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Reajam Cristovão Buarque

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Prévia do material em texto

1
Reaja
Cristovam Buarque
2
3
Introdução
	 	 Um	filósofo	francês	de	93	anos	de	idade,	Stéphane	
Hessel,	 publicou	 há	 pouco	 um	 panfleto	 de	 poucas	 páginas,	
com	o	 título	de	 “Indignem-se	 (Indignez-vous)”.	Nele,	defende	
que	os	jovens	de	hoje	devem	retomar	a	 indignação	que	tinha	
sua	geração	 contra	 o	nazismo	e	o	 capitalismo.	Adicionando	a	
indignação	 contra	 o	 capital	 financeiro,	 a	 desigualdade	 entre	
trabalhadores	e	capitalistas,	o	que	Israel	faz	na	Palestina	(e	vale	
lembrar	que	Hessel	é	Judeu)	e	a	indiferença	que	tomou	conta	do	
mundo.
	 É	um	bonito	texto	em	menos	de	30	páginas	e	que	vem	
sendo	vendido	em	grande	quantidade.	Comprei	a	13ª	edição.	
Mas	é	um	livro	de	europeu	da	esquerda	da	civilização	industrial,	
que	 aparentemente	 não	 vê	 que	 tão	 grave	 quanto	 a	 má	
distribuição	de	renda	é	o	próprio	conceito	de	riqueza;	não	capta	
que	a	exploração	se	dá	também	na	destruição	da	natureza,	que	
desapropria	patrimônio	das	próximas	gerações;	nem	que	mais	
do	que	indignar-se, é preciso reagir.
	 Foi	 inspirado	 no	 Hessel	 e	 seu	 livro	 que	 fiz	 este	 texto	
pedindo	aos	jovem	que	reajam	às	tragédias	de	hoje.
 
				Cristovam	Buarque	
	 		Brasília	Maio,	2011
4
Reaja	 contra	 a	 definição	 de	
riqueza	 baseada	 na	 renda	 e	 no	
consumo.	 Entenda	 que	 mais	 vale	
o	tempo	livre,	do	que	um	carro	no	
engarrafamento.	Mais	vale	 respirar	
ar	 puro	 do	 que	 comemorar	 o	
aumento	na	produção.
Reaja	contra	a	idéia	de	que	a	riqueza	consiste	em	gastar	a	
vida	endividando-se	e	trabalhando	mais	do	que	o	necessário	para	
comprar	mais	do	que	o	necessário.	Afastando-se	de	vizinhos,	
esquecendo	 a	 família,	 deixando	 de	 olhar	 ao	 redor,	 seja	 para	
deslumbrar-se	com	a	beleza	ou	indignar-se	com	as	injustiças.
Reaja	 ao	 exibicionismo	 de	 consumir	 por	 grife.	 Reaja	 à	
propaganda	que	tenta	ampliar	suas	necessidades	e	manipular	
seus	gostos	e	gastos.	
Reaja	contra	a	lógica	que	diz	que	um	automóvel	a	mais	é	
positivo	porque	significa	um	emprego	a	mais	para	um	flanelinha	
longe	da	escola.
Reaja	à	desigualdade.	Hoje,	1%	dos	ricos	do	mundo	detém	
40%	 do	 patrimônio	 mundial.	 As	 três	 pessoas	 mais	 ricas	 do	
mundo	têm	patrimônio	maior	do	que	a	soma	da	população	de	48	
nações.	É	preciso	indignar-se	como	pede	Hessel,	mas	também	
reagir	a	esta	realidade	imoral.
Reaja	à	“Cortina	de	Ouro”	que	serpenteia	todo	o	planeta	
dividindo	as	populações	de	cada	país	entre	os	ricos	e	os	pobres	
que	 de	 tão	 desiguais	 já	 começam	 a	 perder	 o	 sentimento	 de	
semelhança.	Não	aceite	o	risco	de	quebrarmos	a	convicção	de	
que	os	seres	humanos	são	todos	semelhantes.
Reaja	contra	esta	cortina	que	é	invisível	ao	dividir	países,	
mas	é	concreta	nos	muros	dos	shoppings	centers,	nas	grades	
dos	 condomínios,	 nas	muralhas	que	 separam	EUA	do	México,	
nos	guichês	da	polícia	de	fronteira	em	cada	país	do	mundo.
Mas	 não	 basta	 reagir	 a	 má	 distribuição	 da	 renda	 e	 do	
consumo,	 reaja	 ao	 consumismo,	 porque	 é	 impossível	 todos	
consumirem	como	os	20%	mais	ricos.	O	Planeta	não	suportaria.	
Não	aceite	 esta	 idéia	 equivocada	de	que	 tudo	fica	obsoleto	 a	
cada	 ano.	 E	 que	 velho	 é	 sinônimo	 de	 feio.	 Veja	 a	 beleza	 de	
Reaja à desigualdade. 
Hoje, 1% dos ricos do 
mundo detém 40% do 
patrimônio mundial
5
manter	o	uso	de	bens	úteis,	independente	da	idade.	Reaja	a	este	
sentimento	que	faz	velho	o	produto	de	ontem	e	considera	feio	o	
que	é	ainda	não	é	de	amanhã.
Reaja	 contra	 os	 que	 comemoram	o	 aumento	 de	 famílias	
recebendo	assistência,	em	vez	de	comemorar	a	diminuição	no	
número	das	que	precisam	desta	ajuda.	Reaja	contra	todo	país	que	
comemora	ser	uma	potência	econômica,	sendo	fracasso	social,	
na	educação,	na	saúde,	na	estrutura	urbana,	na	distribuição	de	
renda.
Reaja	 ao	 conceito	 de	 progresso	 baseado	 no	 crescimento	
econômico,	que	consome	a	vida	das	pessoas	e	destrói	o	equilíbrio	
ecológico	em	busca	de	aumentar	a	produção	de	bens	materiais,	
privados	e	de	curta	duração.	
Progresso	foi	uma	das	maiores	
invenções	 do	 mundo	 das	 idéias,	
desde	 quando	 Hegel	 imaginou	 o	
que	 então	 parecia	 absurdo:	 que	 a	
história	 tem	 um	 rumo	 e	 o	mundo	
de	 amanhã	 será	melhor	 que	 o	 de	
ontem.	Milhares	de	cérebros,	como	
os	 iluministas	na	França	do	 século	
XVIII	e	os	utopistas	e	os	marxistas	no	
século	XIX	construíram	o	humanismo	
sobre	 a	 idéia	 de	 progresso.	 Mas	
o	 século	 XX	 corrompeu	 a	 idéia	
e	 apequenou	 o	 progresso	 como	
sinônimo	 de	 produção	 e	 consumo.	
Lembre	do	poema	de	Drummond	“O	
progresso	não	recua/Já	transformou	
esta	rua	em	buraco”.
Reaja.	
Não	deixe	que	este	conceito	de	progresso	roube	todas	as	
maravilhas	do	ser	humano:	a	capacidade	de	criar	tempo	livre,	
o	uso	deste	tempo	livre	para	as	atividades	da	cultura	e	não	do	
mercantilismo	e	do	produtivismo.	
Reaja	à	lógica	que	define	a	demanda	de	energia	em	função	
de	um	consumo	sem	sentido,	justificando	lagos	que	destroem	
“O progresso não 
recua/Já transformou 
esta rua em buraco”.
Carlos Drummond
6
a	 diversidade	 e	 expulsam	 nações	 indígenas	 de	 seus	 locais	
sagrados.	E	como	se	a	busca	de	petróleo	justificasse	demolir	o	
Vaticano	ou	perfurar	a	terra	no	Santo	Sepulcro.	
Reaja	ainda	mais	contra	a	alternativa	de	energia	nuclear,	
cujos	impactos	imediatos	podem	ser	menores,	mas	em	caso	de	
tragédias	provocam	catástrofes	que	perduram	por	milhares	de	
anos,	como	eu	vi	recentemente	em	Chernobyl	e	todos	podemos	
acompanhar	pela	televisão	em	Fukushima.
Reaja	 à	 lógica	 que	 há	 tanto	 tempo	 imposta	 já	 passou	 a	
tomar	 conta	 de	 nossas	 mentes.	 Como	 se	 estivesse	 no	 DNA	
de	 cada	 ser	humano.	Não	está.	Mas	 se	estiver	 reaja,	mesmo	
assim.
Reaja	contra	a	falta	de	liberdade.	Grite,	grite	sempre	e	o	
mais	alto	possível	por	suas	idéias.	Reaja	contra	o	silêncio	que	
acomoda	e	 engana.	Reaja	 contra	 o	 partido	 único,	 criado	pela	
submissão	e	a	conivência	dos	bajuladores	e	oportunistas;	contra	
o	pensamento	único	criado	pela	mudez	conformada,	assustada	
ou	conivente	dos	intelectuais.	Reaja	contra	a	impressa	medrosa	
ou	comprada,	ou	simplesmente	cega,	sem	capacidade	de	análise	
independente.	Reaja	à	universidade	que	sempre	diz	sim	e	luta	
apenas	por	mais	verbas	e	não	por	mais	idéias.
Reaja	 contra	 a	 destruição	 ou	 descaracterização	 do	
patrimônio	cultural	em	nome	da	novidade,	mas	quase	sempre	a	
serviço	da	especulação	e	da	dinamização	do	mercado.
Reaja	contra	a	prisão	invisível	em	que	a	ideologia	dominante	
lhe	amarrou,	 roubando	o	que	há	de	mais	sagrado:	os	poucos	
minutos	de	vida	que	você	recebeu	da	natureza	e	sua	capacidade	
de	viver	livre,	sonhar.	Com	sorte,	você	terá	30	mil	dias	de	vida.	
Não	jogue	fora	produzindo	o	que	não	gosta,	nem	tem	vocação,	
apenas	 por	 um	 salário,	 sacrificando	 seu	 tempo,	 apenas	 para	
comprar	 um	 carro	 ou	 um	 sapato.	 Reaja	 contra	 o	desviver de	
ocupar	profissão	que	não	lhe	dá	prazer	nem	aventura.	
Reaja	 contra	 a	 vida	 sempre	
bem	 comportada,	 escolha	 algumas	
aventuras	para	realizar,	montanhas	
a	 subir,	 uma	 revolução	 a	 fazer,	
amores	 a	 sentir.	 Coloque	 sempre	
Reaja contra o desviver 
de ocupar profissão 
que não lhe dá prazer 
nem aventura. 
7
sua	biografia	na	frente	de	seu	curriculum.
Reaja	 contra	 a	 globalização	 que	 começa	 por	 cima,	
universalizando	 os	 ricos,	 no	 lugar	 da	 sonhada	 internaciona-
lização	que	nasceria	por	baixo,	vinda	dos	trabalhadores.	Este	era	
o	sonho	dos	internacionalistas	do	passado,	no	sentido	contrário	
dos	 globalistas	 do	 recente	 neoliberalismo.	 Não	 confunda	
internacionalismo	e	globalização.
Reaja	 contra	 a	 duas	 desigualdades	 imorais:	 no	 direito	 à	
vida,	pela	compra	dos	serviços	de	saúde;	e	no	direito	à	qualidade	
de	educação,	pela	compra	do	acesso	às	escolas.	Não	aceite	que	
a	vida	seja	comprada	por	quem	pode	pagar	os	serviços	médicos,	
enquantooutros	morrem	porque	lhes	falta	dinheiro.	Não	aceite	
que	um	cérebro	seja	 jogado	para	 fora	da	escola	de	qualidade	
apenas	porque	a	família	da	criança	não	tem	dinheiro	para	pagar	
mensalidade.	 Reaja	 contra	 o	 desperdício	 da	 queima	 de	 cada	
cérebro	sem	direito	a	uma	boa	escola.
	 Reaja	à	aberração	de	dizer	que	há	boa	e	má	escola,	bom	
e	mal	hospital.	Escola	é	ou	não	é	escola,	hospital	é	ou	não	é	
hospital,	tanto	quanto	oxigênio	é	ou	não	é	oxigênio.
	 Reaja	 à	 destruição	 da	 natureza	 sob	 todas	 as	 formas	 e	
em	 todos	 os	 níveis,	mesmo	 os	menores.	 Aceite	 que	 recursos	
naturais	 se	 transformem	 em	 produtos,	 mas	 desde	 que	 eles	
sejam	repostos,	reciclados,	renascidos.	Reaja	ao	direito	de	cada	
país	sentir-se	no	direito	de	queimar	suas	florestas,	sujar	os	seus	
rios,	 jogar	 lixo	no	espaço	ou	no	oceano.	Defenda	os	 recursos	
naturais	como	patrimônio	da	humanidade	deixado	à	proteção	de	
cada	país.
Reaja	 à	 lógica	 de	 que	 árvore	 só	 tem	 valor	 quando	
derrubada	para	dar	lugar	ou	servir	a	um	produto	da	economia.	
Reaja	quando	derrubam	árvores	em	nome	da	necessidade	de	
aumentar	o	número	de	carros	na	rua,	seja	em	estradas,	seja	em	
estacionamentos.	 Não	 aceite	 a	 derrubada	 de	 qualquer	 árvore	
sem	uma	justificativa	de	interesse	social	e	exija	que	para	cada	
derrubada	outras	muitas	sejam	plantadas.	
Reaja	contra	uma	civilização	que	tem	crianças	com	fome,	
sem	 roupas,	 brinquedos,	 higiene.	Reaja	 contra	 o	 triste	 futuro	
da	civilização	estampado	nos	olhos	desses	meninos	e	meninas.	
8
Reaja	contra	a	realidade	de	crianças	
abandonadas,	 outras	 sem	 escolas,	
sem	assistência	médica.
	 Reaja	contra	o	vazio	ideológico	
que	 tomou	 conta	 do	 mundo.	 Não	
aceite	 a	 falta	 de	 propostas,	 de	
bandeiras	de	luta.	Escolha	a	sua.
Reaja	 contra	 projetos	 que	
desalojam	 índios,	 ou	 expulsam	
moradores	de	favelas.	
Reaja	contra	a	discriminação.	Todas	elas.	Seja	por	um	defeito	
físico,	por	raça,	opção	sexual	ou	pela	religião	professada.
Reaja	contra	a	corrupção	de	políticos	que	põem	dinheiro	
público	no	bolso	ou	na	conta,	por	propina	ou	por	desvio	de	recursos.	
Mas	reaja	também	contra	a	disfarçada,	mas	igualmente	grave	
corrupção	nas	prioridades.	Beneficiando	minorias	privilegiadas,	
trocando	sistema	de	água,	saneamento,	escola	e	hospitais	pela	
construção	de	obras	que	beneficiam	apenas	a	minoria	 rica	de	
cada	país.	Reaja	contra	o	cinismo	de	políticos	e	de	eleitores,	nas	
eleições.	Repudie	o	político	que	não	cumpre	as	promessas	que	
fez	na	campanha,	e	o	eleitor	que	vota	debochadamente,	apenas	
por	interesse	pessoal	imediato.
Reaja,	 contra	 o	 trabalho	 escravo	 que	 até	 hoje	 continua,	
no	século	XXI,	sob	a	 forma	direta	do	trabalho	 forçado	ou	sob	
forma	 disfarçada	 em	 trabalhos	 domésticos,	 trabalho	 infantil,	
exploração	sexual.
Reaja	contra	o	analfabetismo	que	escraviza	ainda	hoje	800	
milhões	de	adultos	no	mundo	e	contra	a	deseducação	de	3	bilhões	
como	analfabetos	funcionais	ou		com	apenas	alguns	poucos	anos	
de	escolaridade.	Na	época	em	que	o	conhecimento	é	o	principal	
vetor	do	progresso,	deixar	estas	pessoas	sem	educação	é	como	
deixá-las	fora	da	civilização.
Reaja	contra	a	globalização	que	
quer	destruir	as	nações.	Mas	também	
contra	 o	 isolacionismo	 que	 quer	
tratar	cada	país	como	ilha,	no	mundo	
planetário	 de	 hoje.	 Veja	 o	 mundo	
Reaja contra a 
discriminação. Todas 
elas. Seja por um 
defeito físico, por raça, 
opção sexual ou pela 
religião professada.
Veja o mundo como 
um condomínio de 
nações.
9
como	um	condomínio	de	nações.
Não	aceite	a	visão	do	nacionalismo	primário	e	egoísta,	em	
nome	do	qual	um	país	justifica	destruir	florestas,	emitir	carbono	
na	atmosfera,	estragar	o	planeta,	só	porque	os	outros	países	não	
tomaram	as	medidas	protetoras.	Reaja	ao	suicido	que	parece	
ter	 tomado	 conta	 da	 humanidade.	 Reaja	 contra	 o	 que	 se	 faz	
contra	os	habitantes	da	Palestina,	contra	os	gays	em	diversos	
países;	contra	os	pobres	na	América	Latina,	contra	mulçumanos	
em	quase	todos	os	países	ocidentais.	Reaja	contra	o	abandono	
do	povo	africano,	pelos	 ricos	do	mundo	e	os	 ricos	da	própria	
África.
Reaja	contra	o	terrorismo	seja	de	que	 lado	for,	seja	qual	
for	sua	justificativa.	Tanto	o	terrorismo	de	grupos	e	indivíduos	
quanto	o	terrorismo	oficial	de	Estados	e	Governos.
Reaja	 à	 maneira	 como	 a	 educação	 é	 destratada.	 Reaja	
à	 conseqüência	direta	deste	destrato.	Reaja	 contra	 todos	que	
conduzem	a	economia	presa	aos	séculos	XIX	e	XX,	despreparada	
para	 o	 salto	 à	 economia	 do	 conhecimento	 que	 caracteriza	 o	
século	XXI.
Reaja	ao	descaso	dos	serviços	públicos,	escolas	parcialmente	
ativadas,	 hospitais	 que	 parecem	 de	 guerra,	 não	 importa	 em	
que	país	isso	acontece.	Reaja	ao	mundo	dividido	por	fronteiras	
políticas	artificiais	que	dividem	os	seres	humanos.	Reaja	contra	
as	filas	que	o	povo	sofre	para	ter	atendidos	os	seus	direitos	mais	
essenciais.	Seja	para	receber	comida	no	Sudão	ou	remédios	em	
São	Paulo.
Reaja	 contra	 a	 apropriação	 da	 ciência	 e	 da	 tecnologia	 a	
serviço	das	armas	de	guerra	e	das	garras	dos	ricos.	A	inteligência	é	
produto	do	cérebro	de	uma	única	pessoa,	mas	ela	deve	pertencer	
a	 todos	 os	 homens	 e	mulheres.	 Até	 porque	 a	 inteligência	 de	
cada	pessoa	se	deve	aos	cérebros	dos	milhares	que	direta	ou	
indiretamente	participaram	de	sua	educação.	É	 indigno	que	a	
descoberta	de	um	remédio	só	sirva	a	quem	pode	pagar	por	ele,	
prostituindo-se	a	inteligência	dos	cientistas	que	o	descobriram.
Reaja	 contra	 a	 transformação	 da	 maravilha	 da	 arte	 do	
futebol	e	de	outros	esportes	em	um	ópio	que	impede	a	revolta	
que	o	povo	já	teria	feita.
10
Reaja	 aqueles	 que	
transformaram	 a	 liberdade	 sexual	
na	 vergonha	da	pornografia.	Reaja	
de	forma	irada	ao	maldito	crime	da	
pedofilia.
Reaja	 contra	 todas	 as	 formas	 de	 violência	 até	 mesmo	
quando	feita	contra	criminosos,	mas,	sobretudo	reaja	contra	a	
violência	como	são	tratadas	as	crianças,	as	mulheres,	os	índios,	
os	negros,	os	homossexuais.
Reaja	 aos	 absurdos	 orçamentos	militares	 que	 no	mundo	
inteiro	consumiram	em	2010	o	equivalente	a	US$	1,5	 trilhão.	
Recursos	que	permitiriam	educar	 todas	as	crianças	pobres	do	
mundo.
Reaja	 contra	 a	 idéia	 de	 que	 o	 mundo	 vai	 bem,	 apenas	
porque	não	vai	tão	mal	quanto	antes.
Reaja	 a	 um	 discurso	 sobre	 reagir,	 fazendo-o	 obsoleto,	
porque	você	já	está	reagindo.	
 
Reaja contra a idéia de 
que o Mundo vai bem, 
apenas porque não vai 
tão mal quanto antes.
11
Senador	Cristovam	Buarque
Ala	Teotônio	Vilela,	Gabinete	10,
Anexo	II	–	Senador	Federal
70165-900	–	Brasília-DF
Fones:	(61)	3303-2281,	no	fax	(61)	3303-2874
cristovam@senador.org.br
www.cristovam.com.br

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