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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES I. TÍTULO: CONSERVAÇÃO DO MOMENTUM LINEAR (ESTUDO DE COLISÕES - I) II. MOTIVAÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO: Conforme estudado, podemos sintetizar o estudo do movimento dos corpos macroscópicos através das Leis (ou Axiomas) do Movimento, divulgadas em 1685 por Sir Isaac Newton em seu livro “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”: LEI I Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas nele. LEI II A mudança do movimento é proporcional à força motriz impressa e se faz segundo a reta pela qual se imprime essa força. LEI III A uma ação sempre se opõe uma reação igual, ou seja, as ações de dois corpos um sobre o outro sempre são iguais e se dirigem a partes contrárias. Vamos realizar uma avaliação aprofundada das Três Leis de Newton. Na enunciado da Segunda Lei, Newton faz uso de um conceito que definiu previamente no “Princípios”: o de “quantidade de movimento”, que hoje nos referimos por “momento linear”, definida(o) por: vmp = [1] Em [1], p é o momento linear (quantidade de movimento), m é a massa do corpo e v sua velocidade. Podemos expressar a Segunda Lei matematicamente na forma: t pFR d d = [2] Na equação [2], RF é a Força Resultante que atua no corpo. A equação [2] é coerente (como seria esperado) com a Primeira Lei, pois se a força resultante é nula, o momento linear não se altera com o tempo (em módulo, direção e sentido); se a massa do corpo não muda, sua velocidade é constante. Deve-se notar que a Primeira Lei não é uma redundância, que não é uma mera decorrência da Segunda Lei. A Primeira Lei nos apresenta a definição de Força (pois nos fornece um critério para avaliar se existe alguma força atuante no corpo) e, implicitamente, a de Referencial Inercial, enquanto a Segunda Lei quantifica o valor da Força Resultante. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES A Terceira Lei, neste quadro, tem importância fundamental: ela permite discriminar quando em um corpo de fato atua uma força ou se o movimento está sendo avaliado de um Referencial Não-Inercial. A Terceira Lei estabelece que forças (“ações”) são geradas aos pares, cada uma em um dos corpos interagentes. Logo, se observarmos um objeto acelerado, então pela Primeira Lei podemos afirmar que sobre ele atua uma força, e podemos quantificá-la usando a Segunda Lei. Porém, somente aplicando a terceira, ou seja, procurando o par de tal força é que poderemos completar o estudo: se não encontrarmos tal par, é porque a aceleração observada trata-se de um efeito advindo de se estar observando o fenômeno de um Referencial Não-Inercial. Vale citar que a Terceira Lei não tem validade geral: ela é violada em alguns casos específicos (objetos de estudo em Cursos de Física III e IV). Uma importante conseqüência da Segunda Lei e da Terceira Lei é que, entre dois corpos sob interação mútua, a soma vetorial do par ação-reação é nula: pela Terceira Lei, tratam-se de vetores com mesmo módulo e direção, porém sentidos contrários. Decorre daí que, em um sistema de muitos corpos, na ausência de forças externas, a soma vetorial dos momentos lineares não se altera no tempo. Esta condição é expressa como a “Lei de Conservação do Momento Linear (Quantidade de Movimento)”: A soma dos vetores momento linear dos constituintes de um sistema se conserva (não muda com o tempo) se a soma vetorial das forças de interação com agentes externos é nula. Neste experimento nosso OBJETIVO será 1) Aplicar a Lei de Conservação do Momentum Linear no estudo de um sistema composto por dois corpos que interagem por colisão mecânica. 2) Verificar se o sistema interage com algum agente externo. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES III. EQUIPAMENTO: Figura 1: Foto do aparato experimental a ser usado. Lista de Material: ● Trilho de ar PHYWE (perfil de alumínio perfurado, com o “soprador” eletromecânico acoplado). ● Disparador. ● Dois carros “flutuadores” com lâminas metálicas acopladas em seus topos na vertical. ● Dois sensores eletro-óticos de movimento. ● Cronômetro eletrônico PHYWE. ● Seis cabos elétricos com plugues-bananas nas extremidades (para conectar s sensores no cronômetro – ver a Figura 1). ● Aríete afinalado. ● Aríete com elástico. ● Peças cilíndricas de sobrecarga. IV. PROCEDIMENTOS: 1- Coloque os cilindros de sobrecarga simetricamente em cada lado dos flutuadores. 2- Meça a massa total de cada flutuador com sobrecarga e registre seus valores. 3- Verifique se o disparador está devidamente conectado à extremidade do trilho-de-ar em que também se conecta o tubo do soprador eletromecânico. 4- Posicione os sensores óticos tal que o afastamento entre ambos maior que a soma dos comprimentos dos flutuadores (veja a Figura 1). UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES 5- Posicione um dos flutuadores em contato com o disparador e o outro entre os sensores óticos. 6- Ligue o “soprador” eletromecânico e verifique se os flutuadores repousam sobre colchão de ar. Caso se movam espontaneamente, promova o nivelamento do trilho-de-ar. 7- Conecte os sensores ao cronômetro, tal que o sensor próximo ao disparador liga-se pela conexão 1 e o outro pela 3. Veja as Figuras 1 e 2. Figura 2: Esquema do Cronômetro Eletrônico PHYWE 1- botão de reset; 2- seletor de disparo (luz ou sombra); 3- conexão para o disparador; 4 e 5- conexões para sensores óticos; 6- seletor de condição de início da cronometragem (sombra luz ou sombra); 7- seletor da forma de operação do cronômetro; 8- mostradores do cronômetro. Baseado em esquema de Hermes U. Guimarães e Osvaldo Guimarães (PUC-SP) 8- Programe o Cronômetro para a opção 3 (sentido horário) do seletor em seu painel frontal (o que apresenta dois pares de setas), indicado conforme a Figura 2. 9- Acione o disparador e observe a colisão entre os flutuadores. Atente para a operação do cronômetro: Os primeiro mostrador refere-se ao flutuador disparado e o terceiro ao flutuador alvejado. Note que: 9a - Quando um flutuador atinge um sensor, uma medida de tempo é disparada e que quando ele o ultrapassa a medida é interrompida. 9b - O acionamento de uma cronometragem é feito quando a lâmina metálica no topo do flutuador interrompe um feixe de luz infravermelha (invisível a olho nu) no sensor. 9c - A cronometragem é interrompida quando a lâmina não mais bloqueia tal sinal. 9d - Se o flutuador disparado muda de sentido após a colisão, o segundo mostrador é ativado; se ele permanece no mesmo sentido, o quarto mostrador é acionado. 9e - Repita o fenômeno de colisão até pleno esclarecimento do princípio de operação do aparato, relacionando-o com o fenômeno observado. 10- Re-posicione os flutuadores e pressione o disparador. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES 11- Anote os valores de tempo lidos em cada mostrador. A incerteza é δt = 1 ms. 12- Modele o fenômeno como se ocorressede fato em uma dimensão apenas. Determine a velocidade v (média) de cada flutuador. Como o tempo cronometrado refere-se de fato à passagem da lâmina metálica, cada velocidade pode ser obtida pela razão entre o comprimento da lâmina L e o seu tempo de passagem t pelo sensor: v = L / t. Devido a características de operação do sensor, o fornecedor (PHYWE) informa que a incerteza na percepção deste comprimento é δL = 1 mm. 13- Determine o momento linear (quantidade de movimento) médio total antes da colisão (não esqueça da incerteza), representando-o por PT-A. 14- Determine o momento linear (quantidade de movimento) médio total depois da colisão (não esqueça da incerteza), representando-o por PT-D. 15- Altere as massas de sobrecarga e repita o experimento algumas vezes. 16- Qual é a razão (fração) entre o momentum depois da colisão e o momentum antes, para cada medida? O que você esperava como resultado, e o que o obtido significa, dentro do contexto estudado? Caso haja desvio entre os valores final e inicial superior à incerteza calculada (ver adiante), determine o índice de desvio percentual relativo por: %100% × − = − −− antesTOT depoisTOTantesTOT P PP d Um valor aceitável para o aparato usado é d% < 12 %. OBS: Cálculo de Incertezas A incerteza no momentum vale: mvvmp δ δ δ += A velocidade usada será a velocidade média ao passar por um sensor: XNt Lv − = , onde N = 1 ou 2 (identifica o flutuador) e X = A (de “antes da colisão”) ou D (de “depois da colisão”). Logo: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES XN XN t t L L v v − −+= δ δ δ +× = − − − XN XN XN t t L L t Lv δ δ δ Logo, o momentum linear médio vmp = terá como incerteza: m t L t t L L t Lmp XNXN XN XN δ δ δ δ × + +× ×= −− − − Visto que a lâmina tem dez centímetros de comprimento, que a balança fornece leituras de massa com incerteza de 1 g, e considerando as incertezas nos sensores de posição (1 mm = 1 x 10-1 cm) e de medida de tempo (0,001 s), podemos substituir estes valores e obter (em “g cm/s”): 1 0,10 0,001 0,10 0,10,10 δ × + +× ×= −−− XNXNXN ttt mp (g cm /s) 0,10 0,00101,00,10 δ + +× = −−− XNXNXN t m t m t p (g cm /s) 0,10 0,1101,00,10 δ + +× = −−− XNXNXN tt m t p (g cm /s) 0,10 10 11 100 0,10 δ + +× = −−− XNXNXN tt m t p (g cm /s) Logo, temos a seguinte relação simplificada para uso com o equipamento fornecido pela PHYWE, onde basta fornecer os valores de massa e as leituras de tempo: ++× = −− XNXN t m t p 10 11 100 10,10 δ Visto que 1 g cm /s = 1 x 10–5 kg m / s, para expressar os resultados no SI, basta multiplicar os valores obtidos para o momentum médio, e sua incerteza, por 10–5 e re-escrever nas unidades desejadas UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES Seus resultados devem ser apresentados em um relatório com o seguinte formato: 1. TÍTULO 2. OBJETIVO 3. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO (lista de material e desenho das montagens) 4. REFERENCIAL TEÓRICO (Dedução da conservação de momento linear) 5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS (ETAPAS DE MEDIDA) 6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS (tabelas, cálculo dos valores, etc...) 7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 8. CONCLUSÃO 9. OBSERVAÇÕES FINAIS 10. BIBLIOGRAFIA.
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