dentro do conceito 
do homem médio. Aqui não há um erro grosseiro de conduta, mas a falta de cautela, 
como no caso do motorista que ingressa na via preferencial sem visualizar carro que 
nela trafegava. Por fim, culpa levíssima terá aquele que erra por não ter um 
conhecimento ou habilidade singular, específica. Caso do aluno de química que causa 
uma explosão acidental durante o manuseio de produtos em uma aula prática. 
 
Há relevância nessa classificação porque o grau de culpabilidade atua como 
uma cláusula geral de adequação da indenização, norteando o valor do chamado 
“quantum debeatur”, pois, ainda que a indenização se meça pela extensão do dano 
(caput20, art. 944, CCB), o(a) Juiz(a) deve reduzi-la equitativamente de acordo com o 
grau de culpabilidade do agente (§Ú21, art. 944 CCB). 
 
20 “Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
21 Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz 
reduzir, eqüitativamente, a indenização”. 
8 
 
A fonte da obrigação e, por consequência, do dever de reparar, também é 
critério de classificação da culpa. Nesse caso, será contratual quando se estiver diante 
de descumprimento de uma obrigação assumida por ato de vontade das partes 
(unilateral ou bilateral). Por outro lado, a culpa será extracontratual quando se estiver 
diante de descumprimento de obrigação legal, por exemplo, caso do ato ilícito, onde há 
o descumprimento do dever jurídico de evitar causar danos a terceiros. 
 
Outro critério de classificação considera a participação de terceiro ou de bens 
de terceiro no evento danoso, podendo ser classificada em culpa in elegendo; in 
vigilando e in custodiando. A culpa in eligendo decorre da má escolha de alguém para 
atuar em seu nome, à sua ordem ou com seu consentimento, como no exemplo de uma 
empresa pelos atos praticados por seu funcionário / preposto / representante ou do 
proprietário que empresta veículo a terceiro. A culpa in vigilando decorre da omissão / 
negligência no dever de fiscalização. Situações onde alguém tem o dever de vigiar o 
correto cumprimento da obrigação de outra pessoa, caso dos Entes Públicos que devem 
fiscalizar o cumprimento dos direitos trabalhistas das empresas que lhe prestam 
serviços (súmula 331, IV e V, do TST22). Por fim, a culpa in custodiando pode ser 
definida como a falta de cuidado com o animal ou com a coisa que tenha sido entregue 
aos cuidados. Por exemplo, a obrigação do depositário tem com a coisa entregue em 
depósito ou do locatário com o bem locado, enquanto estiverem aos seus cuidados. 
 
A necessidade ou não de provar a culpa também é utilizada como critério de 
classificação. Segundo a regra de distribuição do ônus da prova, quem alega tem o ônus 
de fazer prova dos fatos constitutivos de seu direito, enquanto ao réu cabe o ônus de 
provar os fatos constitutivos, impeditivos ou extintivos do direito do autor (art. 37323 do 
CPC). Por isso, a regra é que a responsabilização civil de alguém passa pela prova do 
agir culposo. 
 
 
22 SUMULA 331 TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (...) IV - O 
inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade 
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação 
processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública 
direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua 
conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n° 8.666, de 21.06.1993, especialmente na 
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como 
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas 
assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de 
serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral”. 
23 “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, 
quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. 
9 
 
No entanto, existem situações em que seria impossível ou muito difícil provar o 
elemento subjetivo do agir culposo de outra pessoa, ou seja, provar que o indivíduo 
tinha a intenção de praticar o ato, mesmo que não quisesse produzir o resultado danoso. 
A dificuldadedessa prova se encontra na subjetividade que permeia a conduta do outro, 
exemplo do que a doutrina chama de “prova diabólica”, aquela que impõe um ônus por 
vezes inatingível à parte. 
 
Pensando nisso, em determinadas situações a legislação criou as figuras da 
culpa presumida e da culpa contra a legalidade. A culpa presumida é chamada de culpa 
in ré ipsa. Aquela que deriva como uma consequência lógica do fato em si. Por exemplo, 
a culpa da administração pública pelo desabamento de um viaduto, caso em que é 
presumida sua responsabilidade pelos cuidados com as vias públicas. Na culpa contra 
legalidade, por sua vez, a culpabilidade erradia do descumprimento de uma norma, de 
um dever legal. Por exemplo, motorista que invade a via preferencial e desrespeita a 
regra de conduta do art. 4424 do Código de Trânsito Brasileiro. Em ambos os casos 
(culpa presumida ou contra a legalidade), é possível dispensar a prova do agir culposo. 
Não se equipara a responsabilidade objetiva, porque naquela a culpa é dispensável e 
irrelevante. Aqui o cerne é a dispensa da prova da culpa, não sua ausência. 
 
Outra modalidade de culpa com grande relevância é a culpa concorrente, a 
qual ocorre quando for possível atribuí-la tanto ao agressor quanto à vítima, ou seja, o 
evento danoso decorre da conduta de ambos. Em outras palavras, a vítima concorre 
diretamente para a ocorrência do evento danoso, caso em que ambos deixam de 
observar o dever de cuidado e cautela. Assim como o grau de culpabilidade, a 
concorrência de culpas também atua como cláusula geral de adequação da 
condenação, norteando o valor da indenização (“quantum debeatur”). Isso porque o art. 
94525 do Código Civil determina que a indenização leva em consideração o grau de 
culpabilidade da vítima. Dessa forma, havendo culpabilidade recíproca, a indenização 
deve ser proporcionalmente dividida. Não necessariamente pela metade, mas sim de 
forma proporcional ao grau de culpabilidade, não apenas do agressor, como também da 
própria vítima. 
 
 
24 “Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar 
prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo com 
segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência”. 
25 “Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada 
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”. 
10 
 
Por fim, a culpa exclusiva da vítima. Situação onde, por mais que tenha ocorrido 
um ato danoso, a culpa do resultado é exclusiva da própria vítima. Caso do exemplo do 
suicida que se atira na frente de um veículo que estava transitando na via. Nesse caso, 
ainda que o evento morte seja uma consequência do acidente, o motorista não poderá 
ser responsabilizado porque não houve culpa, a qual é exclusiva da vítima. Trata-se de 
uma excludente de responsabilidade que afasta o dever de indenizar. 
 
NEXO CAUSAL 
Não basta o ato ilícito e o dano. A possibilidade de responsabilização exige que 
o dano tenha, necessariamente, advindo do ilícito, ou seja, é requisito que haja nexo 
causal entre o ato ilícito e o dano. O nexo causal, é, portanto, o elo de ligação entre o 
ilícito e o dano, pois a responsabilidade civil pressupõe uma relação da causa e efeito 
entre a ação ou omissão e o dano causado. 
 
Apesar de parecer ser simplório e de fácil compreensão, esse pressuposto atua 
como um limitador do dever de indenizar, pois sem o nexo causal não há indenização. 
Isso significa dizer que a indenização não contempla o que não esteja dentro do nexo 
de causalidade. Caio Mário ensina que o nexo causal “é o mais delicado dos elementos 
da responsabilidade civil e o mais difícil de ser determinado26”. Esse elemento deve ser 
perquirido antes mesmo da análise de eventual culpa do agente, pois não teria lógica 
imputar culpa a quem cuja ação ou omissão não foi determinante para a ocorrência do 
dano. 
 
O Código Civil não trouxe um conceito ou definição do que seria o nexo causal, 
sequer como ele se verifica na prática. No entanto, a relação de casualidade vem 
expressa no art. 1327 do Código Penal, segundo o qual “(...) considera-se causa a ação 
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Pode-se dizer que os conceitos 
se assemelham no âmbito penal e cível, pois em ambos se estabelece uma relação de 
causa e efeito. Por este motivo, em se tratando de responsabilidade civil, cada caso 
deve ser analisado de forma individualizada e verificado se a conduta do agente é ou 
não determinante para o resultado danoso. 
 
 
26 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 76. 
27 “Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” 
11 
 
Por conceito, Sergio Cavalieri Filho define que “o nexo causal é um elemento 
referencial entre a conduta e o resultado. É um conceito jurídico-normativo através do 
qual poderemos concluir quem foi o causador do dano”28. 
 
O nexo causal é o elo de ligação. Em uma situação simples de um único 
indivíduo agindo e outro sofrendo dano, talvez possa parecer ser simples a identificação 
do nexo. Todavia, essa definição se torna complexa quando se verifica pluralidade de 
agentes ou de causas contribuindo para o evento danoso. Justamente por essa 
dificuldade, a doutrina estabeleceu teorias, cujas três principais a seguir veremos. 
 
A primeira teoria é a da equivalência de condições. Segundo essa teoria, 
existindo duas ou mais causas para o evento danoso, todas concorrem diretamente pela 
reparação do dano. Nesse entendimento, as causas se equivalem e a análise se dá 
através da universalidade, todas consideradas como causa do evento danoso. Carlos 
Roberto Gonçalves critica essa teoria afirmando que poderia gerar “resultados absurdos 
dentro do direito29”, como responsabilizar o fabricante da arma junto com o assassino 
que a utilizou, simplesmente porque ao construir e comercializar o fabricante teria a 
contribuído para o evento danoso. 
 
A segunda teoria é a da causalidade adequada. Segundo essa, existindo duas 
ou mais causas para o evento danoso, deve ser apurada aquela que foi, de fato, 
determinante. A definição é realizada através de um exercício de exclusão. De forma 
hipotética e em pensamento, retira-se uma(s) da(s) conduta(s) e se verifica se o 
resultado danoso ainda persistiria. Nesse entendimento, somente se consideraria como 
causa a conduta que, isoladamente, poderia gerar o resultado danoso. Mesmo se tenha 
contribuído para o evento, se isoladamente não seria capaz de produzir o dano, não 
poderia ser considerada como nexo causal hábil a configurar responsabilidade civil. 
Nessa teoria deve ser verificado qual, dentre as possíveis causas, é a que pode ser 
considerada como nexo causal, afastando as demais. 
 
A terceira teoria é denominada de teoria dos danos diretos e imediatos. Poderia 
ser interpretada como um meio-termo das outras duas, pois considera indenizável todo 
o dano que se filia a uma relação de causa e efeito direta e imediata. 
 
28 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 60. 
29 GONÇAÇVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. v.4. Editora Saraiva, São 
Paulo. 2019, págs. 372/373. 
12 
 
O Código Civil adota a teoria dos danos direitos e imediatos quando estabelece 
relação de causalidade ao tratar das perdas e danos. O art. 40330 do CCB deixa claro 
que as perdas e danos só incluem os danos sofridosdiretamente pelo descumprimento 
da obrigação ou, em outras palavras, veda que se inclua nas perdas e danos prejuízos 
indiretos ou reflexos, também chamados de “dano remoto”. Resumidamente, danos que 
possuem outros fatores determinantes para sua ocorrência e que não são diretamente 
decorrentes do descumprimento da obrigação, não possuem nexo causal e, 
consequentemente, não podem ser reparados através da responsabilidade civil. Nessa 
teoria, havendo concorrência de causas ou de agentes, cada um será responsável por 
reparar o resultado direto e imediato da sua conduta. A responsabilização não se 
igualaria aos demais, como ocorreria no caso da teoria da equivalência de condições e 
sequer se excluiria em razão de uma outra mais “adequada”, como ocorreria no caso da 
teoria da causalidade adequada. Nessa terceira teoria os danos diretos e imediatos de 
cada causa seriam passíveis de indenização nos limites de sua contribuição. 
 
Ultimo aspecto relevante sobre o nexo causal envolve a chamada concausa. 
“Concausa é outra condição que, juntando-se a principal, concorre adequadamente para 
o resultado. Ela não inicia nem interrompe o processo causal, apenas o reforça, tal como 
um rio menor que deságua em outro maior, aumentando-lhe o caudal31”. Portanto, pode 
ser definida como uma condição de agravamento do dano. Por exemplo, o empregado 
com problemas degenerativos na coluna. Suponhamos que lhe foi exigido o trabalho 
carregando peso, agravando a lesão. O trabalho e/ou o peso, isolados, não conduziriam 
ao evento danoso, mas aliado à causa principal (condições físicas do empregado) 
agravaram a lesão, fazendo surgir a concausa para o dano. 
 
DANO 
O dano é entendido como sinônimo de lesão. No âmbito da responsabilidade 
civil, lesão ao patrimônio de uma pessoa, física ou jurídica. Agostinho Alvim32 ensinou 
“que o termo dano, em sentido amplo, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico”. 
 
30 “Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos 
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”. 
31 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 74. 
32 GONÇAÇVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. v.4. Editora Saraiva, São 
Paulo. 2019, pág. 378. 
13 
 
Carlos Roberto Gonçalves33 define que o dano, para o direito, é toda “lesão do 
patrimônio; e patrimônio é o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis 
em dinheiro”. 
 
Não há um conceito legal de dano e seu tratamento é destinado a atender todo 
e qualquer tipo de lesão aos bens jurídicos de determinada pessoa. É, portanto, um 
prejuízo sofrido por alguém, em razão de uma conduta de outrem. Trata-se de uma 
lesão ao patrimônio econômico, moral ou físico. 
 
Certo é que o dano é um requisito indispensável da responsabilidade civil. E, 
sem o dano não há possibilidade de responsabilização. O objetivo da responsabilidade 
civil é, justamente, reparar o dano causado por um ato ilícito. De alguma forma, fazer 
com que o agredido seja recompensado. Tentar eliminar ou minimizar o dano, o prejuízo 
ou o abalo sofrido. Fazer com que a pessoa retorne ao “status quo ante”, devolvendo-a 
ao estado que se encontrava antes do ilícito. Sem dano não há o que ser reparado ou 
indenizado, motivo pelo qual não haverá responsabilidade civil. 
 
Como ensina Sergio Cavalieri Filho34, “pode haver responsabilidade civil sem 
culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano (...). Não basta o risco do dano, 
não basta a conduta ilícita. Sem uma consequência concreta, lesiva ao patrimônio 
econômico ou moral não se impõe o dever de reparar”. Por exemplo, um motorista que 
dirige em alta velocidade descumpre normas de trânsito e sua conduta pode ser punida 
na esfera administrativa. Entretanto, se não colidir com o veículo e não atropelar 
ninguém, não será responsabilizado civilmente simplesmente porque não haverá dano 
a ser reparado. 
 
Atualmente o dano indenizável é concebido nos mais diversos tipos do relações 
sociais. Dano pela morte, dano sexual, dano por abandono afetivo, dano hedonístico 
(redução ou perda da capacidade de uma pessoa experimentar prazer ou ter satisfação 
na vida – exemplo: lesões que causam dor crônica ou perda da mobilidade que impede 
atividades de lazer...). Enfim, com evolução da responsabilidade civil e a moderna 
expansão do instituto, o dano indenizável pode ser concebido nas mais diversas 
relações sociais. 
 
 
33 GONÇAÇVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. v.4. Editora Saraiva, São 
Paulo. 2019, pág. 378. 
34 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 93. 
14 
 
Ainda assim, a classificação tradicional dos danos, acrescida dos danos 
estéticos como uma terceira modalidade, parece seguir como a melhor forma de 
classificar o dano indenizável. Segundo a classificação tradicional, os danos podem ser 
divididos em danos materiais / patrimoniais e danos morais / extrapatrimoniais. Todas 
as demais formas de danos seriam classificadas como subespécies ou, como observa 
Sergio Cavalieri Filho35, “são novas situações de danos já existentes, perpetrados por 
novos meios”. 
 
DANO MATERIAL 
O dano material também é chamado de dano patrimonial. É aquele que atinge 
o patrimônio econômico do indivíduo, ou seja, o conjunto de bens jurídicos 
economicamente apreciáveis. Não apenas os bens corpóreos e palpáveis, com a casa 
e o carro, por exemplo, mas também os bens incorpóreos, como é o caso de crédito ou 
direito autoral. 
 
O dano material conduz à diminuição efetiva do patrimônio do agredido, ainda 
que como uma consequência futura, impedindo seu crescimento patrimonial. 
Justamente por isso, o conceito de perdas e danos da responsabilidade civil contratual 
(art. 40236 do Código Civil) também se aplica na extracontratual. Isso significa dizer que 
o dano material também se configura na modalidade de danos emergentes e lucros 
cessantes. Entretanto, além dessas duas, com a expansão e modernização do instituto 
a perda de uma chance surge como uma terceira modalidade de dano material. 
 
O dano emergente também chamado de dano positivo, consistente no prejuízo 
efetivamente suportado. Efeito direto e imediato do ato ilícito, representando o valor 
exato da redução do patrimônio do credor. O resultado do patrimônio que a vítima tinha 
antes do evento danoso e o que passou a ter depois dele. Por exemplo, se o indivíduo 
teve de pagar R$ 1.000,00 para reparar o carro, teve uma redução de mil reais em seu 
patrimônio, valor exato do dano emergente. Quando o art. 402 do Código Civil faz 
constar a palavra efetivamente, deixa claro que o dano emergente não se presume, 
deve ser provado, pois não se admite dano emergente meramente hipotético ou futuro. 
É o dano já suportado, identificado e quantificado. 
 
35 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 94. 
36 “Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor 
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. 
15 
 
 
Os lucros cessantes, por sua vez, consistem naquilo que o credor efetivamente 
deixou de receber em razão do descumprimento da obrigação. Enquanto o dano 
emergente representa o prejuízo direto e imediato, o lucro cessante é o prejuízo ao 
patrimônio futuro do lesado. E, quando o artigo 402 do CCB fala em aquilo que 
“razoavelmente deixou de lucrar”, não se refere ameras expectativas de ganhos futuros. 
A interpretação é aquilo que, dentro da normalidade, poderia ser presumido que 
ganharia se não houvesse o ilícito. Como decidido pelo STJ37, “até prova em contrário, 
se admite que o credor haveria de lucrar aquilo que o bom senso diz que lucraria, 
existindo a presunção de que os fatos se desenrolariam dentro do seu curso normal”. 
 
Consiste, portanto, na perda de um ganho esperável e provável, não uma mera 
expectativa. Há quase um juízo de certeza do ganho futuro, que era um resultado 
esperado dentro da normalidade. Embora não se exija uma certeza absoluta, não é 
cabível para um lucro meramente hipotético. Deve se valer do princípio da razoabilidade 
para identificar apenas aquilo que seria razoável entender que a vítima realmente 
ganharia se não houvesse o ilícito. Por exemplo, o taxista que teve seu veículo envolvido 
em acidente, fazendo com que não pudesse trabalhar por 15 dias. Nesse caso, é 
presumível que trabalharia e ganharia na mesma média de meses anteriores, valor que 
seria considerado como lucro cessante. 
 
A perda de uma chance se configura quando uma ação ou omissão de alguém 
retira de outra a oportunidade de obter um benefício futuro ou evitar um dano futuro. 
Trata-se de uma modalidade de dano muito semelhante aos lucros cessantes, pois 
também consiste numa perda futura. Entretanto, diferencia-se do lucro cessante porque 
não se está a falar da perda de um lucro provável. Nessa terceira modalidade o dano 
material se verifica na perda da oportunidade e não do resultado final que dela poderia 
obter. Enquanto no lucro cessante se indeniza o resultado perdido, na teoria da perda 
de uma chance a indenização se dá pela supressão da possibilidade de disputar o 
resultado final, sem exigir a certeza do dano ou do ganho futuro, mas sim a certeza da 
probabilidade. Situa-se nesse ponto a característica essencial da perda de uma chance: 
a certeza da probabilidade38. 
 
 
37 REsp 61.512-SP. 
38 Henri Lalou, apud SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no Código do 
Consumidor e a defesa do fornecedor. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 167. 
16 
 
Isso significa dizer que não é toda e qualquer perda de uma chance que será 
indenizável. Chances meramente aleatórias, suposições ou desejos não o serão. 
Apenas aquela chance que teria reais condições de alcançar o objetivo. Como decidido 
pelo Ministro Luis Felipe Salomão no REsp n° 1.190.18039, a possibilidade de 
indenização de uma chance perdida exige que ela “seja razoável, séria e real, e não 
somente fluida ou hipotética”. 
 
Por exemplo, o advogado que perde o prazo para apresentar recurso. Não há 
certeza do resultado, mas se houvesse fundamento plausível para a reforma do julgado, 
a chance perdida pode ser indenizada. Outro exemplo é o médico que deixa de realizar 
um tratamento específico e o paciente morre. A morte é decorrência da doença, mas se 
existia um tratamento com possibilidade de cura, dependendo das circunstâncias a 
chance advinda desse tratamento poderia salvar o paciente e, assim, justificar uma 
chance perdida indenizável. 
 
Em contrapartida, a perda da oportunidade de jogar na loteria não deve ser 
indenizável, porque não traz consigo probabilidade suficiente de êxito no resultado. As 
chances de ganho são ínfimas, de forma que não configuraria uma chance indenizável. 
Por isso, se um acidente de trânsito impediu alguém de jogar na loteria, esse ilícito não 
poderia gerar a aplicação da perda de uma chance, em razão de não existir 
probabilidade concreta de êxito na chance perdida. 
 
 
39 “RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOCACIA. PERDA DO PRAZO PARA CONTESTAR. INDENIZAÇÃO 
POR DANOS MATERIAIS FORMULADA PELO CLIENTE EM FACE DO PATRONO. PREJUÍZO 
MATERIAL PLENAMENTE INDIVIDUALIZADO NA INICIAL. APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE 
UMA CHANCE. CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS. JULGAMENTO EXTRA PETITA RECONHECIDO. 
1. A teoria da perda de uma chance (perte d'une chance) visa à responsabilização do agente causador não 
de um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário entre um e outro, 
precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito provavelmente se 
alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. Nesse passo, a perda de uma chance - desde que essa seja 
razoável, séria e real, e não somente fluida ou hipotética - é considerada uma lesão às justas expectativas 
frustradas do indivíduo, que, ao perseguir uma posição jurídica mais vantajosa, teve o curso normal dos 
acontecimentos interrompido por ato ilícito de terceiro. 2. Em caso de responsabilidade de profissionais da 
advocacia por condutas apontadas como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem 
não experimentada, as demandas que invocam a teoria da "perda de uma chance" devem ser solucionadas 
a partir de uma detida análise acerca das reais possibilidades de êxito do processo, eventualmente perdidas 
em razão da desídia do causídico. Vale dizer, não é o só fato de o advogado ter perdido o prazo para a 
contestação, como no caso em apreço, ou para a interposição de recursos, que enseja sua automática 
responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance. É absolutamente necessária a 
ponderação acerca da probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa. 3. Assim, 
a pretensão à indenização por danos materiais individualizados e bem definidos na inicial, possui causa de 
pedir totalmente diversa daquela admitida no acórdão recorrido, de modo que há julgamento extra petita se 
o autor deduz pedido certo de indenização por danos materiais absolutamente identificados na inicial e o 
acórdão, com base na teoria da "perda de uma chance", condena o réu ao pagamento de indenização por 
danos morais. 4. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp n. 1.190.180/RS, relator Ministro 
Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 16/11/2010, DJe de 22/11/2010)”. 
17 
 
Exemplo concreto julgado pelo STJ que vale referir é o REsp n° 788.45940-BA. 
Sucintamente, após participar de um jogo de perguntas e respostas premiadas com 
valores acumulados para cada resposta correta, até o limite de um milhão de reais, uma 
competidora ingressou com ação indenizatória para receber o prêmio final, sob a 
justificativa de que perdeu a oportunidade de responder a última pergunta porque não 
havia uma resposta compatível. Em resumo, pretendia ser indenizada em razão de a 
questão ter sido mal formulada. Nas instâncias ordinárias ficou constatado o erro na 
pergunta e deferida indenização de R$ 500.000,00, correspondente ao valor que seria 
ganho com o acerto da última pergunta. Entretanto, conduzido pelo voto do Ministro 
Fernando Gonçalves, mesmo reconhecendo o ilícito e o dever de indenizar, a quarta 
Turma proveu o recurso para reduzir a condenação ao valor de R$ 125.000,00, visto 
que haviam 04 respostas possíveis e, aplicando a teoria da perda de uma chance, a 
probabilidade de êxito era de 25%. Com isso, indenizou a perda da chance e não o 
resultado final, exemplo prático que bem distingue o lucro cessante da teoria da perda 
de uma chance. 
 
DANO MORAL 
 
Igualmente chamado de dano extrapatrimonial, pode ser definido a partir de um 
conceito negativo, segundo o qual o dano moral é todo aquele dano que não se pode 
definir como dano material. Também pode ser definido a partir de um conceito positivo, 
segundo o qual o dano moral é a “dor da alma”, ou seja, o sofrimento; a dor; o vexame; 
o desconforto; a humilhação; o constrangimento, dentre outros. 
 
Desde a Constituição Federal o dano moral passou a ter outro status no direito 
brasileiro. Isso porque o inciso III de art. 1° a Carta Magna41 traz que a República do 
Brasil tem como fundamento a dignidade da pessoa humana, colocando o ser humano,sua vida e condições de vida no centro do tratamento jurídico, de forma a nortear todos 
os demais ramos do direito. 
 
40 “RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO. IMPROPRIEDADE DE PERGUNTA FORMULADA EM 
PROGRAMA DE TELEVISÃO. PERDA DA OPORTUNIDADE. 1. O questionamento, em programa de 
perguntas e respostas, pela televisão, sem viabilidade lógica, uma vez que a Constituição Federal não 
indica percentual relativo às terras reservadas aos índios, acarreta, como decidido pelas instâncias 
ordinárias, a impossibilidade da prestação por culpa do devedor, impondo o dever de ressarcir o participante 
pelo que razoavelmente haja deixado de lucrar, pela perda da oportunidade. 2. Recurso conhecido e, em 
parte, provido. (REsp n. 788.459/BA, relator Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em 
8/11/2005, DJ de 13/3/2006, p. 334)”. 
41 “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a 
dignidade da pessoa humana”. 
18 
 
A legislação infraconstitucional segue o mesmo caminho, atribuindo-lhe os 
chamados direitos de personalidade, garantidos a todos os cidadãos desde seu 
nascimento (arts. 1°42 e 2°43 do Código Civil). Mais do que isso, tanto o direito de 
indenização por dano material e moral, quanto a inviolabilidade da honra, intimidade e 
imagem das pessoas, assumiram a condição de direito fundamental ao serem 
expressamente elencados nos incisos V e X do art. 5º da CF/8844. 
 
Portanto, a possibilidade jurídica da indenização por dano moral é matéria há 
muito superada, especialmente depois da CF/88. A problemática enfrentada é 
conceituá-lo, identificar quando ocorre e quantifica-lo. Interpretando os preceitos da 
Constituição Federal, em sentido estrito o dano moral pode ser classificado como a 
violação do direito à dignidade. Segundo decidiu a Ministra Denise Arruda (REsp 
910.79445), “a dignidade é o fundamento central dos direitos humanos, devendo ser 
protegida e, quando violada, sujeita a devida reparação”. 
 
42 “Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. 
43 “Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro”. 
44 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. (...) X - são invioláveis a intimidade, 
a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação”. 
45 “RECURSO ESPECIAL DE JPGB E OUTROS. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO. ERRO MÉDICO. HOSPITAL MUNICIPAL. AMPUTAÇÃO DE BRAÇO DE RECÉM-NASCIDO. 
DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. QUANTUM INDENIZATÓRIO 
FIXADO EM FAVOR DOS PAIS E IRMÃO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. É possível a cumulação de indenização por danos estético e moral, ainda 
que derivados de um mesmo fato, desde que um dano e outro possam ser reconhecidos autonomamente, 
ou seja, devem ser passíveis de identificação em separado. Precedentes. 2. Na hipótese dos autos, em 
Hospital Municipal, recém-nascido teve um dos braços amputado em virtude de erro médico, decorrente de 
punção axilar que resultou no rompimento de veia, criando um coágulo que bloqueou a passagem de 
sangue para o membro superior. 3. Ainda que derivada de um mesmo fato - erro médico de profissionais 
da rede municipal de saúde -, a amputação do braço direito do recém-nascido ensejou duas formas diversas 
de dano, o moral e o estético. O primeiro, correspondente à violação do direito à dignidade e à imagem da 
vítima, assim como ao sofrimento, à aflição e à angústia a que seus pais e irmão foram submetidos, e o 
segundo, decorrente da modificação da estrutura corporal do lesado, enfim, da deformidade a ele causada. 
4. Não merece prosperar o fundamento do acórdão recorrido no sentido de que o recém-nascido não é apto 
a sofrer o dano moral, por não possui capacidade intelectiva para avaliá-lo e sofrer os prejuízos psíquicos 
dele decorrentes. Isso, porque o dano moral não pode ser visto tão-somente como de ordem puramente 
psíquica - dependente das reações emocionais da vítima -, porquanto, na atual ordem jurídica-
constitucional, a dignidade é fundamento central dos direitos humanos, devendo ser protegida e, quando 
violada, sujeita à devida reparação. 5. A respeito do tema, a doutrina consagra entendimento no sentido de 
que o dano moral pode ser considerado como violação do direito à dignidade, não se restringindo, 
necessariamente, a alguma reação psíquica (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade 
Civil. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, pp. 76/78). 6. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 
447.584/RJ, de relatoria do Ministro Cezar Peluso (DJ de 16.3.2007), acolheu a proteção ao dano moral 
como verdadeira "tutela constitucional da dignidade humana", considerando-a "um autêntico direito à 
integridade ou à incolumidade moral, pertencente à classe dos direitos absolutos". 7. O Ministro Luix Fux, 
no julgamento do REsp 612.108/PR (1ª Turma, DJ de 3.11.2004), bem delineou que "deflui da Constituição 
Federal que a dignidade da pessoa humana é premissa inarredável de qualquer sistema de direito que 
afirme a existência, no seu corpo de normas, dos denominados direitos fundamentais e os efetive em nome 
da promessa da inafastabilidade da jurisdição, marcando a relação umbilical entre os direitos humanos e o 
direito processual". 8. Com essas considerações, pode-se inferir que é devida a condenação cumulativa do 
19 
 
A dignidade, por sua vez, pode estar relacionada a diversos valores sociais, 
como a liberdade, a inteligência, a honestidade, o trabalho, por exemplo. A ofensa a 
qualquer desses atributos, pode afetar a dignidade da pessoa humana e, por isso, ser 
passível de indenização. 
 
Em um conceito mais amplo, o dano moral pode ser entendido como a violação 
a qualquer dos direitos de personalidade. Personalidade é o conjunto de atributos que 
formam o ser humano e que constituem sua essência. Por isso, o dano moral pode 
decorrer de qualquer ofensa à pessoa, seja na sua esfera individual ou social, ainda que 
a dignidade não seja afetada. Nessa classificação mais ampla, se incluem os direitos à 
honra objetiva, composta da imagem, do bom nome, da reputação, das relações 
afetivas, dos sentimentos, dentre outros inúmeros. 
 
Como adiantado, uma das problemáticas que envolve o dano moral é identificar 
quando e em que situações poderá ocorrer. Especialmente na atualidade, onde há uma 
verdadeira banalização, “industrialização” do instituto. Há uma questão cultural 
enraizada na sociedade onde se pensa que toda e qualquer situação pode gerar dano 
moral. Contudo, tal conclusão não está correta e, pensando nisso, a jurisprudência fixou 
entendimento pelo qual o mero aborrecimento do cotidiano, que não ultrapassa os 
limites da razoabilidade e proporcionalidade, não é indenizável. 
 
Município à reparação dos danos moral e estético causados à vítima, na medida em que o recém-nascido 
obteve grave deformidade - prejuízo de caráter estético - e teve seu direito a uma vida digna seriamente 
atingido - prejuízo de caráter moral. Inclusive, a partir do momento em que a vítima adquirir plena 
consciência de sua condição, a dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação certamente serão sentimentos 
com os quais ela teráde conviver ao longo de sua vida, o que confirma ainda mais a efetiva existência do 
dano moral. Desse modo, é plenamente cabível a cumulação dos danos moral e estético nos termos em 
que fixados na r. sentença, ou seja, conjuntamente o quantum indenizatório deve somar o total de trezentos 
mil reais (R$ 300.000,00). Esse valor mostra-se razoável e proporcional ao grave dano causado ao recém-
nascido, e contempla também o caráter punitivo e pedagógico da condenação. 9. Quanto ao pedido de 
majoração da condenação em danos morais em favor dos pais e do irmão da vítima, ressalte-se que a 
revisão do valor da indenização somente é possível quando exorbitante ou insignificante a importância 
arbitrada. Essa excepcionalidade, contudo, não se aplica à hipótese dos autos. Isso, porque o valor da 
indenização por danos morais - fixado em R$ 20.000,00, para cada um dos pais, e em R$ 5.000,00, para o 
irmão de onze (11) anos, totalizando, assim, R$ 45.000,00 -, nem é irrisório nem desproporcional aos danos 
morais sofridos por esses recorrentes. Ao contrário, a importância assentada foi arbitrada com bom senso, 
dentro dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. 10. Recurso especial parcialmente provido, 
apenas para determinar a cumulação dos danos moral e estético, nos termos em que fixados na r. sentença, 
totalizando-se, assim, trezentos mil reais (R$ 300.000, 00). RECURSO ESPECIAL ADESIVO DO 
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. REVISÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. RECURSO NÃO-
CONHECIDO. 1. O recurso especial adesivo fica prejudicado quanto ao valor da indenização da vítima, 
tendo em vista o exame do tema por ocasião do provimento parcial do recurso especial dos autores. 2. O 
quantum indenizatório dos danos morais fixados em favor dos pais e do irmão da vítima, ao contrário do 
alegado pelo Município, não é exorbitante (total de R$ 45.000,00). Conforme anteriormente ressaltado, 
esses valores foram fixados em patamares razoáveis e dentro dos limites da proporcionalidade, de maneira 
que é indevida sua revisão em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 3. Recurso especial 
adesivo não-conhecido. (REsp n. 910.794/RJ, relatora Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado 
em 21/10/2008, DJe de 4/12/2008)”. 
20 
 
Enfim, frustrações corriqueiras, inerentes ao cotidiano das pessoas, não é 
capaz de gerar dano moral. A situação deve, de alguma forma, atingir a dignidade da 
vítima ou seus atributos de personalidade. Sem essa extensão, não é cabível a 
indenização, simplesmente porque, nestes casos, não há dano indenizável, pressuposto 
inafastável da responsabilidade civil. 
 
Ponto relevante envolve a natureza jurídica do dano moral. Ou melhor, qual a 
finalidade de se condenar alguém a indenizar. O primeiro motivo já foi abordado, que é, 
de alguma maneira, fazer com que a vítima seja recompensada / ressarcida, devolvendo 
o ofendido ao estado que se encontrava antes (status quo ante). Esse é o objetivo do 
dano moral sob o prisma do ofendido, minimizar ou eliminar os danos que sofreu através 
de um ato ilícito praticado por terceiro. Caráter compensatório do dano moral. 
 
Todavia, o dano moral também se justifica sob o prisma do ofensor, pois, além 
de ressarcir o ofendido, atua como uma punição pela prática do ato ilícito, evitando a 
reincidência. Trata-se do que a doutrina denomina de “dano moral punitivo – 
pedagógico”. 
 
Existe um dever jurídico implícito e geral aplicável a todos os cidadãos e 
cidadãs, que consiste em pautar suas condutas visando evitar danos a outros. Por isso, 
uma vez descumprido esse dever jurídico e social, surge o dever de reparar, obrigação 
sucessiva / secundária. Não apenas para ressarcir o ofendido, mas também para punir 
o agressor. 
 
Esse ideal de punição não tem a finalidade de apenas atingir o ofensor, como 
se tivesse o objetivo de fazê-lo sofrer, tão somente. A ideia é que o dano moral, nestas 
situações, eduque o ofensor, assumindo uma função pedagógica, no sentido de que, ao 
obriga-lo a pagar uma indenização, terá mais cuidado em situações futuras. Por isso, o 
dano moral também tem um objetivo preventivo. Punir o agressor para que deixe de 
repetir condutas lesivas aos outros. Essa teoria punitiva e pedagógica do dano moral, 
também chamada de teoria do desestímulo, é importada e inspirada do direito norte 
americano do punitive damages (danos punitivos); ou exemplary damages (danos 
exemplares); ou vindictive damages (danos vingativos). 
 
Assim sendo, correto entender que os danos morais tem dupla função. A 
primeira é de compensar a vítima, enquanto a segunda é punir o agressor para coibir a 
reiteração da conduta. Aplicação da chamada teoria do desestímulo, 
21 
 
Dentro desse conceito, o valor do dano moral não pode se mostrar excessivo 
ao ponto de se tornar insuportável ao devedor, sequer irrisório ao ponto de ser atrativo 
ao ofensor. Atrativo no sentido de que, dependendo da situação, economicamente valha 
a pena cometer o ilícito. O dano moral deve atingir o objetivo de desestimular o ilícito e 
só atingirá tal finalidade se tiver condições de realmente atingir o ofensor. Por exemplo, 
no caso de cobrança indevida e excessiva de operadoras, se o dano moral não tiver um 
valor relativamente considerável, não surtirá o efeito pedagógico, na medida em que 
economicamente será interessante para o agressor continuar cobrando de forma 
indevida, pois em um universo de inúmeras pessoas, apenas algumas adotam medidas 
judiciais e extrajudiciais cabíveis para fazer cessar os ilícitos. 
 
Ademais, para toda ação judicial existe um ônus probatório. E, partindo da 
regra de distribuição do art. 373 do CPC46, se alguém ingressar com ação indenizatória 
postulando dano moral, terá o ônus de provar tanto o ato ilícito; quanto o dano e a sua 
extensão. Provar a ofensa a qualquer dos atributos de personalidade e, inclusive, que 
essa ofensa ultrapassa os limites do mero dissabor do cotidiano. Essa é a regra. 
 
Acontece que existem situações onde a prova do dano pode se mostrar muito 
difícil ou até mesmo impossível de ser produzida, configurando o que a doutrina 
denomina como prova diabólica. Para estes casos, a prova do dano se limita a prova do 
ato lesivo, pois o dano é presumido e deflui da própria ofensa. Por exemplo, a morte de 
qualquer pessoa próxima dispensa prova de dano porque é presumível que a perda do 
ente querido gera dor, sofrimento e demais sentimentos que atingem os atributos da 
personalidade de qualquer um. Trata-se do chamado dano in ré ipsa. 
 
Uma última problemática envolve a questão do arbitramento do dano moral. 
Quando se está a falar de um dano material, ou o valor deve ser certo e determinado 
(dano emergente) ou será determinado e futuro (lucro cessante) ou será proporcional 
(perda de uma chance). Contudo, quando se está a falar de dano moral, não há um 
critério objetivo, pois o dano moral atinge atributos de personalidade que não fazem 
parte do direito patrimonial. Não se vende a honra, o bom nome, a vida, a segurança e 
não existe um tabelamento que defina de forma categórica o valor do dano moral por 
cada tipo de evento, na medida em que inexiste uma indenização tarifada / tabelada. 
 
 
46 “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, 
quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. 
22 
 
O critério trazido pela legislação é de que a indenização se quantifica pela 
extensão do dano (caput47 do art. 944 do CCB). No entanto, o parágrafo único48 do 
mesmo artigo estipula a gravidade do dano como balizador da indenização. Portanto, 
como não há um critério único, sendo uníssono que a fixação do dano moral se dá 
através de arbitramento, pelo(a) Juiz(a), de acordo com as característicasdo caso 
concreto. 
 
Para tanto, são diversos os critérios que poderão e deverão ser sopesados, tal 
qual: a gravidade do comportamento do agressor, na medida em que, quanto mais 
repreensível for, maior deve ser a indenização; a extensão do dano, pois quanto maior 
o dano, maior deve ser a indenização; o bem jurídico atingido (vida, saúde, fama, tem 
valores sociais distintos); se atinge bens difusos (pertencente a um número 
indeterminado de pessoa) e/ou coletivos, visto que, quanto maior o número de pessoas 
atingidas, maior deve ser o dano moral; as condições financeiras do ofendido, já que a 
intenção do dano moral é compensar a vítima e não configurar enriquecimento; as 
condições financeiras do agressor, na medida em que se aplica a teoria do desestímulo, 
tornando necessário que não seja vultuosa ao ponto de reduzir o ofensor à insolvência 
e sequer irrisória que não atinja o objetivo pedagógico. Dentre outras circunstâncias, de 
acordo com o caso concreto. 
 
DANO ESTÉTICO: 
 
Apesar de haver divergência na doutrina acerca da classificação do dano 
estético, considerando o entendimento do c. STJ, julga-se adequado incluí-lo numa 
terceira modalidade de dano. Sergio Cavalieri Filho49 sustenta que teria a mesma 
classificação do dano moral e que sequer poderiam ser cumulados. Caio Mário da Silva 
Pereira50, por sua vez, define o dano estético como uma subespécie do dano moral. 
Acontece que há muito tempo a jurisprudência pacificou a possibilidade de cumular o 
dano moral com o dano estético51”. Por este motivo, julga-se correto classificar o dano 
estético como uma terceira modalidade de dano. 
 
47 “Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
48 Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz 
reduzir, eqüitativamente, a indenização”. 
49 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 16 ed. rev. atual e ampl. Editora Atlas, 
Rio de Janeiro. 2023, pág. 133 
50 PEREIRA, Caio Mário da ISilva. Responsabilidade civil. 9. ed., Forense, p. 320. 
51 “RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO A PESSOA. DANO ESTETICO. DANO MORAL. CUMULAÇÃO. A 
AMPUTAÇÃO TRAUMATICA DAS DUAS PERNAS CAUSA DANO ESTETICO QUE DEVE SER 
INDENIZADO CUMULATIVAMENTE COM O DANO MORAL, NESTE CONSIDERADOS OS DEMAIS 
DANOS A PESSOA, RESULTANTES DO MESMO FATO ILICITO. ART. 21 DO DEC. 2.681/1912. 
23 
 
De fato, enquanto no dano emergente o objetivo é indenizar um dano ao 
patrimônio econômico / bens materiais e no dano moral o objetivo é indenizar um dano 
aos atributos de personalidade, de ordem puramente psíquica, no caso do dano estético 
o objetivo é indenizar um dano físico, diferenciando-se das demais modalidades. 
Importante entender que o dano estético também possui um caráter íntimo e 
extrapatrimonial. No entanto, não se deve confundir com o dano moral porque naquele 
o abalo não é físico, mas sim aos direitos de personalidade, que são abstratos. O dano 
estético é decorrente de uma lesão puramente física, que implica em prejuízos de cunho 
emocionais e psicológicos. 
 
A lei não regula o dano estético e sequer traz uma definição específica. 
Contudo, é possível identificar seu fundamento legal na parte final do art. 94952 do 
Código Civil, o qual traz de forma expressa a possibilidade de, em caso de lesão contra 
a saúde, o ofendido buscar indenização de qualquer “outro prejuízo” sofrido. 
 
A caracterização do dano estético exige uma lesão que cause desgosto ou 
complexo de inferioridade. Justamente por isso que estão relacionados a lesões físicas 
que impliquem em deformidades ou marcas permanentes, caso de uma amputação 
originada de um acidente de trânsito ou de cicatrizes aparentes e definitivas no rosto 
fruto de um erro médico, por exemplo. Está, portanto, vinculado a uma alteração 
morfológica de formação corporal. Deformação que agride a visão que o ofendido possui 
de si mesmo. Dano relacionado ao sentir-se bem consigo mesmo, com sua imagem, 
levando em consideração a modificação ocorrida no aspecto físico. Em relação ao tema, 
as palavras do mestre Rui Stoco53: 
 
“A sempre lembrada Teresa Ancona específica o que seja dano 
estético em Direito Civil, expondo, como primeiro elemento, que o dano 
estético é qualquer modificação. “Aqui não se trata apenas das 
horripilantes feridas, dos impressionantes olhos vazados, da falta de 
uma orelha, da amputação de um membro, das cicatrizes monstruosas 
ou mesmo do aleijão propriamente dito. Para a responsabilidade civil 
basta a pessoa ter sofrido uma transformação”, não tendo mais aquela 
aparência que tinha, ou seja, uma modificação para pior. 
 
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. (REsp n. 65.393/RJ, relator Ministro Ruy Rosado de 
Aguiar, Quarta Turma, julgado em 30/10/1995, DJ de 18/12/1995, p. 44580)”. 
52 “Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do 
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o 
ofendido prove haver sofrido”. 
53Stoco, Rui, Tratado de responsabilidade civil – 6 ed. ver, atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2004, pág. 1657. 
24 
 
Portanto, o dano estético decorre de um dano físico que gera um abalo psíquico 
decorrente de um prejuízo estético aparente e definitivo, sendo, portanto, indenizável 
como forma de compensação da vítima pelo abalo sofrido, assumindo em parte 
características do dano material e em parte do dano moral, figurando entre eles e, 
consequentemente, passível se justificar sua classificação como uma terceira 
modalidade de dano.

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