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Acordao NP e contrato de abertura de credito STJ

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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.319.900 - DF (2010/0112060-7)
 
RELATÓRIO
EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (Relator): 
Trata-se de agravo regimental interposto por BOK ADMINISTRAÇÃO 
PARTICIPAÇÕES E FOMENTO MERCANTIL S.A. contra decisão (e-STJ fls. 389-392), proferida 
pelo Desembargador Convocado Vasco Della Giustina que conheceu do agravo para negar 
seguimento ao recurso especial ante o óbice da Súmula nº 258 do Superior Tribunal de Justiça.
Pugna a recorrente pela reconsideração da decisão, sustentando que "necessário 
ressaltar que a invocação da súmula 258 do STJ como instrumento hábil a negar o provimento do 
Agravo de Instrumento não subsiste, uma vez que, conforme já explanado, a referida súmula não 
permite inferir que a vinculação da nota promissória ao contrato de abertura de crédito implica a 
ausência de liquidez daquela, pois, segundo interpretação literal daquele enunciado, o que é 
ilíquido é o título que originou a nota promissória e não a própria nota promissória, a qual, 
por estar vinculada ao contrati, apenas perde a sua autonomia cambial " (e-STJ fl. 406). 
É o relatório. 
 
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.319.900 - DF (2010/0112060-7)
 
 
VOTO
EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (Relator): A 
irresignação não merece prosperar.
Os argumentos expendidos nas razões do regimental são insuficientes para 
autorizar a reforma da decisão agravada, de modo que esta merece ser mantida por seus 
próprios fundamentos:
"Trata-se de agravo de instrumento interposto por BOK 
ADMINISTRAÇÃO PARTICIPAÇÕES E FOMENTO MERCANTIL S/A contra 
decisão denegatória de recurso especial, fundamentado no artigo 105, inciso III, 
alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, em oposição ao acórdão proferido pelo 
Tribunal de Justiça do Estado do Distrito Federal, assim ementado: 
'CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - PEDIDO DE FALÊNCIA - NOTA 
PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO DE ABERTURA DE 
CRÉDITO PARA FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO - 
AUSÊNCIA DE AUTONOMIA DA CÁRTULA - ILIQUIDEZ DO 
TÍTULO QUE A ORIGINOU - SÚMULA 258 DO STJ - RECURSO 
IMPROVIDO' (fl. 248).
Nas razões do especial, a ora agravante alega ofensa ao art. 535, I e 
II, do Código de Processo Civil, por omissão do Tribunal a quo ao não se 
pronunciar sobre a alegada afronta aos arts. 585, I, do Código de Processo Civil; e 
94 da Lei nº 11.101/05.
Aduz, também, violação dos arts. 585, I, do Código de Processo 
Civil; e 94 da Lei nº 11.101/05. Afirma que 'o título executivo embasador do pedido 
de falência é a nota promissória acostada à fl. 45, e não o contrato de abertura de 
crédito para financiamento de capital de giro de fl. 63'; e que 'o que é ilíquido é o 
título que originou a nota promissória, ... a qual, pelo fato de estar vinculada ao 
contrato, apenas perde a sua autonomia cambial, mas nunca a sua liquidez' (fl. 
308).
Aponta, ainda, divergência jurisprudencial. 
É o breve relatório.
DECIDO. 
A irresignação não merece prosperar. 
De início, conclui-se não ter havido a alegada violação do art. 535, I 
e II, do Código de Processo Civil. Verifica-se que a Corte de origem enfrentou a 
matéria posta em debate na medida necessária para o deslinde da controvérsia, 
consoante se pode facilmente inferir do inteiro teor do aresto objeto de impugnação 
do especial denegado.
A propósito, o órgão julgador não está obrigado a se pronunciar 
acerca de todo e qualquer ponto suscitado pelas partes, mas apenas sobre os 
considerados suficientes para fundamentar sua decisão, o que foi feito. 
A motivação contrária ao interesse da parte ou mesmo omissa em 
relação a pontos considerados irrelevantes pelo decisum não se traduz em maltrato 
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às normas apontadas como violadas.
Nesse sentido:
'CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL NO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - RESPONSABILIDADE CIVIL - 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INSCRIÇÃO EM 
CADASTRO DE INADIMPLENTES - CANCELAMENTO DO 
REGISTRO - INVIABILIDADE - SÚMULA 323/STJ - OMISSÃO, 
CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO 
- INOCORRÊNCIA - FALTA DE PREQUESTIONAMENTO DOS 
DEMAIS DISPOSITIVOS ELENCADOS NO RECURSO.
I - Não se pode confundir negativa de prestação jurisdicional com 
tutela jurisdicional desfavorável ao interesse da parte. O Tribunal de 
origem decidiu corretamente o feito, baseando-se, inclusive, na 
jurisprudência assente desta Corte sobre a matéria. Assim, não há 
que se falar em violação dos artigos 458, II e III, 515, §§ 1º e 2º, 535, 
I e II, do Código de Processo Civil. Os demais dispositivos não foram 
prequestionados.
II - O registro do nome do consumidor nos órgãos de proteção ao 
crédito não se vincula à prescrição atinente à espécie de ação 
cabível. Assim, se a via executiva não puder ser exercida, mas 
remanescer o direito à cobrança da dívida por outro meio 
processual, desde que durante o prazo de 5 (cinco) anos, não há 
óbice à manutenção do nome do consumidor nos órgãos de controle 
cadastral, em vista do lapso qüinqüenal (Súmula 323/STJ).
Agravo regimental improvido' (AgRg no Ag 1099452/RS, Rel. 
Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
17/02/2009, DJe 05/03/2009).
No mérito, melhor sorte não socorre a agravante. 
O acórdão proferido pelo Tribunal a quo encontra-se em perfeita 
consonância com o entendimento consolidado no âmbito do Superior Tribunal de 
Justiça, no sentido de que a nota promissória vinculada a um contrato, perde a sua 
autonomia. Nesse sentido, foi editada a Súmula nº 258 do STJ, que preconiza, in 
verbis: 'A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de 
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou'. Neste particular, oportuna 
a colação, à guisa de exemplo, dos seguintes precedentes: 
'AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO 
DE EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA 
VINCULADA A CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE FUMO. 
PERDA DE AUTONOMIA. AUSÊNCIA DE LIQUIDEZ. REEXAME 
DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. 
SÚMULA 7/STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO 
DEMONSTRADA. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 
IMPROVIMENTO. 
I. A convicção a que chegou o Acórdão recorrido decorreu da análise 
do conjunto fático-probatório, e o acolhimento da pretensão recursal 
demandaria o reexame do mencionado suporte, obstando a 
admissibilidade do especial à luz da Súmula 7 desta Corte. 
II. O dissídio jurisprudencial não foi demonstrado, pois a agravante 
não juntou cópia do inteiro teor dos acórdãos paradigmas, sendo 
inadmissível a simples referência ao Diário da Justiça, que não 
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constitui repositório oficial de jurisprudência. 
III. A agravante não trouxe nenhum argumento capaz de modificar a 
conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios 
fundamentos. 
IV. Agravo improvido' (AgRg no REsp n. 1.074.289/SC, Rel. Min. 
SIDNEI BENETI, DJ de 11/02/2009).
'Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Execução. Nota 
promissória. Contato de mútuo bancário. Precedentes. 
1. Havendo o vínculo da nota promissória ao contrato de mútuo 
bancário, perde aquela sua autonomia. 
2. Reconhecida a inexistência de título executivo extrajudicial, já que 
o contrato ao qual está vinculada a promissória não preencheu os 
requisitos do artigo 585, II, do Código de Processo Civil, ausente 
assinatura de duas testemunhas. 
3. Agravo regimental desprovido' (AgRg no Ag 504459/RJ, Rel. 
Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 29/10/2003, DJ 16/02/2004 p. 244). 
Diante do acima explicitado
incidente, ao caso, a Súmula nº 83 desta 
Corte Superior, aplicável por ambas as alíneas autorizadoras (AgRg no Ag 
135.461/RS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 18.08.97). 
Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento " (e-STJ 
fls. 389-392).
Assim, não prosperam as alegações postas no regimental, incapazes de alterar os 
fundamentos da decisão impugnada.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.
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