Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ISSN 1413-9928 (versão impressa) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS 2003 CCOONNCCRREETTOOSS EESSPPEECCIIAAIISS Departamento de Engenharia de Estruturas Escola de Engenharia de São Carlos – USP Av. do Trabalhador Sãocarlense, 400 – Centro 13566-590 – São Carlos – SP Fone (16) 273-9455 Fax (16) 273-9482 http://www.set.eesc.usp.br ISSN 1413-9928 (versão impressa) SSUUMMÁÁRRIIOO Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya 1 Concreto com agregado graúdo reciclado: propriedades no estado fresco e endurecido e aplicação em pré-moldados leves Luciano M. Latterza & Eloy Ferraz Machado Jr. 27 Reforço de pilares de concreto armado por meio de encamisamento com concreto de alto desempenho Adilson Roberto Takeuti & João Bento de Hanai 59 Análise experimental de pilares de concreto armado de alta resistência sob flexo compressão reta Romel Dias Vanderlei & José Samuel Giongo 81 Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho submetidos à compressão simples Marcos Vinícios M. de Queiroga & José Samuel Giongo 107 Resistência e ductilidade das ligações laje-pilar em lajes-cogumelo de concreto de alta resistência armado com fibras de aço e armadura transversal de pinos Aline Passos de Azevedo & João Bento de Hanai 131 Análise de pilares de concreto de alta resistência com adição de fibras metálicas submetidos à compressão centrada Ana Elisabete Paganelli Guimarães & José Samuel Giongo 167 Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. ANÁLISE EXPERIMENTAL DE PILARES DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO Flávio Barboza de Lima1, José Samuel Giongo2 & Toshiaki Takeya3 R E S U M O Em função das características do material o uso do concreto de alto desempenho no Brasil torna-se irreversível; as resistências à compressão são superiores àquelas comumente usadas nas estruturas de edifícios de concreto armado. Este trabalho apresenta um estudo teórico-experimental desenvolvido para analisar o comportamento de pilares moldados com concreto de alta resistência, solicitados à compressão centrada e à flexão normal composta. Para a compressão centrada ficou caracterizado que o estado limite último dos pilares foi atingido por ruptura da seção transversal mais solicitada e comprovado que as rupturas ocorrem quando o núcleo, definido pelo perímetro caracterizado pelos eixos dos estribos se rompem. Próximo do colapso os pilares têm os seus cobrimentos rompidos definindo, a partir daí, situações de resistências dos núcleos. Na flexão normal composta os resultados dos ensaios mostraram que as hipóteses de distribuição de tensões na seção transversal (relações constitutivas) utilizadas para concreto de resistência Classe I não devem ser consideradas para concreto de alta resistência (Classe II). O trabalho propõe relação tensão x deformação e apresenta resultados comparativos com trabalhos realizados por outros autores. As forças normais determinadas experimental e teoricamente ficaram iguais, enquanto que para os momentos fletores os valores experimentais ficaram muito acima dos teóricos. Palavras-chave: concreto de alto desempenho; pilares; experimentação. 1 INTRODUÇÃO O termo concreto de alto desempenho é atribuindo ao concreto que apresenta características especiais de desempenho, às quais não poderiam ser obtidas se fossem usados apenas os materiais convencionais, com procedimentos usuais de mistura, lançamento e adensamento. Neste trabalho o atributo principal foi a alta resistência à compressão, que foi obtida adotando-se mistura com baixo fator água/cimento, adição de sílica ativa e aditivo superplastificante para possibilitar condições de lançamento e adensamento. 1 Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Estrutural - EES-CTEC-UFAL, fblima@ctec.ufal.br 2 Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Estruturas - EESC-USP, jsgiongo@sc.usp.br 3 Professor Assistente do Departamento de Engenharia de Estruturas - EESC-USP, totakeya@sc.usp.br Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 2 O uso de concreto de alta resistência à compressão se constitui em tendência irreversível, em função das vantagens que apresenta, em relação aos concretos de resistência Classe I, segundo a NBR 8953/92, principalmente na execução de pilares de edifícios, pois, as áreas das seções transversais podem ser reduzidas com várias vantagens econômicas. AGOSTINI(1992) apresenta um estudo experimental de pilares de concreto de alta resistência com sílica ativa, solicitados a compressão centrada, no qual foi constatado a necessidade de armadura transversal de confinamento afim de ductilizar a ruptura frágil observada nos ensaios iniciais. Os pilares estudados apresentavam seção transversal quadrada de 120mm x 120mm e altura de 720mm, com armaduras longitudinais de diâmetro igual a 6,3mm e transversais de diâmetro igual a 4,2mm. Nas extremidades foram colocadas placas de aço de 5,0mm de espessura com a finalidade de proteger esses locais da ruptura prematura por efeito de ponta das barras longitudinais. PAIVA(1994), estudou o comportamento de pilares de concreto de alta resistência de seção transversal retangular solicitados à compressão simples; as dimensões empregadas foram 80mm x 40mm x 1480mm e 80mm x 120mm x 480mm, concluindo que para taxas de confinamento lateral de 2,20% (armadura transversal) e taxa de armadura longitudinal de 3,20%, obtém-se ductilidade no pilar sendo o núcleo resistente definido por estas armaduras. Analisando os resultados das pesquisas de AGOSTINI (1992) e PAIVA (1994), percebeu-se a necessidade de realizar ensaios em pilares com dimensões maiores, solicitados à compressão simples, com seções transversais quadradas e retangulares, com o objetivo de se verificar a formação do núcleo resistente de concreto, definido pelas armaduras, e qual a forma de ruptura. No Brasil um primeiro estudo experimental de pilares de concreto de alta resistência sob ação de flexão normal composta foi apresentado por AGOSTINI(1992), que buscava obter informações sobre o comportamento da armadura de confinamento. Os dois pilares ensaiados tinham seção transversal quadrada com 12cm de lado e 72cm de altura com taxas volumétricas, em relação a área da seção transversal total, de armadura longitudinal de 5,29% e transversal de 1,5%. Segundo AGOSTINI(1992) a taxa de armadura de confinamento de 1,5% foi suficiente para garantir uma ruptura dúctil, porém, sugerindo estudar novos critérios para definição da armadura de confinamento. Neste trabalho estudaram-se experimentalmente pilares sendo que, a partir da análise das possibilidades de execução, em função das altas ações envolvidas e limitações da estrutura de reação, bem como da preocupação com a extensão dos resultados para pilares de dimensões usuais em edifícios, optaram-se por seções transversais de 20cm x 20cm, 15cm x 30cm e 12cm x 30cm, com alturas de 120cm, 90cm, 174cm e 247cm, respectivamente, também limitadas pelos dispositivos de ensaio. Na compressão centrada foi mantida a mesma relação entre a menor dimensão e altura dos modelos ensaiados por aqueles autores. A resistência média à compressão estabelecida foi de 80MPa. Em uma primeira partefoi desenvolvida metodologia para a dosagem dos materiais, seguida ao longo do trabalho, para a obtenção deste nível de resistência, com os materiais da região de São Carlos, definindo-se o traço usado, que foi caracterizado e controlado quando da execução dos modelos. Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 3 2 EXPERIMENTAÇÃO 2.1 Materiais utilizados Optou-se pela utilização do cimento Portland de alta resistência inicial CP V ARI e sílica ativa não densificada, SILMIX ND que para fins de dosagem, seguindo indicação do fabricante, considerou-se massa específica de 2222kg/m3. Foi utilizado aditivo superplastificante RX 1000A, com densidade de 1,21kg/dm3. Como agregado miúdo foi usado areia de origem quartzosa. Em função do módulo de finura, a areia era classificada como grossa, portanto, adequada para concreto de alto desempenho. O agregado graúdo usado foi pedra britada de origem basáltica com diâmetro nominal de 12,5mm. A resistência média fixada para o concreto foi de 80MPa aos 15 dias, tempo escolhido para realização dos ensaios, imaginando-se que já estivesse se desenvolvido, em sua maioria, a reação pozolânica da adição mineral e também por questões de programação dos ensaios no Laboratório. Seguem os consumos de materiais resultantes dos ajustes efetuados principalmente na relação água/cimento e teor de superplastificante, valores em kg/m3 : cimento CP V ARI, 480,00; sílica ativa, 48,00; areia, 577,92; pedra britada, 1198,09, superplastificante, 17,43 e água, 160,60. Como pode ser observado o consumo de sílica ativa foi de 10%, valor também recomendado por outros autores. A relação água/cimento resultante foi de 0,36. Deve ser observado que o teor de superplastificante foi de 3% do consumo de cimento, que pode ser considerado um valor muito alto. No consumo da água era descontada a água contida no aditivo admitida ser de 70% da massa. Caso se considere relação água/material cimentante chega-se a 0,33. O procedimento de cura usado foi manter os modelos úmidos durante os sete primeiro dias. A tabela 1 apresenta as características geométricas e mecânicas das barras das armaduras utilizadas, sendo as áreas e os diâmetros efetivos obtidos a partir da massa de um comprimento conhecido, sendo a massa específica do aço de 7850kg/m3. TABELA 1 - Resultados experimentais dos ensaios de tração das barras de aço Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 4 2.2 Modelos ensaiados 2.2.1 Modelos ensaiados à compressão centrada Foram ensaiadas 4 séries com 3 pilares cada, houve uma repetição da primeira série de ensaios, perfazendo um total de 15 ensaios de modelos de pilares solicitados à compressão simples. Foram projetadas fôrmas de madeira compensada plastificada de 12mm de espessura, de tal modo a possibilitar a moldagem dos três modelos de cada série em uma só operação de concretagem. Os modelos foram moldados verticalmente e os adensamentos foram feitos usando vibrador de agulha. As séries 1 e 2 necessitaram de duas operações de mistura do concreto em função da capacidade da betoneira, as demais apenas uma. Em cada moldagem foram executados 6 corpos-de-prova cilíndricos (100mm x 200mm), que eram ensaiados 2 com 7 dias, para se ter uma idéia do progresso da resistência, e os demais no dia do ensaio, sendo 2 com controle de força e 2 com controle de deformação radial, os resultados estão apresentados na tabela 2. Foram tomados todos os cuidados com os posicionamentos das armaduras nas fôrmas, garantindo-se os cobrimentos especificados por espaçadores de argamassa e também de nylon. Após a moldagem os pilares permaneciam nas fôrmas, sendo curados com uso de manta de espuma de borracha molhada e cobertos com lona plástica, durante 7 dias. Em seguida eram desmoldados e colocados no ambiente do Laboratório até as datas dos ensaios. A estrutura de reação era um pórtico espacial metálico convenientemente ancorado, por meio de tirantes, na laje de reação em concreto armado do Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC-USP. O pórtico era composto de 4 colunas e uma grelha horizontal fixada por meio de parafusos. A capacidade nominal era de 5000kN e permitia a movimentação da grelha ao longo da altura das colunas, possibilitando a variação da altura dos modelos estudados. A aplicação de forças foi efetuada por meio de macaco hidráulico com capacidade nominal de 5000kN, acionado por bomba hidráulica de ação manual ou elétrica, de mesma capacidade. Como a massa do macaco hidráulico era de 700kg, optou-se por deixá-lo apoiado na laje de reação. A célula de carga por sua vez foi fixada nas vigas centrais da grelha, por meio de uma placa de aço parafusada nas mesmas. Para se evitar ruptura fora da área de estudo, um trecho de 20cm nas extremidades dos pilares foram confinadas por meio de um conjunto de chapas metálicas com 13mm de espessura parafusadas, além de que, nestas regiões, o espaçamento entre os estribos também foi reduzido. A partir do valor da força última prevista, aplicaram-se incrementos de 10% dessa força, com um escorvamento efetuado na segunda etapa de carga. Tentando evitar ao máximo o aparecimento de excentricidades durante os ensaios de compressão centrada, os modelos eram aprumados em cima do macaco e Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 5 a extremidade superior devidamente nivelada, colando uma chapa de aço com massa plástica. Mesmo com o ensaio cercado de cuidados na sua execução, pequenas excentricidades foram observadas em todos os ensaios, que foram desprezadas por ocasião da análise dos resultados. O controle das forças foi feito por célula de carga com capacidade nominal de 5000kN. As medidas de deformações e deslocamentos foram feitos por extensômetros elétricos, tipo strain gage, e transdutores de deslocamentos a base de strain gages. Os pilares eram instrumentados internamente, nas armaduras, com strain gage KFG 5, para as barras longitudinais e nos quatro ramos do estribo posicionado na metade da altura. Externamente, nas quatro faces, na mesma posição do estribo instrumentado mediam-se as deformações no concreto com strain gage do tipo KFG 10. Instalaram-se, também, quatro conjuntos formados por bases coladas, haste metálicas e transdutor de deslocamento, um em cada face do pilar, medindo-se o encurtamento, observado para cada etapa de carga, e posteriormente, dividindo-se este pelo comprimento da haste, obtinham-se as deformações do pilar. Todas as leituras, em cada incremento de força, foram feitas automaticamente com um sistema de aquisição de dados, que registrava, em disquete e por meio de impressora, os valores das ações, dos deslocamentos e das deformações. O sistema era controlado por computador e, após a execução dos ensaios, os dados gerados eram convertidos em planilha que, posteriormente, era lida e manipulada pelo software Excel 5.0 da Microsoft, para geração de relatórios e diagramas. A figura 1 apresenta o esquema estático e instrumentação de um dos modelos ensaiados e as seções transversais com a configuração de estribo adotada. Na figura 1a observa-se o pilar posicionado sobre o macaco hidraúlico, a célula de carga na parte superior, os conjuntos montados para medir as deformações no pilar, o confinamento utilizado nas extremidades e as chapas de aço com 20mm de espessura posicionadas entre o modelo e o macaco e entre o modelo e a rótula da célula de carga para uniformização da ação aplicada. Esta figuracorresponde aos modelos das séries 1 e 2 com altura do pilar de 120cm nas séries 3 e 4 a altura foi de 90cm. Na figura 1b observam-se as dimensões da seção transversal e detalhamento do estribo usado nos modelos das séries 1 e 2 alterando-se apenas o espaçamento, vêem-se ainda o posicionamento de strain gages na armadura longitudinal que são 1, 2, 3 e 4; e no concreto A, B, C e D. Mesmas características são apresentadas na figura 1c para os modelos das séries 3 e 4. Um resumo de todas as características dos modelos ensaiados pode ser observado na tabela 3. Maiores detalhes sobre os ensaios realizados são encontrados em GIONGO, LIMA & TAKEYA (1996). Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 6 TABELA 2 - Características dos modelos ensaiados a compressão centrada e força última experimental observada TABELA 2 – continuação Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 7 a) Esquema estático e instrumentação b) Seção transversal e estribo dos modelos da séries 1 e 2. c) Seção transversal e estribo dos modelos da séries 3 e 4 Figura 1 - Características dos pilares ensaiados à compressão simples ( dimensões em milímetros ) 2.2.2 Modelos ensaiados à flexão normal composta Foram ensaiadas 5 séries com 2 modelos de pilares cada solicitados à flexão normal composta. A tabela 3 apresenta os resultados das resistências médias à compressão, os módulos de elasticidade tangente e as deformações correspondentes às resistências máximas dos concretos de cada modelo. Estes valores foram determinados em ensaios em corpos-de-prova cilíndricos de 100mm x 200mm nos dias dos ensaios dos Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 8 modelos. Os procedimentos para as curas foram manter os modelos úmidos durante os sete primeiro dias. TABELA 3 - Resultados dos ensaios de compressão em corpos-de-prova Os modelos foram moldados horizontalmente em função dos alargamentos das extremidades para possibilitarem as excentricidades das ações e, também, pelo fato da concentração das armaduras adicionais de confinamento na base e no topo. Na montagem do ensaio o eixo do modelo era deslocado até o valor da excentricidade, com relação à linha que passava pelo eixo do macaco e da célula de carga, de tal forma que as forças aplicadas nas chapas atuavam de forma excêntrica nas duas extremidades do pilar. Optou-se por não utilizar um cilindro nas extremidades para aplicação da ação por causa das dificuldades de posicionar o modelo e por medida de segurança. Os ensaios se desenvolveram com acompanhamento de deformações e de deslocamentos no monitor do sistema de aquisição de dados, sendo observada perfeita simetria em relação aos deslocamentos próximos das extremidades e no centro. Foi detectada também coerência entre as deformações e a posição da força aplicada que provocava compressão maior em um dos lados do pilar e menor no outro, característica de flexão normal composta com pequena excentricidade. A tabela 4 apresenta as características geométricas e mecânicas, identificando-se as diferenças entres os modelos ensaiados. Na figura 2 observa-se o esquema estático dos ensaios e a instrumentação utilizada. As seções transversais foram retangulares de 15cm x 30cm e de 12cm x 30cm com alturas de 174cm e 247cm, respectivamente. Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 9 TABELA 4 - Características geométricas dos modelos ensaiados Pilar b cm h cm ℓ cm Ac cm2 Arm. longit. As cm2 ρℓ % fy MPa ρw % estribo E mm P5/1 30 15 174 450 8φ12,5 10,16 2,26 543,3 2,52 6,3c/5 15 P5/2 30 15 174 450 8φ12,5 10,16 2,26 543,3 2,52 6,3c/5 15 P6/1 30 15 174 450 8φ16 15,54 3,45 710,5 2,52 6,3c/5 15 P6/2 30 15 174 450 8φ16 15,54 3,45 710,5 2,52 6,3c/5 15 P7/1 30 15 174 450 8φ10 5,69 1,26 681,2 1,68 6,3c/7,5 15 P7/2 30 15 174 450 8φ10 5,69 1,26 681,2 1,68 6,3c/7,5 15 P8/1 30 15 174 450 8φ10 5,69 1,26 681,7 1,68 6,3c/7,5 25 P8/2 30 15 174 450 8φ10 5,69 1,26 681,2 1,68 6,3c/7,5 25 P9/1 30 12 247 360 8φ10 6,03 1,67 676,4 2,73 6,3c/6 30 P9/2 30 12 247 360 8φ10 6,03 1,67 676,4 1,32 6,3c/12 30 Figura 2 - Esquema estático e instrumentação dos pilares ensaiados Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 10 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1 Compressão centrada Na tabela 2 podem ser observadas além das características dos modelos ensaiados à compressão centrada os valores das forças últimas experimentais registradas visualmente no monitor de controle do sistema de aquisição de dados. Os ensaios se estenderam de maio a agosto de 1996. Após cada etapa de aplicação de força havia, além da gravação em disquete, a impressão dos dados lidos. A partir dos dados lidos e arquivados pelo sistema de aquisição, foram elaboradas planilhas e em seguida diagramas força x deformação e força x deslocamento para cada modelo. Estão apresentados, nas figuras de 3 a 6, os diagramas obtidos a partir das médias das deformações medidas, nos modelos de cada série submetidos a ação de compressão centrada. São apresentados um diagrama com curvas força x deformação do pilar, em seguida força x deformação medida apenas no concreto e finalmente força x deformação na armadura longitudinal. Figura 3 - Diagramas força x deformações Figura 4 - Diagramas força x deformações médias dos pilares da série 1 médias dos pilares da série 2 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 P1/3r P1/2r P1/3 P1/2 P1/1 Deformação %o (arm. longitudinal) Fo rç a - k N 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação no concreto - %o Fo rç a - k N P1/3r P1/2r P1/3 P1/2 P1/1 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação do pilar - %o Fo rç a - k N P1/3r P1/2r P1/3 P1/2 P1/1 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 P 2/3 P 2/2 P 2/1 Deformação %o (arm. longitudinal) Fo rç a - k N 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação no concreto - %o Fo rç a - k N P 2/3 P 2/2 P 2/1 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação do pilar - %o Fo rç a - k N P 2/3 P 2/2 P 2/1 Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 11 Neste trabalho experimental os ensaios foram feitos em idades inferiores a 28 dias e com ações que puderam ser consideradas de curta duração, existindo apenas a resistência medida nos corpos-de-prova cilíndricos de 100mm de diâmetro da base e 200mm de altura, para avaliar a resistência do concreto da estrutura. A correlação entre a resistência do concreto do modelo e a determinada para os corpos-de-prova foi feita por meio do coeficiente kmod = 0,90, com base na bibliografia e ensaios de correlação efetuados durante o estudo de dosagem desenvolvido.Figura 5 - Diagramas força x deformações Figura 6 - Diagramas força x deformações médias dos pilares da série 3 médias dos pilares da série 4 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 P3/3 P3/2 P3/1 Deformação %o (arm. longitudinal) Fo rç a - k N 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 Deformação no concreto - %o Fo rç a - k N P3/3 P3/2 P3/1 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 Deformação do pilar - %o Fo rç a - k N P3/3 P3/2 P3/1 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 4/3 4/2 4/1 Deformação %o (arm. longitudinal) Fo rç a - k N 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação no concreto - %o Fo rç a - k N 4/3 4/2 4/1 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação do pilar - %o Fo rç a - k N 4/3 4/2 4/1 Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 12 Desta forma para análise em estado limite último dos valores teóricos calculados a resistência à compressão no concreto foi assumida como 0,90fc , sendo fc a resistência média do concreto no dia do ensaio, obtida em ensaios de corpos-de- prova cilíndricos de 100mm x 200mm. 3.1.1 Análise da seção resistente A verificação da força última em modelos de pilares solicitados por compressão simples pode ser feita pela expressão (1): Fu = (Ac-As).fc + As.fy (1) onde: fc = resistência média do concreto no dia do ensaio, obtida a partir do ensaio de corpos-de-prova; fy = resistência média de escoamento da armadura longitudinal, obtida a partir do ensaio de tração; As = soma das áreas das barras da armadura longitudinal; Ac = área total da seção transversal do pilar. Quando se considera apenas a área da seção transversal do núcleo tem-se (2): Fun = (Acn-As).fc + As.fy (2) onde: Acn = área total da seção transversal do núcleo do pilar, região limitada pelo eixo da armadura transversal mais externa. A análise dos resultados dos pilares ensaiados à compressão simples foi feita observando-se a tabela 5, onde Fteo e Fteo,n foram calculados usando as equações 1 e 2 respectivamente e apresentam-se relações entre as forças teóricas e a força última experimental obtida nos ensaios. A relação entre a força última experimental e a força última calculada considerando-se a área total foi sempre menor que 1, independente do tipo de seção ou taxa de armadura. Quando se compara com valores obtidos considerando-se apenas a área do núcleo confinado, definida como a área calculada pelo perímetro formado pelos eixos do estribo mais externo, encontram-se valores maiores ou iguais a unidade, ou seja, presume-se que nos pilares de concreto de alta resistência (80MPa ), a seção resistente é a seção transversal do núcleo de concreto. Confirmam-se, desta forma, conclusões de AGOSTINI(1992) e PAIVA(1994), lembrando que neste trabalho os pilares têm dimensões mais próxima das usuais. Esta conclusão também foi encontrada por CUSSON e PAULTRE (1993). Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 13 TABELA 5 - Análise teórico-experimental dos modelos ensaiados a compressão centrada [LIMA(1997)] Modelo Ac cm2 Acn cm2 fc MPa 0,90fc MPa As cm2 fy MPa P1/1 400 251,9 83,8 75,4 10,16 543,3 P1/2 400 251,9 83,8 75,4 10,16 543,3 P1/3 400 251,9 83,8 75,4 10,16 543,3 P1r/2 400 251,9 85,1 76,6 10,16 543,3 P1r/3 400 251,9 85,1 76,6 10,16 543,3 P2/2 400 251,9 87,4 78,7 10,16 543,3 P2/3 400 251,9 92,0 82,8 10,16 543,3 P3/1 450 257,9 94,9 85,4 10,16 543,3 P3/2 450 257,9 94,9 85,4 10,16 543,3 P3/3 450 257,9 94,9 85,4 10,16 543,3 P4/1 450 257,9 80,5 72,5 10,16 543,3 P4/2 450 257,9 80,5 72,5 10,16 543,3 P4/3 450 257,9 80,5 72,5 10,16 543,3 TABELA 5 - continuação Modelo FexpkN Fteo kN Fteo,n kN Fexp / Fteo Fexp / Fteo,n P1/1 2630 3492 2375 0,75 1,11 P1/2 2701 3492 2375 0,77 1,14 P1/3 2834 3492 2375 0,81 1,19 P1r/2 3063 3538 2403 0,87 1,27 P1r/3 2820 3538 2403 0,80 1,17 P2/2 2950 3618 2454 0,82 1,20 P2/3 3210 3780 2554 0,85 1,26 P3/1 3415 4309 2668 0,79 1,28 P3/2 3750 4309 2668 0,87 1,41 P3/3 3230 4309 2668 0,75 1,21 P4/1 3000 3739 2347 0,80 1,28 P4/2 2650 3739 2347 0,71 1,13 P4/3 2610 3739 2347 0,70 1,11 3.1.2 Capacidade resistente segundo COLLINS et al. (1993) Analisaram-se os valores teóricos das forças usando expressão apresentada por COLLINS et al. (1993) para a determinação da capacidade resistente de pilares de concreto de alto desempenho. Segundo COLLINS et al. (1993), a capacidade de absorver força axial em pilares com estribos ou com espirais e com cobrimento, pode ser expressa por: Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 14 F k f (A A ) f Ateo 3 c ' c s y s= − + (3) onde: Ac = área da seção transversal do pilar; fy = resistência de escoamento das barras da armadura longitudinal; As = área da seção transversal das barras da armadura longitudinal. O fator k3 leva em conta as diferenças nos tamanhos e formas entre o pilar de concreto armado e o corpo-de-prova, considerando as diferenças nas moldagens do concreto, vibração e cura e as diferenças nas velocidades de carregamentos. Os pilares são carregados tipicamente muito mais lento do que os cilindros. Os valores de k3 são obtidos a partir de uma expressão que aproxima a tendência de resultados experimentais de vários autores, e varia com a resistência do concreto. Essa expressão é: k f3 0 6 10= +, ' c ; f’c em MPa e k3 ≤ 0,85 (4) Para averiguação, os modelos ensaiados à compressão centrada também foram analisados utilizando as equações (3) e (4). Observa-se que a expressão da equação (3) permite a consideração da seção integral do pilar. Como nos ensaios a resistência do concreto foi determinada a partir de ensaios de compressão em corpos-de-prova cilíndricos de 100mm de diâmetro da base por 200mm de altura, foi adotada uma redução de 0,95fc como correlação para corpos-de-prova de 15cm x 30cm, respectivamente. A tabela 4 apresenta a análise efetuada para cada pilar ensaiado, como também os valores de k3 calculados com a equação (4) usando o valor da resistência reduzida. Os demais valores necessários para a utilização da equação (3) são obtidos na tabela 2. Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 15 TABELA 6 - Análise dos modelos ensaiados segundo COLLINS et al. (1993) Modelo Fexp kN 0,95fc MPa k3 Fteo kN Fexp /Fteo P1/1 2630 78,9 0,727 2788 0,94 P1/2 2701 78,9 0,727 2788 0,97 P1/3 2834 78,9 0,727 2788 1,02 P1r/2 3063 80,8 0,724 2832 1,08 P1r/3 2820 80,8 0,724 2832 1,00 P2/2 2950 83,0 0,720 2882 1,02 P2/3 3210 87,4 0,714 2985 1,08 P3/1 3415 90,1 0,711 3370 1,01 P3/2 3750 90,1 0,711 3370 1,11 P3/3 3230 90,1 0,711 3370 0,96 P4/1 3000 76,5 0,731 3012 1,00 P4/2 2650 76,5 0,731 3012 0,88 P4/3 2610 76,5 0,731 3012 0,87 A média das relações entre os valores experimentais divididos pelos teóricos, calculados a partir das expressões apresentadas por COLLINS et al. (1993), resultou igual a 1. Deste modo os resultados obtidospor GIONGO, LIMA & TAKEYA(1996), considerando apenas os núcleos confinados dos pilares, e por COLLINS et al. (1993) são iguais, confirmando o modelo adotado. 3.2 Flexão normal composta Na verificação da segurança das estruturas, no estado limite último de ruptura do concreto, admite-se que possa atuar a tensão de compressão igual a 0,85fcd. Como explicado por FUSCO (1995), trata-se da aplicação de um coeficiente de modificação kmod = 0,85, que é resultante do produto de três outros, que levam em conta o acréscimo de resistência do concreto após os 28 dias de idade, a resistência medida em corpos-de-prova cilíndricos de 15cm x 30cm é superestimada, pois se sabe que a resistência medida em corpos-de-prova de tamanho maior seria menor, por haver menos influência do atrito do corpo-de-prova com os pratos da prensa de ensaio e, finalmente, o efeito deletério da ação de cargas de longa duração. Em se tratando de concreto de alta resistência a evolução da resistência a partir da idade de 28 dias é menor provavelmente pela menor quantidade de água livre que permita o prosseguimento da hidratação. PINTO JUNIOR (1992) apresenta um diagrama para a evolução da resistência com a idade para concretos com Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 16 resistências variando de 40MPa a 80MPa medida em corpos-de-prova cilíndricos de 100mm por 200mm onde se observa que esta evolução após os 28 dias é insignificante. No estudo de dosagem desenvolvido nesta pesquisa experimental, para escolha do traço que foi usado na confecção dos pilares, observou-se uma relação de 1,04 para a idade de 63 dias e de 1,07 para 92 dias, em relação a idade de 28 dias. Portanto o coeficiente kmod,1 pode ser reduzido para 1,1 ou até mesmo 1,0. A resistência à compressão medida em corpos-de-prova cilíndricos de 100mm por 200mm, que se apresenta como alternativa para controle da resistência em função da capacidade dos equipamentos disponíveis, superestima o valor em relação aos cilindros padronizados. CARRASQUILLO et al. (1981) estudou este efeito e encontrou um coeficiente próximo a 0,90 para a conversão independente da resistência que variou de 20MPa a 80MPa e da idade de ruptura. METHA et al. (1994) apresenta um gráfico do qual se determina uma relação de 0,95 para a conversão. No estudo de dosagem desenvolvido observou-se uma correlação de 0,96 entre resistências medidas em corpos-de-prova cilíndricos de 15cm x 30cm e 10cm x 20cm, desta forma pode-se admitir uma redução de 5% no coeficiente kmod,2 passando a ser de 0,90. Segundo PINTO JUNIOR (1992), nos concretos de alta resistência submetidos a carregamento de longa duração, a redução da resistência é da ordem de 15% a 20%, se for assumido uma redução de 20% o coeficiente kmod,3 passa a ser de 0,80. Desta forma, para concreto de alta resistência, o coeficiente de modificação seria alterado para 0,72. Para este trabalho, observa-se que, em geral, os ensaios foram feitos a idades inferiores a 28 dias e para ações de curta duração, sendo, portanto, desprezados os coeficientes kmod,1 e kmod,3 existindo apenas a relação entre a resistência medida nos corpos-de-prova cilíndricos de 100mm x 200mm e a estrutura expressa pelo coeficiente kmod,2 = 0,90. Desta forma para análise da situação última dos valores experimentais obtidos a resistência à compressão do concreto foi assumida como 0,90fc sendo fc a resistência média do concreto no dia do ensaio. A análise dos resultados dos ensaios dos modelos submetidos a esforços oriundos da compressão excêntrica consistiu na determinação da força e momento fletor resistentes, a partir dos valores das deformações medidas em uma determinada seção e das características mecânicas do aço da armadura e do concreto também determinados experimentalmente. Os valores dos esforços resistentes foram então comparados com os respectivos valores experimentais. Por hipótese admitiu-se que as seções planas permaneciam planas depois de deformadas assim, conhecido o valor das deformações nas faces 1 (menos comprimida) e 2 (mais comprimida), pode-se determinar a variação ao longo da altura h da seção transversal do pilar. A maneira de considerar os valores das deformações definiu duas outras situações para análise. Em uma ( situação 1 ), a partir dos valores médios das deformações medidas nas faces dos pilares, utilizando-se extensômetros elétricos e conjuntos formados por transdutores de deslocamento e hastes metálicas, permitiu determinar a variação das deformações na seção transversal pela expressão 5. Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 17 ε ε ε ε( )x h xc c= − + c1 2 2 (5) onde: εc2 = deformação média medida na face mais comprimida, em valor absoluto; εc1 = deformação média medida na face menos comprimida, em valor absoluto; h = altura da seção transversal, em metro. Na tabela 7, apresentam-se os valores das deformações médias obtidas nas barras de aço calculadas a partir da equação 5, tomando por base as deformações medidas nas faces dos pilares, para a etapa onde atuava a força última. TABELA 7 - Variação das deformações na seção transversal na situação 1 Pilar εs1 εs2 εc1 εc2 ε (x) P5/1 0,001670 0,0026300 0,001139 0,00232 -0,007870x+0,00232 P5/2 0,001481 0,0026530 0,001220 0,00230 -0,007200x+0,00230 P6/1 0,001695 0,0024365 0,000979 0,00216 -0,007870x+0,00216 P6/2 0,001780 0,0032600 0,001450 0,00250 -0,007000x+0,00250 P7/1 0,001730 0,0023800 0,001388 0,00220 -0,005410x+0,00220 P7/2 0,001910 0,0033600 0,001915 0,00292 -0,006730x+0,00292 P8/1 0,001700 0,0029400 0,001419 0,00269 -0,008467x+0,00269 P8/2 0,001830 0,0025700 0,001310 0,00272 -0,009400x+0,00272 P9/1 0,001260 0,0025240 0,000864 0,00230 -0,011960x+0,00230 P9/2 0,001317 0,0025220 0,000910 0,00287 -0,016330x+0,00287 A outra situação ( situação 2 ) a análise das deformações consistiu em considerar apenas as medições feitas nas armaduras, admitindo-se que estas eram mais confiáveis que as medições no concreto; com as deformações médias das armaduras determinam-se a variação da deformação ao longo da seção pela equação 6. ε ε ε ε ε( ) ' . . ' ' x d d x d d d d s s s s= −− + − − 1 2 2 1 (6) onde: εs2 = deformação média medida na armadura mais comprimida, em valor absoluto; Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 18 εs1 = deformação média medida na armadura menos comprimida, em valor absoluto; d = altura útil do pilar em metro; d’ = altura da seção transversal menos a altura útil, em metro. Na tabela 8, apresentam-se os valores das deformações médias obtidas em cada ensaio e sua respectiva variação a partir da equação 6, além dos valores das deformações médias medidas nas armaduras, para a etapa onde atuava a força última. TABELA 8 - Variação das deformações na seção transversal para a situação 2 Pilar εs1 εs2 εc1 εc2 εs (x) para εc P5/1 0,001670 0,0026300 0,001305 0,003000 -0,01130x+0,003000 P5/2 0,001481 0,0026530 0,001030 0,003100 -0,01380x+0,003100 P6/1 0,001695 0,0024365 0,001383 0,002750 -0,00911x+0,002750 P6/2 0,001780 0,0032600 0,001150 0,003880 -0,01820x+0,003880 P7/1 0,001730 0,0023800 0,001500 0,002610 -0,00740x+0,002610 P7/2 0,001910 0,0033600 0,001399 0,003870 -0,01650x+0,003874 P8/1 0,001700 0,0029400 0,001261 0,003379 -0,01412x+0,003379 P8/2 0,001830 0,0025700 0,001665 0,002930 -0,008430x+0,00293 P9/1 0,001260 0,0025240 0,000577 0,003210 -0,02194x+0,003210P9/2 0,001317 0,0025220 0,000665 0,003175 -0,02092x+0,003175 3.2.1 Esforços resistentes na compressão excêntrica Conhecendo-se a variação das deformações ao longo da seção transversal, e admitindo-se uma relação tensão x deformação para o concreto, foi estabelecida a variação da tensão normal ao longo da altura da seção em estudo do pilar, podendo- se, por integração, obter o esforço normal resistente teórico e o respectivo momento fletor, usando as equações de equilíbrio 7 e 8. N dA Ac si si iA = +∑∫σ σ (7) M xdA A xc si si i iA = +∑∫ σ σ (8) Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 19 A figura 8 apresenta as hipóteses admitidas para a distribuição das deformações e das tensões nos pilares ensaiados e submetidos a compressão excêntrica com a força aplicada ao longo do eixo paralelo à menor dimensão. Figura 8 - Hipótese de distribuição de deformações e de tensões nos pilares Aplicando-se as equações de equilíbrio 7 e 8 para a seção transversal da figura 8 têm-se: N b x dx A Au c h s s s s= + +∫ σ σ σ( )0 1 1 2 2 (9) M b x h x dx A A h du c h s s s s= − + − −∫ σ σ σ( ). ( ) ( ). ( ' )2 20 2 2 1 1 (10) Considerando as situações estabelecidas, em função da distribuição de deformações admitida ao longo da seção, foram determinados a força normal e momento fletor resistentes, para uma relação tensão x deformação proposta e outra apresentada por COLLINS et al. (1993). 3.2.2 Proposta de relação tensão x deformação do concreto [LIMA(1997)] Para cada modelo foram feitos ensaios de corpos-de-prova cilíndricos de 100mm x 200mm, para determinação da resistência à compressão e correspondente deformação e o módulo de elasticidade. Os ensaios dos corpos-de-prova de concreto foram realizados no Laboratório de Mecânica das Rochas do Departamento de Geotécnia, EESC-USP. Eram ensaiados 2 corpos-de-prova com controle de força axial obtendo-se os parâmetros já citados e mais 2 com controle de deformação radial. Observaram-se grande dispersão nos resultados dos ensaios com controle de deformação, sendo que os valores da tensão máxima eram sempre menores. A proposta de relação tensão x deformação, consistiu em uma aproximação da relação tensão x deformação obtida no ensaio por uma função polinomial de 3.o grau. A equação que representa a curva teórica proposta tem a seguinte forma: Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 20 y k x k x k x= + +1 3 2 2 3 A partir das condições de contorno, determinaram-se os valores das constantes k1, k2 e k3, e tem-se como relação tensão (σc) x deformação (εc) do concreto a equação 11. ( ) ( )σ εε ε ε ε ε εc c c c c c c c c c c c c f E f E E= − + + − +2 3 20 0 3 3 0 0 2 2 (11) A tabela 9 apresenta as características mecânicas do concreto e do aço utilizados nos ensaios, sendo que estes elementos são necessários para a análise dos resultados experimentais obtidos para a força última. Considerando-se a proposta de relação tensão x deformação da expressão 11 e substituindo-se εc pela correspondente variação da deformação apresentada nas tabelas 7 para a situação 1 e 8 para a situação 2 e, aplicando-se as equações 9 e 10, calcularam-se os valores de Fteo e Mteo cujos resultados são apresentados na tabela 10, que apresenta também comparações entre valores experimentais e teóricos nas diversas situações. TABELA 9 - Características mecânicas do concreto e do aço utilizados Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 21 TABELA 10 - Análise dos esforços resistentes para a relação tensão x deformação proposta [LIMA(1997)] Pilar Fexp kN Mexp kN.cm Fteo,a, kN Mteo,a kN.cm Fexp / Fteo,1 Mexp / Mteo,1, Fteo,b, kN Mteo,b kN.cm Fexp / Fteo,2 Mexp / Mteo,2 P5/1 2842 4263 2818 2106 1,01 2,02 3197 2239 0,89 1,90 P5/2 2806 4209 2790 1993 1,01 2,11 3008 2787 0,93 1,51 P6/1 3227 4840 2842 2293 1,13 2,11 3383 2158 0,95 2,24 P6/2 3218 4827 3452 2287 0,93 2,11 3688 2917 0,87 1,65 P7/1 3012 4518 2837 1374 1,06 3,28 3110 1585 0,97 2,85 P7/2 3118 4677 3772 1335 0,84 3,12 3672 1785 0,85 2,62 P8/1 3252 8130 3127 1896 1,04 4,29 3251 2456 1,00 3,31 P8/2 3250 8125 3414 1856 0,95 4,37 3619 1506 0,90 5,39 P9/1 2388 7164 2263 1920 1,05 3,73 2513 2875 0,95 2,49 P9/2 2143 6438 2428 1891 1,01 3,40 2115 2287 1,01 2,81 3.2.3 Análise considerando a relação tensão x deformação indicada por COLLINS et al. (1993) A mesma análise para os esforços resistentes relativa às duas situações estabelecidas de deformações foi desenvolvida para se averiguar os resultados obtidos com a relação constitutiva indicada por COLLINS et al. (1993), que pode ser escrita pela expressão 12. σ ε ε ε εc c co c c nk c nf n = − +( ( / ) )'1 (12) Na tabela 9 podem ser obtidos os valores de 0,90fc e de ε’c que corresponde a εco; os valores de k, indicados por COLLINS et al. (1993) para considerar a variação das resistência, resultaram todos iguais a 1, pois, observaram-se que εc é menor do que εco , exceto nas etapas de ações últimas dos pilares P6/2, P7/1, P8/1 e P9/2 para os quais foram feitas aproximações no valor de k. Na tabela 11, seguindo mesma seqüência utilizada nas análises dos pilares considerando a relação tensão x deformação proposta, estão apresentadas as análises efetuadas com o modelo de COLLINS et al. (1993). Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 22 TABELA 11 - Análise dos resultados dos esforços solicitantes [ COLLINS et al. (1993) ] Pilar Fexp, kN Mexp KN.cm Fteo,a, kN Mteo,a kN.cm Fexp / Fteo,1 Mexp / Mteo,1 Fteo,b, kN Mteo,b kN.cm Fexp / Fteo,2 Mexp / Mteo,2 P5/1 2842 4263 2690 2194 1,06 1,94 3110 2465 0,91 1,73 P5/2 2806 4209 2658 2089 1,06 2,01 2022 2808 1,39 1,50 P6/1 3227 4840 2649 2305 1,22 2,10 3226 2368 1,00 2,04 P6/2 3218 4827 3308 2442 0,97 1,98 3603 3210 0,89 1,50 P7/1 3012 4518 2663 1452 1,13 3,11 2969 1771 1,01 2,55 P7/2 3118 4677 3679 1584 0,85 2,95 3577 2074 0,87 2,26 P8/1 3252 8130 3018 2052 1,08 3,96 3156 2745 1,03 2,96 P8/2 3250 8125 3271 2134 0,99 3,80 3511 1809 0,93 4,49 P9/1 2388 7164 2089 4662 1,14 1,54 2385 6205 1,00 1,15 P9/2 2143 6438 2048 4659 1,05 1,38 2047 5061 1,05 1,27 Para as forças normais as relações entre Fexp / Fteo são praticamente iguais a unidade (variando entre 1,01 e 1,09) quando se considera o modelo com a distribuição de tensões na seção transversal indicado por COLLINS et al. (1993). Quando comparados com os valores médios, obtidos pelo modelo adotado por LIMA, tabela 10 os de COLLINS ficaram muito pouco acima; média de 1,05 com as expressões de COLLINS e 0,97 com as expressões dos Autores. Para as análises das relações entre os valores dos momentos fletores experimentais e teóricos, pode-se perceber que os resultados obtidos com o modelo de COLLINS são melhores que os apresentados pelos Autores. As médias entre todos os valores de Mexp / Mteo resultaram iguais a 3,06 (LIMA) e 2,64 (COLLINS). Os valores apresentados nas tabelas 10 e 11 indicam que, para qualquer análise considerando ação de colapso ou 80% do valor desta e situações diferentes das deformações - casos 1 e 2, há consistência nos resultados. Pode-se observar que as mesmas tendências observadasquando se usaram as indicações do Autor se comparam com as de COLLINS et al. (1993). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de dosagem desenvolvido, com escolha cuidadosa dos materiais componentes, levou à obtenção do concreto com a alta resistência desejada, ou seja, resistência média à compressão de 80MPa aos 15dias. Para isto, o consumo de cimento foi de 480kg/m3 e o de sílica ativa igual a 10% deste. Estes valores são inferiores aos adotados por outros pesquisadores para resistências equivalentes. Analisando a tabela 5 pode-se perceber que, para todos os modelos ensaiados à compressão centrada, as relações entre a força última experimental e a força última teórica, considerando a seção do núcleo, resultou em média 1,21; variando entre 1,11 e 1,41. Com isto pode-se afirmar que a seção resistente é Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 23 formada pelo núcleo, ou seja, a região limitada pelo eixo da armadura transversal mais externa. Estes resultados confirmam as conclusões obtidas por AGOSTINI(1992), CUSSON & PAULTRE(1994) e PAIVA(1994). Um dos objetivos deste trabalho era analisar o efeito do aumento da seção transversal e o confinamento do núcleo, já que AGOSTINI(1992) e PAIVA(1994) trabalharam com seções transversais de menor área. Cabe ressaltar que as taxas de armaduras longitudinais e transversais adotadas neste trabalho são menores do que as indicadas nas conclusões daqueles Pesquisadores. Quanto a preocupação que se tinha de que ao mudar a seção transversal de quadrada para retangular haveria alteração no comportamento do núcleo, analisando a tabela 5, modelos 1 e 2 - quadrados e 3 e 4 - retangulares, não são identificadas grandes alterações no comportamento dos pilares. A simples diminuição do espaçamento entre estribos, mantendo-se o seu diâmetro, não interferiu de maneira significativa na relação Fu,exp /Fun , indicando que é melhor arranjar os estribos de forma a evitar a flambagem das barras longitudinais, conforme indicado na figura 9. O valor médio das relações entre a força última experimental e a força última teórica, sem considerar a área do núcleo resultaram igual a 0,79 ( ver tabela 5 ), com variação entre 0,70 e 0,87. O modelo apresentado por COLLINS et al. (1993) expressa bem a capacidade resistente de pilares de concreto de alto desempenho solicitados por ação centrada e permite a consideração da seção integral do pilar. A média das relações entre os valores experimentais divididos pelos teórico, calculados a partir das expressões apresentadas por COLLINS et al. (1993), resultou igual a 1, o que confirma a eficiência do uso do coeficiente k, que permite analisar a resistência do pilar considerando a área integral da seção transversal e as resistências da classe II, segundo a NBR 8953/92. Deve ser ressaltado que para análise dos resultados não se considerou o efeito da deformação lenta por serem os ensaios realizados com ação de curta duração. Analisando os valores das deformações nas barras da armadura longitudinal, para uma mesma ação aplicada, para os modelos das séries 1 e 2, ( figuras 3 e 4 ) observam-se que permaneceram praticamente iguais enquanto as taxas de armadura transversal dobraram. Este fato deve-se aos ainda baixos valores da taxa de armadura transversal adotados, fica claro que para aumentar a ductilidade deve-se aumentar tanto a taxa de armadura transversal quanto a longitudinal. Figura 9 - Configurações de estribos para seções quadradas e retangulares que possibilitam um melhor confinamento Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 24 Comparando as deformações últimas dos modelos ensaiados, com os resultados de AGOSTINI(1992) e PAIVA(1994), observam-se que os valores são semelhantes, lembrando que as taxas de armaduras adotadas por estes pesquisadores eram de 3,55% e 4,44% - longitudinal e 1,5% a 3,5% - transversal, portanto, superiores as aqui utilizadas ( tabela 2 ). Aqueles Autores afirmam que deve ser adotada uma taxa de 2,2% de armadura transversal e 3,5% longitudinal para garantir ductilidade. Os resultados dos ensaios feitos nesta pesquisa mostram que a ductilidade foi alcançada com menores taxas de armaduras, como pode ser confirmado nos ensaios dos modelos da série 4 ver figura 6. Para os modelos ensaiados a flexão normal composta observou-se que as análises foram feitas considerando as variações de tensões no concreto nas seções transversais dos pilares com as equações propostas por LIMA(1997) e por COLLINS et al. (1993). Assim optou-se para justificar a consistência dos resultados experimentais obtidos tanto em etapas distintas dos colapsos do modelo proposto quanto por processos de análise indicados. Analisando a tabela 10, modelo proposto pelos Autores, pode-se perceber que ambas as relações entre os valores das forças experimentais e teóricas resultaram praticamente idênticas, tanto para o caso das deformações medidas durante os ensaios (situação 1), quanto para a situação 2, onde as deformações no concreto foram calculadas a partir das deformações medidas nas barras de aço. Os valores das relações Fexp / Fteo , para as duas situações de etapas de aplicação de forças e para as duas situações de deformações, foram tais que, para a hipótese 2 de consideração de deformações, os valores resultaram menores que quando se considerou a hipótese 1. Isto mostra que houve consistência na determinação experimental das deformações nas barras da armadura e no concreto nas faces externas dos pilares. As relações entre os momentos fletores experimentais e teóricos, em qualquer situação, ficaram muito acima da unidade. Evidencia-se assim que as excentricidades geométricas, medidas antes dos inícios dos ensaios, que caracterizavam os momentos fletores experimentais atuantes nas seções transversais de meias alturas dos pilares não ocorreram na sua integridade. Condições de vinculações diferentes consideradas nos modelos teóricos, junto as extremidades, ocorreram durante os ensaios realizados. Isto se deu pelo fato de terem ocorrido engastes parciais dos pilares nas faces inferiores junto ao macaco hidráulico. Nas faces superiores dos pilares, junto a célula de carga, por deficiência na rótula, devem ter sido introduzidas ações horizontais. Para as várias situações analisadas nas tabelas 10 e 11, embora os resultados não estejam de acordo com o esperado, pode-se perceber que as relações médias ficaram das mesmas ordens de grandeza indicando consistência nos resultados. Cumpre ressaltar que os modelos da série 8, como pode ser visto na tabela 10, não apresentaram momentos fletores teóricos compatíveis com os resultados dos demais modelos. Isto alterou de modo significativo a relação Mexp / Mteo , modificando para mais os valores médios. Quando não se considerou os resultados dos modelos Análise experimental de pilares de concreto de alto desempenho Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 25 da série 8 os valores médios foram sempre menores, em ambos modelos da série observaram descolamentos de extensômetros, sendo que no modelo 8/1 os dois extensômetros colados na armadura menos comprimida foram perdidos, o critério adotado de estimar o valor da deformação a partir da deformação na outra face não surtiu o efeito desejado, coincidentemente estes modelos apresentavam excentricidades maiores que os anteriores. Porém, é preciso notar que há consistência nos resultados apresentados pelas tabelas 10 e 11 pois, com considerações de deformações diferentes - situações 1 e 2, e na etapa em que ocorreu o colapso e parauma ação igual a 80% da ação última, as relações entre Mexp / Mteo foram praticamente idênticas. 5 AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, por Auxílio à Pesquisa, processo número 95/2458-4, à Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela concessão de bolsa PICD, ao Grupo Camargo Corrêa S. A e à Reax Indústria e Comércio Ltda. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1992). NBR 8953 – Concreto para fins estruturais: classificação por grupos de resistência. Rio de Janeiro. AGOSTINI, L. R. S. (1992). Pilares de concreto de alta resistência. São Paulo. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. CARRASQUILLO, R. L.; NILSON, A . H.; SLATE, F. O . (1981). Properties of high strength concrete subject to short-term loads. Journal of A.C.I., v. 78, n. 3, p. 171-178, May-June. COLLINS, P. M.; MITCHELL, D.; MACGREGOR, J. (1993). Structural design consideratios for high-strength concrete. Concrete International, p. 27-34, May. CUSSON, D.; PAULTRE, P. (1994). High-strength concrete columns confined by rectangular ties. Journal of Structural Engineering, ASCE, v.120 n.3, p.783-804, Mar. FUSCO, P. B. (1989). O cálculo de concreto armado em regime de ruptura.. In: SIMPÓSIO EPUSP SOBRE ESTRUTURAS DE CONCRETO. Anais. São Paulo. Escola Politécnica – USP. v. 1. Flávio Barboza de Lima, José Samuel Giongo & Toshiaki Takeya Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 1-26, 2003. 26 GIONGO, J. S.; LIMA, F. B.; TAKEYA, T. (1996). Estudo experimental de pilares de concreto armado de alto desempenho solicitados à compressão simples e flexão normal composta. São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP. (Relatório apresentado à FAPESP). LIMA, F. B. (1997). Pilares de concreto de alto desempenho: fundamentos e experimentação. São Carlos. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, USP. METHA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. (1994). Concreto: estrutura, propriedade e materiais. São Paulo, Pini. PAIVA, Nadjara M. B. (1994). Pilares de concreto de alta resistência com seção transversal retangular solicitados à compressão simples. Campinas. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas. PINTO JR., N. O. (1992). Flexão de vigas de concreto de alta resistência. São Paulo. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. CONCRETO COM AGREGADO GRAÚDO RECICLADO: PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO E APLICAÇÃO EM PRÉ-MOLDADOS LEVES Luciano M. Latterza 1 & Eloy Ferraz Machado Jr. 2 R e s u m o Este trabalho relata a influência do agregado graúdo, reciclado de entulhos de construção e demolição, nas propriedades físicas e mecânicas do concreto fresco e endurecido, observada durante a investigação do potencial de utilização de rejeitos de obras, como agregado graúdo no preparo de concretos de baixa e média resistências. O agregado reciclado utilizado na pesquisa foi resultante da trituração de entulhos de obra, na Estação de Reciclagem de Entulhos da cidade de Ribeirão Preto-SP. Foi utilizada a graduação Dmáx igual a 9,5 mm. Para isto foram analisados concretos com substituição de 100% e 50% de agregado graúdo natural, utilizado no concreto de referência. Ensaios de perda do abatimento, massa específica no estado fresco, resistência à compressão, com determinação do módulo de elasticidade, tração na compressão diametral e tração na flexão, mostraram a influência do reciclado no desempenho, frente ao concreto de referência. Comprovou-se, também, a resistência à abrasão em função da dureza superficial dos concretos. Por fim, o material concreto com agregados reciclados foi utilizado em uma aplicação prática, na fabricação de painéis leves de vedação, avaliando-se seu desempenho estrutural à flexão. Tanto o programa experimental para a realização dos ensaios, quanto os resultados obtidos, são também apresentados. Concluiu-se, assim, pela viabilidade do emprego de agregado graúdo reciclado em substituição, total ou em parte, ao equivalente natural em concretos estruturais de baixa e média resistências. Palavras-chave: agregados reciclados; resíduos de construção e demolição; reciclagem de entulhos; concreto com agregados graúdos reciclados. 1 INTRODUÇÃO A não muito distante conscientização, por parte da indústria da Construção Civil, do conhecido problema do desperdício nas obras civis, tem estimulado ações no sentido da implantação de programas de gestão da qualidade, que procuram acabar, 1 Mestre em Engenharia de Estruturas - EESC-USP 2 Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, efemacjr@sc.usp.br Luciano M. Latterza & Eloy Ferraz Machado Jr. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 28 ou diminuir, a geração de rejeitos decorrentes da construção. Por outro lado, a estabilidade econômica tem provocado um considerável crescimento na produção e comercialização de materiais de construção, fato que tem sido divulgado nas matérias econômicas da imprensa brasileira. Notadamente, o crescimento na comercialização vem se verificando no pequeno e médio varejo, localizado, na maior parte, na periferia urbana dos municípios de grande e médio porte. Conseqüentemente, apesar dos programas de gestão da qualidade e de gestões ambientais, a geração de resíduos sólidos inertes, popularmente conhecidos como entulhos de obra, tem crescido assustadoramente, refletindo-se na perda da qualidade ambiental dos espaços urbanos, através do descarte clandestino dos rejeitos em terrenos baldios, nas margens de pequenos cursos d’água e ao longo das vias públicas periféricas. Além da degradação ambiental, tais descartes oneram as administrações municipais com o custo do gerenciamento das disposições irregulares, traduzido pelo espalhamento, transporte e combate às zoonoses que proliferam nos ambientes propícios das “montanhas” de entulho. Recentemente, algumas administrações de municípios de médio e grande porte estão procurando equacionar o problema instalando usinas de processamento de entulhos, para o reuso do material reciclado em pavimentação urbana, fabricação de blocos de vedação e outras aplicações. De acordo com PINTO (1997), a participação dos resíduos de construção no total dos resíduos sólidos urbanos, tomados em massa, pode chegar a valores entre 50% e 80%, em cidades de grande e médio porte. Parte de todo este material, reciclado em estações de processamento, pode significar uma fonte emergente de agregado para a Construção Civil, notadamente àquela destinada à população de baixa renda. Mostrar a viabilidade da utilização da fração graúda, do reciclado, como material de construção para concretos estruturais de baixa e média resistências, e consequentemente, sua influência nas propriedades do concreto fresco e endurecido, e também a aplicação deste material em painéis leves de vedação, constitui-se o propósito desse trabalho. 2 IMPORTÂNCIA DA PESQUISA Ao contrário do volume crescente de resíduos gerados pela construção e demolição, as jazidas de agregados naturais, para concreto, estão se tornando muito escassas, fazendo com que se busque este material em lugares cada vez mais distantes, aumentando seus custos de produção e comercialização. O reflexo no custo total da construção é considerável, incidindo com maior peso nas obras destinadas às faixas de menor renda. Estimulando, ainda mais, o reuso do entulho reciclado, está a constataçãode que o custo da reciclagem, por tonelada, é menor que o custo para gerenciar as disposições irregulares. Procurando definir usos para os reciclados graúdos, como agregado para concreto de baixa e média resistências, com os devidos cuidados e restrições, a pesquisa pretende formular sugestões e recomendações técnicas para a aplicação deste novo material de construção. Concreto com agregado graúdo reciclado: propriedades no estado fresco e endurecido... Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 29 3 PROGRAMA EXPERIMENTAL Com o objetivo inicial de investigar a influência do agregado graúdo reciclado, proveniente de entulho de construção e demolição, nas propriedades físicas e mecânicas do concreto fresco e endurecido, três concretos foram preparados para a graduação 0 (Dmáx = 9,5 mm), da NBR 7211/83. Em cada concreto variou-se o tipo de agregado graúdo, tendo-se assim, um concreto de referência, com 100% de agregado graúdo natural, um com 100% de agregado graúdo reciclado e outro com metade de agregado graúdo natural e metade reciclado. 4 MATERIAIS 4.1 Agregados naturais Os agregados, miúdo e graúdo, naturais utilizados no trabalho foram obtidos na região de São Carlos-SP. O agregado miúdo era uma areia, de origem quartzosa, proveniente do rio Mogi-Guaçu, com módulo de finura (MF) igual a 2,34 e dimensão máxima característica (Dmáx) igual a 2,4 mm, classificada como areia fina a média. Para o concreto de referência foram utilizados agregados graúdos de origem basáltica, com Dmáx igual a 9,5 mm. As características físicas, determinadas de acordo com as normas NBR 7251/82, NBR 7810/83 e NBR 9776/87, são apresentadas na Tabela 1, e as curvas granulométricas dos agregados estão mostrados nas Figuras 1 e 2: TABELA 1 - Características físicas dos agregados miúdo e graúdo naturais Características físicas areia natural agregado graúdo Dmáx = 2,4 mm Dmáx = 9,5 mm Massa unitária estado solto (kg/dm3) 1,46 1,34 Massa unitária estado compactado (kg/dm3) - 1,53 Massa específica (kg/dm3) 2,60 2,92 Luciano M. Latterza & Eloy Ferraz Machado Jr. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 30 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 4.82.41.20.60.30.150 Abertura das peneiras (mm) Po rc . r et id a ac um ul ad a Figura 1 - Curva granulométrica do agregado miúdo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 12.59.506.304.802.4 Abertura das peneiras (mm) Po rc . r et id a ac um ul ad a Figura 2 - Curva granulométrica do agregado graúdo natural, Dmáx = 9,5 mm 4.2 Agregados reciclados A Estação de Reciclagem de Entulho de Ribeirão Preto-SP, em operação desde o final de 1996, produz agregados reciclados oriundos de rejeitos de construção e demolição, sem peneiramento, em bica corrida. Diversas amostras foram analisadas a partir do início das operações, podendo-se afirmar que, aproximadamente, 50% do reciclado é material miúdo, passante na peneira 4,8 mm, e aproximadamente 70% do material graúdo está compreendido entre as peneiras 19,0 mm e 4,8 mm. O material graúdo é composto por pedaços de argamassa, pedaços de concreto, britas, cerâmica porosa e cerâmica lisa, tendo-se, também, observado na sua composição, entre 0,5 % e 1,0 % de outros materiais como: papéis, farpas de madeira e isopor. As Figuras 3 e 4 mostram a curva granulométrica do reciclado em bica corrida e a natureza da composição, respectivamente: Concreto com agregado graúdo reciclado: propriedades no estado fresco e endurecido... Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 31 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 38.0032.0025.0019.0012.509.506.304.802.401.200.600.300.150.00 Po rc . r et id a ac um ul ad a Abertura das Peneiras (mm) Figura 3 - Curva granulométrica do agregado graúdo reciclado, bica corrida Argam 47.9%Brita 22.5% Cerâmica 15.0% Outros 0.5% Concreto 14.1% Figura 4 - Composição característica do agregado graúdo reciclado,bica corrida Os agregados graúdos, reciclados, utilizados neste trabalho foram os passantes na peneira 9,5 mm e retidos na 4,8 mm, caracterizados como graduação 0 da NBR 7211/83. Esta escolha deve-se ao fato que além de estarem entre a maior parcela do graúdo reciclado, as britas 0 são bastante utilizadas em concretos para pré-moldados de pequena espessura. Os agregados reciclados, assim classificados, foram submetidos à análise granulométrica e natureza da composição e suas características físicas foram determinadas de acordo com as normas brasileiras pertinentes. A Tabela 2 mostra as propriedades físicas determinadas e as Figuras 5 e 6 mostram as curvas granulométricas dos reciclados e a natureza da composição. Luciano M. Latterza & Eloy Ferraz Machado Jr. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 32 TABELA 2 - Características físicas dos agregados graúdos reciclados Características físicas agregado graúdo Dmáx = 9,5 mm Massa unitária estado solto (kg/dm3) 1,10 Massa unitária estado compactado (kg/dm3) 1,26 Massa específica (kg/dm3) 2,36 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 12.59.56.34.82.4 Abertura das peneiras (mm) Po rc . r et id a ac um ul ad a Figura 5 - Curva granulométrica do agregado graúdo reciclado, Dmáx = 9,5 mm Argam 58% Concreto 12% Brita 16% Cerâmica 12% Outros 2% Figura 6 - Composição característica do agregado reciclado, Dmáx = 9,5 mm 5 CONCRETO NO ESTADO FRESCO Em pesquisa anteriormente realizada utilizando-se os mesmos materiais, naturais e reciclados, do trabalho aqui apresentado, foram preparadas misturas para uma resistência característica, do concreto de referência, de 15 MPa. Os ensaios, então realizados, mostraram que a simples substituição, em massa, dos agregados graúdos naturais pelos reciclados, com pequeno acréscimo na água de Concreto com agregado graúdo reciclado: propriedades no estado fresco e endurecido... Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 33 amassamento, produziram concretos moldáveis, mas com abatimento praticamente nulo. Nesta fase tinha-se como objetivo inicial a investigação da influência do agregado reciclado nas propriedades do concreto fresco e endurecido. A partir das misturas anteriores todos os concretos foram, então, ajustados para um abatimento de (60 ± 10) mm, para um mesmo fator água/cimento, ainda com fck = 15 MPa para o concreto de referência. A Tabela 3 mostra as quantidades de materiais, em massa, por metro cúbico de concreto fresco, adotadas neste trabalho: TABELA 3 - Quantidade de materiais utilizado em cada concreto Quantidades de Materiais Dmáx tipo de agregado graúdo cimento CP II F-32 ( kg/m3 ) areia natural ( kg/m3 ) agregado graúdo ( kg/m3 ) água ( kg/m3 ) natural 358 909 755 269 9,5 mm 50% natural + 50% reciclado 360 882 734 266 100% reciclado 344 843 702 261 5.1 Perda do abatimento (NBR 10342/88) Sucintamente, o ensaio consiste em se determinar o abatimento, pelo método do tronco de cone, a cada 15 minutos a partir da primeira determinação. O ensaio é considerado encerrado quando o concreto apresentar abatimento de (30 ± 10) mm. Nestes ensaios, devido a pequena quantidade de materiais, os concretos foram misturados manualmente em amassadeira de chapa. Os resultados estão representados graficamente, como tempo decorrido contra percentagem da perda de abatimento, em relação à primeira leitura. Os ensaios foramconduzidos até um abatimento de (20 ± 10) mm, com o objetivo de se ter um maior número de pontos para o traçado das curvas. A Figura 7 mostra os resultados individuais e a comparação entre eles, para cada concreto com agregado graúdo Dmáx = 9,5 mm. Luciano M. Latterza & Eloy Ferraz Machado Jr. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 34 natural 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 tempo (min) ab at im en to e m re la çã o a pr im ei ra le itu ra (% ) 100% reciclado 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 tempo (min) ab at im en to e m re la çã o a pr im ei ra le itu ra (% ) 50% natural + 50% reciclado 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 tempo (min) ab at im en to e m re la çã o a pr im ei ra le itu ra (% ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 tempo (min) ab at im en to e m re la çã o a pr im ei ra le itu ra (% ) natural reciclado 50% rec e 50% nat Figura 7 - Curvas de perda do abatimento individuais e comparação entre as curvas. Concretos com agregados graúdos com graduação 4,8mm < D < 9,5mm 5.2 Massa específica do concreto fresco (NBR 9833/87) O ensaio consiste na determinação da massa por unidade de volume do concreto fresco através da divisão da massa de concreto, em recipiente, adensado de acordo com a norma, pelo volume do recipiente, normalizado e compatível com a dimensão máxima característica do agregado graúdo. Os ensaios foram realizados com os mesmos concretos da moldagem dos exemplares utilizados na pesquisa, portanto, devido a maior quantidade de materiais envolvidos, as misturas foram mecânicas. Os resultados podem ser vistos na Tabela 4: Concreto com agregado graúdo reciclado: propriedades no estado fresco e endurecido... Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 35 TABELA 4 - Massa específica do concreto fresco e condições ambiente durante o ensaio Dmáx tipo de agregado graúdo temperatura ambiente umidade relativa abatimento inicial massa específica ( ºC ) ( % ) ( mm ) ( kg/dm3 ) natural 28,9 57 49 2,292 9,5 mm 50% natural + 50% reciclado 28,9 55 68 2,250 100% reciclado 29,1 54 75 2,192 5.3 Análise dos resultados e comentários Como pode-se perceber da análise das curvas individuais de perda do abatimento, para os concretos com Dmáx igual a 9,5 mm, apesar de apresentarem inclinações das curvas maiores, e portanto, perda mais rápida, os concretos com reciclados tiveram comportamento semelhante ao concreto de referência. O ensaio encerrou-se com abatimento de 18 mm para o concreto de referência, após 121 minutos da adição de água; com 21 mm, após 96 minutos, para o concreto com 100% de substituição e com 20 mm, após 93 minutos, para o concreto com 50% de substituição. Estes abatimentos representam, respectivamente, 29%, 34% e 31% da leitura inicial. Comparando-se as curvas, para um tempo próximo a 100 minutos, o abatimento representa 38% para o concreto de referência contra 34% e 31% para os outros dois. Os resultados constatam, com clareza, a influência da maior absorção do agregado graúdo reciclado na perda do abatimento do concreto fresco, comportamento semelhante ao observado nos concretos com agregados graúdos leves. Com relação à massa específica no estado fresco, pode-se constatar a influência da menor densidade do agregado reciclado nos resultados obtidos. A massa específica do concreto com 100% de agregados reciclados está situada nas proximidades do limite superior dos concretos leves e no limite inferior dos concretos normais. A massa específica no estado fresco, estabelecendo uma analogia com os concretos leves NEVILLE (1997), pode ser uma boa aproximação para o cálculo do peso próprio de concretos com agregados graúdos reciclados. 6 CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO 6.1 Ensaios realizados e número de exemplares Para estabelecer a influência do agregado reciclado no comportamento mecânico do concreto endurecido foram programados ensaios para determinação da resistência à compressão axial, com determinação do módulo de elasticidade tangente, resistência à tração na compressão diametral e módulo de ruptura à flexão. Os exemplares eram cilíndricos, de (100 x 200) mm, para realização dos ensaios de Luciano M. Latterza & Eloy Ferraz Machado Jr. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 36 compressão axial e diametral, e prismáticos, de (150 x 150 x 750) mm, para os ensaios de flexão. A Tabela 5 mostra o número de exemplares, por ensaio, para cada concreto analisado: TABELA 5 - Número de exemplares para cada tipo de ensaio Número de Exemplares por Tipo de Ensaio Dmáx tipo de agregado graúdo compressão axial compressão diametral módulo de ruptura à flexão módulo de elasticidade 7 d 28 d 28 d 28 d 28 d natural 2 3 3 2 3 9,5 mm 50%natural + 50% reciclado 3 3 3 2 3 100% reciclado 3 3 3 2 3 Os concretos foram misturados mecanicamente, sem que tenha havido imersão prévia dos agregados graúdos reciclados, que estavam secos ao ar. A técnica para lançamento do material na misturadora foi a mesma adotada para os agregados naturais. Após a adição total da água os concretos foram misturados durante três minutos. Todos os exemplares foram moldados sob as mesmas condições de temperatura ambiente e umidade relativa, tendo sido adotado o adensamento mecânico, com vibrador de agulha, de acordo com a NBR 5738/84. Após 24 horas da moldagem os exemplares foram desmoldados e mantidos imersos em água até a data dos ensaios. 6.2 Resistência à compressão e módulo de elasticidade (NBR 5739/80) A Tabela 6 mostra os resultados médios, obtidos com os concretos ensaiados, para resistência à compressão e módulo de elasticidade: TABELA 6 - Resistência à compressão e módulo de elasticidade Dmáx tipo de agregado graúdo resistência à compressão ( MPa ) módulo de elasticidade ( Gpa ) 7 d 28 d 28 d natural 16,0 24,7 (1,00) 13,1 9,5 mm 50% natural + 50% reciclado 21,3 29,2 (1,18) 12,8 100% reciclado 21,0 29,0 (1,17) 13,4 6.2.1 Análise dos resultados e comentários O concreto de referência atingiu a resistência de dosagem prevista aos 28 dias. Entre os concretos com agregados reciclados, não houve diferenças significativas, no entanto, superaram os valores de resistência do concreto de Concreto com agregado graúdo reciclado: propriedades no estado fresco e endurecido... Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 21, p. 27-58, 2003. 37 referência em 17% e 18%. Isto se deve à quantidade de água retirada, da água de amassamento, pela alta absorção do agregado reciclado. A água retida nos poros destes agregados não está disponível para a hidratação do cimento, mas na fase de endurecimento da pasta, provavelmente, a água no interior do agregado reciclado contribui para a hidratação, como se fosse uma “cura úmida interna”, conforme descreve NEVILLE (1997), ao se referir aos concretos de agregados leves de alto poder de absorção. Quanto ao módulo de elasticidade, não se observou variação entre o concreto de
Compartilhar