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Maquiavel - Síntese

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Origem do Estado e as formas de governo (Tipologia)
Para alguns historiadores o Estado sempre existiu, assim como a sociedade, pois desde que o homem está na terra há uma organização social de poder e autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. Em outra concepção, o Estado surge na necessidade de regular a convivência e as necessidades dos grupos sociais.
A denominação Estado (do latim “status” = estar firme), significa situação permanente de convivência e ligada à sociedade política, aparece pela primeira vez em “O Príncipe” de Maquiavel, escrito em 1513, passando a ser usada por Italianos ligada sempre ao nome de uma cidade independente, como, por exemplo, “stato di firenza”. 
A forma mais antiga de governo baseado no número de governantes é a de Aristóteles, onde este distinguiu três formas de governo, sendo elas: A Monarquia, onde um único indivíduo exercia o poder supremo; a Aristocracia onde o governo era de alguns e um grupo exercia poder em relação ao outro; e a Democracia que era o governo do povo, de todos que visavam o interesse geral. Mas para Aristóteles, quando essas formas de governo exerciam a favor de seus interesses próprios, eles colocavam-se à disposição da degeneração; a monarquia para a tirania, a aristocracia para a oligarquia e a democracia para a demagogia. 
Passa-se então a classificação de Maquiavel que só reconheceu o governo denominado Principiado e República, onde no Principiado, o poder residia na vontade de um só governante; e a República era um governo voltado para uma vontade coletiva.
Maquiavel acreditava na “lei dos ciclos”, alternando entre uma boa e ruim, o Estado quando degenerado não voltaria ao seu ciclo inicial, mas seria dominado por outro Estado. 
Para Maquiavel, os conflitos internos de uma sociedade devem ser regulados e controlados pelo Estado. Assim, quando houvesse uma relativa igualdade entre os cidadãos, deveria se constituir a República. Caso contrário, deveria constituir-se o Principado. Não ocorrendo assim, existirá um Estado desequilibrado e que não subsistirá por muito tempo. 
Estados intermediários são aqueles que estão entre a República e o Principado, e, portanto, são instáveis pois são duas partes conflituosas e que não chegam a uma constituição unitária. Mas Estado Intermediário não é um Estado Misto, veja após. 
O exemplo de Estado Misto dado por Maquiavel é a república romana que obteve equilíbrio dos três poderes (Monárquico, Aristocrático e Democrático), garantindo a durabilidade da constituição e a liberdade interna dos cidadãos, essa última sendo condição primordial para a estabilidade do Estado. 
Os Principados se distinguem em Principados Hereditários e Principados Novos. No Principado Hereditário o poder é passado de pai para filho e nele estabelece-se duas formas de poder, o absoluto, onde não há intermédio de terceiros, e os que não são absolutos por dividirem-se com os Barões, onde há uma intermediação por parte da nobreza. E entre os Principados Novos há quatro espécies: pela virtù (capacidade), fortuna (sorte), pela violência e pelo consentimento coletivo, onde se tornam príncipes pela própria “virtù”. 
Para Maquiavel não existe classificação de formas boas e más de governo, o que caracteriza a forma é sua estabilidade, portanto: “Os fins justificam os meios”. 
Virtù e Fortuna
Maquiavel utilizou o conceito de virtù para referir-se a todo o conjunto de qualidades e possibilidades, sejam elas quais fossem, que pelo Príncipe poderiam ser utilizadas para a estabilidade e durabilidade de seu poder e para que se pudesse realizar grandes feitos. O conceito de virtù em “O Príncipe”, assim, denota a qualidade de flexibilidade moral que se requer de um príncipe, ou seja, ele deve ter uma mente pronta a se voltar para qualquer direção, conforme os ventos da Fortuna e a variabilidade dos negócios o exijam. Maquiavel não defendeu a ideia de que a virtude cristã não era boa, mas ela tornava impossível a construção de um governante e, consequentemente, de um Estado forte. Nesse sentido, Maquiavel concordava que esse termo se referia à qualidade necessária ao governante para vencer as incertezas da Fortuna ou da sorte, e buscar desse modo resultados como a honra, glória e fama. Fortuna caracterizava-se, para Maquiavel, como o acaso, a oportunidade, a sorte, as coisas que não podemos evitar. 
Virtù, antes de Maquiavel, denotava-se como “força”, em conceitos teocêntricos, referia-se às virtudes de um homem em relação à moral, caridade, humanismo, obediência a doutrinas, a fé na vida pós morte. Virtudes em sentido de qualidades para se alcançar a vida eterna, a força necessária para lutar contra os defeitos e pecados próprios. E Fortuna como uma predestinação divina, não um acaso, mas um destino ordenado por Deus. 
Realismo Político Vs Idealismo Político (Utópico)
O idealismo pregava que: Os indivíduos são bons por natureza, seu interesse no bem-estar coletivo estimula o desenvolvimento por meio da cooperação possível; a guerra pode ser evitada. O utópico crê na obrigação da ética e no caráter, independente do direito do mais forte, e acredita na razão para justificar a submissão dos indivíduos em prol de um benefício para a maioria.  O utópico sustenta, ainda, que ao visar seus próprios interesses, o indivíduo estaria visando o da comunidade, doutrina esta que ficou conhecida como “harmonia de interesses”.
Maquiavel foi o primeiro importante realista político, e sua doutrina (que forma os fundamentos da filosofia realista) sustenta-se em três princípios essenciais: 1) a história é uma seqüência de causa e efeito; 2) a teoria não cria a prática, mas sim o inverso; e 3) a política não é uma função da ética, mas sim a ética o é da política.
Concepção de Política em Maquiavel 
Política: pela primeira vez é mostrada como esfera autônoma da vida social . 
Não é pensada a partir da ética nem da religião: rompe com os antigos e com os cristãos. 
Não é pensada no contexto da filosofia: passa a ser campo de estudo independente. 
Vida política: tem regras e dinâmica independtes de consideraçõs privadas, morais, filosóficas ou religiosas. 
Política: é a esfera do poder por excelência. 
Política: é a atividade constitutiva da existência coletiva: tem prioridade sobre todas as demais esferas. 
Política é a forma de conciliar a natureza humana com a marcha inevitável da história: envolve fortuna e virtu. 
A política não admite a teleologia cristã: o caminho da salvação, a construção do Reino de Deus entre os homens. 
Fortuna: contingência própria das coisas políticas: não é manifestação de Deus ou Providência Divina . 
Há no mundo, a todo momento, igual massa de bem e de mal: do seu jogo resultam os eventos (e a sorte). 
Virtu: qualidades como a força de caráter, a coragem militar, a habilidade no cálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos adversários . 
Pode desafiar e mudar a fortuna: papel do homem na história. 
Ligada à concepção política encontramos a concepção de Estado: 
Não define Estado: infere-se que percebe o Estado como poder central soberano que se exerce com exclusividade e plenitude sobre as questões internas externa de uma coletividade. 
Estado: está além do bem e do mal: o Estado é 
Estado: regulariza as relações entre os homens: utiliza-os nos que eles têm de bom e os contém no que eles têm de mal. 
Sua única finalidade é a sua própria grandeza e prosperidade . 
Daí a idéia de "razão de Estado": existem motivos mais elevados que se sobrepõem a quaisquer outras considerações, inclusive à própria lei. 
Tanto na política interna quanto nas relações externas, o Estado é o fim: e os fins justificam os meios.

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